terça-feira, junho 24, 2014

COLETÂNEA SOBRE O JEJUM DO RAMADAN - O TERCEIRO PILAR

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso).

Meus queridos irmãos e caros leitores. Aqui segue uma coletânea dos escritos que o irmão Abdul Mangá tem escrito ao logo dos anos, sobre o Mês Sagrado do Ramadan e de como alcançar o máximo de barakas durante esse hóspede tão esperado no ano. Desejo que todo aproveitem muito bem esse, que é um período único na vida do crente muçulmano. Se alguém preferir pode imprimir e fazer um opúsculo para orientação e aumentar seu conhecimento, inclusive transmitir aos irmãos, principalmente os mais novos na religião, ou que tenha alguma dúvida quanto ao assunto. Os artigos estão escritos originalmente em Português de Portugal, eu não fiz nenhuma correção para não tirar a originalidade. Mas, acredito que está compreensível a todos nós brasileiros..

ÍNDICE  DOS ARTIGOS: 

00) O MÊS DE SHA’BAAN, ANUNCIANDO A CHEGADA DO MÊS DE RAMADAN 
01) JEJUM, UM ALIMENTO PARA A ALMA 
02) O JEJUM DO MÊS DE RAMADAN 
03) CRÓNICAS DE RAMADAN 
04) A INTENÇÃO E COMO FAZER O JEJUM 
05) O QUE FAZER NO MÊS DE RAMADAN? 
06) O TARAWI – A ORAÇÃO NOCTURNA 
07) LAILATUL KADR (A NOITE DO PODER) 
08) I’TIKAF (Retiro no Masjid) 
09) O FINAL DO MÊS DE RAMADAN 
- FITRA 
- O EIDUL FITR – A FESTA COMEMORATIVA DO FINAL DO MÊS DE RAMADAN 
10) O JEJUM DO MÊS DE SHAWWAL 
11) O JEJUM DOS NOSSOS ANTEPASSADOS 
12) TERMINA TUDO DEPOIS DO RAMADAN? 
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00 - O MÊS DE SHA’BAAN, ANUNCIANDO A CHEGADA
DO MÊS SAGRADO DE RAMADAN
De acordo com o referido por Aicha (Radiyalahu an-ha), no Bukhari e Muslim, o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) jejuava mais no mês de Sha’baan, em relação aos restantes meses (mas só jejuava o mês inteiro noRamadan). Usaamah Ibn Zayid (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Este é o mês entre Rajab e Ramadan, que as pessoas não prestam atenção e é um mês em que as boas açõesascendem ao Senhor dos Mundos; eu gosto porque as minhas ações ascendem quando estou jejuando”. (Al Nassa’i.).
Seguindo a tradição do Profeta de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam), devemos aproveitar o mês de Sha’baan, para também fazermos o maior número de jejuns facultativos que pudermos. Assim vamos treinando para o mês de Ramadan. O número de jejuns, dependerá do entusiasmo de cada um. Por outro lado, se tivermos alguns jejuns obrigatórios que por qualquer motivo não tivemos a oportunidade de cumprir durante o Ramadan passado, este será o derradeiro mês para o fazermos.
Não é aconselhável jejuar os dois últimos dias do mês de Sha’baan. Assim, faz-se a distinção entre os jejuns facultativos e os obrigatórios do mês de Ramadan, separando-se as acções naafil (facultativas) das fard (obrigatórias).
O melhor dos jejuns facultativos (os efectuados fora do mês de Ramadan), são os observados de forma que só o jejuador e o Criador saibam. 
Deus refere no Cur’ane: “Ó crentes! Foi-vos prescrito jejum o tal como foi prescrito aos que vieram antes de vós, para serdes piedosos. Jejuai um determinado número de dias. E quem de entre vós estiver doente ou em viagem, que jejue o mesmo número em outros dias”. Cap, 2 Vrs. 183. Num Hadice Kudssi, Deus refere: “Todos os actos do filho de Adamo (Aleihi Salam), são para eles, excepto o jejum que é exclusivamente para Mim e Eu é que o recompensarei.”
Alguém está a bater a nossa porta. É uma visita já esperada! Estamos prontos para receber este importante hóspede? É o Ramadan! É o mês de sacrifício, de devoção e de generosidade. Os servos de Deus, deixam de comer, lembrando milhões de seres humanos que passam fome extrema, por não terem, pelo menos, uma refeição diária. É também um mês de misericórdia e do perdão. É uma oportunidade anual que o servo de Deus não deve deixar de aproveitar, porque não tem a certeza de que no próximo Ramadan, terá saúde suficiente ou se estará vivo. O muçulmano nesse mês, cumpre com um dos 5 pilares do Isslam. O crente, pecador por natureza, entrega-se mais no acolhimento e na adoração a Deus. Vai sentir fome (?), mas mesmo assim, amplia as suas atividades religiosas e torna-se mais generoso para com o seu semelhante.
Verificam-se alguns aspectos curiosos nesse mês: O crente torna-se ainda mais devoto. O grande pecador, reconcilia-se com Deus; o consumidor de bebidas alcoólicas vai passar o mês em abstinência e a partir daí, promete deixar definitivamente de beber. Outros prometem começar a cumprir com as 5 orações diárias obrigatórias. Outros fazem um balanço do ano e muitas vezes duma vida inteira passada ao lado das obrigações religiosas. Depois de cumprido o mês de Ramadan, uns conseguem levar avante as promessas.
Outros, infelizmente, continuarão a singrar o mesmo caminho. Para estes, poderá haver uma outra oportunidade para o ano, mas quem sabe?
Muitos doentes, movidos pela fé, sabendo que poderão riscos, fazem o jejum.
É importante que cada um analise a sua situação clínica, aconselhando-se com os médicos. Para o nosso Criador, é melhor um corpo com saúde e uma mente sã.“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.Abdul Rehman Mangá.
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01- JEJUM, UM ALIMENTO PARA A ALMA

“Ó vós que credes! É-vos prescrito o jejum, como foi prescrito aos vossos antepassados, para que possais temer a Deus”. Cur’ane 2:183.
Todos os louvores são para Allah, o Único, o Criador de tudo o que existe. Que a Paz de Deus esteja com todos os Profetas, que se sacrificaram para nos deixarem a mensagem de Deus, o Misericordioso e Perdoador. As Bênçãos e a Paz de Deus estejam, com o Profeta Muhammad, sua família e seus companheiros. A Paz e Misericórdia de Deus estejam com todos os crentes.
Para desempenharmos as diversas tarefas para a nossa subsistência, o nosso corpo necessita de ser convenientemente alimentado. Só assim conseguiremos ter a energia suficiente, para as tarefas (árduas) diárias. Outro sinal da fraqueza do ser humano é o sono. Para retemperar a energia intelectual e descansar o corpo, o homem necessita de dormir certas horas por dia. E Deus está isento destas necessidades.
Para qualquer acto de adoração, o ser humano necessita de ter um corpo saudável e uma mente sã. Para o jejum prescrito para o mês de Ramadan, se o crente não se encontrar em condições, não o deve fazer. “Allah não sobrecarrega a nenhuma alma, para além das suas possibilidades….” Cur’ane 2:276. As doenças crónicas, a idade precoce ou muito avançada e o estado de gravidez são alguns dos exemplos que nos libertam desta obrigação. Em certos casos, depois de recuperar a saúde, deveremos “pagar” os dias perdidos. “Deus vos deseja a comodidade e não a dificuldade”. Cur’ane 2:185. Durante o mês de Ramadan, somos exortados, por exemplo, a acordar antes da aurora, para comermos, a fim de sentirmos forças, para suportar o dia. Somos também alertados para não continuarmos com o jejum, para além hora prescrita.
Entre os mais afortunados nos bens materiais e também entre os menos afortunados, há os que foram abençoados por Allah Subhana Wataala, com uma forte fé em Deus, nas Suas Escrituras e nos Seus Profetas. Além de fazerem o jejum obrigatório do mês de Ramadan, fazem também jejuns facultativos ao longo do ano. Porém, outros gostariam de fazer mais, mas o corpo os atraiçoa. Não têm possibilidades financeiras para se alimentarem convenientemente, a fim de suportarem muitos dias de jejum, mesmo que alternados, como é recomendável. Sobre este tipo de crentes, recordemos uma passagem ocorrida com Anas Bin Malik (Radiyalahu an-hu):
Uma vez foi servida uma comida especial. Quando Anas começou a comer, manteve um pedaço na boca durante algum tempo e depois olhou para as outras pessoas e começou a chorar. Depois justificou-se, dizendo: “Por Allah, acompanhei pessoas que se tivessem oportunidade de terem esta comida, teriam jejuado mais frequentemente.
Um deles encontraria somente leite misturado com água (como comida), que beberia e começaria a jejuar”. – Al-Mu’afa Bin Imran – Kitab Al-Zuhd, nº. 125.
Tal como o corpo, a alma também necessita de “alimentos”. Durante o ano inteiro, o crente preocupou-se mais com a vida familiar, com o sustento e com o lazer. Muitas vezes esqueceu-se de que Deus é o melhor Sustentador. Não cuidou convenientemente da alma. Deus, com a sua infinita Misericórdia, deu ao muçulmano, o mês de Ramadan, para lhe possibilitar corrigir a situação anterior e melhorar o futuro. O mês de Ramadan, exerce no crente, um fascínio, uma atração, difícil de explicar. É neste mês, que o crente, para além do jejum, encontra tempo e vontade para se dedicar ainda mais às orações facultativas e ajudar os mais necessitados. É um verdadeiro milagre. O que consome bebidas alcoólicas, deixa o vício de lado.
Aquele que pouco reza a Deus, aproveita este mês para intensificar as orações e as preces.
Ao longo do mês do Ramadan, os crentes “invadem” as Mesquitas. À noite, depois da última oração obrigatória, acompanham a oração do Tarawi, ouvindo e seguindo a recitação do Cur’ane. Regressam à casa cansados, mas com a fé mais fortalecida e a alma alimentada. Prontos para acordarem na madrugada do dia seguinte, para mais um dia de jejum, de privação voluntária de alimentos. Passarão mais um dia, recordando a Deus, baixarão os seus olhares, ”taparão” os ouvidos, evitando as conversas fúteis e maliciosas.
Alhamdullilah!, com a graça de Allah, nosso Criador, os muçulmanos recebem anualmente um hóspede importante – o Ramadan. Saibamos aproveitar a presença dele para recordar o que aprendemos quando frequentávamos as Madressas. Na embalagem, aprender o que não sabemos. Intensifiquemos o nosso Zikr, mantendo a nossa língua ocupada na recordação de Deus. Para além das orações obrigatórias, aproveitemos para fazer as facultativas. Comecemos a fazer o Salat Tahiatul Uzú(cumprimentado o Uzú), depois de cada ablução ou banho. Ganhemos esse hábito, para o realizar ao longo da nossa vida.
Vamos pedir perdão, pelas nossas falhas cometidas, efectuando o Salat Taubah.
Auxiliem os necessitados com bens materiais, ou mesmo com boas palavras. Façam muitas preces para vós mesmos, para os vossos familiares e amigos. Recomendem aos vossos familiares, em especial os mais novos, para pedirem perdão para os vivos e os falecidos. Se é pai, mãe, filho, irmão, familiar ou simplesmente amigo de alguém
que já nos deixou, alimente a alma dele, pedindo Àquele que é o mais Misericordioso de todos os misericordiosos. Seguramente que amanhã, seremos nós os necessitados.
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02 - O JEJUM DO MÊS DE RAMADAN

A nossa fé não é comparável à fé dos anjos (estacionária), à dos Profetas (estava sempre a aumentar) e à dos Sahabas (era muito forte). A nossa fé, parece mais um gráfico de cotação duma bolsa de valores (tem mais descidas do que subidas). Ao longo do ano, o crente tem uma vida agitada, procura insistentemente a sua provisão, distrai-se com a beleza deste mundo e não encontra tempo suficiente para se lembrar de Deus. “E quando os Meus servos perguntarem por Mim… certamente que estou próximo (deles): Oiço o rogo suplicante quando chamam por Mim. Eles que Me obedeçam e tenham fé em Mim, para que possam ser levados pelo caminho recto”. Cur’ane 2:186. Allah, Subhana Wataala, com a sua infinita Misericórdia, instituiu o Jejum no mês de Ramadan, um dos 5 pilares do Islão, para que nesse mês, o Seu servo possa inverter a situação, isto é, possa dedicar mais tempo na recordação Dele. “Ó vós que credes! É-vos prescrito o jejum, como foi prescrito aos vossos antepassados, para que possais temer a Deus”. Cur’ane
2:183.
Para os muçulmanos, o mês de Ramadan exerce uma atracção muito especial. Os que são regulares no cumprimento da religião, intensificam durante o mês sagrado, a recordação de Deus, observando as orações facultativas. Fomentam a solidariedade entre os crentes, distribuindo e incentivando a caridade obrigatória (Zakat) e a facultativa (Sadaka). “Se me forem gratos, dar-vos-ei mais”. Cur’ane 14:7. Os crentes, que ao longo do ano não foram regulares no cumprimento das suas obrigações religiosas, quando chega o mês de Ramadan, fazem o jejum e abstêm-se de práticas ilícitas. Procuram o perdão do Senhor e a partir daí, mudam o seu modo de vida, passando a ser mais devotos. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu que
todos são pecadores, mas entre eles, o melhor é aquele que se arrepende do seu pecado e pede perdão.
Após o término do Ramadan, depois de jejuarem o mês inteiro, infelizmente, outros voltarão a “percorrer o caminho das trevas”, esperando pelo próximo Ramadan, para novamente fazerem a intenção para alterarem o rumo da vida. Mas não se lembram, de que podem ser apanhados por aquilo que é o mais certo na vida – a morte. Alguns, ainda “embriagados” pelos prazeres do mundo, deixam passar o mês de Ramadan, não tirando dele, qualquer proveito. Hazrat Abu Huraira (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: ”Aquele que não jejua no mês de ramadan, sem nenhuma razão válida (aceitável pela lei islâmica), nunca será capaz de recuperar aquele dia, mesmo que jejue o resto da vida”. Bukhari.
O Ramadan é o nono mês do calendário (lunar) Islâmico. É um mês de reflexão, de sacrifício, de auto controle, de incremento na adoração a Deus e de redução das actividades mundanas. Ao jejuarmos, lembramos os milhões de seres humanos que vivem abaixo do limiar da pobreza, sem as condições básicas de subsistência, impensável nesta época em que as altas tecnologias proliferam por todo o lado.
É o mês em que nos preocupamos com os necessitados, providenciando-lhes alimentos e outros bens essenciais. Os anjos invocam as bênçãos sobre aqueles que dão de comer e de beber ao jejuador na altura do iftar. Quem der de beber ao jejuador, Deus lhe dará de beber da Sua fonte e nunca mais terá sede, até entrar no Paraíso. Deus multiplica em muito as acções praticadas neste mês. Uma acção meritória, procurando a satisfação de Deus, é recompensada como uma acção obrigatória. A acção obrigatória é recompensada por 70 vezes mais, em relação aos restantes meses. Durante este mês, diariamente, Deus liberta do inferno, um grande número de almas. É o mês em que devemos incrementar as nossas preces.
Foi no mês de Ramadan em que o Cur’ane foi revelado ao Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) através de Jibrail (Aleihi Salam) - Anjo Gabriel, que a Paz de Deus esteja com ele. “O Ramadan é o mês em que foi enviada a revelação do Cur’ane, como Guia para a humanidade, com provas claras de orientação e de critério (entre o bem e o mal…..)”. Cur’ane 2:185. É a altura do ano em o Livro Sagrado é mais recitado pelos crentes espalhados pelo mundo. Os muçulmanos o recitam individualmente, ou o ouvem através dos Hafez Cur’ane (que têm o Cur’ane decorado), durante as orações em congregação de Tarawi (Orações nocturnas).
Quatro acções são recomendadas para este mês: 1- Recitar o kalimah tayyibah (declaração da fé) “LA ILAHA ILLA LLAH MUHAMMAD RASSULULAH- "NÃO HÁ OUTRA DIVINDADE, SENÃO DEUS, A (ÚNICA) DIVINDADE, E QUE MUH AMMAD É O SEU (ÚLTIMO) MENSAGEIRO; 2- pedir perdão pelas falhas e pelos pecados cometidos, recitando por exemplo: “ASSTAGHFIRULLAH” (Ó Allah, perdoa-me), 3 – pedir o paraíso e; 4- pedir a Deus que nos salve do fogo do inferno, ex: “ALLAHUMA AJIRNA MINA NNARI” (Ó Allah, salve-nos do fogo (do inferno). Outra prece que deverá ser recitada com muita frequência: “RABBANÁ ÁTINA FI DDUNIA HASSANATAM WUAFIL ÁHIRATI HASSANATAM WUAQUINA ÃZÁBAL NNARI”2:201 (Nosso Senhor, conceda-nos o bem neste mundo e na vida futura e salve-nos dos castigos do fogo do inferno).
O jejum não se limita à abstenção do comer, do beber e das “relações” com as nossas esposas, desde o nascer até ao pôr-do-sol. Todos os órgãos do corpo também devem jejuar.

1 – a língua, evitando conversas inapropriadas, a mentira, a difamação; 
2 – a vista, evitando olhar o que nos desvia da recordação de Deus; 
3 – a audição,
ouvindo conversas maldosas e as intrigas; 
4 – as mãos e os pés e os outros órgãos do corpo, que nos possam conduzir ao pecado. Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Muitos dos que jejuam, não obtêm dos seus jejuns, excepto a fome. Muitos praticam as orações à noite, mas nada obtém, excepto o desconforto de permanecerem acordados”. O crente deverá fazer todos os possíveis para manter, ao longo da sua vida, os órgãos do seu corpo em “permanente jejum”.
Aproveitemos o mês de Ramadan para: 
1)- incrementarmos as nossas ações meritórias perante Deus; 
2)- começarmos a praticar acções próprias dos residentes do
paraíso; 
3)- deixarmos definitivamente os vícios que são um atentado à nossa própria saúde e causadores de distúrbios familiares. Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wasalam) disse: “ A pessoa que jejuar durante o mês de Ramadan, com fé e esperança de alcançar o beneplácito de Deus, ser-lhe-ão perdoadas as faltas”. Bukhari e Muslim.
Quem recitar, o seguinte, 3 vezes depois das orações de Fajr e Assr, todos os seus pecados, mesmo do tamanho do mar, serão perdoados: “Asstahgfirullaha lazí lá illaha ilah wual há-iul kaiumo wua atubu ileihi”. “Peço perdão a Allah, nenhum ser é digno de adoração, excepto Ele; e Ele é Vivo, o Eterno; e eu volto-me para Ele. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41
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03 - CRÔNICAS DE RAMADAN

(dedicado, em especial, aos meus familiares mais novos e a todos os crentes). Todos os louvores são para Allah Subhana Wataala, que instituiu para os muçulmanos o cumprimento do Jejum neste mês sagrado de Ramadan. Pedimos a Allah para que derrame as bênçãos para o nosso Profeta Muhammad (Sallalahu Aleihi Wassalam), um exemplo para a conduta da humanidade.
Quando eu era pequeno, muito pequeno, achava engraçado ver os adultos acordarem de madrugada para fazerem o sheri (Suhur). “Anas Ibn Malik (Radiyalahu-an-hu), referiu que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: Lançai mão do Sheri (ou seja do Suhur), porque há bênção nesse acto”. – Bukhari e Muslim. 
Acordava com o cheiro aromático do arroz do Limpopo (qual cheiro do basmati!). Aproveitava comer umas colheradas de arroz e das iguarias que restavam do iftar anterior. Para mim era uma alegria. O meu pai dizia-me que quem acorda à noite para comer, deve fazer o jejum. A meio da manhã, a minha mãe, servia-me o almoço e dizia que era o iftar dos mais pequenos. Algumas vezes, a minha mãe fazia-me companhia, partilhando a refeição do almoço, num aposento fechado, para que nenhum vizinho visse ela a comer, àquela hora. Depois de acabar o mês de Ramadan, ela jejuava mais dias do que o meu pai. Só mais tarde é que percebi os motivos: “A mulher não jejua nos dias de menstruação. Mas deverá recuperar esses mesmos dias”.
Havia duas Mesquitas principais na cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo: a da baixa e a do Anuaril Isslam no Xipamanine. Nos dias de hoje, segundo me consta, ao virar a cada esquina, “tropeçamos” numa mesquita, Masha Allah. Passei toda a minha
juventude na Mafalala, nos subúrbios da cidade. Mais crescido, ia com o meu pai ao Anuaril Isslam, para fazer o Tarawi. Íamos a pé, na escuridão da noite, percorrendo vários quilómetros, entre os labirintos das palhotas e das casas de madeira e zinco.
Muitas vezes cruzávamos com os trabalhadores nocturnos que eram encarregados de recolher os detritos humanos. Pertenciam a uma etnia própria de Moçambique, que só se dedicava a este tipo de serviço e à recolha de lixo em geral. Com “respeito” e com algum receio, deixávamos eles passarem, sem pronunciarmos qualquer palavra.
Aconteceu uma vez que uma pessoa do bairro, ao cruzar-se com eles, disse que cheirava mal e eles não se fizeram de rogados: deitaram para cima dele, o conteúdo do balde! “Ó fiéis, que nenhum povo zombe do outro; é possível que (os escarnecidos) sejam melhores do que eles (os escarnecedores)...”-Surat Hujjurat
49.11.
Há 50 anos atrás, infelizmente, existia pouca literatura islâmica traduzida. Era portanto muito habitual, quem estava interessado em obter esclarecimentos religiosos, assistir às diversas intervenções feitas pelos maulanas. Aos fins-de-semana nos meses de Ramadan gostava de ir assistir às conversas informais efectuadas pelo falecido Maulana Cassimo (Que Allah Subhana Wataala o recompense com o Janat, pelo
trabalho desenvolvido). Ficávamos debaixo duma árvore frondosa em frente à entrada da Mesquita, para ouvir atentamente as diversas passagens religiosas. Uma que nunca mais me esqueço e relacionada com a nossa higiene pessoal foi mais ou menos assim referida: “Um homem com vontade de urinar, aproximou-se a uma árvore. Encostou o braço direito na árvore e começou a aliviar-se da urina, esquecendo que a mesma estava a atingir uma parede dura e a fazer ricochete.
Resultado, o homem ficou com as calças cheias de pingos de urina. Abanou o reservatório e depois fechou as calças. Esse homem estaria limpo? Estaria em condições para efectuar as suas orações? Nem istinja fez! (operação de limpar o resto da urina). Bem, isto falado em língua local, teve um impacto e todos nós começamos a rir. Mas ficou a lição! “Consta num hadice de que o Profeta Muhammad (Sallalahu Aleihi Wassalam) estava a passar com os seus companheiros perto de duas sepulturas e foi-lhe revelado que os ocupantes dessas duas campas estavam a ser castigados, um porque andava sempre a intrigar e a caluniar e o outro porque não se cuidava da urina. -Relato de Musslim”; “O Profeta Muhammad,
Sallalahu Aleihi Wassalam referiu: A oração sem a pureza não é aceite, nem a caridade dada da riqueza suja i.é, adquirida ilicitamente. - Relato de Muslim.”; EAllah Subhana Wataala diz no Cu’ane: “Ó tu que estás coberto com um manto! Levanta-te e adverte. Enaltece o teu Senhor. Purifica as tuas vestes e abandona a abominação. - Cap.74- Vers.1 a 4.”
Antes do Iftar, enviávamos pratos especiais de comida para a família e para os vizinhos. Eles retribuíam devolvendo os pratos com outras iguarias. Era uma familiaridade e uma amizade muito especial, o que já não acontece nos dias de hoje.
As pessoas eram mais solidárias, e as palavras de apoio fluíam nos momentos de tristeza. Infelizmente, nos tempos actuais, tudo mudou. 
Na altura, eram poucas as pessoas que tinham telefone em casa. Mesmo assim, com muito sacrifício, tentávamos começar os jejuns e festejar os Ides simultaneamente no mesmo dia, em todo o país. As pessoas quebravam o jejum por saberem no próprio dia de que se estava a comemorar o Ide. Hoje, há famílias que ficam divididas,comemorando os Ides em dias diferentes. Mais um motivo para a separação entre
famílias.
Façam o favor de manterem e fortalecerem os vossos laços familiares e de aproveitarem os dias de Ramadan para obterem benefícios espirituais. O Ramadan vai e volta. Mas nós não sabemos se voltaremos a fazer parte do ciclo.Abdul Rehman Mangá.
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04 – A INTENÇÃO E COMO FAZER O JEJUM

Qualquer acção do crente, deve ser precedida duma intenção (niyyah). Ao iniciar o jejum diário, deve proclamar intimamente, a intenção de que vai fazer o jejum (obrigatório) do Ramadan. Também pode proclamar a niyyah verbalmente. Pode ser na sua própria língua, ou em Árabe, utilizando, por exemplo a seguinte intenção:
NAWAITU SAUMA GHADIN AN ADAI FARDI RAMADHANA LI HAZINIS SANAH LIL LA HI TAÃLÁ”.
A pequena refeição da madrugada, o Sheri / Suhur, que é tomada antes de se iniciar o jejum, é cheia de bênçãos por parte do nosso Criador. Anas Bin Malik (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Lançai mão da consoada (do suhur), porque há bênçãos nesse acto”. Bukhari e Muslim. Assim, permite-nos passar o dia de jejum mais confortáveis, com mais forças para suportarmos o trabalho diário. Um corpo forte é melhor do que um corpo fraco. 
Acordar naquela hora, implica um certo sacrifício, depois de um dia de jejum e das orações nocturnas. No entanto, com este sacrifício, teremos muitos benefícios, conforme disse o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): “Na verdade, Allah e Seus anjos, enviam bênçãos para aqueles que comem no Sheri/Suhur”. Relato de Hazrat Ibn Umar (Radiyalahu an-hu). Se não tivermos apetite para uma refeição ligeira, pelo menos, devemos beber água. A diferença entre o nosso jejum e o jejum dos Povos do Livro (Ahli Kitab), é entre outros aspectos, devido ao Sheri / Suhur, que eles não o fazem. É altura ideal para acordar, fazer as orações facultativas (Tahajjud), fazer duá, comer e fazer a primeira oração da manhã (Fajr).
Sendo o Ramadan, o mês de jejum, deveríamos ser mais contidos na alimentação.
Infelizmente, para alguns, é o mês de gastos excessivos, consumindo no iftar comidas especiais e dispendiosas. Comer muito no Iftar, provoca o desconforto e encontramos a nossa própria justificação para não fazer as orações nocturnas, nomeadamente o Tarawi e de praticar outro tipo de adoração. O Islão recomenda deixar vazio, um terço do nosso estômago. Todos os excessos, são contrários não só aos princípios deste mês sagrado, como também na vida de um crente. Em alguns países, chega-se ao cúmulo de, neste mês sagrado, haver um aumento no consumo de alimentos (nomeadamente o açúcar), de electricidade e de medicamentos (devido ao consumo excessivo de alimentos).
Anas Bin Malik (Radiyalahu an-hu) referiu que uma vez foi servida uma comida especial. Quando Anas começou a comer, manteve um pedaço na boca durante algum tempo e depois olhou para as outras pessoas e começou a chorar. Depois justificou-se, dizendo: “Por Allah, acompanhei pessoas que se tivessem oportunidade de terem esta comida, teriam feito jejuns (facultativos), com mais frequência. Um deles encontraria somente leite misturado com água (como comida), que beberia e começaria a jejuar”. – Al-Mu’afa Bin Imran – Kitab Al-Zuhd, nº. 125.
Quando chegar a hora do iftar (final do jejum diário), sem demoras, devemos preocupar-nos em quebrar o jejum, de preferência com água e tâmaras. “Assim disse Deus, Todo-Poderoso, Senhor da Glória: “Dentre os meus servos, prefiro aquele que se apressa em quebrar o jejum”. Dito do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), Bukhari e Muslim. Nos minutos que antecedem à hora do iftar, devemos fazer duá (prece), pedindo a Deus tudo o que é bom para nós, para os nossos familiares e para a Umah em geral (não se esqueçam dos falecidos). O duá para quebrar o jejum, pode ser feito na nossa própria língua, ou por exemplo: “ALAHUMMA LACA SAMTÚ WABICA ÁMANTÚ WA ÃLÁ RIZQUIKA AFTARTÚ” (Ó Allah, eu jejuei para Ti, em Ti eu acreditei (e acredito), em Ti eu depositei a minha confiança e com a Tua provisão, eu quebro o meu jeum).
Hazrat Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Há três tipos de pessoas cujas preces (duás) são aceites: 
1)- o jejuador, na altura do iftar; 
2)- o rei justiceiro; e 
3)- o oprimido”. Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Quando alguém comeu ou bebeu, esquecendo-se que está de jejum, deve continuar o jejum até ao fim, porque (comendo ou bebendo por engano), significa que Deus lhe deu de comer e de beber.” Bukhari e Muslim. No entanto se alguém, sabendo que está de jejum, mas por engano da hora do iftar, comeu ou bebeu, antes da hora regulamentar, deverá repetir o jejum, depois de terminado o mês de Ramadan.
O Suhur / Sehri, deve ser atrasado, de preferência, até ao limite da hora, no momento em que se inicia a primeira oração da manhã (Al Fajr). “…. comei e bebei até à alvorada, quando o fio branco se distinga para vós do fio preto, então completai o vosso jejum até ao anoitecer….” Cur’ane 2:187. O Iftar (o quebrar o jejum), deve ser efectuado imediatamente na hora prescrita, quando se inicia a oração do entardecer (Magribe). Seguindo estas recomendações, o crente cumprirá o dia de jejum ainda mais confortável.
Aproveite este mês sagrado para aumentar a “Sadaka” (a caridade facultativa), oferendo géneros alimentícios aos necessitados, de modo a terem um iftar condigno.Compartilhe também o iftar com amigos, familiares e outros crentes e ganhe a satisfação de Deus. “Anas (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) visitou Saad Ibn Ubada (Radiyalahu an-hu). Este lhe ofereceu pão e azeite de oliva. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) comeu e disse: “aqueles que jejuam, quebraram o jejum contigo, os virtuosos comeram do teu alimento e os anjos  suplicaram por ti”. Abu Daoud).
Nota: São conhecidos os benefícios do azeite de oliva. Em Itália, uma das entradas nas refeições, é constituída por pão com azeite de oliva. É uma tradição Italiana. Mas há mais de 1.400 anos que foi um dos alimentos do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) e dos seus Companheiros (Radiyalahu an-huma).
Rabaná af rig ãleiná sab ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concedenos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126
“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41
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05 - O QUE FAZER NO MÊS DE RAMADAN?

No mês de Ramadan, o tempo deve ser criteriosamente distribuído, em especial para quem trabalha. É um mês de sacrifícios. Na hora que seria dedicada ao almoço, antes do iftar e aos fins de semanas, podemos dedicar algum do nosso precioso tempo, procurando aliar o jejum com outras actividades meritórias. Durante o ano, o nosso iman, os nossos conhecimentos religiosos enfraquecem e esta é a oportunidade para relembrarmos e aumentarmos o nosso ilm religioso. Aprender mais acerca da nossa religião, dos seus fundamentos e das práticas. A oração não ficará completa sem aprofundar o ilm. 
É o mês do conhecimento. Se tem dúvidas daquilo que nos é “bombardeado” pela imprensa escrita e falada, aproveite para procurar saber, que afinal, nada daquilo de que nos acusam é verdadeiro e os que falam mal do Islão estão mal informados, equivocados ou mesmo com más intenções. Só conseguiremos argumentar, se conhecermos a nossa própria religião. Também, nunca é demais conhecermos os princípios das outras religiões. Com conhecimento se combate a ignorância e a provocação. E o Islão precisa de todos, para que juntos, possamos erguer bem alto as nossas convicções.
Entre este Ramadan e o anterior, o que fiz para o bem da minha alma? Alimentei a alma, ou só me preocupei com o aspecto e a saúde do meu corpo? O que posso corrigir daqui para a frente? Será que posso melhorar ainda mais a minha relação com Deus? O que fazer mais em benefício dos que estão ao meu cargo? É um mês de reflexão. Uma altura que nos facilita mudar o rumo da nossa vida. Aproveitemos a oportunidade.
É também o mês da oração. Os crentes incrementam as orações facultativas, porque sabem que neste mês, uma acção obrigatória é recompensada 70 vezes mais em relação aos restantes meses. Uma acção não obrigatória é como se duma acção obrigatória se tratasse. Assim, aproveitemos este mês para efectuar orações facultativas, por exemplo, após cada uma das nossas abluções (udhú), o Tahhiatul Udhú, 2 ciclos de oração, “cumprimentando o Udhú”. E quando entramos na Mesquita, antes de nos sentarmos, fazer duas rakates de Tahhiatul Masjid “cumprimentando a Mesquita”. Habituados, ganhamos embalagem para assim procedermos ao longo da nossa vida.
Se tem familiares residentes no país ou no estrangeiro e com quem não contacta há muito tempo, aproveite esta oportunidade do mês da reconciliação, para fortalecer os laços familiares. Visite-os ou fale com eles ao telefone. Aproveite também para fazer as pazes com aqueles que nos ofenderam. “Perdoa-os generosamente”. Cur’ane15:85. Seja o primeiro a pedir desculpas. Não espere que a outra parte lhe peça desculpas. Uma das dificuldades do ser humano é pronunciar a palavra “desculpa-me”. Orgulho? É mais fácil pedir perdão a Deus? Rompa com esse preconceito. Ajude também a reconciliação de dois irmãos que não se falam há muito. “Sabei que os crentes são irmãos; reconciliai, pois, entre vossos irmãos”. Cur’ane 49:10
Este é o mês das preces, para pedir a Deus para os outros, para os nossos pais, filhos, maridos/mulheres, familiares. Para os amigos e conhecidos que aparentemente se encontram bem e os que atravessam dificuldades de vária ordem. Para aqueles que estão doentes, uma visita, um telefonema, um pequeno presente. Para aqueles que deste mundo já partiram, e que não têm possibilidades de pedir perdão e de amealhar recompensas, faça-o por eles. Peça a Deus, mas peça muito por eles. “…Ó Senhor nosso, perdoa-nos, assim como também aos nossos irmãos que nos precederam na fé”. Cur’ane 59.10. Faça caridade em memória deles. Recite Surat Yacin e faça duá (prece). Lembre-se frequentemente deles nas suas preces.
Se tiver possibilidades financeiras, mande publicar livros religiosos em sua memória. Auxilie escolas onde estudam crianças pobres. Visite os cemitérios, as sepulturas e lembre-se de que um dia, também será um dos residentes. Buraida (Radiyalahu anhu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) ensinava as pessoas que iam visitar os cemitérios a recitarem a seguinte prece: “Que a Paz de Deus esteja convosco, moradores deste lugar, crentes e muçulmanos. Se Deus quiser, breve estaremos convosco. Imploro a Deus o perdão para nós e também para vós”. Muslim.
Conhece algum muçulmano recentemente convertido (revertido) ao Islam? É o mêsda ajuda. Ajude-o, acompanhe-o no iftar. Converse com ele, ajude-o a integrar-se nesta Umah. Ajude também os irmãos muçulmanos que estão nas trevas e que têm vergonha de solicitar ajuda. Ajude-os, mas seja discreto. “Convoca (os humanos) ao caminho do teu Senhor, com sabedoria e bela exortação”. Cur’ane 16:125. Sim, preocupe-se também consigo. Mas dê prioridade aos outros e também aos que já partiram deste mundo. Descubra você mesmo o que pode fazer pelos outros. Pode ter a certeza de que Deus tomará conta de si. Muitas vezes, mais valioso do que a ajuda financeira, é importante a amabilidade, o tempo, a disponibilidade e um simples sorriso. Já pensou que pequenos gestos podem fazer a diferença? Não seja forreta. 
“Não descures praticar qualquer acto de benevolência, nem que seja o de receberes um irmão com semblante alegre”. Dito do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). Muslim.
Se conhece alguém que tem algum vício, aproveite este mês da purificação do corpo e da alma, para lhe incentivar a acabar definitivamente com o maléfico do vício. Assim, ele aproveitará para limpar o corpo daquilo que lhe faz mal e que se intromete na sua vida espiritual.
É o mês do auto controle. Treine os seus membros do corpo para se controlarem na altura de agirem. “… que controlam a sua cólera e são indulgentes para as pessoas – e Deus ama os benfeitores”. Cur’ane 3:134. Arrefeça a fúria, a cólera.
Controle a vista e a língua – uma palavra mal proferida, pode provocar um grave incidente. Limpe a alma, limpe os seus pensamentos, limpe os seus sentimentos,torne-os mais puros, mais humildes. “Do teu ouvido, da tua vista e do teu coração, de tudo isto serás responsável”. Cur’ane 17:36.
Este é o mês da fraternidade e da caridade. Ajude aos mais necessitados. Na sua localidade, há sempre alguém que espera por uma mão direita generosa. Abra o seu coração e os “cordões da sua bolsa”. É o mês em que os muçulmanos devem ter o suficiente para o iftar e para o suhur. Mesmo que não tenha possibilidades financeiras para isso, participe na angariação de fundos e de gêneros alimentícios para distribuição a quem mais precisa. “Aqueles que (em caridade) gastam das suas riquezas, de dia e de noite, em segredo e em público, terão a sua recompensa junto do seu Senhor; e não sofrerão de temor, nem de preocupações”. Cur’ane 2:274.
Neste mês sagrado, leia com atenção os emails que contêm temas religiosos. Mas saiba filtrá-los. Reencaminhe-os depois para os seus contactos. Evite ou abstenha-se de enviar ou reencaminhar os emails que nos distraem para o essencial e que nos ocupam inutilmente o nosso precioso tempo.
Neste mês de Ramadan façamos algo, que nos possa beneficiar. Não o deixemos passar sem obter as recompensas. Será que o encontraremos no ano seguinte? Certa vez, Jibrail (Aleihi Salam) fez 3 preces e para cada uma delas, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) respondeu com “Amin”: Numa das preces, pediu o seguinte: “Seja afligida com mágoa aquela pessoa que encontrou o mês de Ramadan, um mês cheio de bênçãos e deixou-o passar sem ganhar o seu perdão”. Relato de Kaab Ibn Ujra (Radiyalahu an-hu).
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06 - O TARAWI – A ORAÇÃO NOCTURNA

"Na verdade Eu Sou Allah. Não há Deus além de Mim. Serve-Me pois e estabelece a oração para Minha recordação". Cur'ane 20:14 
Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) costumava exortar os seus companheiros (Radiyalahu an-huma) para efetuarem orações facultativas à noite, durante o mês de Ramadan, sem contudo ordenar-lhes para rezarem como acção obrigatória e disse: “Aquele que observa a oração nocturna nas noites de Ramadan, com fé e com a esperança e a procura da recompensa (de Deus), todos os seus pecados serão perdoados”. Era esta a prática até o Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) morrer, e assim continuou durante o Califado de Abu Bakr e parte inicial do Califado de Umar. Muslim4:1663
No tempo do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), durante 3 noites, foi efetuada em congregação a oração do Tarawi. Na quarta noite, a mesquita estava cheia, mas o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), não apareceu para dirigir o Tarawi. Na manhã seguinte informou-os de que não apareceu para não tornar compulsória a referida oração. A partir daí as pessoas observaram a oração individualmente ou em pequenos grupos, quando as condições assim o permitiam.
Ainda não foi no tempo do Califa Abu Bakr (Radiyalahu an-hu), que foi instituída a oração de Tarawi em congregação. Tinha havido alguma instabilidade no país, pelo que seria difícil reunir todos para a realização do Tarawi. No Califado de Umar (Radiyalahu an-hu), com a paz e a ordem no país, foi decidido criar condições para que o Tarawi fosse feito em congregação. Porque o Califa Umar (Radiyalahu an-hu), não era um legislador de Deus e o tempo da revelação já tinha terminado, o Tarawi não se tornou um acto obrigatório, como se tornaria se fosse feito continuadamente no tempo do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). 
O Tarawi é outra acção meritória a ser efectuada durante o mês de Ramadan. É uma oração especial nocturna, em congregação, efectuada imediatamente após a oração de Ishá, antes do witr. Na maioria dos países, incluindo na Cidade Santa de Maka, consiste em 20 rakates, orientados por Hafez Cur’ane (que têm o Livro Sagrado decorado). Ao longo do mês de Ramadan, de dois em dois rakates (ciclos de oração), recitam o Cur’ane. Noutros países, o tarawi diário é feito com 8 rakates.
O Tarawi é “Sunnah Mu’akkaddah” (Sunah insistido), pelo que todo o crente o deve fazer. É alal – kifayah, isto é da responsabilidade de todos os residentes da localidade.
Devem ser criadas condições para que em todas as Mesquitas da localidade, se efectue a oração em congregação. Abu Darda (Radiyalahu an-hu) referiu que ouviu o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) dizer: “Se ocorrer encontrarem-se (inclusive) três pessoas numa localidade, num deserto ou numa selva, e não rezarem em congregação, Satanás seguramente os dominará. Por isso recorrei às orações em congregação, porque o lobo devora a ovelha solitária”. Abu Daoud. Caso o Tarawi não se efectue, cada um dos residentes será responsabilizado pelo facto. Se na localidade se realizar a oração em congregação e outros a efectuarem nas suas casas, estes verão as suas recompensas diminuídas.
Se por qualquer motivo chegarmos atrasados na Mesquita e se encontrar a decorrer o  Tarawi e ainda não termos efectuado a oração de Ishá, antes de nos juntarmos à congregação, devemos primeiro e individualmente, efectuar a oração de Ishá. Depois juntamo-nos ao Jamah e no final, também individualmente, devemos completar os rakates de tarawi em falta.

Rabaná af rig ãleiná sab ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concede-nos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126 
Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhornosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aoscrentes”. Cur’ane 14:41
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07 - LAILATUL KADR (A NOITE DO PODER)

Durante o mês de Ramadan, os muçulmanos incrementam as suas atividades religiosas e a solidariedade humana. Sabem que neste mês, Deus multiplica em muito, todas as boas acções praticadas. Apesar disso, o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), sentia-se oprimido e angustiado quando ponderava as longas vidas das pessoas do passado, comparando-as com a vida dos seus seguidores. É uma vida curta, provavelmente não suficiente para “amealhar” os benefícios necessários com vista à satisfação de Deus e a obtenção do paraíso. Por outro lado, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) mencionou nomes de 4 antepassados piedosos, que passaram, cada um deles, oitenta anos a adorar e a servir a Deus, sem transgredirem nenhuma ordem Dele. Eram eles os Profetas Ayub, Zacariya, Izkil e Yusha (Aleihi Salam - Que a Paz de Deus esteja com eles). Os companheiros do Profeta (Radiyalahu an-huma), ficaram espantados e preocupados ao ouvirem esta narrativa e perguntaram como poderiam ultrapassá-los. Devido a esta preocupação, Deus mandou o Anjo Jibrail (Aleihi Salam) – Gabriel, que a Paz de Deus esteja com ele, revelar o Surat Kadr, na qual, foram informadas as grandes bênçãos desta noite. 
EM NOME DE DEUS, O BENEFICENTE E O MISERICORDIOSO: - NA VERDADENÓS REVELAMOS ESTA (MENSAGEM) NA NOITE DO PODER. O QUE É QUE TE FARÁ CONHECER O QUE É A NOITE DO PODER? A NOITE DO PODER ÉMELHOR DO QUE UM MILHAR DE MESES (83 anos e 4 meses). OS ANJOS E O ESPÍRITO DESCEM, ENTÃO, COM A PERMISSÃO DO SEU SENHOR, COM TODOS OS DECRETOS. ESSA NOITE É DE PAZ ATÉ AO ROMPER DA AURORA.” – Cur’ane – Surat 97.
Hazrat Anas (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam)disse: “No Lailatur Kadre, Jibrail (Alaihi Salam), vem com um grupo de anjos e rezam para a misericórdia a favor daqueles que se encontram ocupados no ibadat (adoração).
Apesar de muitos ulamás serem de opinião de que a noite de Lailatul Kadr, ocorre na 27ª noite, ela deve ser procurada nas noites impares – 21, 23, 25, 27 e 29 do mês deRamadan. 
Hazrat Anas (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Na verdade, chegou um mês perante vós, no qual existe uma noite melhor do que mil meses. Aquele que perder uma noite destas, na verdade, ficou privado de todos os bens, e ninguém ficará privado, excepto aquele que é infortunado”.
Hazrat Aisha (Radiyalahu an-há) relatou: “Eu disse; Ó Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam), se me encontrar na Lailatul Kadr (Noite do Poder), que prece devo efectuar? O Profeta respondeu: “Diz Allahumma Innaka Afuwun Tuhibbul Afwa Fa’fu anni – Ó Allah, na verdade, És perdoador, gostas de perdoar, por isso perdoa-me.” Abu Huraiara (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “A todo aquele que se levantar da cama para oferecer a oração voluntária (nafl), na Noite Bendita, guiado por um profundo sentimento de fé, com esperança na recompensa de Deus, ser-lhe-ão perdoadas as faltas anteriores”. Bukhari e Muslim.
Nessa noite, o crente deverá ocupar-se com preces, recitação do Cur’ane, zikr e orações facultativas.
Rabaná af rig ãleiná sab ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concedenos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126 
Rabaná af rig ãleiná sab ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concedenos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126.
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08 - I’TIKAF (Retiro no Masjid)

A permanência na Mesquita deve ser sempre com a intenção de i’tikaf, por períodos curtos ou por dias completos. É sempre vantajoso fazermos a intenção do i’ticaf ao entrarmos na Mesquita, enquanto lá permanecemos, para as orações, recitação do Cur’ane e Zikre. Assim, vamos obtendo benefícios espirituais duplos, do i’tikaf e das outras práticas. A pessoa que permanece na Mesquita com a intenção de i’tikaf, é igual à pessoa que se dirigiu a um sítio e não sai de lá enquanto não obter o pretendido. A recompensa do i’tikaf é enorme, pois o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) sempre o praticou. Estamos habituados a associar o i’ticaf à permanência dos crentes nas Mesquitas, durante os últimos 10 dias do mês de Ramadan. No entanto, o i’ticaf pode ser praticado em qualquer altura do ano, por períodos longos ou curtos.
Era prática do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), efectuar o i’tikaf nos últimos dias do mês de Ramadan. Ele referiu, segundo Hazrat Ibn Abbás (Radiyalahu an-hu): “A pessoa que efectua o i’ticaf, permanece livre dos pecados e na verdade, é recompensada igualmente como aquele piedoso que praticou boas acções (apesar de não as ter praticado), simplesmente por ter permanecido no Masjid (Mesquita). As recompensas são imensas, porque no i’tikaf (dentro da mesquita), afastamos do nosso íntimo, as preocupações diárias e dedicamo-nos com alma e coração à recordação de  Deus.
Aisha (Radiyalahu an-há), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) costumava fazer o retiro na Mesquita, para o i’tikaf, durante os últimos dez dias do mês de ramadan e dizia: “buscai a Noite Bendita (Lailatul Kadre) entre as últimas dez noites do mês de Ramadan”. Bukhari.
“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41
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09 - O FINAL DO MÊS DE RAMADAN

a)- FITRA
O Sadacatul Fitre (contribuição destinada aos carenciados para passarem com alguma dignidade o Idul-Fitre - festa do final do Ramadan), é obrigatório para os muçulmanos financeiramente capazes. O responsável pelo agregado familiar, deve pagar pelos seus dependentes (filhos, esposa e outros a seu cargo). O valor deve ser entregue antes da oração de Idul Fitr, de modo a facilitar que os necessitados possam também preparar-se para os festejos do Ide. Se a contribuição for entregue depois, deixa de
constituir o Sadacatul Fitre E passa a ser um simples sadacah.
Lembre-se que as acções praticadas durante o mês de Ramadan estão penduradas entre o céu e a terra e só serão elevadas depois do cumprimento desta obrigação. O Sadacatul Fitre é também um meio purificador dos nossos jejuns.
Para além de cumprir com aquela obrigação, dentro das possibilidades, contribua generosamente para que uma ou mais famílias possam ter na mesa do almoço, um pouco daquilo que vai ter na sua casa.
b) - O EIDUL FITR – A FESTA COMEMORATIVA DO FINAL DO MÊS DE RAMADAN Hambani, Hambani iyá Ramadan (Língua local Moçambicana) (Adeus, Adeus, ó Ramadan). Tu virás outra vez para o ano, mas nós não sabemos se te vamos encontrar!
Após um mês inteiro de sacrifício, a jejuar e a incrementar as orações, Deus, o Altíssimo, concedeu-nos o Idul Fitr, (festa religiosa em comemoração do final do mês de Ramadan). É um dia de alegria, comemorado pelos muçulmanos, começando por dirigirem-se à Mesquita para a oração. Nesse dia, Deus pergunta aos anjos: “Qual deve ser a recompensa daqueles servidores que cumpriram o serviço deles devidamente?” Os anjos respondem: “Ó nosso Senhor e Mestre! na verdade eles devem receber toda a recompensa por completo. Aí Allah diz. “Eu testemunho-vos, ó anjos, por eles terem jejuado para Mim durante o mês de Ramadan e por terem ficado em pé nas orações nas noites, Eu lhes garanti como recompensa a Minha satisfação e lhes garanti o perdão”.
ALLÁHU AKBAR - ALLÁHU AKBAR. LÁILAHA IL – LALLÁHU. WALLÁHU AKBAR. ALLÁHU AKBAR. WALIL – LÁHIL – HAMD. Allah é o Maior. Allah é o Maior. Nã o há outra divindade excepto Allah e Allah é o Maior, Allah é o Maior e todos os louvores pertencem só a Allah. Segundo Anas Bin Malik (Radiyalahu an-hu), no dia de Idul Fitr, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), não saía de casa sem comer algumas tâmaras. Anas acrescentou, que as tâmaras consumidas eram de número impar.- Bukhari. Nas orações de Idul-Fitr e de Idul-Adhá, não há azan nem ikhamah (chamamento para a oração). Não há também qualquer oração facultativa entre as orações de Fajr e dos Ides. Primeiro realiza-se a oração e depois o Khutbá (ao contrario da oração de Juma).
Não é permitido jejuar nos dias de Ide – Bukhari. Segundo o referido no Bukahri, o crente que pretenda dirigir-se para efetuar a oração de Ide, deve ir por um caminho e regressar noutro. Outra recomendação do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), é o de vestir a melhor roupa e de utilizar o melhor perfume.
Nesse dia festivo, os crentes cumprimentam-se, pedindo a Deus que aceite todos os actos de adoração praticados durante o mês de Ramadan. Utilizando uma recomendação feita há mais de 1.400 anos, distribuam prendas entre vocês. De pais para filhos de filhos para pais, entre vizinhos e amigos, vamos comemorar este Ide que se aproxima, aumentando a nossa amizade e harmonia. É isso também o que o Islam nos ensina – a paz e a irmandade entre as pessoas. As prendas devem ser úteis e não necessariamente dispendiosas. Também é uma prenda o cumprimento, um abraço efusivo entre amigos, um sorriso, um telefonema para os familiares e amigos que se encontram distantes. Segundo o nosso Profeta Muhammad (Salalahu Alei Wassalamo), dar prendas, aumenta e fomenta a amizade entre os muçulmanos.
Segundo Aisha (Radiyalahu an-há), o Profeta (Salalahu Aleihu Wassalam) aceitava prendas e em retribuição, também dava prendas. - Bukhari. 
Rabaná af rig ãleiná sab ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concede-nos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126
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10 – O JEJUM DO MÊS DE SHAWWAL

De acordo com o relato de Abu Ayyub al-Ansari (Radiyalahu an-hu), o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu: “Todo aquele que jejuou durante o mês de Ramadan e de seguida observou 6 dias de jejum de Shawwal, é como tivesse jejuado todos os dias. – Livro 6 – Hadice 2614.
Não é obrigatório, mas é recomendável fazer os 6 dias de jejum. Dependerá da disponibilidade, saúde e entusiasmo de cada um. De preferência, os 6 dias devem ser seguidos. No caso de impossibilidade, podem ser observados alternados ou não, mas durante o mês de Shawwal.  “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41
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11 - O JEJUM DOS NOSSOS ANTEPASSADOS

Depois da oração, a segunda obrigação dos muçulmanos é o de observarem o jejum, durante o mês de Ramadan. As diversas referências encontradas nos Livros, levam-nos a concluir, que a instituição do jejum não é uma novidade e que era uma prática regular dos nossos antepassados, muito antes da era Islâmica. Contudo, os métodos utilizados, eram diferentes daqueles que nos foram instituídos. O nosso Criador, no versículo 2:183 do Cur’ane, refere. “… É-vos prescrito o jejum, como foi prescrito aos vossos antepassados”.
Os Árabes da época pré Islâmica observavam o jejum no dia 10 de Muharram, Deus esteja com ele, e o seu povo, da perseguição do faraó. Na altura, Deus abriu uma passagem no mar, que lhes permitiu atravessar em segurança. Para além dos Árabes, outros antepassados também observavam o jejum, como forma de penitência, preparação de ritos e cerimónias, conforme podemos confirmar através dos Livros Antigos.
No êxodo 34:28, encontramos a indicação de que Mussa (Aleihi Salam), Moisés, que a Paz de Deus esteja com ele, permaneceu junto do Senhor durante 40 dias, sem comer e sem beber e escreveu nas tábuas as palavras do pacto, os Dez Mandamentos. Em Mateus 17, refere que Um homem aproximou-se de Issa (Aleihi  Salam), Jesus qua a Paz de Deus esteja com ele e pediu compaixão pelo filho que sofria muito de epilépsia. Antes o apresentou aos seus discípulos que nada puderam fazer. Jesus repreendeu o demónio, o qual saíu do menino e ficou curado. Os discípulos perguntaram a Jesus, os motivos porque eles não o conseguiram expulsar. 
Respondeu: “Por causa da vossa pouca fé, pois se tiverem fé do tamanho duma mostarda direis a este monte, passa para ali e ele há de passar e nada vos será impossível. Mas isto só se consegue à força da oração e do jejum”. Outra referencia à cerca de Issa (Aleihi Salam), Jesus que a Paz de Deus esteja com ele: No deserto foi tentado pelo diabo, jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e por fim teve fome. Depois de rejeitar as tentações terrenas do diabo, disse: “está escrito, nem só do pão viverá o homem, mas (também) de toda a palavra que sai da boca de Deus”.
Depois vieram os anjos e o serviram. 
No tempo dos nossos antepassados, a pobreza era imensa e a falta de alimentos, provocava uma fome extrema, originando doenças e danos físicos. Mas mesmo assim, tinham um elevado sentido de fé e de esperança em Deus. O mesmo se passou no tempo do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), em que havia momentos que as pessoas não tinham nada para comer, incluindo na casa do Profeta, onde muitas vezes o “fogão” não era aceso, durante dias. Amarravam pedras junto ao estômago, para aliviarem as dores provocadas pela fome. No entanto, depois de instituído o jejum do mês de Ramadan, todos observavam o jejum com muito entusiasmo, às vezes desmedido em relação à situação física de cada um, o que levava o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) a intervir, para acalmar o entusiasmo e os ânimos.
O Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) observava jejuns voluntários (nafl) em dias seguidos e as pessoas pensavam que ele assim continuaria jejuando para sempre. Depois deixava de jejuar, durante dias e então pensaram que ele não iria jejuar mais. Durante o mês de Shabaan, jejuava quase todo o mês e pensavam que ele iria jejuar todo o mês. Somente no  mês de Ramadan é que jejuava o mês inteiro.
Em qualquer mês do ano, tinha por hábito jejuar às segundas e às quintas-feiras.
Também recomendava as pessoas jejuarem 3 dias por mês.
Referiu que quem jejuar 6 dias de Shawal, é como tivesse jejuado todo o ano.
Jejuava e recomendou para assim fazerem nos dias de grande significado religioso, como por exemplo no dia de Arafa e no décimo dia de Muharram (Ashura). O Profeta (Salalahu Aleihi Wasslam) proibiu os seus Sahabas (Radiyalahu an-huma) de jejuarem continuadamente todo o ano. Recomendou que quem pretendesse fazer jejuns facultativos, o poderia fazer, mas descansando depois vários dias.
Para os que insistiam competir com ele, nos jejuns seguidos, recomendava prudência e referia o Jejum do Profeta Daúde (Aleihi Salam), David, que a Paz de Deus esteja com ele, que jejuava um dia e descansava outro, sendo este o melhor jejum. Durante o Mês de Ramadan, o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) tinha por hábito fazer jejuns ininterruptos (saum wisal) e proibiu os sahabas de o fazerem. Quando foi interrogado porque podia ele fazer e eles não, respondeu: “Eu não sou como vocês, o meu Senhor me provisiona de beber durante a noite em que eu fico nesse estado”. Infelizmente nos nossos tempos, o flagelo da fome é uma constante em muitos países, mas nada se compara com o sofrimento dos nossos antepassados. Então, sendo o  mesmo Cur’ane, o mesmo Profeta, a mesma orientação que encontramos nos hadices, então porque motivos a nossa fé e a esperança em Deus se encontram no nível abaixo do desejado? O nosso bem-estar e as nossas condições materiais, serão o entrave? Nada disto justifica a situação, porque também na altura, no meio de tanta pobreza, existiam pessoas ricas, mas que o comércio não lhes distraía no cumprimento das obrigações religiosas. As suas condições materiais lhes permitiam fazer tudo o que os pobres cumpriam, mais ainda, distribuindo a caridade e libertando  escravos. “Homens, a quem nem o negócio, nem o comércio distrai da recordação de Deus, nem da observância da oração, nem do pagamento do zakat…… E Deus dá provisão a quem quer, sem medida”. Cur’ane 24:37 e 38.
Rabaná af rig ãleiná sab ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concede-nos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126 
Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41
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12 – Termina Tudo Depois do ramadan? 

Adeus Ramadan! Ou esperamos encontrá-lo no próximo ano? Só Allah Subhana Wataala é que conhece o futuro de cada um de nós. É importante um pequeno balanço individual, para refletirmos: 
a)- o que intencionámos fazer, 
b)- o que foi
feito e 
c)- o que ficou por fazer.
Em relação aos restantes meses do ano, o mês de Ramadan é uma altura muito especial, que nos motiva e incentiva para dedicarmos mais tempo, a fim de cuidarmos e alimentarmos a nossa alma. O Ramadan alerta-nos para o nosso relacionamento com o Criador e abana as nossas consciências. É um verdadeiro milagre que acontece a cada um de nós. Fazemos sempre algo mais, em relação aos restantes meses. É sempre muito, mesmo para aqueles que durante o ano se esquecem das suas obrigações religiosas ou para aqueles que o são regulares. Se procuras o teu Criador, O encontrarás misericordioso. Se O esqueceres, Ele espera que te recordes Dele. “E quando te esqueceres, lembra-te do Teu Senhor….” Cur’ane 8:24. Uns e outros acrescentam sempre algo de virtuoso neste mês. Mas depois de finalizado o mês e após a festa do Idul Fitr, muitos de nós voltamos à situação anterior, não damos continuidade às virtudes praticadas e esperamos pelo próximo Ramadan. Outros, por cada ano que passa, aprendem mais, que depois utilizam nos momentos de ibadat (adoração) ao longo do ano. O ontem passou e quem o aproveitou, alimentou mais a alma. O presente é hoje, que devemos aproveitar, porque não sabemos, se amanhã teremos capacidade, saúde ou vida para melhorarmos a situação em que nos encontramos. A alma, tal como o corpo, necessita de ser alimentada, continuamente.
“Pela gloriosa luz da manhã e pela noite quando serena, O teu Senhor não te abandonou, nem te odiou” Cur’ane 93:1,2,3.
Existem pequenas coisas que podem aumentar as nossas provisões para o futuro, por exemplo: 
1)- Depois das abluções, efectuar dois ciclos de oração, Tahiátul Uzú, cumprimentando o Uzú. 
2)- Ao entrar na Mesquita, não nos sentarmos sem fazer dois ciclos de oração, Tahiátul Masjid, cumprimentando a Mesquita. 
3)- Louvar a
Deus depois de cada oração obrigatória, recitando 33 x Subhána Allah, 33 x Allhamdulliláh e 34 x Allahu Akbar. 
4)- Recitar Surat Yassin de manhã e aproveitar para fazer duá para os falecidos. 
5)- À noite, recitar Surat Mulk (Tabaraka Lasi).
6)- “Bismilahir Rahmani Rahim”, é a chave para tudo e deve ser uma constante
na nossa vida. 
7)- Reforce a sua convicção de fé no Deus Único, recite “La Ilaha
Ilallah”. 
8)- Peça a Deus bênçãos para o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam),
enviando muitos Duruds, utilizando, por exemplo esta forma mais simples, “Allahuma Sali alã Muhammad”. 
9)- Tenha por hábito cumprimentar o seu irmão /irmã de fé com “Assalamo Aleikum”.

1)- Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse para Bilal (Radiyalahu an-hu): “Ó Bilal, diz-me qual das tuas acções foi maisauspiciosa, depois de teres abraçado o Islam, porque escutei o ruído dos teus  passos adiante de mim no Paraíso!”. Bilal (Radiyalahu an-hu) respondeu: “Não pratiquei nenhuma acção mais meritória do que o de me purificar (lavar-me, banhar-se ou realizar abluções) durante o dia ou a noite e, em toda a ocasião, ter oferecido tantas orações quantas Deus me tem destinado (orações de Tahiátul Uzú)”. Bukhari e Muslim.
2)- Abu Catada, referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse:”Quandoalguém entra numa mesquita, não se deve sentar sem antes praticar duas rakats (dois ciclos de oração de Tahiátul Masjid)”. Bukhari e Muslim.
3)- Ka’b Ibn Ujrah (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “A pessoa nunca se desiludirá se depois de cada oração obrigatória, recitar as seguintes palavras: 33 x Subhána Alláh, 33 x Alhamdulilláh e 34 x Alláhu Akbar”. Refere o Cur’ane: “A sua prece será: “Glória para TI, ó Allah”! E a sua saudação será: “Paz”! E concluirão as suas orações dizendo: “Louvado seja Deus, senhor dos mundos”. 10.10.
4)- Tudo tem o seu coração e o coração do Cur’ane é o Surat Yassin. Ata Bin Raibah (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Quem recitar o Surat Yassin no início da manhã, todas as suas necessidades do dia serão preenchidas.”
5)- Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) disse que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Há um capítulo no Cur’ane com 30 versículos, que intercederá a favor da pessoa, até esta ser perdoada. É o Surat Tabarakal Lasi.” Também referiu o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) de que o referido Surat é um grande protector contra os castigos da sepultura. Tirmizi.
6)- É imperfeito e defeituoso; é desprovido de qualquer barakah e de graça divina; não há bênção no trabalho; quando não há bênção, a pessoa não terá sucesso no seu projecto: Assim, BISMILLAHIR RAHMANIR RAHEEM (Em nome de Deus, o Beneficente, o Misericordioso), deve ser recitado antes de se iniciar qualquer tarefa.
Hazrat Ali (Radiyalahu an-hu), referiu que BISMILLAHIR RAHMANIR RAHEEM é um duá efectivo (prece) para facilitar qualquer dificuldade que esperamos encontrar numa tarefa e remove qualquer mágoa, aflição e trás felicidade para o coração.
7)- Ditos do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): de Abu Darda (Radiyalahu an-hu) “A pessoa que recitar “Lá Iláha Ilalláh” cem vezes diariamente, será ressuscitada no dia do Julgamento com a sua face brilhando como a lua cheia e ninguém a ultrapassará nesta categoria, excepto aquele que recitar o Kalimah mais vezes
do que ele”. De Anass (radiyalahu an-hu): “Allah, Todo o Poderoso, decretará no dia do Julgamento: “Tirem do inferno a pessoa que professou “Lá Iláha Ilalláh” e tirem aquele que tinha fé do seu coração do tamanho de um grão. Tirem todos estes que recitaram “Lá Iláha Ilallá” ou Me recordaram em qualquer altura, ou Me temeram.”
8)- “Na realidade, Allah e Seus anjos derramam bênçãos sobre o Profeta. Ó vós que credes, pedi bênçãos para ele e saudai-o com respeitosa saudação”. Cur’ane 33:56. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “No Dia do Julgamento Final, a pessoa que estará mais próxima de mim, será aquela que enviou mais Durud
para mim.” Tirmizi. É referido no Bukhari, 55:588, que as pessoas perguntaram ao Profeta (Salalahu Aleihi
Wassalam), qual a melhor maneira de pedir bênçãos para ele. Ele referiu o Durud- Ebrahim, que nós recitamos nas nossas orações, na posição de sentado. 
9)– Imran Ibn Al Hushain (Radiyalahu an-hu) contou que um dia apareceu um homem onde se encontrava o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam e nos saudou, dizendo “Assalamo Aleikum – Que a Paz de Deus esteja convosco). O Mensageirode Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) retribuiu a saudação e depois disse “Dez”. Aquele homem se sentou e logo apareceu outro e fez a saudação “Assalamo Aleikum Warahmatulah – Que a Paz e a Misericórdia de Deus estejam convosco”. O Profeta lhe retribuiu a saudação e lhe disse “Vinte”. Depois chegou outro e os saudou dizendo “Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu – Que a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus estejam convosco”. Satisfeito devolveu-lhe a saudação e disse “Trinta”. (Abu Daud e Thirmizi). Nota: 10, 20 e 30 (recompensas de Deus). “Quando fordes saudados, retribuí com uma saudação melhor, ou pelo menos igual, porque Deus leva em conta todas as coisas”. Cur’ane 4:86.
Quando o Ramadan termina, o crente suplica a Deus, com sinceridade, para que possa viver, pelo menos, mais um ano, a fim de beneficiar das bênçãos do próximo Ramadan. Ele sabe que é nesse mês que consegue incrementar as suas acções meritórias, em relação aos restantes meses do ano. Assim, rogamos a Deus para que aceite o nosso pedido, a fim de termos a Sua misericórdia. Se entretanto morrermos e não alcançarmos o objectivo pretendido, pedimos a Deus para ter piedade da nossa alma. “Rabanná Wa Takabaal Duãi”. 14:40 – “Ó Nosso Senhor, aceitai a nossa  prece”.
“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41
"Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.
Não guardem a felicidade só para vós. Façam também os outros felizes. Distribuam sorrisos!
Abdul Rehman Mangá
abdul.manga@gmail.com
Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuh! Compilado por Hajj Hamzah Abdullah - o menor dos servos de Allah SW.

Sugestões Para antes do Ramadan!

Os dias passam e vemos como, pouco a pouco, as folhas do calendário se vão acabando, anunciando-nos a chegada de um dos hóspedes mais amados e esperados de cada ano, o qual ocupa o lugar mais privilegiado de todos os meses nos corações de todos os muçulmanos ao longo e sob o planeta. Como não há--de ser assim se estamos a falar do Ramadão!

Não há dúvida de que a preocupação dos servos sinceros e verdadeiros de Deus (ár. Allah) se incrementa, cada vez mais, ao sentir a proximidade da sua chegada, pois não querem desperdiçar nem um só instante da noite nem do dia para alcançar todas as dádivas que este hóspede traz com ele.

Em seguida, expõe-se uma série de sugestões a ter em conta antes que chegue o Ramadão, que creio serem de grande benefício; pois não há assunto que seja pensado, planeado e a que se dedique todo o esforço por levar a cabo com sinceridade, sem que o resultado seja bom e os frutos da sua acção os melhores. Estas são então as recomendações que temos para que este Ramadan seja mais frutífero que os anteriores com a graça de Allah:

• Ter ao alcance uma cópia do Alcorão, com explicação das palavras e significados e se possível, que contenha um breve resumo sobre as razões e condições pelas e nas quais se revelaram certos versículos. (Em português, a tradução dos significados do Alcorão é como uma espécie de exégesis, pelo que o que faria falta seria anotar as dúvidas que surjam enquanto lemos, para consultar os especialistas na matéria.)

Escutar as lições que foram gravadas e que têm relação directa com os assuntos próprios do jejum e as obras de bem no Ramadão. (Pomos à disposição alguns Cds a respeito.)

Assistir às aulas ou palestras que há nas mesquitas, especialmente as que nos ensinam a tirar maior proveito deste mês sagrado.

Leitura da biografia dos Sahabah, que Allah esteja satisfeito com todos eles, de seus discípulos e todos os demais piedosos que marcaram um rito na execução de obras de bem, durante o Ramadan, para que os imite-mos e tentemos desfrutar de um jejum como nunca.

Dedicar a maior quantidade de dias do mês de Xa’ban (o mês anterior ao Ramadão) para que o nosso corpo se acostume ao jejum e à adoração. ‘A’ishah, que Allah esteja satisfeito com ela, disse: “Nunca vi o Mensageiro de Allah, sallallahu ‘alaihi wa sallam, jejuar um mês completo excepto no Ramadão; e nunca o vi jejuar mais dias num mês como em Xa’ban”. [Bukhari].

• Planificar muito bem as actividades que nos ajudem ao crescimento espiritual, como a leitura de livros com temas beneficiosos – como os de Tafsir (exégesis do Alcorão), Hadith, Sirah (biografia do Profeta s.a.w.) – e todo aquele conhecimento islâmico e/ou geral.

Dedicar muito tempo à leitura do Alcorão, pois, ao fim e ao cabo, este é o seu mês.

• Assistir à Mesquita e permanecer nela o maior tempo possível.

• Dedicar um espaço especial na casa onde se possa estar a sós para fazer orações voluntárias, recitar o Alcorão e fazer súplicas e invocações a Allah.

• Não esquecer a família, pelo que se deve envolver todos os membros que a compõem no plano que se propôs para o Ramadan. Portanto, deve-se dedicar tem-pos e espaços nos quais todos compartilham a oração, recitação do Alcorão, súplicas e invocações a Allah. Realizar actividades, como competências de recitação e memorização do Alcorão e dos Ahadith.

• Diminuir o tempo que se passa vendo televisão ou navegando na Internet, claro, supondo que o que se vê é o que Allah e Seu Profeta, sallallahu ‘alaihi wa sallam, permitiram; pois sendo o contrário, estar-se-ia come-tendo um gravíssimo pecado e expondo-se tontamente a um perigo muito grande.

• Distribuir as tarefas domésticas entre todos os mem-bros, para que as responsabilidades não caiam somente sobre uma pessoa, e assim não possa ela dedicar-se à adoração e à recordação de Allah.

• Estabelecer tempos de espairecimento para todos, nos quais se tenha em conta a diversão das crianças e maiores, e onde se realizem visitas aos familiares e amigos.

• Recordar que as compras no Ramadan não devem ser exageradas. Recomenda-se adquirir os produtos de longa duração, antes que inicie o mês, para que as saídas ao mercado sejam mínimas.

Sem lugar a dúvida, há muitas coisas que talvez não tenha mencionado aqui, mas o que procurava, principal-mente, era assinalar a importância que tem preparar-se para receber este mês cheio de bênçãos para todos. 

Obrigado, boas leituras. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 19/06/2014.

quinta-feira, junho 19, 2014

TEMA DA SEMANA: RECOMENDAR O BEM (MA’RUF) E PROIBIR O ILÍCITO (AL-MUNKAR) – 3ª. e última parte:

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e  Misericordioso) - JUMA MUBARAK

3 - As Qualidades que um Crente deve ter, para Incentivar o Manruf e Corrigir o Munkar “E que surja entre vós um grupo de pessoas que apele à rectidão, que ordene o bem e proíba a iniquidade; e eles, na verdade, são os bem-sucedidos”. Cur’ane 3:104. O ser “melhor grupo”, não é por causa de questões étnicas ou de cor, mas sim os que chamam os outros para a obediência do que foi instituído por Allah. Só os que têm conhecimento da religião (ilm) e tenham fé em Deus e no Seu Mensageiro (Salalahu Aleihi Wassalam), é que podem incentivar para o caminho certo (manruf) e chamarem a atenção dos que estão a cometer acções erradas Munkar). No entanto, devem também ter as seguintes qualidades:

- A Sinceridade: Tudo o que fazemos, deverá ser com a intenção única e exclusiva para agradar a Allah e não para nos exibirmos perante outros, com vista a ganharmos lugares elevados na sociedade. Infelizmente alguns responsáveis religiosos são orgulhosos e quando sobem ao mimbar para o Kutbha (sermão), ficam “inchados” como certas aves quando pretendem chamar à atenção. “E não te conduzas com jactância na terra, porque jamais poderás fendê-la, nem igualar, em altura, às montanhas”. Cur’ane 17:37.

O Ilm / Conhecimento: É fundamental que a pessoa tenha ilm / conhecimentos da religião, dos mandamentos referidos no Cur’ane e das recomendações do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam). Caso contrário, estará a dar opiniões de acordo com os seus desejos e caprichos e não de acordo com a Lei Divina.

“…Poderão equiparar-se os sábios com os ignorantes?”. Cur’ane 31.17. “Ibn Buraidah (Radiyalahu an-hu) referiu que Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “São três os tipos de juízes. Um deles irá para o paraíso e dois deles para o inferno. O que vai para o paraíso, é um homem que sabe o que é certo e dá as sentenças de acordo com isso. Mas o homem que sabe o que é certo, mas que age de acordo com o seu desejo e duma forma tirânica, irá para o inferno. E o homem que sentencia as pessoas apesar de ser ignorante, irá para o inferno”. Sunan Abudawud 24:3566. Este hadice aplica-se não só aos juízes, mas a qualquer tipo de pessoa. “…quando julgardes os vossos semelhantes, fazei-o com justiça…”. Cur’ane 4:58.

“ Ó Senhor meu, dilata-me o peito; facilita-me a tarefa; e desata o nó da minha  língua; para que compreendam a minha fala”. Curane 20:25 a 28.

- A Paciência: Nos grandes debates, onde todos querem manifestar as suas posições, torna-se difícil manter-se a calma e a paciência. Pois estas virtudes são difíceis de se obter, excepto aqueles que acreditam em Deus e se mantém firmes quando uma desgraça se abate sobre eles. “Ó meu filho, faça a oração (na sua devida hora), recomenda as pessoas para o bem (ma’ruf), proibi o ilícito (almunkar) e sofre pacientemente em tudo o que te suceda, porque isto é firmeza”. Cur’ane 31.17. “a paciência é a metade da fé”. Na Mesquita ou num agrupamento, quando vemos alguém a cometer algo errado (na ablução, na oração ou mesmo no comportamento), não devemos abordá-lo em público para lhe corrigir o erro cometido. Isso é uma imprudência e pode levar que ele fique ofendido e passe a ter vergonha de frequentar a mesquita. Com paciência, devemos convidá-lo para um local recatado e conversar com ele. De preferência quem o deve fazer, é um responsável religioso. Pelo prestígio e pela posição que ocupa, será a melhor pessoa para esclarecer.

- A bondade e um bom Coração: Com palavras brandas se conquistam os corações mais duros do que a pedra. Com a bondade, será mais fácil dialogar e aproximar as pessoas. “Jamais poderão equiparar-se a bondade e a maldade.

Retribui (Ó Muhammad) o mal da melhor forma, e eis que aquele que nutria inimizade por ti, converter-se-á em íntimo amigo”. Cur’ane 41:34.

- Ser um Crente exemplar: É fácil recomendar aos outros para praticarem o bem. Mas infelizmente alguns não seguem o que aconselham aos outros. Por isso, certas pessoas deviam ser mais recatadas quando pretenderem exibir-se perante a sociedade, fazendo-se de grandes eruditos. “Ó fiéis, porque dizeis o que não fazeis? É muito odioso, perante Deus, dizerdes o que não fazeis”. Cur’ane 61: 2 e 3. O Profeta Salalahu Aleihi Wassalam referiu: “Um homem vai ser atirado ao inferno e ele dará voltas a si mesmo, como um burro faz para fazer andar o moinho da farinha. As pessoas (do inferno) vão reunir-se à sua volta e lhe perguntarão: “Ó fulano, não era você que ordenava os outros para o bem e proibi-los do mal?” E o homem responderá: “Eu costumava pedir aos outros para fazerem o bem (manruf), mas eu mesmo nunca o fazia e eu proibia os outros para praticarem o mal (munkar), enquanto eu tinha por hábito fazer o mal”. Bukhari 88: 218.

Com esta mensagem, termina o tema “Recomendar o bem (ma’ruf) e proibir o ilícito (al-munkar)”. ”Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41. Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 36:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10. Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

19/06/2014

sexta-feira, junho 13, 2014

Curso preparativo para o mês de Ramadan

No mês de Xa’ban começamos a acostumar-nos ao jejum, a incrementar as orações voluntárias, a ler o Alcorão, a evitar as más companhias e conversas.

Preparar-se para o Ramadan é mais que uma necessidade, é quase um dever, devido a muitos muçulmanos, ao chegar o mês sagrado ou inclusivamente logo que iniciado e passado vários dias, vemos que unicamente estão aguentando a fome, pois as suas obras são quase nulas, o melhor deles ao único que se dedica é a cumprir com os seus deveres como as cinco orações. Por esta razão, parece-me justo que dediquemos o mês decorrente de Xa’ban (o mês anterior ao Ramadão) para que se realizasse o curso a que me temos vindo a referir. Nele começaríamos a acostumar a realizar o jejum, a incrementar as orações voluntárias, em especial durante a madrugada, a ler o Alcorão, a evitar as más companhias e conversas, etc. 

Xa’ban é um mês que a maioria das pessoas descuida e não aproveita para utilizá-lo como um meio que os empurre e anime a incrementar as obras do bem no Ramadan. Usamah Ibn Zaid, que Allah esteja satisfeito com ele e seu pai, relatou: “Perguntei ao Profeta Muhammad, sallallahu ‘alaihi wa sallam: ‘ó Mensageiro de Allah, não há um mês em todo o ano que te veja jejuando tanto como em Xa’ban, excepto no Ramadan’; respondeu-me: ‘Este mês, que está entre Rajab e Ramadan, não o tem em conta a maioria das pessoas. Nele, as obras que temos feito são apresentadas ante o Senhor dos mundos; por isso, gosto que as minhas ações sejam elevadas ante Ele enquanto eu esteja em jejum’”. 

Se em nossas mentes estiverem sempre estas palavras e se chegarem ao coração, obteríamos a com-placência, o amor e a aceitação de Allah. Não percamos o tempo e revivamos estes sentidos, e ajudemos aos demais para que o tenham presente também, para que os benefícios de Xa’ban se generalizem e alcancem a mais muçulmanos. 

No Hadith que nos relatou Usamah, que Allah esteja satisfeito com ele, há uma grande lição para todo o muçulmano, a qual tem relação directa com a melhor forma que há para recuperar o tempo perdido ou aproveitar os momentos que pensamos que têm uma menor importância que outros, com o incremento em todo o tipo de formas de adoração estabelecidas pelo Alcorão e a Sunnah. 

Os nossos antecessores virtuosos e piedosos sempre contabilizavam o seu tempo; nos momentos em que viam que não os aproveitavam, faziam orações, e quando trabalhavam ou iam aos comércios e mercados, dedicavam-se ao Dhikr (invocar a Allah por meio de louvores). E seguindo os ensinamentos estabelecidos pelo Profeta Muhammad, sallallahu ‘alaihi wa sallam, costumavam fazer as obras voluntárias de forma discreta, ou seja, de maneira que os demais não se apercebessem do que faziam, porque desta forma eram mais sinceras, em especial o jejum, pois esta ação é algo muito pessoal entre o servo e o seu Senhor. 

Xa’ban é um mês cheio de bênçãos incontáveis, é um período de transição no qual nos devemos preparar para receber o Ramadan da melhor maneira. 

Xa’ban é o nosso instituto onde podemos fazer o curso que tanto necessitamos sobre o jejum e a forma de aproveitar cada um dos instantes do glorioso mês de Ramadan. In cha Allah.■ 

Obrigado, boas leituras. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 13/06/2014. 

A L M A D I N A O RESULTADO DOS ATENTADOS CONTRA A NATUREZA

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 09.06.2014 

Um dos grandes problemas da atualidade decorre do facto de o Ser Humano ter decidido revoltar-se contra si mesmo, contra a sua natureza humana. 

Por atentar contra si mesmo em todos os aspectos da vida, o Homem hoje enfrenta graves consequências, pois não só perdeu o sossego mas também colocou a sua vida em risco. 

Hoje vemos por todo o lado, até mesmo nas aldeias, um elevado número de doentes, não só velhos mas também jovens e crianças. 

Há alguns anos não havia tanta doença. Se recuarmos alguns séculos, verificaremos que havia muito poucos doentes. Qual então a diferença entre o nosso tempo e os tempos passados? Por que razão hoje em dia as pessoas adoecem muito e no passado não adoeciam tanto? Será que há alguma diferença na composição do tecido e composição humanas? Não são iguais os órgãos do homem de hoje e os do homem do passado? 

O fato é que não há diferença nenhuma nos dois, só que no passado as pessoas consumiam produtos naturais, embora não houvesse tão grande variedade de comidas e pratos, nem restaurantes, mas tudo o que tinham era natural e puro, daí que fossem mais saudáveis, pois estavam protegidos contra doenças. Em contrapartida, hoje em dia, as pessoas dispõem de uma grande variedade de comidas, mas a maior parte dessas comidas não são naturais. 

A questão é: será que todos esses produtos se transformaram em não naturais por si mesmos? Não terá sido obra do próprio Homem, que devido à ganância de querer ganhar mais do que precisa, colocou neles químicos na forma de fertilizantes, insecticidas, pesticidas, etc., altamente prejudiciais à saúde? E isto não se limita apenas aos alimentos, pois a água e até mesmo o ar já deixaram de ser naturais. 

Todos nós sabemos que a água e o ar são indispensáveis à vida humana, mas hoje a questão da água tornou-se muito complicada. Ela está poluída devido aos resíduos tóxicos libertados pelas grandes fábricas, e muita gente consome água imprópria, inquinada, que provoca várias doenças. 

O ar que respiramos também está poluído, o que afeta os pulmões e por via disso, todo o corpo. 

A poluição do ar foi igualmente provocada pelo Ser Humano através das fábricas que libertam gases e poeiras, e dos carros que também libertam fumos e gases nocivos ao ambiente. 

De fato, o Ser Humano, devido ao seu apego ao materialismo e ao gozo temporário, rebelou-se contra a natureza, devastou florestas substituindo as árvores por “plantas” para a produção de energia atômica e outras coisas que poluem o ambiente. 

Para além de tudo isso, mesmo no estilo de vida o Ser Humano tenta igualmente afastar-se das regras naturais traçadas por Deus, o que complicou ainda mais a sua vida. 

Por exemplo, a vergonha que sempre fez parte da natureza humana, hoje atenta contra ela. Emerge uma sociedade nua ou semi-nua, revoltada contra a vergonha. E as consequências disso são os raptos, a violação e o estupro de mulheres. Por todo o lado as mulheres são violadas, até mesmo as idosas com mais de 70 anos, sendo em muitos casos mortas. Das violações às mulheres nascem filhos ilegítimos, muitos deles por vezes atirados para os contentores de lixo, recolhidos em orfanatos ou asilos, ou então, para os mais inditosos, abandonados na via pública, engrossando assim o número de crianças de rua. 

Estas atitudes perigosas estão afetando de forma algo profunda as relações mútuas. Estão destruindo o sistema familiar, pois o ambiente conjugal que se vive em muitos lares está-se a tornar diametralmente oposto aos valores que deveriam intrínsecos a todo o lar fundado no amor na compaixão, na compreensão, na ternura, etc., daí que casos de divórcio tendem a aumentar. Muitos dos casamentos celebrados se dissolvem passados menos de 2 anos, o que concorre para situações de desespero, preocupação, stress e destruição de muitas vidas. 

Há mulheres que acham que para estarem na moda e parecerem mais belas e elegantes devem usar sapatos de salto alto, o que provoca danos irreversíveis ao seu organismo. Coluna vertebral, joelhos, tornozelos, articulações, rins e outros órgãos, sofrem os efeitos nocivos do uso prolongado de sapatos de salto alto, começando a manifestar-se com o avançar da idade. 

Em tempos idos só as mulheres idosas é que sofriam de complicações ligadas às dores de ossos, à osteoporose, etc., mas agora muitas jovens sofrem das mesmas complicações devido ao uso intensivo de sapatos de salto alto. 

Estes são alguns exemplos de algumas coisas não naturais que nós próprios procuramos, e que prejudicam a nossa saúde. 

Todos nós devemos tentar evitar tudo o que não seja natural, e passarmos a vida de acordo com as leis naturais, pois a prevenção é sempre melhor que a cura. 

Plenamente de acordo. Acho ser já altura de se estancar o "processo de dumbanenguização" da cidade de Maputo em particular, e de todas as urbes no geral. Penso ser já altura de os nossos governantes mobilizarem fundos para a criação de polos de atração nas zonas potencialmente produtivas (vales do Umbeluzi, Incomáti, Limpopo, Save, Púngue, Zambeze, Lúrio, etc.), como forma de descomprimir a cidade que está a rebentar pelas costuras. Deve-se começar a combater o alastramento de venda informal de tudo e mais alguma coisa nos passeios e quiçá, na rua, o que dificulta a mobilidade e o estacionamento automóvel. Note-se que hoje já não se pode caminhar livremente nos passeios da marginal, pois de um lado esses passeios estão ocupados pelos vendedores de álcool, principal "matéria-prima" para aa proliferação do ácido úrico que vai matando as nosas acácias. 

Força! Avante, por uma cidade mais saudável e menos poluída. Amad Bacar - Disotel Moçambique.

quinta-feira, junho 12, 2014

RECOMENDAR O BEM (MA’RUF) E PROIBIR O ILÍCITO (AL-MUNKAR) – 2ª. parte:

2 – O Munkar – As Más Acções – Como as Proibir.

Aos que seguem o Mensageiro, o Profeta iletrado, o qual eles encontram mencionado na Torah e no Evangelho, que possuem o que lhes recomenda o bem e proíbe o mal; e que lhes determina o que é puro e lhes proíbe o que é impuro, e alivia-os dos fardos e dos grilhões (uma coleira ou um colar de ferro) que os oprimem”. Cur’ane 7:157.

Um dos males “munkar” que perturba a sociedade é a suspeita, a desconfiança e a tendência das pessoas julgarem outros somente pelas aparências. Sem se aperceber, um crente começa a “sentir as orelhas quentes” porque estão a falar mal dele. Quando vem a saber, irá comportar-se pior que os outros, pois a sua reacção será desmedida e provocará ainda mais danos. Tão sensível é o coração humano! “Ó crentes, evitai tanto quanto possível a suspeita, porque algumas suspeitas implicam em pecado”. Cur’ane 49:12.

Quando um certo grupo se dedica ao “munkar”, espalhando a maldade e prejudicando a imagem da sociedade e até de um país, os crentes que praticam o bem mas que nada fazem para travar o mal, assumirão as suas responsabilidades perante Deus, quando chegar o Dia da Prestação de Contas. Lembremo-nos dos antigos povos que foram destruídos, apesar neles coexistirem pessoas de bem. Os pecados eram muitos e os piedosos, nada faziam para alterar o rumo da situação. “Não se reprovavam mutuamente pelo ilícito que cometiam. E que detestável o que cometiam”.

Conta-se que um dos anteriores profetas (Aleihi Salam) lamentou-se porque Deus castigou e destruiu povos inteiros, onde o mal era a prática corrente, mas onde também viviam pessoas piedosas. Na opinião do profeta, ele mesmo seria misericordioso com aqueles que nada tinham a ver com a maldade. O mesmo profeta certa vez estava dormindo debaixo duma árvore, quando formigas carnívoras começaram a subir pelas suas pernas. Ao sentir a primeira dentada, acordou apavorado e com a palma da mão bateu onde sentiu a dor e com este gesto, matou centenas de formigas, a maior parte delas que não lhe tinham feito qualquer mal. Deus em resposta à sua anterior “indignação”, perguntou-lhe os motivos de ter morto (também) Suas criaturas que não lhe tinham feito mal. Não se atreveu a responder ...

O Profeta (Salalhu Aleihi wassalam) referiu que aquele que vê algo abominável, deve corrigi-lo com a sua mão; se ele não tiver forças para isso, então deve fazê-lo com a língua; e se não o puder fazer, então deverá manifestar o seu desagrado através do coração e esta é a parte mais baixa da fé”. Bhukari 1:79.

Existe um consenso entre os nossos eruditos de que só um estado de direito é que deve utilizar a “força” para corrigir as situações mais graves. Os referidos Úlemas são os indicados para utilizarem a língua para emitirem as suas opiniões através de kutbas (sermões) ou fatwas (orientações). Os restantes crentes deverão utilizar os seus corações para reprovarem os males, sob pena de provocarem discussões com tons alterados (fitna), uma das facetas do munkar, cujas consequências são previsíveis. Cada um pensará que sabe mais do que o outro, mas na realidade nada sabem. Se não tivermos as qualidades necessárias, o melhor é recatarmo-nos e ficarmos silenciosos, não deixando de manifestar internamente o nosso desagrado. Podemos referir que a religião está assente em três princípios: 1) Cumprir com o que nos foi recomendado; 2) afastarmo-nos do que nos foi proibido; e 3) Aceitar com paciência o que nos foi predestinado.

Rabaná af-rig ãleiná sab-ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concede-nos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126

In Sha Allah, continua no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.


Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

12/06/2014

quarta-feira, junho 11, 2014

A beleza de... Inna lillaahi wa inna ilayhi Raaji'un

O significado de "Inna Lillahi Wa Inna Ilahi Raaji'un". Sim, é verdade que dizemos esta frase quando al-guém morre. Alguns de nós também a podem dizer quando perdem algo, sofrem de um ataque ou mal. Mas… sabem o que significa?

Claro, todos sabem que, obviamente, significa “De Allah proviemos e a Ele regressaremos”.

Mas não é só disso que eu estou a falar.

Quero dizer… percebem REAL E VERDADEIRAMENTE estas palavras e as suas implicações para a vida de um submisso a Deus (muçulmano)?

Significa… que tudo o que temos não é, na realidade, nosso. Pertence a Allah (Deus).

Olhemos à nossa volta, tudo o que vemos, tudo o que temos e tudo o que existe… em nós, sobre nós, à nossa volta… pertence unicamente a Deus (ar. Allah).

Foi Allah quem nos deu todas as propriedades e bens que possuímos, e Ele é o verdadeiro dono de tudo isso.

Então, os carros que conduzimos, as casas onde vivemos, os negócios que possuímos, na verdade, pertencem a Allah. As crianças com que Ele nos abençoa, a saúde que nos deu, o tempo que nos ofereceu, são tudo propriedade de Allah.

Mesmo os corpos em que vivemos e a vida que vivemos pertencem a Allah. 

"E a Allah pertence a herança dos Céus e da Terra...". (Surah Al-Imraan, 3:180). 

"De Allah é a soberania dos Céus e da Terra e o que há neles. E Ele tem poder sobre todas as coisas". (Sura Al-Ma'ida, 5:120). 

"Diz: 'A Allah pertence o Este e o Oeste... ". (Surah al-Baqarah, 2:142).

Agora, uma vez que tudo pertence a Allah, temos também de incluir as nossas almas nessa lista. As mesmas almas que pensamos como nossas, o nosso ser – o que quer que lhe chamemos – exactamente aquela coisa que nos distingue do resto do mundo, per-tence a Allah. Não é NOSSA.

De facto, tu não és teu. Pertences a Allah.

E esta é a essência do conceito de servo de Allah no Islão.

E uma vez que Ele é o verdadeiro proprietário de tudo, e tudo é propriedade Sua, Ele dá o que quer, a quem quiser… e também o pode retirar. Afinal de contas, foi Allah quem começou.

Então, Ele pode dar-te alguma coisa e retirar-ta depois de um instante. Ele pode abençoar-te com uma criança preciosa que vais amar… e depois, Ele pode retirar-ta. Ele pode dar-te dinheiro, honra e estatuto… e depois pode retirar-tos. Ele pode dar-te a juventude, vitalidade e saúde, e depois, de certeza que, Ele pode retirar-tas.

Então, quando Allah reclama o que verdadeiramente é Seu, PORQUÊ LAMENTAR AS NOSSAS PERDAS?

Tal como um amigo que nos empresta um livro e depois de alguns dias nos pede de volta e nós devolvemos-lho… sem ressentimento, sem pena… sem levantar questões.

Da mesma forma, se Allah levar para Si algumas das Suas bênçãos, por alguma razão… que assim seja. Digamos Alhamduli-llaah (Louvado seja Deus). Não ressintamos. Sejamos pacientes. Sejamos submissos à vontade de Allah ficando agradados com as Suas decisões para as nossas vidas. De certeza, Ele irá fazer apenas o melhor para cada um de nós.

Pensemos… o dono veio e levou-o de volta.

Lembremo-nos… Não somos os verdadeiros donos… para começar NUNCA fomos os verdadeiros donos. Apenas tivemos tudo porque, antes de mais, Allah no-lo ofereceu. Se Ele não tivesse dado, nunca o teriam tido de qualquer das formas… aliás, não o poderíamos ter tido. 

Lembremo-nos… o ser humano entra no seu mundo, de mãos vazias… e deixa-o de mãos vazias.

Lembremo-nos… tudo o que temos, todas as bênçãos que apreciamos, são dádivas de Allah Todo-Poderoso… dádivas que usamos por um período limitado de tempo até que Ele as tire de volta, quando assim o entender. 

São uma prova da confiança de Allah… um empréstimo… para ver como respondemos a estas dádivas de Allah e como as usamos… na obediência do Todo-Poderoso, agradecendo-Lhe e partilhando-as.

Tomemos nota das palavras do Profeta (s.a.w.) aquando da morte do seu filho, Ibrahim: “Os nossos olhos estão preenchidos de lágrimas, os nossos corações com dor, mas não dizemos nada com os nossos lábios, exceto o que agrade a Allah… Verdadeiramente, proviemos de Allah e a Ele regressaremos”. (Bukhari).

O Profeta (s.a.w) disse: “transmitam todo o conhecimento sobre mim, nem que seja um único versículo”.■ 

Obrigado, boas leituras. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 07/06/2014.

segunda-feira, junho 09, 2014

A Contribuição dos Muçulmanos as Ciências e as Artes

Quanto mais ciência há, tantos mais especialistas são necessários, entre os historiadores, para descrever adequadamente as contribuições muçulmanas a em cada ramo, e para colaborar, na compilação de uma análise em geral, sobre este vasto tópico, longe de pretender tratar dele adequadamente, faremos aqui, uma tentativa de fornecer informações de caráter geral, com relação ao papel desempenhado pelos muçulmanos, no desenvolvimento das diversas ciências e artes.

Atitude Geral

O Islam é uma concepção abrangente de vida, e não apenas uma religião, que descreve as relações entre o homem e o seu Criador, torna-se necessário, portanto, primeiramente, relatar, em linhas gerais, a sua atitude para com a ciências e as artes.

Longe de desencorajar uma vida de bem estar neste mundo, o Alcorão Sagrado expressa, repetidamente, fatos como este:
''Dize-lhes: Quem pode proibir as galas de Deus e o desfrutar os bons alimentos que Ele preparou para Seus servos? Dize-lhes ainda: Estas coisas pertencem aos que crêem, durante a vida neste mundo; porém, serão exclusivas dos crentes, no Dia da Ressurreição. Assim elucidamos os versículos aos sensatos. ''
(Alcorão Sagrado 7º surata, versículo 32)

Ele louva aqueles que:
''Ó Senhor nosso, concede-nos a graça deste mundo e do futuro, e preserva-nos do tormento infernal!''
(Alcorão Sagrado 2º surata, versículo 201)

Ele ensina a humanidade:

''Mas procura, com aquilo com que Deus te tem agraciado, a morada do outro mundo; não te esqueças da tua porção neste mundo, e sê amável, como Deus tem sido para contigo, e não semeies a corrupção na terra, porque Deus não aprecia os corruptores.'' (Alcorão Sagrado 28º surata, versículo 77)

É essa busca pelo conforto que atrai o homem ao conhecimento, de maneira tão perfeita quanto possível, de tudo o que existe no universo, de modo a usufruir de todos os seus benefícios, e, por elas, ser grato a Deus, diz Deus no Alcorão Sagrado:

''Temo-vos enraizado na terra, na qual vos proporcionamos subsistência. Quão pouco agradeceis! ''(Alcorão Sagrado 7º surata, versículo 10)

''E nela vos proporcionamos meios de subsistência, tanto para vós como para aqueles por cujo sustento sois responsáveis. '' (Alcorão Sagrado 15º surata, versículo 20)

E ainda:

''Ele foi Quem vos criou tudo quando existe na terra; então, dirigiu Sua vontade até o firmamento do qual fez, ordenadamente, sete céus, porque é Onisciente.'' (Alcorão Sagrado 2º surata, versículo 29)

E também:
''Porventura, não reparais em que Deus vos submeteu tudo quanto há nos céus e na terra, e vos cumulou com as Suas mercês, cognoscíveis e incognoscíveis? Sem dúvida, entre os humanos, há os que disputam nesciamente acerca de Deus, sem orientação ou Livro lúcido algum.''
(Alcorão Sagrado 31º surata, versículo 20)

E diz:

''Deus foi Quem criou os céus e a terra e é Quem envia a água do céu, com a qual produz os frutos para o vosso sustento! Submeteu, para vós, os navios que, com a Sua anuência, singram os mares, e submeteu, para vós, os rios. Submeteu, para vós, o sole a luz, que seguem os seus cursos; submeteu para vós, a noite e o dia.'' (Alcorão Sagrado 14º surata, versículos 32 e 33)

E diz mais:

''E submeteu, para vós, a noite e o dia; o sol, a lua e as estrelas estão submetidos às Suas ordens. Nisto há sinais para os sensatos. '' (Alcorão Sagrado 16º surata, versículo 12)

E diz mais ainda:
''Não tens reparado em que Deus vos submeteu o que existe na terra, assim como as naves, que singram os mares por Sua vontade? Ele sustém o firmamento, para que não caia sobre a terra, a não ser por Sua vontade, porque é, para com os humanos, Compassivo, Misericordiosíssimo. ''
(Alcorão Sagrado 65º surata, versículo 12)

Por uma lado, o Alcorão Sagrado recorda aos homens o seu dever de adorar a Deus o Único:

''Que os provê contra a fome e os salvaguarda do temor! '' (Alcorão Sagrado 106º surata, versículo 4)

E, por outro, diz-lhes da necessidade de se esforçarem, num modo de causa e efeito:

''De que o homem não obtém senão o fruto do seu proceder?'' (Alcorão Sagrado 53º surata, versículo 39)

O Alcorão Sagrado não somente incita os homens a perseverar em suas buscas:

''Dize-lhes: Percorrei a terra e observai qual foi a sorte daqueles que vos precederam; sua maioria era idólatra.'' (Alcorão Sagrado 30º surata, versículo 42)

Mas também a tentar novas descobertas:

''Que mencionam Deus, estando em pé, sentados ou deitados, e meditam na criação dos céus e da terra, dizendo: Ó Senhor nosso, não criaste isto em vão. Glorificado sejas! Preserva-nos do tormento infernal! ''(Alcorão Sagrado 3º surata, versículo 191).

Quanto ao método de aumentar o conhecimento, é inspirador observar que já na primeira revelação, que veio ao Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), que nasceu entre gente iletrada, havia um mandamento para ler e escrever, em uma alegoria ao cálamo, que é o único meio do conhecimento humano:
''Lê, em nome do teu Senhor Que criou; Criou o homem de algo que se agarra. Lê, que o teu Senhor é Generosíssimo, Que ensinou através do cálamo, Ensinou ao homem o que este não sabia.''
(Alcorão Sagrado 86º surata, versículos 1 ao 5 )

O Alcorão Sagrado nos lembra também:

''Antes de ti não enviamos senão homens, que inspiramos. Perguntai-o, pois, aos adeptos da Mensagem, se o ignorais!'' (Alcorão Sagrado 16 º surata, versículo 43)

''Antes de ti não enviamos nada além de homens, que inspiramos. Perguntai-o, pois, aos adeptos da Mensagem, se o ignorais!'' (Alcorão Sagrado 21º surata, versículo7 ).

Assim como:

''Perguntar-te-ão sobre o Espírito. Responde-lhes: O Espírito está sob o comando do meu Senhor, e só vos tem sido concedida uma ínfima parte do saber.'' (Alcorão Sagrado 17º surata, versículo 85)

E ainda:

''Nós elevamos as dignidades de quem queremos, e acima de todo o conhecedor está o Onisciente.''(Alcorão Sagrado 12º surata, versículo 76)

E como é bela a oração que o Alcorão Sagrado nos ensina:

''Ó Senhor meu, aumenta-me em sabedoria!'' (Alcorão Sagrado 20º surata, versículo114 )

Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse:

O Islam está edificado sobre cinco pilares:
A Crença em Deus;
A prática das orações;
jejum;
A peregrinação à casa do Deus Único, a Kaaba;
E o imposto do zakat.

Se a crença exige o cultivo das ciências teológicas, os demais exigem um estudo das ciências seculares, para a prática das orações, o rosto se volta para a direção de Makka, e a oração deve ser executada por ocasião do acontecimento de determinados fenômenos naturais.

Isto requer o conhecimento de elementos de geografia e de astronomia, o jejum também requer a compreensão de fenômenos naturais, tais como o surgimento da aurora, o por do sol e etc...

A peregrinação exige o conhecimento das rotas e dos meios de transporte para que se possa dirigir-se a Makka, o pagamento do zakat requer o conhecimento da matemática, e para se fazer o cálculo para a distribuição da herança dos mortos.

De modo semelhante, existem necessidades fundamentais para a compreensão dos Alcorão Sagrado à luz dos fatos históricos, citações e referências às ciências nele contidas.

Na verdade, o estudo do Alcorão Sagrado requer, antes de mais nada, um conhecimento da linguagem, na qual está compilado (ciências idiomáticas); as suas referencias aos povos exigem um conhecimento de história e de geografia, e assim por diante.

Lembremo-nos, da maneira como o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), começou uma vida independente, domiciliando-se em Madina, tendo sido o seu primeiro ato a construção de uma Mesquita, com uma parte reservada para o funcionamento de uma escola, a célebre Suffa, que durante o dia, servia como salão de palestras, e durante a noite, como dormitório para os estudantes.

Deus ajuda aqueles que ajudam a causa de Deus, e isto é reafirmando, freqüentemente, no Alcorão Sagrado, não é surpreendente que os muçulmanos tenham a boa sorte de possuir em abundância e a bom preço, papel suficiente para divulgar o conhecimento às massas, desde o século 2 da Hégira, começaram a ser implantadas fábricas de papel por todo o vasto império Islâmico.

Para os objetivos desta breve exposição, iremos fazer referencias somente a umas poucas ciências, para as quais as contribuições dos muçulmanos tem sido particularmente importantes, para toda a humanidade.

As Ciências Religiosas e Filosóficas

As ciências religiosas surgiram, como era natural, com o Alcorão Sagrado, que os muçulmanos receberam como a Palavra de Deus, a Mensagem Divina, endereçada ao homem, o seu exame e compreensão exigiram o estudo das ciências da lingüística, gramática, história, e até das ciências especulativas, entre muitas outras, que geralmente se transformavam em ciências independentes e de grande utilidade.

Enquanto a recitação do texto Sagrado deu origem ao desenvolvimento da ''música'' religiosa do Islam (assunto ao retornaremos mais adiante), a preservação do Alcorão Sagrado levou ao aperfeiçoamento da grafia arábica, não só do ponto de vista da precisão, mas também da beleza gráfica.

Com sua pontuação e vocalização, a escrita arábica é, incontestavelmente, amais precisa, para atender às necessidades desta língua, o caráter universal do Islam requeria o entendimento do Alcorão Sagrado por não árabes, e vemos surgir, aí, uma série de traduções, algumas já na época do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), Salman Al Farsi, traduziu trechos do Alcorão Sagrado para o Persa, que existem ainda nos dias de hoje, e o fim deste processo ainda está bem distante.

Deve-se ressaltar que essas traduções foram feitas, unicamente, com o propósito de tornar possível a compreensão do conteúdo, por aqueles que não conhecessem a língua árabe, jamais para o culto, pois, na prática da oração, só se usa a língua árabe.

E o método, adotado por ordem do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), foi perpetuado, ou seja, a transcrição por escrito e a memorização, ambos a serem feitos simultaneamente.

Cada processo destinava a ajudar o outro, para evitar o esquecimento ou que se cometesse erros, a instituição de métodos jurídicos de verificação aperfeiçoou ainda mais o sistema.

Assim, não bastava, somente, obter uma cópia do Alcorão Sagrado, mas também, lê-la do inicio ao fim, diante de um mestre reconhecido, para que se pudesse obter um certificado de autenticidade, essa prática continua, até os dias de hoje.

Como no caso do Alcorão Sagrado, os muçulmanos também se fixaram nos ditos do Profeta Muhammad, os relatos de seus ditos e atos, tanto público como privados, foram preservados, a preparação de tais memoriais começou já na vida do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), pela iniciativa pessoal de alguns dos seus companheiros, e foi continuada após a sua morte, por um processo de coletânea de conhecimentos de primeira mão.

Como no caso do Alcorão Sagrado, em todas essas transmissões fez-se questão da autenticidade, entretanto, os detalhes conhecidos da biografia do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), ocupam centenas de páginas, tão grande foi o cuidado de se preservar para a [posteridade dados e documentos precisos.

O aspecto especulativo da fé, particularmente quanto a crença e dogmas, mostra que as discussões, que começaram quando Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), ainda estava vivo, tornaram-se, posteriormente, as raízes de diversas ciências, tais como o Kalam (dogmático-escolástica), e o Tsauwuf (místico-espiritualista).

As polêmicas religiosas com os não muçulmanos, introduziram elementos externos, a partir da filosofia grega e hindu, mais tarde, não faltaram aos muçulmanos os seus próprios e grandes filósofos, dotados de originalidade e erudição, como Al Kindi, Al Farabi, Ibn Sina (Avicena), Ibn Rushd (Averróis) e outros.

A tradução, para o árabe, de livros estrangeiros, resultou na feliz circunstâncias de centenas de obras gregas e sâncristas, cujos originais haviam sido perdidos, mas que ficaram preservados em suas versões em língua árabe.

As Ciências Sociais

O papel, desempenhado pelos muçulmanos, no desenvolvimento das ciências sociais têm sido muito importante, uma característica notável da ciência muçulmana é a rapidez com que se desenvolve, o Alcorão Sagrado, foi o primeiro livro, escrito na língua árabe.

Menos de dois séculos mais tarde, essa língua, de beduínos analfabetos, provou ser uma das mais ricas do mundo, tornando-se posteriormente, não só a mais rica do mundo, mas também um idioma internacional, para toda a sorte de ciências.

Sem parar de investigar a causa desse fenômeno, vale lembrar um outro fato, os primeiros muçulmanos foram, em sua maioria árabes; entretanto, com exceção do idioma, que era o repositório da Palavra de Deus e de Seu Mensageiro, eles apagavam muitas facetas da própria personalidade, sob a influência do Islam, de modo a receber, nele, todos os povos, em condições de absoluta igualdade.

Portanto, todos os povos participaram, no progresso das ciências ''islâmicas''; árabes, iranianos, gregos, turcos, abissínios, berberes, indianos e outros povos, que se converteram ao Islam, a sua tolerância religiosa era tão grande, e o apadrinhamento do saber tão perfeito, que cristãos, judeus, madeístas, budistas e outros colaboravam, com o objetivo de enriquecer as ciências muçulmanas, no domínio literário das suas respectivas religiões, além de outros ramos do conhecimento.

A Lei

Por sua natureza abrangente, a ciência jurídica desenvolveu-se, entre outros muçulmanos, desde o princípio, foram eles os primeiros, no mundo a conceber uma ciência abstrata do direito, separada dos códigos de legislação geral do país.

Os antigos possuíam as suas lei, mais ou menos desenvolvidas e até codificadas, porém faltava, ainda, uma ciência que tratasse da filosofia e das origens do direito, do método de legislação, da interpretação e da aplicação das leis, etc...

E antes do Islam esta idéia nunca tinha se cristalizado, desde o segundo século da Hégira (século 8), começaram a surgir obras islâmicas desse gênero, chamadas de Usul Al Fiquih.

Antigamente, a lei internacional não era, nem internacional, nem era lei; fazia parte da política, e dependia da boa vontade e das intenções dos estadistas, além do que, as suas regras só se aplicavam a um número limitado de estados, geralmente os habitados pelos povos de uma mesma raça,, que seguiam a mesma religião e falavam a mesma língua.

Os muçulmanos foram os primeiros a dar-lhes um lugar definido no sistema jurídico, criando, tanto direitos, como deveres, isto poderá ser observado nas regras da lei internacional que formaram um capítulo à parte, nos códigos e tratados da lei muçulmana, desde o inicio.

O tratado mais antigo que possuímos é o Almajmú, de Zaid Ibn Ali, que morreu em 737, essa obra já contém o capítulo a que nos referimos, além disso, os muçulmanos desenvolveram este ramo de estudos como uma ciência independente, e já em meados do segundo século da Hégira existiam monografias sobre o assunto, todas sobre o título genérico de Siyar.

Um aspecto característico dessa lei internacional é o de que ele não faz qualquer discriminação entre estrangeiros; ela não se refere a interesses muçulmanos, e sim, somente, aos dos estados não muçulmanos de todo o mundo.

Outra contribuição, no domínio jurídico, é a Lei casuística comparada, o surgimento de diversas escolas de direito muçulmano tornou esse tipo de estudo necessário, para relevar as razões das diferenças de interpretação, bem como os efeitos das divergências de princípios sobre uma determinado ponto legal.

A constituição escrita do Estado também foi uma inovação do muçulmanos, alias o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), foi o seu autor, quando ele fundou uma Cidade Estado em Madina, dotou-a com uma constituição escrita, documento este preservado até os dias de hoje.

Ele menciona, em termos precisos, os direitos e as obrigações do chefe de estado, define as unidades constituintes, e também os respectivos setores em matéria de administração, legislação, justiça, defesa, entre outras, ela data do ano de 622 da era cristã.

Na esfera do direito, propriamente dito, aparecem os primeiros códigos, já no principio do segundo século da Hégira, estes dividem-se em três partes principais; culto ou práticas religiosas, relações contratuais de todos os tipos e penalidades.

De acordo com a sua visão abrangente da vida, não havia, no Islam, qualquer distinção entre a Mesquita e o capitólio, a doutrina do Estado ou a lei constitucional faziam parte do culto, uma vez que o chefe do estado era também o chefe do culto religioso.

A Lei internacional fazia parte dos direitos, sendo a guerra colocada no mesmo nível dos atos de pilhagem, pirataria e outras violações de direitos e tratados.

História e Sociologia

A parte muçulmana destas ciências é importante sobre dois aspectos:
da certificação da autenticidade;
da coleção dos detalhes mais variados.

Nascido à plena luz da história, o Islam não precisou depender de lendas ou de folclores, com referencia e informações sobre povos, cada narrativa recebia o valor merecido.

Mas a história corrente do Islam exigia medidas de confiabilidade total, para manter a sua integridade, através dos tempo, a certificação, por testemunhas, fora, antes, uma prerrogativa exclusivas dos tribunais de justiça, os muçulmanos aplicaram-na à história; exigia-se a comprovação de cada relato apresentado.

Se aparecia na primeira geração, após o acontecimento relatado, bastava que houvesse uma única testemunha confiável do evento, já na segunda geração, era necessário citar-se duas fontes sucessivas; ouvi ''A'' dizer que ouviu de ''B'', que viverá na época do evento, contar os detalhes do mesmo.

Na terceira geração, passavam a ser necessárias três fontes de testemunho, e assim por diante, estas referências exaustivas asseguravam a veracidade da corrente de fontes sucessivas, pois tornavam possível recorrer aos dicionários biográficos, que indicavam não somente o caráter dos personagens individualmente citados, mas também os nomes dos seus mestres e do seus principais pupilos.

Este tipo de comprovação existe, não somente em relação à biografia do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), mas para todos os ramos do conhecimento, transmitidos de geração para geração.

Os dicionários biográficos são um aspecto característico da literatura histórica muçulmana, os dicionários foram organizados por profissões, cidades, regiões, épocas, etc...

Também foi atribuída grande importância às árvores genealógicas, especialmente as árabes, e o rol de centenas de milhares de pessoas, de alguma importância, pesquisadas, facilita a tarefa do estudioso, que deseje penetrar nas causas subliminares dos acontecimentos.

Quanto a história, propriamente dita, a tendência características das crônicas é a sua universidade, At Tabari, por exemplo, que é um dos primeiros historiadores do Islam, não só inicia os seus volumosos anais com um relato da criação do universo e da história de Adão, mas também fala de outras raças que conheceu em seu tempo, tarefa essa que foi continuado, com ainda maior perseverança, pelos seus sucessores, Al Mas'udi, Ibn Miskhawaih Sa'id Al Andaluzi, Rachiduddin Khan e outros.

É interessante observar que estes historiadores, para começar com At Tabari, iniciaram as suas obras com a discussão de uma concepção do tempo, Ibn Khaldun mergulhou, mais profundamente nessas discussões sociológicas e filosóficas, em seu célebre; ''Prolegômenos à História Universal''.

Já no primeiro século da Hégira, dois ramos da história começaram a se desenvolver independentemente e forem, posteriormente combinados num todo composto.

Um era a história do Islam, que começava pela vida do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e continuava com o período dos califas, o outro, a história não muçulmana, quer a Arábia pré-islâmica ou a países estrangeiros, um claro exemplo disso é a história de Rachiduddin Khan, cuja maior parte falta ainda publicar.

Ela foi elaborada. Simultaneamente, em árabe e em persa, e fala com igual a familiaridade dos Profetas, dos califas, dos papas, bem como dos reis de Roma, da China, Índia, Mongólia, entre outros.

Geografia e Topografia

A geografia de Ptolomeu foi traduzida para o árabe, como também o foram as obras de autores hindus, relatos de viagens aumentavam diariamente, o conhecimento do homem comum, a própria diversidade de informações anulava qualquer possibilidade de chauvinismo, qualquer um era capaz de por tudo o que lhe interessasse à prova, por meios práticos.

O diálogo entre Abu Hanifa (716), e seus discípulos é célebre;

''Certo aluno o perguntou onde ficava o centro da terra e ele respondeu: Exatamente no lugar onde você está sentado.''

Está resposta comprova, sem margem de dúvida, que o orador queria dizer que a terra é redonda.

Os mapas múndi, mais antigos, elaborados pelos muçulmanos, representam a terra em forma circular. A cartografia de Ibn Haukai (975), por exemplo, não apresenta qualquer dificuldade para a identificação do mediterrâneo, próximo as nações do Oriente Médio.

O mapa de Al Idrisi, elaborado para o Rei Rogero da Sicília(1101-1154), surpreende por sua elevada precisão, nele consta até a nascente do rio Nilo, precisamos nos lembrar de que os mapas muçulmanos posicionam o Sul para cima e o Norte para baixo.

As viagens marítimas precisavam de escalas das longitudes e latitudes, tanto quanto do astrolábio e de outros instrumentos náuticos, milhares de moedas muçulmanas, foram descobertas em escavações na Escandinávia, atestam, conclusivamente, a atividade dos caravaneiros muçulmanos da Idade Média.

Ibn Majid, que serviu como piloto de Vasco da Gama até a Índia, fala da bússola como um objetivo já familiar.

Os marinheiros muçulmanos espantam-nos com a sua perícia e ousadia em viagens, de Basra (Iraque) até à China.

As palavras ''Almirante'', ''Cabo'', ''Monsoon" (monção), ''Alfândega'', ''Tarifa'', são todas de origem árabe, e são provas substanciais da influência muçulmana sobre a moderna cultura Ocidental.

Astronomia

A descoberta e o estudo do número de estrelas são reconhecidos como valiosas e inesquecíveis contribuições do muçulmanos, um grande número de estrelas continua a ser conhecido, na línguas ocidentais, pelos seus nomes árabes, e foi Ibn Rushd (Averróis), que reconheceu a existência de manchas na superfície do sol.

A reforma do calendário, feita por Ômar Al Khayyan, precede, de longe, a reforma gregoriana, os beduínos árabes pré-islâmicos já tinham desenvolvido observações astronômicas bastante precisas, não só para se orientarem, nas viagens noturnas pelo deserto, mas também para fazerem observações meteorológicas.

Vários livros conhecidos como Kitab Al Anwa, nos proporcionam provas suficientes da extensão do conhecimento muçulmano, posteriormente, com a tradução de obras hindus, gregas e outras para o árabe, a confrontação das informações divergentes exigiu novas experiências e cuidadosas observações.

Surgiram observatórios em todos os lados, muitos ficaram famosos como o de Ulugh Begh, no reinado do Califa Al Ma'mun, foi medida a circunferência da terra, cuja exatidão é incrivelmente espantosa, compilaram-se obras sobre as marés, o amanhecer, o anoitecer, o arco-íris, e principalmente sobre o Sol e a Lua, e seus movimentos.

Ciências Naturais

A faceta característica deste campo da ciência islâmica é a ênfase devotada à experimentação e à observação, sem prejuízo de idéias preconcebidas, o método muçulmano era bastante singular e formidável, os autores começavam o estudo das ciências preparando-se, através dos dicionários classificados de termos técnicos, que existiam em seus próprios idiomas.

Com extraordinária paciência, eles examinavam todos os livros de poesia e prosa, para extrair todos os termos, com as citações úteis, referentes a cada ramo separado, incluindo anatomia, zoologia, botânica, astronomia, mineralogia, etc...

Cada geração sucessiva revisava as obras dos seus predecessores, de maneira a acrescentar-lhes algo novo, estas simples listagens de palavras, algumas acompanhadas de observações literárias ou anedóticas, provavam ser de imenso valor, quando começava o trabalho de tradução; e raros eram os casos em que se tornava necessário adaptar a palavra ao árabe, ou conservar uma palavra estrangeira.

As palavras usadas na botânica, são características desse processo, exceto pelos nomes de certas plantas, que não existiam no Império muçulmano, não existe um único termo de origem estrangeira; encontravam-se palavras árabes para todos os termos.

A enciclopédia botânica de Ad Dinawari (895), em seis grossos volumes, foi compilada muito antes da primeira tradução, para o árabe, das obras gregas sobre o assunto, Ad Dinawari descreve não apenas o exterior de cada planta, como também as suas propriedades alimentares, medicinais e outras; classifica-as, descreve o seu habitat e fornece outros detalhes.

A medicina teve um extraordinário progresso com os muçulmanos nos ramos da anatomia, da farmacologia, da organização de hospitais e da preparação de médicos, que eram submetidos a exames antes de serem autorizados a exercer a profissão.

Mantendo fronteiras em comum com Bizâncio, com Índia, com a China, e outros países, a arte médica muçulmana e sua ciência, tornaram-se uma síntese do conhecimento médico mundial; os usos e costumes populares eram submetidos a experimentação e testes, gerando também nova contribuições.

As obras de Al Razi (Rhazes), Ibn Sina (Avicena) e Ibn Al Baitar, e de muitos outros, foram a base de todo o estudo da medicina, mesmo no Ocidente, sabemos agora que eles já conheciam a circulação do sangue.

Ótica

A ciência tem uma divida especifica para com os muçulmanos, possuímos um livro de raios, de Al Kindi, que já estava muito a frente do saber grego sobre os espelhos incendiários.

Ibn Al Haytam (Al Khazen 965), que o sucedeu, mereceu uma celebridade justa, Al Kindi, Al farabi, Ibn Sina, Al Biruni e outros, que representam a ciência muçulmana, não cedem o seu lugar a ninguém, na história mundial das ciências.

Mecânica e Mineralogia

Estes assuntos atraíram a atenção dos eruditos, tanto do ponto de vista médico, como com o propósito de distinguir as pedras preciosas, conhecimento tão almejado pelos reis e por outras pessoas abastadas, as obras de Al Biruni ainda são úteis nesses campos.

Ibn Firnas (888), invento um aparelho, no qual voava por grandes distâncias, morreu em um acidente, sem deixar qualquer sucessor, que continuasse e aperfeiçoasse o se trabalho.

Outros sábios muçulmanos inventaram instrumentos mecânicos, para içar a superfície navios submersos, ou para arrancar do solo, sem qualquer dificuldade, árvores de enormes dimensões.

Quanto aos acontecimentos do mundo submarino, existem numerosos tratados, escritos, sobre a pesca de pérolas e o tratamento das suas conchas.

Zoologia

A observação da vida dos animais selvagens e das aves sempre fascinou os beduínos da Arábia, Al Jahiz (868) deixou uma imensa obra, para a popularização do assunto, na qual tratava da evolução, tema que mais tarde foi desenvolvido por Ibn Miskawih, Al Kazwini, Ad Dumairi e outros.

Química e Física

O Alcorão Sagrado estimula os muçulmanos, repetidamente, a meditar sobre a criação do universo, e a estudar como os céus e a terra foram feitos, para serem subservientes ao homem.

Portanto, jamais houve qualquer conflito entre a fé e a razão, no Islam, foi assim, que os muçulmanos começaram muito cedo, um estudo sempre progressivo e sério, da química e da física.

Atribuem-se obras científicas a Khalid Ibn Yazid (704), ao grande jurista Ja'far Asiddik (765), e ao pupilo deles, Jabir Ibn Hayyan (776), cujo mérito tem sido celebrado através dos tempos.

A faceta característica das suas obras é a experimentação objetiva, ao ínves da simples especulação; era através da observação que eles acumulavam dados, por influência deles, a antiga alquimia foi transformada numa ciência exata, baseada em fatos, passíveis de demonstração.

Jabir Ibn Hayyan, já conhecia as operações químicas da calcinação e da redução, e desenvolveu, também os métodos da evaporação, sublimação, cristalização, e etc...

É evidente que, nesses caminhos do conhecimento humano, foi necessário o trabalho paciente de gerações e séculos inteiros, a existência de traduções em latim das obras de Jabir Ibn Hayyan e outros, usadas durante muito tempo como livros de textos básicos na Europa, é suficiente, para mostrar o quanto a ciência moderna deve às obras dos sábios muçulmanos, e como ela se desenvolveu rapidamente, graças à aplicação do método muçulmano da experimentação, em vez do método grego.

Matemática

A ciência matemática tem no seu desenvolvimento, traços que não podem ser apagados, da participação muçulmana, os termos ''Álgebra'', ''zero'', ''cifra'', são todas de origem árabe, os nomes de Al Khawarizmi, Ômar Al Khayyam, Al Biruni e outros, permanecerão tão famosos quanto os de Euclides, do autor hindu da Siddhanta, entre outros, a trigonometria era desconhecida pelos gregos, o crédito de sua descoberta pertence, indubitavelmente, aos matemáticos muçulmanos.

Finalizando

Os muçulmanos continuaram o seu trabalho, a serviço da ciência, até que se abateram grandes perdas, sobre os muçulmanos, seus principais centros intelectuais, como Baghdad, no Oriente, e Córdova e Granada no Ocidente, foram ocupados por bárbaros., para grande infelicidade da ciência, numa época em que a imprensa ainda não se tinha firmado, que queimaram as bibliotecas, com centenas de milhares de manuscritos, ocasionando perdas irreparáveis.

Os ''massacres por atacado'' não livraram os eruditos, o que havia sido construído, durante séculos, foi destruído, em poucos dias, e uma vez que uma civilização entra em declínio, devido a tais calamidades, leva alguns séculos, não só de tempo, mas também de recursos, inclusive de meios para estudar as realizações de outras civilizações, que deveriam ter assumido a bandeira da cultura, diante da queda dos vanguardeiros da civilização que os precedeu, antes de se poder as distância.

Além do mais, não se pode criar nobreza de caráter e grandes gênios apenas por querê-lo, estas qualidades são dadivas da graça do Todo Poderoso, que é Deus, para um povo.

E que homens de caráter nobre sejam reprimidos, ao invés de serem investidos na liderança dos seus conterrâneos, é mais uma tragédia que, freqüentemente, temos que lamentar.

Fonte: islam.org.br

O Islam e a Clonagem Humana

Deus, Exaltado seja, diz na Surata das Mulheres, versículos 118-119: "(Satanás) disse: Juro que me apoderarei de uma parte determinada dos Teus servos, aos quais desviarei, fazendo-lhes falsas promessas. Ordenar-lhes-ei cortar as orelhas do gado e os incitarei a desfigurar a criação de Allah! Porém, quem tomar Satanás por protetor, em vez de Allah, sofrerá uma perda manifesta."

Prezados irmãos: O nosso tema de hoje versará sobre um assunto polêmico, que está causando discussões em todo o mundo e que vai dar muito pano pra manga. É a clonagem animal, ou seja, fazer cópia dos animais. 

O que levou os cientistas a pensarem na eugenia? São as doenças hereditárias. Hoje sabemos que existem mais de 5000 doenças hereditárias. A idéia da clonagem não é recente, pois Platão, em sua República, pregava a eugenia, ou a melhora da raça, idéia esta criticada pelos próprios discípulos do famoso filósofo grego. No final do século passado, o inglês Dalton, primo de Charles Darwin, na Inglaterra, surge com a mesma idéia, pretendendo a melhoria do homem inglês e foi apoiado por muitos políticos, inclusive Churchil. O estudo das doenças hereditárias era muito novo. Os americanos através de Dalwin Port comprararam a idéia e a colocaram em prática, começando a castrar todo homem que tivesse um defeito qualquer. Port dizia que todas as pessoas provenientes do sul da Europa eram uma raça inferior e os americanos precisavam proteger o plasma germinativo dos americanos. Há registro de aproximadamente 80.000 pessoas que sofreram castração, nos Estados Unidos, mesmo aqueles cujo defeito era em consequência de acidente de aviação ou de trabalho e não congênito, ou por ter má aparência. Hitler, em 1937, prestou um grande serviço aos ingleses e americanos, pois a concretização de seu sonho de super-raça fê-lo criar tribunais de hereditariedade, presididos por médicos, que examinavam as pessoas e os neutralizavam, quer através da castração, quer através da eliminação. Cometeu-se tanta barbaridade nesse campo, que ninguém mais falou em eugenia até o final da guerra. A eugenia, ou a melhora de raça, volta a baila em 1994 com a publicação do livro Bel Care nos Estados Unidos, onde afirma categoricamente que os negros são uma raça inferior e não se deveria desperdiçar dinheiro com eles, oferecendo-lhes estudos universitários. Seu papel deveria se restringir apenas às atividades inferiores como garis, subalternos, etc.. Portanto, a eugenia é obra de europeus e americanos que, levados por sua prepotência e pretenção, achavam que eram uma raça superior e intencionavam e intencionam eliminar as outras raças. No Congresso da Família de 1995, promovido pelas Nações Unidas no Cairo, foram abordados os mesmos temas abordados em 1920/30 quanto à melhoria da raça, dos casamentos coletivos, da liberdade total das relações sexuais, da legalização do aborto, etc.. 

Que raça os ocidentais haveriam de considerar superior para suas pesquisas? Evidentemente, a deles. 

Com a clonagem de dolly pelo cientista escocês, Ian Wilmut, utilizando um processo diferente do natural e eliminando o DNA da mãe, o cientista clonou uma ovelha, cópia fiel da outra de quem foi extraida a célula mamária utilizada para a clonagem. Como a experiência deu certo com animal, os cientistas acham que o próximo passo será a clonagem humana. Assim, a eugenia volta às manchetes e a polémica recomeça. Podemos aqui questionar uma série de fatores, baseados em suposições e conjecturas, pois a clonagem humana ainda não aconteceu. E tudo que se faz são suposições. Alguns cientistas afirmam que irá acontecer dentro de 10 anos, outros afirmam que não acontecerá nunca. Nós somos meros expectadores, não tendo nenhuma influência no processo. Não podemos intervir no desenrolar dos acontecimentos. Se americanos e ingleses proibiram a clonagem humana, os japoneses disseram que não iriam fazê-lo. Por outro lado, quem pode controlar as atividades dos cientistas? Quem proibe o cientista, em seu laboratório, de proceder a seu bel prazer e concretizar a clonagem humana? Suponhamos, pois continuamos no campo das suposições, que a clonagem fosse feita, que seria da cópia? quem seria seu pai? quem seria sua mãe? Se houvesse algum problema com o clone quem seria o responsável por ele? As primeiras experiências talvez não tivessem degenerações, mas se o número fosse crescendo e atingisse os milhões? As degenerações forçosamente iriam aparecer. A raça humana iria dobrar. E quem seria clonado? Evidentemente, seria alguém de "raça superior" ou uma Miss Universo! Isso criaria condições para banco de células. A miss ou o super dotado iria cobrar fortunas pelas suas células. E a clonagem seria apenas para os abastados. Passarímos a ter sementes humanas comerciáveis como mercadoria e seríamos produzidos industrialmente. Vejo a cena de dois amigos, um deles viajando para os Estados Unidos; o outro lhe pede: "Vê se me traz algumas sementes humanas!" Por outro lado, a mulher, como mera recipiente na questão, pois o seu papel é apenas alimentar o clone, sem participar na sua formação cromossómica, seria apenas a máquina para a produção, sem ter a responsabilidade de cuidar do clone, pois não seria o filho dela. Iriam pegar, por exemplo, mulheres russas, que estão com a taxa de desemprego altíssima, tendo de recorrer à prostituição para sobreviver, alugá-las para produzir clones. 

Além disso, temos a tendência de gostar mais de meninos do que de meninas. Então, vamos apenas clonar homens e assim, causaríamos o desequilíbrio na balança dos sexos. 

Por outro lado, que pai teria coragem de deixar a sua filha casar com um clone? "Sou um clone e quero casar com a sua filha!" Percebe-se a complicação disso só na análise de alguns fatores. 

Vemos hoje que várias tendências estão sendo adotadas no campo científico. Devido às letais doenças transmissíveis através da trasfusão de sangue, está-se recorrendo ao expediente de o próprio paciente, antes da intervenção cirúrgica, reservar o seu próprio sangue para ser utilizado na cirurgia. 

Há alguns anos atrás uma australiana ficou grávida apenas para ter mais uma filha que pudesse doar a sua medula óssea à sua irmã, que sofria de uma doença grave. É a fabricação de peças de reposição, como se o ser humano fosse um automóvel ou uma máquina qualquer. 

No caso de transplante, há uma tendência da proibição de sua internacionalização. A Inglaterra, por exemplo, proibiu o transplante de não inglês em seus hospitais. Os americanos estão a um passo de adotarem a mesma medida. Eles serão seguidos por todos os países do primeiro mundo. Quando isso acontecer, os países do terceiro mundo, por não investirem em pesquisa, ficariam desprovidos de meios para a utilização da técnica para seus cidadãos. 

Os países do primeiro mundo, com seus investimentos em pesquisa no campo da saúde e da engenharia genética, poderão chegar, amanhã, a fazer o rim, o coração, o fígado, etc., necessários para o transplante. 

Onde ficariam os muçulmanos nesse caso? Deveriam participar ou não das pesquisas nesse campo? Se não o fizerem, irão negligenciar a saúde de seus irmãos e torná-los dependentes dos não-muçulmanos. 

Essas pesquisas, porém, devem ser controladas, seguirem preceitos e normas islâmicas, para que não caiamos na prática do Haram. Os nossos ulamá devem determinar o limite, a linha vermelha onde os nossos cientistas podem chegar, com exatidão, com esclarecimento, com justificação. 

Quanto à clonagem, mesmo sendo uma suposição, por ser uma interferência na criação de Deus, por fugir totalmente do método determinado por Ele para a procriação, por gerar a mistura incontrolável de descendência, o desequilíbrio natural é, religiosa, jurídica e moralmente haram, e deve ser condenada por todos os muçulmanos do mundo. 

A ciência está trilhando caminhos muito perigosos que nos farão sofrer uma perda manifesta, como o Alcorão nos admoesta. 

Que Deus nos oriente para a senda reta e nos faça ver o certo como certo e nos faça segui-lo e nos faça ver o errado como errado e nos afaste dele. Amém.

Fonte: alcorao.com.br