quinta-feira, outubro 27, 2011

Os Direitos da Mulher na Civilização Islâmica‏

بسم الله الرحمن الرحيم

Por: Dr . Ragheb Elsergany

O Islam envolveu a mulher com grande cuidado e atenção, a elevou e a valorizou, a exclusivizou com a nobreza e bom relacionamento sendo filha, esposa, irmã e mãe. O Islam estabeleceu, inicialmente, que a mulher e o homem foram criados de uma só fonte, por isso as mulheres e os homens no aspecto humano são iguais. Disse Allah, o Altíssimo: [Ó humanos, temei a vosso Senhor, Que vos criou de uma só pessoa e desta criou sua mulher, e de ambos espalhou pela terra numerosos homens e mulheres] (Annissá: 1). E existem vários outros versículos que esclarecem a eliminação do Islam o princípio da distinção entre o homem e a mulher nos valores humanos comuns.

O valor da mulher no Islam

Partindo destes princípios e negando os costumes da jahiliyah (época pré-islâmica) e das nações anteriores no assunto da mulher, o Islam chegou para defender a mulher e para colocá-la em um nível jamais alcançado em nenhuma nação ou religião anterior nem em nação posterior, estabelecendo para ela – como mãe, irmã, esposa e filha desde catorze séculos atrás – direitos reivindicados ainda hoje pela mulher ocidental.

O Islam estabeleceu inicialmente que as mulheres se igualam aos homens no valor e na posição, o fato de serem mulheres não as diminui. O mensageiro (a paz esteja com ele) disse sobre isso, decretando um princípio importante: “Em verdade, as mulheres são irmãs dos homens”[1]. Também é narrado sobre ele que recomendava o respeito às mulheres permanentemente, dizia aos seus companheiros: “Tratem bem as mulheres...”[2]. Esta recomendação se repetiu no sermão de despedida quando ele falava a milhares de pessoas da sua nação.

O valor da mulher na época pré islâmica

Se pretendemos esclarecer o que o Islam estabeleceu de bases para a elevação e enobrecimento da mulher, devemos primeiro perceber inicialmente a situação da mulher nas “ignorâncias” antigas e modernas[3], para vermos a real escuridão que ela viveu e que ela ainda vive. A partir daí, se esclarece para nós a real situação e posição da mulher sob a sombra dos ensinamentos do Islam e da civilização islâmica.

Se os árabes – como antecedemos no primeiro capítulo – enterravam suas filhas as privando do direito à vida, temos o Alcorão Sagrado sendo revelado criminalizando e proibindo tal ato: [E quando a filha, enterrada viva, for interrogada, por que delito fora morta] (Attakwir: 8-9). O profeta (a paz esteja com ele) também fez deste crime um dos maiores pecados. Ibn Mass´úd disse: Perguntei ao mensageiro de Allah (a paz esteja com ele): Qual pecado é maior? Ele disse: “Que tu associes com Allah um parceiro sendo que Ele te criou”. Eu disse: E em seguida? Ele disse: “Que mates o teu filho temendo que ele divida o teu sustento contigo”. Eu disse: E em seguida? Ele disse: “Que cometas adultério com a mulher de teu vizinho” [4].

Os direitos da mulher no IslamEste assunto no Islam não se limita a dar à mulher somente o direito à vida, mais ainda, o Islam incentivou a benfeitoria a ela quando pequena. Disse o mensageiro (a paz esteja com ele): “Quem for responsável por estas meninas e for benfeitor para com elas, elas lhes serão uma barreira do fogo”[5].

Em seguida, o mensageiro (a paz esteja com ele) ordenou ensiná-las dizendo: “Todo homem que tiver uma menina e a ensinar com perfeição, e a educar com perfeição... terá duas recompensas”[6]. E o profeta (a paz esteja com ele) dedicava um dia para a exortação das mulheres e as ordenava a obediência a Allah, altíssimo seja[7].

Quando a menina atravessa a idade da puberdade e torna-se adolescente, o Islam já lhe dá o direito de aceitar ou recusar um possível pretendente para o casamento, não permite que ela se case com um homem a quem não deseja. Sobre isso, o mensageiro (a paz esteja com ele) disse: “A mulher que já foi casada tem mais direito sobre si que o seu tutor, e a virgem deve ser perguntada e sua permissão é o seu silêncio”[8]. E disse: “A mulher que já foi casada não pode ser casada até ser consultada, e a mulher virgem não pode ser casada até lhe ser pedida a permissão”. Disseram: Ó mensageiro de Allah, e como é a sua permissão? Disse: “Que faça silêncio”[9].

E quando torna-se esposa, a lei islâmica incentiva o bom trato e boa convivência, levando em consideração que a boa convivência com a mulher é uma prova da nobreza do homem e da generosidade de sua natureza. Incentivando isso, o mensageiro (a paz esteja com ele) disse: “Se o homem dá água para sua mulher beber é recompensado”[10]. E alertando, diz: “Eu constranjo a quem faz perder o direito dos dois fracos: o órfão e a mulher”[11].O mensageiro (a paz esteja com ele) era um exemplo prático neste assunto, era de extrema ternura e bondade com sua família. Al Assuad Annakhaí narra que perguntou a Áíshah sobre o que o profeta (a paz esteja com ele) fazia junto de sua família. Ela disse: “A ajudava no trabalho doméstico, então, se chegasse a hora da oração, partia para a oração”[12].

E se a mulher detestar o seu marido e não suportar viver com ele, o Islam lhe concedeu o direito à separação. Ibn Ábbass disse: A mulher de Thabit ibn Qaiss veio até o profeta (a paz esteja com ele) e disse: Ó mensageiro de Allah, não reclamo sobre Thabit em religião nem conduta, porém receio a incredulidade. O mensageiro de Allah então disse: “Então, queres anular a tua residência com ele?”. Ela respondeu: Sim. Então, o profeta (a paz esteja com ele) o ordenou que se separasse dela[13].Podemos adicionar ao que antecedeu o fato de o Islam ter estabelecido poder financeiro individual para a mulher exatamente igual o homem, ela pode vender, comprar, alugar, outorgar, dar e não tem limitação sobre ela enquanto ela goza de suas faculdades mentais, baseando-se no dizer de Allah, o Altíssimo: [Então, se percebeis neles maturidade, entregai-lhes suas riquezas...] (Annissá: 6).

Quando Ummu Haní bint Abi Talib deu proteção a um homem politeísta e seu irmão Ali ibn Abi Talib queria matá-lo, o profeta (a paz esteja com ele) sentenciou a favor de Ummu Haní e deu a ela o direito de oferecer proteção na guerra ou na situação de paz aos não muçulmanos e disse: “Protegemos a quem tu proteges ó Ummu Haní”[14].

Assim vive a mulher muçulmana, cara, nobre, protegida sob a sombra dos ensinamentos do Islam e sob a nobre civilização islâmica.

Tradução: Sheikh Ahmad Mazloum[1] Relatado por Al-Tirmizi: Capítulo de Al-taharah (purificação) (113), Abu Daud (236), Ahmad (26.238), Abu Ya'la (4694). Veja: Sahih Al-Jami ' de Al-Albani (1983).

[3] Mencionamos este assunto quando falamos sobre as civilizações anteriores.

[4] Narrado por Al-Bukhari, capítulo de Al-Adab (comportamento) (5655), Al-Tirmizi (3182) e Ahmad (4131).

[5] Narrado por Al-Bukhari sobre a autoridade do 'Aisha (que Allah esteja satisfeito com ela): Capítulo de Al-Adab (comportamento) (5649), e muçulmanos, o capítulo da Virtude, boas maneiras e participar dos laços de parentesco (2629).

[6] Narrado por Al-Bukhari sobre a autoridade de Abu Musa Al-Ash'ari: Capítulo de Al-Nikah (casamento) (4795).

[7] Abu Said Al-Khudri disse: Algumas mulheres solicitaram ao Profeta para fixar um dia para elas, enquanto os homens estavam tomando todo o seu tempo. Então, ele prometeu-lhes um dia de aulas para exortá-las e ordená-las. Narrado por Al-Bukhari, capítulo de Al-Ilm (conhecimento) (101), e Muslim, o capítulo da Virtude, boas maneiras e participar dos laços de parentesco (2633).

[2] Narrado por Al-Bukhari sob a autoridade de Abu Hurayrah: Capítulo de Al-Nikah (casamento), o capítulo de conselhos sobre cuidar de mulheres (4890), e Muslim: Capítulo da lactação (1468).


[8] Narrado por Muslim sobre a autoridade de Abdullah ibn Abbas: Capítulo de Al-Nikah (casamento) (1421).

[9] Narrado por Al-Bukhari sobre a autoridade de Abu-Hurairah: Capítulo de Al-Nikah (casamento) (4843).

[10] Narrado por Ahmad na autoridade de Ibn Al-Írbadh ibn Sariyah (17195). Veja: Sahih Al-Targhib wa Al-Tarhib (Livro do incentivo e intimidação) (1963).

[11] Narrado por Ibn Majah sobre a autoridade de Abu-Hurairah (3678) e Ahmad (9664). Shu'aby Al-Arna'ut disse que sua transmissão é forte, Al-Hakim (211), e disse que o hadith é correto, conforme as condições exigidas por Muslim. Al-Zahabi disse em Al-Talkhis: De acordo com as condições de Muslim. Al-Baihaqi (20.239). Al-Albani disse: correto. Veja Al-Silsilah Sahihah-Al (1015).


[12] Narrado por Al-Bukhari capítulo, de wa Al-Jama'ah Al-Imamato (644), Ahmad (24.272), e Al-Tirmizi (2489).

[13] Narrado por Al-Bukhari, capítulo de Al-Talaq (divórcio) (4973) e Ahmad (16.139).

[14] Narrado por Al-Bukhari sobre a autoridade de Um Hani bint Abu Talib: Capítulo de Al-Jiziah (3000), e Muslim: Capítulo de Salat Al-Musafirin (orações dos viajantes) (336) .Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos do Brasil, Grupo independente, constituído de sábios, cheiques que seguem a sunna e o consenso no Brasil, São propagadores locais e enviados dos ministérios dos bens religiosos e dos assuntos islâmicos das diferentes regiões para cuidar dos assuntos islâmicos dos muçulmanos no Brasil.

المجلس الأعلى للأئمة والشؤون الإسلامية في البرازيل هو تجمع مستقل يضم علماء ومشايخ أهل السنة والجماعة في البرازيل، وهم عبارة عن دعاة محليين ومبتعثين من وزارات الأوقاف والشؤون الإسلامية في الأقطار الإسلامية لرعاية الجالية المسلمة في البرازيل*********************************************************

"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

Mohamad ziad -محمد زياد

Os Muçulmanos Amam Jesus!

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domingo, outubro 23, 2011

A Mesquita e o Seu Papel na Civilização Islâmica‏


Em Nome de Allah o Clemente  e Misericordioso !
Prezados irmãos e caros leitores! 
Mesquita é o nome que se dá ao templo islâmico na língua portuguesa. Em árabe é Masjid. Diferentemente de outros templos que só funcionam com um local de celebrações de cultos, a Mesquita funciona também com uma sala aula, e até local onde os muçulmanos fazem retiros espirituais, inclusive dormindo em seu interior. Na matéria abaixo vamos saber sobre a A Mesquita e seu papel no ensino.
A história da educação na sociedade islâmica está intimamente associada à mesquita, ela é o principal centro de difusão da cultura islâmica e á um dos principais pontos de ensino. O mensageiro fez da mesquita de Al Madinah um local de estudo, onde ele se reunia com os seus companheiros, recitava para eles o que lhe era revelado do Alcorão e ensinava-lhes as regras da religião em palavras e atos. A mesquita permaneceu cumprindo a sua missão na época dos califas probos e continuou assim na época do reinado dos Omíadas e dos Abássidas e, posteriormente, quando os cientistas interpretavam os versos do Alcorão Sagrado, e os muhaddithun (compiladores dos dizeres do profeta (a paz esteja com ele)) narravam os ditos do mensageiro de Allah (a paz esteja com ele). Entre eles Imam Malik ibn Anass. Assim também era a Mesquita de Damasco, um importante centro cultural, no qual se formavam oficinas de ciência[1], e tinha vários pontos usados pelos alunos para copiar e ler. Al-Khateeb al-Baghdadi[2]  tinha uma grande círculo no qual ensinava, e no qual as pessoas se reuniam para ouvi-lo todos os dias "[3].
 As reuniões de aprendizagem
 Os companheiros do profeta (a paz esteja com ele) tinham círculos de conhecimento (reuniões de aprendizagem) na mesquita do profeta (a paz esteja com ele). Makhul narra que um homem disse: “Estávamos sentados no círculo de Omar ibn Al Khattab na mesquita de Al Madinah discutindo as virtudes do Alcorão, então foi citada maravilha de “Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso”[4].
 E Abu Hurairah tinha um círculo na mesquita do profeta (a paz esteja com ele), onde ensinava o hadith (os ditos) do mensageiro de Allah (a paz esteja com ele). Esta reunião refletia a amplitude da memória de Abu Hurairah e seus sentimentos sinceros para com o profeta (a paz esteja com ele). Um homem se encontrou com Muáuiah e disse: “Passei por Al Madinah, e encontrei Abu Hurairah sentado na mesquita e ao redor dele um círculo de pessoas para as quais ele falava. Ele disse: O meu íntimo Abul Qassem me disse... em seguida ele refletia e chorava. Em seguida, voltou a dizer: O meu íntimo, o profeta de Allah Abul Qassem me disse... e chorou. Então, se levantou!”[5].
 Abu Ishaq Assubaií qualificou a organização científica das reuniões do companheiro do profeta (a paz esteja com ele) Al Baraá ibn Ázib dizendo: “Sentávamos na reunião de Al Baraá, um atrás do outro”[6]. Este é um texto que também nos indica o tamanho deste círculo. E também, das reuniõs conhecidas naquela época na mesquita do profeta (a paz esteja com ele) temos a reunião do sahabi Jabir ibn Abdullah Al Anssari[7].
 Muázh ibn Jabal tinha uma reunião famosa na mesquita de Damasco. Abu Idriss Al Khaulani a qualificou dizendo: “Entrei na mesquita de Damasco, encontrei um jovem de face iluminada e de longa quietude. E vi as pessoas ao seu redor, quando divergiam em alguma questão seguiam a sua opinião. Eu perguntei sobre ele e me foi dito: Este é Muázh ibn Jabal”[8].
 Por isso, as reuniões de ciência nas mesquitas eram iguais à organização de ensino superior atualmente. E todos os grupos da sociedade islâmica zelavam em procurar o conhecimento, até mesmo os sábios e a elite  compareciam a estes pontos de ensino. Ibn Kathir citou que quando Ali ibn Hussein entrava na mesquita ultrapassava as pessoas até poder sentar na reunião de Zaid ibn Asslam, então Nafií ibn Jubair ibn Mut´ím disse-lhe: Que Allah te perdoe! Tu és senhor entre as pessoas e o senhor de Quraish, chega passando pelos círculos dos sábios para sentar com este servo negro?! Ali ibn Hussein respondeu: “O homem sentasse tão somente onde se beneficia, e o conhecimento é buscado onde estiver”[9].
 As mais famosas reuniões de aprendizagem
 Muitas reuniões ficaram famosas na história islâmica, a mais famosa reunião na Mesquita Sagrada era de Abdullah ibn Ábbass. Quando ele morreu esse círculo passou para Átaá ibn Abi Rabah[10].
 A idade do professor não era considerada nestas reuniões, porém era observado o seu conhecimento e sua devoção. Al Hafizh Al Fassaui (falecido em 280 dH) cita que um dos participantes das reuniões científicas nas mesquitas disse: “Conheci esta mesquita e o que ela tem de círculos científicos, al fiqh (entendimento da religião) só era citado no círculo de Musslim ibn Iassar. E havia junto com ele pessoas que eram maiores que ele, porém este círculo era atribuído a ele”[11].
 Os professores às vezes solicitavam quem tinha experiência e conhecimento profundo. Ibn Ássakir[12] cita que viu “Abu Idriss Áizhullah ibn Abdullah Al Khaulani[13] na época de Abdul Malik ibn Marwan, enquanto se lia e se ensinava o Alcorão nas reuniões da mesquita em Damasco, Abu Idriss sentavasse frente a uma de seus pilares. Sempre que passavam por um versículo que tem prostração o solicitavam para que ele o recitasse. Eles faziam silêncio enquanto ele recitava, fazia a prostração e eles faziam a prostração com ele. Às vezes, fazia doze prostrações e, quando terminavam a leitura, Abu Idriss falava”[14].
 Não ficamos tão admirados com esta história ao sabermos que Abu Idriss Al Khaulani era o homem mais sábio na matéria de leituras do Alcorão em Damasco, por isso, os professores em Damasco se constrangiam de ler um versículo de prostração enquanto Abu Idriss estava ao lado deles ouvindo. Eles o faziam participar em suas aulas como forma de homenageá-lo, engrandecer o seu conhecimento e se beneficiar dele.
 Por causa da fama destas reuniões, muitos alunos se dirigiam até elas de todo o mundo islâmico. O círculo de Nafií ibn Abdurrahman Al Qarií[15]  na mesquita do mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) era uma das mais famosas na leitura e ensino do Alcorão. Os alunos vinham de todas as partes. Al Imam Uarsh Al Massri[16] relata a sua experiência na reunião do Imam Nafií na mesquita do profeta (a paz esteja com ele): “Sai do Egito para recitar (o Alcorão) frente a Nafií. Quando cheguei a Al Madinah fui à mesquita de Nafií, então, vi que é impossível ler para ele tamanha é a quantidade dos alunos, e ele só ouvia de trinta alunos. Então, eu sentei atrás do círculo e perguntei a uma pessoa: Quem é a pessoa mais próxima de Nafií? Respondeu: O maior dos jaáfariin. Eu disse: Como posso chegar até ele? Respondeu: eu vou contigo até a sua casa. Então, fomos até a casa dele, um homem idoso saiu, e eu disse: Eu sou do Egito, vim para ler para Nafií e não consegui chegar até ele, e fui informado que tu és das pessoas que tem mais crédito com ele, gostaria que tu fosses o meu caminho até ele. O homem disse: Sim, com toda honra. Ele vestiu seu turbante e foi conosco até Nafií, que tinha duas alcunhas (Abu Ruaim e Abu Abdilléh) com qualquer que fosse chamado atendia. O Jaáfari disse: Este é minha intercessão a ti, veio do Egito, não veio a comércio e nem para o hajj, veio exclusivamente para ler (o Alcorão). Ele respondeu: O que acha que irei ter da reação dos filhos deo muhajirin e dos anssar? O homem disse: Encontre uma saída para ele. Nafií perguntou: Você pode dormir na mesquita? Eu disse: Sim. Então, dormi na mesquita e, quando era o horário da alvorada, Nafií chegou e disse: O que fez o forasteiro? Eu disse: Estou aqui, que Allah tenha misericórdia de ti. Ele disse: Você tem prioridade na leitura. Eu tinha uma bela voz e era de boa leitura, quando iniciei minha voz preencheu a mesquita do mensageiro de Allah (a paz esteja com ele), li trinta versículos e, quando ele fez um sinal, parei. Um jovem se levantou e disse: Professor – que Allah te conceda a glória – nós estamos contigo, e este homem é forasteiro, e viajou apenas para ler frente a ti, eu quero ceder o meu décimo (úshr) a ele. O professor disse: Sim, com toda honra. Então, eu li mais um décimo, e outro garoto se levantou e disse igual ao primeiro, então eu recitei e sentei e, quando não havia mais ninguém que tinha recitação para fazer, ele me disse: Leia. Então, ele ouviu de mim cinquenta versículos, e continuei a ler para ele de cinquenta em cinquenta até que li várias vezes o Alcorão inteiro antes de sair de Al Madinah”[17].
 Este relato deste esforçado aluno conhecido como Al Imam Uarsh nos dá uma clara imagem dos círculos científicos no segundo século após a hijrah, uma imagem cheia de empenho, suportar de dificuldades durante a viajem do Egito para Al Madinah para aprender a recitação do Imam de Al Madinah, Al Imam Nafií. Da mesma forma, este relato também reflete a relação sincera cheia de respeito e apreço entre o professor e os seus alunos e, também, define que o dia letivo no círculo do Imam Nafií tinha início logo depois da oração da alvorada.
 As reuniões científicas eram muitas por causa da especialização de cada reunião em uma ciência. Muitas reuniões também eram muito numerosas, fato que chamava a atenção de quem se dirigia até elas. Isso ocorreu com o Imam Abu Hanifah Annu´man, que disse: “Eu nasci no ano oitenta, realizei o hajj com meu pai no ano noventa e seis quando tinha dezesseis anos. Quando entrei na Mesquita Sagrada vi uma grande reunião. Perguntei ao meu pai: De quem é esta reunião? Ele disse: É a reunião de Abdullah ibn Juz´ Azzubaidi, companheiro do profeta (a paz esteja com ele). Então, me adiantei e ouvi ele dizer: Ouvi o mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) dizer: “Quem buscar o conhecimento da religião de Allah, Allah lhe bastará a sua preocupação, e o sustentará por onde não supõe...”[18].
 Na mesquita de Bagdá havia mais de quarenta reuniões, e todas se reduziram à reunião do Imam Asshafií por causa de seu amplo conhecimento. Azzajjaj[19], um sábio lingüistico conhecido, narra que “quando Asshafií chegou a Bagdad havia na mesquita quarenta ou cinquenta e algumas reuniões. Ele sentava em cada reunião e dizia: Disse Allah, disse o mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) enquanto eles diziam: Nossos companheiros disseram. Até que não sobrou na mesquita outra reunião além da dele”[20]. Assim também aconteceu no Egito, onde Al Imam Asshafií se encontrava com os alunos na mesquita de Ámr ibn Al Áss.
 Além disso, algumas mesquitas ficaram famosas por ensinarem variadas ciências, e alguns professores se especializavam no ensino em tais ciências, e as autoridades também nomeavam alguns professores. Era do direito do povo se opor às reuniões científicas que não eram compatíveis com a sociedade e com a situação pela qual passava entre infortúnios e acontecimentos, porque a prioridade de chamar a atenção das pessoas sobre a realidade delas e sobre aquilo que os beneficia no momento é mais importante que qualquer outra coisa. Ahmad ibn Said Al Umaui disse: “Eu tinha um círculo científico quando estava em Makkah, os literários se reuniam comigo na Mesquita Sagrada quando, certo dia (durante o califado de Al Muhtadi (falecido em 256 dH)), enquanto estávamos a discutir algo sobre gramática e nossas vozes se elevaram, um homem muito simples parou diante de nós, nos observou e disse:
 Não tens vergonha ó fontes de ignorância, estai ocupados com isso e as pessoas estão com a mais alarmante das preocupações.  Vosso imam está morto e preso, e a nação islâmica tornou-se dividida,
 E vós permaneceis a discutir em voz alta, sobre poemas e gramática.
 O homem saiu e nós nos dispersamos amedrontados pelo que ouvimos, e memorizamos este poema”[21].
 A razão deste poema foi que este homem queria chamar a atenção dos sábios e cientistas sobre o que está acontecendo na sociedade. Havia uma grande luta na capital, Bagdá, entre os líderes turcos e entre a autoridade do califado, que era liderado por Al Muhtadi, então ele queria que todos participacem fortemente nas ocorrências da sociedade ao redor deles.
 As reuniões de Abul Ualid Al Baji[22] ficaram famosas em todas as regiões da Andaluzia depois de sua viajem ao oriente, quando “ele ganhou uma personalidade de memorizador e muhaddith (relator dos ditos do profeta (a paz esteja com ele)), e se qualificou merecidamente para ser o imam dos muhaddithin na Andaluzia, ficou famoso e foi convidado a debater com Ibn Hazm sobre a escola maliki. Ele residiu em Andaluzia e lecionou em Sevília e em Murcia. Ele mesmo disse: “Naquela época, eu tinha uma reunião na mesquita do local onde eu residia, onde se reuniam comigo para estudar Al muattá...”. Uma grande multidão também ouviu dele “sahih al Bukhari” em Dania, e no mês de Rajab (463 dh) em Zaragoza, e no ano 468 dh na mesquita de “Rahbat al Qadhi” em Valência, e em outras cidades. Dos fatos que destacam a posição de Abul Ualid Al Hafidh: a competição dos alunos do hadith do oriente e do ocidente e sua corrida para aprender com ele. Muitos deles viajavam até ele de região muito distantes, isso sem contar as regiões mais próximas dentro e fora de sua cidade: Sevília, Lisboa, Randa, Valência, Bagdad, Tudela, Aleppo, Daniah, Tartushah, Toledo, Al Kufah, Lurqa, Málaga, Sagunto, Murjiq, Murcia...” [23].
 As mulheres tiveram um papel no ensino, nas reuniões de aprendizagem nas mesquitas. As fontes históricas registraram dezenas de professoras que tiveram sessões especiais. Um Al-Darda, cujo nome é Hujayman bint Huyay, teve uma sessão na mesquita de Damasco. Ela narrou sob a autoridade de Abu al-Darda, Salman Al-Farisi e ibn Fudalah ibn Ubaidah (que Allah esteja satisfeito com eles). Abdul-Malik ibn Marwan aprendeu com ela e assistia suas aulas regularmente, mesmo depois de se tornou califa. "Ele costumava sentar-se no final da mesquita em Damasco. Ela disse a ele: Ouvi dizer que você começou a beber vinho após a adoração e cultos. Ele disse: Sim, por Deus, e eu bebia sangue também. Então, um menino, que ele mandou fazer algo, voltou. Marwan disse: O que te atrasou? Que Allah te amaldiçoe! Um al-Darda disse: Não faça isso, ó emir dos crentes, eu ouvi Abu al-Darda dizer: "Eu ouvi o Mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) dizer: "O amaldiçoador não entrará no Paraíso"[24]
 Ibn Battuta disse também que ele aprendeu Sahih Muslim na Mesquita dos Omíadas em Damasco com a sheikh professora Zainab bint Ahmad ibn Abdul-Rahim (falecida em 740 dH). Ele também teve um certificado da professora Aisha bint Muhammad ibn Muslim Al-Harrani (falecida em 736 dH), que ensinava o livro de Fada'il Al-Awqat (As virtudes dos tempos), de autoria de Al-Imam Al-Bayhaqi.[25]
 Estudantes de todos os lugares freqüentavam estas mesquitas, onde todos os meios foram fornecidos para que eles continuem seus estudos e se dediquem neles. Eles eram pagos, tinham alojamentos construídos exclusivamente para eles[26]. Dentre estas mesquitas, que eram semelhantes às universidades atuais:
 Tradução: Sheikh Ahmad Mazloum
 - Mesquita dos Omíadas em Damasco,
 - Mesquita de Amr Ibn Al-As em Al-Fustat, no Egito.
- Mesquita Al-Azhar, no Egito. 
- Mesquita de Al-Zaytunah, na Tunísia.
 - A Mesquita de Al-Qarawiyyin, em Fez, no Marrocos.
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 [1] Abdullah Al-Mashukhi: Mawqif Al-Islam Al-wa Kanisah min Al-Ilm (a posição do Islão e da igreja sobre o conhecimento), p 54.
 [2] Al-Khatib al-Baghdadi: Ele é Ahmad ibn Ali ibn Thabit al-Baghdadi (392-463 dH / 1002-1072 dC), um proeminente historiador, conhecer a literatura, escrevendo poesia, e os interessados em leitura e escrita. Uma de suas obras é "Tarikh Bagdá" (a história de Bagdá). Veja: Ibn Al-Imad: Shazarat Al-Zahab (pedaços de ouro) 3/311-313.
 [3] Ahmad Shalabi: Tarikh Al-Tarbiyah Al-Islamiya (história da educação islâmica), p 91.
 [4] Ibn Asakir: Dimashq Madinat Tarikh, 7 / 216.
 [5] Al-Zahabi: Siyar A'lam Al-Nubala (biografias de figuras proeminentes) 2 / 611.
 [6] Al-Khatib al-Baghdadi: Al-Jami li Akhlaq Al-Rawi wa Adab Al-Sami (A Conduta do narrador e o Comportamento do Ouvinte) 1 / 174.
[7] Akram Al-Umari: Al-Asr Khilafah Al-Rashidah, p.278.
[8] Al-Faswi: Al-Ma'rifah wa Al-Tarikh (Conhecimento e história), 2 / 185.
[9] Ibn Kathir Al- Bidayah wa Al-Nihayah, 9 / 124.
[10] Idem, 9 / 337.
[11] Al-Faswi: wa Al-Ma'rifah Al-Tarikh (Conhecimento e História) 2 / 49.
[12] Ibn Asakir: Ele é Abu Al-Qasim ibn Ali al-Husayn ibn Al-Hibatullah Dimashqi (AH/1105-1176 499-571 dC), historiador e viajante. Ele foi o estudioso sênior hadith no Levante. Um de seus livros é "Tarikh Dimashq Al-Kabir" (a grande história de Damasco). Veja: Al-Zahabi: Siyar A'lam Nubala Al-21/405.
[13] Abu Idris al-Khawlani: Ele é A'izullah Abdullah ibn Amr Ibn Al-Khawlani Al-Awdi Al-Dimashqi (80-80 dH/630-700 dC), pertence à geração que se seguiu os companheiros do Profeta, jurisprudenciais . Ele foi o pregador de Damasco, na era de Abdul-Malik. Veja: Al-Zirikli: Al-Alam 3 / 239.
[14] Ibn Asakir: Tarikh Madinat Dimashq 26/163.
[15] Nafií Al Qarií: Ele é Nafi ibn Abdul-Rahman ibn Abu Na'im Madani Al-Al-Qari (morreu em 169 dC AH/785), um dos sete proeminentes leitores Alcorão. Ele é natural de Isbahan.
[16] Warsh: Ele é Uthman ibn Said ibn Uday Al-Misri (110-197 dH/728-812 dC), um leitor sênior Alcorão, originalmente de Al-Qayrawan. Ele nasceu e morreu no Egito. Veja: Al-Zirikli: Al- A'lam 4 / 205.
[17] Al-Zahabi: Ma'rifat Al-Qurra Al-Kibar ala Al-Tabaqat wa Al-A'sar (sênior leitores Alcorão durante as idades) 1 / 154, 155.
[18] Ibn Al-Najjar, Al-Baghdadi: Zhail Tarikh Bagdá (suplemento da história de Bagdá) 1 / 49.
[19] Al-Zajjaj: Ele é Abu Ishaq ibn Ibrahim Al-Surri ibn Sahl (241-311 dH/855-923 dC), estudioso da gramática e da língua. Ele nasceu e morreu em Bagdá. Um de seus livros é "Ma'ani Al-Qur'an" (significados do Alcorão) Veja: Al Safadi: Al-Wafi bi Al-Wafiyat 5 / 228.
[20] Al-Mazzi: Tahzib Al-Kamal 24/375.
[21]  Al-Khatib al-Baghdadi: Tarikh Bagdad 4 / 557, 558.
[22] Abu al-Walid Al-Baji: Ele é Sulayman ibn Khalaf ibn Said Al-Tajyi Al-Qurtubi (403-474 dH/1012-1081 dC), um estudioso, muhaddith (estudioso do hadith) e faqih (jurista) maliki sênior jurisprudenciais. Ele é natural de Badajoz. Ele nasceu em Beja, na Andaluzia. Ele assumiu o poder judiciário. Veja: Al-Ziriklii: A'lam Al-3 / 125.
[23] Sulayman ibn Khalaf Al-Baji: Al-Ta'dil wa Al-Tajrih 1 / 106.
[24] Ibn Kathir: Al-Bidayah wa Al-Nihayah 9 / 66.
[25] Ibn Battuta: Viagens de Ibn Battuta, p 70, e Al-Safadi: Al-Wafi bi Al-Wafiyat 16/348.
[26] Ver: Al-Abdullah Mashukhi: Mawqif wa al-Islam Al-Kanisah min Ilm-Al, p 54.
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Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos do Brasil,Grupo independente, constituído de sábios, cheiques que seguem a sunna e o consenso no Brasil, São propagadores locais e enviados dos ministérios dos bens religiosos e dos assuntos islâmicos das diferentes regiões para cuidar dos assuntos islâmicos dos muçulmanos no Brasil.
 المجلس الأعلى للأئمة والشؤون الإسلامية في البرازيل هو تجمع مستقل يضم علماء ومشايخ أهل السنة والجماعة في البرازيل، وهم عبارة عن دعاة محليين ومبتعثين من وزارات الأوقاف والشؤون الإسلامية في الأقطار الإسلامية لرعاية الجالية المسلمة في البرازيل
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"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)
يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ
......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!
Mohamad ziad -محمد زياد
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Por: Dr. Ragheb Elsergany