sexta-feira, junho 14, 2013

As Boas Maneiras na Convocação

Lembrete:
"Conserte o que há entre você e Allah e Ele consertará o que há entre você e as pessoas"

Bismillah!

Havia um garoto judeu que servia ao Profeta (r). O garoto adoeceu um dia e o Profeta (r) foi visitá-lo. Sentou-se próximo à cama, e lhe disse: “Abraça o Islam, e submete-te a Allah!” O jovem olhou para o seu pai, que se encontrava presente, que lhe disse: “Obedece a Abu al Cássim!” Naquele exato momento, o rapaz judeu anunciou o seu testemunho de abraçar o Islam. O Profeta (r) saiu de lá, dizendo: “Louvado seja Allah, que salvou do Inferno o rapaz!” (Bukhári).

Allah, exaltado seja, ordenou-nos convocarmos para a crença n'Ele e a ador-a-Lo. Ele, glorificado seja, disse: “E que surja de vós um grupo que recomende o bem, dite a retidão e proíba o ilícito. Este será (um grupo) bem-aventurado.” (3:104).

E disse, explicando a virtude da recomendação a Ele: “E quem é mais eloqüente do que quem convoca (os demais) a Allah, pratica o bem e diz: Certamente sou um dos muçulmanos?” (41:33).

O Profeta (r) disse: "Quem indicar algo bom terá a mesma recompensa de quem o fizer."

A convocação para Allah possui boas maneiras que o muçulmano pratica:

A sinceridade de intenção: A sinceridade é o segredo no sucesso do convocador para Allah. O Rassulullah (r) disse: "Os atos são avaliados segundo as intenções, e cada um auferirá o que intenciona fazer." (Muttafac alaih).

A convocação com sabedoria e uma boa exortação: O muçulmano, em sua convocação aos outros, utiliza da boa palavra, afasta-se das vilezas. Allah, Ta'ála, diz: “Convoca (os humanos) à senda do teu Senhor com sabedoria e uma bela exortação; dialoga com eles de maneira benevolente.” (16:125).

A boa compreensão da religião: O convocador deve conhecer bem os preceitos da religião. Para conseguir isso, deve decorar o Alcorão e tantas tradições do Profeta (r) quanto puder para utilizá-las na sua convocação. Allah, Ta'ála, diz: "Dize: Esta é a minha maneira. Apregoo Allah com lucidez, tanto eu como aqueles que me seguem." (12:108).

O bom exemplo: O convocador constitui exemplo para os outros. Por isso, ele deve se empenhar em fazer o que sabe, que tenha a conduta que ele prega. Se não o fizer, será daqueles que Allah diz a respeito: “Ordenais, acaso, às pessoas a prática do bem e esqueceis, vós mesmos, de fazê-lo, apesar de lerdes o Livro? Não raciocinais? (2:44).

Tenha cuidado de ser daqueles que o poeta disse a respeito: - Ó homem que ensina aos outros - Poderia ser esse ensinamento a si mesmo. 

É preciso que o convocador tenha uma excelente conduta, excelente biografia. Um homem foi ter com Aicha (Que Allah esteja satisfeito com ela) e lhe perguntou: "Como era a conduta do Rassulullah?" Ela respondeu: "A sua conduta era o Alcorão" (Musslim), ou seja, o Profeta tinha todas as características de bem que as pessoas desejam ter por intermédio dos versículos do Alcorão Sagrado e da Sunna profética. Que o convocador se precavenha de envolver-se em desobediências com as pessoas, afastando-se da acusação e da reputação duvidosa. O Rassulullah (r) disse: "... Aquele que evita as coisas duvidosas salvaguarda a sua fé e sua honra; aquele que se envolve com as coisas duvidosas cai em atividades ilícitas. O seu caso é como o do pastor que pastoreia seu rebanho nas vizinhanças de uma reserva exclusiva de pastagens, mas está sempre apreensivo de que algum dos animais possa invadir a pastagem. Sabei que cada rei tem uma demarcação exclusiva e proibida, e a demarcação proibida de Deus são as coisas ilícitas." (Musslim).

O afastar-se das polémicas: O convocador se afasta das questões polémicas quanto puder. Ele deve falar às pessoas sobre questões de consenso para não entrar em discussões infrutíferas, ou de exibicionismo que destrói a efetividade de seu trabalho.

O iniciar pelo prioritário: O convocador para Allah o faz paulatinamente na convocação das pessoas, convocando-as primeiro para a prática das obrigações antes das voluntárias. Convocam-nos a praticar as coisas obrigatórias antes das aconselháveis.

O Profteta (r) enviou Moaz Ibn Jabal para o Iêmen. Disse-lhe: "Irás te encontrar com pessoas do Livro (crentes das religiões reveladas); então convida-os a prestarem testemunho de que não há outra divindade além de Deus, e que eu sou o Seu Mensageiro. Quando houverem aceito isso, informa-os que Deus lhes prescreveu cinco orações (salat), de dia e de noite. Quando houverem aceito isto, dize-lhes que Deus tornou obrigatório que paguem o zakat (o tributo social), que será cobrado dos ricos, entre eles, e distribuído entre os seus pobres. Quando houverem aceito isso, cuida de não lhes tomares como zakat os seus bens mais preciosos." (Musslim).
A bondade e a flexibilidade: O muçulmano convoca a outro com bondade e felxibilidade. Allah, Ta'ála, disse: “Tivesses tu sido insociável ou de coração insensível, eles se teriam afastado de ti.” (3:159).

O Rassulullah (r) disse:"Quando a bondade se encontra em algo, embeleza-o. Quando é retirado, enfeia-o." (Musslim e Abu Daúd).

A inteligência e a sensatez: O muçulmano é inteligente e sensato, sabe como convocar as pessoas a Allah, como falar-lhes e os convencer. Ele escolhe sempre o tempo propício para convocá-los.

Conhecer a personalidade do convocado: O convocador para Allah deve ter visão, conhecer a quem convocar, e entender a sua personalidade. Assim, ele melhora a forma de convocá-lo, o que serve para uma pessoas pode não servir para outra. É preferível ao convocador que conheça algo sobre a situação social do convocado.

Dirigir-se às pessoas de acordo com a sua capacidade de entendimento: Quando o muçulmano convoca alguém deve levar em consideração a sua situação e nível. Há pessoas que gosta de ouvir palavras clássicas, outro que gosta de palavras simples e compreensível. Ali Ibn Abi Tálib (t) disse: "Conversem com as pessoas a respeito do que elas conhecem. Vocês desejariam desmentir a Allah e ao Rassulullah?" (Bukhári).

Inciar convocando os familiares e os parentes: O muçulmano começa convocando os familiares e os parentes. Allah, Ta'ála, disse: “Ó crentes, precavei-vos, juntamente com as vossas famílias, do Fogo, cujo alimento serão os homens e as pedras, e que é guardado por anjos inflexíveis e severos, que jamais desobedecem às ordens que recebem de Allah, mas executam tudo quanto lhes é ordenado.” (66:6). E diz: “E admoesta os teus parentes mais próximos.” (26:214).

O Profeta (r) disse: "Começa com quem você sustenta."

Não se deve desesperar: O convocador não se desespera. Se se deparar com uma rejeição, ele deve convocar e deixar a orientação na mão de Allah. Ele disse: “Por certo que não és tu que orientas a quem queres; contudo, Allah orienta a quem Lhe apraz, porque conhece melhor do que ninguém os encaminhados.” (28:56).
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"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

Mohamad ziad -محمد زياد


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quinta-feira, junho 13, 2013

E A CONCLUSÃO DAS SUAS PRECES SERÁ … “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. Cur’ane, parte do versículo 10, do surat Yunus.

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) - Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

TEMA DA SEMANA: E A CONCLUSÃO DAS SUAS PRECES SERÁ … “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. Cur’ane, parte do versículo 10, do surat Yunus. 

Para melhor compreender estas palavras que fazem parte do versículo 10 Surat Yunus, devemos ler e interpretar os versículos 9 e 10 do mesmo capítulo:

“E quando aos fiéis que praticaram o bem, Deus os encaminhará, devido à sua fé, aos jardins do paraíso, abaixo dos quais correm os rios”. 9:10.

“Onde as suas preces serão: “Glorificado sejas, ó Allah”. Aí a sua mútua saudação será PAZ!. E a conclusão das suas preces será: “Louvado seja Deus, Senhor do Universo”. 10:10

Deus, o Altíssimo, promete recompensas aos crentes que acreditam e seguem os Seus Livros e os Seus Mensageiros. É uma promessa de Deus de que no Dia da Ressurreição, as suas situações serão facilitadas. A fé que tinham neste mundo e as boas ações praticadas, serão uma luz, pela qual serão guiados para o Paraíso. A saudação que mais se ouvirá, será: Salam! Paz!, conforme é referido em diversos versículos: “Salam - Paz! Eis como serão saudados por um Senhor Misericordioso”. Cura’ne 36:58.Sua saudação, no dia em que comparecerem perante Ele, será: Salam – Paz! E lhes está destinada uma generosa recompensa”. Cur’ane 33:44. “…E os anjos entrarão por todas as portas, saudando-os: “Assalamo Aleikum! (a Paz de Deus esteja convosco) por vossa perseverança! Que magnífica é a última morada”. Cur’ane 13:23:24.

Todos os Louvores para Allah, Senhor e Dono de tudo o que existe. Deus é louvado e adorado em todos os momentos. Deus é o Senhor de tudo o que existe nos mundos e nos céus. Deus se elogiou a Si próprio através da Sua Revelação: “Louvado seja Deus, que criou os céus e a terra (sem ajuda)”. Cur’ane 6:1. E disse ainda: “Louvado seja Deus que revelou o Livro ao seu servo (mensageiro), no qual não colocou qualquer contradição”. Cur’ane  18:1. Estes versículos indicam-nos de que Deus é Louvado e será também louvado no Akhirat (outra vida), pelo que os residentes do paraíso continuarão a louvar e a glorificar a Deus, como o fizeram aqui neste mundo.

Os que ansiavam a Paz neste mundo, também terão a Paz eterna no Paraíso, porque lá não morrerão. Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Será dito aos residentes do paraíso: “Ó gente do paraíso, eternidade para vós e não a morte. E para os residentes do inferno: “Ó gente do inferno, eternidade para vós e não a morte!”. Bukhari 76:553.

Ao finalizar as nossas intervenções religiosas, devemos recitar: “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. Cur’ane 10.10. Se repararem, é com estas palavras sublimes, que muitos dos nossos ulemás terminam os seus baianes (sermões religiosos). Que Allah Subhana Wataala nos conceda o Janat Firdauce (Paraíso supremo), para quando lá entrarmos, utilizarmos estas palavras de louvor e de gratidão. Ameem. “Rabaná Takabal duã” (Ó Senhor nosso, aceitai as nossas preces).

W`a ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

13/06/2013

abdul.manga@gmail.com

domingo, junho 09, 2013

Esclarecimentos sobre: «Se o sacrificado seria Isaac ou Ismael...» e « Se Deus criou tudo em seis dias ou oito?»

Por: M. Yiossuf Adamgy 
RECEBIDO DE UM LEITOR: From: Hamzah Abdullah Islam (hamzaabdullah357@hotmail.com) -Sent: Thursday, June 06, 2013 7:53:51 PM .

Irmãos, Assalamu Aleikom: Uma irmã me fez esta pergunta (abaixo indicada). A respeito da Bíblia eu tenho mais conhecimento mas quanto ao Alcorão... Poderiam me auxiliar nessa resposta? PERGUNTA: 
"Tanto a Bíblia quanto o Corão se dizem ser a Palavra de Deus, mas a Bíblia e o Corão se contradizem no que dizem: (por Ex.: a Bíblia diz que foi Isaque que Abraão iria sacrificar; o Corão diz que foi Ismael. 
O relato bíblico do Génesis diz que Deus criou tudo em seis dias (veja Génesis 1:1 – 2:2). O Alcorão, porém, na Surah 41:9, 10, 12 tem um total de oito dias de criação (4+2+2=8). 

Enquanto isso, a Surah 10:3 dá um total de seis dias de criação). Deus não pode Se contradizer; como eu posso saber que o Corão é realmente a Palavra de Deus?" Vou pedir um prazo a ela para dar uma resposta à luz da Exegese...

Prezado Irmão Hamzah Abdullah Islam - Walaikum-as-Salam: Satisfazendo o seu solicitado, aqui vai o esclarecimen-to sobre as DUAS questões apresentadas:

Vamos por partes:

I QUESTÃO: - «Tanto a Bíblia quanto o Corão se dizem ser a Palavra de Deus, mas a Bíblia e o Corão se contradizem no que dizem: (por Ex.: a Bíblia diz que foi Isaque que Abraão iria sacrificar, o Corão diz que foi Ismael)».

ESCLARECIMENTO:

Na verdade, existem duas versões: para uns, o filho de Abraão a sacrificar seria Ismael (Ismail a.s.), e para ou-tros Isaac (Ishaq a.s.).

Os muçulmanos crêem que é Ismael que foi destinado ao sacrifício em obediência à ordem de Deus. Mas foi resgatado depois de ele e o seu pai terem estado prontos a cumprirem a vontade de Deus. Existem pelo menos VINTE ARGUMENTOS em apoio desta crença. No entanto, nenhum deles se sobrepõe a diminuir o papel histórico dos Filhos de Israel, ou a luz e a sabedoria a eles reveladas pelo Profeta Moisés (Mussa a.s.). Antes pelo contrário, o Alcorão sublinha-o em numerosas passagens (por exemplo 2:40; 7:137; 17: 2, 40:53; 45:16).

Entre outros argumentos, mencionam-se os seguintes:

1 – O contexto inteiro do acontecimento, tal como o relata o Alcorão (37:101-113) não deixa sombra de dúvida de que Ismael era o filho destinado ao sacrifício por seu pai, em resposta à ordem de Deus.

2 – O Antigo Testamento existente (Gén. 21:5) afirma que Isaac nasceu quando o seu pai tinha 100 anos, enquanto Ismael nasceu quando o seu pai tinha 86 anos (Gén. 16:15). Portanto, no espaço de catorze anos, Ismael foi o único filho de Abarão, enquanto Isaac nunca esteve na situação de filho único. No entanto, o Antigo Testamento (Gén. 22:2) afirma que Abraão recebeu a seguinte ordem: «Toma agora o teu filho, o teu único filho Isaac... e vai à terra de Moriah e entrega-o ali em holocausto». O nome de Isaac parece figurar neste contexto graças a uma óbvia inser-ção. E tão-pouco se sabe com certeza onde é que ficava aquela terra de Moriah, a não ser que fosse o Monte de Marwat em Meca, o que vem em apoio da verdade islâmica.

3 – O acontecimento passou-se inteiramente perto de Meca. E sabemos que Ismael e a sua mãe Agar (Hajra a.s.) foram os que acompanharam Abraão a Meca, se estabeleceram ali, e o ajudaram a erguer o sagrado santuário da Caaba (Alcorão, 2:124-130; 14:35-40).

4 – O argumento talvez mais importante em apoio da crença islâmica é o seguinte: a versão judaico-cristã leva a certas conclusões sujeitas a sérias objecções:

a) – Discriminação entre os irmãos só porque a mãe de uma era escrava (Agar) e a mãe do outro (Sara) era livre;

b) – Discriminação entre as pessoas, por motivo de raça, crença ou posição social;

c) – Pretensão à superioridade espiritual em nome dos antepassados;

d) – Negação de legitimidade à criança cuja mãe fosse escrava.

Todas estas deduções e conclusões são contrárias ao espírito do Islão, e os muçulmanos terão que rejeitar esses argumentos.

A situação dos antepassados, a origem nobre ou hu-milde da mãe, a proveniência social ou a cor não exer-cem influência nenhuma sobre as qualidades espirituais e humanas das pessoas, pelo menos perante Deus.

II - «O relato bíblico do Génesis diz que Deus criou tudo em seis dias (veja Génesis 1:1 – 2:2). O Alcorão, porém, na Sura 41:9, 10, 12 - tem um total de oito dias de criação (4+2+2=8). Enquanto isso, a Surah 10:3 dá um total de seis dias de criação. Deus não pode se contradizer, como eu posso saber que o Corão é realmente a Palavra de Deus?»

ESCLARECIMENTO:

Em primeiro lugar, transcrevo, aqui, para verificação, o significado dos versículos citados da Surah 41:9 a12 (incluindo o versículo 11, que foi omitido na pergunta):

41:9 – «Dize: Renegais Aquele que criou a terra, em dois dias, e fazeis-Lhe semelhantes? Esse é o Senhor dos Mundos».

41:10 – «E sobre ela (a terra) fixou firmes monta-nhas e abençoou-as; e, ao término de quatro dias exactos, determinou, nela, o sustento aos neces-sitados».

41:11 – «Depois (thumma) Ele voltou-se na direc-ção do céu, quando este era fumaça, e disse-lhe, assim como à terra: “Vinde ambos, de bom ou de mau grado”. Ambos responderam: “viemos obe-dientes”».

41:12 – «Então, completou-os, como sete céus, em dois dias, (1) e a cada céu assinalou a Sua ordem. E adornamos o firmamento com luzes, para que servis-sem de sentinelas. Tal foi o decreto do Poderoso, do Sábio».

Os críticos viram nesta passagem uma contradição com o enunciado de seis períodos da Criação. Adicionando-se os dois períodos da formação da Terra, os quatro períodos de repartição dessas subsistências pelos sus habitantes, e os dois períodos da formação dos Céus, atingir-se-ia o número de oito períodos, o que estaria em contradição com os seis períodos definidos mais acima.

Com efeito, o texto através do qual o Homem é convidado a refletir sobre a Omnipotência Divina, partindo da Terra para concluir a sua reflexão a propósito dos Céus, apresenta duas partes articuladas pela palavra árabe «thumma» traduzida por «depois», mas que significa «em seguida» ou «depois, além disso», tanto como «por outro lado». Pode, portanto, implicar um sentido de sucessão, aplicando-se a uma sucessão de acontecimentos ou a uma sucessão na reflexão do Homem sobre os acontecimentos aqui. Pode tratar-se, também, de simples menção de acontecimentos que se justapuseram sem intenção de introduzir um sentido de sucessão entre eles. De qualquer forma, os períodos da Criação do Céu podem, perfeitamente, coincidir com os dois períodos da Criação da Terra: examinar-se-á, um pouco mais adiante, como é evocado no Alcorão o processo da formação do Universo, e vê-se como ele se aplica conjuntamente aos Céus e à Terra, em conformidade com os conceitos modernos. Compreender-se-á, então, a perfeita legitimidade desta maneira de conceber como simultâneos os acontecimentos aqui referidos.

Por conseguinte, não há oposição, entre a passagem citada e a concepção decorrente de outros textos do Alcorão, sobre a formação do mundo em seis fases ou períodos.■

Quem não pretender continuar a receber estas reflexões, por favor dê essa indicação e retirarei o respectivo endereço desta lista.

Obrigado, boas leituras.

M. Yiossuf Adamgy

(1) - "Dias" pode incluir milhares de anos (ver Alcorão, 7:54). Referem-se aos estágios, na evolução da natureza física. Na cosmogonia Bíblica (Génesis I e II: 1-7), que reflete a cosmogonia Babilônica, o esquema deve, aparentemente, ser tomado de forma literal, no que concerne a dias, e é como segue: no primeiro dia, Deus criou a luz; no segundo, o firmamento; no terceiro, a terra e a vegetação; no quarto, as estrelas e os planetas; no quinto, os peixes e as aves marinhas; no sexto, o gado, as coisas rastejantes, os animais selvagens e o homem; no sétimo, ele terminou e descansou. O nosso esquema (Alcorânico) é totalmente diferente: (1) Deus não descansou e nunca descansa; (2) a obra de Deus não terminou; Sua atividade continua (32ª Sura, versículo 5; 7ª Sura, versículo 54); (3) o Homem, em nosso esquema, não surgiu com os animais da terra; o seu advento foi bem posterior; (4) os nossos estágios não são rigorosamente separados um do outro, como no esquema acima, onde as estrelas e os planetas foram criados no quarto dia; não é inteligível como os primeiros três dias foram contados, nem como a vegetação cresceu, no terceiro dia. Nossos estágios para o céu e a terra não estão em sequência de tempo. Eles são amplamente explicativos: (1) a fissão do nosso planeta da matéria cósmica; (2) seu resfriamento e condensação; (3 e 4) o crescimento dos vegetais e animais; (5 e 6) o crescimento paralelo do mundo estelar e o do nosso sistema solar. [Nota nº. 4477 – Extraída da Tradução Alcorânica – Edição Inglesa, por Yusuf Ali].