terça-feira, agosto 02, 2011

RAMADAN-TERCEIRA PARTE - TARAWI

Louvado seja ALLAH, Senhor do Universo. A ELE agradecemos, imploramos ajuda, a Ele retornamos arrependidos e solicitamos orientação. Testemunho que não há divindade a não ser ALLAH, Único e sem associados. Rogo a Deus que tal testemunho nos livre do fogo inferna

"Na verdade Eu sou Allah. Não há Deus além de Mim. Serve-Me pois e estabelece a oração para Minha recordação". Cur'ane 20:14 .

Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) costumava exortar os seus companheiros (Radiyalahu an-huma) para efectuarem orações facultativas à noite, durante o mês de Ramadan, sem contudo ordenar-lhes para rezarem como acção obrigatória e disse: “Aquele que observa a oração nocturna nas noites de Ramadan, com fé e com a esperança e a procura da recompensa (de Deus), todos os seus pecados serão perdoados”. Era esta a prática até o Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) morrer, e assim continuou durante o Califado de Abu Bakr e parte inicial do Califado de Umar. Muslim 4:1663.

No tempo do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), durante 3 noites, foi efectuada em congregação a oração do Tarawi. Na quarta noite, a mesquita estava cheia, mas o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), não apareceu para dirigir o Tarawi. Na manhã seguinte informou-os de que não apareceu para não tornar compulsória a referida oração. A partir daí as pessoas observaram a oração individualmente ou em pequenos grupos, quando as condições assim o permitiam. Ainda não foi no tempo do Califa Abu Bakr (Radiyalahu an-hu), que foi instituída a oração de Tarawi em congregação. Tinha havido alguma instabilidade no país, pelo que seria difícil reunir todos para a realização do Tarawi. No Califado de Umar (Radiyalahu an-hu), com a paz e a ordem no país, foi decidido criar condições para que o Tarawi fosse feito em congregação.

Porque o Califa Umar (Radiyalahu an-hu), não era um legislador de Deus e o tempo da revelação já tinha terminado, o Tarawi não se tornou um acto obrigatório, como se tornaria se fosse feito continuadamente no tempo do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam).

O Tarawi é outra acção meritória a ser efectuada durante o mês de Ramadan. É uma oração especial nocturna, em congregação, efectuada imediatamente após a oração de Ishá, antes do witr. Na maioria dos países, incluindo na Cidade Santa de Maka, consiste em 20 rakates, orientados por Hafez Cur’ane (que têm o Livro Sagrado decorado). Ao longo do mês de Ramadan, de dois em dois rakates (ciclos de oração), recitam o Cur’ane. Noutros países, o tarawi diário é feito com 8 rakates. O Tarawi é “Sunnah Mu’akkaddah” (Sunah insistido), pelo que todo o crente o deve fazer. É alal – kifayah, isto é da responsabilidade de todos os residentes da localidade.

Devem ser criadas condições para que em todas as Mesquitas da localidade, se efectue a oração em congregação. Abu Darda (Radiyalahu an-hu) referiu que ouviu o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) dizer: “Se ocorrer encontrarem-se (inclusive) três pessoas numa localidade, num deserto ou numa selva, e não rezarem em congregação, Satanás seguramente os dominará. Por isso recorrei às orações em congregação, porque o lobo devora a ovelha solitária”. Abu Daoud. Caso o Tarawi não se efectue, cada um dos residentes será responsabilizado pelo facto. Se forem criadas as condições, os crentes que efectuarem a referida oração nas suas casas, estarão livres da responsabilidade. No entanto, verão as suas recompensas diminuídas.

Se por qualquer motivo chegarmos atrasados na Mesquita e se encontrar a decorrer o Tarawi e ainda não termos efectuado a oração de Ishá, antes de nos juntarmos à congregação, devemos primeiro e individualmente, efectuar a oração de Ishá. Depois juntamo-nos ao Jamah e no final, também individualmente, devemos completar os rakates de tarawi em falta.

Em anexo, segue, um duá / tassbi, produzido no ano passado pela “Revista Al Furqan”, para ser recitado nos intervalos do Tarawi (de 4 em 4 rakates). Pode ser listado como “cábula”, até o conseguirmos decorar. Façam o favor de o reencaminhar, para que todos possam beneficiar desta iniciativa.

Cumprimentos

Por: Abdul Rehman Mangá Maputo Moçambique - Africa

RAMADAN -SEGUNDA PARTE

Louvado seja ALLAH, Senhor do Universo. A ELE agradecemos, a ELE imploramos ajuda e a ELE solicitamos orientação. Testemunho que não há divindade a não ser ALLAH, Único e sem associados.

Diz ALLAH O ALTÍSSIMO na surat ANNISSÁ 40:

“Deus não frustrará ninguém, nem mesmo no equivalente ao peso de um átomo; por outra, multiplicará toda a boa ação e concederá de Sua parte, uma magnífica recompensa.”

Qualquer ação do crente, deve ser precedida duma intenção (niyyah). Ao iniciar o jejum diário, deve proclamar intimamente, a intenção de que vai fazer o jejum (obrigatório) do Ramadan.

Também pode proclamar a niyyah verbalmente. Pode ser na sua própria língua, ou em Árabe, utilizando, por exemplo, a seguinte intenção:

“NAWAITU SAUMA GHADIN AN ADAI FARDI RAMADHANA LI HAZINIS SANAH LIL LA HI TAÃLÁ”.

A pequena refeição da madrugada, o Sheri / Suhur, que é tomada antes de se iniciar o jejum, é cheia de bênçãos, da parte do nosso Criador. Anas Bin Malik (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi assalam) disse:

“Lançai mão da consoada (do suhur), porque há bênçãos nesse acto”. Bukhari e Muslim. Assim, permite-nos passar o dia de jejum mais confortáveis, com mais forças para suportarmos o trabalho diário. Um corpo forte é melhor do que um corpo fraco”.

Acordar nessa hora, implica um certo sacrifício, depois de um dia de jejum e das orações nocturnas. No entanto, com este sacrifício, teremos muitos benefícios, conforme disse o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam):

“Na verdade, Allah e Seus anjos, enviam bênçãos para aqueles que comem no Sehri”.

Relato de Hazrat Ibn Umar (Radiyalahu an-hu). Se não tivermos apetite para uma refeição ligeira, pelo menos, devemos beber água. A diferença entre o nosso jejum e o jejum dos Povos do Livro (Ahli Kitab), é entre outros aspectos, devido ao Sheri / Suhur, que eles não o fazem. É altura ideal para acordar, fazer as orações facultativas (Tahajjud), fazer duá, comer e fazer a primeira oração da manhã (Fajr).

Sendo o Ramadan, o mês de jejum, deveríamos ser mais contidos na alimentação. Infelizmente, para alguns, é o mês de gastos excessivos, consumindo no iftar comidas especiais e dispendiosas. Comer muito no Iftar, provoca o desconforto e encontramos a nossa própria justificação para não fazer as orações noturnas, nomeadamente o Tarawi e de praticar outro tipo de adoração. O Islão recomenda-nos deixar vazio, um terço do nosso estômago.

Todos os excessos, são contrários não só aos princípios deste mês sagrado, como também na vida de um crente. Em alguns países, chega-se ao cúmulo de, neste mês sagrado, haver um aumento no consumo de alimentos (nomeadamente o açúcar), de electricidade e de medicamentos (devido ao consumo excessivo de alimentos). Anas Bin Malik (Radiyalahu anhu) referiu que uma vez foi servida uma comida especial.

Quando Anas começou a comer, manteve um pedaço na boca durante algum tempo e depois olhou para as outras pessoas e começou a chorar. Depois justificou-se, dizendo:

 “Por Allah, acompanhei pessoas que se tivessem oportunidade de terem esta comida, teriam jejuado mais frequentemente. Um deles encontraria somente leite misturado com agua (como comida), que beberia e começaria a jejuar”. –Al-Mu’afa Bin Imran – Kitab Al-Zuhd, nº. 125.

Quando chegar a hora do iftar (final do jejum diário), sem demoras, devemos preocupar-nos em quebrar o jejum, de preferência com água e tâmaras. “Assim disse Deus, Todo- Poderoso, Senhor da Glória: “Dentre os meus servos, prefiro aquele que se apressa em quebrar o jejum”. Dito do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), Bukhari e Muslim. Nos minutos que antecedem à hora do iftar, devemos fazer duá (prece), pedindo a Deus tudo o que é bom para nós. para os nossos familiares e para a Umah em geral (não se esqueçam dos falecidos).

O duá para quebrar o jejum, pode ser feito na nossa própria língua, ou por exemplo:

“ALAHUMMA LACA SAMTÚ WABICA ÁMANTÚ WA ÃLÁ RIZQUIKA AFTARTÚ” (Ó Allah, eu jejuei para Ti, em Ti eu acreditei (e acredito), em Ti eu depositei a minha confiança e com a Tua provisão, eu quebro o meu jeum).

Hazrat Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Há três tipos de pessoas cujas preces (duás) são aceites:

1)- o jejuador, na altura do iftar;

2)- o rei justiceiro; e

3)- o oprimido”.

Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse:

“Quando alguém comeu ou bebeu, esquecendo-se que está de jejum, deve continuar o jejum até ao fim, porque (comendo ou bebendo por engano), significa que Deus lhe deu de comer e de beber.”Bukhari e Muslim.

No entanto se alguém, sabendo que está de jejum, mas por engano da hora do iftar, comeu ou bebeu, antes da hora regulamentar, deverá repetir o jejum, depois de terminado o mês de Ramadan.

O Suhur / Sehri, deve ser atrasado, de preferência, até ao limite da hora, no momento em que se inicia a primeira oração da manhã (Al Fajr). “….e comei e bebei até à alvorada, quando o fio branco se distinga para vós do fio preto, então completai o vosso jejum até aoanoitecer….” Cur’ane 2:187.

O Iftar (o quebrar o jejum) deve ser efetuado imediatamente na hora prescrita, quando se inicia a oração do entardecer (Magribe). Seguindo estas recomendações do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), o crente cumprirá o dia de jejum ainda mais confortável.

Aproveite este mês sagrado para aumentar a “Sadaka” (a caridade facultativa), oferendo gêneros alimentícios aos necessitados, de modo a terem um iftar condigno. Compartilhe também o com amigos, familiares e outros crentes e ganhe a satisfação de Deus.

“Anas (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) visitou Saad Ibn Ubada (Radiyalahu an-hu). Este lhe ofereceu pão e azeite de oliva. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) comeu e disse:

“aqueles que jejuam, quebraram o jejum contigo, os virtuosos comeram do teu alimento e os anjos suplicaram por ti”. Abu Daoud).

Nota: Um comentário e uma curiosidade acerca deste ultimo hadice:

São conhecidos os benefícios do azeite de oliva. Em Itália, uma das entradas nas refeições, é constituída por pão com azeite de oliva. É uma tradição Italiana. Mas há mais de 1.400 anos que foi um dos alimentos do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) e dos seus Companheiros (Radiyalahu anhuma).

Preparados para receberem o hóspede? No hemisfério norte, aonde o verão ainda vai atingindo o pique e conseqüente maior tempo de jejum, com paciência, fé e confiança em Deus, será cumprido este terceiro pilar do islão. Daqui a cerca de 30 anos, In Sha Allah, será a altura do inverno.

Cumprimentos e um bom Ramadan para todos os muçulmanos da Terra.

Abdul Rehman Mangá – Maputo – Moçambique – África.

segunda-feira, agosto 01, 2011

Calendário islâmico

Calendário islâmico - Antes de Maomé (Muahammad), os árabes tinham um calendário lunar, que faziam concordar aproximadamente com o ano trópico, através de um sistema de intercalações, tomado de empréstimo à civilização helenística. No entanto, o Profeta condenou essa interferência com o curso natural da Lua, e impôs que fosse observado um calendário puramente lunar, sem intercalações. Daí, um ano de doze meses, com 354 ou 355 dias, que gera uma defasagem de 11 dias para cada ano solar, ou um ano a cada 31 anos. O mês muçulmano começa com a lua nova, que deve ser vista, em cada lugar, por dois crentes idôneos. Há um ciclo de 30 anos, com onze anos abundantes - isto é, de 355 dias -, e os restantes, de 354 dias. Devido a esses inconvenientes, diversos países muçulmanos adotaram uma modalidade do antigo calendário persa (Era de Djelaleddin).


A era de Djelaleddin, iniciada em 1079 dC na Pérsia, consistiu numa correção do antigo calendário zoroastriano, que no século V aC tomara como modelo, após o babilônio, o calendário egípcio tradicional de 12 meses de 30 dias e 5 dias epagômenos. Na Pérsia propriamente dita, esse calendário não fora alterado até o advento dos sassânidas (no século III dC). Corrigiram-no, então, somando-lhe um mês suplementar - que tomava a denominação daquele ao qual se acrescentava, com a indicação de "segundo" -, cada 120 anos. O ano começava a 16 de julho.

Depois da conquista árabe, que implantou o calendário muçulmano, o calendário zoroastriano continuou em uso em atividades particulares da maioria dos persas mas foi descuidada a intercalação. Assim, o início do ano passou por grandes defasagens; em 1079, acercava-se do equinócio de março. Djelaleddin, soberano persa muçulmano, restabeleceu o antigo calendário zoroastriano, com acréscimo de um sexto dia epagômeno a cada quatriênio.

Atualmente, o calendário islâmico ou muçulmano é assim dividido:

Mês Dias Significado do nome Transcrição

[1] Muhharram (30 dias) Mês sagrado Muharran

[2] Sáfar (29 dias) Mês da partida para a guerra Saphar

[3] Rabiá-al-áual (30 dias) 1º mês da Primavera Rabia-1

[4] Rabiá-a-Thâni (29dias)  2º mês da Primavera Rabia-2

[5] Jumáda Al-Ula (30 dias) 1º mês da seca Jomada-1

[6] Jumáda A-Thânia (29 dias) 2º mês da seca Jomada-2

[7] Rajáb (30 dias) Mês do respeito e da abstinência Rajab

[8] Xaaban (29 dias) Mês da germinação Shaaban

[9] Ramadan (30 dias)  Mês do grande calor Ramadan

[10] Xauál (29 dias) Mês do acasalamento dos animais Shawwâl

[11] Dhu Al-Qaáda (30 dias)  Mês do descanso Dulkaada

[12] Dhu Al-Hijja (29 dias)  Mês da peregrinação Dulheggia

A Era Muçulmana começou no ano em que o profeta Maomé emigrou, de Meca para Medina, a fim de escapar às perseguições de seus adversários e poder continuar a proclamar as Revelações, no ano 622 do calendário juliano/gregoriano. Esse é portanto o 1º ano da Hégira (nome dado à emigração do Profeta), ou 1 aH.

O segundo califa, sucessor do Profeta, Omar I - que governou de 634 a 644 -, estabeleceu como norma que o começo do ano deveria ser o dia 1º de Muhharram e que a contagem dos anos deveria começar pela Hégira, como prescrevia o Qur'an (Corão ou Alcorão). Assim, a Era Islâmica começou no dia 16 de julho de 622, que é o dia 1 de Muhahham do ano 1 aH.

Este calendário é lunar e não acompanha, por isso, as estações do ano, como os calendários solares. Assim, há fases em que o Ramadan cai no inverno, e outras em que ocorre na época mais quente do verão, o que torna a observância do jejum mais dura para os árabes, em regiões onde a temperatura chega normalmente aos 50ºC.

O calendário islâmico pode sofrer mudanças no transcurso de cada ano, em razão do sistema tradicional de determinação de certas datas pela observação visual da Lua. Em virtude disso, as autoridades islâmicas são obrigadas a introduzir ajustes compensatórios no ano seguinte, acrescentando ou subtraindo um dia da duração de certos meses, que podem portanto sofrer mudanças em sua duração.

Embora os métodos matemáticos da astronomia permitam determinar com exatidão o momento de ocorrência de cada evento, a tradição religiosa islâmica exige que certos feriados e festividades religiosas tenham seu início decretado por meio de observação pessoal dos astros celestes. Assim, são incertas algumas datas de importantes acontecimentos.

O Corão determina que os fiéis só iniciem o jejum do Ramadan após observarem, a olho nu, a lua nova que marca o dia 1º desse mês. A tradição estabelece que tal observação deve ser feita por duas testemunhas idôneas e piedosas, que comunicam o fato a autoridades islâmicas reconhecidas, as quais decretam, então, o início do período. No dia 29 do mês de Xaaban, as testemunhas perscrutarão o céu. Se a lua nova for vista, terá início o mês do Ramadan. Se não for, considerar-se-á que o mês Xaaban terá 30 dias e o Ramadan será adiado para o dia seguinte. O mesmo se aplicará à data do fim do Ramadan. Pela mesma razão, são também incertas as datas de início e a duração de alguns meses e, portanto, incerto todo o calendário. A própria duração do ano lunar pode ser de 354 a 356 dias, conforme o caso.

Principais feriados religiosos islâmicos:

Lailat Al-Miraj (27 de Rajáb) - Nessa data se comemora a miraculosa viagem que o profeta Maomé efetuou, um ano antes da Hégira, montado em lendário animal trazido pelo anjo Gabriel. Em uma noite, o Profeta viajou por diversos lugares, dos quais o mais relevante foi Jerusalém, onde, em rocha sobre a qual hoje se assenta célebre mesquita, ascendeu por uma escada ao Paraíso, onde teve o privilégio de falar com Deus.

Mês do Ramadan (1 a 30 de Ramadan) - Período de sacrifício em que os fiéis estão proibidos de comer, de beber e de quaisquer outras atividades carnais durante as horas do dia, podendo fazê-lo somente à noite. Não é propriamente um feriado, mas nesse período os negócios sofrem sensíveis modificações.

Eíd Al-Fitr (1 a 5 de Xauál) - Feriados em que se comemora o término do jejum do mês do Ramadan.

Período do Hajj (1 a 10 de Dhu al-Hijja) - Período em que os muçulmanos de todo o mundo cumprem o dever de peregrinar a Meca, que lhes incumbe pelo menos uma vez na vida como um dos cinco preceitos básicos de vida piedosa. A rigor, o período do Hajj dura uma semana, mas a movimentação começa antes e termina depois dele. Nessa época, a Arábia Saudita recebe quase dois milhões de peregrinos, cessando todo o comércio.

Eíd Al-Adha (10 de Dhu Al-Hijja) - Uma das mais importantes datas do calendário islâmico, quando os muçulmanos se congratulam, tal como fazem os cristãos entre si no Natal. A data lembra a ocasião em que o Profeta Ibrahim - o Abrahão dos cristãos - teria cumprido a ordem de sacrificar seu filho Ismael (que a tradição judaica afirma ter sido Isaac), demonstrando imensa fé e sendo por Deus impedido, no último momento, de consumar o ato.

Segundo a tradição, a pedra sobre a qual Ibrahim ia executar o sacrifício do próprio filho era uma rocha negra que estava no vale onde hoje se situa Meca. Essa pedra foi usada na construção da Caabah, monumento em cuja direção todos os fiéis do mundo se voltam nas cinco orações diárias. Está numa das quinas da Caabah, engastada em prata, e todos querem beijá-la ou tocá-la. Esse feriado ocorre no auge do período da peregrinação.

Eíd Ra's As-Sana Al Hijria ou Uáhad Muharram (1 de Muhhárram) -O Ano Novo muçulmano, que inicia o ano lunar. Os muçulmanos da seita xiita, numerosos no Irã e no Sul do Iraque, comemoram nos primeiros dez dias do novo ano as festividades fúnebres da Achurá, em que praticam mortificações, pela morte do Imã Hussein ibn µli ibn Abu-T lib (ibn = filho), ocorrida no início da história do Islam.

Achurá (10 de Muhharram) - Dia do martírio do Imã Hussein Ibn Áli Ibn Abu Tálib, neto do Profeta Maomé.

Eíd-Al-Máulid An-Nabáui (12 de Rabiá Al-Áual) - Data do nascimento do Profeta Maomé.

Nos países islâmicos, o dia consagrado ao repouso, equivalente ao domingo dos países ocidentais, é a sexta-feira. Por esta razão, são colocadas em destaque nos calendários as sextas-feiras. Sábados e domingos são dias de trabalho normal, exceto nas áreas de população predominantemente cristã. Quintas-feiras não são dias de repouso. Entretanto, em muitos lugares, trabalha-se apenas em meio período nesses dias. Repartições públicas podem não funcionar às quintas e sextas.

 No Reino de Marrocos, adota-se o calendário gregoriano. Os dias de repouso são portanto sábado e domingo, havendo porém setores de atividade que observam as sextas-feiras.

Existem muitos outros feriados nacionais, geralmente com datas móveis.

O conversor - Embora na vida diária o calendário gregoriano seja mais comum, bilhões de muçulmanos usam o calendário lunar islâmico (hijri) para determinar os principais dias de observância dos preceitos religiosos islâmicos, a exemplo do início e final do mês de Ramadã, início e final de cada ano, ou o Dia do Sacrifício (Id al-Adhã) durante a peregrinação a Meca.

O conversor de calendários desta página é baseado no calendário hisabi, que é o calendário aritmético ou tabular introduzido pelos astrônomos muçulmanos no nono século da era cristã para predizer o início aproximado dos meses do calendário lunar islâmico. Este calendário também é citado como calendário Fātimid, embora seja de fato um dos muitos calendários aritméticos islâmicos.

Convenciona-se que os meses no calendário islâmico aritmético têm alternadamente 30 e 29 dias de duração, resultando num ano normal de 354 dias (sanā basīta). Para manter a correspondência com as fases lunares, cada dois ou três anos um dia extra é adicionado ao último mês, resultando em um ano de 355 dias (sanā kabīsa). O método mais comumente adotado intercala 11 dias em cada período de 30 anos. Quatro métodos de intercalação têm sido descritos na literatura, assim resumidos:

Tipo Anos intercaláveis com 355 dias Origem/Uso

I 2, 5, 7, 10, 13, 15, 18, 21, 24, 26 & 29 Kūshyār ibn Labbān (11º século EC), Ulugh Beg (15º século EC), "Algoritmo Kuwaiti"

II 2, 5, 7, 10, 13, 16, 18, 21, 24, 26 & 29 Esquema de ano ampliado mais comumente usado

III 2, 5, 8, 10, 13, 16, 19, 21, 24, 27 & 29 Calendário Fātimid (também conhecido como Misri ou Bohra)

IV 2, 5, 8, 11, 13, 16, 19, 21, 24, 27 & 30 Habash al-Hāsib (9º século EC), al-Bīrūnī (10/11º século EC), Elias de Nisibis (11º século EC)

Para cada esquema de intercalação há duas variantes possíveis, dependendo de como se considera o início do calendário islâmico (1 Muharram, 1 AH), que pode ser assumida como 15 de julho do ano 622 da era cristã (conhecido como época astronômica ou da "quinta-feira") ou 16 de julho de 622 da era cristã (a época "civil" ou da "sexta-feira").

Como o dia islâmico começa ao por do sol, as datas islâmicas neste conversor de calendários são consideradas como iniciando no dia anterior do calendário ocidental.

Note-se que este conversor não pode ser usado antes do ano 10 da Hégira (631/32 da era cristã), quando a intercalação de meses extras no calendário árabe foi abolida, conforme a sūra 9:36-37 do Corão. Antes desse ano, um mês intercalável era adicionado ao ano a cada dois ou três anos, para manter o calendário de acordo com as estações. Como o esquema de intercalação adotado é desconhecido, todas as propostas reconstruções do calendário islâmico antes de 10 aH só podem ser vistas como hipotéticas.

A data da Hégira ou Hijra - Muitas fontes erroneamente indicam que a Hégira - a data em que Maomé e seus seguidores deixaram Meca, e depois de cerca de duas semanas de caminhada chegaram a Yathrib, depois conhecida como Madinat al-Nabī (Cidade do Profeta), a atual Medina - ocorreu em 1 Muharram, 1 aH.

Entretanto, a data da Hégira não é mencionada no Corão ou em outros antigos textos islâmicos. Antigas tradições, como as mencionadas no Hadith (reunião de ditos e ações do profeta e seus seguidores), antigas biografias de Maomé e tabelas cronológicas/astronômicas islâmicas sugerem que a Hégira ocorreu na última semana do mês Safar (provavelmente no 24º dia) e que Maomé e seus seguidores chegaram às cercanias de Yathrib no oitavo dia do mês Rabī‘ al-Awwal, num dia em que os judeus de Yathrib estavam observando um dia de jejum, e depois de uns poucos dias, entraram em Yathrib no 12º dia do mês Rabī‘ al-Awwal.

Convertendo-se essas datas ao antigo calendário Juliano, e tendo em conta os meses de intercalação (possivelmente três), que foram inseridos entre a Hégira e a última peregrinação de Maomé (10 aH), a Hégira provavelmente ocorreu na quinta-feira, 10 de junho do ano cristão 622, e Maomé chegou às cercanias de Yathrib provavelmente na quinta-feira 24 de junho de 622 da era cristã, ali entrando provavelmente na segunda-feira 28 de junho de 622 da era cristã.

A antiga astronomia islâmica foi largamente baseada nas tabelas astronômicas calculadas pelo grego Claudius Ptolomeu de Alexandria, que considerou a lunação - intervalo médio entre uma lua nova e outra - como sendo de 29;31,50,8,20 dias (expressados em notação sexagesimal, isto é, com base 60), como já era empregado vários séculos antes pelos sacerdotes-astrônomos babilônicos (e que ainda é usado hoje no calendário hebreu), equivalendo a 29 dias, 12 horas, 44 minutos 3 segundos e 1/3, em unidades modernas de tempo.

Por este valor, um ano lunar com 12 lunações resulta em 354;22,1,40 dias, que podem ser aproximados sem grande perda de precisão para 354;22 dias. Com a adição de 22 dias intercalados em cada 60 anos - ou 11 dias intercalados em cada período de 30 anos - um calendário lunar aritmético pode ser montado com a capacidade de acompanhar as fases visíveis da lua por vários milênios.

Um ciclo completo de 30 anos contém (19 × 354) + (11 × 355) = (30 × 354) + 11 = 10.631 dias ou 1.518 semanas e cinco dias. A cada sete ciclos de 30 anos (ou 210 anos), os dias da semana devem se repetir exatamente nos mesmos dias do calendário aritmético lunar. Por essa razão, tabelas de calendário islâmico medievais eram elaboradas para um período de 210 anos.

O "Algoritmo Kuwaiti" - Há alguns anos, os programas da empresa Microsoft incluem um conversor de calendário islâmico baseado no assim chamado Algoritmo Kuwaiti, que a empresa descreve superficialmente em suas páginas, ao lembrar que "o calendário da Hégira é muito importante para a Arábia Saudita e outros países como o Kuwait", mas seu cálculo representa um problema difícil. Sua equipe de desenvolvedores do Oriente Médio fez extensas pesquisas sobre o tema, analisando uma longa linha de tempo de informações sobre o calendário Hijri da forma como é usado no Kuwait, para desenvolver análises estatísticas e chegar ao algoritmo mais acurado possível.

Apesar de não dar detalhes dos cálculos que levaram a esse Algoritmo Kuwaiti, pode-se demonstrar facilmente que ele é baseado em um esquema aritmético padrão que tem sido usado nas tabelas astronômicas islâmicas desde o 11º século da era cristã. Denominar esse algoritmo como Algoritmo Kuwaiti é historicamente incorreto e essa prática deve portanto ser abandonada, na opinião dos especialistas no assunto.

Fonte: www.novomilenio.inf.br/porto/.../nmcalens.htm
(Informações traduzidas de página em inglês e que estão mais completas em holandês)