quinta-feira, dezembro 11, 2014

A árvore de Natal Mas será isso, porventura, um costume cristão? Autor: Dr. Armando Bukele Kattan - Fonte: webislam / aclarandoconceptos Versão portuguesa: M. Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Estamos no Natal e muitos cristãos iluminaram árvores, nas suas casas, escritórios e nos sítios públicos.  Mas, será isso, porventura, um costume cristão?

Definitivamente não. Tem as suas origens na antiga crença germânica, de que uma árvore gigantesca sustinha o mundo e que nos seus ramos estavam sustidas as estrelas, a lua e o sol (o que poderia explicar o costume de pôr nas árvores, luzes). Fora isso, os druidas, sacerdotes celtas originários primitivamente do sudoeste da Alemanha (ainda que logo se expandiram por quase toda a velha Europa, ficando finalmente confinados à Irlanda), consideravam que os deuses habitavam nas árvores, nas quais se tocava com as mãos para pedir favores; daí o costume de “tocar na madeira para impedir um mau presságio”.

A maioria dos povos da Alemanha (visigodos, germanos, celtas e saxões) tinham também o costume, de quando no Inverno as árvores perdiam as suas folhas, “vestiam as árvores” geralmente com maçãs ou pedras pintadas para pedir que regressassem rapidamente os espíritos bons que habitavam nas árvores.

Em algumas casas nos países nórdicos, durante o Inverno, cortavam-se alguns ramos e decoravam-se com pão, adornos chamativos e frutas, para pôr um pouco de cor nas casas enquanto decorria o gélido Inverno.

Por outro lado, ainda que não se saiba o dia exato do nascimento de Jesus (paz esteja com ele), muitos consideram-no na Primavera, no mês de Nisan, nosso atual Abril, quando os campos reverdeciam na Palestina e os pastores poderiam estar com as suas ovelhas em campo aberto.

No entanto, a meados do século IV, o Papa Júlio I, estabeleceu a data de 25 de Dezembro, dia próximo a muitas festas do solstício de Inverno e início das festas romanas, os bacanais, que duravam 1 semana e terminavam a 31 de Dezembro, que era o fim do calendário solar romano e o 1o de Janeiro que era o primeiro dia do Novo Ano. Dessa forma, transladou-se ao Inverno do norte da Europa cristã, a celebração mais importante da Cristandade.

O costume da “árvore do Inverno” incorporou-se assim à celebração do Natal. Conta-se que um missionário inglês na Alemanha, compreendendo que era impossível erradicar de raiz essa tradição pagã, adotou-a dando-lhe um sentido cristão, fazendo com que a árvore adornada fosse também um símbolo do nascimento de Cristo.

Os primeiros documentos que falam de colocar árvores de abeto ou de pinho nas casas são do século XVII na região de Alsácia.

Nos países nórdicos, por essa mesma data, começavam-se a reunir as famílias em torno de uma árvore de Natal. No dia 24 de Dezembro as crianças eram levadas a passear de dia no campo, enquanto os adultos colocavam e decoravam com doces ou adornos a árvore; no seu regresso, as crianças eram surpreendidas com a árvore e os presentes e assim tinha início a celebração da festa de Natal. Em 1750, em Bohemia, incorporam-se as bolas de cristal. Quando a Rainha Vitória de Inglaterra, para celebrar o Natal, faz colocar uma árvore, no palácio de Corandolo, com velinhas que fazem reluzir uma série de belos e finos adornos, o cosume da árvore de Natal torna-se moda.

A aparição do Papai Noel, também chamado Santa Claus, Sinterklaas ou Pére Noel, segundo o país, assim como a tradição da árvore natalícia ou a representação do presépio, são costumes básicos e permanentes, durante a celebração do Natal Cristão, bem como a partilha de presentes às crianças e a troca de lembranças com os adultos. (Em Espanha, no entanto, os presentes partilham-se no dia dos Reis Magos, a 6 de Janeiro).Se bem que a simbologia do Natal – árvore de natal inclusivamente – não tem uma origem cristã; nem a data de nascimento do menino Jesus, é cronologicamente correta; é lícito e conveniente, celebrar o Natal, partilhando a alegria e a meditação sobre esta data tão memorável... Não podemos isolar-nos de uma identidade comum e uma civilização partilhada, imersa nas tradições do nosso povo, do qual todos fazemos parte...

Em 25 países de maioria muçulmana considera-se festa nacional o Natal Católico (25 de Dezembro) ou o Natal Cristão Ortodoxo (6 de Janeiro). Veja o que diz o Alcorão a respeito do nascimento de Jesus AS «Explicou-lhe (o anjo Gabriel): Sou tão somente o mensageiro do teu Senhor, para agraciar-te com um filho imaculado.

Disse-lhe: Como poderei ter um filho, se nenhum homem me tocou e jamais deixei de ser casta?Disse-lhe: Assim será, porque o teu Senhor disse: Isso Me é fácil! E faremos disso um sinal para os homens, e será uma prova de Nossa misericórdia. E foi uma ordem inexorável.

E quando concebeu, retirou-se, com um rebento a um lugar afastado.

As dores do parto a constrangeram a refugiar-se junto a uma tamareira. Disse: Oxalá eu tivesse morrido antes disto, ficando completamente esquecida.

Porém, chamou-a uma voz, junto a ela: Não te atormentes, porque o teu Senhor fez correr um riacho a teus pés!

E sacode o tronco da tamareira, de onde cairão sobre ti tâmaras maduras e frescas. Come, pois, bebe e consola-te; e se vires algum humano, faze-o saber que fizeste um voto de jejum ao Clemente, e que hoje não poderás falar com pessoa alguma». — Alcorão, 19:19-26.

Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 11/12/2014.

: ZAKAT, SADAQA E O TRABALHO – 8a. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as  Bênçãos de Deus) - Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMUA MUBARAK 

A pessoa que foi criticada por praticar muita caridade, defendeu-se afirmando: “Se uma pessoa pretende transferir-se duma casa para a outra, deixará alguma coisa na primeira?”.

Aqueles que tiverem poucos recursos, deverão ter em atenção de que ao concederem o Sadaqa - a caridade facultativa), deverão deixar ficar o suficiente para o sustento das suas famílias. Evitam assim ficarem sujeitos da generosidade de outros e de recorrerem à mendicidade. A melhor Sadaqa é aquela que não deixa o doador numa situação de necessitado. Se o crente se encontrar endividado, deverá primeiro saldar as suas dívidas e só depois é que poderá conceder a Sadaqa. Toda a caridade deve ser efetuada de acordo com as capacidades econômicas e financeiras de cada um. “Que o abastado retribua isso, segundo as suas posses; quanto aquele, cujos recursos forem parcos, que retribua com aquilo com que Deus lhe agraciou. Deus não impõe a ninguém a obrigação superior ao que lhe concedeu; Deus trocará a dificuldade pela facilidade”. Cur’ane 65:7. 

A caridade dada por aquele que tem poucos bens, Somente para agradar a Allah, terá maiores recompensas em relação ao rico que tem oportunidade de dar muitas vezes. Se alguém tiver só duas moedas, sabendo que existe alguém ainda mais necessitado, se der uma das moedas como caridade, terá maiores recompensas em relação àquele que tem muito mais e que deu 100 moedas, porque esse gesto representa um grande sacrifício da sua parte. 

Após a morte do ser humano, todas as suas ações terminam. Se as recompensas resultantes das boas ações feitas durante a vida forem insuficientes para a obtenção da tranquilidade na vida futura, nada mais lhe valerá. Exceto se deixar algo do qual as pessoas continuarão a beneficiar, como por exemplo um poço para saciarem a sede. Assim, mesmo depois da sua morte, o crente continuará a obter recompensas através da Sadaqa Jariya – a Caridade Contínua. Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “A recompensa pelas ações praticadas pela própria pessoa chega ao fim com a morte dele. Contudo, poderá continuar a receber recompensas de três Coisas após a sua morte: o Sadaka cujo benefício seja contínuo, o conhecimento (por ele difundido) do qual as pessoas continuem beneficiando e um filho virtuoso que oferece preces para os seus parentes falecidos”. Muslim 13:4005 

Devemos fazer caridade em nome dos nossos pais, mesmo depois destes terem falecido. A prática regular do Zakat e da Sadaqa em nome deles, será benéfico para os nossos familiares que já se “despediram” deste mundo, para a tranquilidade nas suas sepulturas e para continuarem a ganhar recompensas, de modo que se apresentem no Dia do Julgamento Final com mais ações meritórias. 

Aisha (Radiyalahu an-há), referiu que uma pessoa perguntou ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): “Minha mãe morreu de repente, e eu acho que se ela pudesse falar, teria dado caridade. Posso dar em nome dela?”. Ele respondeu: “Sim! Dê caridade em seu nome”. Bhukari 51:22 

O Islam é a religião da misericórdia. Allah é Misericordioso para com as suas criaturas e fica satisfeito quando vê que os crentes também espalham a misericórdia entre eles. Ajudar e facilitar a vida de um irmão, é uma forma de misericórdia. Quem não sente misericórdia pelo seu semelhante, no Dia da Ressurreição Allah também não vai sentir Misericórdia por ele. Todos são incentivados para darem o Sadaqa.

Ricos e pobres, devem contribuir com o melhoramento da situação dos irmãos que se encontram mais necessitados. Se alguém está com problemas graves, haverá sempre outro que se encontra numa situação ainda mais deplorável. Porque não um sorriso, um ouvido paciente, uma palavra amiga, e um conselho para a resolução dos seus problemas? Todas estas manifestações de solidariedade são também Sadaka. 

Abu Burda, ouviu do seu pai e do seu avô de que o Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Todo o muçulmano deve contribuir com a caridade”. As pessoas perguntaram: “Se alguém não tiver nada para dar, o que deve ele fazer?”. Respondeu: “Ele deve trabalhar com as suas mãos, beneficiando-se a si próprio e dar (uma parte) em caridade”. As pessoas perguntaram ainda: “Se ele não fizer isso?”. Ele respondeu: “Então deve realizar boas obras e manter longe as más ações e isso vai ser considerado como atos de caridade”. Bukhari 24:524. Podemos constatar a misericórdia do islam, quando o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) incentivou o seu companheiro Abu Dharr (Radiyalahu an-hu), apesar de ser pobre, para dividir a sua refeição com os vizinhos, como uma forma de fomentar a amizade e a misericórdia: “Ó Abu Dharr: “Quando preparares algum caldo (sopa, caril), lembre-se dos membros da família do seu vizinho, adicione água e ofereça uma parte como presente, com cortesia”. Musslim 32:6358. Que Allah nos ajude a espalhar a misericórdia entre nós. Amin. 

O jejum, a oração, a Sadaqa, proibir o mal e recomendar o bem, são vias para afastarmos as dificuldades que enfrentamos no que se refere às doenças, às nossas famílias e vizinhos. Bukhari 10.503. A Sadaqa, o mel e o Surat Fátiha, são remédios para muitos males e doenças. Também a Sadaqa afasta-nos e ajuda-nos a curar a avareza, o orgulho e o egoísmo. A Sadaqa dada em memória dos nossos falecidos, é uma das vias para a tranquilidade nas suas sepulturas e uma facilidade no dia da Prestação de Contas para eles e para nós. SubhanaAllah! Todos os Louvores são para ti, ó Allah, que instituíste a Sadaqa, uma contribuição para alívio dos que dão e dos que recebem. 

In Sha Allah, Se Deus quiser, o tema continuará no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”.14:41. 
Cumprimentos 
Abdul Rehman Mangá 

11/12/2014