quinta-feira, fevereiro 17, 2022

Será que Jesus escreveu partes do Evangelho? QUESTÃO

As-Salamu `alaykum. Gostaria que esclarecesse o versículo 27 da Surat Al-Hadid (Surat 57) do Alcorão. Escreveu Jesus (paz esteja com ele) partes do Evangelho? Jesus era iletrado? O Evangelho ou parte dele foi ditado por Jesus a algum dos seus discípulos como o foi o Alcorão? Penso que os discípulos escreveram a Bíblia inteira após a ascensão de Jesus ao céu. Mas, o que significa no Alcorão o versículo "... a quem concedemos o Evangelho"? «Então, após eles, enviamos outros mensageiros Nossos e, após estes, enviamos Jesus, filho de Maria, a quem concedemos o Evangelho; e infundimos nos corações daqueles que o seguem compaixão e clemência. No entanto, seguem a vida monástica, que inventaram, mas que não lhes prescrevemos; só (o inventaram) procurando a satisfação de Deus; porém, não o observaram devidamente. E recompensamos os fiéis, dentre eles; porém, a maioria é depravada». – Alcorão, 57:27. 

Prezados Irmãos, Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. RESPOSTA: 
1- Jesus (paz esteja com ele) não era iletrado. Ele era altamente instruído. No entanto, costumava comunicar os seus ensinamentos aos seus discípulos sob a forma oral em vez de escrita. Os discípulos, por sua vez, costumavam lembrar-se do que Jesus lhes ensinava de cor. 
2- Quando Jesus foi elevado ao céu, todos os seus conselhos e ensinamentos eram conhecidos dos seus discípulos. Os discípulos não eram bons a memorizar, e nem todos eram capazes de compreender os ensinamentos de Jesus. Muito provavelmente, esta foi a principal razão por detrás das distorções que tiveram lugar após a ascensão de Jesus. Deus enviou muitos Livros Divinos aos Seus Mensageiros para conduzir a humanidade ao caminho da verdade, e guiá-los a adorá-Lo e a evitar o politeísmo e o vício. Deus revelou as Escrituras a Abraão, a Torá a Moisés, os Salmos a David, os Evangelhos a Jesus, e o Alcorão a Muhammad (que a paz estejam sobre todos eles). Alguns desses Livros Divinos foram revelados sob a forma de escrituras, tais como a Torá. Diz Deus Todo Poderoso: «Quando a cólera de Moisés diminuiu, ele tomou as tábuas em cujas inscrições havia a orientação e a misericórdia para todos aqueles que temem o seu Senhor». (Alcorão, 7:154) E alguns foram revelados sob a forma de admoestações e conselhos, tais como o Evangelho.

 É lógico que Jesus (que a paz esteja com ele) não era iletrado. Ele era altamente instruído. No entanto, costumava comunicar os seus ensinamentos aos seus discípulos sob a forma oral, em vez de escrita. Os discípulos, por sua vez, costumavam lembrar-se do que Jesus lhes ensinava de cor. Quando Jesus foi elevado ao céu, todos os seus conselhos e ensinamentos eram conhecidos dos seus discípulos. 

Infelizmente, eles não eram bons a memorizar, e nem todos eram capazes de compreender os ensinamentos de Jesus. Muito provavelmente, esta foi a principal razão por detrás das distorções que tiveram lugar após a ascensão de Jesus. Além disso, o Império Romano e os judeus eram, na altura, opositores brutais dos cristãos. Eles, impiedosamente, mataram cristãos, causando um efeito prejudicial na gravação do Evangelho, uma vez que a maioria daqueles que o memorizaram foram torturados e mortos. 

Quanto à compilação do Evangelho e à sua classificação em volumes, a versão mais antiga conhecida chegou a ser cerca de 100 anos após a ascensão de Jesus. Isto significa que havia três gerações que não sabiam nada sobre o Evangelho ser escrito. Além disso, nenhum dos discípulos ou dos seus sucessores tentou compilar os ensinamentos de Jesus na forma escrita. Isto pode servir como causa primária por detrás das distorções notáveis. Em vez de se concentrar na Unidade de Deus, e seguindo os passos dos Profetas e Mensageiros de Deus, o fundador da Igreja Paulista, S. Paulo (Saulo), começou a pregar o conceito da Trindade e, por isso, afastou-se do Evangelho original. Tais distorções conduziram dramaticamente à decadência e incompreensão dos ensinamentos de Jesus (que a paz esteja sobre ele). É evidente que Deus enviou o Evangelho a Jesus, mas os seus discípulos não tiveram um papel ativo na sua preservação, como os muçulmanos tiveram com o Alcorão, que foi revelado ao Profeta Muhammad (que a paz e bênçãos estejam com ele), que ordenou aos muçulmanos que o escrevessem. Foi completamente ditado sob a sua supervisão. 

Considerando tudo isto, agradecemos a Deus Todo Poderoso por ter orientado a Comunidade Muçulmana a preservar o glorioso Alcorão, por escrito, há mais de 1400 anos. Deus diz no Alcorão: "Nós revelamos a Mensagem e somos, na verdade, o seu Guardião". (Alcorão, 15:9). O Alcorão é talvez o único livro, religioso ou secular, que foi memorizado completamente por milhões de pessoas. O famoso orientalista Kenneth Cragg reflete que: “...esse fenómeno da recitação alcorânica significa que o texto atravessou os séculos numa sequência viva ininterrupta de devoção. Não pode, portanto, ser tratado como uma peça de antiquário, nem como um documento histórico de um passado distante. O hifze (memorização alcorânica) fez do Alcorão um bem presente durante todo o período de tempo islâmico e deu a ele uma transmissão humana a cada geração, não permitindo que ficasse relegado à posição de mera autoridade para simples referência.” 

O Alcorão inteiro também foi registrado por escrito na época da revelação a partir do que foi ditado pelo Profeta, que Deus o exalte, por alguns de seus companheiros letrados, o mais proeminente deles sendo Zaid ibn Thabit. Outros entre os seus nobres escribas foram Ubayy ibn Ka’b, Ibn Mas’ud, Mu’awiyah ibn Abi-Sufyan, Khalid ibn Walid e Zubayr ibn Awwam. Os versículos foram registrados em couro, pergaminho, escápulas (omoplatas de animais) e folhas de tamareiras. A codificação do Alcorão (ou seja, colocado em ‘forma de livro’) foi feita logo após a Batalha de Yamamah (11EH/633EC), após a morte do Profeta, durante o Califado de Abu Bakr. O terceiro Califa Osman (23AH-35AH/644-656CE) pediu a Hafsah que lhe enviasse o manuscrito do Alcorão que estava sob sua guarda, e ordenou a produção de várias cópias idênticas (masaahif, singular mushaf). Essa tarefa foi confiada aos Companheiros Zaid ibn Thabit, Abdullah ibn Az-Zubair, Sa’eed ibn As-’As, e Abdur-Rahman ibn Harith ibn Hisham. Na conclusão (em 25EH/646EC), Osman devolveu o manuscrito original à Hafsah e enviou as cópias às maiores províncias islâmicas. Um número de eruditos não-muçulmanos que estudou a questão da compilação e preservação do Alcorão também estudou a sua autenticidade. John Burton, ao fim de seu trabalho substancial sobre a compilação do Alcorão, afirma que o Alcorão como nós temos hoje é:“...o texto que nos chegou na forma na qual foi organizada e aprovada pelo Profeta... O que nós temos hoje em nossas mãos é o mushaf de Muhammad”. [John Burton, The Collection of the Quran (A Compilação do Alcorão), Cambridge: Cambridge University Press, 1977, p.239-40.] 

A credibilidade histórica do Alcorão é estabelecida também pelo facto de que uma das cópias enviada pelo Califa Osman continua a existir hoje. Ela está no Museu da Cidade de Tashkent no Uzbequistão, Ásia Central. De acordo com o Programa Memória do Mundo, da UNESCO, um braço das Nações Unidas, ‘é a versão definitiva, conhecida como o Mushaf de Osman.’ 

Um fac-símile do mushaf em Tashkent está disponível na Biblioteca da Universidade de Columbia nos EUA. Essa cópia é prova de que o texto do Alcorão que temos em circulação hoje é idêntico ao do tempo do Profeta e seus companheiros. Uma cópia do mushaf enviado à Síria (duplicado antes de um incêndio em 1310EH/1892EC destruir a mesquita Jaami’ onde estava guardado) também existe no um no Museu Topkapi em Istambul, e um manuscrito anterior em pergaminho de gazela também existe em Dar alKutub as-Sultaniyyah no Egipto. 

Manuscritos mais antigos de todos os períodos da história islâmica encontrados na Biblioteca do Congresso em Washington, no Chester Beatty Museum em Dublin (Irlanda) e no Museu de Londres foram comparados com aqueles em Tashkent, Turquia e Egipto, e os resultados confirmaram que não houve quaisquer mudanças no texto desde a sua época de escrita original. E Deus Todo-Poderoso é Quem melhor sabe.

A paz esteja convosco.