quinta-feira, julho 30, 2015

Descoberto um dos fragmentos do Alcorão “mais antigos”, pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. na Universidade de Birmingham, Reino Unido. 23/07/2015 - Autor: Redacción – Fonte: Canal de Noticia – Traduzido por: M. Yiossuf Adamgy Fonte: http://www.birmingham.ac.uk/news/latest/2015/07/quran-manuscript-22-07-15.aspx

O documento veio a lume quando um investigador de doutoramento quis examinar mais de perto as páginas e decidiu submetê-las a uma análise de radiocarbono.

Isso permitiu descobrir um dos mais antigos fragmentos do Alcorão, o Livro Sagrado do Islão, na Universidade de Birmingham, Reino Unido.

Segundo a análise de radiocarbono, o manuscrito tem, pelo menos, 1370 anos de antiguidade, o que o torna um dos primeiros textos do Alcorão existentes.

De acordo com peritos, o autor pode ter conhecido e ouvido o Profeta Muhammad (p.e.c.e.). As páginas dos escritos sagrados muçulmanos estiveram quase um século na biblioteca da Universidade sem serem reconhecidos. 

O doutor Muhammad Isa Waley, perito neste tipo de manuscritos da Biblioteca Britânica, disse tratar-se de uma “descoberta emocionante” que encherá de “alegria” os Muçulmanos.  

Testemunho em primeira mão 

O manuscrito encontrava-se dentro de uma coleção de livros e documentos do Médio Oriente, sem ter sido identificado como um dos mais antigos fragmentos do Alcorão do mundo.

Veio a lume quando um investigador de doutoramento quis examinar mais de perto as páginas e decidiu submetê-las a uma análise de radiocarbono, com resultados “surpreendentes”.

A diretora de coleções especiais da Universidade, Susan Worrall, declarou que “nem em sonhos” se imaginava que fosse tão antigo.

“Descobrir que possuíamos um dos fragmentos mais antigos do mundo do Alcorão foi incrivelmente emocionante”.

A análise, realizada com a Unidade de Acelerador de Radiocarbono da Universidade de Oxford, revelou que os fragmentos, escritos em pergaminhos de cabra ou cordeiro, estavam entre os textos mais antigos existentes do Alcorão. 

Os resultados indicaram, com uma probabilidade superior a 95%, datas que oscilam entre os anos 568 e 645.
“Poderiam remontar-nos a poucos anos da atual fundação do Islão”, disse David Thomas, professor de Cristianismo e do Islão da Universidade.

“De acordo com a tradição Muçulmana, o Profeta Muhammad recebeu as revelações que formam o Alcorão, as sagradas escrituras do Islão, entre 610 e 632, ano da sua morte”.

O professor Thomas referiu a data dos fólios de Birmingham pode significar que a pessoa que os escreveu viveu ao mesmo tempo que o Profeta Muhammad.

“A pessoa que os escreveu pode muito bem ter conhecido o Profeta Muhammad. Viu-o, talvez o tenha ouvido pregar. Pode tê-lo conhecido pessoalmente, o que é uma ideia realmente evocatória”, disse.

Outros textos antigos

Thomas explicou que algumas passagens do Alcorão foram escritas em pergaminhos, pedras, folhas de palmeira e omoplatas de camelo. A versão final, compilada em forma de livro, foi concluída por volta de 650.

Acrescenta que “as partes do Alcorão escritas nestes pergaminhos podem, muito certamente, datarem de menos de duas décadas após a morte de Muhammad”.

“As partes deveriam aproximar-se imenso à forma em que o Alcorão é lido atualmente, apoiando a tese que o texto sofreu poucas ou nenhumas alterações e que pode ser datado a um ponto muito próximo do momento em que se acredita ter sido revelado”.

O manuscrito está escrito em hijazí, uma forma primitiva do Árabe escrito, o que o cataloga como um dos mais antigos fragmentos do Alcorão.

Dado o fato da datação por radiocarbono originar uma série de possíveis datas, existem alguns outros manuscritos em coleções públicas e privadas que se encaixam dentro desta seriação. 

Por este mesmo motivo, é impossível declarar que este manuscrito é, definitivamente, o mais antigo.

Todavia, a data mais antiga possível do descoberto em Birmingham, colocá-lo-ia entre os mais antigos.  

“Sobrevivente precioso”

O doutor Waley, restaurador deste tipo de manuscritos na Biblioteca Britânica, realça que “estes dois fólios, escritos numa bonita caligrafia hijazí, surpreendentemente legível, datam muito seguramente da época dos três primeiros Califas”.

Os três primeiros Califas foram líderes da Comunidade Muçulmana mais ou menos entre 632 e 656.
 
O doutor Waley disse que, aquando do terceiro Califa, Uthman ibn Affan, foram distribuídas cópias da “edição definitiva”.

“Durante décadas, a Comunidade Muçulmana não era suficientemente rica para acumular peles de animais e produzir uma cópia completa (do Alcorão), ou Mushaf, que exigia imensos pergaminhos”.

Waley indica que o manuscrito encontrado em Birmingham é um “sobrevivente precioso” de uma cópia dessa época que poderá até ser mais antiga.

“Em todo o caso, este, com a beleza absoluta do seu conteúdo e a surpreendente clareza da escrita hijazí, representa notícias que encherão de alegria os corações dos Muçulmanos”. 

O manuscrito é parte da Colecção Mingana, que contém mais de 3000 documentos do Médio Oriente compilados nos anos 20 por Alphonse Mingana, um sacerdote caldeu nascido perto de Mogul, no atual Iraque.

As viagens ao Médio Oriente para a recolha da coleção Mingana foram patrocinadas por Edward Cadbury, da dinastia da empresa de chocolates do Reino Unido.

A comunidade muçulmana em Birmingham expressou já o seu entusiasmo perante a descoberta e a Universidade anunciou que exporá publicamente o manuscrito. 

“Quando vi estas páginas fiquei muito comovido. Os meus olhos encheram-se de lágrimas de felicidade e emoção. E tenho a certeza que pessoas de toda a Grã-Bretanha virão a Birmingham para as ver”, disse Muhammad Afzal, presidente da Mesquita Central de Birmingham. 

O professor Thomas revelou que isto mostrará aos cidadãos de Birmingham que possuem um “tesouro incomparável”.

M. Yiossuf Adamgy - 30/07/2015