sexta-feira, março 22, 2013

O Machismo e o Mundo Muçulmano

Reflexões Islâmicas — Ano I — nº. 6 — 21.Março.2013 / 09.Jamad’Al-Awwal.1434 - e-mail:  alfurqan2011@gmail.com  Por M. Yiossuf Adamgy - Director da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán .
(NOTA: Este artigo de reflexão é aqui divulgado a pedido do Presidente do Centro Cultural Islâmico do Porto, irmão Abdul Rehman Mangá, que nos solicitou artigos ou opinião para esclarecer certas acusações intrigantes feitas ao Islão. Eis, pois, alguns esclarecimentos de reflexão, resposta e divulgação. Seguir-se-ão outros, in cha Allah..

São várias as pessoas que entendem o Islão como religião machista, que minimiza a mulher. Como prova do que afirmam, citam a condição feminina em alguns países Muçulmano.[1] O erro provém do facto de separarem a cultura de um determinado povo, dos verdadeiros ensinamentos da religião que esse mesmo povo pode professar. É espantoso que em muitas culturas mundiais, a opressão da mulher seja ainda uma realidade. Em vários países do Terceiro Mundo, a vida da mulher é horrível. Elas são dominadas pelos homens, sendo-lhes negados muitos dos direitos humanos básicos. 

O Islão condena esta opressão. Trata-se de uma injustiça trágica culpar as crenças religiosas de uma religião por tais práticas culturais, quando os ensinamentos dessa mesma religião não convidam a tais comportamentos. Como atrás ficou citado, os ensinamentos do Islão proíbem a opressão feminina e enfatizam, de forma clara, que a homens e mulheres, é devido o mesmo respeito. 

Infelizmente, certas pessoas associaram ao Islão, erroneamente, as práticas opressivas contra o sexo feminino, verificadas ainda em determinadas partes do Mundo. Uma dessas práticas consiste na antiga prática pagã, da mutilação genital feminina, por vezes, errada-mente chamada “circuncisão feminina”. Esta prática teve origem no Egito, no Vale do Rio Nilo e áreas circundantes, onde ainda hoje é praticada. 

A sua prática é comum entre vários grupos étnicos, de uma grande diversidade de crenças, em várias partes de África, especialmente na África do Norte. Muitas mulheres Africanas são vítimas deste costume bárbaro, horrível e degradante. 

A mutilação genital feminina é uma abominação, totalmente proibida pelo Islão.[2] É lamentável verificar que, apesar de proibida, determinados grupos étnicos mantêm ainda esta prática, mesmo depois de terem aderido ao Islão, levando a que certas pessoas a considerem uma prática Islâmica. 

Atualmente, à medida que estas pessoas obtêm um melhor conhecimento do que é o Islão, vão abando-nando esta cruel prática pagã. 

A circuncisão masculina, contudo, é uma prática claramente Islâmica, tendo sido, de facto, ensinada pelos Profetas e Mensageiros de Deus, incluindo o Profeta Abraão[3] (a.s. = paz esteja com ele). 

Há que distinguir mutilação genital feminina da circuncisão masculina. 

O racismo e todas as formas de fanatismo ou preconceito são também proibidos pelo Islão. Todas estas práticas são contrárias à lei Islâmica, sendo da responsabilidade de todos os Muçulmanos erradicá-las das suas sociedades.■ 

[1] Infelizmente, o facto de se tratar de um país “Muçulmano”, não significa necessariamente que o governo ou o povo obedeçam à lei Islâmica (Chariah). 

[2] Precisamos distinguir imediatamente o que é norma do Islão e permitir, aos diferentes povos que aderem ao Islão, conservar os seus costumes, na medida em que, estes, não sejam contrários aos princípios e aos valores Islâmicos. Foi assim que o Islão aceitou a conservação dos costumes de excisão feminina. Esta excisão é, de facto, uma circuncisão, ou melhor, uma meia circuncisão, visto que não se trata senão da ablação de meio prepúcio que cobre a parte anterior da glande do clitóris. Convém, pois, não confundir esta excisão, com a ablação do clitóris (clitoritomia), a qual é rigorosamente proibida no Islão. Nos primórdios do Islão, o Profeta (p.e.c.e) encontrou-se, um dia, na presença de uma mulher que excisava uma menina e que lhe disse: «A circuncisão é um exemplo profético a seguir pelos homens e uma coisa apenas recomendável para as raparigas: raspa, não suprimas; a face embelezar-se-á e o marido ficará feliz». Este «embelezamento da face da esposa» é uma expressão típica do pudor Islâmico; significa que o prazer da mulher aquando da união sexual não será senão maior, de onde a alegria recíproca do seu esposo. 

Como o podemos constatar, a verdade mesmo relativa ao respeito e à felicidade da mulher está nos antípodas das calúnias trazidas contra esta prática Islâmica, aliás, muito pouco utilizada. Assim sendo, é verdade que a ablação do clitóris se pratica ainda hoje em muitas regiões do mundo, e o mesmo para certas muti-lações sexuais ainda mais importantes; e, infelizmente, pode-se encontrar nessas regiões povos mais ou menos islamizados, que, injustamente, mantiveram tais costumes degenerados e em total infracção aos princípios do Islão; em tais casos, no entanto, não é ao Islão que é preciso incriminar mas, pelo contrário, é «a falta do Islão» daqueles que concretizam estes atos revoltantes. 

[3] O Profeta Abraão (a.s.) é o Enviado Divino que veio restaurar o Culto Monoteísta puro (dïn hanïf) para o ciclo pós Dilúvio que é o nosso. Ele é o exemplo do crente perfeito, em quem a natureza primordial do homem (fitrat) está inalterada; natureza segundo a qual Deus criou o ser humano de acordo com a Sua própria Natureza (cf. Alcorão, 30:30). Apenas o ser que assim restaura completamente a pureza da sua natureza original está, verdadeira e inteiramente, consagrado ao seu Senhor. Por isso Deus disse: «Vós tendes um bom exemplo em Abraão...». (Alcorão, 60:4). 

No exemplo de Abraão, que os Muçulmanos são ordenados a seguir através de muitas palavras Alcorânicas e proféticas, encontra-se a circuncisão masculina. Se esta circuncisão (kitan) é, geralmente, reconhecida como sendo uma medida eficaz de higiene, ela não é, no entanto, mais do que isso. Ela desempenha, de facto, um papel no conjunto dos rituais de purificação que permitem ao homem restaurar em si a sua perfeição original. 

Certos sábios Muçulmanos em matéria de religião consideram a circuncisão masculina como obrigatória (wájïb), outros consideram-na sunna muakkada (prática profética insistentemente recomendada). ■


A Mulher no Islão


Homens e mulheres são iguais perante Deus, e responsáveis pelos seus próprios actos. De modo idêntico, e uma vez no Além, ambos são recompensados pela sua fé e boas acções. Pois o Alcorão diz, textualmente: 

«Jamais deixarei perder a obra de qualquer de vós, seja homem ou mulher: procedeis uns dos outros». (3:195). 

«E quem quer que faça boas ações, seja homem ou mulher, e seja crente, entrará no Paraíso e não será prejudi-cado nem em tanto como num arranhão sobre o caroço de uma tâmara». (4:124). 


— «E elas (as mulheres) têm os mesmos direitos sobre eles, como eles os têm sobre elas». (2:228). 

— «Os crentes mais perfeitos são os melhores em conduta, e os melhores de entre vós são aqueles que são melhores para as suas esposas». – (Ibn Hambal). 

— «Quanto mais cívico e amistoso for um muçulmano para com a sua esposa, mais perfeita é a sua fé» – (Tirmizi).

Assalamu Aleikom Jumua 22/03/2013 - Jumua Mubaraka Inshallah

O Caráter do Muçulmano - 8‏ - Confiança e Honestidade

Bismillah!
Confiança e Honestidade
O Sentido Mais Amplo de Confiança
Shaikh Mohamad Al Ghazali
Tradução: Prof. Samir El Hayek

O Islam espera de seus seguidores que eles sejam donos de corações alegres e consciências alertas, que assegurem a proteção dos direitos de Deus e da humanidade, e que também protejam seus atos, impedindo-os de cometerem excessos. Para isso, e preciso que todo muçulmano seja confiável (Amin).

A luz da chari‘a, confiança tem um sentido bastante amplo. Esta palavra possui um oceano de significado, mas por trás de todos eles estão o senso de responsabilidade, o senso de ter que comparecer diante de Deus para prestar contas dos seus atos, de acordo com os pormenores fornecidos na seguinte tradição:
“Cada um de vós é um guardião, e a cada um se perguntará a respeito dos seus súditos. O Imame é o guardião. A ele se pedirá contas dos seus súditos. Um homem é o guardião das pessoas que compõem o seu domicílio (família). Ele responderá por estas. A mulher é guardiã da casa do seu marido. A ela se perguntará sobre a sua responsabilidade. O servo é o guardião dos pertences do seu senhor. Ele é responsável por todas tais coisas.” (Bukhári).

O narrador dessa tradição, Ibn Ômar diz que ouviu estas coisas ditas pelo Profeta, e acha que o Profeta disse também: “Um homem é guardião do inventário de seu pai e terá de prestar contas dele.”

As pessoas em geral, entendem a confiança num sentido muito limitado, e consideram que isto diga respeito a proteção dos bens dos outros, apesar de que na religião de Deus isto tem um sentido bem amplo e ilimitado até.

Confiança é o dever de resguardar (as coisas), pelo qual um muçulmano apoia a outro muçulmano e nesta relação, recorre à ajuda de Deus. Quando um muçulmano se prepara para uma viagem, na sua partida seu irmão reza por ele da seguinte maneira:
“Oro a Deus pela tua religião, pela tua confiança e pelo êxito feliz do teu trabalho (empreendimento).” (Tirmizi)

Anas narra que sempre que o Mensageiro de Deus nos dirigia um sermão, ele invariavelmente repetia esta frase: “Não tem fé o homem que não é capaz de ser confiável, e não tem religião o homem que não é capaz de cumprir a sua palavra.”

Uma vez que o ápice da realização e o limite superior do êxito está em se ser protegido contra as privações deste mundo e as más consequências na Outra Vida, o Profeta suplica sejamos livrados de ambas estas situações. Ele disse:
“O Deus! Eu busco Tua proteção da aflição da fome, porque esta é péssima companheira, e busco Vosso abrigo da desonestidade porque esta é o pior amigo.” (Abu Daud)

A fome é o nome da depravação do mundo e a desonestidade é o nome da destruição da religião, portanto o Profeta suplicou que fossemos preservados de ambos. Antes de ser profeta, ele era conhecido entre o povo como o Amin (Confiável).

Do mesmo modo foi notada a confiabilidade de Moisés quando ele buscava água para o rebanho das duas filhas do bondoso velho, e ajudar a elas, devido à condição de mulher delas, e as tratou de maneira decente e cavalheiresca.

“Assim, ele deu de beber ao rebanho, e logo, retirando-se para uma sombra, disse: Ó Senhor meu, em verdade, estou necessitado de qualquer dádiva que me envies! E uma (moça) se aproximou dele, caminhando timidamente, e lhe disse: Em verdade meu pai te convida para recompensar-te por teres dado de beber (ao nosso rebanho). E quando se apresentou a ele e lhe fez a narração da (sua) aventura, (o ancião) lhe disse: Não temas! Tu te livraste dos iníquos. Uma delas disse, então: Ó meu pai, emprega-o, porque é o melhor dos que poderás empregar, pois é forte e fiel.” (28ª:24-26)

Este acontecimento ocorreu em lugar (e ocasião) enquanto Moisés ainda não tinha sido feito Profeta, e não fora enviado à côrte do Faraó.

E isto não deveria nos surpreender, porque Deus só escolhe os indivíduos para encarregá-los como Seus Mensageiros, quando são decentes, honestos e probos entre os demais. Aquele que continua a preservar uma e levada moral de caráter mesmo depois de ser submetido às privações da pobreza e do desamparo, deve ser de fato um homem muito forte e confiável; e para proteger os direitos de Deus e dos Seus servos, exige-se um caráter inflexível quer seja em boa ou má situação, pois é este o espírito próprio da confiabilidade.

A Nomeação a Cargos Elevados e Responsabilidades, é uma Confiança

Existe ainda um outro sentido de confiança: que todas as coisas devem ter seu lugar próprio e merecido. Um cargo ou uma responsabilidade só devem ser oferecidos à pessoa merecedora; e a responsabilidade só deve ser entregue à pessoa capaz de se desempenhar dela com justiça pela confiança que lhe foi outorgada.

A governança, as responsabilidades do partido, nação ou país, que são conferidas por se confiar nas pessoas escolhidas, são confianças (custódias) pelas quais eles respondem. E um grande numero de provas pode ser coligido para respaldar essa afirmação.

Abu Zar relatou ter perguntado ao Profeta se ele não o nomearia para governador de alguma parte. Ao ouvir isso, o Profeta tocou-o no ombro dele e disse:
Ó Abu Zar! você é fraco, e esta responsabilidade é uma custódia. No Dia do Juízo Final ela será motivo de perda de estima e ignomínia. Entretanto, disso estarão livres as pessoas que o tiverem aceito com todas as suas responsabilidades e tenham desempenhado e cumprido quaisquer responsabilidades que tiveram nesse sentido.” (Muslim). 

É uma verdade de que a mera excelência de instrução ou experiência não torna uma pessoa mais adequada a determinado cargo. É também possível que um homem tenha um bom caráter moral e seja pessoa proba, mas ainda assim não tenha todas as habilidades necessárias para preencher as responsabilidades de determinado cargo.

Yusuf (José) era um profeta. Ele foi o exemplo vivo da probidade e da virtude, mas ele não se ofereceu para carregar nos ombros as responsabilidades da nação com base na probidade e na sua condição de profeta. 

Ele assumiu as rédeas do encargo em suas mãos devido ao seu entendimento e memória.
Pediu-lhe: “Confia-me os armazens do país, que eu serei um bom guardião deles, pois conheço-lhes a importância.” (12ª:55).

A credibilidade exige de que confiemos tais responsabilidades e encargos a pessoas que sejam capazes de as desempenhar adequadamente. Se por meio de suborno, nepotismo ou por alguma outra razão, nos desviarmos desse princípio e escolhermos uma pessoa incapaz para um determinado cargo, tendo então ignorado uma pessoa capaz e nomeado uma pessoa incapaz e desmerecedora, nós estaremos cometendo uma apropriação indébita.

O Mensageiro de Deus disse que quem quer que tenham nomeado um administrador por nepotismo apesar de haver entre a gente um indivíduo que fosse mais desejável a Deus do que aquela pessoa, então ele terá se apropriado indevidamente contra Deus, Seu Mensageiro e todos os muçulmanos.” (Hakim).

Yazid ibn Abi Sufyan relata que quando Abu Bakr o enviou a Síria, ele recomendou-lhe o seguinte: “O Yazid! Você tem muitos parentes. E provável que venhas a ser assediado por eles ao ter de fazer nomeações importantes. Estou preocupadíssimo contigo em vista do que o Profeta falou: “Qualquer um que tenha sido feito responsável por algum assunto que diz respeito aos muçulmanos, e que tenha confiado algum encargo de responsabilidade a alguém, influenciado por seus parentes, então que seja amaldiçoado por Deus. Nenhuma virtude ou justiça provinda dele será aceitável a Deus, tanto assim que ele será atirado no Inferno.” (Hakim)

A comunidade da qual desapareceu a qualidade de credibilidade poderá ser conhecida deste modo: a distribuição dos cargos e encargos naquela comunidade se transforma em um jogo e leilão de favores. Os homens capazes perdem o valor e em seu lugar, são nomeados homens incapazes e desmerecedores. A tradição tem como certo que isto faz parte das manifestações da corrupção que aparecerá no tempo de declínio.

Um homem foi ter com o Profeta e lhe perguntou quando sobreviria o Dia do Fim do Mundo. O Profeta respondeu: “Quando se perderem a credibilidade e a confiabilidade, então pode esperar pelo Fim do Mundo.” E perguntou outra vez: “O que significa perder a credibilidade?” Ele respondeu: “Quando as responsabilidades são confiadas aos incapazes, então espere o Fim do Mundo.” (Bukhári)

O Cumprimento do Dever e também uma Confiança

Este sentido também está incluído entre os significados da confiança, de que o homem a quem se encarregou de certa responsabilidade, deva ter uma inclinação sincera para o cumprimento satisfatório dessas responsabilidades e de que devera devotar todas as suas energias para fazê-lo com justiça. Sem duvida que isto é um sentido de credibilidade. O Islam considera ser digno de louvor um homem ser sincero no seu trabalho, dedicado de boa vontade ao seu desempenho na melhor forma, e alerta Para resguardar os direitos das pessoas que estiverem sob sua alçada; pois por mais insignificante que a responsabilidade possa ser, a menor negligência poderá causar danos irreparáveis a toda a comunidade e sociedade; permitindo que penetrem todo o organismo político os germes da corrupção e da maldade. A desonestidade no desempenho de deveres oficiais ocasiona diversas enfermidades morais na sociedade. Ela causa danos à religião, ao público muçulmano e ao país. Este pecado, seu castigo e seu mal, aparecem de várias maneiras.

O Mensageiro de Deus disse:
“No Dia do Juízo Final, quando Deus reunir a todas as pessoas, passadas e presentes, será afixada uma bandeira correspondendo a cada enganador, por meio da qual ele será reconhecido. E será dito que esse e o grupo de tais e tais enganadores.” (Bukhari)

Em outra tradição se afirma:
“Haverá uma bandeira próximo à cabeça de cada enganador, a e erguerá em altura proporcional às suas burlas. Escutai, não há pior enganador do que o Emir que engana o público.” (Musslim)

Em outras palavras, não haverá ninguém mais enganador nem merecedor de más consequências do que a pessoa a quem se incumbem responsabilidades pelos negócios dos homens e ele dorme tranquilamente enquanto o povo passa por privações e enfrenta a destruição.

O Abuso do Cargo e Traição da Confiança

A confiança exige que, se um homem é nomeado a determinado cargo alto, ele não o use para o auto-engrandecimento ou para beneficiar seus parentes, nem use os recursos públicos para fins pessoais, sendo isto um crime.

É uma coisa bastante comum a governos e às firmas, atribuirem salários determinados aos seus empregados. Criar fontes de renda extras e falta de respeito, ignomínia e mesquinhez. O Mensageiro de Deus disse:
A quem quer que encarreguemos algum serviço, também a provisão das necessidades dele serão nossa responsabilidade. Se ele tomar a si mais que isso, então estará cometendo uma apropriação indébita.” (Abu Daoud). É apropriação indébita porque ele usou para si propriedade da organização que era para ser dada aos fracos e aos necessitados, e que deveria ter sido gasta em uma causa e propósito maiores:
É inadmissível que um profeta fraude; mas, o que assim fizer, comparecerá com o que tiver fraudado, no Dia da Ressurreição, quando cada alma será recompensada segundo o que tiver feito, e não será injustiçada“ (3ª:161).

Mas o homem que respeita os mandamentos de Deus no desempenho da sua responsabilidade e é avesso a práticas desonestas no cumprimento dos seus deveres, este é então considerado por Deus como um dos que lutam pela supremacia da religião. O Profeta disse:

Quando ao Administrador é entregue uma tarefa, ele deve receber o que lhe e devido e deve pagar também o devido aos outros, só então ele é igual a um combatente pela causa de Deus, até que volte para casa.” (Tabarani).

O Islam proibiu que se explore ou use para aferir vantagens indevidas dos cargos. E sempre foi muito severo em fechar todos os caminhos que facilitem o ganho de riquezas ilícitas.

Adi ibn Umaira narra ter ouvido o Profeta dizer: “Seja quem for a quem tenhamos nomeado para um cargo, que tenha escondido ao menos uma agulha ou até algo ainda menor que isto, será isto uma apropriação indevida com a qual ele terá de comparecer no Dia do Juízo Final.” Ao que um Ansari de pele negra se levantou e disse: “Ó Mensageiro de Deus! Tire-me a minha governança.” O Profeta perguntou o que tinha acontecido. Ele respondeu: “Eu ouvi o que você acabou de dizer.” O Profeta então disse: “E continuo a dizer que quem quer que tenhamos feito governador, deverá expor tudo diante de nós. Ele deverá ficar com tudo aquilo que lhe for dado, e deverá se abster de tudo de que lhe for pedido desistir.” (Musslim).

Diz-se que certo homem da tribo de Uzd, de nome Ibn Labtih, foi enviado pelo Profeta como administrador do recolhimento de caridades e doações. Quando ele voltou da coleta ele disse: “Estas coisas são as tuas e estas aqui foram presenteadas a mim.” O narrador da tradição diz que ao escutar isto o Profeta se levantou e após louvar a Deus disse:
“Escolhi dentre vós, um administrador para os assuntos de que Deus me fez responsável. E quando este homem voltou, ele disse que isto é para nós e aquilo é o que foi presenteado a ele. Se ele diz a verdade, então porque não permanece na casa dos seus pais. Vejamos então de onde lhe viriam os presentes? Por Deus, se algum de vos recebe a coisa mais insignificante sem que ela lhe caiba por direito, terá de levá-la consigo ao aparecer diante de Deus. Não quero ver nenhum de vocês ser encontrando com Deus carregando um camelo na cabeça ou uma vaca a mugir ou um cabrito que esteja berrando.” E então levantou as duas mãos até ficarem visíveis suas axilas brancas e disse: “Ó Deus! Transmiti a Tua mensagem.” (Musslim)

A Riqueza e a Habilidade conferidos por Deus são também em Confiança

Confiança também significa que você deve fazer um exame dos poderes de percepção com os quais Deus o abençoou. Você deve olhar bem essas habilidades especiais que Deus te conferiu. Se olhar para os seus bens, e para os seus filhos que lhe são muito queridos, sentirá que todas essas coisas são créditos que Deus tem depositado consigo. Portanto, é necessário que eles sejam sacrificados em Sua causa, e de que sejam usadas para a satisfação d‘Ele. E se você os perder, não deve começar a chorar e se lamentar, nem deve considerar que eram a sua propriedade pessoal que lhe foi tomada, porque comparado a você, Deus é o que tem o maior direito de propriedade e é Ele quem tem o direito de usá-la como Lhe aprouver. Se você for experimentado por um aumento nelas (bens e filhos), aí então é que não deve hesitar em tomar parte do jihad quando a isto for chamado, nem deve abandonar a obediência a Deus por causa disso. Nem tampouco deve sentir-se convencido por eles.

Ó crentes, não atraiçoeis Deus e o Mensageiro; não atraiçoeis, conscientemente, o que vos foi confiado! E sabei que tanto vossos bens como vossos filhos são para vos pôr à prova, e que Deus vos tem reservada uma magnífica recompensa.” (8:27-28).

Os Segredos de Outros que Saibam também são uma Confiança

Credibilidade também significa que vocês devem proteger os direitos das reuniões que freqüentar. Não devem divulgar as informações e os segredos ali conhecidos a outros.

Grande numero de relações são rompidas, embaraços são provoca dos entre amigos, e interesses são arriscados quando as informações sobre ou os segredos das reuniões são divulgados por alguém, seja citando correta ou incorretamente suas fontes, jogando por terra assim todos os projetos ali discutidos.

O Mensageiro de Deus disse: “Quando alguém diz algo a alguém e até se volta a você, essa é uma questão de confiança.”
A conversa confidencial das reuniões deve ser guardada, desde que ela esteja dentro dos preceitos morais e dos princípios da religião, senão sua inviolabilidade desaparece. Se um muçulmano estiver presente a uma reunião de criminosos em conspiração entre eles com o fim de causar prejuízos a outros, então é responsabilidade dele evitar tais atos da maneira que lhe for melhor possível.

O Mensageiro de Deus disse: “Os segredos das reuniões são uma confiança, mas três tipos de reuniões são exceções a (essa regra): aquela em que sangue seja ilegalmente derramado é ilícita (haram), aquela em que se esteja praticando sexo ilícito, e aquela em que bens estejam sendo ilegalmente usurpados (mesmo em intenção,).” (Abu Daoud).

As relações conjugais são sagradas aos olhos do Islam. O relacionamento domestico entre marido e mulher e seus negócios em comum devem ser completamente resguardados. Nem o mais próximo homem deve ser informado sobre eles.

Mas pessoas tolas costumam relatar seus assuntos íntimos e problemas domésticos aqui e ali a estranhos. Este é um hábito muito ruim e Deus o declarou ilícito (haram).

Assmá bint Yazid relata que ela estava com o Profeta estando juntos um marido e sua esposa. O Profeta disse: “Haverá algum homem tal que narre os atos realizados com sua esposa? E haverá uma esposa que conta suas relações com o marido a outros?” Ninguém disse nada de medo. Eu disse: “Ó Mensageiro de Deus! Por Deus que tanto os maridos quanto as esposas fazem isso.” Ele disse: “Não diga isso. O melhor exemplo disso é um demo-homem encontrar-se com uma mulher-diabo, ele a cobrir para praticar o ato sexual e as pessoas ficarem olhando.” (Ahmad)

O Profeta disse: “No Dia do Juízo Final, diante de Deus, o maior ato de apropriação indevida será o do homem que amar a sua esposa e a esposa que também sinta o mesmo pelo seu marido, e então ele divulgue os segredos (íntimos) dela a outros.” (Musslim).

O que é depositado conosco em confiança é para ser resguardado por um prazo determinado, até que seja pedida a devolução. Nós teremos que prestar contas por tais créditos de confiança.

Ao emigrar para Madina, o Profeta deixou para trás um primo seu para que ele devolvesse aos politeístas os créditos que lhe haviam sido confiados, apesar de tais politeístas serem membros da mesma comunidade que o estava expulsando de seu lugar de nascimento. Ele se viu obrigado a abandonar sua causa pelo bem da crença, porem como pode um homem decente comportar-se indecentemente, mesmo que seja com pessoas indecentes e infames?

Maimoon ibn Mehran diz que havia três modos de tratamento que ele sempre dispensou igualmente a homens bons e a maus: ser confiável , cumprir suas promessas e ser bondoso (e gentil).

Considerar alguma coisa que lhe tenha sido confiada como propriedade pessoal é um ato vil, um roubo.
Abdullah Ibn Massud disse que participar da luta pela causa de Deus redime todos os pecados exceto o da apropriação indevida de algo que tenha sido confiado. Disse ele que no Dia do Juízo Final, ao se apresentar a pessoa que tenha lutado pela causa de Deus, nem por isso deixará de lhe ser cobrado o que lhe foi confiado. Tal pessoa poderá dizer: “Ó Senhor meu, como é possível fazê-lo se o mundo acabou?” Então lhe será dito: “Levem-no para o Inferno.” E em sua presença, os valores confiados serão apresentados da mesma maneira como foram confiados a ele neste mundo, (para) que ele os veja e os reconheça. Então ele terá de apanhá-los e carregá-los sobre os ombros, até ter a impressão de que conseguira sair dali, ao que as coisas assim confiadas lhe caiarão dos ombros E ai ele correrá para apanhá-las novamente. E este ato continuará para ele eternamente. Então ele disse que o salat (a oração) era algo que fora confiado, que o wuzu (as abluções) lhe foram confiadas, que pesar uma coisa lhe era confiado, que medir uma coisa lhe era confiado, e relacionou muitas coisas e disse que a maior custódia fora a riqueza e as coisas que foram confiadas em depósito com ele e foram devolvidas.

O narrador da tradição diz que ele foi a Bara ibn Aazib e perguntou o que ele achava sobre o que Ibn Masud dissera. Bara ibn Aazib respondeu: “Ele falou a verdade. Não ouvistes este mandamento de Deus: “Deus manda restituir a seu dono o que vos es†á confiado; quando julgardes entre as pessoas, fazei-o com equidade.” (4ª:58).

Exercer a custódia em confiança protege os direitos de Deus e os dos Seus servos. Mantêm os homens abstêmios da baixeza e da mesquinhez. E atinge as alturas desejadas somente quando esta qualidade é assimilada pelos homens às suas naturezas e consciências, quando ela alcança o âmago dos seus corações e quando e resguardada contra as influências de parentes próximos ou mesmo distantes.

Este e o significado da tradição narrada por Huzaifa ibn Yaman:
“Resguardar o que nos foi confiado foi naturalmente arraigado nos corações dos homens. Então veio o Alcorão e as pessoas aprenderam a reconhecer isto do Alcorão e da Sunna.” (Musslim)

O conhecimento da chari‘a não pode ser indiferente à conduta idônea, e guardar o que nos é confiado significa possuir entendimento correto do Alcorão e das Tradições bem como possuir uma consciência alerta. Se a consciência morre, então perde-se a qualidade de saber resguardar o que nos é confiado. Em tal situação, não adiantará muito recitar os versículos alcorânicos nem estudar as tradições, mas os pretendentes do Islam pensam sobre outros e também sobre si próprios de serem portadores dessa qualidade, no entanto, podemos perguntar, como pode o coração que rejeita a verdade ser capaz de guardar algo em confiança?

Por esse motivo, Huzaifa afirmou que o coração que não têm nenhuma crença perde a qualidade de guardar o que lhe é confiado. E consoantemente, ele relata: “Então nós começamos a falar sobre o desaparecimento da qualidade de resguardar o que é confiado, e o Profeta disse: “Quando um homem vai a um tipo de sono, a credibilidade é exprimida do seu coração até que seu efeito se transforme em um ponto. Então ele passa para um outro tipo de sono, e a credibilidade encolhe no seu coração até ficar como uma pequena cicatriz.” Então o Profeta disse: “E então as pessoas se dedicam a comprar e vender, mas ninguém é capaz de dar nada em confiança, tanto assim que quando se diz que em uma certa família há um homem confiável, e a respeito dele se diz o quanto ele é tolerante, bem-comportado e sábio! apesar de não existir sequer um átomo de fé no seu coração.”

Essa tradição nos apresenta um quadro horrível do desaparecimento da qualidade de resguardar o que nos é confiado dos corações das pessoas desonestas. E como achar fagulhas de bondade na natureza de algumas pessoas transgressores algumas vezes, apesar dessas fagulhas não exercerem qualquer influência duradoura na vida delas. E as vezes os atos bons encobrem seus atos maus, mas fica claro que tais atos não conseguem fazer reviver seu coração morto. Essa pessoa sem consciência mede aos outros de acordo com seus próprios desejos e preferências. Ele não distingue entre a fé e a incredulidade delas.

Resguardar o que nos é confiado é uma qualidade muito importante. Homens de fé fraca não a suportam. Deus deu um exemplo de quanto em toda a existência do homem. Portanto, não deve ser considerada uma coisa comum e não se deve ser ocioso em cumprir as suas exigências.

“Por certo que apresentamos a custódia aos céus,à terra e às montanhas, que se negarame temeram recebê-la; porém, o homem se encarregou disso, mas provou ser injusto e insipiente.” (33ª:72)

A injustiça e a ignorância são dois males que assolam a natureza do homem, e o homem tem de encarar o problema de manter um jihad contra eles. Sua fé não será completa enquanto não estiver purificada e isenta de qualquer injustiça.

Os crentes que não obscurecerem a sua fé com injustiças obterão a segurança e serão iluminados.” (6ª:82)
“Os sábios, dentre os servos de Deus, só a Ele temem, porque sabem que Deus é Poderoso, Indulgentíssimo.” (35ª:28).

Eis porque, depois de mencionar a presunção dos homens em assumir o encargo da confiança, nos versículos citados antes da Surata Al Ahzab, disse-se que aqueles que são injustos e ignorantes são os que praticam a apropriação indevida, são os hipócritas e são os recebedores merecidos do castigo de Deus; e que a segurança é conferida aos homens da fé e àqueles que resguardam o que lhes é confiado.

“Deus castigará os hipócritas e as hipócritas, os idólatras e as idólatras, e perdoará os crentes e as crentes, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo.” (33ª:73)

"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

Mohamad ziad -محمد زياد

quinta-feira, março 21, 2013

As mulheres serão a maioria no inferno?

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK .

As mulheres serão a maioria no inferno? “O melhor de entre vós, é aquele que trata melhor a sua mulher”. At- Tirmidi..

Primeira reflexão: Quem nasceu nos anos anteriores a década de sessenta, lembrar-se-á de que a maior parte das nossas mães eram analfabetas, mas verdadeiras donas de casa. Os poucos empregos existentes, eram absorvidos pelos homens, responsáveis pelo sustento das famílias. Recuemos uns séculos atrás, para compreendermos a situação em que as mulheres se encontravam, não só nos nossos países de origem como em toda a parte do mundo, incluindo nos agora considerados desenvolvidos. Em Portugal, a situação das mulheres não fugia à regra, onde os mais velhos se lembrarão de que se dizia que “a mulher não tinha alma”! No ano passado, a polícia Portuguesa recebeu cerca de 30.000 queixas relacionadas com a violência doméstica e anualmente mais de 30 mulheres morrem nas mãos dos companheiros agressores. As notícias são tão banais que já não chamam a atenção. Todas as notícias que envolvam muçulmanos, mesmo nos confins do mundo, são motivo de considerações injustas contra o islão. A situação é idêntica noutros países, apesar do desenvolvimento verificado nas últimas décadas.

Infelizmente ainda há países que continuam na situação de atraso e de pobreza, onde a escolarização ainda não é um direito para todos.

Segunda reflexão: A religião islâmica é a que mais cresce em todo o mundo. Não é uma religião nova. Ser muçulmano, é submeter-se ao Deus Único.

Foram assim todos os nossos Profetas, nomeadamente, Adam (Adão), Ibrahim (Abraão), Mussa (Moisés), Daúde (David), Sulemain (Salomão), Yayhá (João Baptista), Issa (Jesus) e Muhammad (Que a Paz de Deus esteja com eles).

Deus, o único conhecedor do futuro, refere acerca do crescimento do islão: “Quando te chegar o socorro de Deus e o triunfo. E vires entrar gente, em massa, na religião de Deus. Celebra, então, os louvores do teu Senhor, e implora o Seu perdão, porque Ele é Remissório”. Cur’ane 110: 1 a 3.

Outra das várias evidências da profecia do crescimento do islão: “Na noite de Miraj, Mussa Aleihi Salam, chorou quando se encontrou com Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam). Ao ser-lhe perguntado porque estava chorando disse: “Ó meu Deus, Tu enviaste este jovem Mensageiro depois de mim, cujos seguidores serão mais a entrarem no paraíso do que os meus”. Bukhari e Muslim.

A propósito da primeira reflexão, já por várias vezes algumas irmãs me escreveram, lamentando o facto de se sentirem descriminadas, por serem colocadas em posição inferior ao do homem. Não aceitam ficar só em casa a “remendar” as roupas” e a cozinharem para os maridos e para os filhos, porque acham que têm também capacidade para fazerem muito mais para o melhoramento das condições da família, para o desenvolvimento da comunidade e do país onde residem.

Quanto à segunda reflexão, assistimos diariamente a vários ataques vindos de todos os quadrantes, falando mal dos muçulmanos e denegrindo o islão.

Sentem uma inveja imensa ao verem o islão a crescer não só pelos nascimentos, mas também pelas conversões que se vão verificando em toda a parte do mundo. Os ataques agarram-se ao conceito errado de que “o islão descrimina as mulheres”, para propagandear todo o tipo de maldades contra os muçulmanos.

Aos insultos, o muçulmano não se pode defender com insultos, porque isso contrariaria os ensinamentos que o nosso Profeta nos deixou. Por analogia, podemos seguir o hadice: “Um dos pecados mais graves, é quando um homem insulta os seus próprios pais. Alguém perguntou: “ Acaso iria  alguém insultar os seus próprios pais?” Respondeu: “ Sim, é quando um homem maldiz ao pai de alguém e este replica com o mesmo; é quando um homem maldiz a mãe de alguém e este replica com o mesmo.”

O tema desta semana vem a propósito de um documento que chegou às mãos de um irmão Brasileiro, convertido ao islão, ex-bispo Auxiliar de Brasília Distrito Federal, da Igreja Católica Apostólica Brasileira. O documento é um ataque feroz, com traduções e interpretações incorretas dos versículos do Cur’ane e dos hadices, intitulado “Os 10 principais preceitos do Alcorão que oprimem e insultam as mulheres”. Quem não conhece a essência do islão, poderá ser induzido em erro, ainda mais porque está habituado a ler e a ouvir toda a informação deturpada difundida pelas rádios e televisões.

Verdade seja dita, alguma culpa nossa, pela atuação violenta de alguns, pela posição errada de alguns teólogos e pela ignorância de muitos de nós que não sabemos sequer os princípios básicos da nossa religião. Se os nossos colegas da escola ou do serviço nos interpelarem acerca dos principais temas do islão, não saberemos responder. “Buscai o conhecimento, nem que tenhais de se deslocar à china!”. É uma exortação do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), não só para os homens, mas também para as mulheres.

Num dos 10 argumentos o articulista refere que o islão trata tão mal as mulheres que até as destina ao inferno, citando o seguinte: “O Profeta disse, “olhei para o Paraíso e encontrei pessoas pobres compondo a maioria dos habitantes do paraíso; e eu olhei para o Inferno e vi que a maioria dos habitantes eram mulheres.”

O hadice completo que nos interessa reter e compreender, é o seguinte: O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Eu estava no Portão do  Paraíso e vi que a maioria das pessoas que entraram, foram os pobres, enquanto os ricos eram retidos nas portas para prestação de contas, mas os companheiros do fogo, foram ordenados para serem levados para o fogo. Eu estava no portão do fogo e eu vi que a maioria (generalidade) das pessoas que entraram eram mulheres”. Bukhari 62:124.

Deus incentiva os Seus servos, homens e mulheres, para praticarem boas ações, para que na vida eterna possam residir no paraíso: “Em troca, os tementes serão conduzidos, em grupos, até ao Paraíso e lá chegando, abrir-se-ão as suas portas e os seus guardiães lhes dirão: “Que a Paz esteja convosco! Qão excelente é o que fizeste! Entrai pois! Aqui permanecereis eternamente”. Cur’ane 39:73.

Agora vamos tentar compreender porque é que o Profeta disse aquelas palavras? Anas bin Malik (Radiyalahu an-hu) relatou que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu (acerca do sinal da hora - dos tempos que advirão antes do final do mundo), que o conhecimento irá decrescer, a ignorância irá prevalecer sobre o mundo, o adultério será uma constante, as mulheres irão aumentar e os homens vão diminuir tanto que um homem irá cuidar de 50 mulheres” Bukhari 3:81. Outro hadice refere: “um homem será seguido por 40 mulheres que procurarão nele refúgio (proteção), devido a escassez de machos e abundância de fêmeas. Bukhari 24:495.

Já nos momentos actuais, constata-se de que o número de mulheres existentes no mundo é superior em relação aos homens. Seria possível Deus ser injusto com as mulheres, condenando-as a serem a maioria no inferno? Se termos em conta que até ao final do mundo a disparidade entre as mulheres e os homens vai aumentar, atingindo a quantidade de mulheres uma proporção enorme, é natural chegar-se à conclusão por esse facto, de que no inferno as mulheres poderão vir a ser em maior número do que os homens. Mas também haverá outro momento em que as mulheres serão a maioria no paraíso.

O Anjo Jibrail (Aleihi Salam), informou ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) de que há vários graus no inferno e que o último grau é destinado ao Umah do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) que cometeram pecados graves e que vão morrer sem pedirem perdão. Com esta notícia, o Profeta ficou tão angustiado que foi para casa muito triste, ficando fechado no seu quarto durante dias, a orar e a chorar pelo seu povo presente e do futuro (in origem da noite de Miraj).

Homens e mulheres que cometerem pecados, entrarão no inferno, para serem purificados. Como as mulheres serão a maioria que os homens, haverá no início mais mulheres do que homens a serem purificados no inferno. Mas depois de saírem e quando forem admitidos ao paraíso, as mulheres no paraíso passarão a ser em maior número do que os homens. Assim as mulheres superarão os homens tanto no inferno como no paraíso, mas em épocas diferentes.

Todos os hadices que não estejam de acordo com os versículos do Cur’ane, não podem ser considerados como válidos. Há muitos ditos atribuídos ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), considerados fracos ou falsos. Para se interpretarem corretamente alguns hadices, é necessário conjugar-se dois ou mais ditos do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), para se compreender a mensagem que ele pretendeu transmitir.

Abdullah Ibn Massud (Radiyalahu an-hu), foi um eminente Sahaba (companheiro) do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). Devido aos seus conhecimentos religiosos e ao seu carácter, foi-lhe atribuída a incumbência de dar fatwa (veredicto), ainda no tempo do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). Tinha muito cuidado em relatar os ditos (hadices). Sempre que pretendia fazê-lo, tremia de medo.

Ele e os restantes Sahabas (Radiyalahu an-huma), tinham muito cuidado ao transmitirem algum dito (hadice), pois lembravam-se constantemente das palavras de Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), quando referiu: “Aquele que atribuir algo a mim e que na realidade eu não tenha dito aquilo, ele que ocupe o seu lugar no inferno”. 

Aisha (Radiyalahu an-ha) referiu que certa noite, o seu pai Abu Bakr (Radiyalahu an-hu), não conseguia dormir, pois virava-se para um lado, ou virava-se para o outro. Na manhã seguinte pediu para lhe trazerem os hadices que tinha compilado e que os entregara a Aisha para guardar. Assim que a compilação lhe foi entregue, queimou-a por completo. Depois explicou os motivos: “Esta coleção continha muitas narrativas sobre o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), as quais eu tinha ouvido de outras pessoas. Depois da minha morte, se algum dos hadices não fosse verdadeiro, então eu responderia perante Deus.”

A melhor descrição acerca do relacionamento entre marido e mulher, é referida no Cur’ane: “Elas são as vossas vestimentas e vós sois as vestimentas delas”. 2:187. É a protecção, o apoio e o conforto mútuo. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “O melhor de entre vós, é aquele que trata melhor a sua mulher”. At-Tirmidi.
 
Aos que nos lançam ofensas, criticando o islão, a pergunta óbvia que devemos fazer é a seguinte: “Se o islão é assim tão mau, qual o motivo de ela ser procurada e abraçada por milhares e milhares de crentes de outros credos e até mesmos de ateístas?” Alguns que se reverteram ao islão, referiram que não encontraram respostas dos seus anseios através das suas anteriores crenças. Estudaram várias religiões, em especial as que compõem o tronco comum do Profeta Abraão (que a Paz de Deus esteja com ele). E referiram que todos os caminhos, confluíam para o islão. Lá ilaha ilalah - “Não há outra divindade senão Deus”.

Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41. "Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.

Abdul Rehman Mangá

21/03/2013

abdul.manga@gmail.com

domingo, março 17, 2013

A Mulher no Islão - Condição da Mulher

A condição da mulher no Islão é sem dúvida um dos pontos que mais geram discussões, controvérsias e divergências muito principalmente entre os não muçulmanos, mas também entre alguns muçulmanos. Este ponto tornou-se muito dramático para muitas Comunidades em minoria pelos mais diversos países espalhados pelo mundo. 

A mulher representa, pelo menos em teoria, a metade da sociedade humana. Constituindo o que há de mais belo nessa sociedade, especialmente no campo sentimental, podendo ser considerada a causa principal da própria existência da humanidade, depois naturalmente da sua própria criação por Deus, Todo-poderoso. 

A mulher é um alicerce importante, tanto da família quanto da comunidade. Por isso o Islão libertou a mulher, ajudando-a a ganhar posições dignas, quer como esposa, mãe e antes disso como filha. 

Segundo os ensinamentos do Alcorão, o papel da mulher na sociedade é tão vital como o do próprio homem e ela não é superior nem inferior, mas apenas diferente. 

O estatuto da mulher foi elaborado no Islão para serem garantidos todos os direitos e deveres recíprocos em relação à sociedade. 

Os direitos e as responsabilidades de uma mulher são iguais aos do homem, mas não são necessariamente idênticos. Igualdade e identidade são dois conceitos bastante diferenciados. Esta diferença é compreensível porque o homem e a mulher não são idênticos, mas foram criados iguais. Esta distinção entre igualdade e identidade é de grande importância. 

A igualdade é desejável e justa, mas a identidade não o é. As pessoas não são criadas idênticas, mas são criadas iguais. Com esta distinção na ideia, não há lugar para imaginar que a mulher seja inferior ao homem. Não há fundamento para argumentar que ela é menos importante do que ele, precisamente porque os seus direitos não são identicamente os mesmos. Se o seu estatuto fosse idêntico ao do homem ela não passaria simplesmente de um duplicado dele, o que não é. O facto de o Islão dar direitos iguais – mas não idênticos – mostra que a toma na devida consideração, admitindo e reconhecendo a sua independente personalidade. 

Não é a voz do Islão que difama a mulher com sendo um produto de Satanás ou a semente do demônio  Nem o Alcorão coloca o homem como o senhor dominador da mulher que não tem poder de opção mas que tem de se render à dominação. Nem foi o Islão que introduziu a questão de a mulher ter ou não ter alma. Nunca na história do Islão, algum muçulmano duvidou do estatuto humano da mulher ou de ter alma e outras boas qualidades espirituais. 

Ao contrário de outras crenças, o Islão não culpa somente Eva pelo pecado original. O Alcorão esclarece que ambos, Adão e Eva, foram tentados, que ambos pecaram e que o perdão de Deus lhes foi concedido a ambos depois do seu arrependimento. 

Construir a família é a mais séria edificação no âmbito da sociedade e da nação e da consolidação desta edificação depende a salvação da sociedade e a dignidade de uma nação. Sendo que a mulher é a pedra angular desta importantíssima edificação. 

Qualidades da mulher

As qualidades reconhecidas à mulher são: a paciência, a perseverança, a coragem, a abnegação, o amor, a solidariedade, a resignação, a obediência, a determinação apropriadas a cada momento. Todas estas qualidades, para alem de outras, manifestaram-se por parte das mulheres muçulmanas desde os primeiros anos do Islão. 

Em muitas ocasiões as suas opiniões foram respeitadas e seguidas por se verificarem acertadas e oportunas, mesmo em situações de extrema delicadeza e gravidade. 

Condição da mulher antes do advento do Islão 

Nos primórdios da civilização humana, a posição social da mulher era quase nula e inexpressiva no campo da moral e das leis, excepto na civilização do Antigo Egipto, a qual fora a única na história remota que permitiu à mulher ocupar um lugar legitimado pelo reconhecimento dos governantes e do povo. Contudo, a civilização do Antigo Egipto desapareceu, bem como as suas leis, muitos séculos antes do advento do Islão. 

NA ÍNDIA:
No código de MANI (maniqueísmo), a mulher não possuía direitos independentes dos direitos do pai ou do marido ou do filho. Se o pai, esposo ou o filho morressem todos, tornava-se obrigatório que a mulher pertencesse a um homem da linhagem do marido dela. Mais que isso: a mulher não tinha o direito à vida, pois deveria ser incinerada com o esposo falecido, no mesmo dia e no mesmo crematório. É a chamada SATI. Inclusivamente a mulher era utilizada como oferenda aos deuses.
Em algumas tradições (pensamentos) da Antiga Índia, contava-se que “ Nem a morte, nem o inferno, nem o veneno, nem as serpentes e nem o Fogo são piores do que a mulher”. 

NO CÓDIGO DE HAMURABI:
A mulher contava-se entre as reses da propriedade de um homem. Se algum homem matasse uma filha de outro homem, por exemplo, era obrigado pelo Código de Hamurabi a entregar-lhe uma filha sua, a qual podia ser morta ou tornar-se propriedade do pai da vítima e que este poderia poupar-lhe a vida e fazê-la sua propriedade. 

NA ANTIGA GRÉCIA:
A mulher era privada de toda e qualquer liberdade e de todos os direitos. Não tinha o direito de herdar. Aristóteles censurava os espartanos pela sua tolerância em relação às mulheres, tendo inclusive atribuído a decadência de Esparta, à liberdade concedida às mulheres.
A mulher era proibida de sair de casa; estava privada do direito de instruir-se (estudar). Estava-lhe vedada qualquer participação pública. Era tão desprezada que a chamavam “obra de Satanás”.
Perante a legislação em vigor, a mulher igualava-se a um objecto qualquer, pois era vendida e comprada em mercados específicos. Na Antiga Grécia a excepção era Esparta, onde a mulher desfrutava de uma situação um pouco melhor, devido à ocupação dos homens nas guerras, sendo que as mulheres eram então necessárias para executarem algumas tarefas ao contrário de Atenas. 

CÓDIGO DOS ANTIGOS ROMANOS:
Não era muito diferente do Código de Mani. A mulher não tinha o direito à propriedade, pois ela própria era propriedade do homem e por isso não era dona nem das suas roupas! Às vezes, um homem presenteava um amigo com uma mulher (escrava). 

NOS LIVROS ATRIBUÍDOS A MOISÉS:
Determinavam que a filha não herdava do pai dela, se ele tivesse filhos varões. E se não os tivesse, a filha não poderia casar-se com alguém de outro clã, porque ela não tinha o direito de transferir a sua herança para outro clã. 

OS JUDEUS:
Os judeus consideravam a mulher uma maldição, pois ela (Eva) enganou a Adão. Consta no TORAH que “a mulher é mais amarga do que a morte. O homem bom, perante Deus, é aquele que se salva da mulher”.

Depois da queda do Império romano Bizantino, difundiu-se no Oriente Médio de então, a filosofia da pobreza e a crença na impureza do corpo e na impureza da mulher que ficou estigmatizada pela maldição do pecado.

Afastar-se da mulher passou a ser considerado uma virtude! Resultou de tudo isso o “affaire”, do qual se ocuparam muitos teólogos até ao século V D.C, que se interrogavam se a mulher seria somente corpo…ou corpo e espírito?

Predominou a ideia de que a mulher não era dotada de alma e não alcançava a salvação! Exceto a Virgem Maria, mãe de Jesus. 

No ano 586 D.C. os franceses convocaram uma conferência especialmente para debater se a mulher poderia ser considerada HUMANA ou não. Depois de muitas discussões e debates, chegaram à conclusão de que “a mulher era um ser humano que fora criado apenas para servir ao homem”. 

Naquele ano de 586 D.C. o Profeta Muhamad, abençoado seja o seu nome, tinha apenas 15 anos de idade. 

NO MUNDO ÁRABE:
Antes do surgimento do Islão, a mulher de um modo geral era menosprezada e desconsiderada. Fazia parte da herança, dos bens, que passavam de pais para filhos.
Algumas tribos árabes enterravam as meninas à nascença, mesmo vivas (infanticídio), por temerem a desonra. A mulher não tinha o direito de herdar o que quer que fosse, visto que a tradição em vigor na época estipulava que “somente tem o direito de herdar quem empunhava a espada e defendia a tribo”. A mulher não tinha direito algum perante o marido. A poligamia era ilimitada e desenfreada. A mulher não tinha o direito de escolher com quem casar-se.
Antes do Islão, quando um árabe morria e deixava várias viúvas, o filho mais velho tinha o direito, privilégio, de herdar as outras esposas deixadas pelo pai (excluindo evidentemente a mãe), como herdava todos os outros bens. Se o filho quisesse desposar uma das viúvas, bastava-lhe que cobrisse a escolhida com a manta dele, que era o sinal convencionado. 

Nessa época para os árabes, o nascimento de uma rapariga era motivo de mau agouro e muito pessimismo. 

Até ao ano de 1805 D.C. a legislação inglesa, facultava ao marido vender a própria esposa! 

Quando eclodiu a revolução francesa no inicio do séc. XVIII D.C, declarando a libertação do homem da escravidão e da humilhação, não inclui a mulher nessa declaração, porque o Código Civil francês estabelecia que a mulher não era reconhecida para assinar nenhum contrato sem o consentimento do seu tutor, se fosse solteira. Esse mesmo código referia textualmente que legalmente os incapazes eram: a criança, o louco e a mulher….estando em vigor até ao ano de 1938 D.C, portanto a primeira metade do século XX! 

Na antiguidade a mulher era considerada um objecto ou mercadoria que se vendia e se comprava. Foi classificada impura e obra de Satanás, sofreu discriminações inacreditáveis como: não poder comer carne, não poder rir, não poder falar e até usaram nela um cadeado de ferro, o cinto de castidade! 

O Sagrado Alcorão estabelece que é Deus quem dá filhas, como é Ele quem dá os filhos. O Islão vetou o infanticídio, transformando-o em sacrilégio e classificando-o como o mais horrendo dos crimes. 

Surata 6ª AL NA’AM (O Gado)
6:140 “São desventurados aqueles que, néscia e estupidamente matam os seus filhos, na sua cega ignorância e recusaram a si mesmo daquilo com que Deus os agraciou, forjando mentiras a respeito de Deus. Já estão desviados e jamais serão encaminhados.” 

Surata 81ª AT TAQUIR (O Enrolamento)
81:8 “Quando a filha, sepultada viva, for interrogada.”
81:9 “Por que delito foste morta?” 

No meio de tamanhas trevas e de toda essa escuridão que envolvia a condição da mulher em todo o mundo de então, civilizado ou não, uma voz ouviu-se vinda dos céus e pronunciada por Muhammad (assn), voz essa que dava integralmente à mulher os seus direitos, sem qualquer restrições. Voz essa que declarava a mulher totalmente capaz para exercer os seus direitos por completo. 

Há mais de 1427 anos o Sagrado Alcorão, estabeleceu para a mulher direitos jamais conferidos anteriormente a ela, quer por qualquer código ou por alguma religião. 

Da humilhação, o Sagrado Alcorão, elevou a mulher à CONDIÇÃO HUMANA, descendente de Adão e Eva tal como o varão. Totalmente pura e livre do Satanás e nada tinha de abominável. O maior de todos os direitos que a mulher obteve do Sagrado Alcorão foi o de ser considerada inocente e livrada do tal Pecado Original. 

Pois o Alcorão diz que ambos: Adão e Eva, foram vítimas da sedução do Satanás. Ambos mereceram o Perdão Divino, por se terem arrependido e penitenciado. 

Os descendentes de Adão e Eva, quer homens quer mulheres, nada devem e nada têm a pagar pelos erros dos dois. 

Conforme a Surata 2ª versículo 134:
2:134 “ Aqueles são gentes que já se foram. Responsabilizam-se pelo que fizeram e vós pelo que fizestes. Não sereis indagados, responsabilizados, pelo que eles fizeram”. 

Nota importante: As recomendações do Sagrado Alcorão pelos direitos da mulher e para a mulher, não são resultados de quaisquer reivindicações dela própria, nem resultados de movimentos sociais ou feministas, nem de decisões governamentais. São e foram do Desígnio Divino, da ordem emanada do próprio Deus! 

A absolvição de Eva 

O Sagrado Alcorão estabeleceu o princípio de isentar a mulher da responsabilidade dos actos da primeira mulher e mãe de todas: EVA. Isto abrange a mulher e o homem de modo idêntico e por igual. 

Os Velho e Novo Testamentos atribuíram a Eva toda a responsabilidade da desobediência por ela ter comido da árvore proibida, seduzida que foi pela serpente. Vejamos: 

Antigo testamento:
GÊNESIS, 3:6 “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e desejável para dar entendimento. Tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido que também comeu”. 

GÊNESIS, 3:12 “Então disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore e eu comi”. 

GÊNESIS, 3:17 “E a Adão disse: Visto que atendestes a voz da tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara que não comesses: maldita é a terra por tua causa.” 

Novo Testamento:
2 Coríntios, 11:3 “ Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam corrompidas as vossas mentes e se apartem da simplicidade e pureza devidos a Cristo”. 

1 Timóteo, 2:14 “E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”. 

Mas o que diz o Sagrado Alcorão sobre isto? Vejamos: 

Surata 2ª, versículos 36 e 37:
2:36 “Satanás levou ambos por engodo, à desobediência que resultou na saída dos dois de onde estavam. Nós (Deus) dissemos-lhes: Descei! Sereis humanos e Satanás, inimigos na terra, tereis permanência e gozo até um período”.
2:37 “Depois, Adão recebeu palavras de seu Senhor, que perdoou-o, porque Deus é Perdoador e Misericordioso”. 

Surata 7ª, versículos 20,21,22,23:
7:20 “Satanás sussurrou a ambos (Adão e Eva) para dar-lhes a conhecer a respeito da sua nudez, o que então lhes havia sido ocultado, dizendo-lhes: o vosso Senhor proibiu-vos esta árvore para não vos tornardes dois anjos ou para não vos tornardes imortais”.
7:21 “E, sob juramento, disse-lhes: eu sou para vós um sincero conselheiro”.
7:22 “Assim ele os guiou traiçoeiramente e quando provaram dos frutos da árvore, revelou-se-lhes a vergonha da sua nudez e tentaram ocultá-la cobrindo-se com folhas de plantas. E o Senhor chamou-os dizendo-lhes: Não vos tinha proibido, Eu, os frutos dessa árvore e não vos tinha dito que Satanás era vosso inimigo declarado?”.
7:23 “Eles disseram: Ó Senhor nosso! Ofendemo-nos a nós mesmos. Se não nos perdoares e se não fores Misericordioso para nós, certamente estaremos perdidos!”. 

O Sagrado Alcorão, foi até mais além e em alguns versículos atribuiu o pecado unicamente a Adão. 

Surata 20ª, versículos 120, 121.
20:120 “Satanás atraiu Adão e disse-lhe: Ó Adão, queres que te indique a árvore da imortalidade e um reino eterno?”.
20:121 “E ambos (Adão e Eva) comeram da árvore. Suas partes pudicas ficaram expostas e puseram-se a cobrir os seus corpos com as folhas do paraíso. Adão desobedeceu ao seu Senhor e foi enganado”. 

Deste modo, o Sagrado Alcorão livrou a mulher da maldição que os teólogos das outras religiões anteriores ao Islão a ela atribuíram. Não responsabilizando-a pelo pecado cometido, nem pelo castigo da expulsão do paraíso. 

Os direitos da mulher no Sagrado Alcorão 

O fundamental é reconhecer o direito da mulher por ser realmente um direito e não como qualquer atendimento às reivindicações, ou por ser de alguma ideologia ou por circunstâncias de alguma necessidade específica da administração estatal. O Islão libertou a mulher e dignificou-a, assegurando a ela uma posição de acordo com sua estatura como mãe, esposa e filha. 

O Sagrado Alcorão fez da mulher um dos dois elementos basilares da humanidade, que Deus contemplou, destinando-lhe o direito de ter o seu espaço na Terra. 

Surata 4ª, versículo 1:
4:1 “Ó Humanidade! temei o vosso Senhor que vos criou de um único ser do qual criou a sua companheira e de ambos fez descender inumeráveis homens e mulheres…” 

Surata 49ª, versículo 13:
49.13 “Ó Humanidade! Nós vos criamos em dois sexos: masculinos e feminino e vos fizemos povos e tribos para que vos conheceis e relacionais. O mais digno perante Deus é aquele que é o mais piedoso. Deus é Omnisciente e Integradíssimo”. 

Como ser humano, a mulher tem o direito de trabalhar e auferir uma remuneração pelo seu trabalho. É direito da mulher escolher o seu esposo. Pois a mulher é exactamente igual ao homem. 

Surata 3ª, versículo 195:
3:195 “ E o Senhor os atendeu e lhes disse: Jamais deixarei perder a obra de qualquer de vós, seja homem ou mulher, pois procedeis uns dos outros.” 

O Profeta Muhammad (abençoado seja seu nome) disse: 

“Os seres humanos igualam-se como os dentes de um pente. Não se diferencia um árabe de não-árabe, nem o grande em relação ao pequeno, nem um homem de uma mulher, senão pela piedade. As mulheres são irmãs dos homens”. 

O Código Islâmico (Shariah) colocou o homem e a mulher num único plano, quer no tocante ao casamento, na livre manifestação do pensamento, nas transacções comerciais de compra e venda e também na sujeição às penalidades. 

O Islão livrou Eva da estigma do pecado de ter comido e induzido Adão a fazê-lo da árvore proibida e determinou que a culpa fosse partilhada por ambos. 

O Islão igualou a mulher ao homem como capaz na sua fé e religiosidade e na sua devoção a Deus e que entrará no paraíso, exactamente como o homem, pelo que fizer e praticar o bem. Sendo a mulher igual ao homem perante Deus, a recompensará com o magnifico benefício pelos seus feitos. 

Surata 57ª, versículo 18:
57:18 “ Na verdade os caridosos a as caridosas que emprestam espontaneamente a Deus, serão retribuídos a dobrar e obterão uma generosa recompensa”. 

Surata 4ª, versículo 124:
4:124 “E os que praticam boas acções, sejam homens ou mulheres e sejam crentes entrarão no Paraíso e não serão prejudicados, no mínimo que seja”. 

Surata 16ª, versículo 97:
16:97 “ Quem praticar o bem, seja homem ou mulher e crente em Deus, concederemos uma vida agradável e premiaremos com uma recompensa de acordo com a melhor das suas acções”. 

O Islão concedeu à mulher o direito de desenvolver o trabalho missionário no seio da comunidade. 

Surata 9, versículo 71 – 72:
9:71 “ Os crentes e as crentes são protectores uns dos outros; e ordenam o bem e proíbem o mal; e observam a oração e pagam a “zakat”; e obedecem a Deus e ao Seu Mensageiro. Por isso tudo, Deus será misericordioso para eles; e na verdade Deus é Poderoso e Sábio”.
9:72 “ Deus prometeu aos crentes a às crentes jardins sob cujas ramadas correm os rios, onde viverão eternamente em magnificas moradas, nos jardins do Éden; e a complacência de Deus é ainda maior do que isso. Tal é o magnífico benefício”. 

E o Sagrado Alcorão ainda reforça este princípio com os seguintes versículos: 

Surata 33, versículo 35:
33:35 “Quanto aos muçulmanos e às muçulmanas, aos crentes e às crentes, aos piedosos e às piedosas, aos verazes e às verazes, aos humildes e às humildes, aos caridosos e às caridosas, aos jejuadores e às jejuadoras, aos recatados e às recatadas, aos que invocam Deus, homens e mulheres, saibam que Deus lhes tem destinado o Seu perdão e uma magnífica recompensa”. 

Surata 3, versículo 195:
3: 195 “E o Senhor os atendeu e lhes disse: “Jamais deixarei perder a obra de qualquer de vós, seja homem ou mulher, pois procedeis uns dos outros..”. 

Deus elegeu mulheres, assim como elegeu homens. 

Surata 3, versículos 33-42-43:
3:33 “ Na verdade, Deus escolheu Adão e Noé, a família de Abraão, e a família de Imran acima de todas as criaturas do mundo”.
3:42 “ E lembra-te quando os anjos disseram: Ó Maria! Na verdade, Deus escolheu-te acima das mulheres de todas as nações”.
3:43 “ Ó Maria! Sê obediente ao teu Senhor, prostra-te e curva-te com os que se curvam na adoração”. 

O Islão estabeleceu a igualdade entre homens e mulheres incentivando-os a estudar e a instruir-se. O Profeta Muhamamad (ASSN) disse: “ A busca do saber é dever de todo muçulmano e muçulmana”. 

O Islão estabeleceu igualdade nos direitos conjugais. 

Surata 2, versículo 228:
2:228 “ ..E elas, as mulheres têm direitos sobre eles, como eles os têm sobre elas, condignamente”. 

Se o esposo se desviar do cumprimento dos seus deveres para com a esposa, esta tem o direito de levar o caso ao conhecimento do juiz e dizer que o seu esposo contrariou a Shariah (Lei islâmica). Comprovado o caso, o juiz sentencia obrigatoriamente a favor da esposa. 

O fundamental no Islão ao se referir ao homem e à mulher, é a unidade da origem, com a devida e necessária atenção quanto às diferenças naturais e biológicas, quer nas características físicas quer na funções orgânico-fisiológicas do sexo. 

Deus criou o homem e a mulher para desempenharem funções específicas e às vezes distintas, habilitando cada qual com uma estrutura orgânica e geneticamente apropriada para as suas peculiares tarefas. Por isso o homem e a mulher não são iguais de modo absoluto. 

Direitos sociais da mulher no Islão 

1- Direito de estudar
O Profeta Muhammad (assn) disse: “ O pai que proporciona à sua filha a oportunidade de se instruir (estudar) e der a ela uma educação primorosa, merecerá o paraíso”. 

O Islão incentiva tanto os homens quanto às mulheres a adquirirem saber, estudando. Mais do que incentivar e recomendar, o Islão fez do estudar um dever obrigatório para mulheres e homens. Não há no Islão, quer no Alcorão ou na Sunnah, nenhuma referência, nenhum texto, mesmo indirectamente, que proíba ou restrinja a mulher de estudar. 

2- Direito de trabalhar
As actividades permitidas à mulher no Islão, são exactamente as que são permitidas aos homens, sem qualquer discriminação. 

Todavia a função de “cabeça de casal” deverá ser inevitavelmente destinada a um dos cônjuges. 

Não existe no Islão nenhuma barreira e nenhum impedimento entre a mulher e qualquer trabalho honesto, decente e adequado. 

O facto de haver um grande número de mulheres trabalhando em países não-muçulmanos, não está relacionado a presumíveis obstáculos que teriam sido criados pelas leis islâmicas. Está relacionado na verdade às diferenças entre uma sociedade e outra no tocante a estágios e ciclos. 

A mulher tem o direito de trabalhar, direito este assegurado pelo Islão. 

A mulher muçulmana pode realizar negócios comerciais sem a tutela ou a procuração do pai ou do esposo, desde que ela observe escrupulosamente e estritamente a boa educação islâmica. 

À mulher cabe total liberdade de gerir o pecúlio dela, sem autorização do esposo, o qual não tem o direito de tutelar o patrimônio de sua esposa, salvo quando for da expressa e espontânea vontade dela. 

Surata 4, versículo 32:
4:32 “ Não ambicioneis aquilo com que Deus agraciou uns, mais do que aquilo com que agraciou outros, porque aos homens corresponderá aquilo que ganharem; assim também as mulheres terão aquilo que ganharem. Rogai a Deus que vos conceda a Sua graça, porque Deus é Omnisciente.” 

À mulher é assegurado, no Código Islâmico, o direito de mesmo depois de casada de conservar o nome da família do pai dela, isto é: o uso do sobrenome da família paternal dela. 

As mulheres muçulmanas exerciam actividades comerciais nos mercados e nas feiras, vendiam alimentos, tratavam dos enfermos, leccionavam a grandes e pequenos ensinando a ler e a escrever. 

Alguns exemplos de trabalho feminino na época do Profeta: 

RAFIDA: Era uma enfermeira, ministrava remédios aos doentes, tratava dos feridos e recebia honorários pelo seu trabalho. 

AL CHAFAE AL ADAUIAH: Lecionava mediante um salário, a outras mulheres, ensinando-as a ler e escrever. 

ZAINAB BINT JAHCH: Era exímia no ofício de tricotar, ganhando o seu sustento nessa actividade. 

KUAYBA BINT SAED: Era médica e exercia a sua profissão. 

3- Direito de herdar
O Islão concedeu à mulher, como mãe, como esposa e como filha o direito à herança. O Profeta Muhammad (assn) disse: “Igualai entre os vossos filhos quando lhes fizerdes doações. Se tivesse que privilegiar alguém, privilegiaria as filhas. Quem privar alguém da herança a que tem direito, Deus o privará da brisa do paraíso”. 

4- Direitos políticos
O Profeta Muhammad (ASSN) possibilitou a adesão política (Bi Ah), das mulheres verbalmente, isto é sem o aperto de mãos, comuns entre os homens. Isto sucedeu por ocasião da tomada pacífica da cidade de Meca. 

Desta forma evidencia-se a gentileza do Profeta para com as mulheres, dando-lhes a primazia de se envolverem politicamente, assumindo os seguintes compromissos: 

- De nada associarem a Deus: O único, O Uno;
- De não roubarem;
- De não prevaricarem (não cometerem adultério);
- De não matarem as suas filhas (infanticídio);
- De não mentirem, criando farsas ou infâmias;
- De não desobedecerem a Deus nem ao Apóstolo. 

Tudo isto está contido na Surata 60, versículo 12:
60:12 “ Ó Profeta, quando as crentes se apresentarem a ti jurando fidelidade, afirmando-te que não atribuirão parceiros a Deus, a não roubarem, a não prevaricarem (adultério), a não matarem os seus próprios filhos, a não caluniarem, e a não te desobedecerem no que constituir-se em direito reconhecido, aceita então a adesão delas e pede a Deus que lhes perdoe, porque Deus é Indulgente e Misericordioso.” 

Nos textos islâmicos nada consta que prive a mulher da sua capacidade para exercer actividades políticas qualquer que seja, desde que enquadradas no espírito da “Chariah.” 

 

1- O importante no Islão, é reconhecer os direitos da mulher por serem mesmo de direito. 

2- A moral do tratamento dado à mulher pelo Sagrado Alcorão, constitui-se nos Estatutos Permanentes da Mulher, da qual depende o bem-estar da família e da sociedade (nação). 

3- Um importante avanço foi alcançado dentro das constituições modernas, no tocante aos direitos da mulher, depois da 1ª e 2ª Guerras Mundiais quando a mão-de-obra masculina foi subtraída dos sectores de produção (fábricas, indústrias, etc.), para ser empregada nos campos de batalha. Houve por isso necessidade de se recorrer à mão-de-obra feminina, a fim de que não se paralisassem as actividades económicas e industriais. 

Nessa altura há muito que o Código do Sagrado Alcorão assegurara à mulher os seus direitos pelo direito e no próprio interesse da mulher. Consequentemente para o interesse dos povos e da própria humanidade. 

4- Em determinadas partes do mundo a mulher obteve alguns direitos, após a era industrial propriamente dita. Contudo essa conquista foi o resultado de uma luta árdua e prolongada em defesa dos direitos femininos, até então negados, negligenciados e às vezes usurpados. 

5- Já a mulher muçulmana, esteja onde estiver, é detentora de direitos e deveres criados e estabelecidos pelo Próprio Deus, há mais de catorze séculos, baseados na justa igualdade e proporcionalidade equilibrada. 

6- A equidade ideal entre os dois sexos e a justiça perfeita entre os interesses de ambos efectivam-se quando o convívio entre os dois dentro da sociedade, transcorrer conforme os princípios da cooperação e da distribuição das tarefas e não sob o individualismo que gera a discórdia e as disputas por vantagens e reivindicações. 

Alguma das Mulheres que se distinguiram na história islâmica 

Khadija Bint Khuailed
O primeiro coração que palpitou pelo Islão e resplandeceu com sua luz foi o de uma mulher: Khadija! O Arcanjo Gabriel disso ao Profeta (ASSN): “ Transmita à Khadija a saudação, a paz, de Deus”. Khadija respondeu: “ A Deus e de Deus é a paz. Sobre Gabriel minha paz.” Ninguém entre todos muçulmanos, homens e mulheres, mereceu tamanha distinção e honraria, vindas de Deus! 

Sobre Khadija, Muhammad (ASSN) disse: “ Ela teve fé em mim quando os demais me desacreditaram, acreditou no que eu dizia quando os outros desmentiram-me, apoiou-me com os seus recursos quando as pessoas privaram-me e dela Deus me deu descendência e das outras esposas não.” 

O primeiro segredo que o Profeta confidenciou foi à esposa dele, Khadija, quando recebeu de Gabriel a primeira revelação Divina, e ela disse a Muhammad (ASSN): “ Alegra-te, querido esposo e sê firme. Por Deus, em cujas mãos está a minha alma, espero que sejas o Profeta desta nação.” 

No início, quando Muhammad (ASSN) recebia a visita do arcanjo Gabriel e ficava com dúvidas, se se tratava de um anjo ou de um demónio, Khadija fez uma experiência: despiu-se das suas vestes exteriores e o anjo desapareceu! Então ela disse ao Profeta: “ Sê firme e alegra-te! Por Deus que é um anjo e não um demónio.” 

Muhammad (ASSN) disse, depois da morte de Khadija: “ Deus não deu nenhuma esposa mais virtuosa do que Khadija”. 

Fátima (Al Zahráe)
A filha que o Profeta mais amou. Era que mais se parecia com Ele, física e moralmente. O Profeta denominou-a “ A Mãe do próprio Profeta”. À Fátima, o Profeta (ASSN) disse: “ Deus zanga-Se quando você se zanga e alegra-se quando você se alegra”. Aichah, a esposa mais jovem de Muhammad (ASSN) disse, referindo-se à Fátima: “ Não conheci ninguém mais nobre do que Fátima, excepto o pai dela”. O Profeta dizia dela: “ Fátima é parte de mim, entristece-me tudo que a entristece e alegra-me tudo que a alegre”. Sempre que o Profeta (ASSN) avistava Fátima a aproximar-se, levantava-se para recebê-la e beijava a mão dela. 

Aichah
Foi a esposa mais jovem que Muhammad (ASSN) desposou, tinha cerca de 16 anos de idade. Sabia ler e escrever, numa época em que poucos homens, especialmente os companheiros (Sahaba) do Profeta, sabiam-no. 

Aichah relatou mais de 2.000 tradições orais proferidas pelo Profeta Muhammad (ASSN), nas mais variadas questões, onde são tratadas injunções legais, exortações morais e normas educativas e os princípios nos quais se baseia tanto em assuntos teólogos quanto rituais, tendo sido a par de Abu Hurairah, os que mais relataram e retransmitiram as tradições do Profeta. 

Curiosamente as tradições relatadas por Aichah eram consideradas as mais precisas e de maior credibilidade. 

Aichah participou na batalha de Badr, contra os idólatras de Coraich, carregando odres de água para dar de beber aos combatentes muçulmanos, no que era ajudada por Om Salim e muitas outras mulheres. 

O Profeta tratava a sua esposa com carinho e bom humor, dedicando-lhe tempo e atenção, como se pode verificar no seguinte episódio: um certo dia o Profeta apostou uma corrida com a sua esposa Aichah, tendo ela vencido. O Profeta disse-lhe: “ Esta por aquela”, referindo-se a uma outra em que Ele teria vencido. 

Numa outra ocasião, Abu Bakr, pai de Aichah, foi à sua casa e encontrou duas jovens cantando e batendo num instrumento musical de percussão (bombo). Era dia de Ide (festa religiosa no Islão), Abu Bakr censurou a filha por permitir esta manifestação. O Profeta estava por perto e disse-lhe. “ Deixe-a. Todo o povo comemora as suas festas e hoje é a nossa festa”. 

Sumaya Bint Khubbat
Morreu como mártir por sua fé e adesão ao Islão, tendo sido a primeira mulher-mártir em defesa da causa do Islão. Era esposa de Yasser e mãe de Ammar. 

Naciba Bint Ka´eb
Foi uma das mulheres que juntamente com 73 homens assinaram o pacto de Ákabah com o Profeta Muhammad (ASSN). A outra foi Asma ´E Bint Amru, mãe de Moaz Bin Jabal. 

Na batalha de Uhud, Naciba participou, no início dando água aos combatentes e assistindo aos feridos. No entanto os muçulmanos sofrerão pesadas perdas e bateram em retirada. Apenas dez homens permaneceram defendendo a pessoa do Profeta. Naciba, de espada em punho, lançou-se na defesa do Profeta (ASSN), o qual disse: “ Quer olhando à minha direita ou à minha esquerda, eu via Naciba lutando para me defender. 

Naciba sofreu treze ferimentos sem parar de lutar na defesa do Profeta, enquanto lhe dizia: “ Peça a Deus para sermos seus companheiros no paraíso”. 

Safiya Bint Abdul Muttaleb
É tia do Profeta (ASSN) por parte do pai. Na batalha do Khandak (Ahzab), encontrava-se ela entre as mulheres e as crianças, que foram abrigados na fortaleza de “Bani Hariça”. 

Safiya avistou um cavaleiro judeu aproximando-se da fortaleza. Empunhou então uma trave e com ela enfrentou aquele judeu, matando-o. 

Antes disso, quando em Uhud, foi morto o irmão dela, o valoroso Hamza cujo corpo foi mutilado, quiseram impedi-la e assim poupa-la de ver o corpo do irmão mutilado. 

Mas ela disse ao próprio filho Al Zubair: “ Diga ao Apóstolo de Deus que resignamo-nos pelo que sofremos em defesa da religião de Deus. Resignar-me-ei e buscarei forças em Deus, para suportar a dor da perda do meu irmão Hamza”. 

Fátima, esposa de Abu Taleb
Defendeu com todas as suas forças, o Profeta Muhammad (ASSN), sobrinho do esposo dela. Depois da morte do esposo, continuou a defender o Profeta, seguindo-o na Hégira para Medina. 

Quando ela morreu, Muhammad (ASSN) enrolou o seu corpo com a sua túnica a servir de mortalha e desceu com o corpo dela à sepultura, tendo ficado muito tempo ao lado do corpo a orar. Os muçulmanos disseram-lhe: “ Não te vimos a fazer isto a ninguém excepto a ela.” Ao que Ele respondeu: “ depois de Abu Taleb, ninguém foi tão generoso e solidário a mim com ela o foi.” 

Om Salamáh
Esposa do Profeta, cujo conselho ele seguiu, por ocasião do tratado de Hudaibiyah e obteve bons resultados, dando o exemplo vivo de se respeitar o pensamento da mulher, confiando na sua visão e considerando a sua opinião. 

Certa vez Om Salamáh dissera ao Profeta: “ Ó Apóstolo de Deus, não vimos O Altíssimo Deus no Sagrado Alcorão, quanto à Hégira das mulheres”. 
Deus então revelou o versículo 195 da Surata 3:
3:195 “ E o Senhor os atendeu, e lhes disse: Jamais deixarei perder a obra de qualquer de vós, seja homem ou mulher; procedeis uns dos outros; quanto àqueles que abandonaram e foram expulsos de seus lares, e sofreram danos por Minha Causa, e combateram e foram mortos, na verdade Eu absolvê-los-ei das suas más acções, e os introduzirei nos jardins abaixo dos quais correm rios, como recompensa de Deus; sabei que Deus possui a melhor das recompensas”.

FONTE: “Condição da Mulher na Religião Muçulmana” – Prof. Mohamad Abou Fares -