quarta-feira, setembro 01, 2010

O Casamento Islâmico

Em nome de Allah, O Clemente, O Misericordioso:

Já falamos a cerca do casamento islâmico em outra matéria. Como existe muito questinamento e muita lenda sobre esse tema resolvemos reeditá-lo em uma forma bem didática e de fácil entendimento. Cuidado leitores não muçulmanos ao condenarem o islamismo por permitir que o homem venha a casar com até 04 (quatro) mulheres. Bom lembrar que não foi o islam quem criou a poligamia ele apenas a disciplinou e criou regras claras.

Uma das coisas que mais  contraria a Allah SW é a hipocrisia. O que é mais lícito, você desposar mais de uma esposa ou viver enganando sua mulher, filhos, sogro , sogra e a sociedade em geral?
Peço para Allah SW que nesse mes Sagrado do Ramadan, que nos dê dicernimento e clareza em nossas ações. Experimente dividir o número de mulheres aptas ao casamento pelo número de homens que tem condições de desposá-las. Elimina-se ai homens e mulheres, que optaram pelo homossexualismo ou pelo celibato, quem sabe nós chegaremos a um número 04 (quatro).


O Islam, desde o séc. VII d.C, garantiu às mulheres casadas personalidade independente, conquista essa que as mulheres ocidentais se viram privadas até muito recentemente. No Islam, a noiva e sua família não têm obrigação de presentear o noivo. A moça, numa família muçulmana, não é responsável. Uma mulher é tão dignificada no Islam que ela não precisa presentear ninguém, a fim de atrair maridos em potencial. É o noivo que precisa presentear a noiva com um presente de casamento. Este presente é considerado sua propriedade e, nem o noivo nem a família da noiva têm qualquer direito ou controle sobre tal presente. Em algumas sociedades muçulmanas de hoje, um dote de casamento no valor de US$100.000,00 não é incomum. Em regra geral, a noiva fica com o seu presente de casamento, mesmo que mais tarde ela se divorcie – motivadamente. Não é permitida a participação do marido na propriedade de sua esposa, a não ser que ela a ofereça a ele por sua livre e espontânea vontade. O Alcorão Sagrado estabelece sua posição a esse respeito muito claramente:

"E concedei os dotes que pertencem às mulheres; mas se elas, de boa vontade, conceder-vos uma parte, aceitai-o e desfrutai-o com bom proveito" (4:4).

A propriedade e os ganhos da esposa estão sob seu completo controle e para seu uso somente, uma vez que a sua manutenção e a das crianças é responsabilidade do marido. Não importa quão rica seja a esposa, ela não é obrigada a agir como co-provedora para a família, a menos que, voluntariamente, escolha fazê-lo. O casal herda entre si. Além disso, uma mulher casada no Islam conserva sua personalidade legal independente e o nome se sua família. Um juiz americano, certa vez, comentando sobre os direitos das mulheres muçulmanas, disse: "Uma muçulmana pode se casar 10 vezes, mas sua individualidade não é absorvida pela de seus vários maridos. Ela é um planeta solar, com um nome e uma personalidade jurídica própria".

As três religiões monoteístas têm diferenças importantes em suas posições em relação ao divórcio. O cristianismo abomina o divórcio complemente. O Novo Testamento, inequivocamente, advoga a indissolubilidade do casamento. Os cristãos atribuem a Jesus (a.s.) o ter dito, "mas eu digo a vocês que qualquer que se divorcie de sua esposa, exceto pôr infidelidade, transforma a mulher em adúltera, e qualquer um que se case com uma mulher divorciada comete adultério" (Mateus, 5:32). Este ideal intransigente é, sem dúvida, irreal. Ele pressupõe um estado de perfeição moral que as sociedades humanas jamais alcançaram. Quando um casal percebe que sua vida conjugal não tem mais jeito, negar o divórcio em nada irá ajudá-lo. Forçar casais, que não se dão bem, a viverem juntos contra suas vontades não produz qualquer efeito, além de não ser razoável. Não espanta que o mundo cristão tenha sido obrigado a sancionar o divórcio.

O judaísmo, por outro lado, permite o divórcio, mesmo sem qualquer razão ou causa. O Velho Testamento dá ao marido o direito de se divorciar de sua esposa, mesmo que ele apenas se antipatize por ela: "Se um homem se casa com uma mulher que venha a se tornar desagradável a ele, porque ele descobre alguma coisa indecente sobre ela, ele assina o certificado de divórcio e o dá para a esposa e a manda embora de sua casa. E se, depois que ela deixar a sua casa, e se tornar a esposa de um outro homem, e esse segundo marido não a quiser mais, se ele emitir o certificado de divórcio, e a mandar embora de sua casa, ou se ele morrer, aquele primeiro marido, que havia se divorciado dela, não pode mais se casar com ela" (Deuteronômio 24:1/4).

O Islam reconhece o direito de ambos os parceiros terminarem suas relações matrimoniais. O Islam dá ao marido o direito ao divórcio. Além disso, o Islam, diferentemente do Judaísmo, garante à esposa o direito de dissolver o casamento através do que é conhecido como "Khula". Se o marido dissolve o casamento, ele não pode retirar qualquer dos presentes de casamento que ele tenha dado a ela. O Alcorão explicitamente proíbe aos maridos divorciados de terem de volta os presentes de casamento, não importando quanto eles tenham custado.

"Mas, se vos decidirdes tomar outra esposa no lugar da primeira, mesmo que vós tenhais dado à primeira o maior tesouro como dote, não o diminua em um pedaço. Tomá-lo-íeis de volta, com uma falsa imputação de erro manifesto?" (4:20).

No caso de ser a esposa a escolher o fim do casamento, ela pode devolver os presentes a seu marido. Retornar os presentes de casamento é uma compensação para o marido que gostaria de manter a esposa, enquanto que ela escolheu deixá-lo. O Alcorão instruiu os muçulmanos a não tomar de volta os presentes que eles deram às esposas, exceto no caso de a esposa escolher dissolver o casamento:

"Não é lícito para vós (homens) tomar de volta quaisquer dos presentes, exceto quando ambas as partes temerem não ser capazes de manter os limites ordenados por Allah. Não há culpa para qualquer um de vós se ela der alguma coisa por sua liberdade. Tais são os limites ordenados por Allah, assim não os transgridam" (2.229).

Em resumo, o Islam tem oferecido à mulher muçulmana alguns direitos inigualáveis: ela pode terminar o casamento através da "Khula" e pedir o divórcio. Uma esposa muçulmana não pode nunca se tornar prisioneira de um marido recalcitrante. Foram esses direitos que seduziram as mulheres judias, que viviam nas primeiras sociedades islâmicas do séc. VII, d.C., a procurarem obter os certificados de divórcio de seus maridos judeus nas cortes muçulmanas. Os rabinos declararam aqueles certificados nulos e inválidos. A fim de terminar esta prática, os rabinos deram novos direitos e privilégios às mulheres judias, na expectativa de enfraquecer o encanto das cortes muçulmanas. Não se ofereciam às mulheres judias, que viviam nos países cristãos, qualquer privilégio semelhante onde a lei romana de divórcio, então praticada, não era mais atraente do que lei judia.

Agora focalizemos nossa atenção sobre como o Islam desencoraja o divórcio. O Profeta do Islam disse aos crentes que: "entre todos os atos lícitos, o divórcio é o mais odiado por Deus" (Abu Dawood). Um muçulmano não deve se divorciar de sua esposa, apenas porque ele não se simpatiza mais com ela. O Alcorão orienta o muçulmano a ser gentil com suas esposas, mesmo em caso de emoções fortes ou sentimentos de desagrado: "Vivei com elas (vossas esposas) em bases de gentileza e equidade. Se vós vos antipatizais delas pode ser que estejais antipatizando com alguma coisa que Allah colocou como um grande bem" (4:19). O Profeta Muhammad deu uma orientação semelhante: "Um crente não deve odiar uma crente. Se ele não gosta de alguma coisa, ele poderá se agradar de outras" (Muslim). O Profeta também enfatizou que os melhores muçulmanos eram aqueles que eram os melhores para as suas esposas: "Os crentes que mostram a fé mais perfeita são aqueles que têm o melhor caráter e o melhor dentre vocês é aquele que é o melhor com suas esposas" (Tirmidthi).

De um discurso do nosso irmão, o Sheykh Mohamad al Bukai, da Liga da Juventude Islâmica Beneficente do Brasil, no Bairro do Pari, em São Paulo/SP, proferido aos 09 de setembro do ano passado, observa-se o seguinte:

“Meus irmãos, o Islam colocou o divórcio como lei, mas ele explica suas condições de forma muito clara no Alcorão Sagrado. O divórcio é uma forma de se resolver os problemas quando o casamento chega a um caminho sem direção; Deus facilitou para o casal uma saída e o divórcio tornou-se uma misericórdia para ambos: “E, se ambos se separam, Deus enriquecerá a cada um deles de sua munificência (...). (4:130)

Entretanto, não é permitido, sob nenhuma hipótese, que o divórcio seja realizado por motivo fútil e volúvel. Deus nos disse que não podemos tratar desses assuntos como uma brincadeira: “(...) E não tomeis os versículos de Deus por objeto de zombaria (...). (2:231)

Queridos irmãos, o divórcio cresceu muito hoje em dia, pela diminuição da fé no coração das pessoas, pela falta de amor e pela expansão do egoísmo entre os seres humanos.

Outro motivo é a falta de maridos tementes a Deus que não assumem a responsabilidade de suas famílias e não dão às suas esposas os direitos que Deus ordenou e não percebem que o casamento tem obrigações que precisam ser cumpridas. Maridos que não perdoam os erros de suas esposas e não respeitam o tempo e as lembranças do tempo de convivência em harmonia com estas.

Há um terceiro motivo: falta de esposas devotas, arrependidas e adoradoras; esposas que respeitam os direitos de seu marido, de sua família e que conhecem a responsabilidade do casamento.

Também há os casos em que os pais e a família interferem na vida conjugal de seus filhos de forma negativa; em vez de ajudarem, acabam tornando a vida do casal em um inferno.

A sociedade também tem sua responsabilidade nesse aumento dos divórcios. Há entre nós uma infinidade de pessoas que podem provocam o divórcio com atitudes mesquinhas como a intriga, a inveja, a fofoca etc., que disseminam a discórdia entre as famílias.

Tudo isso, queridos irmãos, no levou a essa tragédia que a nossa sociedade sofre. Para todos os maridos e esposas, para todos os pais, digo que temam a Deus.

Não se precipitem na hora de tomar uma decisão sobre o divórcio. No caminho da vida há muitos problemas, mas o marido tem de ser paciente com os erros de sua esposa e esta também tem de ser paciente com os erros de seu marido; o divórcio é a última decisão a ser tomada.

O casamento tem de ser estabelecido sobre o amor, o respeito mútuo, o diálogo e com a consciência de que cada um do casal precisa ser dedicado para satisfazer o outro.

Vou colher uma flor no jardim da nossa história que conta sobre a história de um casal que vivem um casamento feliz e harmonioso. Um sábio chamado Alchabi perguntou a outro sábio chamado Churaih: “– Como está sua esposa? Como está sua vida com sua esposa?”. Este último respondeu: “– Já completei vinte anos com ela sem nunca ter nenhum problema”. O primeiro questionou: “Mas como? Vinte anos sem problemas?”. Então, ele respondeu: “No dia em que nos casamos, quando eu me aproximei dela, ela me disse que eu tivesse calma; eu fiquei surpreendido e então ela se levantou como se fosse dar um discurso e na realidade foi o que ela fez; louvou a Deus e me disse: ‘sou uma mulher estrangeira e não conheço suas tradições e seu caráter; entre as mulheres, havia outras melhores que do eu e entre os homens; alguns melhores que você, mas a vontade de Deus quis que ficássemos juntos. Dessa forma, diga-me quais as coisas que você gosta para eu fazer e as coisas que você não gosta para eu não fazer. Diga-me com que freqüência você permite que eu visite minha família (...)’. Ela me obrigou a fazer um outro discurso e também me levantei, louvei a Deus e respondi a tudo e lhe perguntei sobre as coisas que ela gostava e não gostava e graças a Deus, vivemos juntos há 20 anos sem problemas”.

As salam'aleykum wa arahmatullah wa barakat (Que a paz, as bençãos e as misericórdias de Allah estejam convosco)!

Ramadan Mubarak!