sexta-feira, agosto 29, 2014

Declaração da Associação Teológica Juan XIII face ao genocídio israelita em Gaza

"Os massacres da população civil em Gaza são um autêntico genocídio que fere a consciência da humanidade 22/08/2014 - Autor: Redaccion AT Juan XXIII – Tradução de: M. Yiossuf Adamgy".

Prezados Irmãos, Assalamu Alaikum: 

Transcrevo, na íntegra, a Declaração da Associação Teológica Juan XIII face ao genocídio israelita em Gaza: 

«Unimo-nos à dor das pessoas que perderam os seus familiares. Ante a criminosa agressão de Israel contra o povo palestino, particularmente os bombardeios e o consequente arrasamento da Faixa de Gaza, a Associação Teológica Juan XXIII, retomando o comunicado do SICSAL, do qual membros da nossa Associação fazem parte, manifesta a sua indignação e a mais enérgica condenação, e declara: 

1. Que o povo palestino é o legítimo dono desta terra que habita com pleno direito há vários milénios. Há ses-senta e seis anos a Palestina vive sob a ocupação israe-lita, não obstante as Nações Unidas e outras orga-nizações internacionais o considerem ilegal. 78% do território palestino está ocupado por Israel, que não ces-sa de construir novos assentamentos judaicos, usurpan-do pela força a terra e a água das comunidades pales-tinas, e inclusivamente expulsando de suas casas os seus legítimos donos. Cerca de seis milhões de palesti-nos sobrevivem como refugiados na sua própria terra. 

2. Para além disso, o Estado de Israel levantou um gigantesco muro, declarado ilegal pela Tribunal Inter-nacional de Justiça e qualificado de vergonha para a Humanidade na sua recente viagem à Terra Santa pelo Papa Francisco, que disse que não são muros o que há que construir, mas pontes de comunicação e encontro. 

3. Há mais de um mês vêm a produzir-se bombardeios israelitas, ataques da artilharia pesada desde os ca-nhões dos barcos de guerra contra as costas de Gaza e invasões terrestres, que custaram até ao presente a vida cerca de 2000 pessoas, a maioria, população civil e uma terça parte são meninos e meninas, e mais de 9.000 pessoas feridas, muitas com gravi-dade. Milhares de lares foram reduzidos a escom-bros, deixando sem tecto famílias inteiras. Foram destruídas universidades e escolas da ONU. 

4. A Nações Unidas, na Resolução 3101 (Dezembro de 1973), afirma o direito legítimo dos povos sob do-mínio colonial estrangeiro ou sob regimes racistas, a lutar por sua autodeterminação. Paulo VI, no Populorum progres-sio afirma que no caso de evidente e prolongada tirania, que atentasse gravemente aos direitos funda-mentais da pessoa e danificasse o bem comum, estaria justificada a insurreição revolucionária (nº 31). Esta é a situação do povo palestino, que tem direito à indepen-dência e a uma vida livre e digna. 

5. Os massacres da população civil em Gaza são um autêntico genocídio que fere a consciência da huma-nidade. Uma vez mais soam as palavras de Monsenhor Romero, que do coração dos povos oprimidos e ensan-guentados da terra, clama: “Em nome de Deus, pois, e em nome deste sofrido povo cujos lamentos sobem até ao céu cada dia mais tumultuosos, lhes suplico, lhes rogo, lhes ordeno! Cesse a repressão!” 

6. Ante esta dramática situação, expressamos: 

- A nossa condenação do sequestro e assassinato dos três jovens colonos judeus, da morte do adolescente palestino queimado vivo, das agressões destrutivas contra universidades e escolas da ONU, bairros e zonas inteiras, e de todas as mortes produzidas nesta guerra. Nenhuma morte se justifica sob nenhum pretexto. A vida humana é sagrada. A voz do sangue dos mortos grita da terra até ao coração de Deus (Gn 4,10). 

- A nossa solidariedade com o irmão povo palestino e com o povo judeu perseguido e imolado pelos nazis. Unimo-nos à dor das pessoas que per-deram os seus familiares. Nossa opção, como seguido-res de Jesus de Nazaré, são os pobres, oprimidos e crucificados da terra. Caminhamos juntos, como irmãos e irmãs, lutando e sonhando com outro mundo de justiça e liberdade, sinal da presença do reino de Deus na história. 

- A nossa mais enérgica condenação do Estado de Israel como violador do direito Internacional, das resoluções da ONU e da Convenção de Genebra de maneira sistemática, e a imposição de sanções econó-micas e políticas ante estes crimes de pouca Huma-nidade. 

- O nosso reconhecimento ao direito que tem o Estado de Israel a viver seguro dentro das suas fronteiras, sem que a vida de seus habitantes se sinta ameaçada. Mas isso não o autoriza a invadir o território palestino e a semear o terror na população. 

- A nossa indignação face ao silêncio e passividade da maioria dos governos, organizações internacio-nais e instituições religiosas, e, em alguns casos, a sua cumplicidade com o genocídio israelita. 

7. Por tudo isto: 

- Fazemos um chamamento a todas as organizações sociais e comunidades religiosas de Espanha e do mundo para que se exijam o cessar fogo e a retirada de Israel dos territórios ocupados. 

- Reclamamos que se detenha o envio de armas a Israel como condição necessária para deter a sistemática agressão contra a população de Gaza. 

- Exigimos aos nossos governos o cessar de acor-dos militares, comerciais, empresariais e culturais com Israel, enquanto não cumpra as resoluções da ONU, as leis e o Direito internacional. Nossos gover-nos falam de paz e aprovam resoluções da ONU, mas continuam contribuindo para perpetuar a violência negociando com países que violam os direitos hu-manos e o direito internacional. 

- Fazemos um chamamento ao boicote de produtos de Israel, até que este país derrube o muro e regresse às fronteiras anteriores à guerra dos “seis dias”. 

- Exigimos às autoridades de Israel e da Palestina que tentem o diálogo de paz, para procurar uma saída negociada e digna do conflito. A paz é fruto da justiça (Sal 85). Com razão proclamava João XXIII, na encíclica Pacem in terris, que o caminho para a paz é o reconhecimento da verdade, a liberdade, a justiça e a solidariedade. 

8. Unimo-nos em oração com todas as pessoas e organizações cristãs das distintas confissões, crentes judeus e muçulmanos de todo o mundo que, num clima de colaboração e diálogo inter-religioso, trabalham pela paz, implorando a força do Espírito de Deus para não desfalecer nos sonhos e na luta por outro mundo possível, onde o direito, a liberdade e a paz que nascem da justiça se estabeleçam na terra. 

9. Declaramos que é indigno e criminoso justificar as agressões descritas etiquetando como anti-semitas a quem as condena. Eram por acaso anti-semitas os grandes profetas (Natán, Jeremías, Amós, Oseas.... que são uma das glórias do povo judeu), quando denunciavam os crimes dos seus governantes? É anti-semita essa minoria de judeus, verdadeiro “res-to de Israel” que sofre e se sente pelos pecados do seu povo? Não são semitas também os palestinos? Não é moralmente baixo utilizar a dor do maior holo-causto da história no passado, para justificar novos genocídios no presente, ainda que sejam de di-mensões mais reduzidas? Não é hipócrita apelar a um “direito a defender-se” quando ninguém preten-de negar esse direito mas só denunciar a flagrante transgressão dos seus limites?»■ 

Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 29/08/2014.

quinta-feira, agosto 28, 2014

A PREPARAÇÃO PARA O HAJJ

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso)

LABBAIKA, ALLAHUMMA LABBAIK; LABBAIKA LÁ CHARIKA LAKA LABBAIK, INNAL HAM’DA WANNI’IMATA LAKA WAL MULK, LÁ CHARIKA LAK – Eis-me aqui ao Teu serviço, ó Allah, eis-me aqui. Aqui estou eu ó Tu que não tens nenhum parceiro, eis-me aqui. Na verdade a Ti pertencem o louvor e o favor, assim como o reino. Tu não tens nenhum parceiro.

Alhamdulillah! Todos os Louvores para Allah, nosso Senhor, Sustentador e Criadorde todas as coisas. Pedimos a Allah Subhana Wataala, para que derrame bênçãos no Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), o selo da profecia. Que Deus esteja satisfeito com todos os seus familiares e companheiros. Que a Paz de Allah esteja com todos os restantes Profetas, que vieram ao mundo para nos transmitirem sempre a mesma mensagem da unicidade de Deus. “LA ILAHA ILLA LLAH "NÃO HÁ OUTRA DIVINDADE, SENÃO DEUS, A (ÚNICA) DIVINDADE”.

Terminado o mês de Ramadan, mês de reflexão e de sacrifícios, mas de grandes recompensas, milhares e milhares de muçulmanos de todo o mundo, preparam-se agora para uma viagem mais importante das suas vidas. Vão ao encontro da felicidade, ao encontro da Casa de Deus, ansiosos para estarem junto à Caaba, para fazerem as orações, o Tawaf, ou simplesmente para a olhar. Sabem que mesmo olhando para a Caaba, Allah com a Sua infinita Misericórdia lhes concederá recompensas. “Allah envia (faz descer) diariamente, de dia e de noite, cento e vinte Rahmats (Misericórdias) sobre a Caaba. Sessenta, são para os que estão a fazer o Tawaf, quarenta para os que estão fazendo orações à volta dela e vinte para os que estão simplesmente a olhar a Caaba”. Al-Baihaqui.

A ansiedade é tal, que não vêm chegar a hora da partida. Estão ansiosos para chegarem à terra sagrada, já com o Ehram para proclamarem “Labbaika, Allahumma Labbaika - eis-me aqui ao Teu serviço, ó meu Senhor”. Há quantos anos vinham planeando esta viagem? E outros, a quantos anos vinham guardando uma parte dos seus magros salários, para concretizarem a viagem?

Mas há os que vivem desafogadamente, distraídos com o acumular da riqueza e dos prazeres da vida e não se preocupam em cumprir com este importante pilar do Islam. Alegam que se encontram ocupados com os seus empregos / negócios e que têm ainda muitos anos pela frente para o fazerem. Aguardarão pela velhice, quando já não tiverem foças para cumprirem com os rituais? Estaremos vivos no próximo ano? Acaso não temos vários exemplos nos nossos círculos familiares daqueles que nos deixaram em plena juventude? O Profeta Salalahu Aleihi Wassalam disse: “Apressai-vos no cumprimento do Haj, pois nenhum de vós sabe o que lhe pode acontecer (doenças, pobreza e outros factores). Relato de Ahmad e Al- Baihaqui.

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.

Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir  claramente a mensagem". Surat Yácin 36:17.

“Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

28/08/2014

A L M A D I N A A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 25.08.2014

O Mundo está dividido em três partes: o mundo desenvolvido, o chamado “primeiro mundo”; o mundo em vias de desenvolvimento, conhecido por “segundo mundo”; e o mundo subdesenvolvido comummente designado “terceiro mundo”.

Quaisquer que sejam as razões para a classificação do Mundo em 3 partes, os factos e a realidade confirmam esta diferenciação, pois há países que dominam a ciência e a tecnologia, pelo que usufruem da riqueza, do luxo e da estabilidade que este domínio lhes faculta, e outros que se encontram envolvidos em guerras e disputas internas, o que invariavelmente acarreta consigo a pobreza, as doenças e a superstição. Há ainda os países que não saem da estagnação e atraso científico.

O Isslam encoraja-nos na busca da ciência e do conhecimento, e ordena-nos que estudemos desde o berço até ao sepulcro. Porém, a busca da sabedoria e do conhecimento depende também do patrocínio e financiamento dos Estados. A falta de patrocínio e financiamento por parte dos governos é um dos principais motivos do atraso de muitos países do chamado “terceiro mundo”.

Esta falta de financiamento está por detrás do défice e nalguns casos até, da baixa qualidade de estudos na maior parte das escolas e instituições de ensino público, comparativamente a muitas das escolas e instituições de ensino privadas, daí que encontremos graduados, aos mais diversos níveis, de baixa, média e alta qualidade, o que se reflecte na diferença dos cidadãos de um mesmo país nos níveis científicos, culturais e profissionais. E tudo isto por causa do nível da educação que lhes é oferecido.

Um olhar aos orçamentos que os países desenvolvidos destinam à educação, comparado ao destinado a esta área estratégica pelos países subdesenvolvidos, permite-nos, sem margem para dúvidas, descortinar o segredo dos avanços dos países desenvolvidos, bem como do nosso atraso nesta nossa era moderna.

Segundo a revista “Economist”, os Estados Unidos da América gastam 2,9% do GDP na pesquisa científica, enquanto que a totalidade do mundo isslâmico, constituído por 57 países da OCI gasta apenas 1,8%., daí que não seja estranho que todos os prémios Nobel, nas mais diversas áreas, sejam atribuídos aos cientistas de países desenvolvidos.

Não há dúvidas que existem outros motivos que contribuem grandemente para a estagnação na área científica dos nossos países. Por exemplo, a colonização e ocupação estrangeira, a instabilidade política, a marginalização e quiçá, a total despreocupação relativamente ao papel dos estudiosos e professores, a ausência de um clima de liberdade, e o deficiente currículo escolar.

Não obstante tudo isso, nós temos capacidade de nos erguermos e corrigirmos o nosso percurso se se aplicar todo o esforço na edificação das instituições científicas, e na criação de um ambiente propício ao crescimento científico.

Devemos prestar a maior atenção à educação feminina, pois a mulher representa metade (ou talvez mais), da Humanidade, e qualquer programa feito nesse sentido, sem a participação activa das mulheres, será incompleto. E não podemos imaginar uma sociedade constituída apenas por homens!

O Isslam atribui grande importância à mulher na sociedade. Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 36, Vers. 36:

“Glorificado seja Aquele que criou aos pares todas as coisas; sejam elas as coisas que a terra produz, ou da espécie deles mesmos (isto é, da espécie humana), ou daquilo que eles não sabem”. 

Elas são iguais aos homens na adoração, no Salaat (orações diárias), no Jejum, no Hajj, no Zakaat, e no Tabligh (propagação do bem e proibição do mal), e foi-lhes dado direito à herança.

Uma mãe é uma grande força dentro de casa, e é em resultado da obediência à mãe, que os filhos entrarão no Paraíso.

Quando falamos das responsabilidades caseiras (domésticas), não quer dizer que a mulher esteja proibida de exercer outras funções. Ela é considerada na sua qualidade de mãe, esposa e filha, sendo por isso que o Profeta Muhammad (S.A.W.) disse: “O melhor de entre vós é aquele que é melhor para a sua família, isto é, trata-a bem”.

É algo irónico que em muitas sociedades se prive as mulheres dos seus direitos, encarando-as com desprezo.

O Isslam dá grande ênfase à educação das meninas.

Se os talibans no Afeganistão ou Paquistão, ou os Bhoko Haram na Nigéria são contra a educação feminina, então eles ainda não compreenderam plenamente o Isslam, pois o que eles defendem não é a verdadeira posição do Isslam no que respeita à educação das meninas. Eles não têm o direito de denegrir o Isslam, nem de deturpar os seus ensinamentos.

O Isslam diz que é obrigatório a todos os muçulmanos estudarem, sejam eles homens ou mulheres.

As mulheres podem também desempenhar um grande papel na família e na sociedade.

A continuidade da família depende das mulheres, pois estas é que são o meio de procriação da raça humana.

Para qualquer pessoa, o berço materno constitui a primeira escola, pois é nele onde a criança aprende muita coisa. Se a mãe for boa, piedosa e bem-educada, transmitirá ao seu filho as suas nobres qualidades, mas se for rude, iletrada e mal-educada, essas qualidades reflectir-se-ão no futuro dos seus filhos, podendo estes ficar privados de aprender boas coisas. Por isso a educação feminina é muito importante, pois as meninas são as mães do futuro. É importante que as ornamentemos com educação, pois educar uma menina não beneficia apenas a sua família, mas à sociedade e à toda a Humanidade.

Uma mulher educada é um manancial de sossego e tranquilidade para o lar.

A L M A D I N A A VELHICE E A NOSSA SOCIEDADE

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 17.08.2014

Um dos graves problemas que o Mundo enfrenta nos dias de hoje, é o de ter de cuidar de idosos e velhos. Estatísticas indicam que o número de idosos no Mundo está a aumentar atingindo já vários milhões.

A actual nova geração está a enveredar por práticas discriminatórias contra os velhos e idosos, razão pela qual estes se sentem isolados e marginalizados.

Para que não haja neles esse tipo de sentimento, todos nós somos chamados a observar uma atenção especial, bem como a ter cuidados acrescidos, pois há uma tendência de agravamento da situação, particularmente neste século XXI.

Todos os jovens de hoje têm que ter presente que serão os velhos e idosos de amanhã, e assim como hoje os tratam, amanhã, quando a sua vez chegar, os jovens dessa altura tratá-los-ão da mesma forma, ou se calhar pior ainda, caso não corrijamos esta situação.

É bastante triste hoje, quando caminhamos pelas ruas, vermos idosos abandonados, deambulando por aí e a mendigar. Será que eles não geraram filhos? Por que razão os seus filhos não cuidam deles? Esses filhos que votam os seus pais ao abandono, será que alguma vez já pensaram o que será deles, um dia que atingirem essa fase da idade? 

Uma mãe ou um pai consegue cuidar de dez filhos em simultâneo, mas dez filhos não conseguem cuidar de um pai ou uma mãe. Quão triste isso é! 

Diz-se que quanto mais velho o arroz é, mais valiosos se torna. Mas infelizmente, nas nossas sociedades ditas modernas, quando o Homem envelhece o seu valor reduz-se, ou então perde-se na sua totalidade.

Tudo isto revela a tortuosidade existente nas nossas sociedades,e isto acontece porque os jovens se entregaram totalmente à actividade industrial, comercial, científica, tecnológica, etc., arraigando-se de forma exagerada ao materialismoo. E nestas suas actividades esqueceram-se dos favores dos velhos e idosos, achando que estes constituem um peso e obstáculo nas suas liberdades, e um empecilho às suas actividades. 

Alguns países ditos civilizados chegam até a recorrer a um alegado “direito à eutanásia” para se libertarem dos idosos, pois estes, de tanta privação que passam, mesmo em lares e asilos, também chegam ao extremo de pedir a morte.

Da maneira como os jovens se querem livrar do que eles chamam velhos valores, também se querem livrar das pessoas velhas.

Já não existem famílias alargadas partilhando o mesmo tecto. Ficaram espalhadas e mais grave ainda, a busca do sustento e as facilidades das viagens aumentaram ainda mais as distâncias entre os membros de uma mesma família. De salientar que essas facilidades até podiam ser motivo de aproximação, mas por estarem distantes criou-se o desinteresse neles.

Se por um lado aumenta o sentido de liberdade nos filhos, por outro encontramos nos idosos algum sentimento de isolamento, da privação e até mesmo de dependência, o que os leva a achar estão a mais portanto, inúteis na actual sociedade moderna.

Os velhos e idosos que não têm nenhum meio de sustento, ou mesmo tendo não é suficiente, são obrigados a estender a mão de pedintes perante os outros, para assim satisfazerem as suas necessidades básicas e mesquinhas.

Há quem de entre os velhos beneficia de alguma pensão ou reforma, mas os valores recebidos são tão baixos que mal dão para comprar uma dúzia de bananas. E a situação torna-se mais delicada se tivermos em conta que devido à sua avançada idade, os velhos têm outras necessidades acrescidas, como medicamentos e assistência médica, mais do que noutros tempos.

Os governos de países avançados criaram lares de terceira idade onde se tenta proporcionar aos idosos o repouso físico, mas por outro lado não lhes conseguem proporcionar o sossego emocional.

Nos nossos países aliás, até mesmo nos países do terceiro mundo em geral, devido à infinidade de problemas que enfrentam e também à limitação de recursos, os governos não têm capacidade de proporcionar as condições que os países desenvolvidos proporcionam aos seus idosos, mas devem pelo menos elaborar programas nesse sentido, ou instituír políticas nacionais que tenham em vista melhorar as pensões atribuídas aos idosos, ainda que se tenha que fazer cortes noutras áreas, como por exemplo, congelar os salários dos que já auferem salários demasiado altos, e diminuir as mordomias dos funcionários seniores.

Paralelamente, é recomendável que as organizações voluntárias se envolvam em actividades que tenham em vista melhorar a situação dos idosos.

Sermos bondosos e servirmos os nossos idosos e velhos é uma distinta tradição nossa, e a nova sociedade deve preservá-la.

A velhice também é um dos sinais da existência de Deus, pois ninguém gosta de envelhecer, Se o Ser Humano fosse senhor absoluto de si próprio, jamais ficaria velho, ou pelo menos os poderosos jamais aceitariam ficar velhos.

Mas tudo isso está a acontecer contra a nossa vontade. Vejamos fotografias nossas, antigas, quando éramos jovens, bonitos e fortes. E agora, como estamos? As nossas faces estão enrugadas, os cabelos estão brancos, a fraqueza e a debilidade tomaram conta dos nossos corpos, etc. Quem gosta disso? Quem é que está a fazer isso dos nossos corpos? O Al-Qur’án tem no Cap. 30, Vers. 54, a resposta:

Deus é que vos criou, da fraqueza; e em seguida, fez depois da fraqueza, força; Em seguida fez, depois da força, fraqueza e cabelos brancos. Ele cria o que quer. E Ele é o Omnisciente e Omnipotente”.

E consta também no Vers. 67 do Cap. 40 do Al-Qur’án:

Foi Ele Quem vos criou do pó; Em seguida de uma gota de esperma; Em seguida fez-vos sair (do ventre da mãe) como crianças; Para depois atingirdes vossa força plena; Para depois, finalmente serdes Homens velhos, embora alguns de vós morram antes disso; E para atingirdes um termo fixado e tudo isso para que pudésseis compreender”.

terça-feira, agosto 26, 2014

Se Deus é Todo Poderoso e Deus é bom, então de onde vem o mal?

Allah não criou nada que seja puramente mau. O que quer que possamos perceber de mau na criação de Allah, há um lado bom para isso que nós somos capazes de ver no fim das contas, ou que talvez nunca vejamos. Nós não necessariamente temos que ver o lado bom para reconhecer que existe um lado bom.

Quando Allah criou as coisas em que o mal, Allah não as criou para o mal, mas sim para o bem que viria deste mal.

Olhando no alqur’an e na sunnah, nós não encontramos Allah atribuindo o mal diretamente a Si Mesmo. Quando Allah fala sobre a criação do mal, Ele fala sobre o mal que está na criação:

Surat Al Falaq, cap. 113: “Dize: Refugio-me nO Senhor da Alvorada contra o mal daquilo que Ele criou.” CONTRA O MAL DAQUILO QUE ELE CRIOU!

Ele não disse do mal que Ele criou, mas do mal daquilo que Ele criou. E esta é a “etiqueta” correta para se referir ao mal. Nós não dizemos que Allah criou o mal. O mal é parte da criação de Allah, mas há um elemento benéfico para nós focarmos, em vez de focar no elemento maléfico.

Allah, ao criar certas coisas neste mundo nas quais há o mal, não tinha o intuito de criar o mal, mas o bem que viria deste mal. Se você tiver que tomar uma vacina, você deixa que o médico enfie uma agulha no seu braço. Enfiar uma agulha no seu braço, em si, é um mal. Nós não encorajamos as pessoas a enfiar agulhas em nós, mas se enfiar a agulha como na acupuntura ou na vacinação, existir um bem, então nós nos submetemos a que se enfie uma agulha no nosso braço!

Então as pessoas dizem: se Allah sabia antes de criar Iblis e Adão, que Iblis iria se recusar a se curvar diante de Adão, e que Adão iria comer da árvore por causa da trapaça de Iblis... então POR QUE ELE CRIOU IBLIS??

Quando Allah criou Iblis, o mal que viria dele produziria um grande bem. Ambos Iblis e Adão desobedeceram Allah. Algumas pessoas acreditam que a recusa de Iblis de se curvar diante de Adão foi o que o tornou um incrédulo. Mas, se na desobediência de Iblis existe incredulidade, o que dizer então sobre Adão que também desobedeceu Allah? Temos então que dizer que ele se tornou um incrédulo também!

NÃO! Desobediência em si não faz com que uma pessoa se torne incrédula!

O fato é que quando Adão desobedeceu Allah, e Allah o chamou para se arrepender, ele se voltou arrependido para Allah. Mas no caso de Iblis, quando Allah o chamou, ele disse

É aí que entra a incredulidade. Porque o que Iblis disse foi que não tinha benefício nenhum em se curvar diante de Adão, porque ele se sentia superior a Adão. E o fato de que Allah disse a Iblis que se curvasse diante de Adão significava para Iblis que Allah estava errado! Ele atribuiu erro a Allah. Isso é um dito de incredulidade.

Voltar-se arrependido para Allah é um dos maiores atos de adoração. O profeta Muhammad s.a.w disse: Kulu bani Adam khata wa khairu khatta’in atwabun. Todos os descendentes de Adão cometem erros. E os melhores daqueles que constantemente cometem erros são aqueles que constantemente se voltam arrependidos para Allah.

E o profeta Muhammad s.a.w também disse: Atta ‘ibu min adhanbi kaman la dhanba lah. Aquele que se arrepende do pecado é como aquele que não tem pecado.

Quando Adão se voltou para Allah arrependido, Allah o perdoou.

O grande benefício de ser perdoado por Allah, este grande ato de adoração aconteceu por causa da trapaça de Iblis. Então a criação de Iblis não foi para a trapaça, mas para o bem que viria de sua trapaça.

Então quando olhamos para o bem e para o mal neste mundo, nós reconhecemos que no fim tudo o que Allah criou é bom.

Se existe um mal puro relativo, é aquilo que vem dos humanos e dos jinns. Quando um ser humano tenciona o mal e implementa esse mal. O intuito de Allah é bom.

Algumas pessoas entendem erroneamente a história de Moises a.s. e de Khidr em Suratu Kahf, cap 18, achando que devem seguir seus sheikhs incontestavelmente. Mas este é um entendimento incorreto porque nem nosso sheikh é equivalente a Khidr, que recebeu uma revelação de Allah, nem nós somos equivalentes a Moisés a.s., um profeta de Allah. Está é uma análise errada. A análise correta é que por trás das calamidades existe um bem.

Khidr furou o barco. O rei estava descendo o rio destruindo todos os barcos, mas ele não destruiu o barco que Khidr furouu, porque estava afundando. A família a quem pertencia aquele barco ainda podia consertar o barco, pois o rei não o havia destruído. Alhamdulillah o bem foi visto imediatamente.

Khidr matou um jovem, baseado em revelações de Allah, porque aquele jovem se tornaria fitna para seus pais a um ponto em que seus pais teriam caído na incredulidade. Ele era só uma criança, e o mal que ele faria só apareceria no futuro. Mas Allah tirou sua vida. Para os pais Allah deu uma nova criança, uma filha que era virtuosa. Mas eles teriam nos seus corações até o dia em que morressem uma tristeza pela perda do filho. Mas no dia do Julgamento quando Allah explicar para eles, eles saberão que não foi uma perda. Foi um ganho.

Entender Ruboobiya, entender a criação de tudo o que existe, nos dá fundamentos para entender a tragédia na vida, para reconhecer que existe bem por trás de tudo mesmo que não sejamos capazes de perceber isso. Assim somos capazes de colocar nossa confiança em Allah. O que quer que aconteça em nossas vidas, é Allah que controla tudo e no fim isso é para nosso próprio bem.


Por: Abu Aminah Bilal Philips/ Tradução: Ninevah Barreiros