sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Qual é a realidade da maioria dos Muçulmanos e Muçulmanas Convertidos ao Islam?

Louvado seja ALLAH, Senhor do Universo. A ELE agradecemos, a ELE imploramos ajuda e a ELE solicitamos orientação. Testemunho que não há divindade a não ser ALLAH, Único e sem associados.

Diz ALLAH O ALTÍSSIMO na surat ANNISSÁ 40:

“Deus não frustrará ninguém, nem mesmo no equivalente ao peso de um átomo; por outra, multiplicará toda a boa ação e concederá de Sua parte, uma magnífica recompensa.”

E testemunho que Mohammad (SAAWS) é Seu servo e mensageiro, o escolhido dentre Suas criaturas; divulgou a mensagem, zelou por aquilo que lhe foi confiado, aconselhou o povo, aboliu a injustiça e se esforçou ao máximo pela causa de Deus. Disse O Profeta Mohammad (saaws):

“Sejam temerosos quanto à injustiça; pois em verdade a injustiça será a escuridão no dia do Juízo final.” Relatado por Muslim.

Eu como um muçulmano convertido pude sentir a honra, a glória, mas também já provei o abandono, o descaso e até o preconceito. Primeiro que não é fácil um brasileiro encontrar espaço para conhecer, estudar e praticar o islamismo. A primeira coisa que esbarramos é na língua, uma vez que o islam tem como idioma oficial o árabe. Não temos muitas opções de aprender esse idioma no Brasil. Ai nos valemos dos livros traduzidos, que na realidade são poucos e como encontrá-los é bem difícil, principalmente se você não reside perto de um Centro Islâmico.

Uma vez convertido, depois de enfrentar essas dificuldades os neófitos são recebidos com festa e recebem toda a atenção, principalmente dos líderes religiosos. Mas, nem tudo é festa. Devagar somos postos de lado e ai se inicia a sensação de abandono. Se realmente o convertido não recebeu um convite de Allah SW ele acaba se afastando da religião e retornando às suas origens.

Essa situação ainda é pior para as mulheres. É bem verdade que algumas se utilizam do islam por acharem as roupas, o hijab interessante e até na esperança de encontrar um companheiro. Existe a impressão que todo árabe, indiano etc, são ricos. Mas, na maioria elas são bem intencionadas e as vezes caem em verdadeira ciladas e falsas promessas.  Sabe por que? Porque existem muçulmanos e muçulmanos... O que é isso? Bem, o verdadeiro muslim compreende que o Islam é uma religião universal, mas, existem aqueles que acreditam que o Islam é uma religão dos árabes. O que é um grande erro, uma vez que, hoje os árabes não ultrapassam os 360 milhões e o Islam possui cerca de 1 bilhão e 600 milhões de seguidores em todo o planeta. Mas de qualquer forma muitas vezes somos vistos, por várias razões, como religiosos de segunda categoria.

Irmãos e irmãs brasileiros, todo o cuidado é pouco. Quando apredemos as verdades do islam, acreditamos que todos os muçulmanos andam de acordo com o aprendizado, o que não é verdade. Então precisamos avaliar bem e fazer valer a nossa condição de muslim, mesmo não sendo árabe, paquistanês, indiano e mesmo não dominando o idioma árabe. O islamismo é de todos aqueles que o abraçaram como religião e não podemos esquecer que Allah SW é poliglota, ou seja, ele entende todos os idiomas.

Para ilustrar nossos esclarecimentos, gostaria de que lessem com atenção esse artigo, retirado do site Unicidade e Luz http://unicidadeeluz1.wordpress.com/?tag=artigos, escrito por uma irmã de nome Chaimae Agdaou, a qual peço licença em nome de Allah para repassar aos nossos leitores, vamos ao artigo.

Um dos piores sentimentos que uma pessoa pode experimentar Na sua vida é o sentimento de decepção, é inevitável a dor indescritível que sentimos perante este sentimento, ele não sossega por nada, com nada, especialmente se ele está relacionado com o parceiro, achando que aquela pessoa em quem nós depositamos confiança e até mesmo as nossas esperanças, simplesmente nos derruba. A traição vai além do que os outros possam perceber ou entender como tal, para muitos uma traição não é tão forte se não for palpável, sem duvida os problemas de traição estão muito além de qualquer coisa que não possamos ver. Existem muitos assuntos proibidos relacionados com a traição, como violar a honra e destruir a confiança com os demais. Não é à toa que hoje a taxa de traição principalmente entre os casais é alarmante, embora as estatísticas negativas ainda estejam inclinadas para o homem, porém este não é o tema em questão.

Creio que muitas irão concordar comigo sobre o fato de pelo menos uma de nós, pelo menos uma vez na vida já ouviu falar, ouso até dizer que viveu uma história de amor que, infelizmente, não terminou como nos contos de fadas, ou seja, felizes para sempre. Infelizmente esta realidade não é estranha ao Islam, ou melhor, para nós muçulmanos, como sempre digo o Islam é claro, conciso, ou seja, ele é perfeito, o que realmente é imperfeito somos nós os muçulmanos. Como é do conhecimento de meus achegados, por muitos anos tenho estado interada nos assuntos da mesquita e dos muçulmanos, o que me permitiu não só conhecer alguns dos assuntos internos de minha comunidade, inclusive muitos outros, da mesma forma temos compartilhado notícias felizes como também dor e a tristeza. Em profunda aflição ouvi uma e outra vez uma história que se repete muitas vezes, especialmente dentro das nossas comunidades, que é o tema dos casamentos entre irmãos e irmãs muçulmanos ou de árabes convertidos casando com meninas não muçulmanas aqui da América Latina. Dentro deles existem histórias belíssimas de amor onde compreensão e tolerância tem sido a marca desses casais que conseguiram sua felicidade para sempre, porém infelizmente são poucas as historias de felicidade.

Em contrapartida, podemos ver o lado negro desta, antes mesmo de falar sobre a posição clara e firme do Islam sobre o racismo: “Ó povo! Vosso Deus é um e vosso ancestral (Adão) é um.. Um árabe não é melhor do que um não-árabe e um não-árabe não é melhor do que um árabe, e uma pessoa vermelha não é melhor do que uma pessoa negra e uma pessoa negra não é melhor do que uma pessoa vermelha, exceto na piedade. [Musnad Ahmad, # 22978]. Infelizmente isto está sempre presente e é muito difícil de erradicar. É lamentável reconhecer quando esta existe dentro de nossas famílias e nossas comunidades, por vezes, uma das formas mais evidentes da sua nocividade pode ser sentida quando chega ao nosso conhecimento essas histórias em que um rapaz árabe (nacionalidade x) conhece uma garota latina – podendo ser muçulmana ou não. O Islam permite um muçulmano se casar com cristã e judia, também aos muçulmanos que deixassem elas praticarem a sua religião, mas ao mesmo tempo devem explicar o Islam para elas, Allah, o Todo-Poderoso diz no Alcorão (significado em português): “Hoje, estão-vos permitidas todas as coisas sadias, assim como vos é lícito o alimento dos que receberam o Livro da mesma forma que o vosso é lícito para eles. Está-vos permitido casardes com as castas, dentre as fiéis, e com as castas, dentre aquelas que receberam o Livro antes de vós [judeus e cristãos], contanto que as doteis e passeis a viver com elas licitamente, não desatinadamente, nem as envolvendo em intrigas secretas. Quanto àqueles que renegarem a fé, sua obra tornar-se-á sem efeito e ele se contará, no outro mundo, entre os desventurados.” [Al-Maida 5: 5].

Essa pessoa promete vilas e castelos, não quero expor nem julgar o motivo da sinceridade destas intenções, porque somente Allah Glorificado seja Ele, sabe o que ocultam os corações, como Ele mesmo fala no Alcorão Sagrado: “[Allah] Ele conhece os olhares furtivos e tudo quanto ocultam os corações”. [Al-Ghafir 40: 19].

Acredito que em muitos casos existiram boas e sinceras intenções, só que o destino tem desempenhado o seu papel, porém em 99% dos casos essas promessas foram como o sal na água, e citarei como exemplo o caso de uma menina muçulmana, jovem e recém-convertida que começou a frequentar regularmente a mesquita em sua cidade. Ela conheceu um rapaz árabe que conseguiu entrar em contato com ela através do marido de uma irmã casada e, através de conversas que tiveram ao longo do tempo firmaram um compromisso. O rapaz começou a falar com a família da menina sobre sua fé, da sua religião e de sua firme convicção de constituir uma família dentro dos melhores parâmetros, todos eles aparentemente maravilhosa, até que era hora de conhecer a família do rapaz em seu país de origem, onde os problemas realmente começam. Como antes eram promessas que iam e vinham e agora são só desculpas que preenchem o espaço, desculpas desde o pedir um tempo para se preparar, chamadas não atendidas quando estão com um parente próximo onde poderia contar a seus pais toda a verdade sobre as intenções do novo casamento com a menina, propostas indecentes sobre um casamento em segredo mesmo sabendo que muitas famílias árabes e até mesmo outras culturas, como a Índia e o Paquistão não vêem com bons olhos os seus filhos se misturem com outras etnias, inclusive usando adjetivos prejudiciais para desmerecer e rebaixar outras etnias. Tudo isso porque o não árabe, o não hindu não, etc. são considerados como uma segunda categoria, porém é importante salientar que isso NÃO deve e NEM pode ser generalizado.

Entre os piores casos estão aqueles em que a garota só é tomada, usadas e descartada, onde essas promessas são apenas para chegar a um “casamento halal” – melhor seria usar o termo “relação halal” na qual claramente nunca foi a intenção de estabelecer uma família – em todos estes casos o casamento serve somente para apaziguar a consciência daqueles que não desejam sentirem-se culpados de ter relações ilícitas, porém rejeitando a verdadeira importância do matrimônio, assim como o ignorar o quão é abominado o divórcio para Allah, Glorificado seja, tão claramente retratado no hadith: quando o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) disse: “O mais detestável do licito perante Allah é o divórcio” [Citado por Abu Daud]. Isso nos indica que o divórcio NÃO É UM BRINQUEDO, por isso o Islam ordena que seja levado muito a sério o casamento, utilizando a separação somente em casos extremos e saibamos dominar esta ação em determinados momentos. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) disse: “Deus amaldiçoe a todos “zawaq”[1], e ao que se divorcia constantemente”. Também disse: “Existem três coisas de alta seriedade e se forem levadas na brincadeira possuem conseqüências sérias: o matrimônio, o divórcio e a reconciliação”.

É um tema muito sério, que infelizmente deixou um grave impacto sobre muitas mulheres jovens (muçulmanos ou não). A decepção não distingue raças, sexos, nem tampouco mede suas consequências, enquanto para alguns é uma vitrine para os outros é a dor na sua maior expressão. Diz-se que a trapaça é uma arte que todos nós possuímos e, portanto, devemos perdoar, e haverá muitas desculpas para enganar e muito pouco de coragem moral para enfrentar a realidade. Os seres humanos são fracos demais perante suas próprias paixões e desejos como nós mostra Sagrado Alcorão (significado em português) : “…porque o homem foi criado fraco”. [An-Nissa’ 4: 28].

Pergunte a si mesmo: “O que seria daquelas essas meninas que neste momento estão, vivendo de amor inseguro, desconfiadas de tudo e de todos e devido a isso seu coração endureceu; o que seria delas se eles tivessem falado a verdade?”. As relações humanas não são um brinquedo apesar de que todos têm o direito de se relacionar, porém nem todos possuem a maturidade para manter essas relações no contexto justo. Existem sempre aqueles que dizem “é errando que se aprende”; será por isso que existe no momento essa grande quantidade divórcio injustificada?

Os danos morais são muito difíceis de se superar, porque a dor, angústia, sofrimento físico ou espiritual na pessoa enganada pode chegar a modificar o espírito, interferindo no desenvolvimento da sua capacidade no entender, querer ou sentir, fazendo com que a pessoa se torne diferente daquilo que ela era antes do fato. Como conseqüência deste prejuízo emocional, a pessoa tem uma enorme anímica e espiritual tornando-se altamente frágil e sensível. A traição é um jogo onde traidor perde a consciência e a razão, e não se dá conta que esta jogando contra ele mesmo.

Disse Allah no Alcorão (significado em português): “Ó vós que credes, cumpri com as vossas obrigações [convênios e acordos entre vós e Allah]”. [Al-Maida 5: 1]. Uma promessa não é uma palavra vazia falada por acidente sem a intenção de cumpri-la como muitos muçulmanos fazem hoje. É uma responsabilidade muito séria pela qual seremos questionados por Allah (significado em português): “Cumpri o pacto com Allah, se houverdes feito, e não quebre sua promessa depois de haverdes jurado solenemente,”. [An-Nahl 16: 91]. Quando um muçulmano dá a sua palavra deve entender que a promessa não é apenas um compromisso frente a essa pessoa, vai além de um acordo com Allah, Glorificado seja, por isso o seu cumprimento é uma obrigação independentemente das circunstâncias (significado em português): “Ó vós que credes, por que dizeis o que não fazeis? É enormemente odioso, perante Allah, dizerdes o que não fazeis”. [As-Saf 61: 2-3]. Vemos quão detestável é perante Allah, Glorificado seja, aqueles que usam simples palavras sem que dentro do seu coração tivesse a intenção de cumprir com seus juramentos, como prometer amor, fidelidade e proteção a uma mulher apenas para obter os seus desejos e agradar as paixões carnais. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) disse: “Os sinais de um hipócrita são três: Quando fala, diz mentiras. Quando promete, não cumpre. Quando lhe é dada confiança, ele trai”. Segundo a versão narrada por Muslim, ele (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele), acrescenta: “Apesar de orar, jejuar, e achar que é um muçulmano”.

As irmãs devem ter seus sentidos muito bem alertas no momento de serem pretendidas por algum irmão, devem ler e aprender sobre o Din essa é a única maneira de nos protegermos desses hipócritas. Apenas com a busca do conhecimento correto e seu devido entendimento, fará com que seja mais difícil temos os nossos direitos violados. Assim quando um desses traiçoeiros for até uma menina e ao observar que os valores e os conhecimentos dela sobre o Din são elevados, ele imediatamente recuará porque saberá que é uma mulher dentre as tementes em Allah, uma verdadeira crente, e não irá ceder frente suas sedutoras palavras e promessas cheias de engodo. A muçulmana deve pedir e suplicar a Allah, Glorificado seja, que aumente sua fé e conceda forças a seu Din, aprenda e desenvolva a humildade, olhar mais para a essência espiritual do que a efêmera banalidade da Dunia (vida terrena), gostar e ser firme em seus valores morais islâmicos, respeitar e orgulhar-se de ser muçulmana e Latina e não querer ser algo que em realidade não é.

Aos irmãos… Temam Allah, Glorificado seja, como deve ser Temido. Temam Allah, Glorificado seja, e Suas palavras contidas em Seu Livro Sagrado, assim como a sabedoria que herdamos de nosso Profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) e seus predecessores piedosos (As-Salaf Salihin), que devem ser marcadas a fogo no coração de cada crente. Que esta realidade seja também conhecida por aqueles que dão sua palavra, porém logo se afastam da mesma. Por aqueles que brincam com os sentimentos alheios e quando lhes é confiado um segredo traem essa confiança. Que todos estes que cometem tais coisas, saibam muito bem que estão dentre os hipócritas, embora jejuem, orem e clamem ser muçulmanos.

Lembrem-se! Os hipócritas (munafikun) estarão nos níveis mais baixos do Inferno.

[1] É o casamento com desejo secreto de se separa após um determinado tempo ou querer se divorciar de sua esposa sem uma razão justificável para se casar com outra mulher.

Irmãos o tratamento de um muçulmano revertido como um muslim de segunda categoria é uma das maiores injustiça que se pode cometer contra ele e contra o islam.

Caros irmãos a injustiça tem como consequência um castigo doloroso para o individuo e para sociedade.


ALLAH louvado seja jurou dizendo: “Juro pela Minha majestade que vingarei do injusto, cedo ou tarde, e me vingarei daqueles, que mesmo vendo alguém ser um injustiçado, mesmo podendo, não os  protegeram”.

Caros irmãos de fé devemos ser temerosos quanto à prece de um injustiçado, pois entre a sua prece e ALLAH não á obstáculo algum.

O Mensageiro de ALLAH (saaws): recomendou a Muadhz bin Jabal antes de se dirigir ao Yamen para governá-la:

Subhanna Allah, Al hamidulillah e Alahu Akbar!

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Fairuz al Dailami (Sahaba=Companheiro do Profeta)

O Fairuzé um homem abençoado, vindo de uma família de gente abençoada.”


(Dizer do Profeta {SAAS})

Na volta da sua peregrinação de adeus, o Profeta (SAAS) caiu doente. A notícia da sua enfermidade correu feita relâmpago por toda a Arábia. Muitas pessoas, acreditando que um profeta não morria, apostatou do Islam. Três indivíduos de diferentes regiões se puseram em pauta com reivindicação à profecia, dizendo aos seus povos que Deus os havia enviado, assim como havia enviado a Mohammad (SAAS) ao Coraix. Eram eles Al Aswad al Ansi, do Yêmen, Musaylima, de Al Yamama, e Tulayahak al Asadi, dos Banu Asad.

Al Aswad al Ansi era um charlatão que reivindicava ser um clarividente. Era consistentemente formado, fisicamente, e possuia uma natureza obscura e irascível, a qual habilidosamente ocultava. Sempre aparecia perante o povo usando um véu, com o fito amortalhar-se numa aura de grandesa e mistério. Sua eloqüência fazia oscilar as mentes daqueles que o ouviam, e ele era destro em manipular as pessoas comuns; e aqueles que não se deixavam levar facilmente por ele, por cusa das suas próprias sofisticações, eram aliciados pela riqueza e pelo poder que ele lhes oferecia. Naquele tempo, o poder político era exercido pelos indivíduos de “sangues mistos”, conhecidos como al abná (os filhos). Estes eram rebentos de pais persas que migraram dos seus países para o Yêmen e se casaram com mulheres árabes. O líder deles, o Bazan, tinha sido o vice-rei do Cosroé, no Iêmen, no tempo em que esse país era uma província do império sassânida. Quando o Bazan ficou convencido da verdade da mensagem do Profeta (SAAS), separou-se do império de Cosroé e levou o seu povo para a religião do Islam. O Profeta (SAAS) havia reafirmado a autoridade do Bazan sobre o povo do Iêmen, e ele permaneceu no poder até à morte, um pouco antes da ascensão à proeminência de Al Aswad al Ansi. Naquele tempo, um dos líderes dos al abna era o Fairuz al Dailami.

Os primeiros a se aliarem ao culto do Al Aswad al Ansi foram os da sua própria tribo, os Banu Madhij. O culto atacou primeiramente a cidade de Sanaa, onde os seus componentes mataram o governador, Shahr, filho de Bazan. A viúva de Ahahr, cujo nome era Adhada, foi levada para a cama de Al Aswad al Ansi, que a “desposou” pela força.

Usando a cidade de Sanaa como base, Al Aswad al Ansi atacou outras regiões, que sucumbiram sob a inesperada força da sua agressão. Num surpreendente espaço de tempo, ele havia ganho o controle da área que fazia fronteira com o Hadhramawt ao sul, com Taif ao norte, com Bahrain ao leste, e Al Ahsa ao oeste.

O fato de ser um sagaz charlatão era o grande fator do sucesso de Al Aswad al Ansi. Ele era assistido por um bando de apoiadores que diziam que ele era ministrado por um anjo do Céu que lhe revelava segredos metafísicos. Eses mesmos assistentes atuavam para ele como uma rede de espionagem que se infiltrava na vida íntima das pessoas. Os espias relatavam a Al Awad os segredos e as preocupações pessoais das pessoas, seus problemas, desejos, e suas esperanças. Al Aswad mandava chamar essas pessoas, e as confrontava com os assuntos que elas achavam não serem do conhecimento de ninguém. Ele fazia ainda simples truques de mágica que faziam reforçar a impressão das pessoas comuns de que ele de fato possuia poderes espirituais. Desse modo, ele foi capaz de obter o apoio de muitos, e gradativamente ganhava poder, sendo que o interesse no seu culto se espalhou como relâmpago.

Logo que o Profeta (SAAS) ouviu coisas sobre a apostasia de Al Aswad al Ansi, e do seu golpe, no Yêmen, enviou cerca de doze dos seus companheiros com cartas para os primeiros iemenitas convertidos ao Islam. O Profeta (SAAS) antecipava a expectativa de que aquelas pessoas iriam constituir a mais positiva força contra o culto, e, na carta, as exortava a permanecerem fiéis e firmes, face à onda que infeccionava as pessoas qual pestilência. Ele ordenou a elas que usassem a ingenuidade do povo para porem fim ao mal que causava Al Aswad al Ansi.

O Profeta (SAAS) estava correto na sua expectativa pois todos os correspondidos responderam positivamente às suas cartas, declarando suas iminências em combater ativamente o culto. A primeira pessoa a fazer isso foi o herói na nossa estória, o Fairuz al Dailami, juntamente com os Al Abna, que eram seus aliados. Os historiadores têm preservado o relato do testemuho ocular dos eventos que lhes foram dados por ele.

A narrativa do Fairuz al Dailami

Os Abna, que eram meus aliados, e eu jamais duvidamos por um momento de que a religião de Deus era a única e verdadeira religião. Nenhum de nós levava em consideração a crença no inimigo de Deus, Al Aswad al Ansi. Estávamos apenas à espera de uma chance para o agarrarmos e nos livrarmos dele, por todos os meios.

Então o Profeta (SAAS) enviou cartas para nós e para os primeiros crédulos do Iêmen. Aquilo nos forneceu a solidariedade de que precisávamos para agirmos de maneira organizada.

Naquela altura, Al Aswad al Ansi havia atingido o zênite do seu poder. Ébrio com o orgulho do seu sucesso, começou até a tratar os seus apoiadores, que o levaram ao poder, com arrogância e rudeza. Foi tão frio no seu tratamento quanto ao Cais b. Abd Yagus, o líder do seu exército, que este começou a temer que iria cair vítima de um ato de traição. Eu fui visitar o Cais, levando comigo o meu primo Dadhaway, e o informamos da nossa correspondência com o Mensageiro de Deus (SAAS). Nós convidamos o Cais a se juntar a nós para golpearmos Al Aswad, antes que fosse tarde demais. Ele nos respondeu com alívio, revelando-nos os seus temores, e tratando-nos como se tivéssemos sido enviados do Céu. Nós três juramos dirigir nossos esforços no sentido de atuarmos contra o charlatão renegado, estando do lado de dentro, enquanto nossos camaradas iriam lidar com ele, estando do lado de fora. Decidimos ainda trazer para a aliança a minha prima Adhada, que tinha sido forçada a casar-se com Al Aswad al Ansi, depois que este havia assassinado o Shahr b. Bazan, seu legítimo marido.

Fui ao palácio de Al Aswad al Ansi visitar a minha prima Adhada, e lhe disse:

“Prima, não é preciso que eu te relembre o mal e a injúria que esse homem tem causado a ti e a nós. Ele assassinou o teu marido e muitos homens do teu povo, e tem violentado muitas mulheres. Ele se arroga o poder sobre todos nós.

“Nós recebemos cartas do Mensageiro de Deus (SAAS), dirigidas a nós, emparticular, e ao povo do Iêmen, em geral. Ele nos anima a pormos um fim a esta desordem civil. Estás tu disposta a nos ajudar?”

“Ajudar-vos em quê?” Perguntou ela.

“A tirarmo-lo do poder”, respondi.

“Ajudaria até mesmo a matá-lo”, ela disse.

“Isso mesmo que eu queria dizer”, disse eu, “mas tive medo de dizer, assim de chofre.”

“Juro por Aquele Que enviou a Mohammad, em verdade, como um admoestador e portador das boas-novas, que nunca tive um momento de dúvida quanto à verdade da minha religião. Para mim, Deus jamais criou um homem mais odioso do que esse demônio. Desde o momento em que o vi, soube que se tratava de um pecador desavergonhado, sem nenhum respeito pelos direitos das pessoas, ou escrúpulos quanto às malfeitorias,” disse ela.

“Pois bem, então, sabes como poderemos pôr um fim a ele?” Perguntei.

“Ele é muito cauteloso e está sempre vigilante”, ela disse. “Todos os locais do palácio estão cheios de guardas. Contudo, há uma velha e abandonada despensa com uma parede externa que dá para terreno aberto, num determinado lugar. Quando cair a noite, podereis cavar um túnel sob ela, e aí podereis pegar armas e uma lanterana, que estará pronta para vós. Eu irei esperar para vos guiar até aonde ele dorme, e podereis ir pegá-lo.”

“Não irá ser facil fazermos um túnel para dentro do cômodo, neste castelo”, eu argumentei. “Alguém poderá pasasar por perto, ver-nos, dar o alarme e alertar os guardas; e isso iria ser o fim de tudo!”

É verdade”, ela disse. “Tu não estás errado. Ouve, eu tenho outra idéia. Manda até mim alguém, em que tu confias, vestido como criado. Eu farei com que ele cave o túnel, de dentro para fora, deixando apenas um pequeno trecho para cavardes. Quando cair a noite, podereis romper facilmente a extremidade do túnel.”

Essa é uma ótima idéia!” concordei. Afastei-me dela, e informei os meus dois aliados do meu acerto com minha prima. Eles disseram amém à idéia; então nos pusemos a campo para os preparativos quanto ao plano. Informamos aos crédulos que nos eram achegados sobre a senha que iríamos usar, e lhes dissemos que iríamos encontrar-nos no palácio, na madrugada da manhã seguinte.

Tão logo a noite se tornou bem escura e quieta, e a hora que fixamos era chegada, meus companheiros e eu fomos para o local onde estava o túnel, e o pusemos a descoberto. Entramos através dele, entramos no compartimento, pegamos as armas e acendemos a lanterna. Eis que saímos à procura do inimigo de Deus. Encontramos a minha prima à porta do quarto dele. Ela fez sinal para mim, e eu entrei e o encontrei dormindo profundamente, roncando. Sem hesitar, eu fui até ele, e o esfaqueei na garganta. Ele começou a berrar e a se debater feito um camelo ao ser abatido, coisa que despertou a atenção dos guardas. Alarmados, acorreram depressa, mas a minha prima os deteve na porta, como se tivesse acabado de acordar.

“Podeis ir em paz”, disse ela, de modo angelical. “O nosso divino está a receber um revelação do Senhor!” Convencidos, eles se foram.

Nós esperamos até à madrugada no palácio, e então eu fui para os baluartes, e gritei:

“Allahu akbar, Allahu akbar...”, e continuei a recitar o adhan3, dizendo:

“Presto testemunho de que não há outra divindade além de Deus, e presto testemunho de que Mohammad é o Mensageiro de Deus, e presto testemunho de que Al Aswad al Ansi é um charlatão”, que era a senha.

Os muçulmanos encheram o palácio, vindos de todas as direções, caçando os guardas, que saltavam em espanto ao ouvirem o azan. Então eu peguei a decepada cabeça de Al Aswad al Ansi e a atirei, de onde estava, para o meio dos apoiadores. À visão dela, eles se desanimaram e pararam sua investida, enquanto os muçulmanos gritavam: “Allahu akbar!” Dominando rapidamente qualquer resitência, eles tomaram posse do palácio, antes mesmo que o sol se levantasse.

3. Azan – o chamamento à oração, que é expedido publicamente, cinco vezes ao dia, para anunciar que é chegada a hora das orações ritualísticas.

Confome a manhã se tornava mais brilhante, nós despachamos uma carta para o Mensageiro de Deus (SAAS), dando-lhe a boa notícia da morte do inimigo do Senhor. Quando os mensageiros chegaram a Madina, souberam que o Profeta (SAAS) tinha morrido na noite anterior.

Porém, eles também souberam que a notícia que eles portavam já havia sido comunicada ao Profeta (SAAS) por um mensageiro velocíssimo, o anjo Gabriel, que o informou da morte de Al Aswad al Ansi, na mesma noite em que cumpríramos a nossa missão. Ele disse para os seus companheiros:

“Eis que Al Aswad al Ansi foi morto na noite passada. Foi morto por um homem abençoado, procedente de gente abençoada.”

“Quem é ele, ó Mensageiro de Deus?” perguntaram seus companheiros.

“O Fairuz”, ele disse. “O Fairuz teve sucesso, e condisse com sua fé!”

“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

Asalamo Alaikom WA WB,

Por: Omar Hussein Hallak