sexta-feira, janeiro 27, 2012

A Batalha de Badr

Louvado seja Deus, o Criador dos Céus e da Terra! Testemunho que não há  divindade exceto Deus Único e sem parceiros e testemunho que Muhammad é Seu servo e o selo de Seus Mensageiros. E que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele, sobre seus familiares e companheiros e todos aqueles que seguirem seus passos até o Dia Derradeiro.


Queridos irmãos e irmãs no Islam! No 17º dia do Mês de Ramadam, ocorreu a Grande vitória dos muçulmanos em Badr. A esse respeito Allah diz no Alcorão: “Cap. 3/ 123. Sem dúvida que Deus vos socorreu em Badr, quando estáveis em inferioridade de condições. Temei, pois, a Deus e agradecei-Lhe.”

Este dia é conhecido na história como al- Yawmu l-Furqan, o Dia do Discernimento; discernimento entre a luz e as trevas, o bem e o mal, o certo e o errado. Foi um dia decisivo na história do Islam. Dia em que Allah honrou o Islam e os muçulmanos e o dia em que Allah humilhou a idolatria e os idólatras. Mas como tudo aconteceu?

A caravana liderada por Abu Sufyan regressava da Síria com provisões compradas com dinheiro do povo de Meca. E se essa caravana fosse interceptada pelos muçulmanos seria um grande impacto econômico, um efeito que abalaria toda a sociedade de Meca. Os muçulmanos descobriram que a caravana faria uma parada nos poços de Badr, e, portanto se prepararam para interceptá-la.

Notícias sobre essa preparação chegaram a Meca. Percebendo as conseqüências catastróficas se a caravana fosse interceptada os lideres de Meca imediatamente reuniram todo o poder possível e partiram para encontrar os muçulmanos. No caminho para Badr o exército recebeu as notícias de que Abu Sufyan tinha conseguido escapar dos muçulmanos levando a caravana por uma rota alternativa junto ao litoral. 


O exército de Meca, com aproximadamente mil homens, seiscentos deles usando escudos, 100 cavalos e 700 camelos, e uma grande quantidade de provisões para durar por muitos dias, persistiu em Badr para ensinar uma lição aos muçulmanos, impedindo-os de atacar quaisquer caravanas no futuro.

Quando os muçulmanos tomaram conhecimento do avanço do exército de Meca, souberam que um passo ousado teria que ser dado. O Profeta Muhammad (s), reuniu um conselho de consulta para determinar o curso de ação. Muitos muhajirin (os muçulmanos que emigraram de Meca para Medina) falaram, usando as mais eloqüentes palavras para descrever sua dedicação. Mas havia um sahabah (companheiro) a quem todos os outros se admiraram por sua declaração ao Mensageiro de Allah (s). Ele, Miqdad ibn al Aswad (r), se levantou diante da multidão e disse "Ó Mensageiro de Allah! Não diremos a você o que O Povo de Israel disse a Moisés, 'Vá você e seu Senhor, e lute, que ficaremos aqui sentados (esperando).' E dizemos: Vá com a bênção de Allah e estaremos com você lutando!" E assim Mensageiro de Allah (saw) ficou muito satisfeito mas, em sua grande sabedoria, ele aguardou silenciosamente e alguns muçulmanos sabiam o que ele pretendia. Até então só os muhajirun tinham dado o seu consentimento, mas eram os ansar (os muçulmanos que viviam em Medina e receberam os muçulmanos em sua cidade). Assim, o grande líder dos Ansar, Sa'd ibn Mu'adh falou (Ó Mensageiro de Allah! Talvez você queira ouvir nossa opinião também?" O Mensageiro de Allah (s) respondeu que sim. Sa'd então proferiu um belo discurso onde ele, entre outras coisas, disse: “Ó Profeta de Deus! Acreditamos em você e testemunhamos o que nos concedeu, e declaramos em termos inequívocos que o que trouxe é a 
Verdade. Damos-lhe nosso firme compromisso de obediência e sacrifício. 


Obedeceremos de boa vontade no que quer que nos ordene, e por Deus Que o enviou com a Verdade, se nos pedir para mergulhar no mar, o faremos imediatamente, e nenhum homem ficará para trás. Não rejeitamos a idéia de encontrar o inimigo. Temos experiência em guerra e somos confiáveis em combate. Esperamos que Deus lhe mostre através de nossas mãos aqueles atos de valor que agradarão os seus olhos. Lidere-nos no campo de batalha em Nome de Deus.’

O Mensageiro de Allah (s) ficou muito satisfeito e disse "Adiante e animem-se, porque Allah prometeu a mim um de dois (ou a caravana ou a batalha) e por Allah é como se agora eu visse o inimigo prostrado." Diz Allah no Alcorão a respeito desta promessa: “7.Recordai-vos de que, quando Deus vos prometeu que teríeis de combater um dos dois grupos, desejastes enfrentar o desarmado. E Deus quis fazer prevalecer a verdade, com as Suas palavras, e exterminar os incrédulos, 8.Para que a verdade prevalecesse e desaparecesse a falsidade, ainda que isso desgostasse os pecadores.”


Depois dessa demonstração de extremo apoio e amor pelo Profeta e pelo Islam tanto por parte dos Muhajirin quanto dos Ansar, os muçulmanos marcharam em direção a Badr, em número eram um pouco acima de 300, se prepararam da melhor forma possível. Tinham apenas setenta camelos e três cavalos e por isso os homens cavalgavam em turnos. Acamparam o mais próximo possível do poço de Badr; e assim o exercito inimigo ficou impedido de beber do poço.


O Profeta Muhammad (s) andou pelo campo de batalha, e como mais um milagre de sua profecia, ele apontava com seu dedo os locais onde os seus inimigos e lideres de Meca iriam morrer durante a batalha, e disse: Este é o local onde Abu Jahal vai ser morto, andou um pouco mais e disse: este é o local onde Utbah Bin Rabi’ah vai ser morto, andou um pouco mais e disse: este é o local onde Shaibah Bin Rabi’ah vai ser morto.

E quando os muçulmanos já estavam enfileirados e os dois exércitos ficaram próximos e eram visíveis uns para os outros, O Mensageiro de Allah em sua tenda começou a suplicar, "Ó Allah! Os coraixitas vaidosos e arrogantes já estão aqui e Te desafiam e desmentem Teu Mensageiro. Ó Allah! Espero pela vitória que Tu me prometeste. Rogo a Ti, Allah, que os derrote." E os coraixitas estavam confiantes e arrogantes por causa de sua superioridade numérica, de armas e provisões; mas a resposta de Allah (s) foi imediata. Nesse ponto O Mensageiro recebeu uma revelação prometendo a ajuda de Deus: “... Reforçar-vos-ei com mil anjos, que vos chegarão paulatinamente.” (Alcorão 8:9)


Mensageiro de Allah (s), em sua tenda, adormeceu por um instante e em seguida levantou sua cabeça alegremente gritando "Boas notícias. A vitória de Allah se aproxima.”

Então, o Mensageiro de Allah (s) pegou um punhado de areia, jogou em direção ao inimigo e disse: "Que a confusão se apodere de seus rostos"

Quando ele atirou a poeira uma violenta tempestade de areia se espalhou como uma rajada quente nos olhos do inimigo. Sobre isto, diz Allah:"Vós não os aniquilastes, (ó muçulmanos)! Foi Allah quem os aniquilou e apesar de seres tu (ó Mensageiro) quem lançou (a areia), o efeito foi causado por Allah." (8:17) Foi neste momento que Mensageiro de Allah (s) deu a ordem para iniciar um contra-ataque total. Ele estimulou os fiéis recitando o seguinte versículo: "Emulai-vos em obter a indulgência de vosso Senhor e um Paraíso, cuja amplitude é igual à dos céus e da terra."(3:133)

O moral dos muçulmanos estava no auge e eles lutaram com extrema coragem e bravura, ferindo gravemente o exército coraixita, matando muitos de seus homens e infundindo temor em seus corações. Isso por que eles confiavam em Allah (t) e em Seu Mensageiro e queriam, e até esperavam, dar suas vidas em troca da morada eterna no Paraíso. Por causa de sua sinceridade e devoção, Allah (swt) enviou Seu socorro e a vitória.

O grande exército dos idolatras de Meca foi esmagado pelos muçulmanos, e depois de enfrentar pesadas baixas, não havia o que fazer a não ser fugir. Abu Jahl e os outros lideres de Meca foram mortos exatamente onde o Profeta havia indicado. Quando Mensageiro de Allah (s) saiu para olhar seus cadáveres, ele (s) disse "Vocês foram o pior clã de um Profeta. Vocês me renegaram enquanto as pessoas acreditaram na minha mensagem. Vocês me abandonaram enquanto as pessoas me apoiaram. Vocês me expulsaram enquanto as pessoas me acolheram".

Depois de os mandar enterrar numa vala comum, O Profeta (s) começou a dirigir as seguintes palavras aos inimigos mortos: “Ó gente do sepulcro, chamando-os pelos nomes e mencionando sua filiação, ó Utbah Bin Rabi’ah, ó Shaibah Bin Rabi’ah, ó Abu Jahal Bin Hisham, ó fulano filho de fulano vós encontrastes o que vosso Senhor vos prometeu! Eu na realidade já encontrei o que meu Senhor me prometeu.

Esta foi resumidamente a grande batalha de Badr, que favoreceu o estabelecimento da criação de um governo Islâmico em Madina e posteriormente se espalhou por toda a península árabe e mais tarde por todo o mundo.

Que Allah derrame suas bênçãos sobre toda nação do Islam, e que aceite o esforço de cada um nós. Amin! Amin! Ua Salamu Alaikum Ua RahmatulALLAH Ua Barakatuhu! 

“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

Asalamo Alaikom WA WB,

Omar Hussein Hallak

O QUIÁMAT – A RESSURREIÇÂO SEGUNDA PARTE


Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso).

“Pelo Dia da Ressurreição!”…. “Porventura, Ele não será capaz de ressuscitar os mortos?”. Cur’ane 75: 1 e 40. “Quando as estrelas perderem sua luz; Quando as montanhas forem arrancadas”. 77:8,10. “Quando o céu se fender; Quando os astros caírem; E quando os mares se misturarem; E quando os túmulos forem revirados; Toda a alma saberá o que antecipou e o que atrasou (o que fez de bom e de mal)”. 82:1,2,3,4,5.

Hazrat Umar (Radiyalahu an-hu) relatou que alguém perguntou ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), quem era o mais sábio dos sábios. O Profeta (Salalahu Aleihi wassalam) referiu aquele que relembra a morte abundantemente e se encontra ocupado nos preparativos da "vida futura", é o mais sábio". Ibn Maja.

Mas o homem raramente pensa na morte. Só lhe vem à mente esta certeza quando uma desgraça o atinge, quando alguém muito próximo deixa esta vida e quando acompanha um funeral. Na presença do falecido, durante o funeral e nas próximas horas, irá ficar absorvido com pensamentos penosos: “poderia ser comigo; será que eu estou preparado?; o que será da minha família?” Mas estas preocupações passam e regressa à sua rotina diária, à busca do seu sustento e do lazer. Deus sabendo da fraqueza do ser humano, relembra os Seus servos, de que a única certeza é a morte: “KULÚ NAFSIN ZAÁIKATUL MAUTI…. – Toda a alma provará o sabor da morte e Vos provaremos com o mal e com o bem e a Nós retornareis”. Cur’ane 21:35.

A necessidade de se pensar na morte, não é para ficarmos frustrados e tristes. É uma maneira de nos lembrarmos, de que desta vida partiremos e nada mais levaremos, senão as nossas acções. Segundo Abu Huraira (Radiyalahu an-hu), o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) recomendou as pessoas para visitarem os cemitérios (não só para fazer as preces para os mortos), para também recordar a morte. Muslim. Ainda disse o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): “A melhor pessoa é aquela com a longa vida praticou actos virtuosos. A pior pessoa, é aquela que a longa vida, passou a praticar más acções. Ahmad, Haakim, Darda e Tirmizi. 

O ser humano depois de deixar esta vida, é lavado pelos seus familiares e amigos, embrulhado num simples pano branco. Foi assim que o fizeram quando nasceu. A sua família e os seus amigos o acompanham até à sua morada provisória. Deixa todos os seus haveres. Vai ser enterrado. Quando acabam de lhe atirar terra (pó), fazem uma prece, rogando a misericórdia de Deus. Entre outras preces, pedem ao Criador, Perdoador, que dá a vida e a morte: “Allahuma Ajirhá min ãzabil qabr - Ó Allah salvelhe dos tormentos e dos castigos da sepultura”. Depois retiram-se do cemitério, já que para eles, a vida continua.

Ficará ele desamparado, sem qualquer companhia, num lugar apertado e escuro? Issa (Aleihi Salam), Jesus (que a Paz de Deus esteja com ele), estava com os seus discípulos perto duma sepultura, quando um morto foi descido à terra. Os discípulos lamentaram a escuridão, solidão e pequenez do sepulcro. Issa (Aleihi Salam) disse: “Já estivestes uma vez num lugar mais pequeno do que este, no ventre das vossas mães. Se Deus deseja aumentar (a Sua Misericórdia), fá-lo”- Ahmad ibn Hambal-Kitab al-zuhd. Anas Bin Malik (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Quando o corpo do morto é colocado na sepultura ele ouve o som dos sapatos dos parente e amigos, a abandonarem o local”. Muslim.

É depois “acordado” com um grande alarido. São os anjos Munkar e Nakir, que o vêm interrogar. Sua vozes serão intensas como trovões e os olhos como um pesado rastro de relâmpago. Eles o empurrarão, acotovelarão rudemente. Falarão asperamente e o farão sentir terror!. Nessa altura, ser-lhe-ão restituídos os seus sentidos e inteligência, idênticas as que tinha quando vivia, para responder à seguintes questões: “Quem é o teu Senhor; Qual é a tua religião; E quem é o teu Profeta”. As respostas serão dadas de acordo com as acções praticadas no mundo e nenhuma cábula iremos levar para servir de apoio. 

Jabir (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “cada servo será levantado, no mesmo estado em que ele morreu”. Muslim. A pessoa morre e “leva com ele”, o registo das suas (boas e más acções). E será ressuscitada na mesma situação. Nu’am Al Mujmir (Radiyalahu an-hu, narrou que ouviu o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) dizer: “No Dia da Ressurreição, os meus seguidores serão chamados de “Al-Ghurr-ul-Muhajjalun”, por causa do traço (brilho) de ablução. E quem quiser, pode aumentar a área do brilho, através da realização regular da ablução”. Bukhari 4:138. No dia da Ressurreição, a sede e a preocupação serão imensas. O Profeta (Salalahu Aleihi Waasalam), aliviará os seus seguidores, dando-lhes de beber a agua da sua Fonte (Kauçar). Abu Huraira (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Por Aquele em cujas Mãos está a minha alma, no Dia da Ressurreição, vou afastar os estranhos da minha fonte, como os camelos estranhos são expulsos de um bebedouro privado”. Bukhari 40:555.
Nadhla Ibn Ubaid al Aslami (Radiyalahu an-hu) relatou que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Quando chegar o Dia do Juízo Final, todo o servo de Deus permanecerá de pé e não dará nenhum passo (la tazula), até que preste contas acerca de quatro questões: 
1)- A sua vida, como a empregou:
2)- Do conhecimento obtido, o que fez com ele;
3)- A riqueza, como a obteve e como a gastou: 
4)- O seu corpo, como o utilizou”.
Tirmizi. Estamos preparados para esta certeza? “Rabbaná átina, fi ddunia, hassanatan, wuafil áhirati hassanatan wuaquiná ázabal nnari” “Nosso Senhor, conceda-nos o bem neste mundo e no akhirat (vida futura) e salve-nos dos castigos do fogo (do inferno)”. Cur’ane 2:201.

Dedico esta mensagem à minha mulher, que ao longo de 37 anos me acompanha e que me ajudou a encontrar o Siratul Mustaquim.

In Sha Allah, continua no próximo Juma. Façam o favor de ter um bom dia de Juma.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

26/01/2012

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Juro e Investimento


Por: Sheikh Aminuddin Mohamad -16.01.2012

Depois do colapso total do sistema económico socialista, a maior parte dos países abraçou o sistema económico capitalista, baseado no juro. Pouco mais de vinte anos após a derrocada do socialismo, o capitalismo está igualmente a conhecer momentos conturbados, tudo levando a crer que a economia capitalista será igualmente uma economia falida.
As convulsões sociais e os protestos um pouco por todo o lado, revelam que as coisas não andam bem, e os respectivos governos vão tentando implementar diariamente medidas de austeridade severas, num esforço para sair da grave crise que os afeta, devido ao injusto sistema capitalista.
Agora as pessoas estão a chegar à conclusão de que realmente quem manda no Mundo não são os políticos, representantes eleitos pelo povo através das eleições, mas sim as instituições bancárias como o  FMI, o Banco Mundial, Clube de Paris, etc.
Os bancos constituem a espinha dorsal do capitalismo, e sugam os povos ao máximo através de juros. Quem ousar não reembolsar as dívidas para com estas instituições arrisca-se a que elas lhes tomem de hipoteca e expropriem tudo, sem o mínimo de piedade.
Com o objectivo de estabelecerem um sistema social justo, tanto o Al-Qur’án como a Bíblia proíbem o sistema econômico baseado no juro.
Designa-se juro ou usura, ao empréstimo efetuado sob condição de o devedor reembolsar uma quantia acima, ou para além da que tiver sido tomada por empréstimo. Consta na Bíblia, Êxodos 20: 25:
“Ao teu irmão não emprestarás à usura, nem à usura de dinheiro, nem à usura de comida, nem à usura de qualquer coisa que se empreste”.
Por seu lado o Al-Qur’án diz, no Cap. 2, Vers. 278 – 279:
“Ó crentes! Temei a Deus e deixai o que resta do “ribá” (juros/usura) se sois crentes. Se não o fizerdes, esperai a guerra da parte de Deus e de Seu Mensageiro. Se vos arrependerdes tereis o vosso capital. Não prejudicai ninguém para não ficardes prejudicados”.
Não parece correcto que alguém diga que o sistema econômico universal está baseado no juro, e que, se se abandonar esse sistema, se arrisca ao colapso económico, pois na realidade, o sistema econômico universal está baseado no processo de consumo, e não no juro. Este, até é uma grande barreira no processo de investimento e consumo.
Se todo o dinheiro for poupado, assim como os bancos encorajam, e nada for consumido, todo o processo econômico conhecerá a estagnação, pois o juro cria nas pessoas a tendência de poupança. E se tudo for poupado sem que nada seja investido, então o único resultado só pode ser o colapso econômico, enquanto que os investimentos em grande escala favorecem o sistema de bem estar.
De salientar que no sistema capitalista as poupanças só são investidas quando a taxa de lucro for mais alta que a taxa de juro. Isto significa que os investimentos têm que ultrapassar a barreira criada pelo juro. Na ausência do elemento de juros, haverá o mínimo de poupanças, e mais investimentos em vários sectores da economia.
O capital atua na sociedade como o sangue no corpo. Se o sangue não circular no corpo inteiro, o corpo não será saudável. Da mesma maneira, se o capital estiver parado por via da poupança, não circulando em toda a sociedade através de investimentos, a sociedade não será saudável. E isso é o que está a acontecer hoje. O capital não circula em toda a sociedade, ou circula apenas em algumas mãos e partes da sociedade, entre ricos, daí todos os males sociais que nos são dados ver.
É irônico que os juros não só criam barreira no caminho do crescimento econômico, mas também não conseguem proporcionar quaisquer benefícios reais àquele que empresta, ou àquele que pede emprestado.
Por exemplo, tomemos o caso de um indivíduo que nas suas poupanças ganha 18% de juros. Ele pode perder 10% do valor do seu capital devido à inflação, e outros 10% devido à desvalorização da moeda. Portanto, para eles, o resultado líquido da perda será de 2%.
Por seu lado, as instituições de crédito inclinam-se ao ganho de uma quantia limitada em juros, proveniente dos beneficiários do crédito, quando eles próprios podiam investir e ganhar uma melhor margem de lucros.
É melhor para esse tipo de instituições, que sejam elas próprias a investirem nas operações comerciais. E isso só é possível se os depósitos forem feitos na base de partilha de lucro e prejuízo, e não na forma como atualmente está sendo feito pelos bancos. Os bancos emprestam dinheiro com juros aos comerciantes, e estes por sua vez vendem a mercadoria depois de comprá-la ou fabricá-la, e nesse processo ganham algum lucro ou prejuízo.
Naturalmente que em tais arranjos o comerciante só recorre ao banco quando tem a certeza de que vai ganhar mais do que o que ele terá que pagar em juros à instituição de crédito.
O negócio de empréstimo também cria dinheiro invisível na economia, causando a oferta acrescentada de dinheiro, e consequentemente a inflação. Isso é evidente nos casos em que um governo pretende controlar a inflação. A primeira coisa que faz, é regular os empréstimos bancários, desencorajando as instituições de crédito de aumentar as taxas de juro.
Os governos e as nações são as piores vítimas de um sistema econômico baseado no juro. As taxas e impostos do governo, que representam uma parte das receitas nacionais, que devem ser usadas internamente, acabam tendo que ser retiradas do sistema para se conseguir pagar as exigências do serviço de dívidas, o que quer dizer que a nossa receita natural fica afetada pelo nosso sistema econômico baseado no juro.
No processo de empréstimo, o direito de propriedade não muda, enquanto que na transação de venda, o direito de propriedade muda, e a mercadoria é trocada por um preço.
O que determina o juro são as forças do mercado e o acordo mútuo entre aquele que empresta, e o que pede emprestado. Nos tempos atuais, são os bancos centrais.
Juro é sempre juro, independentemente de se tratar de quantia mínima ou máxima nas operações de agiotismo. Tudo isso é proibido na religião.
O sistema econômico isslâmico, conhecido por “mudaraba” e “musharaka”, em que as partes assumem tanto o lucro como o prejuízo, afigura-se sendo o melhor, pois no sistema de juros, em que o comerciante trabalha com o capital emprestado, este nunca pode crescer forte e seguro nestas condições de mercados permanentemente em flutuação, quando o comércio tem que assegurar o seu stock e esperar pelo momento certo para conseguir ganhar o máximo de lucro.
Em contrapartida, com o capital emprestado, este tem que vender, mesmo quando há baixa súbita de preços dos artigos ou dos valores no mercado, só porque ele tem que pagar os juros bancários, e cumprir com os compromissos assumidos.
Os juros não são só maus para a economia, mas também são maus para a moral, e destroem o humanismo e o sentimento de compaixão, pois se alguém, por exemplo, num momento de aflição, em que tem a sua mãe na eminência de morrer, for ter com um agiota para lhe pedir algum valor sob a forma de apoio (caridade) para suportar os custos de tratamento médico ou mesmo de despesas fúnebres da mãe, ele nunca aceitará. Fá-lo-á apenas na condição de o reembolso ser feito com juros, ainda que se trate de um moribundo às portas da morte.
A caridade e a usura são duas coisas diametralmente opostas. O agiota nunca pratica caridade. Em todo o dinheiro, ele apenas vê oportunidade de ganhar mais algum dinheiro em juros ao emprestar, explorando as necessidades e aflições dos outros.
Que Allah SW no perdoe e tenha piedade de nossas almas.

Assalamo Aleikom ua Matulahi ua Baraketu!