sexta-feira, fevereiro 28, 2014

O Amor no Islão (II)

O amor para com o Mensageiro de Deus. Depois do amor para com Deus, que é o cimo da pirâmide, vem o amor para o Mensageiro de Deus (p.e.c.e.). Quem ama Deus deve amar o Seu Mensageiro.

Segundo o Imame Shamsud-Dîn Ibnul Qayyem, "existem vários tipos de amor. O melhor e o mais virtuoso deles é o amor em Deus e para Deus. Isto requer amar o que Deus ama, e amar a Deus e o Seu Mensageiro."

No atrás (na I Parte) mencionado versículo da Sura At-tawba "O Arrependimento", 9:24, comprova-se o vínculo divino entre o amor para Deus e para o Seu Profeta.

Em relação a esse versículo, Ibn Kaçir, na sua famosa interpretação, mencionou o que foi dito por ‘Omar Ibn al Khattâb (r.a. = que Deus esteja satisfeito com ele) ao Mensageiro de Deus:"Por Allah, ó Mensageiro de Allah, tu és mais querido para mim que todas as coisas". Mas excetuou-se a si próprio.E o Mensageiro (p.e.c.e.) respondeu-lhe: "Não se cumpre a fé de alguém de vós até que seja mais querido para ele que o seu próprio ser".Respondeu ‘Omar (r.a.): "Por Allah, agora quero-te mais que a mim próprio".

A comunidade muçulmana, antigamente e atualmente, está de acordo em que o amor para com o Mensageiro de Deus é requerido para que se cumpra a fé, em conformidade com o Alcorão e com os ditos do Profeta (p.e.c.e.).

De entre esses ditos:

"Não se experimenta a doçura da fé até que a pessoa ame outra só por Deus, e até que ame Deus e o Seu Mensageiro mais que qualquer outra coisa".

Este dito vem mencionado nos Livros dos Ahadith e da Tradição em diferentes transmissões. Mas todas giram sobre esses significados.

Conta-se que ‘Amr Ibnu Al‘Âs (r.a.) disse: "Ninguém foi mais querido para mim que o Mensageiro de Allah, nem mais sublime, tanto que nem sequer podia fixar o olhar nele, por respeito. Se me pedis-sem para o descrever, não poderia fazê-lo".

Esta é uma das imagens do amor do muçulmano para com o seu Profeta (p.e.c.e.). Trata-se de uma imagem profunda nos seus significados, porque une o amor, a apreciação e a estimação do ser querido, pelas suas características de tamanho valor e grandeza, até tal ponto que ‘Amr Ibnu Al‘Âs (r.a.), o herói valente e inteligente, não podia fixar o olhar no Mensageiro de Deus (p.e.c.e.).

O nosso património cultural islâmico, com todas as suas formas criativas (prosa, poesia, história, romances) lançou luz sobre todos os pontos da personalidade do Mensageiro (p.e.c.e.) de forma detalhada: como Mensa-geiro, esposo, educador e líder.

Em todo este património manifesta-se o amor para com o Profeta (p.e.c.e.): é uma misericórdia para os mundos, é o dotado da grande moral, é o engenheiro d’ "A sociedade do amor", a sociedade de Medina. Essa sociedade que se fundou desde o Primeiro dia baseando-se no amor.

O amor entre os muçulmanos 

Num terceiro círculo figura o amor entre os muçul-manos. Este amor cristaliza-se na troca de sentimentos de afecto sincero e em traduzi-lo em ditos e factos, no mau e no bom…

É uma relação íntima e estreita na qual os corações e os espíritos se sentem atraídos mutuamente; deste mo-do, consegue-se a satisfação e o gozo do amor entre as partes que estão em harmonia. Ibn Al Qayyim enumera os tipos de amor no marco social dizendo: "Entre eles figura o amor que se manifesta num acordo acerca de uma maneira, uma religião, uma doutrina ou um método, uma proximidade, um produto ou um objectivo. Existe também o amor com o objectivo de lograr algum benefício do amado, da sua potência, riqueza, educação ou para satisfazer um desejo. Este tipo é efémero e acaba uma vez que se logrou o objectivo. Quem te ama para lograr uma meta, abandona-te ao conse-gui-la. O amor harmonioso ou o que emana de um acordo entre duas pessoas é duradouro e só acaba quando acontece algo que ponha fim a este amor. O amor de grande afecto é: "una aprovação espiritual e uma combinação entre as almas…" (La medicina profética y Zâd Al Ma’âd, de Ibn Al Qayyem).

A cultura do amor é um método essencial para a construção de uma sociedade muçulmana. O Mensageiro de Deus (p.e.c.e.) fez dele um pilar básico para a construção da Primeira sociedade muçulmana em Medina, quando inculcou a irmandade e a fraternidade entre os emigrantes Mequeenses e os Medineenses. Estabeleceu uma fraternidade entre os que tinham os costumes e valores da sociedade da Meca, onde os muçulmanos foram perseguidos e se viram obrigados a emigrar, e os que tinham os costumes e valores de Yatrib (denominação antiga de Medina), a cidade que recebeu o Mensageiro de Deus e os seus companheiros. Ambos foram os pioneiros e os construtores da nova sociedade muçulmana. Nesta nova sociedade pôs-se de manifesto a gentileza do Profeta (p.e.c.e.) através do seu método de construção, método singular que foi considerado uma característica permanente na socieda-de de Medina.

O Mensageiro de Allah (p.e.c.e.) começou o processo da constrição com o anúncio do “pacto do amor" e utilizou palavras claras ao falar com os Medineenses: "Vós sois os que mais amo".

E disse: "Os Medineenses amam os crentes e odeiam os hipócritas. Allah ama quem vos ama e Allah odeia quem vos odeia".

Uma vez deteve-se perante um grupo de mulheres e crianças, no seu caminho de regresso de um casa-mento, e disse-lhes: "Por Allah! sois dos que mais amo", repetiu-o três vezes.

Noutra ocasião confirmou este amor tão puro e pródigo no coração do sincero Mensageiro de Deus (p.e.c.e.) quando disse: "Se os habitantes de Medina optarem por um caminho ou por uma via, eu seguiria esse mesmo caminho. E, se não fosse pela emigração, teria sido um dos Medineenses".

O Mensageiro de Deus (p.e.c.e.) não se contentou com estas belas palavras para manifestar a sua gratidão para os medinenses, mas também as traduziu num plano estratégico. O plano consistia no estabelecimento das normas de irmandade entre os emigrantes e os medinenses. Entre os fugidos da injustiça de Meca e os que acudiram na sua ajuda, os generosos de Medina.

Os Medineenses, perante a promessa de um futuro grande, demonstraram as virtudes morais da irmandade, a nobreza, a generosidade e a hospitalidade. Não só ofereceram as suas riquezas, palmeiras e tâmaras à hora de compartilhar com os emigrantes da Meca, mas também proporcionaram algo mais precioso e valioso que as riquezas e a comida. Nos Livros de "Sirah" e dos "Ahadith" (Tradição e ditos do Profeta) há um grande número de exemplos:

O Mensageiro de Deus (p.e.c.e.), o engenheiro da sociedade do amor, estabeleceu a base do amor entre todos os seus companheiros e deu-lhes exemplos con-cretos sobre como deve ser o amor. Exaltava sempre a sua sinceridade e valentia e proibia insultá-los: "Nunca insulteis os meus companheiros. Se alguém de vós gastasse ouro equivalente a Uhud (quer dizer, igual ao tamanho da montanha de Uhud) não poderia atingir a posição nem o mérito de um deles)". (Capítulo das Virtudes dos Companheiros do Profeta, do Livro de "Sahîh Al Bukhârî").

O seu amor para Usâma Ibn-Al Hâriz, que Deus esteja satisfeito com ele, foi conhecido e divulgado até tal ponto que chamaram a Usâma "O bem-amado do Mensageiro de Allah". Amava também o pai de Usâma. E dizia, as bênçãos e a paz de Allah estejam sobre ele, respondendo a todo aquele que impugnou a liderança de Usâma por ser menor de idade: "Se agora impugnais a sua liderança, antes impugnastes a do seu pai e quão digno era da liderança! E depois dele – o seu pai -, Usâma se converteu num dos mais queridos para mim".

O Mensageiro de Deus desenhou a imagem que reúne os significados de amor, união, solidariedade entre os indivíduos da sociedade muçulmana com palavras tão eloquentes que não se pronunciam senão em linguagem do Profeta: "Vês os crentes, na sua misericórdia, afeto e carinho como um só corpo. Se um dos seus membros se queixar – por alguma dor – o resto do corpo responderá com o desvelo e a febre".

O que hoje os indivíduos e grupos dos povos islâmicos necessitam é este tipo de amor... este tipo de cultura do amor. Este afecto e carinho perdido desde há muito tempo por vários factores; entre eles, ignorar a impor-tância da cultura do amor e o que significa de valor positivo na construção da família e da sociedade.■

(Continua, in cha Allah, na próxima reflexão)

«Ó Deus! É de Ti que dependemos, é a Ti que recorremos, e é para Ti que todos nós regressaremos».— (Alcorão, 15:19).

Obrigado, boas leituras.

M. Yiossuf Adamgy

27/02/2014 - alfurqan04@yahoo.com

SURAT AL ASR – PELO TEMPO- 3ª. parte.

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)
Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus o Beneficente e Misericordioso) JUMA MUBARAK

Em nome de Deus, o Beneficente, o Misericordioso. “1 – Pelo Tempo; 2 – O homem está na perdição; 3 – Salvo os fiéis que praticam o bem, aconselham-se na verdade e recomendam-se uns aos outros, na paciência e na perseverança”. Cur’ane 103.
 
A Fé é a primeira qualidade referenciada no Surat Al Asr. Quando temos tudo o que necessitamos e a vida nos corre bem, ficámos distraídos e esquecemos de agradecer a Deus pelos bons momentos. A fé dos Anjos é sempre estacionária. A fé dos Profetas estava sempre em ascensão. A nossa fé, sofre muitas oscilações, mais quedas do que subidas. Ter fé pode ser fácil. Difícil é a prática das ações que fortalecem a fé. Uma das formas de alimentarmos a nossa fé é o de praticar as cinco orações diárias. Nas nossas preces, agradecermos a Deus os bons momentos e sermos pacientes nos maus momentos. “Diz: Minhas orações, minhas devoções, minha vida e minha morte pertencem a Deus, Senhor do Universo, que não possui parceiro algum...”. Cur’ane 6.162. Os que adoram ídolos, olham e podem sentir nas suas mãos, os seus deuses talhados em madeira, ouro e outros materiais. Apesar de estarem na presença deles e os seus olhos os verem e as suas mãos os tocarem, tais divindades não têm quaisquer poderes e em nada os ajudarão. Outros rezam perante representações de santos e nas campas de pessoas piedosas. Pedem para que eles lhes intercedam perante Deus. Mas eles estão mortos, não ouvem e não poderão fazer nada. “A-unzu Bilahi – Procuro refúgio em Deus”. Seria melhor para eles, se acreditassem de que “não há outra divindade, senão Deus. “Huwa Allahu Ahad (Deus é Único).
 
No Isslam, ter fé é acreditar com sinceridade no Criador de todas as coisas e não O associarmos a nenhuma outra divindade. Apesar de não O vermos, acreditamos que Ele é Omnipresente e Omniouvinte. “Somente são fiéis, aqueles que creem em Deus e no Seu Mensageiro e não duvidam…” Surat Hujurat: 15.  
 
Ter fé, é ter temor em Deus, pois assim afastar-nos-emos dos caminhos que nos conduzem à perdição. É também ter esperança de que Ele é Misericordioso, de que perdoará as nossas falhas. Ter fé é acreditar no
oculto, no invisível. “ALIM LAM MIM. Este é o Livro, que não oferece dúvidas; nele está a orientação certa, para aqueles que temem Allah; Que crêem no oculto, cumprem as suas orações e gastam daquilo que Nós Lhes concedemos”. Cur’ane 2:1,2 e 3.  
 
Quando apreciamos uma obra de arte, por exemplo uma Mesquita que nos chama a atenção pela sua beleza, os nossos olhos apreciam e a nossa mente se interroga quem teria construído tal preciosidade? Claro que foi alguém com sabedoria que projetou e combinou os melhores materiais para produzir uma obra excepcional. Temos a noção de que esse alguém é um ser humano como  nós, com a particularidade de ser especializado na construção e decoração.

Mas quando olhamos para o céu, para o mar, para as montanhas e para a natureza em geral, temos a convicção de que um ser superior a nós, é responsável por tudo o que existe neste mundo. “Que criou sete céus em harmonia; Tu (Ó Muhammad) não acharás imperfeição alguma na criação  do Clemente! Volta, pois a olhar! Vês, acaso, alguma fenda?” (Cur’ane) 67.3)

Ter fé, é acreditar na existência dos anjos, dos gênios, do Iblis (e dos seus seguidores), do paraíso, do inferno e da vida após a morte, apesar de não os vermos. São as revelações que Deus nos enviou e os ensinamentos dos Profetas que nos ajudam a acreditar no oculto, no invisível. A fé tranquiliza os nossos corações, com a fé suportamos pacientemente as perdas e as doenças, porque “viemos de Deus e para Deus será o nosso regresso”. “Inna Lilahi Wa Inna Ileihi Rájiuna”. Cur’ane 2.156,
 
In Sha Allah, continua no próximo Juma.

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.
Cumprimentos
Abdul Rehman Mangá
27/02/2014
abdul.manga@gmail.c