sexta-feira, setembro 27, 2013

O Retorno do Islão a Espanha

Quando falamos do “retorno do Islão a Espanha” devemos evitar maus entendidos. Esta frase faz referência a uma situação precisa: depois do genocídio e da expulsão perpetrada contra os muçulmanos (como contra judeus, protestantes e cristãos unitários), o Islão volta a ser praticado no Estado Espanhol, tanto por causa da emigração como por causa do crescente número de cidadãos espanhóis, que se reconhecem muçulmanos.

Prezados Irmãos,
Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:
Esta realidade encontrou um reflexo na Legislação Espanhola na Constituição de 1978, e de um modo específico em 1989, quando o Islão foi reconhecido oficialmente como “religião notoriamente enraizada”, e em 1922, com a assinatura de um acordo de cooperação entre o Estado e a Comissão Islâmica de Espanha. Este acordo foi realizado num momento em que se cumpriam quinhentos anos das Capitulações de Granada, os pactos assinados pelos Reis Católicos com os Muçulmanos Espanhóis, através dos quais se garantia a sua liberdade de culto. Como é sabido, as Capitulações foram incumpridas de forma sangrenta, dando início ao período mais obscuro da história da Península Ibérica.

É necessário recordar que a prática do Islão permaneceu proibida nas nossas terras durante séculos, com o qual todo o mundo reconhecerá o Acordo como um feito saudável: o fim de quinhentos anos de monopólio religioso, de pensamento único imposto pela força, e a conseguinte recuperação da liberdade religiosa e da consciência que tinha caracterizado a Espanha Muçulmana. O retorno do Islão a Espanha não vem abrir uma ferida curada pelo tempo, mas é a possibilidade de fechar uma ferida aberta, com a conseguinte recuperação de um passado destruído pela violência e pelo fogo.

Este feito pode trazer novas luzes a isso que os intelectuais chamaram “a realidade histórica de Espanha”. Situamo-nos perante a possibilidade de reescrever a história da Península desde o ponto de vista do cruzamento de civilizações e culturas, recordar o nosso passado como expressão de um pluralismo que sempre devia ter prevalecido numa terra situada como confluência dos mundos. Estamos num momento privilegiado para rever a nossa história, para superar toda a tentação totalitária e plantar um futuro onde a convivência entre as religiões e concepções do mundo seja possível, o que nos exige o esforço pessoal de superar toda a tentação de considerar o nosso caminho como o melhor ou o único possível, de reconhecer a todo o mundo o seu direito de eleger aqueles princípios pelos quais quer guiar a sua vida.

No entanto, a situação da liberdade religiosa em Espanha está longe de ser boa. A resistência em cumprir com o mencionado Acordo por parte do Estado Espanhol tem a sua origem na resistência dos poderes que se beneficiaram de exercer o monopólio, e que olham para a diversidade como um perigo. Todos aqueles que advogamos pelo reconhecimento da realidade plural de Espanha, quer seja a nível religioso ou das diferentes nacionalidades vemo-nos defrontados com a mesma persistência de estruturas mentais que têm a ver com o Antigo regime. O facto de que estas correntes reacionárias vinculadas ao nacional catolicismo tenham tanta força constitui um autêntico escândalo, é a negação dos princípios do estado de direito que deveriam reger todos os cidadãos.

No caso dos muçulmanos, isto significa: dificuldades para abrir centros de culto, negação de espaços em cemitérios públicos, não comemoração de festivi-dades religiosas islâmicas, não regulamentação da alimentação halal, negação da participação dos mu-çulmanos na gestão do património de origem islâ-mica, restrição do direito ao ensino do Islão nas escolas, e uma geral desatenção das instituições para com as necessidades religiosas deste colec-tivo. Tudo o que foi mencionado são direitos legítimos dos cidadãos muçulmanos, mencionados como tal na Lei do Acordo de Cooperação, direitos que são vulne-rados uma e outra vez por juntas, comunidades au-tónomas e por todo o aparato do Estado.

A falta de cultura democrática em Espanha é desoladora. Hoje em dia, os princípios constitucionais de aconfessionalidade e de igualdade e não discriminação entre as religiões não são respeitados, ainda sendo os pilares da liberdade religiosa. A Igreja Católica recebe enormes quantidades de dinheiro, saído dos nossos bolsos, e goza de claros privilégios. Os políticos acodem a atos religiosos católicos, no exercício das suas funções públicas, e as Forças Armadas continuam a celebrar festividades religiosas católicas, que discriminam os membros de outras confissões. As câmaras financiam o restauro e manutenção de Igrejas, mas nega-se ajuda e proteção às confissões não católicas.

Os cidadãos de confissão muçulmana têm muitos motivos de queixa, e, no entanto, somos assinalados constantemente como causa de problemas. É curioso que se chamem constantemente os emigrantes muçulmanos a integrar-se na sociedade, a cumprir com os seus deveres, no entanto o Estado e a Sociedade no seu geral permitem-se vulnerar, de forma manifesta, os seus direitos. O que gostaria de saber é quais sãos os deveres como cidadãos que se supõe que os muçulmanos não cumprem em Espanha. Pelo contrário, sei muito bem quais são os direitos que o estado atual das coisas não nos garante.

“Wa salamu aleikum wa ráhmatullahi wa barakatuh.

E a paz de Deus esteja convosco... ."■

Fonte: 05/09/2013 - Autor: Abdennur Prado - Fonte: Webislam – Tradução: Yiossuf Adamgy

segunda-feira, setembro 23, 2013

As Boas Maneiras nos Cortejos Fúnebres

Um Cortejo Fúnebre passou pelo Rassulullah (r) e os companheiros elogiaram o morto. O Rassulullah (r) disse: “Ele merce.” Então passou outro Cortejo Fúnebre e os companheiros falaram mal do morto. O Profeta (SAAS) disse: “Ele merce.” Omar Ibn Al Khattab (t) perguntou ao Profeta (r) o que ele queria dizer com as suas palavras. O Profeta (SAAS) respondeu: “O primeiro foi elogiado e merece o Paraíso, o segundo foi mal falado e ele merece o Inferno. Vocês são as testemunhas de Allah na terra.” (Muttafac alaih). 

O Rassulullah (r) incentivou seguir os Cortejos Fúnebres mostrando a virtude disse, dizendo: “Quem presenciar o Cortejo Fúnebre até a oração terá um quilate. Quem o presenciar até o sepultamento terá dois quilates.” Foi-lhe perguntado: “Que são dois quilates?” Respondeu: “Como duas enormes montanhas.” (Muttafac alaih).

Cortejo Fúnebre possui boas maneiras que todo muçulmano deve seguir em relação ao morto. As mais importantes, são:
Fazê-lo pronunciar os dois testemunhos na hora da morte: Quem estiver presente na hora da morte de alguém deve lhe dizer: Diga: Lá iláha illal láh (não há outra divindade além de Allah), devido às palavras do Rassulullah (SAAS): “Fazem o moribundo dizer: lá ilaha illal Allah.” (Musslim).

O Profeta (SAAS) também disse: “Quem forem suas últimas palavras lá iláha illal Allah entrará no Paraíso.” (Tirmizi e Hákim).

Fechar-lhe os olhos e cobrir-lhe o rosto: A primeira coisa que o muçulmano deve fazer, ao presenciar a morte de alguém é fechar-lhe os olhos e cobrir-lhe o rosto. “Quando a alma sai, a visão vai junto.” (Musslim).

A paciência, a conformação e a repetição da fórmula de retorno a Allah: O muçulmano é paciente quando morre algum ente querido. Ele fica repetindo: “Somos de Allah e a Ele retornaremos. Ó Allah, protege-me nessa calamidade que me ocorreu e a substitua com algo melhor.” (Musslim). E diz: “Não há força nem poder a não ser em Allah.” Então, invoca a Allah pelo morto. O Profeta (SAAS) entrou na residência de Abu Salama que estava moribundo. Ele fechou-lhe os olhos e disse: “Quando a alma é retirada a visão vai junto.”

Alguns de seus familiares se agitaram. Ele lhes disse: “Não invoquem a não ser o bem, pois os anjos são encarregados do que dizem.” Então, disse: “Ó Allah, perdoa a Abu Salama, eleve a sua posição entre os servos orientados e cuide de seus familiares que ele deixou para trás. Ó Senhor do Universo, perdoa-o e a nós, amplie o seu túmulo e coloque luz nele para ele.”

O chorar nessa hora não contraria a paciência e a submissão à determinação de Allah. O Rassulullah (SAAS) chorou quando morreu o seu filho Ibrahim. Ele disse: “O olho chora, o coração está triste, e não dizemos a não ser o que agrada ao nosso Senhor. Estamos tristes pela tua partida ó Ibrahim.” (Bukhári e Abu Daúd).
O que se deve evitar é o que acompanha o choro com coisas contrárias à lei islâmica, como esbofetear o rosto, rasgar as roupas, e dizer palavras da época pré-islâmica.

A pressa em preparar o morto: Deve-se apressar em banhar, perfumar e amortalhar o morto. Não há necessidade para isso se morto for um mártir, morto por incrédulos em batalha. Ele não precisa ser lavado nem amortalhado. É enterrado com as roupas com que foi morto. Allah, glorificado seja, irá ressuscitá-lo, no Dia da Ressurreição com o cheiro de almíscar exalando dele.

O praticar a oração fúnebre: É direito do morto que os muçulmanos presentes ao seu sepultamento praticarem a oração fúnebre por ele.

O levar o morto para o enterro e se apressar com isso: O Rassulullah (SAAS) costumava acompanhar os mortos e aconselhava os outros fazê-lo. Aconselhava não se sentar a não ser após o enterro. O Rassulullah (SAAS) disse: “Ao verem a passagem de um Cortejo Fúnebre  fiquem de pé. Quem o acompanhar não deve sentar até ser enterrado.” (Bukhári).

A proibição de lamentos e o bater nos rostos: O Profeta (r) proibiu isso veementemente. Ele disse: “Não pertence a nós quem esbofeteia o rosto e rasgas roupas e pronunciar palavras da época pré-islâmica.” (Muttafac alaih).

Cumprir o testamento do morto: é dever dos familiares do falecido cumprirem o seu testamento, se não deixar testamento ilegal. Omar Ibn al ‘Ass (RAA), ao falecer não quero ser acompanhado por nenhum lamento nem fogo. Ao ser enterrado, joguem a terra sobre o túmulo com delicadeza. Então permaneçam ao redor do meu túmulo o tempo de sacrificarem animais e distribuírem sua carne. Dessa forma eu me sociabilizo com vocês e vejo o que dizer aos mensageiros de meu Senhor.” (Musslim).

O Invocar a Allah pelo Morto: É recomendável que os muçulmanos permaneçam ao redor do túmulo após   o enterro, invocando a Allah, glorificado seja, que o perdoe e seja misericordioso com ele. Entre as preces do Profeta (r) para o morto: “Ó Allah, perdoa-o e tenha misericórdia dele, sê generoso com ele, fortalece-o. Que a sua entrada seja ampla e confortável, lave-o com a mais pura e limpa água. Purifique-o dos pecados como o roupa branca é lavada da sujeira. Concede-lhe um lar melhor do que o lar dele (na terra) e uma família melhor do que a família dele, uma esposa melhor do que a esposa dele, e protégé-o do tormento do túmulo ou do tormento do Inferno.” (Musslim, Tirmizi e Nassá-i).

A Oração pelo morto ausente: Se morrer um muçulmano em local distante e nenhum dos muçulmanos consegue praticar a oração fúnebre por ele, os muçulmanos fazem a oração fúnebre onde estiverem e isso se chama: “a oração pelo morto ausente”. O Rassulullah (SAAS) fez a oração fúnebre pelo Négus, imperador da Abissínia, com o corpo ausente ao saber da morte dele.

Enviar comida aos familiares do morto: Isso por amizade e a cooperação para aliviar a aflição deles. Quando Jaafar Ibn Abi Tálib faleceu, o Rassulullah (r) disse: “Preparem comida para os familiares de Jaafar, porque eles estão ocupados com os seus problemas.” (Tirmizi e Ibn Mája).

Pagar as dívidas do morto: O pagamento das dívidas do morto é obrigatório. O Profeta (r) ordenava o pagamento da dívida do morto antes da oração fúnebre. (Tirmizi).

As condolências: O muçulmano presta condolências aos aflitos e os incentiva a terem paciência e aceitarem a determinação de Allah. É desaconselhável ficar sentado para as condolências, o fazer sala, o contratar recitadores do Alcorão, como é desaconselhável prestar condolências após o terceiro dia, a não ser ao ausente. Também é desaconselhável o que chamam de sétimo dia ou de quarenta dias. Tudo isso constitui em inovações que não ajudam o morto nem os seus parentes por motivo de orgulho e de vaidade.

Aproveitar as lições: O muçulmano tira lições do acompanhamento dos Cortejos Fúnebres  prendendo-se a Allah, lembra-se muito de Allah, obedece a Ele e afasta-se das desobediências, porque sabe que terá o mesmo destino. O seu enterro será preparado, o corpo será transportado, será enterrado em seu túmulo e deixado sozinho. Quem quiser um admoestador, a morte lhe é suficiente.

O muçulmano ignorante não entende sua religião e é extremista na sua ignorância e escuridão, ele é  mais perigoso para o Islam do que os seus inimigos... 

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

"Desejam em vão extinguir a Luz de Allah com as suas bocas; porém, Allah nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!" (41:33)

Mohamad ziad -محمد زياد

domingo, setembro 22, 2013

Palestra proferida pelo Sheikh Mohamad Al Bukai no Ato Ecumênico e Palestra sobre "Doação de Órgãos" na visão islâmica, realizada em 26/09/2011, às 14:00h, no Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP.

Em nome de Deus, O Misericordioso, O Misericordiador raças a Deus, O Criador dos Mundos, que as bênçãos e a paz estejam com todos os profetas e mensageiros e com todas as pessoas que  seguem seus ensinamentos com benevolência.

Agradeço a presença de todos e em especial aos organizadores deste evento pelo  convite e a oportunidade que me foi dada em expor o ponto de vista do Islam sobre a doação de órgãos e tecidos humanos.

Esta questão é recente, não havendo menção na história que relata o passado, a não ser por alguns pequenos implantes de pele, o destaque veio com o contínuo avanço e desenvolvimento da ciência no campo da saúde humana.

A posição do Islam a esse respeito é clara e não deixa dúvidas. A comunidade de sábios e jurisprudentes islâmicos, reunidos no Congresso Islâmico de 06/02/1988, realizou várias interpretações de textos do Alcorão e da Sunna (tradições com base na vida e na prática do Profeta Muhammad, que a benção e a paz estejam com ele), para dar fundamento à declaração que torna licita a prática de doações de órgãos. O contexto das interpretações considera a doação um ato de humanidade recomendável e muito bem aceito.

Os sábios se guiaram por meio de diversos versículos do Alcorão e das nobres narrativas (hadices) da sunna (tradição). Algumas das bases para fundamentar a sua condição lícita são: “QUEM MATAR UMA PESSOA, SEM QUE ESTA TENHA COMETIDO HOMICÍDIO OU SEMEADO A CORRUPÇÃO NA TERRA, SERÁ CONSIDERADO COMO SE TIVESSE ASSASSINADO TODA A HUMANIDADE; QUEM A SALVAR, SERÁ REPUTADO COMO SE TIVESSE SALVADO TODA A HUMANIDADE”. ALCORÃO, VERSÍCULO 32, SURATA 05 - AL MAEDA (A MESA SERVIDA).

Fica óbvio nesse versículo que temos de ajudar outro ser humano a por fim ao sofrimento e à dor, caso isso seja possível, por meio de métodos que sejam de nosso conhecimento e estejam disponibilizados e ao nosso alcance.

Na sunna do Profeta Muhammad (SAAS) há um dito que contem uma ordem dada aos crentes por ele, para que se mediquem e se tratem de todas as doenças: “(...) mediquem-se, ó servos de Deus, pois Deus, para toda doença existente na Terra, disponibilizou a cura”.

Em outro hadice, o profeta diz: “Não há doença cuja cura para esta não tenha sido disponibilizada por Deus (...) a disponibilidade existe para quem a procura e inexiste para quem opta pela permanência na ignorância”.

Quando o Profeta foi perguntado sobre como conciliar a medicação e a prevenção das doenças e o tratamento por meio da imposição das mãos - Ciência do Rukai - com o que nos foi predestinado e reservado por Deus, ele respondeu: “A cura também faz parte da predestinação e do que Deus nos reservou”

Aproveito para fazer a indicação de pesquisa sobre temas tais como: os conceitos no Islam do livre arbítrio, do poder da fé, da intenção, da contemplação e da submissão total aos desígnios de Deus.

O transplante de órgãos deve ser inserido no contexto em que se encontrem meios para a cura; a procura de tais meios que leve à preservação do ser humano é lícita no Islam. 

a)o Islam é paz, a paz leva à continuidade da vida e à saúde;

b)o Islam é o equilíbrio; a boa saúde é uma das expressões do equilíbrio;

c)o Islam promove os meios que levam o equilíbrio à vida do ser humano;

d)a ligação com Deus, a família, a saúde e o trabalho são as bases para uma vida 

feliz e equilibrada;

e)os meios para se chegar a esse equilíbrio devem ser conciliados de forma a 

alcançá-lo em sua plenitude.

Logo, uma das regras conhecidas na ciência dos estudos islâmicos é: “TUDO É LÍCITO, ATÉ QUE SE PROVE O CONTRÁRIO”.

Não há escrituras, explícitas ou não, que proíbam a doação de órgãos. São encontrados somente textos que, por meio do razoamento, nos levam a constatar a sua licitude.Os muçulmanos e seguidores de diferentes religiões são unanimes ao aceitar a como lícitos os seguintes itens:

1. A doação de bens materiais e dinheiro em prol da melhoria da condição de vida 

do próximo;

2. A doação de sangue para salvar a vida do próximo;

3. A doação de leite humano para ajudar na sobrevivência de crianças mesmo que 

não sejam seus filhos;

Partindo desta premissa, é permitida a doação de órgãos e tecidos para o fim de  salvar vidas humanas.

A doação de órgãos é considerada no Islam como uma caridade contínua, ou seja, mesmo após a morte do doador, a sua alma continuará recebendo as bênçãos e glórias pela eternidade. Disse o Profeta (SAAS): “No momento da morte do ser humano, é finda também a oportunidade de fazer a caridade e obter as suas bênçãos, a não ser que tenha realizado três tipos de caridade:

1. A caridade contínua;

2. A propagação de conhecimento que deixem marcas e afetem as gerações futuras 

positivamente;

3. A geração de um filho que receba os ensinamentos que o tornem benevolente e 

dirija suas súplicas a Deus em benefício de seus geradores;

Assim, o doador de órgãos recebe as bênçãos de sua caridade de forma contínua pela eternidade, mesmo após a sua morte, pois Deus lhe concede a misericórdia e o perdão por seus pecados. Basta ter a sincera intenção de fazê-lo sem nenhum interesse que não seja a de agradar a Deus, O louvado, O altíssimo.

As condições lícitas da doação de órgãos entre vivos, citadas pelos sábios islâmicos são:

1. gozar de pleno juízo para decidir;

2. no caso de menores de idade, os seus responsáveis podem optar pela doação de 

seus órgãos e tecidos;

3. não doar órgãos que leve à morte do doador, como o caso do coração;4. não doar órgãos que prejudique a saúde do doador;

5. não doar órgãos em troca de dinheiro,bens materiais ou favores;

6. não adquirir órgãos por meio do comércio legal ou ilegal destes.

As condições lícitas da doação de órgãos de mortos para vivos citadas pelos sábios muçulmanos são:

1. permissão da pessoa em vida; caso este não tenha se posicionado em vida, os 

herdeiros têm o direito de decidir pela doação ou não;

2. não doar órgãos em troca de dinheiro, bens materiais ou qualquer tipo de favor;

3. não adquirir órgãos por meio do comércio legal ou ilegal destes.

Muito obrigado e Graças a Deus, o Senhor dos Mundos!

Sheikh Mohamad Al Bukai

Liga da Juventude Islâmica Beneficente do Brasil – Mesquita do Pari Rua Barão de Ladário, 922 – Pari – São Paulo - Telefone (11) 3311-6734 / 3311-8697 - www.ligaislamica.org.br

Criação de Cães sem Necessidade

Manter cães dentro de casa sem qualquer necessidade, apenas como animais de estimação, foi proibido pelo Profeta Muhammad. Quando observamos o luxo com que as pessoas de boa situação(econômica) tratam os seus cães, ao mesmo tempo desprezando seus parentes, e quanta atenção eles dedicam aos seus cães ao mesmo tempo que negligenciam seus vizinhos, compreendemos a sabedoria desta proibição. Além do mais, a presença de um cão se torna anti-higiênicos os utensílios caseiros devido a serem lambidas pelo animal. O Profeta Muhammad, disse:

"Se um cão lambe um prato(ou panela), limpe-o diversas vezes, das quais uma pelo menos deve ser com areia(ou com terra)." (Al-Bukhari)

Alguns sábios são da opinião de que a razão para a proibição da manutenção de cães pode ser por eles latirem aos visitantes, espantarem os necessitados que vem em busca da caridade, e perseguem e tentam morder os que passam.

O Profeta Muhammad, disse:

"O anjo Gabriel veio a mim e disse: `Procurei-o ontem, mas o que me preveniu de entrar foi haver uma estátua à porta, uma cortina com imagens e um cão dentro da casa. Assim sendo, mande que seja quebrada a cabeça da estátua para que parece o tronco de uma arvore, que cortem a cortina e façam dela duas almofadas para reclinar, e que o cão seja posto para fora.`" (Abu Daud, An-Nissaí, e Ibn Hibban em seu Sahih)

Esta proibição se limita à criação de cães sem necessidade ou utilidade.

A Permissibilidade de Manter Cães de Caça e de Guarda

Os cães que são criados com um propósito, tais como os de caça, os pastores de gado ou guardas de colheitas e outros parecidos, estão livres da proibição. Em uma tradição relatada tanto por Al-Bukhari como por Muslim, o Profeta Muhammad, disse:

"Aquele que criar um cão que não seja de caça ou para guardar a colheita ou o gado, perderá uma medida de sua recompensa por dia." (Abu Daud, An-Nissaí, e Ibn Hibban em seu Sahih)

Com base nesta Tradição, alguns juristas argúem de que criar cães como animais de estimação podem ser considerado como desaconselhável e não ilícito já que o que é ilícito, é terminantemente proibido sem a preocupação de haver uma redução da recompensa ou não.

Entretanto, esta proibição de se manter cães em casa não significa que eles devem ser tratados com crueldade ou de que devam ser exterminados. Aludindo-os seguinte versículo do Alcorão:

"Não existe ser algum que ande sobre a terra, nem ave que voe, que não constituam nações semelhantes à vós." (6: 38)

O profeta Muhammad contou aos companheiros uma historia sobre um homem que havia encontrado um cão no deserto, resfolegando e lambendo a areia de sede. O homem foi até um poço, encheu seus sapatos de água, e aliviou a sede do cão. Disse o Mensageiro de Deus"Deus aprovou isto e perdoou-lhe todos os seus pecados." (Al-Bukhari)

As Descobertas Cientificas Sobre a Criação de Cães

Alguns admiradores do ocidente nos países muçulmanos, alegam estar imbuídos de amor e compaixão por todas as criaturas vivas, e questionam a razão do Islam prevenir contra o "melhor amigo"do homem. Para informação destes, citamos aqui um longo trecho de um artigo escrito por um cientista Alemão, o Dr. Gerard Finstimer, no qual o autor esclarece sobre os perigos à saúde humana resultante da criação de cães ou do contato constante com eles. Diz ele:

"O crescente interesse demonstrado por muita gente dos tempos atuais na criação de cães como animais de estimação, compeliu-nos a chamar a atenção do publico aos perigos que daí resultam, especialmente pelo freqüente carinho com que os cãezinhos são abraçados e beijados, deixando-se que lambam as mãos dos jovens e dos idosos, e o que é pior, deixando-os lamberem pratos e utensílios que são usados por seres humanos para comer e beber. Alem de anti-higiênico e desagradável, este costume é de má educação e abominável ao bom gosto. Entretanto, não estamos preocupados aqui com estes aspectos, deixando que eles sejam abordados por professores de boas maneiras e etiqueta. Ao invés disso, este artigo pretende apresentar algumas observações cientificas. Do ponto de vista medico, que é nossa principal preocupação aqui, os riscos à saúde e vida humana resultantes de se manter e brincar com cães, não podem ser ignoradas. Muitas pessoas já pagaram um alto preço por sua ignorância, adquirindo coisas como a solitária, verme transmitido pelo cães, e que causam doenças crônicas e à vezes fatais. Esse verme é encontrado no homem, no gado e nos suínos, mas só é encontrado completamente desenvolvido nos cães, lobos, e raramente nos gatos. Esses vermes diferem dos outros por serem pequenos e quase invisíveis, daí somente terem sido descobertos muito recentemente."

E ele continua,

"Biologicamente, o processo de desenvolvimento desse verme tem certas características singulares. Nas lesões que causa, um único verme dá origem a várias cabeças ou carnegões, que se espalham e formam outros tipos e variedades de lesões e abscessos. Essas cabeças se transformam em vermes "adultos" somente nas amídalas dos cães. Nos seres humanos e em outros animais eles só aparecem como lesões e abscessos completamente diferentes do verme ele próprio. Nos animais, o tamanho do abscesso pode chegar a ser igual ao uma maçã, enquanto que o fígado do animal infectado pode crescer até cinco ou dez vezes o seu tamanho normal. Nos seres humanos, o tamanho do abscesso pode chegar ao de um punho fechado ou mesmo igual ao de uma cabeça de recém-nascido; ele fica cheio de um liquido que pode pesar de 5 a 10 quilos. Em um ser humano contaminado, ele pode causar diversos tipos de inflamação nos pulmões, músculos, baço, rins e cérebro, e aparece em formas tão diversas e inesperadas que os especialistas, até recentemente, tinham dificuldade em reconhecê-lo. De qualquer modo, onde quer que tal inflamação é localizada, ela representa grave perigo a sua saúde e vida do paciente. O que é pior, apesar do nosso conhecimento de sua vida, história, origem e evolução, ainda não somos capazes de chegar a uma cura para ele. exceto que em certos casos esses parasitas se extinguem, talvez devido à formação de anticorpos produzidos pelo corpo humano. Infelizmente, os casos em que esses parasitas se extinguem sem causar danos são muito raros. Além disso, a quimioterapia não conseguiu produzir qualquer melhoria, e o tratamento comum é o da remoção cirúrgica das partes afetadas do corpo. Por todas essas razoes, devemos despender todos os recursos possíveis para combater esta horrível doença e salva o homem dos seus perigos. "O professor Noeller, por intermédio da dissecação post-mortem de corpos humanos na Alemanha, constatou que a contaminação com vermes provenientes de cães é de pelo menos um por cento. em lugares como a Dalmácia, a Islândia, o sudeste da Austrália e Holanda, onde se usam cães para puxar trenós, a taxa de incidência dessa verminose nos cães é de 12%. Na Islândia, o numero de pessoas que sofrem de inflamação causada por esse verme já alcançou a taxa de 43%. Se acrescentarmos a isso o sofrimento humano, o prejuízo em carnes devido à contaminação do gado, e o risco permanente que reapresenta à saúde humana a mera presença da solitária, não podemos permanecer impassíveis diante do problema.

"Talvez a melhor maneira de combater o problema é limitar os vermes aos cães, não deixando que se disseminem, uma vez que na realidade nós precisamos de alguns cães. Não devemos deixar de tratar dos cães quando necessário, eliminando os vermes de suas amídalas e talvez repetindo esse processo periodicamente com os cães pastores e de guarda."

"O homem poderá proteger melhor sua vida e saúde mantendo uma distância segura entre ele e os cães. Ele não deve ficar abraçando-os, brincando com eles, nem deixá-los aproximar-se das crianças. As crianças devem ser ensinadas a não brincar com cães nem de acariciá-los. Não se deve deixar o cão lamber as mãos das crianças ou mesmo permanecer no lugar onde elas brincam. Infelizmente, é comum deixar-se os cães vagar por todos os cantos, especialmente nos locais onde brincam crianças, e suas vasilhas ficam espalhadas por toda parte. Os cães devem ter suas próprias vasilhas, e não se deve deixá-los comer ou lamber vasilhas ou pratos usados pelos humanos. Não se deve deixá-los entrar nos mercados, restaurantes ou lojas de viveres. Em geral, muito cuidado deve ser exercido para que eles não tenham contato com coisas usadas pelo ser humano para comer e beber." (Traduzido da revista alemã `Kosinos`)

Nos já sabemos que o Profeta Muhammad proíbe misturar-se aos cães, e de que admoestava sempre contra deixá-los lamberem pratos e mesmo de criá-los desnecessariamente. Como é possível que os ensinamentos de um árabe iletrado, Muhammad, pudessem estar em conformidade com os últimos resultados de pesquisas cientificas? Em verdade, não sabemos dizer nada além de repetirmos as palavras do Alcorão:

"Nem fala por capricho. Isso não é senão a inspiração que lhe foi revelado." (53: 3-4)