quinta-feira, setembro 17, 2020

A oração por chuva (Al-Istisqaa)

A palavra Al-Istisqaa significa pedir água, e aqui é pedi-la de Allah por causa da seca.

Quando falta a chuva, e a terra se resseca, os muçulmanos recorrem a Allah, Todo-Poderoso, pedindo-Lhe a Sua clemência e as chuvas benéficas fazendo oração em uma das seguintes maneiras:

1-O Imam lidera uma oração de duas Rakaah de voz audível, em qualquer hora de dia que a oração é permitida. Na primeira Rakaah, ele recita Al-Fatihah e a Surata de Al-A'la, e na segunda Rakaah recita Al-Fatihah e Al-Ghachiyah. Em seguida, o Imam proporciona um sermão depois da oração, ou antes. Ao terminar o sermão, o Imam e os oradores devem inverter suas capas colocando o lado direito da capa para esquerda e o lado esquerdo para direito (virar pelo avesso) e se virar para o Qiblah, levantar as mãos e suplicar a Allah fervorosamente.

Ibn Abbas disse: “O profeta (SAW) saiu para fazer a oração de Al-Istisqaa humilde, submisso e vestindo a roupa de trabalho. Então, ele rezou duas Rakaah semelhantes as do Id, mas o sermão é diferente do sermão de Id.”

Aicha disse: As pessoas reclamaram para o mensageiro de Allah (SAW) de falta de chuva, então ele pediu para preparar um púlpito e marcou um dia para as pessoas se reúnem. Na manhã do dia marcado, o profeta (SAW) sentou-se no púlpito, fez o Takbir, louvou Allah e disse: “Vocês reclamaram da seca que atingiu vossas terras, e Allah vos ordenou a suplicá-Lo, e Ele prometeu atender vossas suplicas.” Então ele disse: “Louvado seja Allah, Senhor do Universo, Clemente, o Misericordioso, Soberano do Dia do Juízo, não há divindade além de Allah, Ele faz o que deseja. Ó Allah, não há divindade além de Ti, Tu és O Auto-Suficiente, e nos somos pobres, envia a chuva sobre nós e torná-la uma fonte de força, e satisfação para nós.” Então, ele levantou suas mãos até a brancura das suas axilas pode ser vista e suplicou fervorosamente. Depois disso, ele virou as costas ao povo e inverteu o seu manto, mantendo as mãos levantadas. Finalmente, ele virou-se para o povo, desceu do púlpito, e rezou duas Rakaah. Nessa hora, Allah produziu nuvem, trovão, relâmpago e choveu por Sua permissão, e antes que profeta (SAW) chegar à sua mesquita a água já estava correndo nas ruas. Então, quando ele viu as pessoas correndo para os seus abrigos, ele riu até que seus dentes molares podem ser vistos. Ele disse: "Eu testemunho que Allah tem poder sobre todas as coisas e eu sou servo e mensageiro de Allah."

Abdullah ibn Zaid Al-Mazini relatou que o mensageiro de Allah (SAW) saiu para fazer a oração de Al-Istisqaa, e ele orou conosco duas Rakaah de voz audível.

Abu Hurairah disse: Certo dia, o profeta (SAW) saiu para fazer a oração de Al-Istisqaa, ele rezou conosco duas Rakaah, sem Azhan e sem Iqamah, fez um sermão, suplicou a Allah, virou-se para o Qiblah, levantou suas mãos e inverteu o seu manto virando o lado direito do seu manto para o lado esquerdo, e o lado esquerdo para o direito.

2-O Imam suplica a Allah no sermão de sexta-feira e as pessoas falam Amin.

-Anas disse: "Numa sexta-feira, um homem entrou na mesquita enquanto o mensageiro de Allah (SAW) estava fazendo o sermão, e disse: Ó mensageiro de Allah, nossos bens se foram e não temos mais nada para comercializar, suplica a Allah para socorrer nos. Então, o profeta (SAW) levantou suas mãos e disse:

اللَّهُمَّ أغِثْنا، اللَّهُمَّ أغِثْنا، اللَّهُمَّ أغِثْنا

[Allahumma Aghithnaa, Allahumma Aghithnaa, Allahumma Aghithnaa.]

“Ó Allah, socorre-nos. Ó Allah, socorre-nos. Ó Allah, socorre-nos.” Anas disse: Por Allah, naquela hora não havia nuvens no céu e de repente, de trás da montanha veio uma nuvem parecendo um escudo. Quando chegou ao meio do céu, a nuvem se espalhou e começou a chover. Por Allah, nós não vimos o sol por uma semana.

Na sexta-feira seguinte, o mesmo homem entrou na mesquita, enquanto o Profeta (SAW) estava fazendo o sermão e disse: Ó mensageiro de Allah, nossos bens se foram e não temos mais nada para comercializar, suplica a Allah para parar a chuva. O Profeta (SAW) levantou as mãos e disse:

اللّهُمَّ حَوالَيْنا وَلا عَلَيْـنا، اللّهُمَّ عَلى الآكـامِ وَالظِّـراب، وَبُطـونِ الأوْدِية، وَمَنـابِتِ الشَّجـر

[Allahumma hawalaina wala alaina, allahumma alal-akaami wal dhirab, wa butuunil-awdiyah, wamanabit al chajar.]

“Ó Allah, deixa a chuva cair ao nosso redor e não sobre nós. Ó Allah, permita-a cair sobre os pastos, montes, no meio dos vales, e onde nascem as arvores.” Então, a chuva parou e saímos na luz do sol.

3-Suplicar a Allah sem que seja na sexta-feira, e sem fazer oração nem na mesquita e nem fora da mesquita.

Ibn Abbas disse: "Um beduíno veio ao Mensageiro de Allah (SAW) e disse: Ó Mensageiro de Allah, eu venho de um povo cujos pastores não têm mais nada para comer, e os animais não consigam mover seus rabos de fraqueza devido à seca." O Profeta (SAW) subiu ao púlpito, louvou a Allah e disse:

اللّهُمَّ اسْقِـنا غَيْـثاً مُغيـثاً مَريئاً مُريـعاً، نافِعـاً غَيْـرَ ضار، عاجِـلاً غَـيْرَ آجِل

[Allahumma asqina ghaithan mughithan mari-an muri-an, naf’ian, ghaira dhaar, ajilan ghaira ajil.]

"Ó Allah, envia-nos uma chuva abundante, irrigadora, produtiva, benéfica e que não cause dano, apressadamente e sem demora." Em seguida, ele desceu do púlpito, e as pessoas começaram vir de todas as direções dizendo que está chovendo.

Churahbil ibn Al-Samt disse ao Kaab ibn Murrah: "O Kaab, diga-nos algo do Mensageiro de Allah (SAW)." Kaab disse: "Certa vez, um homem veio até o Profeta (SAW) e lhe disse: Suplica para Allah enviar a chuva para a tribo de Mudhar." O Profeta lhe disse: "Você é um homem ousado, você quer que eu peça a chuva para a tribo de Mudhar?(eram inimigos do Islam) O homem disse: Ó Mensageiro de Allah, você buscou a vitória de Allah e Ele lhe deu a vitória, você suplicou a Allah e Ele atendeu-lhe. O Mensageiro de Allah (SAW) levantou as mãos e disse:

اللّهُمَّ اسْقِـنا غَيْـثاً مُغيـثاً مَريئاً مُريـعاً، نافِعـاً غَيْـرَ ضار، عاجِـلاً غَـيْرَ آجِل

[Allahumma asqina ghaithan mughithan mari-an muri-an, naf’ian, ghaira dhaar, ajilan ghaira ajil.]

"Ó Allah, envia-nos uma chuva abundante, irrigadora, produtiva, benéfica e que não cause dano, apressadamente e sem demora." Allah atendeu à súplica do profeta (SAW) e não demorou muito para as pessoas vieram reclamar da profusão de chuva, e os danos que a causou nas suas habitações. O Mensageiro de Allah (SAW) levantou as mãos e disse:

اللّهُمَّ حَوالَيْنا وَلا عَلَيْـنا

[Allahumma hawalaina wala alaina.]

"Ó Allah, deixa a chuva cair ao nosso redor e não sobre nós." Então, as nuvens começaram a dispersar para esquerda e para direita. "

Ach-Cha'bi disse: "Omar saiu para fazer a oração de Al-Istisqaa e ele não fez mais do que pedir o perdão de Allah. As pessoas lhe disseram: Nós não vimos você fazer Al-Istisqaa. Ele disse: Eu procurei a chuva implorando o perdão de Allah, pois Ele disse: “Dizendo-lhes: Implorai o perdão do vosso Senhor, porque é Indulgentíssimo; Enviar-vos-á do céu copiosas chuvas.” Alcorão (71:10-11) e disse: “Ó povo meu, implorai o perdão de vosso Senhor e voltai-vos arrependidos para Ele, Que vos enviará do céu copiosa chuva.” Alcorão (11:52)

Suplicas para Al-Istisqaa:

1-Salem Ibn Abdullah relatou que seu pai disse: Ao fazer a oração de Al-Istisqaa, o Profeta (SAW) dizia:

اللهم اسقنا غيثاً مغيثاً مريعاً غدَقاً مجلِّلاً عامّاً طبقاً سحّاً دائماً، اللهم اسقنا الغيث، ولا تجعلنا من القانطين، اللهم إن بالعباد والبلاد والبهائم والخلق من اللأواء والجهدِ، والضنك ما لا نشكوه إلا إليك، اللهم أنبت لنا الزرع، وأدرَّ لنا الضرع، واسقنا من بركات السماء، وأنبت لنا من بركات الأرض ، واكشف عنا من البلاء ما لا يكشفه غيرك، اللهم إنا نستغفرك، إنك كنت غفاراً، فأرسل السماء علينا مدراراً

 Allah, envia-nos uma chuva abundante, irrigadora, produtiva, e benéfica cobrindo a terra de vegetações e caindo sem parar, em vagas vigorosas e abundantes. Ó Allah, manda-nos a chuva e não nos deixes entre os desesperados. Ó Allah, os servos, as terras, os animais e todas as criaturas passam por perigo, fome, e miséria, e é por isso que nos dirigimos a Ti. Ó Allah, faça crescer as plantações, e os úberes ser recarregados. Ó Allah, envia as bênçãos do céu para brotar as bênçãos da Terra. Ó Allah, faça dissipar-se esta penúria, que mais ninguém pode dissipar. Ó Allah, imploramos-Te o perdão, pois Tu é Indulgentíssimo, enviar-nos-á do céu copiosas chuvas." Ach-Chaf'i disse: "Eu prefiro que o Imam faça essa suplica."

2-Amr ibn Chuaib relatou que seu avô disse: Ao fazer a oração de Al-Istisqaa, o Profeta (SAW) dizia:

اللّهُمَّ اسْقِ عِبادَكَ وَبَهـائِمَك، وَانْشُـرْ رَحْمَـتَكَ وَأَحْيِي بَلَـدَكَ المَيِّـت

[Allahumma asqi ibadak, wa bahaa-imak, wanchur rahmataka, wa ahyi baladakal-mayyit.]

"Ó Allah, provê água para Teus servos, e para Teus animais, espalha a Tua misericórdia, e revive a Tua terra morta."

É preferível para quem está fazendo súplica para Al-Istisqaa, levantar as mãos com o dorso de suas mãos para o céu. Anas disse que ao fazer suplica para Al-Istisqaa o Profeta (SAW) virou o dorso da suas mãos para o céu.

Também é preferível, ao ver a chuva, dizer:

اللّهُمَّ صَيِّـباً نافِـعا

[Allahumma sayyiban nafi’an.]

"Ó Allah, faça esta chuva ser benéfica." e descobrir uma parte do corpo para ser atingida pela chuva.

Se chover muito, a pessoa deve dizer:

اللَّهُمَّ سُقْيا رَحْمَة، ولا سُقْيا عَذاب، ولا بَلاء، وَلا هَدْم، وَلا غَرَق. اللّهُمَّ حَوالَيْنا وَلا عَلَيْـنا، اللّهُمَّ عَلى الآكـامِ وَالظِّـراب، وَبُطـونِ الأوْدِية، وَمَنـابِتِ الشَّجـر

]Allahumma suqia rahmah la suqia azaab, wala balaa, wala hadm, wala gharaq. Allahumma hawalaina wala alaina, allahumma alal-akaami wal dhirab, wa butuunil-awdiyah, wamanabit al chajar.]

"Ó Allah, faça ela uma chuva de misericórdia e não uma chuva de castigo, calamidade, destruição ou inundações. Ó Allah, deixa a chuva cair ao nosso redor e não sobre nós. Ó Allah, permita-a cair sobre os pastos, montes, no meio dos vales, e onde nascem as arvores. "

Fonte:http://www.luzdoislam.com.br/br/articles.php?article_id=575&rowstart=9

quarta-feira, setembro 16, 2020

PORQUE AS VEZES GRITAMOS?

Gritamos sempre que nos sentimos ameaçados, sempre que nosso indefeso ponto vista é colocado a prova, sempre que nosso padrão de vida está sujeito a mudança, sempre que estamos prestes a perder o controle sobre alguma coisa e ai deveríamos perguntar, quem nos deu o controle? 

Quem nos elegeu responsável por controlar alguma coisa ou a vida de alguém, se não somos capazes de controlar nem nosso temperamento, se não somos capazes de controlar a intensidade de nossa voz, se não somos capazes de ficar em silêncio e manter a calma e o controle de nossas emoções, esse sim é o único controle que não deveríamos abrir mão.

Recordamos as palavras de Lucman, o sábio, ao aconselhar o filho: “E modera o teu andar e baixa a tua voz, porque o mais desagradável dos sons é o zurro dos asnos”. Cur’ane 31:19.

Apesar de ser obrigação de todo o muçulmano de proibir o mal e de lembrar o bem, não podemos ultrapassar as nossas competências e humilharmos o próximo. Não existe o bem nas palavras excessivas.

Abu Huraya referiu: “O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Os piores da minha comunidade, são aqueles que falam muito, aqueles que vão longe demais no que dizem e que enchem a boca com palavras. E os melhores da minha comunidade, são os melhores em carácter”. Bhukari, in Al-Adab al-Mufrad.

Diz ainda Allah SW no Alcorão Sagrado: “E diga aos meus servos que falem com doçura, porque o cheitane (diabo), semeia a discórdia entre eles, Na verdade, o cheitane é um inimigo declarado do homem”. Cur’ane 17:53.

Tenhamos todos um lindo final de semana, repleto de barakas e respeitando o "Silêncio" e o direito individual de cada um. Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu!

terça-feira, setembro 15, 2020

Os acusadores do Alcorão, do Profeta Muhammad (p.e.c.e.) e do Islão

30 de agosto de 2020 às 13:14 | Publicado em: Europa & Rússia, Notícia, OCI, Organizações Internacionais, Suécia https://www.monitordooriente.com/20200830-organizacao-de-cooperacao-islamica-condena-queima-de-alcorao-nasuecia/

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum",(que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

No século VII (610-632 D. C.), nas cidades de Meca e Medina, um novo e verdadeiro Profeta de Deus, Muhammad صلى الله عليه وسلم, que em português alguns traduzem por Maomé, transmitia uma nova revelação que procedeu de Deus, o Sagrado Alcorão.
 
O uso incorrecto da palavra profeta, utilizado até mesmo para os adivinhos e inclusive para muitos que agora se autodenominam profetas – sem sê-lo - minimiza a importância deste termo.

Ser profeta é uma distinção honrosa para os escolhidos de Deus. O termo se aplica aos inspirados por Deus, ou Nabi, e para aqueles que não são inspirados por Deus; mas também, quando pregam a sua doutrina, Deus fala através deles, são chamados Rassules, ou seja, Mensageiros de Deus.

Daí a doutrina que pregam não é deles, mas de Deus. Deus fala através deles! A Torá de Moisés; os Salmos de David; o Evangelho  de Cristo e o Alcorão de Muhammad, são, ORIGINALMENTE,livros revelados por Deus, ou melhor, Deus fala neles.

Muhammad صلى الله عليه وسلم, Profeta e Mensageiro de Deus, pregou durante quase 23 anos: 13 anos na cidade de Meca e 10 anos na cidade de Medina. Para ler o Alcorão é necessário conhecer a cronologia – isto é, o tempo da revelação, para ver se são versículos gerais ou bem específicos de um determinado tempo.

Os acusadores do Alcorão, seja por ignorância ou mal-intencionados, sacam do contexto alguns versículos específicos que eram para o tempo e o lugar em que foram aplicados e, depois os generalizam, equivocando--se na sua interpretação e aplicação. Por isso, o correcto é estudar primeiro a doutrina islâmica e, depois, entrar no estudo do Alcorão.

Para aquelas pessoas bem-intencionadas que dessejam ler o Alcorão desde o início, ser-lhe-ia conveniente um Alcorão escrito em árabe — que se encontra intacto desde à época do Profeta Muhammad صلى الله عليه وسلم —, e com a tradução portuguesa e com notas explicativas em diferentes versículos. Embora não possam ler o árabe, é sempre desejável ter o original, inalterado, para poder confrontar, ainda que seja perguntando. Há muitas traduções, sobretudo em português, incorrectas.

Há que ter muito cuidado com isso. A Al Furqán, órgão para a divulgação do Islamismo em Portugal, ao longo dos últimos 40 anos já publicou uma série de livros para os leitores zelosos que gostam de examinar as Sagradas Escrituras, ou que têm um desejo de procurar e encontrar um novo caminho para Deus; ou que tenham um gosto especial - talvez genético - por tudo o que representa o arabismo e o Islão, já que os genes nos dão informações sobre os nossos antepassados; e a grande maioria dos portugueses têm sangue árabe nas suas veias, devido a permanência na Península Ibérica de muitos séculos, até 781 anos, no último reduto árabe - muçulmano em Andaluz.

Livros como “Para compreender o Islão e os Muçulmanos”, “A Misericórdia Divina”, “Reflectir alguns conceitos básicos do Alcorão”, “Fontes Islâmicas da Cultura Ocidental”, “Reflexões Islâmicas”, “Sobre o Alcorão”, “Mulheres no Islão” livros que, entre outros, recomendamos e é de leitura básica, para aqueles que querem conhecer a verdade sobre o Islão. Se desejar algum deles, pode adquiri-lo pelo email:alfurqan2011@gmail.com Os adoradores do poder e os fanáticos, que se autoproclamam antifanáticos, ainda que não sejam mais do que fanáticos de seu próprio antagonismo, dedicam-se aatacar o Islão sem o conhecer; confundindo intencionalmente ou por ignorância o que é o Islão, com os movimentos fanáticos violentos, que se autoproclamam islâmicos; muitas vezes, armados e treinados pelo Ocidente, e que não são verdadeiramente islâmicos.

Somos 1.800 milhões de muçulmanos no mundo, 99,9% pacíficos, que são as principais vítimas dos terroristas. Estes representam apenas 0,1% do Islão, ainda assim, uma cifra considerável: 1,8 milhões. A maioria de mortos são muçulmanos. Uma notícia correcta seria: uma minoria de terroristas fanáticos mata as comunidades islâmicas (ou muçulmanas) pacíficas. E não: muçulmanos matam inocentes.

Os movimentos religiosos são para ajudar, não para o lucro. Em tempos de crise, como agora, as igrejasdevem ajudar as pessoas pobres, não para que estes ajudem as igrejas e dirigentes religiosos.

Deus recompensa a quem dá com sentimento e amor. O exemplo da mulher idosa, cujos cêntimos diante de Deus valiam mais que as moedas de ouro dos adoradores de dinheiro e poder.

Isso não significa que não devemos fazer caridade. Precisamos de ajudar o próximo, começando com aqueles que nos são mais próximos, mas estendendo-o a outros sectores mais distantes.

Quando falamos sobre o Islão, fazemo-lo com conhecimento, porque nos consideramos sabedores da matéria e somos muçulmanos. Quando falamos de outras religiões, embora não sejamos versados nesses temas, já que temos o costume de não falar ou comentar sobre temas que desconhemos, devemos reconhecer que o fazemos a partir de uma perspectiva islâmica. Isso sim, a nossa conduta, ao comentar religiões irmãs, fazemo-la de acordo com os ensinamentos de nosso Profeta: de forma pacífica, com amor e tolerância.

O Judaísmo, o Cristianismo e Islão são religiões abraâmicas e provêm da mesma revelação. Existem diferenças fundamentais entre elas. Mas isso não nos deve levar a apontá-las negativamente, negligenciando o facto de que as semelhanças são consideravelmente muito maiores do que as diferenças. Nós não criticamos religião alguma, criticamos as actuações específicas, ou mensagens que contradizem a mesma doutrina.

No capítulo 29, versículo 46 se ordena no Alcorão: “E não disputeis com os adeptos do Livro, senão da melhor forma, excepto com os iníquos, dentre eles. Dizei-lhes: Cremos no que nos foi revelado (Alcorão), assim como no que vos foi revelado antes (Bíblia); o nosso Deus e o vosso é Um e a Ele nos submetemos”.

E no capítulo 5, segunda parte do versículo 82 do Alcorão lê-se: “E constatarás que aqueles que estão mais próximos do afecto dos fiéis (muçulmanos) são os que dizem: Somos cristãos! Porque possuem sacerdotes e não ensoberbecem de coisa alguma”.

Além disso, reconhecemos que padres e pastores são, na sua maioria, bons líderes; são negativamente assinalados apenas alguns milhares, dentro de um total de mais de 1 ½ milhões de líderes — a metade católicos. Além disso, a perfeição é somente de Deus.

Em Deuteronómio 18:22 da Sagrada Bíblia lê-se: “Quando o profeta tiver falado em nome do Senhor, se o que ele disse não se realizar, é que essa palavra não veio do Senhor. O profeta falou presunçosamente. Não o temas”. Mitra, Átis (Frígia), Dionísio (Baco); -Isis Osiris- Horus Seth, Hermes, todos desapareceram como cultos religiosos. Eram grandes pensadores, que deixaram ciência e boas mensagens por algum tempo e que ainda persistem, mas eles não eram mensageiros de Deus. Eles poderiam ser iluminados por Deus, mas a sua mensagem era deles. O Cristianismo e o Islão são mantidos com milhões e crescendo a cada dia. Eu sou um muçulmano, mas respeito todas as religiões e todos os Profetas e Mensageiros de Deus, com especial atenção, por causa de sua semelhança com o Islão, com o Povo do Livro (Ahl al Kitab) judeus e cristãos. (Alcorão 2: 4); mas a minha fé é o Islão.

Algo que devemos evitar é o confronto radical, que começa a ignorar a revelação de outro, considerando-a inclusive completamente falsa e afirmando que só anossa fé, nos leva à salvação eterna.

SOBRE O ALCORÃO

Dimensões: 14.5 × 20.5 cm Páginas: 100  Compilado por: M. Yiossuf M. Adamgy «Na verdade, Nós revelamos esta Recordação (Dhikr) [Alcorão] e, na verdade, somos o Seu Guardião». – (Alcorão, 15:9).

A pureza do texto do Alcorão, através de 14 séculos, constitui a prelibação do desvelo eterno com o qual a Verdade de Deus é guardada por todas as eras. Toda a corrupção, a invencionice e a criaçãopassarão, mas a Verdade pura e santa de Deus jámais será eclipsada, muito embora parte do mundo zombe dela e diligencie no sentido de destruí-la.

Poder ler o Alcorão é a maior recompensa que existe neste mundo. O ser humano ascende ao mais alto nível de comunicação com Deus, com a ajuda do Alcorão. Junto a esta grande recompensa, as virtudes e méritos de ler o Alcorão são únicos. A aprendizagem, a memorização, a recitação e o actuar com base no que indica o Alcorão fazem com que se ganhe inumeráveis vantagens neste mundo. Graças a ser um Livro de “dhikr” (recordação), de orações e de contemplação, o Alcorão ajuda-nos a conseguir recompensas e méritos sem par. Não são só aqueles que leem o Alcorão os que se beneficiam destas recompensas, mas também os seus pais e outros membros da família. Do mesmo modo que o doce odor da fruta faz felizes os que se encontram ao seu redor, aqueles que leem o Alcorão guiam as suas famílias até à felicidade e associam-nas às recompensas que obterão pela sua leitura. Os amigos de Deus, que mais anseiam a felicidade em ambos mundos, fizeram da leitura do Alcorão uma parte das suas vidas e consideram o ensinamento do mesmo aos seus filhos como o seu principal dever.

Não só desconhecemos o "contrário”, como até negamos o papel complementar das nossas boas obrase de que nenhum ser humano pode ser previamente condenado por outro, porque só a Deus competejulgar-nos.

O ideal da tolerância, não se contenta com "aceitar o outro", mas sim em compreender a sua doutrina,conhecê-la amplamente e aprofundar os seus ensinamentos, ainda que estejamos firmes nos nossos.

Se isso não for feito, o diálogo fecundo se transforma em confrontação. E isso deve ser evitado.

Por outro lado, como podemos discutir algo que desconhecemos? Além disso, devemos considerar o nosso "irmão", ainda que seja de outra religião, em igualdade de condições. 

Para que fique bem claro, a abordagem do Islão é detalhada em nossa proclamação, já publicado e que,hoje, novamente aqui mencionamos, ainda que de forma sumária.

- Afirmamos que o Islão é uma religião de paz. Seu nome provem da paz interior que é conseguido coma submissão à Vontade de Deus. A sua saudação permanente "Salam Alaikum", que significa a paz esteja consigo, é uma mensagem de harmonia, amor e ajuda aos outros. As sociedades islâmicas têm sido, historicamente, amplas e tolerantes; e mesmo quando houve violência, elas têm sido geralmente as agredidas e não, as agressoras; até mesmo pelos mesmos extremistas que dizem representá-las.

Como seres humanos, e como muçulmanos, somos contra a guerra e a favor da paz, pedindo a Deus, além de nossas cinco orações diárias obrigatórias, que a paz e a concórdia se estabeleçam no nosso Mundo, cada vez mais caótico. Que amemos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus, considerando que ninguém é um verdadeiro crente, se não desejar para o seu irmão, o que deseja para si mesmo. Que as diferenças entre nós sejam resolvidas pacificamentecomo irmãos, usando o diálogo e não a confrontação; paz, e não a guerra; tinta e sem sangue; harmonia, em vez de confrontação; que reine, entre nós, a justiça, amor, liberdade e verdade, de forma permanente.

Que o Deus Uno, o Deus de tudo, todos e todas, nos ilumine, nos guie e nos protege. Que a Sua paz, misericórdia e as bênçãos sederramem sobre toda a Humanidade. Amém. Quem não pretender continuar a receber estas reflexões, por favor dê essa indicação e retirarei o respectivo endereço desta lista.

Obrigado. Wassalam (Paz).

M. Yiossuf Adamgy

Director da Revista Islâmica Portuguesa AL FURQÁN