sexta-feira, abril 05, 2013

O Caráter do Muçulmano - 9‏ - Cumprir o Prometido é Parte Essencial da Conduta do Muçulmano

Bismillah!
Ser Fiel à Palavra - Cumprir o Prometido é Parte Essencial da Conduta do Muçulmano
Shaikh Mohamad Al Ghazali
Tradução: prof. Samir El Hayek

Quando um muçulmano empreende alguma coisa, ele deve respeitar o empreendimento. Quando ele toma parte em algum contrato, ele deve honrar seu compromisso até o final. Essa e uma condição da fé, de que o homem, ao se propôr algum objetivo, faça-o com intenção de levá-lo até a conclusão dele, como a água, que corre pelas vertentes até encontrar o nível do mar. Ele deve ser conhecido entre a gente como um homem fiel à sua palavra, que não deixa existir dúvidas ou temores nas transações de que participa, sendo alguém que não rompe um trato.

O cumprimento das promessas e necessário. Assim como quando se faz um juramento, e esse tem de ser redimido. Mas, tal fidelidade à palavra e exigido quando a transação e legítima e verdadeira, não tendo algum valor o cumprimento de promessas em relação a algo pecaminoso e que seja em desobediência a Deus, como as juras também não tem valor no pecado.

O Mensageiro de Deus disse: “Se alguém fez um juramento, mas viu um aspecto mais benéfico em outra coisa, ele pode romper o juramento mediante uma compensação (indenização) e deve fazer aquilo que for melhor e mais benéfico.” (Musslim)

Não é correto um homem insistir em resgatar um juramento. Será melhor nesse caso rompê-lo. Em certa tradição está dito:
E pecaminoso um homem dentre vós procurar a sua esposa sem ter resgatado um juramento, sendo diferente quando ele tenha se redimido de algum compromisso (indenizado) conforme havia sido estabelecido no caso do rompimento de um juramento.” (Bukhári)

Por esse motivo, nenhuma promessa ou pacto é correto e válido a não ser que seja feito em assuntos idôneos. Quando um homem tiver se comprometido a fazer determinada ação benéfica, ele deve fazer todo o possível de conclui-la enquanto ela lhe parecer boa. E ele deve muito bem saber que deve se ater sempre a conversa sadia, à fé e à crença Não há lugar para o rompimento de promessas, dúvidas e vacilações.

Anas ibn Malik diz que seu tio Anas ibn Nadar não pôde tomar parte na batalha de Badr, e disse ao Profeta: “Ó Mensageiro de Deus! Na primeira batalha que você travou com os politeístas eu não pude tomar parte. Mas se Deus me conservar junto do Profeta, então verão de fato de que sou capaz na segunda batalha contra os politeístas.”

Quando na batalha de Uhud, os combates estavam encarniçados e os muçulmanos estavam recuando, ele suplicou a Deus: “Ó Deus! Imploro perdão pelos erros que eles cometeram, e me declaro inocente das transgressões dos politeístas.” E dito isso, penetrou fundo no foco da batalha. No caminho encontrou-se com Sa‘ad ibn Mo‘az a quem disse: “Ó Sa‘ad ibn Mo‘az! Pelo Deus de Nadar, siga para o Paraíso. Eu sinto o perfume dele no vale de Uhud.” Sa‘ad disse: “Ó Mensageiro de Deus! O amor do martírio que ele mostrou não pode ser descrito. E então avançou.”

Anas conta que encontramos mais de oitenta feridas em seu corpo causadas por espadas, pontas de lança e flechas. Os politeístas haviam desfigurado seu corpo e foi difícil identificá-lo. Só com grande dificuldade que sua irmão identificou por uma verruga que ele tinha nos dedos.

Anas diz que acha que os versículos que seguem tenham sido revelados a respeito de pessoas como ele senão dele mesmo:

Entre os crentes, há homens que cumpriram o que haviam prometido, quando da sua comunhão com Deus; há-os que o consumaram (ao extremo), e outros que esperam, ainda, sem violarem a sua comunhão, no mínimo que seja.” (33ª:23).

Memória e Determinação - essenciais para o Cumprimento de Promessas

O cumprimento de promessas depende de dois fatores. Possuindo ambas essas coisas, o cumprimento de promessas será fácil. Deus exigia de Adão que este prometesse não se aproximar da árvore proibida, mas Adão esqueceu logo sua promessa. E assim, se tornou presa da fraqueza e rompeu a promessa:
“Havíamos firmado o pacto com Adão, porém, ele esqueceu-se dele; então vimos nele nenhuma firme resolução.” (20ª:115).

Isso mostra que a deficiência de memória e a fraqueza de determinação são dois obstáculos que se opõe no caminho do cumprimento do dever. E isto é de se estranhar, de que o homem, estando freqüentemente assolado pelas privações dos tempos, por diversas dificuldades e pressionado por diferentes problemas, seja capaz de esquecer as realidades claras e abertas. Para ele as imagens claras aparecem fora de foco, e as realidades que são tão resplandecentes quanto a luz do sol, parecem desaparecer das suas vistas.

Nessas condições, a necessidade de um lembrete torna-se premente, para superar a negligência e o esquecimento, e para conservar essa coisa importante diante dos olhos dos homens. Existem diversos versículos do Alcorão que foram revelados para resguardar a memória:
“Segui o que vos foi revelado por vosso Senhor e não sigais outros protetores em lugar d‘Ele. Quão pouco meditais!” (7ª:3).

E eis aqui a senda reta do teu Senhor. Já elucidamos as leis para aqueles que meditam“ (6ª:126).
“Ó filhos de Adão, enviamos-vos vestimentas, tanto para dissimulardes vossas vergonhas, como para o vosso aparato; porém, o pudor é preferível! Isso é um dos sinais de Deus, para que meditem.” (7ª:26)Æ
“Do mesmo modo ressuscitamos os mortos, para que mediteis.” (7ª.57)

A memória e a lembrança vivas e alertas são essenciais para o cumprimento de promessas. O homem que esquece suas promessas e pactos, como pode ele cumpri-los? Eis porque o seguinte versículo foi terminado por uma nota admoestadora após ter ordenado o cumprimento da palavra:
“...e cumpri os vossos compromissos para com Deus. Eis aqui o que Ele vos prescreve, para que mediteis“ (6ª:152).

Se um homem tem uma memória forte a respeito dos compromissos de suas promessas, será também necessário que esteja determinado a cumpri-los -– uma determinação que seja persistente e incansável em relação a isso – uma determinação que seja capaz de superar todas as tentações de rebeldia, e que seja capaz de aliviar as cargas vindouras de dificuldades. Deverá ser uma determinação que seja capaz de atravessar todos os vales difíceis e todos os obstáculos, e que seja capaz de servir de exemplo de sacrifício desprendido para outros.

As medidas para avaliar as pessoas variam de pessoa a pessoa. O preço que temos que pagar para nos mantermos fieis e freqüentemente muito alto. As vezes exige que sacrifiquemos a riqueza, a propriedade, e as coisas mais estimadas, para fazê-lo.

Mas estas dificuldades, sacrifícios e provas de determinação terminam por comprovar serem os passos que tem necessariamente que ser trilhados em direção à grandeza e à honra, como diz o poeta:
Porque ele, que considera caras a sua vida e coração, deveria ir (procurar) sua amada onde ela mora.”
O Sagrado Alcorão criticou severamente aqueles que buscam alcançar elevados níveis de êxito e glória na sombra de uma vida confortável:

“Pretendeis, acaso, entrar no Paraíso, sem antes terdes de passar pelo que passaram os vossos antecessores? Açoitaram-nos a miséria e a adversidade, que os abalaram profundamente, até que, mesmo o Mensageiro e os crentes, que com ele estavam, disseram: Quando chegará o socorro de Deus? Acaso o socorro de Deus não está próximo?” (2ª:214)

Quando um homem desenvolve em si mesmo as forças combinadas de uma mente consciente e alerta, e um coração repleto de determinação, então ele pode considerar-se qualificado para entrar no seio do grupo de fieis.

O Maior dos Pactos

Para o muçulmano, o pacto mais honroso e sagrado é aquele que ele fez com seu Senhor, pois Deus o criou com o Seu Poder. Ele o nutriu à sombra das Suas graças e benesses, exigindo dele que reconhecesse e admitisse a realidade. Nenhum fator desorientador deveria fazer ele se desviar do caminho reto para que ele não viesse negar tais realidades, nem perdê-las de vista:

“Porventura não vos prescrevi, ó filhos de Adão, que não adorásseis Satanás, porque é o vosso inimigo declarado? E que Me agradecéceis, porque esta é a senda reta?” (36ª:60-61)

Aqueles que não escutam os profetas nem seguem os seus ensinamentos, em sua natureza também há motivadores que os explicam  mostram-lhes o caminho do seu Senhor, e tentar fazê-los perceber a grandeza do Criador, por mais corrupto e poluído que o ambiente possa ser.

Este e o significado do pacto que Deus aceitou de todos os seres humanos:
E de quando o teu Senhor extraiu das entranhas dos filhos de Adão os seus descendentes e os fez testemunhar contra si próprios, dizendo: Não é verdade que sou o vosso Senhor? Disseram: Sim! testemunhamo-lo! Fizemos isto com o fim de que no Dia da Ressurreição não dissésseis: Não estávamos cientes. Ou não dissésseis: Anteriormente nossos pais idolatravam, e nós, sua descendência, seguimo-los. Exterminar-nos-ias, acaso, pelo que comete-ram os frívolos? Assim elucidamos os versículos, a fim de que desistam“ (7ª:172-174)

Não existiram, como se vê do sentido aparente destes versículos, quaisquer diálogos, mas está presente uma imagem de um povo de mente e natureza sã, testemunhando de como são cientes de Deus, como reconhecem a Ele, como percebem Sua Unicidade e Grandeza das provas espalhados pelo universo, e como rejeitam todos os costumes convencionais e hábitos que mantém os homens afastados deste Senhor, e daqueles que associam outros (deuses) a Deus. Este estilo de oração e escrita e comum na linguagem árabe.
Ao honrar este Pacto, a fidelidade do homem se torna seu alicerce de auto-estima e dignidade neste mundo e do êxito e glória na Outra Vida.

É uma preocupação e um temor indevidos de que, cumprindo o nosso Pacto com Ele, ainda assim tenhamos que ficar apreensivos de nos recair algum desastre:
Recordai-vos das Minhas mercês, com as quais vos agraciei. Cumpri o vosso compromisso, que cumprirei o Meu compromisso, e temei somente a Mim.” (2:40).

O Profeta costumava passar estas instruções às tribos que o procuravam quando ele comunicava a Mensagem do Islam, e ele geralmente expunha-lhes somente uns poucos aspectos no começo, na medida das capacidades intelectuais e físicas do seu povo, ao invés de assoberbá-los com todos os ensinamentos (de uma só vez).

Auf ibn Málik diz que ele estava com o Profeta certa ocasião em que havia sete, oito ou nove pessoas presentes. Ele nos perguntou: ‘“Sereis capazes de fazer um juramento de voto de confiança ao Mensageiro de Deus?” Nós estendemos as nossas mãos para ele, dizendo: “Juramos fazê-lo, ó Mensageiro de Deus!” Ele então disse: “Vosso juramento é de que adorais a Deus. Não associa ninguém a Ele, e oferecei as cinco orações diárias, escutai e obedecei.” E num tom mais baixo acrescentou: “E nem pedi nada ao povo.”
Auf ibn Málik diz: “Eu vi algumas dessas pessoas que haviam jurado que quando a arma deles caísse ao solo, eles não pediriam a ninguém para pegá-la e entregá-la a eles.” (Musslim)

E com que escrúpulo esse juramento está sendo observado e com que severidade está sendo rigidamente reservado! Não havia nenhum significado especial nesse juramento. Cada grupo costumava ser instruído de acordo com a sua natureza e circunstâncias. O governante era aconselhado a não ser cruel. O comerciante era avisado para não fraudar nem enganar, e os empregados eram admoestados contra o suborno. De outro modo, cada muçulmano é comprometido em obedecer a sua religião como um todo, com todos os seus preceitos e princípios, e ele será questionado no Dia do Juízo Final sobre a chari‘a toda. Entretanto, no mundo Islâmico tem aparecido algumas seitas que fazem um juramento a parte de natureza especial. Esses não devem ser levados em conta. Eles são como os charlatães que se apresentam como médicos. Prescrevem drogas espúrias e complicam a doença, pondo em perigo a vida do paciente.

Os ensinamentos Islâmicos não podem nem ser divididos, nem apartados. Todos eles devem ser obedecidos, e a injunção deles e necessária sempre e em todos os lugares.

O Juramento Ideal dos Ansar

O Mensageiro de Deus aceitou um juramento dos Ansar de que eles sustentariam essa Mensagem com as suas próprias vidas e bens, e que fariam o máximo possível para proteger a condição do Profeta, até que a Mensagem tivesse sido comunicada tanto aos árabes como aos não-árabes.

O Pacto assumido pelos Ansar e considerado como sendo o pacto mais glorioso dos anais da crença. Não se lhe encontra igual em sinceridade, devoção desprendida e total submissão à Verdade.

Esse pacto foi estabelecido em uma noite gloriosa da época do Hajj. E depois dele, as pessoas continuaram a cuidar de suas vidas e seus afazeres. Mas aqueles que haviam feito o juramento, ocuparam-se em criar as condições necessárias ao cumprimento desse tratado histórico, e aceitaram todas as suas exigências e desafios com disposição e espontaneidade.

Na batalha de Badr e em outras batalhas do Islam contra a idolatria, derramaram seu sangue como se fora água. O Profeta tinha uma confiança ilimitada nesse Pacto pela supremacia da religião nos tempos das privações e para o soerguimento do mundo de Deus. Assim sendo, quando durante o primeiro ataque na batalha de Hunain, os muçulmanos estavam recuando, o Profeta não olhou para os contingentes dos novos muçulmanos, mas chamou os seus seguidores fieis que haviam firmado o pacto no vale naquela noite da época do Hajj, para que eles assumissem o domínio da situação.

Anas narra que quando a batalha de Hunain foi terminada, as tribos de Hawazan e de Ghatfan haviam participado na luta com suas fortunas, equipamentos e filhos. O Profeta tivera um exército de dez mil homens, que também incluía os homens endividados ao tempo da vitória de Makka, mas que o haviam abandonado todos, deixando o inteiramente sozinho.

Naquela ocasião ele fez uma segunda convocação. Voltou-se para a direita e bradou: “Ó Povo dos Ansar!” Eles responderam: “Estamos aqui, ó Mensageiro de Deus! Estamos contigo, fique sossegado.” O Profeta estava montado em uma mula cinza. Ele apeou dela e disse: “Eu sou um servo de Deus, e Seu Mensageiro.”
Os politeístas foram derrotados e se recolheu um grande botim pelo exército islâmico. O Profeta distribuiu o botim entre os recém-chegado que aceitaram o Islam no dia que Makka foi conquistada, e os muhajirin. Mas não distribuiu nada aos ansar. Isto perturbou um pouco aos Ansar. Eles fizeram comentários entre si tais como: quando a situação estava crítica, nós fomos chamados, e quando se obteve o botim, ele é distribuído entre os outros. Quando o Profeta veio a saber isto ele os reuniu e perguntou:

Óh povo de ansar! Que notícias (são essas) que me chegam de vós?” Eles ficaram calados. Então ele disse: “Óh povo de ansar! Não vos agrada que outros levem os bens terrenos com eles, e que vocês voltem (só) com Mohammad para os vossos lares.” Eles responderam: “E porque não ó Mensageiro de Deus? Estamos satisfeitos.” O Profeta então disse: “Se o povo andar por um vale e os ansar por outro, eu andaria pelo vale dos ansar.”(Bukhári).

A verdade nesse episódio é que a grande Mensagem precisava da espada afiada dos ansar. Eles cumpriram a promessa deles sacrificando suas vidas e tudo o que possuíam. Eles não pretendiam os lucros efêmeros deste mundo, nem quaisquer dos prazeres e vantagens temporários.

A política do Profeta na distribuição do botim proveniente da batalha foi baseada nos níveis da sinceridade e fé deles. Os beduínos que se tornaram muçulmanos mais tarde precisavam de ajuda financeiramente para que não se desencorajassem com as dificuldades que lhes adviriam como conseqüência da conversão deles ao Islam. Portanto, o Profeta quis proporcionar-lhes alguma segurança e bem estar, e como os ansar possuíam uma fé total e uma crença inabalável, o Profeta não lhes modificou a condição delesÆ
Em tais circunstâncias, o Profeta disse:
“Eu dou algumas coisas a algum homem para que ele não seja (em razão dos seus maus atos) atirado no Inferno por Deus, apesar de haver pessoas que me são muito mais queridas.” (Bukhári)

Esquecer o Passado é uma Forma de Romper uma Promessa

A louvável qualidade de ser cumpridor da palavra também exige que o homem sempre se lembre de seu passado, para que dele possa tirar uma lição que lhe sirva no seu presente e futuro. Se ele fora um homem pobre e Deus o tornara rico, ou se ele fora doente e Deus o tornou são, então não é correto ele erigir um muro forte entre seu passado e o presente de maneira a que ele não pense mais de que fora pobre ou doente, e nem construa seu presente alicerçado em tal (falso) orgulho. Esse comportamento é de abjeta ingratidão e é imoral.

Constitui a traição de uma promessa, o que leva o homem à desintegração. Muitas vezes um homem desses escapa das graças de Deus, e uma vez que isto ocorra, não recebe mais instrução nem disposição para retornar à sombra dessa benesse.

Diz-se que em Madina, um homem chamado Sa‘alba, foi a uma reunião dos ansar, e concitando-os como testemunhas, declarou que se Deus lhe conferisse uma graça, ele pagaria a dívida de todo aquele que o reivindicasse comprovadamente, distribuiria dinheiro como caridade, e seria bondoso para com seus parentes. Aconteceu que um primo seu veio a morrer e ele herdou toda a propriedade deste. Mas ele não cumpriu a promessa feita nem atentou para o que ele próprio declarara. Em conseqüência disso, Deus revelou os seguintes versículos:

Entre eles há alguns que prometeram a Deus, dizendo: Se Ele nos conceder Sua graça, faremos caridade e nos contaremos entre os virtuosos. Mas quando Ele lhes concedeu a Sua graça, mesquinharam-na e a renegaram desdenhosamente. Então, Deus aumentou a hipocrisia em seus corações, fazendo com que a mesma durasse até ao dia em que comparecessem ante Ele, por causa da violação das suas promessas a Deus, e por suas mentiras. Ignoram, acaso, que Deus bem conhece os seus segredos e as suas confidências e é Conhecedor do desconhecido?” (9ª:75-78).

O pior caso de traição de promessa, exemplo de ingratidão e deslealdade é aquele acontecido entre os Bani Israel que é citado dentre os provérbios do Profeta por Abu Huraira. Dissera o Profeta:
Havia três pessoas israelitas, um leproso, um calco e um cego. Deus quis experimentá-los. Ele enviou um anjo a cada um deles. O anjo que foi ao leproso, perguntou a este o que ele desejava mais. Este respondeu; “Uma cor robusta, uma pele bonita e uma cura para a minha doença, por razão da qual sou detestado pelas pessoas.” O anjo tocou seu corpo com a mão e a lepra dele foi removida, tornando-se ele dono de uma compleição robusta e uma pele bonita. O anjo perguntou-lhe novamente: “O que te apraz melhor?” Ele respondeu. “Um camelo.” O anjo deu-lhe uma camela prenha, e orou: “Que Deus multiplique estes teus bens.” Então o anjo foi procurar o cego, e perguntou a este o que ele desejava mais. O cego respondeu: “Que Deus me devolva minha visão.” O anjo tocou seus olhos e sua visão foi restaurada. Ele perguntou pela segunda vez o que ele queria mais. Ele respondeu: “Uma cabra.” O anjo deu a ele uma cabra prenha. Então o anjo foi ao homem que era calvo, e perguntou-lhe o que ele mais desejava. O calvo respondeu: “Belos cabelos, e que me seja removida minha feiura que faz com que as pessoas me evitem.” O anjo tocou-o e seu mal foi curado, e cresceu-lhe um tufo de belos cabelos. Então o anjo perguntou-lhe de que ele mais gostava. O homem respondeu: “Uma vaca.” O anjo deu-lhe uma vaca prenha e rezou para que Deus lhe desse prosperidade.

Todos os três animais geraram sua prole. Esta aumentou em número. O primeiro tinha uma manada de camelos, o segundo passou a ter muitas cabras, e o outro um grande número de vacas.

Então o anjo voltou a aparecer diante do leproso, desta vez na forma de um homem, e disse a ele: “Eu sou um homem pobre. Todos os meus parentes ficaram separados de mim durante a viagem, e agora só o que me sustém é Deus, e através d‘Ele você. Rogo-te em nome d‘Aquele que te deu uma compleição robusta e uma pele limpa, que me des um camelo. Ajudar-me-ás nesta minha viagem?” Ele respondeu que havia direitos em abundância. O anjo disse: “Reconheço-te. Não estavas sofrendo da lepra e do despreza das pessoas? Não eras um necessitado a quem Deus concedeu uma porção de bens?”
Ele respondeu: “Não. Esta propriedade, eu a recebi como herança de meu pai e do meu avô.” O anjo disse: “És um mentiroso, por isso que Deus te faça retornar à tua condição antiga.”
Do mesmo modo, ele foi ao calvo e conversou com ele no mesmo diapasão. E este deu a mesma resposta que o primeiro havia dado. O anjo então amaldiçoou-o dizendo que se ele era mentiroso, que então Deus o fizesse tornar à condição anterior.
Então ele foi ao homem cego e conversou com este do mesmo modo, e rogou que este lhe desse uma cabra. O cego disse: “Eu era na verdade um cego, mas Deus devolveu-me a visão. Você pode levar o que quiser e deixar o tanto somente que quiseres deixar. Por Deus, não poderei discutir contigo sobre aquilo que me veio por obra e graça de Deus.” O anjo disse-lhe para conservar as coisas. O propósito fora apenas para testá-los. Ele agradou a Deus enquanto que seus dois companheiros foram submetidos à ira d‘Ele.” (Bukhári)

Nos negócios, no comércio, e em outros assuntos financeiros e econômicos, só se pode criar uma atmosfera de credibilidade quando o cumprimento de promessas é considerado como sendo um dever.

É preciso que quaisquer condições escritas estejam dentro dos limites dispostos pela chari‘a, pois se não for assim, não lhes haverá sanção e um muçulmano não será comprometido por elas.

O Islam dedicou uma consideração especial ao contrato de casamento. O Mensageiro de Deus disse: “Entre as condições que vocês acordarem mutuamente, a mais merecedora de cumprimento é a do contrato pelo qual vocês tornam suas partes íntimas lícitas (halal) a vocês.” Por esse motivo, não é lícito um marido manipular sequer um único dirham que legalmente pertença à sua esposa, ou de considerar ser sem importância o elo que o une (a ela).

Menciona-se na tradição que: “Se um homem casou-se com uma mulher comprometendo um dote (mehr), seja este pequeno ou grande, mas no fundo do seu coração ele não tinha nenhuma intenção de desembolsar esse dote, então ele a enganou. Se ele morrer sem ter-lhe pago o que lhe pertence, então no Dia do Juízo Final ele será trazido à presença de Deus como um estuprador. E também o homem que houver tomado um empréstimo de outro homem sem ter a intenção de o reembolsar, então também terá enganado o outro, fraudando-o conseqüentemente. Se ele morrer nessa condição, sem reembolsar a divida, ele será como um ladrão diante de Deus.” (Tabarani)

Não há nada surpreendente nisso, uma vez que há inúmeros versículos Alcorânicos que insistem em recomendar o cumprimento de promessas e admoesta contra a prática da deslealdade e o rompimento da palavra:
“...cumpri o convencionado, porque o convencionado será reivindicado.” (17ª:34)
“Cumpri o pacto com Deus, se o houverdes feito, e não perjureis, depois de haverdes jurado solenemente, uma vez que haveis tomado Deus como garantia, porque Deus sabe tudo quanto fazeis“ (16ª:91)

Deus esclarece que o rompimento da palavra e a deslealdade destroem a confiança, criam a desordem e a desintegração, cortam relacionamentos, reduzem o poder e tornam as pessoas fracas e vis.

“Não imiteis aquela (mulher) que desfiava sua roca depois de havê-la enrolado profusamente; não façais juramentos fraudulentos (com segundas intenções), pelo fato de ser a vossa tribo mais numerosa do que outra. Deus somente vos experimentará e sanará a vossa divergência no Dia da Ressurreição“ (16ª:92).

Não raro, um homem assina um contrato com alguém mas o rompe por ganância de um lucro maior alhures. Ou então uma nação firma um tratado com outra, mas a cobiça de maiores vantagens e outras considerações a levam a romper seu tratado. A religião considera altamente indesejável que se pisoteie a virtude por causa de algum beneficio temporário, e que o logro e a fraude façam parte das transações dos homens O Islam torna obrigatório tanto ao indivíduo como ao grupo, serem honestos, decentes e sinceros, de maneira a que se cumpram todos os convênios, seja na pobreza ou na riqueza, na vitória ou na derrota.
É por isso que, após ter ordenado que se honrem os convênios, o Alcorão diz:
Não façais juramentos fraudulentos, porque tropeçareis, depois de haverdes pisado firmemente, e provareis o infortúnio, por terdes desencaminhado os demais da senda de Deus, e sofrereis um severo castigo. Não negocieis o pacto com Deus a vil preço, porque o que está ao lado de Deus é preferível para vós; se o soubésseis!” (16ª:94-95)

A Humanidade Inteira Merece que se Cumpra a Promessa

A promessa feita a todos deve ser cumprida, quer a outra parte seja muçulmana quer não, porque a moralidade, a grandeza e a probidade não podem ser repartidos em pedaços, para que algumas pessoas sejam tratadas com maldade e outras sejam tratadas decentemente.

O cumprimento da promessa e convênio depende da verdade e da honestidade na sua elaboração. Enquanto suas bases forem idôneas, ela deve ser cumprida em relação a todo indivíduo e em todos os tempos.

Em relação aos convênios do Profeta com não-muçulmanos, relata-se que este teria dito que se fosse convidado a fazê-los no tempo do Islam, ele aceitaria de bom grado tal convite.
Ammar Ibn Al-Hamaq diz que ouviu o Profeta dizer que: “Se um homem der abrigo por toda a vida a outro, e em seguida o matar, eu não tenho nada a ver com esse indivíduo, mesmo que a vitima seja um incrédulo.” (Ibn Hibban)

Esta afirmação do Profeta mostra como o Islam trata mesmo aqueles que não o aceitam como sua religião. Por outro lado, o comportamento dos judeus é digno de nota. Eles não gostam de cumprir as suas promessas a outros. Eles não acham bom tratar outros com justiça e decentemente. E eles se consideram “filhos de Deus, e seus favoritos.” A crença deles é de que Deus reservou suas bênções e abrigo somente para a rasa judia. Em contraposição a isto, vejamos os ensinamentos islâmicos. O Islam determinou pormenorizadamente os meios para salvaguardar todos aqueles a quem tenha aceito sob sua responsabilidade e com quem tenha estabelecido algum tratado. O Alcorão se dirige aos muçulmanos e fala assim dos incrédulos:

Ó crentes, não profaneis os relicários de Deus, o mês sagrado, as oferendas, os animais marcados, nem provoqueis aqueles que se encaminham à Casa Sagrada, à procura da graça e da complacência do seu Senhor. E quando tiverdes deixado os recintos sagrados, caçai, então, se quiserdes. Que o ressentimento contra aqueles que trataram de impedir-vos de irdes à Mesquita Sagrada não vos impulsione a provocá-los, outrossim, auxiliai-vos na virtude e na piedade. Não vos auxilieis mutuamente no pecado e na hostilidade, mas temei a Deus, porque Deus é severíssimo no castigo“ (5ª∫2)

É assombrosa a beleza com que foram descritos a opinião e as crenças dos incrédulos. Apesar de serem eles idolatras, ainda assim foram configurados como quem buscando o agrado e as benesses de Deus, e os muçulmanos, por mais poder que adquiram, foram recomendados a cooperar uns com os outros na prática da probidade e da clemência, mas não se ajudarem nos atos pecaminosos e de rancor.

O Reembolso de uma Dívida é Necessário

Uma das coisas sobre as quais o Islam insistiu mais e considerou muito importante, e na questão de reembolso de emprestimos. Para Deus, o comportamento correto em relação a isso é mais importante até do que o cumprimento de outros regulamentos. O Islam eliminou todos os desentendimentos e sentimentos de avareza e ganância que transformavam o devedor em vitima, razão pela qual ele tenta achar desculpas para evitar de reembolsar a divida, ou acaba mesmo não a pagando.

Nesse sentido, o Islam avisou de que um empréstimo só deve ser tomado em circunstâncias que o façam inevitável. Tentar conseguir um empréstimo de dinheiro em assunto onde isto seja evitável e uma coisa muito perigosa, e deve ser evitada. Em certa tradição, isto é mencionado como sendo um dos pecados cuja retribuição é necessária.

“Quando um tomador de empréstimos morrer, ele será submetido à retribuição no Dia do Juízo Final. Entretanto, só é permitido: primeiro, quando um homem perde sua vitalidade em combates pela causa de Deus e se serve de um empréstimo para se equipar ao combate dos inimigos de Deus e seus próprios; segundo, quando for vizinho de algum muçulmano que tenha morrido e ele pede um empréstimo para custear o enterro deste, e terceiro, o homem que teme permanecer solteiro, e para salvaguardar sua religião ele pede um empréstimo para fazer face às despesas do casamento.” Deus os perdoará no Dia do Juízo Final.” (Ibn Maja)

Em outra tradição, afirma-se que o Mensageiro de Deus teria dito:
No dia do Juízo Final, Deus chamará o devedor que deverá se apresentar em Sua presença. E então se lhe perguntará: “Ó filho de Adão! Para que pediste o empréstimo E por que dispendeste os direitos de outrem?” Ele responderá: “Ó Senhor nosso! Tu sabes que pedi um empréstimo, mas eu não o usei para comer, nem beber, nem o desperdicei, mas as vezes ocorria um incêndio acidental, outras vezes ocorria um roubo, ou simplesmente se perdia ou se sofria um prejuízo.” Deus dirá então: “Ó meu servo! Dissestes a verdade. Eu tenha mais direito de reembolsá-lo.” E ai Deus pedirá que ele relate algum ato virtuoso e o pesará junto com as razões do devedor numa balança, e se os atos virtuosos dele pesarem mais que seus maus atos, então ele entrará no Paraíso com as graças de Deus.” (Ahmad).

Isto mostra que Deus aceitará as justificativas daqueles que se viram obrigados a emprestar por força das circunstâncias e que não puderam reembolsar o empréstimo em razão de diversas dificuldades verdadeiras.
ao empreender um jihad, o Profeta costumava parar em algum cruzamento de ruas e gritar para os soldados: “Ó meu povo! Se algum tiver dívidas a reembolsar e pressente que poderá morrer na batalha sem que a divida seja paga, este deve então voltar. Ele não precisa vir comigo, porque o jihad não será suficiente para salvá-lo do inferno. (Razin)

Hoje em dia, os muçulmanos resolveram fazer empréstimos (nos dois sentidos) até como diversão. Eles tomam empréstimos para satisfazer sua fome e desejos sexuais, e pagam juros aos judeus e aos cristãos, o que Deus lhes proibiu como sendo coisa ilícita. Como resultado disso eles se tornaram como estranhos em sua própria terra, e se vêem despossuídos de seus bens e postos a vagar desamparadamente.

Reembolsar dividas é muito difícil.

Quantos direitos seriam pisoteados se não houvesse o temor da ação policial!
Deus gosta daqueles dentre os Seus servos que cumprem seus tratados e convênios, e depois de haver destruído diversas cidades, Ele afirmou a respeito deles:
Porque nunca encontramos, na maioria deles, promessa alguma, mas sim achamos que a maioria deles era depravada“ (7ª:102).

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"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

Mohamad ziad -محمد زياد


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quinta-feira, abril 04, 2013

PODE UM RICO ENTRAR NO PARAÍSO? – Segunda Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

No tempo dos nossos Profetas, uns levaram uma vida simples e outros possuíram bens terrenos superiores aos seus seguidores. Lembremo-nos do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) que chegava a passar fome, havendo relatos de que na sua casa, chegavam a passar 3 luas sem se acender o fogão. Foi perguntado a Aisha (Radiyalahu an-há), o que fazia o Profeta em casa? Em resposta, ela disse que ele costumava trabalhar para a sua família e quando ouvia o azan (chamamento para a oração) ele saia de casa e dirigia-se à Mesquita. Bhukari 64:276. O Profeta Daúd (Aleihi Salam), David, que a Paz de Deus esteja com ele, alimentava-se com os ganhos resultantes do seu trabalho manual. Issa (Aleihi Salam) – Jesus (que a Paz de Deus esteja com ele), trajava as roupas mais humildes. Quando se deslocava de um lugar para outro, levava com ele uma caneca para beber água e um pente para se pentear. Quando viu um pobre, numa ribeira a beber água, utilizando as suas mãos e quando o viu arranjar o cabelo utilizando as suas próprias mãos, deitou fora a caneca e o pente. Também houve Profetas possuidores de riqueza e de estatutos sociais elevados. Suleiman (Aleihi Salam), Salomão (que a Paz de Deus esteja com ele), foi um Profeta e um rei. As suas vestes eram as mais elegantes e apropriadas para um monarca. A sua riqueza era incalculável o seu poder enorme. Mas apesar disso, foi um Profeta piedoso e exemplar. Yussuf (Aleihi Salam), José (Que a Paz de Deus esteja com ele), apesar de algumas atribulações, foi próximo da realeza do Egipto com um cargo equivalente a governador. Esta dualidade de estar na vida como Profetas, não lhes diminuiu a fé e cumpriram com a profecia, de acordo com as orientações recebidas de Deus, o Altíssimo.

Entre os companheiros do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) havia muitos que passavam necessidades extremas, chegando a amarrar pedras ao redor da barriga, para enganarem a fome. Mas também havia outros que eram detentores de riqueza, como foi o caso de Abdur Rahman Bin Auf que Deus esteja satisfeito com ele, que informou ao Profeta de que casou e ofereceu mahar (dote/prenda) à sua esposa, ouro    equivalente ao peso duma pedra em formato de tâmara. E o Profeta recomendou-lhe para dar um banquete (walima), mesmo que fosse de um só carneiro. 

O Islão é a prática das acções, é um código da vida. A ética do trabalho (amal) está referenciada no Cur’ane através de diversos versículos. O trabalho espiritual e o trabalho manual são incentivados. Ambos conduzem ao bem-estar do ser humano, porque alimentam o espírito e o corpo. Deus fez o dia como meio de subsistência para os seus servos e a noite para a recuperação de forças para o dia seguinte. A produção da riqueza é incentivada, mas obedecendo a critérios de honestidade. O auto sustento e a partilha da riqueza, a Sadaka, são estimulados, chegando mesmo ao ponto de se recomendar quem não tem nada para dar, deve produzir algo com as suas próprias mãos para oferecer ao próximo. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu: “É obrigatório para todos os muçulmanos darem a esmola (sakaka)” Perguntaram se uma pessoa não tiver nada para dar? Respondeu: Ele deve trabalhar com as suas mãos, para que possa beneficiar-se e dar a caridade. Se não conseguir, deve ajudar os oprimidos. Se não puder, deve dizer o que é razoável. Se não puder, deve abster-se de fazer o mal, porque tudo será considerado como sadaka”. Bhukari 73:51. Todas as boas acções são Sadaka.

O Islão instituiu o Zakat, um dos cinco pilares da religião. O Zakat é a purificação da riqueza. Obriga a todos, financeiramente capazes, para darem uma parte da sua riqueza aos mais necessitados. A melhor caridade é aquela que é dada secretamente, sem que ninguém o saiba – dar com a mão direita, o que a mão esquerda não sabe. O orgulho faz com que muitas vezes se publicite esse acto, anulando por completo as virtudes do mesmo. Se todos os financeiramente capazes,  independentemente da sua religião contribuíssem com o Zakat e com a Sadaka, poderiam ajudar para a erradicação da pobreza e da ignorância neste mundo. Mas a melhor ajuda é aquela que contribui para uma melhoria contínua da vida dos necessitados, como por exemplo a concessão de poços de água. Não dar só o “peixe”, mas também o anzol para que as pessoas possam, por elas próprias, criarem condições para serem auto-suficientes. Imamo Ghazali (Rahmatulahi Aleihi) referiu que é um favor que o pobre faz ao rico (ao receber a caridade), porque a aceitação do sadaka absolve o rico (duma das) obrigações para com Deus e é uma fonte de purificação da riqueza, além de lhe salvar do inferno. No Dia da Ressurreição, uma das perguntas que nos serão colocadas, será: “A riqueza como a obteve a como a gastou?”. Mas também “dar” parte da nossa intelectualidade torna-se obrigatória, conforme muitas recomendações deixadas pelo Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). 

Quem assim não proceder, certamente que encontrará o “buraco da agulha tão apertado”, que não conseguirá passar por ele para o Paraíso. 

“Não poupes tanto, a ponto de negares aos demais do que tens, pois se o fizerdes, Deus o tirará de ti”. Bukhari e Muslim. Um rico avarento, quando amealha a sua riqueza sem se importar com os outros, “é como beber água do mar, quanto mais se beber, mais sede sentirá”. É uma insatisfação desmedida, que provoca uma sensação de vazio. Mostrará desprezo pelo pobre, quando lhe pedir algo para comer.

“Quanto ao mendigo, não o repilas!” Cur’ane 93:10. Não distribuirá nada da sua riqueza, com medo de empobrecer. Não tirará proveito do que tem e não partilhará a riqueza com os familiares e os pobres. Quando estiver às portas da morte, distribuirá a riqueza aos seus herdeiros. Para tentar salvar a sua alma, habituado ao seu hábito avarento, só deixará uma ínfima parte aos necessitados. No entanto, estará a distribuir

o que já não lhe pertence, pois nada disso levará para a sepultura, a não ser um pano branco que lhe cobrirá a nudez. A Deus pertence tudo o que existe no mundo e nos céus.

In Sha Allah, Este tema será concluído no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá (Presidente da Associação Islâmica da Cidade do Porto - Portugal).

04/04/2013

abdul.manga@gmail.com