quinta-feira, janeiro 23, 2014

O Amor e a Beleza no Islão

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:

O Amor

Linguisticamente, o amor significa o afecto, e é o antónimo de ódio. O amor, o carinho, o afecto, todos têm o mesmo significado.

Em árabe, que é uma língua muito rica em palavras sinônimas, encontrei 11 sinônimos da palavra "amor" e talvez existam mais. Entre eles: Al Hubb (o amor), Al Mawadda (o afecto), Al ‘Ishq (que significa paixão muito forte), Al Hayâm (que é um amor que chega à loucura), As Sabâba (que é a ternura da paixão), Ash Shawq (que é a inclinação para uma pessoa determinada ou para algo concreto por amor), Al Hawâ (que é um amor que domina o coração), Ash Shahwa (que é o amor misturado com desejo), Al Wajd (que é amor muito forte), Al Gharâm (que é um amor que domina a pes-soa, e a paixão que tortura), At-tîm (é chegar à loucura de tanto amor, quer dizer, quando alguém se encontra completamente dominado pelo amor).

O amor, com os seus diferentes tipos, tem vários objetivos. Existe o amor que busca a satisfação e o desejo. Este tipo de amor é temporal e, além disso, carece de um valor positivo.

Outro tipo de amor é o que tende para a satisfação espiritual e sentimental, como o amor do sufismo, que é um tipo muito especial que ocupa os corações de um reduzido número de pessoas.

O tipo de amor ou de afeto que se pretende tratar neste livro é o que tem uma função social e humana. Um dos objetivos deste amor é conseguir um tipo de felicidade comum entre os indivíduos, as famílias e os grupos, assim como atingir a estabilidade e a paz social.

Trata-se de um amor permitido pela religião, pela moral e pelos costumes. Acho que as duas palavras (amor e afeto) são as mais profundas em exprimir as características do amor positivo e permitido. As outras palavras utilizadas para descrever um estado exagerado de amor, e que se repetem amiúde nos poemas e romances, vão além dos objetivos permitidos e, além disso, implicam resultados negativos e prejudiciais para as relações humanas.

O amor pode ser definido como: aquela relação bela, íntima e especial que nasce entre um ser humano e o seu amado, quer seja uma pessoa, quer seja outra coisa. É essa relação especial, cheia de amor e afeto entre o servo e o Seu Criador, como foi expresso no Alcorão:

«… Saibam que Deus os suplantará por outras pessoas, às quais amará, as quais O amarão …». (Alcorão, 5:54).

«Dize: Se verdadeiramente amais a Deus, segui- -me; Deus vos amará e perdoará as vossas faltas. E Deus é Perdoador, Misericordioso». (Alcorão, 3:31).

«E implorai o perdão a vosso Senhor e voltai-vos para Ele, arrependidos, porque na verdade o meu Senhor é Misericordioso, Afectuoso». (Alcorão, 11-:90).

«Ele é o que origina (a criação) e logo a reproduz. E Ele é Perdoador, Afectuoso». (Alcorão, 85:13-14).

«Quanto aos crentes que praticarem o bem, o Todo Misericordioso conceder-lhes-á amor perene». (Alco-rão, 19: 96).

A palavra "amor" é mencionada no Alcorão mais de 80 vezes, em diferentes formas e significados. Todos os versículos que incluem a palavra "amor", sejam positivos ou negativos, asseguram a grandeza do valor do amor em estabelecer as relações, nas suas diferentes formas e círculos.■

A Beleza

A beleza (Al Jamâl), linguisticamente, significa a formosura percebida nos ditos, nos atos e no comportamento...

Diz-se um homem Jamîl (bonito) e Jumâl, que significa ‘de muita beleza’.

Diz-se uma mulher Jamîla (bonita) e Jumâla (muito bela). Diz o poeta:

E bela é como lua cheia ao sair,

Toda a criação embarga de beleza;

E a cortesia ou mujâmala significa o bom trato com os outros.

Porém, a beleza da que estamos a falar é uma série de princípios, cores, imagens, formas, vozes e cheiros nos quais se manifestam cantos de beleza e de esplendor, e que originam dentro de nós ou na nossa mente um sentido de prazer e de sossego.

A palavra "beleza" (Jâmal) figura no Alcorão numa descrição geral do gado. Allah, Enaltecido Seja, diz: "E os rebanhos, Ele os criou para vós. Neles tendes calor e proveitos, e deles comeis. E tendes neles beleza, quando, ao anoitecer os fazeis voltar aos apriscos, e, quando, ao amanhecer, os levais para pastar". (Alcorão, 16: 5 e 6).

Noutros versículos, a palavra "beleza" descreve um comportamento ou um ato digno, como no seguinte:

Allah, Enaltecido Seja, diz: "E chegaram, com falso sangue sobre a sua (de José) túnica. Ele disse: "Não! As vossas almas vos aliciaram a algo de mal. Então (não me cabe senão) uma bela paciência! E Allah me será o Auxiliador, acerca do que alegais". (Alcorão, 12:18). Mais à frente, na mesma Sura, lê-se: "(Jacob) disse: ‘Mas as vossas almas vos aliciaram a algo de mal. Então (não me cabe senão) uma bela paciência. Talvez Allah mos devolva todos. Na verda-de, Ele é o Omnisciente, o Sábio". (Alcorão, 18:83).

Entre os versículos Alcorânicos que sublinham um lado da beleza, figura: "Libertai-as, com bela liberdade" (Alcorão, 33:28), e: "E tem paciência quanto ao que dizem e afasta-te deles com belo afastamento". (Alcorão, 73:10).

Os filósofos, intelectuais e ulemás da nossa Ummah (Comunidade Islâmica) exprimiram o seu interesse pela beleza, fizeram correr muita tinta sobre este tema. O imame Abû Hâmed Al Ghazzâlî foi um dos precursores que investigaram sobre a beleza. Al Ghazzâlî disse: “Tudo o que existe divide-se em belo e feio [...]. Se todos os componentes da beleza estão presentes em algo, isto significa que é imensamente belo. Se só possuir alguns componentes, a sua beleza depende dos componentes que possuir. O bom cavalo é o que reuniu todas as boas condições para o ser quanto à forma, cor e velocidade. A bela escritura é a que reúne as condições de letras bem escritas e organizadas. Cada coisa tem o seu próprio carácter de perfeição que pode ser o contrário para outra. O ser humano não se considera belo ao submetê-lo às condições do bom cavalo. A bela voz não se julga em função das condições de beleza da escritura. A perfeição da louça não depende da beleza da roupa, etc. Sei que a beleza se encontra também nas coisas abstratas. Podem-se dizer belas virtudes, boa ciência, boa biografia. Estas características não se percebem através dos cinco sentidos, mas pela luz da profunda consciência". (In "A beleza tal como a vêm os filósofos e intelectuais" de Sayyed Seddîq ‘Abdelfattâh).

A beleza percebe-se mediante uns círculos existentes no universo, nas mentes, nos animais e nas coisas.

Obrigado, boas leituras.

M. Yiossuf Adamgy - (12/01/2014 - alfurqan2011@gmail.com)

AS ÁRVORES DO PARAISO – 3ª. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) - Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

(E também na terra, são confirmadas as virtudes das árvores):

3 - As árvores comparadas aos crentes

Segundo uma narrativa de Abu Huraira (Radiyalahu an-hu), o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) comparou os crentes às árvores que são sacudidas pelas intempéries. O sofrimento dos crentes será como uma expiação dos seus pecados e terão elevados estatutos na Vida Futura. Apesar de fustigados pelas dificuldades, os crentes mantêm-se firmes, pedindo a protecção de Deus: O Apóstolo de Deus disse: “O exemplo de um crente é como a planta tenra e fresca, que se curva conforme a direcção do vento e depois fica quieta e em linha recta (depois da tempestade). Da mesma forma, um crente quando é afligido com calamidades (ele permanece paciente até que Deus remova as suas dificuldades). Uma pessoa perversa é como um pinheiro que se mantém duro e hirto até que Allah o corta (o derruba) quando Ele assim o entender”. Bhukari 70:547.

“...há uma parábola duma palavra vil, comparada a uma árvore vil, que foi desarraigada da terra e carece de estabilidade”. Cur’ane 14:26.

4– As Tamareiras e a Boas Palavras.

Desde os tempos dos nossos Profetas, a tamareira continua a ter uma importância para os povos do médio oriente, do norte de África e para os muçulmanos em geral. O seu fruto, a tâmara, é um alimento por excelência, muito apreciado e recomendado por exemplo, para se quebrar o jejum, acompanhado de um copo de água. Na altura da escassez alimentar, muitos bastavam-se com tâmaras e água. Foi o caso de Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), da sua família e dos seus companheiros (Radiyalahu an-huma), que algumas vezes recorriam às tâmaras, para atenuarem as dores da fome. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) comparou a tamareira a uma palavra boa , porque quando a palavra é proferida duma forma sincera, fortalece a amizade e a fé, tal como o fruto da tamareira, alimenta e fortalece o corpo. E Allah Subhana Wataala, refere: “Não reparas como Deus exemplifica? Uma boa palavra (pura) é como uma árvore nobre, cuja raiz está profundamente firme e os ramos se elevam ao céu”. Cur’ane 14:24. A palavra pura de cada pessoa (ou de cada comunidade), dará origem a uma sociedade justa, onde todos possam viver em harmonia.

Ibn Umar (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Entre as árvores, há uma árvore, cujas folhas não caem, comparando-se ao muçulmano (submisso a Deus). Digam-me, qual é o nome da árvore?”. Todos começaram a pensar nas árvores da zona desértica. Eu pensei na árvore tamareira, mas senti vergonha de responder. Eles perguntaram: “Qual é a árvore, ó Profeta de Allah?” Ele respondeu: “É a árvore tamareira”. Bhukari 3:58

Quando Mariam (Maria), mãe de Issa (Jesus) – Aleihi Salam, que a Paz de Deus esteja com eles, se encontrava com as dores de parto, lamentando-se da sua situação, foi refugiar-se junto a uma tamareira. (Cur’ane 19:23). Porém uma voz a tranquilizou, informando-a de que Deus fez correr um riacho a seus pés (Cur’ane 19:24). E a voz também disse: “Sacode o tronco da tamareira, de onde cairão sobre ti tâmaras maduras e frescas”. Cur’ane 19:25. “Come e bebe e consola-te…” . Cur’ane 19:26.

5 - A Oliveira, a Azeitona e o Azeite

A Oliveira é uma árvore abençoada por Deus e referida no sagrado Cur’ane e pelo Profeta de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam). Do seu fruto a azeitona , extraímos o azeite , um alimento por excelência e muitas vezes utilizado para fins terapêuticos e como combustível para iluminação. “Pelo figo e pela oliva”. Cur’ane 95:1. Como alimento, é referido em vários hadices: “Anas (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) visitou Saad Ibn Ubada (Radiyalahu an-hu). Este lhe ofereceu pão e azeite de oliva. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) comeu e disse: “aqueles que jejuam, quebraram o jejum contigo, os virtuosos comeram do teu alimento e os anjos suplicaram por ti” . Abu Daoud. Nos tempos actuais, os benefícios do azeite para a saúde, são amplamente publicitados. Há mais de 1.400 anos, o Profeta deixou-nos o seguinte conselho: “Abu Usayd al-ansari referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) recomendou: “Comam o azeite e esfreguem-no (no cabelo, no corpo), porque ele provém duma árvore bendita”. Tirmidhi e Ibn Majá.

In Sha Allah, continuao no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá 23/01/2014 abdul.manga@gmail.com

terça-feira, janeiro 21, 2014

AS ÁRVORES DO PARAÍSO – 2ª. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK - (Ainda o que o Cur’ane Sagrado e os Hadices esclarecem-nos acerca das árvores no Paraíso):

3) – Sidratul - Muntaha, a grande árvore e o limite onde ninguém pode passar.

De acordo com a interpretação que foi dada, a palavra “Sidratul” significa uma grande árvore com muitas folhas grandes que dão uma grande sombra. E o termo “Sidratul - Muntahá”, é a grande árvore com grandes folhas, que se encontra localizada no ponto mais alto do céu, onde os anjos de Deus não podem passar e desconhecem o que existe para além dela. Sobre esta árvore , o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse que ela estava coberta de cores indescritíveis. Bukhari 8:345. E também referiu: “Então eu fui levado para ascender ao Sidrat-ul-Muntaha (ou seja a árvore de lote na fronteira extrema). Os seus frutos eram como os jarros de Hajr (um lugar perto de Madina) e as suas folhas eram tão grandes como as orelhas dos elefantes. Gibrail disse: “esta é a árvore que indica a derradeira fronteira”. Bhukari 58:227

As referências de que seus frutos e as suas folhas eram como os jarros de Hajr e orelhas de elefantes, respectivamente, indicam a grandiosidade das mesmas. Gibrail (Aleihi Salam), Anjo Gabriel (que a Paz de Deus esteja com ele) parou nessa “fronteira”, quando na noite de Mi’raj acompanhou o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalamo) na viagem aos céus. O Profeta chegou tão perto de Deus, onde Gibrail não estava autorizado, pois se tivesse dado mais um passo, transformar-se-ia em chamas. A distância em que o Profeta se encontrava perante Allah, era somente o equivalente a dois arcos (arcos de atirar flechas). “Na verdade, ele presenciou um dos maiores sinais do seu Senhor”. Cur’ane 53:18. Foi aí que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalamo) recebeu as orientações para o seu Umah (povo) realizar as orações diárias, o segundo pilar do islão. Foram também dados os versículos finais do Sura Al-Baqara e a remissão dos pecados graves para aqueles do seu Umah que não associem nada a Allah. Muslim 1:329.

B) - E também na terra, são confirmadas as virtudes das árvores:

1) – As virtudes de plantar árvores

O homem tem uma grande responsabilidade em manter a terra sustentável, para o benefício das próximas gerações. Uma das maneiras de proteger o planeta é manter e plantar novas árvores. Anas Bin Malik referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “O muçulmano que plantar uma árvore e que depois um pássaro, uma pessoa ou um animal coma (dos seus frutos), será considerado uma sadaka (um presente) dado por ele”. Bukhari 39.513.

E também (as árvores) servem de refúgio para as abelhas que produzem um excelente alimento, o mel”. Cur’ane 16:68.

2) – O tronco da árvore que chorou.

Temos a passagem do tronco duma árvore (de tamareira) que chorou quando foi substituída por um púlpito. Teria sido por ciúmes? Jabir Bin Abdullah referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) costumava ficar encostado numa árvore na sexta-feira (quando proferia o sermão). Então alguém dos ansares perguntou-lhe se poderiam fazer-lhe um púlpito. Respondeu ele que sim, se assim o desejassem. Então construíram para ele um púlpito e na sexta-feira ele subiu nele (para transmitir o sermão). A tamareira chorou como uma criança! O Profeta desceu do púlpito e abraçou a árvore enquanto ela continuava gemendo como uma criança que está sendo acalmada. O Profeta disse: “Ela estava chorando por sentir a falta do conhecimento religioso que costumava ouvir e que era dado ao pé dela”. Bhukari 56:784.

In Sha Allah, continua no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá 16/01/2014 abdul.manga@gmail.com