quinta-feira, maio 14, 2015

A Viagem Nocturna e a Ascensão (Al-Isrâ wal-Mi‘râj) do Profeta Muhammad (s.a.w.) Por: M. Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

No próximo dia 15 de Maio de 2015 /26 de Rajab de 1436, os Muçulmanos de todo o mundo celebrarão, in cha Allah, a Viagem Nocturna e a Ascensão (Al-Isrâ wal-Mi‘râj) do Profeta Muhammad (s.a.w.).

A vigésima sétima noite do mês lunar de Rajab é aproveitada pelos muçulmanos para comemorar um dos sucessos mais importantes e extraordinários na vida do Profeta Muhammad (s.a.w.): a sua Viagem Nocturna (Isrâ) que o levou, num instante, de Meca a Jerusalém e a Ascensão (Mi‘râj) ao mais elevado dos céus. 

Designa-se com o termo Isrâ a viagem nocturna que Allah fez empreender ao Profeta (s.a.w.) e que o levou desde a Mesquita Haram de Meca à Mesquita mais Remota (al-Másjid al-Aqsá), o Templo de Salomão em Jerusalém. Desde aí, o Profeta Mu-hammad (s.a.w.) ascendeu pelos diferentes céus alcançando alturas que não são dadas a imaginar nem a homens nem a génios. Esta segunda viagem na vertical recebe o nome de Mi‘râj. 

Nas suas Sahîh, al-Bukhâri e Muslim narram as linhas gerais de Isrâ e Mi‘râj: O Profeta (s.a.w.) montou sobre um animal de natureza mística (al-Burâq), maior que um asno mas menor que uma mula e cujo passo alcançava os limites da vista... Entrou na Mesquita al-Aqsá, e aí realizou Salât (Oração) de dois rak‘as. Seguidamente, o Anjo Gabriel (Jibril a.s.) deu-lhe a escolher para beber de dois recipientes, um continha vinho e o outro leite (o vinho ainda não tinha sido proibido), e Muhammad (s.a.w.) escolheu o que continha leite. Gabriel disse- -lhe: “Acertaste na natureza primordial (fitrat)”. Depois, Gabriel conduziu-o ao primeiro céu, logo ao segundo, ao terceiro... até ao Loto do Limite (Sidrat al-Muntahá), que marca o final do sétimo céu e é a fronteira para as criaturas. Muhammad (s.a.w.) avançou, e Deus (ár. Allah) “mostrou-lhe o que lhe mostrou”... 

Durante essa Noite, foi imposta aos muçulmanos a prática da Oração (Salât) cinco vezes ao dia. Num primeiro momento, foram ditados cinquenta Ora-ções, distribuídos ao longo da noite e do dia, mas o seu número foi reduzido finalmente a cinco, valendo cada um deles por dez. 

No dia seguinte, uma vez regressado a Meca, o Profeta (s.a.w.) descreveu às pessoas o que acabava de viver. Os idólatras transmitiram o relato e acolheram-no entre as burlas. Inclusivamente alguns desafiaram-no a descrever os restos do Templo de Salomão, já que havia estado nele. Durante a sua visita a Jerusalém, o Profeta Muhammad (s.a.w.) não se tinha fixado nos detalhes, e não pode responder ao princípio. Al-Bukhâri e Muslim continuam a sua narração com as seguintes palavras do próprio Profeta: “Quando os Coraixitas me desmentiram, fui ao interior do recinto da Caaba, e aí Allah fez-me ver de novo o Templo de Jerusalém. Saí e descrevi-o tal como tinha aparecido sob o meu olhar”. Apesar disso, os idólatras continuaram a afirmar que o Profeta Muhammad (s.a.w.) mentia ou tinha sido vítima de uma alucinação. 

Os idólatras foram ter com Abû Bakr, cuja sensatez e prudência valorizavam, e contaram-lhe o que andava a dizer Muhammad, de quem se tinha convertido em seguidor. Esperavam que ele se vol-tasse atrás e abandonasse o Profeta, mas em lugar disso, ele disse: “Eu digo que as suas palavras são verdadeiras, e sustinha-o ainda que fosse mais longe nas suas afirmações”. Por isso, Abû Bakr, que depois seria o primeiro califa do Islão, recebeu o sobrenome de as-Siddîq, o que confirma a Muham-mad (s.a.w.). 

Nesse mesmo dia, o anjo Gabriel voltou a mostrar- -se a Muhammad (s.a.w.) e detalhou-lhe os actos que deviam realizar-se durante a Oração (Salât) e o seu horário, ficando definitivamente estabelecido. Antes desta instituição, o Profeta Muhammad (s.a.w.), se-guindo a tradição do Profeta Abraão (Ibrahim a.s.), realizava dois rak‘as ao amanhecer e outros dois ao entardecer, voltado em direção a Jerusalém. Jeru-salém continuou a ser a Qibla (Orientação) dos muçulmanos durante ainda algum tempo, até que o Alcorão, depois da Hégira, ordenou a orientar-se para a Mesquita Haram Charif de Meca.
Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 07/05/2015

RELEMBRANDO A NOITE DE MI’RAJ

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) JUMA MUBARAK

Refere o sagrado Cur’ane: “Glorificado seja Aquele que transportou, durante a noite, o Seu servo, da Mesquita sagrada (em Makka), à distante Mesquita de Al-Aqsa (em Jerusalém), cujos arredores abençoamos, para mostrar-lhe alguns dos nossos sinais. Deus ouve tudo e vê tudo”. Cap.17, Vers.1.

Devido à preocupação do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) por causa do seu umah (seguidores), não só por aqueles que o acompanhavam mas também por todos aqueles que iriam nascer depois dele e até ao final do mundo), Deus, nosso Criador, para o tranquilizar, concedeu-lhe a noite de Mi’raj. Isrá, significa viagem nocturna que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) efectuou a partir de Makkah, para Jerusalém. Mi’raj é derivado da palavra Uruj, que significa subida aos céus.

No edifício original da Caaba, onde os jovens Quraischitas e o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) costumavam descansar, veio Jibrail (Aleihi Salam) – O Anjo Gabriel, que a Paz de Deus esteja com ele, acompanhado de outros anjos. Levaram o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) para junto do poço da agua de zam-zam, abriram-lhe o peito, retiraram-lhe o coração que foi lavado. De seguida encheram o seu peito de fé e de luz e depois fecharam o peito.

Com o animal que os anjos trouxeram o – Buraq, mais veloz que o relâmpago, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) foi transportado para Jerusalém. Na Mesquita sagrada de Al.Aqsá, fez dois rakates (2 ciclos de oração). Quando saiu da Mesquita, o Anjo Gabriel (Aleihi Salam), apresentou-lhe 2 taças. Uma com vinho e outra com leite. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) preferiu o leite, pelo que o anjo referiu: “Ainda bem que preferiste a taça de leite, porque senão a tua comunidade desviar-se-ia do bom caminho”.
Ambos ascenderam ao céu. Na respectiva porta perguntaram quem é! Respondeu o anjo: “É o Anjo Jibrail acompanhado de Muhammad”. Perguntaram: “Foram chamados?”. Sim, disse ele. As portas do céu abriram-se.

No primeiro céu viram um homem com muitas sombras nas duas faces da cara. Quando o homem olhava para o lado direito da cara, sorria. Quando olhava para o lado esquerdo da cara, chorava. O Profeta perguntou ao anjo, quem era. Respondeu-lhe: “ é o teu pai Adam (Adão), Aleihi Salam”. Do lado direito, estão as pessoas todas que irão para o paraíso. Do lado esquerdo, estão os que irão para o inferno.

O Profeta foi passando por todos os céus, fazendo perguntas e obtendo respostas. Em cada céu, encontrava-se com Profetas (Aleihi Salam). Encontrou-se com Issa (Jesus) e Yáhhá (João Baptista), Que a Paz de Deus esteja com eles, que lhe apresentaram boas vindas. Depois encontrou-se com os Profetas José, Idriss, Aarão e com Moisés (que a Paz de Deus esteja com eles). Ao falar com o Profeta Mussa - Moisés (que a Paz de Deus esteja com ele), o Profeta Mussa começou a chorar e disse: “Ó meu Deus; Tu enviaste este jovem Mensageiro depois de mim, cujos seguidores serão mais a entrarem no paraíso do que os meus.”

No sétimo céu, foi recebido pelo Profeta Ibrahim (Abraão), que a Paz de Deus esteja com ele. O Anjo Jibrail, que sempre acompanhava o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), disse-lhe: “Este é o teu pai”. A seguir foi apresentado a Allah, Senhor dos mundos, o Uno, o Majestoso. A distância em que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) se encontrava com Allah, Subhanahu Wataala, era somente o equivalente a dois arcos (arcos de atirar flechas). O Profeta chegou tão perto, onde o Anjo Jibrail nunca tinha chegado. Se o Anjo Jibrail desse mais um passo, transformar-se-ia imediatamente em cinzas!

Aí começou o diálogo entre Allah, nosso Criador e o seu Mensageiro: Deus diz que chegou o momento de estarmos juntos. O Profeta responde que chegou o momento de estar com Allah. Allah, Subhanahu Wataala, diz que todo o universo é para si ó Rassulullah. Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) responde: “deixei tudo para satisfazer a Allah, somente para adorar a Allah”.

O Profeta (Salalahu Aleihi Wassam) levou 3 ofertas para Allah: 1)- ATAHIATO LILAHI; 2)- WA SALAWATO; 3)- WA TAHIBATO. Atahiato Lilahi – Toda a adoração (ibádate) que é efectuada no mundo verbalmente; Wa Salawato – Toda a adoração que é efectuada no mundo, fisicamente; Wa Tahibato – Toda a adoração que é efectuada no mundo, monetariamente e com bens mundanos, É SÓMENTE PARA AGRADAR A ALLAH. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), não regressou de mãos vazias. Trouxe também 3 presentes de Allah, Subhanahu Wataala: 1) – ASSALAMO ALEIKA AIHUHANABÍ; 2) – WA RAHMATULAHI; 3- WA BARAKATUHU. Assalamo Aleika Aihuhanabi – Que a Paz esteja acima de ti. Wa Rahmatulahi – Rahmat (Misericórdia) estejam também acima de ti; Wa Barakatuhu – As bênções também acima de ti. Sendo que a preocupação do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) era por causa dos seus seguidores e pelo que seria deles no dia do julgamento final, o Profeta depois de receber as 3 ofertas, disse: ASSALAMO ALEINA WAALÀ IBADILAHI SUALIHINA – Que a Paz não só acima de nós, mas também acima de todas as pessoas piedosas.

Em baixo o Anjo Jibrail, ao ouvir aquelas palavras disse em voz alta: ASH-HADU AN LA ILAHA LALAHU, WA ASH HADU ANÁ MUHAMMAD ABDUHU WA RASSULUHU – Testemunho a unidade de Allah e que Muhammad é o Seu servo e apóstolo.

Os muçulmanos lembram-se deste Atahiato, todos os dias nas suas 5 orações. Depois, Allah, nosso Senhor, instituiu a Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) 50 orações diárias. Quando o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) estava de regresso, voltou a encontrar-se com o Profeta Mussa (Aleihi Salam), que lhe perguntou o que Allah lhe tornou obrigatório para ele e para a sua comunidade. Respondeu: “50 orações diárias.” Mussa (Aleihi Salam) disse: “A tua comunidade não conseguirá cumprir com isso, porque eu tenho experiência dos filhos de Israel. Volta ao nosso Senhor e pede-Lhe que reduza o número das orações. Na primeira redução conseguida para 45 orações, o Profeta Mussa (Aleihi Salam), continuou a dizer que os seus seguidores não conseguirão cumprir, pelo que lhe recomendou outra vez, para ir solicitar uma redução. Com várias idas e regressos, finalmente o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) conseguiu a redução para 5 orações diárias. Porque já sentia vergonha de solicitar nova redução, ouviu do nosso Senhor e Criador, as seguintes palavras: “Ó Muhammad! Na minha ordem já não haverá mais alterações. As orações obrigatórias serão apenas 5, mas a recompensa de cada oração será equivalente a 10 orações, o que equivale a mesma, às 50 orações diárias.

Quando o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) regressou à terra, o Anjo Jibrail (Que a Paz de Deus esteja com ele), ensinou-lhe como fazer as orações.

O Profeta (Salalahu Aleihi Wassam) sempre se preocupou com todo o seu Umah e em especial com aqueles que virão depois dele, conforme o referido no seguinte hadice: O Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), uma vez estava com os seus companheiros e disse: “Quando verei eu os meus irmãos?”. E os companheiros perguntaram-lhe surpreendidos, se eles não eram os seus irmãos. E ele respondeu “Vós sois os meus companheiros; mas os meus irmãos serão aqueles que acreditarão em mim sem nunca me terem visto”. – Hadice narrado por Ahmed. Alahhuma Sali Alã Muhammad Waalã Alihi Wassalam.

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41. "Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.

quarta-feira, maio 13, 2015

OS CORAÇÕES SÃO DE QUATRO TIPOS

Louvado seja Allah. Nós Lhe agradecemos e buscamos a Sua ajuda e diretriz. Buscamos refúgio junto a Ele quanto aos malefícios das nossas almas e as maldades das nossas ações. Àquele a quem Allah encaminhar, ninguém o pode desviar, e quanto àquele a quem desviar, ninguém pode pô-lo no caminho certo. Presto testemunho de que não há outra divindade além de Allah, Único, sem parceiros. Presto testemunho de que Mohammad é o Seu servo e mensageiro.

Os corações de todas as pessoas dividem-se em quatro tipos que o Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), em seu fabuloso hadice, compilado pelo Imam Ahmad, e narrado por Abu Said Al-Khudri, disse: “Os corações são de quatro tipos. Coração puro, com lâmpada florescente; coração coberto e selado; coração abatido e coração blindado.”

Quanto ao puro, é o do crente que possui uma luz. No que diz respeito ao coração coberto, é o do incrédulo. No que tange ao coração abatido, é o do hipócrita que sabe, mas nega. Quanto ao coração blindado, é o que tem fé e hipocrisia. A fé que tem nele assemelha-se a erva, alimentada pela água. A hipocrisia dele é como a ferida, alimentada pelo sangue e pelo pus. O que sobrepuja o outro prevalecerá.

É uma divisão extraordinária que o Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) fez dos corações dos humanos, que abrange todos os corações, sem exceção. O hadice fidedigno também nos informa que o Profeta (S) disse: “Há no corpo humano um pedaço de carne; quando este está saudável, todo o corpo fica saudável, e quando está doente, todo o corpo fica doente. É o coração.”

Ele também disse: “Allah não olhará para as vossas figuras e vossos corpos, mas olhará para os vossos corações e para as vossas ações”, porque é o local da intenção. Podem dez pessoas praticar o mesmo ato, mas Allah só irá aceitar quem o fizer para aprazê-Lo.

Por isso, o Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) discorreu sobre os corações, descrevendo o do crente como puro, ou seja, puro de toda espécie de desejos. Ele faz por Allah e para Allah, não se importando em agradar ou desagradar às pessoas. Ele oferece a sua vida pela sua religião, e esse é o objetivo dos que são sinceros para com sua religião.

Por isso, seu coração possui uma lâmpada florescente, a lâmpada da fé, e a sua pureza e o sinal de sua sanidade do ilícito. Por isso, Allah descreveu esse coração da seguinte forma:

"Salvo para quem comparecer ante Allah com um coração sincero" (٢٦: ٨٩- Os poetas 89), livre de cultuar alguém além de Allah, livre de recorrer a alguém além do Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele). O coração puro é aquele cuja cultuação é inteiramente a Allah. Se ele der algo, o faz em nome de Allah e se o restringir, o faz em nome de Allah. A origem da pureza é a luz que brota do coração do crente e lhe ilumina o mundo, como nos foi informado por Allah: "Pode, acaso, equiparar-se aquele que estava morto e o reanimamos à vida, guiando-o para a luz, para conduzir-se entre as pessoas, àquele que vagueia nas trevas, das quais não poderá sair?" (٦:١٢٢- o Gado 122) E iluminará o seu caminho na Outra Vida, como Allah diz: "O dia em que verás os crentes e as crentes com a luz a se irradiar ante eles, e pelas suas mãos direitas. Nesse dia vos alvissaremos com jardins, abaixo dos quais correm os rios, onde morareis eternamente. Tal será a magnífica recompensa!" ( ٥٧:١٢- O Ferro 12).

Essa é a luz citada pelo Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), ao dizer "A sua lâmpada será a sua luz."

Quanto ao coração coberto e selado, é o coração do incrédulo. Ele está hermeticamente fechado, não vê a luz nem a luz o vê. Verificamos isso no detalhe da expressão do Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) quando disse "coberto e selado". A cobertura sozinha não é suficiente, mas há o selo hermético que o isola da luz da ciência, da fé e da orientação. É o que aconteceu com os judeus a respeito dos quais o Alcorão diz: "E disseram nossos corações estão insensíveis" (٢: ٨٨A Vaca 88)

No que diz respeito ao coração abatido, é o coração do hipócrita que conheceu a verdade e não a seguiu, mas a negou e lutou contra ela.

A origem dessa hipocrisia são os corações enfermos, que amam a vida terrena, amam a autoridade, amam as posições e amam os desejos, como foi esclarecido por Allah: "Em seus corações há enfermidade, e Allah os aumentou em enfermidade, e sofrerão um castigo doloroso por suas mentiras... São os que trocaram a orientação pelo extravio; mas tal troca não lhes trouxe proveito, nem foram iluminados." (٢: ١٠ e ١٦ A Vaca 10 e 16).

Se o incrédulo se harmoniza consigo próprio porque escolheu a incredulidade como caminho e é sincero quando o faz. O hipócrita não se harmoniza com o mundo cultuador em que vive, nem consigo próprio; ora se joga no colo dos incrédulos ora no dos crentes.

Allah cita isso: “E quando se deparam com os crentes, asseveram: Cremos. Porém, quando a sós com os seus sedutores, dizem: Nós estamos convosco; apenas zombamos deles. Mas Allah zombará deles, e os abandonará, vacilantes, em suas transgressões” ( ٢:١٤-١٥ A Vaca 14 e 15).

Este é o pior dos corações porque considera o ilícito lícito e segue os seus adeptos, e considera o lícito ilícito e combate os seus adeptos.

Dando continuidade aos tipos dos corações, como foi-nos esclarecido pelo Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), dissemos que o coração invertido é aquele que conhece a verdade e não a segue, nega-a e a combate. É preciso saber que a alma do hipócrita é perturbadora, representando um perigo enorme para a sociedade islâmica por conhecer os seus segredos. Por isso, Allah descreveu-os como: “E quando os vês, os seus aspectos te agradam; e quando falam, escutas-lhes as palavras. Todavia, são como madeira encostada; pensam que qualquer grito é contra eles” (٦٣: ٤Hipócritas 4).

O hipócrita caracteriza-se por marcas que o apontam. O Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) esclareceu-nos a respeito do hipócrita, dizendo: “O fingido possui três aspectos: quando está só torna-se preguiçoso, quando está com as pessoas, torna-se ativo. Quando é elogiado, trabalha mais. Quando é censurado, trabalha menos.”

Quanto ao coração vacilante é aquele que abriga a fé e a hipocrisia ao mesmo tempo. Ora está do lado dos crentes, ora está do lado dos incrédulos. Esse tipo de hipocrisia é o que representa o maior perigo para o crente, porque ele é considerado crente e, ao mesmo tempo, possui um aspecto de hipocrisia. Lemos, nos dois livros fidedignos do hadice, que Abdullah Ibn Amr Ibn Al ‘As (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) relatou que o Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) disse: “Existem quatro características (para se conhecer a hipocrisia); quem as tiver será um autêntico hipócrita, e quem tiver só uma delas terá a característica de hipocrisia, até que a abandone. Caso se confie nele, trai a confiança; se conta algo, mente, se faz um pacto, viola-o; e se tem alguma diferença com alguém, age com perversidade.”

Se a fé é constituída de setenta e poucas características, a hipocrisia possui muitos aspectos. Abu Huraira (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) relatou que o Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) disse: “Distingue-se o hipócrita por três características: quando conta algo, mente; quando promete, não cumpre; e quando confiam nele, trai, mesmo que jejue, pratique a oração e alegue que é muçulmano.”

Devido a esse comentário assustador dos corações crentes, o Bukhári compilou que Ibn Abi Malaquiya narrou: “Conheci trinta dos companheiros de Mohammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele). Todos eles temiam que se tornassem hipócritas.”

A respeito disso, Allah diz: “O que vos aconteceu, no dia do encontro dos dois grupos, aconteceu com o beneplácito de Allah, para que Ele testasse os verdadeiros crentes; e testasse também os hipócritas, aos quais foi dito: Vinde lutar pela causa de Allah, ou defender-vos. Disseram: Se soubermos que irá haver combate, seguir-vos-íamos! Naquele dia, estavam mais perto da incredulidade do que da fé, porque diziam, com as suas bocas, o que não sentiam os seus corações. Porém, Allah bem sabe tudo quanto ocultam” (٣:-١٦٧ ١٦٦ Família de Imiram 166-167).

Ibn Taimiya, comentando o assunto, disse: “Alguns estão mais próximos da incredulidade do que da fé por serem confusos e sua incredulidade é maior do que a sua fé, outros a sua fé é maior do que a sua incredulidade.”

O Profeta (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) comparou a fé dos corações e os atos da virtude e das boas obras com a semente que é regada por água pura, que a desenvolve. Ele disse: “A fé assemelha-se a erva, alimentada pela água pura. A hipocrisia é como a ferida, alimentada pelo sangue e pelo pus. O que sobrepuja o outro prevalecerá.”

A posição mais vergonhosa dos governantes muçulmanos é a sua humilhação e hipocrisia, sem se importarem com a ira de Allah. Narra-se que Fadhl Ibn Rabi’, ministro de Harun Al Rachid, foi ser testemunha num caso perante Abu Youssef, companheiro de Abu Hanifa. Abu Youssef não aceitou o seu testemunho. Fadhl queixou-se ao Califa. Este perguntou Abu Youssef à causa de sua recusa de aceitar o testemunho do homem. Abu Youssef lhe disse: “Ouvi-o, um dia, dizer ao califa: ‘Sou seu escravo!” Se ele disse a verdade, o testemunho do escravo não é aceito. Se mentiu, o seu testemunho, também, não é aceito.”

Ibn ‘Alcami, outro ministro dos califas abássidas, contatou ao comandante dos tártaros e colocou-o a par da situação dos muçulmanos, o número de seus exércitos, o número de seus combatentes, etc. Ao mesmo tempo, arrefeceu os ânimos do califa e o aconselhou a capitular e não entrar em guerra contra os tártaros. Muito depressa, os exércitos de Hulaco invadiram as terras islâmicas, destruindo tudo que encontravam pela frente, matando os muçulmanos. Os historiadores dizem que o número de mortos foi de oitocentos mil a um milhão de vítimas. Isso numa só cidade. Eles pegavam os familiares dos abássidas, juntamente com suas mulheres e filhos e os levavam para o cemitério, degolavam alguns como se degolava carneiros, e aprisionavam outros. Mataram idosos, que sabiam o Alcorão de cor, destruíram as mesquitas e proibiram as reuniões por vários meses, em Baghdad. Tudo isso aconteceu com a comunidade muçulmana, apenas. Nada aconteceu com judeus e cristãos, de acordo com Ibn Kacir. Isso nos mostra quão maléfico é o hipócrita para a sociedade. Quanta matança e quanta destruição causaram Ibn ‘Alcami com a sua hipocrisia! O que ele lucrou, com aquilo? Ele foi nomeado ministro dos tártaros, depois da queda de Baghdad, por alguns meses apenas. Pois, logo morreu, sem desfrutar do prêmio de sua traição.

A situação dos muçulmanos só irá melhorar quando cada um deles estiver disposto a comprazer a Allah e aplicar o sistema d’Ele. “Quanto àqueles que diligenciam por Nossa causa, encaminhá-los-emos pela Nossa senda. Sabei que Allah está com os benfeitores” (٢٩:٦٩- A Aranha 69).

Que Allah nos fixe na fé e limpe os nossos corações da hipocrisia. Amém.
Fonte: www.islam.com.br - Revisão: Lic. Muhámmad Isa García - Escritório de Dawa na Rabwah - Riyadh