sexta-feira, fevereiro 07, 2014

A Poligamia no Judaísmo e no Cristianismo

A poligamia não é uma prática limitada à religião do Islam; ao contrário, ela também é bem conhecida na história do Povo do Livro, os judeus e cristãos. Apenas em tempos mais recentes ela foi desaprovada ou proibida pelos homens religiosos dessas religiões. Entretanto, quando se olha para a história primitiva das religiões, descobre-se que ela era pelo menos uma prática aceitável, se não encorajada.

A Poligamia no Judaísmo

A poligamia existia entre os israelitas antes do tempo de Moisés, que continuou a instituição sem impor qualquer limite no número de casamentos que um marido hebreu podia contratar. A Enciclopédia Judaica afirma, 

Embora não exista evidência de um estado poliândrico na sociedade judaica primitiva, a poligamia parece ter sido uma instituição bem estabelecida, datando dos tempos mais antigos e se estendendo até tempos comparativamente modernos.

Uma outra prática comum era tomar concubinas. Em tempos posteriores, o Talmude de Jerusalém restringiu o número pela habilidade do marido em manter as esposas de forma adequada. Alguns rabinos, entretanto, aconselharam que um homem não devia ter mais do que quatro esposas. A poligamia foi proibida no Judaísmo pelos rabinos, não por Deus. O rabino Gershom ben Judah recebeu o crédito da proibição da poligamia no século 11 marginalizando-a por mil anos (que terminaram em 1987) para os judeus da Europa Oriental (Ashkenazi). Os judeus do Mediterrâneo (sefaraditas) continuaram a praticar a poligamia. Conseqüentemente, de acordo com Will Durant, ‘a poligamia foi praticada por judeus ricos em terras islâmicas, mas era rara entre os judeus da Cristandade.’ De acordo com Joseph Ginat, professor de antropologia social e cultural na Universidade de Haifa, ela é comum e crescente entre os 180.000 beduínos de Israel. Também é freqüente entre os judeus mediterrâneos vivendo no Iêmen, com os rabinos permitindo que os judeus se casem com até quatro esposas. No moderno Israel, quando a esposa não é capaz de ter filhos ou é mentalmente doente, os rabinos dão ao marido o direito de casar com uma segunda mulher sem divorciar a primeira esposa.

A Poligamia no Cristianismo

Jesus, que ignorou a poligamia, é irrelevante como modelo para os costumes matrimoniais, uma vez que ele não se casou durante seu ministério terreno. De acordo com o padre Eugene Hillman, ‘Não existe em nenhum lugar no Novo Testamento qualquer mandamento explícito de que o casamento deve ser monogâmico ou qualquer mandamento explícito proibindo a poligamia.’ A Igreja em Roma baniu a poligamia de modo a se adequar à cultura greco-romana que prescrevia apenas uma esposa legal, embora tolerasse o concubinato e a prostituição.

O imperador romano, Valentiniano I, no século quatro, autorizou os cristãos a terem duas esposas. No século oito Carlos Magno, que mantinha o poder sobre a igreja e o estado, praticou a poligamia, tendo seis, ou de acordo com algumas autoridades, nove esposas. De acordo com Joseph Ginat, o autor de Polygamous Families in Contemporary Society (Famílias Poligâmicas na Sociedade Contemporânea) a Igreja Católica desaprovou a prática, mas ocasionalmente sancionou segundos casamentos para líderes políticos.

Santo Agostinho não parece ter observado nisso qualquer imoralidade ou pecado intrínseco, e declarou que a poligamia não era um crime onde fosse a instituição legal de um país. Ele escreveu em The Good of Marriage (O Bem do Casamento) (capítulo 15, parágrafo 17, que a poligamia era lícita entre os antigos patriarcas: se é lícita agora também, eu não me pronunciarei apressadamente. Porque agora não existe necessidade de ter filhos, como havia então, quando, mesmo quando as esposas tinham filhos, era permitido, de modo a ter uma posteridade mais numerosa, casar com outras esposas, o que agora certamente não é lícito.” 

Ele declinou de julgar os patriarcas, mas não deduziu de sua prática a aceitação em andamento da poligamia. Em outro trecho, ele escreveu, “Em nossa época, e de acordo com o costume romano, não é mais permitido tomar uma outra esposa, de modo a ter mais de uma esposa viva.”

Durante a Reforma Protestante, Martinho Lutero disse, “Eu confesso que de minha parte se um homem deseja se casar com duas ou mais esposas, eu não posso proibi-lo porque isso não contradiz a Escritura.” Ele aconselhou Felipe de Hesse a manter seu segundo casamento em segredo para evitar escândalo.[13] Um dos maiores poetas da língua inglesa e o famoso puritano inglês, John Milton (1608 – 1674), escreveu, ‘Eu não disse ‘o casamento de um homem com uma mulher’ porque por implicação eu acusaria os patriarcas sagrados e pilares de nossa fé, Abraão e outros que tiveram mais de uma esposa, ao mesmo tempo, de pecado; e eu seria forçado a excluir do santuário de Deus como espúrios, toda a descendência deles, sim, toda a descendência dos filhos de Israel, para quem o santuário foi feito. Porque é dito no Deuteronômio (xxii. 2,) “Um bastardo não deve entrar na congregação de Jeová até a décima geração.”[14] Em 14 de fevereiro de 1650, o parlamento em Nuremberg decretou que por causa da morte de muitos homens durante a Guerra dos Trinta Anos, todo homem tinha permissão de se casar com até dez mulheres.

As igrejas africanas reconhecem a poligamia há muito tempo. Elas declararam na Conferência de Lambeth em 1988, “Há muito foi reconhecido na Comunhão Anglicana que a poligamia em partes da África, e casamento tradicional, têm características genuínas de fé e retidão.” Mwai Kibaki, o presidente cristão do Quênia, cuja vitória foi atribuída ‘à mão do Senhor’ pela Igreja Presbiteriana da África Oriental, é polígamo. Sem estar mais sob a norma anterior dos brancos cristãos, a África do Sul pós-apartheid também legalizou a poligamia.

No início de sua história, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias praticava a poligamia nos Estados Unidos. Grupos que deixaram a Igreja continuam a prática após a Igreja a ter banido. A poligamia entre esses grupos persiste hoje em Utah, estados vizinhos, e colônias secundárias, e também entre indivíduos isolados sem filiação organizada à igreja.

Nos Estados Unidos a poligamia é ilegal, mas existe não-oficialmente, com uma estimativa de 30.000 a 80.000 pessoas vivendo como polígamo no Ocidente. Essas famílias são mórmons fundamentalistas ou grupos cristãos que mantém que a poligamia é uma prática das escrituras e honrada através dos tempos.

Antes que alguém aponte para o Islã e os muçulmanos ao discutir a poligamia, é necessário que tenha conhecimento do assunto e sua história. Não se deve julgar práticas consideradas aceitáveis ao longo da história através da mente limitada do tempo presente. Ao contrário, deve-se pesquisar o assunto extensivamente e, o mais importante, buscar orientação divina.
Fonte: http://www.islamismo.org/poligamia_judaismo_cristianismo.htm

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

O bom modo, a afabilidade, a benevolência e a compaixão no Islão

"O muçulmano que mais tem aperfeiçoado a sua fé é quem tem melhores modos; Quantas pessoas se afastam do Islão devido a rudeza e a antipatia de alguns muçulmanos!"

Prezados Irmãos, 

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:

Uma ordem baseada na compaixão. Louvado seja Deus que diz:

“Dize (ó Muhammad): Acaso igualam-se os que sa-bem e os que não sabem? Na verdade, só meditam os dotados do intelecto”. (Alcorão, 39:9).

Prezados Irmãos: Estamos imersos numa crise que ameaça a inteligência e o respeito. Uma crise que afeta amigos; as pessoas ignorantes continuam na sua igno-rância, os poderosos oprimem com impunidade e as relações se desvalorizam, pois os filhos desobedecem os pais, os homens oprimem as mulheres e os estu-dantes insultam os seus professores; uma crise que tem desequilibrado a balança de valores. Esta é uma crise de comportamento, atitude e trato com os outros quan-do, paradoxalmente, o principal objectivo da religião do Islão é a purificação da alma, a educação de boas maneiras e bom tratamento. O Mensageiro de Deus (p.e.c.e.) disse: "Na verdade, tenho sido enviado para aperfeiçoar e corrigir os valores morais". E também disse: "O muçulmano que mais tem aperfeiçoado a sua fé é aquele que melhores modos tem". E o bom tratamento é o mais importante dos bons modos.

É por esta razão que o crente deve trabalhar persistentemente para educar a sua alma e aprender a ser afável com os seus semelhantes, não só em palavras que ele emprega quando se dirige a eles, mas também no tratamento. Deus diz: 

"O falar corretamente e o perdão são melhores do que a esmola seguida de uma queixa. Deus é Opulento, Clemente". (Alcorão, 2:263). 

"Não adorareis senão Deus; e tende benevolência para com os pais e os parentes, os órfãos e os necessitados e falai educadamente, cumpri a oração prescrita e pagai zakat..." (Alcorão, 2:83).

"Vai, tu (Moisés) e o teu irmão, com os Meus sinais, e de nada descureis, em lembrança de Mim. Ide ambos a Faraó. Por certo, ele cometeu transgressão. Então, dizei-lhe com um dito afável, na esperança de ele meditar ou recear a Deus". (Alcorão, 20:42-44).

Tratar bem as pessoas é uma atitude nobre de quem possui um coração sincero e fortemente ligado àquilo que satisfaz a Deus, e por certo que a Deus Lhe satisfaz que o Seu servo seja benevolente em todos os seus assuntos e compassivo para com as outras pessoas. Numa ocasião, o Profeta (p.e.c.e.) disse à Aisha (r.a.): "Aisha! Deus ama a benevolência e recompensa-a enormemente" E disse a respeito dos duros de cora-ção: "Deus não terá piedade de quem não são com-passivos com os outros".

Por conseguinte, deve-se ser afável com quem des-mente a Deus, e com mais razão se deve ter bom trato com os muçulmanos e com aqueles que não o são, mas demostram interesse especial em conhecer a religião de Deus. Quantas pessoas se afastaram do Islão devido a rudeza e a antipatia de alguns muçulmanos!

Irmãos na fé: Foi com bom tratamento que o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) conquistou os corações das pessoas que convidou ao Islão e seguiram os seus ensinamentos. E Deus disse: 

"Pela misericórdia de Deus, foste (ó Muhammad) gentil para com eles([1]); porém, tivesses tu sido inso-ciável ou de coração insensível, eles se teriam afastado de ti. Portanto, indulta-os, implora o perdão para eles e consulta-os nas decisões (do momento). E se decidires algo, confia em Deus. Na verdade, Deus ama os confiantes n’Ele". (Alcorão, 3:159). 

O grau mais alto no bom tratamento é aprender a não responder as agressões; se uma pessoa for agredida, verbal ou fisicamente, deve esforçar-se por não responder com a mesma ação, mas sim, tentar ser paciente, tolerante e responder com respeito e educação. Pois Deus diz: 

"Que fazem caridade, tanto na prosperidade, como na adversidade; que reprimem a cólera; que indul-tam o próximo. Sabei que Deus aprecia os benfei-tores" (Alcorão, 3:134). 

"Jamais poderão equiparar-se a bondade e a mal-dade! Retribui (ó Muhammad) o mal da melhor forma possível, e eis que aquele que nutria inimizade por ti converter-se-á em íntimo amigo! Porém a ninguém se concederá isso, senão aos tolerantes, e a nin-guém se concederá isso, senão aos bem-aventura-dos". (Alcorão, 41:34-35).

Prezados Irmãos Muçulmanos: Devemos aprender a educação islâmica, as virtudes e seguir o exemplo do Profeta Muhammad (p.e.c.e.), que continuava a convidar as pessoas ao Islão, apesar de muitos deles o agredirem de muitas maneiras. E nós nos orgulhamos de pertencer ao grupo de seus seguidores, pois Deus diz: 

"Nun. Pelo cálamo e pelo que com ele escrevem, que tu (ó Mensageiro) não és, pela graça do teu Senhor, um louco! E, na verdade, ser-te-á reservada uma infalível recompensa. Porque és de nobilíssimo carácter. Logo verás e eles também verão, quem, dentre vós, é o aflito!" (Alcorão, 68: 1-6).

Deus nos abençoe com o Nobre Alcorão e nos guie. Que Deus nos perdoe os nossos pecados, pois Ele é o Perdoador, o Misericordioso.■ 

([1]) – A natureza extremamente cândida do Profeta Muhammad (p.e.c.e.) tornava-o caro a todos, e isso é reconhecido como uma das Misericórdias de Deus. Um dos títulos (nomes) do Mensageiro é “Misericórdia para a toda a Humanidade”. Em ocasião alguma tal candura, tal misericórdia, tal sofrimento prolongado, decorrentes da fraqueza humana, foram tão valiosas como depois do desastre da Batalha de Uhud. Era uma qualidade divina que, então, como sempre acontece, reatou neles os laços das almas de incontáveis homens e mulheres.
Obrigado, boas leituras.

M. Yiossuf Adamgy

(06/02/2014 - alfurqan2011@gmail.com)