quinta-feira, novembro 08, 2012

O CHAMAMENTO DOS PAIS:

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) JUMA MUBARAK 

“O teu Senhor decretou que não adoreis senão a Ele; e que sejais bondosos com os vossos pais. Se um deles ou ambos atingirem a velhice, em vossa companhia, não lhes diga “uff”, nem os maltrates. Outrossim, dirija-lhes palavras generosas. E estende sobre eles a asa da humildade e diz: Ó Senhor meu, tem misericórdia deles, como tiveram misericórdia de mim, criando-me desde pequeno”. Cur’ane 17:23-24.

A importância dos pais na sociedade é tão elevada, que o Islam refere que a desobediência a eles constitui um dos grandes pecados, imediatamente a seguir à associação de algo a Deus. Irritar os pais e pior ainda, fazê-los chorar, estão também inseridos nesta desobediência. Em pequenos, quando nos sentíamos doentes, gritávamos pela nossa mãe. O colo dela era um bálsamo para as nossas dores e para os nossos mimos. Depois, mais crescidos e até com barbas, quantas vezes não choramos no ombro dos nossos pais, em especial no doce ombro da nossa mãe?

Então porque, deliberadamente ou não, fazemos sofrer os nossos pais, ao ponto de eles deitarem lágrimas na solidão das suas preces? Na presença de Deus, eles choram, procurando alívio. Pensam que fizeram tudo pelos filhos, mas agora crescidos, não lhes obedecem e muitas vezes colocam os seus interesses acima das necessidades dos pais. Uma mãe aborrecida com um filho, pode suplicar a Deus “que lhe ajude a dar um puxão de orelhas ao filho desobediente”. Acontece que Deus, vendo o sofrimento da mãe, acaba por aceitar o pedido de ajuda.
 
Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu: O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Sem quaisquer dúvidas, três súplicas são aceites: 1) a prece de alguém que é oprimido; 2) a súplica de um viajante e 3) a prece dos pais contra o seu filho”. Imam Bukhari.

A passagem a seguir mencionada, tem como protagonista, um waliulá (amigo de Deus), dos tempos antigos de Bani Israil. Dedicava todo o seu tempo na oração, não se importando com bens terrenos. Porque desobedeceu a sua mãe, Deus acabou por aceitar a prece que ela fez contra o próprio filho:

Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu: O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Nenhuma criança falou no berço, excepto Issa (Jesus), filho de Mariam (Maria), que a Paz de Deus esteja com eles e o associado ao Jurayj. Foi-lhe  perguntado quem era o associado ao Jurayj. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) respondeu: “Jurayj era um monge que vivia só no seu ermitério, lugar afastado do povoado. Havia um pastor que costumava abrigar-se no sopé, perto do ermitério.

Uma mulher da aldeia, costumava visitar o pastor.

Um dia a sua mãe veio e chamou-o, “Jurayj”, enquanto ele estava a orar. Ele interrogou-se: “Minha mãe ou a minha oração?”. Ele pensou, que o melhor é continuar com a oração. Ela voltou a chamá-lo pela segunda vez e ele inquiriu-se a ele próprio: “Minha mãe ou a minha oração?” E ele voltou a preferir a oração. Ela o chamou pela terceira vez e ele pensou o que deveria fazer: “Minha mãe ou a minha oração?” e preferiu a oração. Como ele não respondeu, pela terceira vez, ao seu chamamento, a mãe (zangada, fez uma prece contra ele e disse-lhe: “Jurayj, que  Deus não te dê a morte enquanto não vires a cara das prostitutas”. Depois ela   retirou-se.

Passado algum tempo, a referida mulher da aldeia, deu a luz a uma criança e foi levada à presença do rei, que a interrogou? “De quem é esta criança?” Ela respondeu:

“É do Jurayj”. O rei perguntou: “O homem do ermitério?” Sim, respondeu ela. Ele ordenou para destruírem o ermitério e para trazerem o homem para junto dele. O seu ermitério foi golpeado com machados, até que entrou em colapso. As mãos do Jurayj foram amarradas com uma corda ao seu pescoço. Arrastado, desfilou ao longo da rua das prostitutas. Elas estavam a olhar para ele, juntamente com outras pessoas. Ele as viu e esboçou um sorriso (pensando na contra prece que ouviu da sua mãe).

O rei perguntou: “Conheces o que esta mulher reivindica?” Jurayj perguntou: “O que é que ela reivindica?” Ele disse: “Ela reclama de que tu és o pai da recém-nascida”.

Jurayj perguntou à mulher: “É isto que tu reivindicas?” Sim, respondeu ela. Ele perguntou onde está a criança. Eles responderam: “É o que está no seu colo”. Juraij voltou-se para a criança e perguntou-lhe: “Quem é o teu pai?” A criança respondeu: “O pastor do gado”. O rei (para recompensar o erro cometido) perguntou a Jurayj:  “Podemos reconstruir o teu ermitério com ouro?” Respondeu Juraij: “Não”. O rei voltou a perguntar: “Então de que matéria o poderemos reconstruir?” E ele respondeu para o erguerem de pé, tal como era antes”. Curioso, o rei perguntou: “O que te fez sorrir?”

Respondeu: “Coisas que eu sei. Fui apanhado pela prece da minha mãe”. Então ele lhe contou o sucedido. Imam Bhukari – Al-Adab Al-Mufrad.

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.

"Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.

Votos de um bom dia de Juma.

domingo, novembro 04, 2012

A Educação dos Nossos Filhos

Por: Sheik Aminuddin Muhammad

Deus colocou no instinto dos pais o amor para com os seus filhos, e é este amor que os leva a dedicarem-se a eles de corpo e alma, pesem embora o incomodo  as dores e as preocupações que tem que enfrentar, fazendo tudo isso de forma conscienciosa e com prazer, pois se o Criador não tivesse incutido esse espírito nos seus corações, a opção consciente por esses incômodos seria considerada uma estupidez que nenhuma pessoa inteligente adotaria.

De facto, depois de os pais passarem por tudo isso, é um grande infortúnio ter filhos de mau carácter, pois esses não ajudam em nada. Ter bons filhos é sinal de boa sorte e ter maus filhos é porque se é desditoso, ainda que se tenha muita fama e riqueza. Mas há gente que não se apercebe deste aspecto negativo, pois olha apenas para a aparência e não para o conteúdo.

Um pai ignorante fica satisfeito com a beleza do filho, não se importando com o seu mau carácter, enquanto que um pai inteligente fica satisfeito com o bom carácter do filho, ainda que este não seja gracioso.

Se cada pai reservasse uma parte do tempo disponível por dia para cuidar de seus filhos, evitaria muitos problemas no futuro.

É aconselhável que os jovens se casem quando ainda no fulgor da sua juventude, pois quando se abraça o matrimônio já na idade avançada, corre-se o risco de faltar algum vigor, sempre necessário na educação a transmitir aos filhos.

No processo de transmissão de bons princípios e boa educação aos nossos filhos, não devemos ser demasiado severos. Devemos sempre optar pelos bons modos.

Um filho é como um garrano, pois se lhe for dado tudo o que quer, crescerá manhoso, teimoso e de difícil inserção nas regras estabelecidas pela sociedade. Mas por outro lado, se tudo lhe for proibido vai crescer com um carácter difícil podendo ser irascível, insociável e com um temperamento selvagem, detestando tudo o que se esteja à sua volta. Portanto, os pais devem ser prudentes, tanto no que dão como no que proíbem. E em nome de amor para com ele não devem enchê-lo de mimos, pois isso é bastante prejudicial, tanto para a sua felicidade como para a do pai. Devem-se evitar os extremos, tanto no rigor como no amor, e saber contornar os seus caprichos.

Portanto o filho, da mesma forma como precisa de cuidados materiais, também precisa de cuidados espirituais, daí que se diga que, se este desesperar da afeição dos pais, crescerá preguiçoso e desobediente, e se a afeição for exagerada, também crescerá preguiçoso.

Os melhores pais são os que conseguem estabelecer o equilíbrio entre as duas posições.

O acompanhamento constante desempenha um papel importantíssimo no crescimento dos filhos, assim como diz o adágio: "Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és".

Muitos dos males nas crianças provêm de outras crianças, pelo que os pais devem evitar que elas se juntem à crianças potencialmente mal-criadas.

Quanto ao instinto dos filhos, são os pais que o conservam ou estragam, pois estes, aos olhos dos filhos constituem exemplo e modelo, estando no instinto da criança o gosto pela imitação.

Toda a criança nasce com um carácter seu, próprio. Os pais não podem mudá-lo, mas podem corrigi-lo.

Deve-se habituar os filhos a dependerem de si mesmos e não dos outros, tornando-se fardos, ainda que os pais sejam ricos, pois cedo ou tarde eles terão que enfrentar a vida, sendo melhor que cresçam já preparados, confiando em si próprios, do que lançá-los para a vida prática e exigir que encarem tudo o que lhes apareça pela frente sem que estejam preparados para tal.

Se eles já estiverem aptos a ganhar o seu sustento e não estiverem a estudar, os pais devem evitar sustentá-los, ou pagar-lhes as contas, pois isso pode matar neles o espírito de luta pela vida.

Em tudo isto, o pior é um pai que após a sua morte deixa fortuna e riqueza para seus filhos maus, corruptos e sem carácter, pois se estes não tiverem sido frescura aos olhos dos pais durante a sua vida, dificilmente poderão sê-lo depois da sua morte. E em poucos dias vão esbanjar tudo aquilo que o pai levou anos a juntar, e mais ainda, vão denegrir a sua imagem.

A boa educação e o bom comportamento só trazem o bem, tanto para os pais como para os filhos, e quando os pais deixam este mundo, um bom filho prossegue as obras e missão de seus pais, e ainda faz duã (ora) a favor de seus pais.

Os nossos filhos são como que pedaços dos nossos fígados. Será que algum de nós quereria por acaso ter um fígado infectado, que cause doenças e dores ou preferiria um fígado são e saudável?

Cada um que faça a sua escolha!

Muitos pais já morreram, mas os seus bons nomes continuam preservados graças aos bons filhos que tiveram, mas muitos outros foram já esquecidos por não terem deixado filhos piedosos, embora em vida fossem muito famosos.

Quando um bom filho substitui o pai após a sua morte, é como se esse pai estivesse de novo a nascer, mas quando um filho sem carácter substitui o pai após a sua morte, é como se esse pai estivesse a morrer duas vezes.

Para Onde Vamos?

Por: Sheik Aminuddin Muhammad

Uma avaliação em termos gerais, do rumo que a Humanidade está tomando, causa a muitos de nós uma grande preocupação, e cada um vai-se interrogando, quando é que esta situação reverterá, pois a velocidade com que nos deixamos resvalar para o abismo é de tal ordem, que se torna difícil vislumbrar quando é que tudo isto vai parar.

Nas sociedades em que todos os vestígios da moralidade e dignidade são inexoravelmente espremidos e eliminados das pessoas, quer parecer que a diferença entre o Ser Humano e o animal é quase inexistente.

Valores sociais como a fidelidade, unidade e fraternidade no seio familiar, onde o pai ocupa o seu lugar de garante do sustento, e a mãe por seu lado ocupa a nobre posição de administradora da casa empenhada na criação e educação dos filhos, foram desfeitos, sendo substituídos por um sistema que promove a perversidade e a devassidão.

Há quem advoga que, confinar o papel da mãe às quatro paredes da casa, equivale à supressão dos direitos da mulher, ou por outras palavras, equivale à opressão.

Por outro lado temos a concepção milenária de uma família constituída por um pai e uma mãe, que nos dias que correm está sendo posta em causa.

O conceito de família está sendo considerado como algo estranho, ultrapassado e anacrónico, de tal maneira que até os tribunais nalguns países supostamente desenvolvidos, defendem que os homossexuais podem unir-se pelo "casamento", constituindo "família", e ter os mesmos direitos inerentes ao acto, podendo portanto, adoptar uma criança. E nesses países, tudo isso é normal e dois homens ou duas mulheres que compartilhem o "leito conjugal" são reconhecidos como uma família.

Há quem defende que o casamento entre o homem e a mulher não é o único meio para se constituir uma família.

Há países em que, nos censos populacionais periodicamente realizados, casais do mesmo sexo serão recenseados como uma categoria separada.

Portanto, no conceito dos que advogam este tipo de relação, a questão de famílias quebradas deixa de se colocar, pois no seu entender isso foi nos tempos em que a única forma de constituir família era com pai e mãe.

Em nome da libertação da mulher está-se degradando o seu nobre estatuto, atentando contra a sua dignidade, retirando o brilho, a beleza especial e a graça que fez dela o objecto de honra e respeito, e não objecto de mercadoria comercial como está acontecendo, em que o seu charme é livremente exposto e exibido, corrompendo-se as mentes da sociedade, e destruindo-se a célula daquilo que é tradicionalmente a célula da sociedade: a família.

O Professor Berger, um eminente sociólogo ocidental, diz na pág. 19 do seu livro "The Conquest of Hapiness" (A Conquista da Felicidade):

"Hoje em dia, a ausência de um núcleo familiar eticamente responsável e dominante em todas as sociedades ocidentais constitui a causa do aumento da onda de delinquência, do crime, do uso abusivo de estupefacientes, da gravidez precoce e do abuso sexual de menores".

A única solução é deixar que a célula da sociedade - a família - desempenhe o seu papel natural, pois o papel feminino da maternidade e da educação da família é vital para a estabilidade mental das crianças e da estrutura sã da sociedade no seu todo, e nisso baseia-se a estabilidade da nação inteira.

Hoje a maioria da juventude está envolvida em vícios de consumo de drogas e de álcool, em jogos de azar, na mentira, no cometimento de crimes, e em todo o tipo de imoralidades. Como tirar os nossos jovens dessa situação?

Quando eles chegam tarde à casa, a altas horas da noite, bêbados, já infectados com o vírus da Sida, com filmes e revistas pornográficas nas mãos, os pais choram, de tão frustrados que se sentem, indagando-se sobre o que terá acontecido para que o filho / filha tivesse resvalado para numa situação tão aviltante. E a muitos desses pais falta-lhes coragem para abordarem o problema frontalmente, optando por procurar bruxos e curandeiros onde pensam poder encontrar soluções para os seus problemas, mas em vão.

Temos que fazer algo para estancar e inverter esta situação, pois de contrário, daqui por alguns anos não teremos continuadores que portem o estandarte da moral e da decência às gerações vindouras.

A esperança de vida em Moçambique é já de si bastante baixa - menos de 40 anos. E o sida vai dizimando cada vez mais moçambicanos, ameaçando aniquilar os seus habitantes.

É já tempo de acordarmos e começarmos a agir como gente responsável, pois cingirmos nos apenas aos debates, slogans e workshops não é suficiente. Bem diz o provérbio: "As ações falam mais alto que as palavras".

ALCOOLISMO – UM GRANDE PROBLEMA

Por: Sheik Aminuddin Muhammad

Estamos todos de acordo quando se diz que há problemas com o consumo de álcool, como por exemplo beber quando se está conduzir, cometer crimes violentos decorrentes do consumo abusivo de álcool, etc. Mas mesmo assim as pessoas não se abstêm do seu consumo. Pelo contrário vão consumindo cada vez mais álcool, e quanto maior for o teor de álcool na bebida, melhor, pois a “paulada” é mais rápida.

De facto o alcoolismo é um grande problema, muito maior do que imaginamos. Muitos dos nossos jovens e adolescentes começam a beber ainda muito novos. Não há infelizmente estatísticas oficiais sobre o estado da saúde pública que nos indiquem a percentagem populacional nos nossos jovens e adolescentes que começam a ingerir álcool ainda muito novos.

Para além de em muitos casos os acidentes rodoviários estarem ligados à embriaguez, os nossos tribunais estão ocupados com numerosos casos de ofensas corporais desde a violência doméstica, incluindo agressões físicas às crianças, ao vandalismo, tudo isto cometido sob influência de álcool.

Será que as autoridades ligadas à saúde não se aperceberam ainda que o alcoolismo também é um problema de saúde pública? As autoridades de direito não se aperceberam ainda que o País gasta avultadas somas retiradas dos nossos escassos recursos para tratar doenças derivadas do consumo de álcool?

Todos os anos por altura da Quadra Festiva do Natal e do Ano Novo promovem-se por esse Mundo fora (exceptuando os países predominantemente isslâmicos), campanhas contra a condução após ingestão de bebidas alcoólicas.

As autoridades governamentais lamentam o estado de saúde da Nação e o detestável vício de alcoolismo, mas não vão para além das lamentações, pois “outros mais altos valores se alevantam”. Por outras palavras, as grandes receitas provenientes dos impostos com venda de bebidas alcoólicas, são como um doce (rebuçado) na boca de quem quer que seja, pois ninguém consegue assobiar com um doce na boca.

O Isslam adoptou uma posição diferente em relação ao alcoolismo, pois valoriza a saúde moral e espiritual da Nação, bem como o bem estar físico das pessoas. O Isslam considera que qualquer coisa que entorpeça os nossos sentidos, que tolde a nossa mente, que reduza a nossa vergonha ou o nosso nível de responsabilidade, ou que de alguma forma interfira com o funcionamento normal do nosso cérebro, o seu consumo é harám (proibido). E isso inclui o álcool ou qualquer outra droga ou substância que altera o funcionamento normal da mente.

Reconhecendo que cada pessoa reage de forma diferente aos estímulos exercidos por algumas substâncias, não é possível estabelecer o teor considerado inofensivo para cada substância.

Muita gente que julga ter algum controlo sobre os seus hábitos etílicos, cedo ou tarde acaba ingerindo para além daquilo que consegue aguentar. O Isslam afirma categoricamente que se uma substância pode destruir o pleno desempenho da mente, então o seu consumo é estritamente proibido, mesmo que seja em quantidades reduzidas.

Portanto, o Isslam advoga a total proibição do consumo de drogas ou narcóticos, incluindo o álcool. Proíbe o consumo e não apenas o abuso no consumo dessas substâncias. Deus conhece a natureza humana. O Isslam reconhece o quão arraigados podem estar tais hábitos nas pessoas, sendo portanto difíceis de erradicar de um dia para o outro. Portanto, a proibição gradual do consumo de álcool tem de estar estritamente ligada à campanha de educação pela edificação de um ambiente com melhores níveis no que respeita à moral e à identidade espiritual na nossa sociedade.

Para além disso, deve ser totalmente proibida toda a publicidade às bebidas alcoólicas, tanto em painéis publicitários em praças e avenidas, como nos diversos órgãos de comunicação social, seja a que horas for.

Quando do ressurgimento do Isslam os árabes estavam profundamente viciados em bebidas alcólicas, pelo que o Profeta Muhammad S.A.W. não impôs o seu banimento de um dia para outro. Fê-lo gradualmente, em três fases. Na sua primeira abordagem reconheceu alguns dos benefícios do álcool (por exemplo, na aplicação medicinal), mas disse que os seus prejuízos ultrapassavam largamente os benefícios. Na segunda, proibiu os crentes de orarem quando estivessem sob influência do álcool, demonstrando que a espiritualidade não se pode misturar com a embriaguez. Finalmente, depois de alguns anos o consumo de álcool foi terminantemente proibido, considerando-o portanto, uma prática satânica. Até essa altura os muçulmanos que já haviam vivido os ensinamentos espirituais e morais já tinham descoberto os prejuízos do álcool, e por isso, de uma forma voluntária e determinada derramaram o que possuíam de bebidas alcoólicas. Nesse dia parecia que as ruas de Madina tinham sido lavadas com álcool.

A sociedade moderna percorreu já uma longa distância desde essa altura, e hoje orgulhamo-nos dos grandes avanços tecnológicos obtidos, mas mesmo assim regredimos quando nos deixamos cair no lodaçal da embriaguez, com todo o mal daí decorrente, isto porque perdemos a nossa consciência moral e o nosso senso de direcção. Esquecemo-nos que há mais coisas para a civilização humana do que o avanço material.

Muitos procuram refúgio nas bebidas alcoólicas e nas drogas, mas em vão. A esses quero recordar que o Isslam oferece-lhes outras alternativas.

O Natural e a Natureza

Por: Sheik Aminuddin Muhammad
As palavras "Natural" e "Natureza" possuem sem dúvidas uma grande importância no campo do argumento.

Quando algo for provado ser natural, ninguém pode refutar ou desafiar a sua autenticidade.

Pode-se explicar isso com um exemplo: Imaginemos um animal carnívoro, um leão por exemplo. O seu alimento natural é a carne dos outros animais. Ele não pode viver sem isso e decerto que morrerá se não encontrar carne para se alimentar.

Sempre que ele filar uma gazela que é um animal inocente e pacífico acabará por esfacelá-la, devorando-a de seguida.

A isso, uma pessoa normal poderá chamar de crueldade, ferocidade, felonia, etc. Contudo, a referência à natureza convencê-lo-á da justeza do acto do leão, desculpabilizando-o de seguida.

Se alguém, de uma forma crítica meditar no Universo, encontrará actos idênticos ao do leão em muitas outras coisas. Podem variar na forma, mas que sem dúvidas são naturais na sua índole, pelo que há que tolerar tais incongruências.

Os Seres Humanos como o são os homens e as mulheres, são iguais. A Lei não permite que um exerça domínio sobre o outro, mas mesmo assim, o facto é que ninguém pode tomar uma vida independente do outro.

A união dos dois forma um conjunto perfeito, destinado pelo Criador para ser o único procedimento para a conservação e expansão da Raça Humana, pois cada gênero depende do outro para a sua própria existência.

Os seus deveres e obrigações para com a natureza, sendo diferentes, têm que sê-lo em muitos aspectos, devido às suas diferentes funções.

Portanto, é contra a natureza esperar uma igualdade absoluta entre seres desiguais, e portanto, isso não é uma questão de superioridade ou injustiça.

Por exemplo, é o homem que dissemina a semente (sémen), cabendo à mulher a sua retenção no seu ventre (útero), nutrindo-a e desenvolvendo-a ao longo de vários meses.

Quando a semente se desenvolve formando uma unidade completa, ela aguenta-o depois de sofrer dores de parto, que são as piores dores possíveis, que podem até causar a morte.

Haverá alguma comparação entre as dificuldades e os incômodos sofridos pela mãe?

À mulher foi incumbido o dever de suportar esta tarefa árdua e pesada. E este dever não pára por aí, pois tem ainda que nutrir o bebé a partir do seu peito, e por um período de quase dois anos. E a acrescer a isso há ainda todo o peso que representa cuidar do menino/a até que cresça e se torne adulto/a.

E depois de toda esta carga sobre a mulher, em quase todo o Mundo é comum a criança na sua filiação levar o nome do pai.

A mulher coitada, ao se casar perde a sua identidade, pois é comum a adoção do apelido do marido, nome por que passa a ser conhecida.

Portanto, a questão é: onde está a chamada igualdade entre os sexos?

Podemos aqui enumerar muitas outras características e diferenças naturais entre o homem e a mulher nas suas feições, figuras, diferenças no seu crescimento e tamanho, diferenças na mentalidade de cada um, diferenças nos seus passos, etc.

Comparando-se os cérebros do homem e da mulher nascidos no mesmo país e na mesma data, crescidos nas mesmas condições e circunstâncias, verificaremos que o do homem pesa mais 130 gramas que o da mulher.

Agora a pergunta: a quem culpar por esta aparente injustiça"? A única resposta é que essa diferença é "natural".

Isto demonstra que a criação dos dois sexos não foi acidental. Certamente que isso foi desenhado pelo Criador, que lhes proporcionou capacidades e responsabilidades diferentes, e consequentemente os fez diferentes.

A inclinação sexual nos homens e nas mulheres e também nos animais em geral, é natural e ninguém pode ser culpabilizado por ter essa inclinação.

Daí podemos facilmente perceber o elemento racional na atracão de um sexo pelo outro.

Sendo a excitação sexual algo natural, ela tem que ser satisfeita pela via do casamento. Estão errados os que pensam que a causa do sofrimento humano é o sexo, daí que tenham fundado o movimento conhecido por "Monasticismo". Eles acham que a Paz e o Amor na sociedade apenas são possíveis através da supressão do instinto sexual, e o único caminho para se alcançar a excelência espiritual é através da abstenção do sexo. Essa maneira de pensar atenta contra a natureza.

O sexo é tão natural quanto a alimentação, pelo que tem que ser satisfeito dentro dos limites legais e morais.

Teu Paraíso, Teu Inferno


Por: Sheik Aminuddin Muhammad

Certa vez alguém perguntou ao Profeta Muhammad, S.A.W.: "Qual é o direito dos pais sobre os seus filhos"?

O Profeta S.A.W. respondeu: "Eles são o teu Paraíso ou o teu Inferno". (Ibn Majah)

Este eloquente hadith (orientação do Profeta) responde em meia dúzia de palavras, não só à pergunta feita, mas também apresenta o motivo.

Honrar os nossos pais e cuidar deles no melhor das nossas capacidades, é nossa obrigação, e nisso encontraremos a satisfação de Deus. Por outro lado, desrespeitá-los e desobedecer às suas ordens ou recomendações, leva-nos às portas do Inferno.

É devido à importância deste tema, que o Al-Qur'án nos ordena que observemos os nossos deveres para com os pais, logo a seguir aos deveres para com Deus.

Deus diz no Al-Qur'án, Cap. 31, Vers. 14:
"Mostrai gratidão a Mim e a vossos pais; para junto de mim será o retorno final".

Numa outra passagem no Cap. 17, Vers. 23, diz:
"O teu Senhor ordenou que não adores a ninguém senão a Ele; e que sejas bondoso para com teus pais, se um deles ou ambos atingirem a velhice, em tua companhia. Não diga "uff", nem os maltrates; outrossim, dirija-lhes palavras generosas. E por misericórdia (isto é, ternura), estende sobre eles a asa da humildade, e diz: "Ó Senhor meu! Tenha pena deles, como eles tiveram pena de mim, criando-me desde pequenino".
A metáfora "Estende sobre eles a asa da humildade" inspira-se no pássaro que, por compaixão, estende as suas asas sobre as suas crias, protegendo-as das adversidades.

Os versículos atrás citados merecem uma reflexão. É facto que a relação entre pais e filhos é algo único e diferente de todas as outras relações humanas. Os pais sacrificam tudo a favor dos seus filhos, e nutrem um desejo genuíno que eles sejam melhores que os pais em todos os aspectos, sem esperar seja o que for em retorno.

De facto, o amor dos pais é uma parte do amor divino. Enquanto o amor dos pais é quase instintivo, a forma como nós tratamos os nossos pais, foi deixado ao nosso critério, podendo optar por honrá-los e ser-lhes obedientes, ou escolher o contrário. Daí a referência ao Paraíso ou ao Inferno.

É através do exercício da nossa opção que escolhemos o caminho do Inferno. Nunca podemos pensar que já fizemos tudo o que tínhamos a fazer a favor dos nossos pais.

Este é um conceito de família muito diferente do que nós vemos hoje em dia, em que algumas pessoas assemelham a família ao ninho de passarinho.

Os passarinhos, tão pequeninos que são, ficam no ninho, sendo cuidados pelos pais. Logo que eles crescem, deixam o ninho para viverem a sua própria vida. Claro que os pássaros já crescidos não reconhecem nem cuidam dos pais, dos avós, dos tios ou quaisquer outros parentes, pois para eles está tudo bem, já que não têm que criar uma sociedade ou edificar uma civilização.

Infelizmente, esta situação reflecte a realidade da vida nos nossos dias, que atingiu o nível dos pássaros e das bestas. Agora o pai é "o velho", e o gritos de guerra do jovem são: "esta é a minha vida" e "deixa-me em paz". E tanto a estrutura legal como os media também apoiam esta tese.

A estrutura da família está de tal maneira desintegrada que se torna irreconhecível, pois as relações humanas foram completamente destruídas. Os velhos vivem uma vida triste em lares da terceira idade e já ninguém confia em ninguém.

Comparando à triste situação que hoje se vive, a vida familiar nas sociedades muçulmanas ainda continua sendo uma grande bênção, não obstante o estado geral de declínio social nas sociedades muçulmanas, pois agora a família muçulmana está sob investida em todas as direcções. Em nome dos Direitos da Criança, a linha central de ataque incita-as a rebelarem-se contra os pais, pondo em causa a sua autoridade.

É recomendável que nos lembremos a nós e aos nossos filhos, os ensinamentos isslâmicos acerca dos pais. Eis aqui alguns dos ensinamentos:
Devemos honrar e respeitar os pais em todas as circunstâncias, pois isso é um direito seu, ainda que eles não sejam muçulmanos.
Na nossa conduta para com eles, não devemos proferir nenhuma palavra, ou demonstrar alguma forma de irritação para com eles. Perante eles devemos ter uma atitude humilde.
Devemos ser obedientes dentro dos limites do Sharia, pois o Profeta Muhammad S.A.W. diz:
"Não há obediência à criatura quando o Criador estiver a ser desobedecido".
Dentro dos limites do Sharia, a pessoa deve-lhes obediência, ainda que eles tenham sido injustos no passado.
As obrigações do Sharia não estão sujeitas à aprovação dos pais, enquanto que os actos voluntários estão. Por exemplo, os teólogos defendem que, viajar para longe de casa a fim de convidar as pessoas a abraçarem o Isslam, apesar de ser um acto altamente virtuoso, é sobretudo um acto voluntário, pelo que está sujeito à aprovação dos pais.
Faz também parte dos seus direitos, orar a seu favor, tanto quando ainda estiverem vivos, como depois da sua morte.
A boa conduta para com os pais deve igualmente ser estendida aos seus amigos e familiares.
Enquanto fazemos tudo isto com um senso profundo de gratidão, e na perspectiva de recompensa na outra vida, é igualmente importante lembrar que o bom ou mau comportamento para com os pais, também traz a respectiva recompensa e castigo neste Mundo.
Os que afligem os seus pais, também serão afligidos, e os que lhes proporcionam alegria, também terão alegria nesta vida, pois bem diz o ditado: "Cá se faz, cá se paga".