sexta-feira, maio 23, 2014

A L M A D I N A - A A S T R O M A N C I A

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 19.05.14

Muitos jornais, revistas, estações radiofónicas e televisivas, reservam nas suas edições um espaço onde inserem artigos relacionados com a futurologia isto é, o que acontecerá às pessoas nesse dia, nessa semana, ou num futuro breve ou distante. Os títulos geralmente usados nesses artigos são: “O que dizem as Estrelas” ou “O Horóscopo”. Neles informam-se as pessoas sobre a sorte de cada um, em função da sua data de nascimento, baseando-se em signos das constelações dos astros, que são doze.

Há pessoas que acreditam naquilo que tais publicações escrevem, pois compram-nas apenas para lerem sobre o prognosticado nos seus signos, ficando satisfeitos quando neles encontram informações que lhes agradam, ou entristecidos quando as informações são desagradáveis. Há também quem não acredita muito no que se prognostica, mas lê na mesma, sem contudo se deixar influenciar. 

Gostaria aqui de esclarecer o ponto de vista isslâmico. O Isslam veio para libertar as pessoas, corporal e espiritualmente, das superstições, falsidades, ilusões, fantasias e ficções, seja qual for a forma sob a qual se apresentem, e para isso ligou as pessoas à natureza e ao sistema de Deus na Sua criatura, ordenando-lhes que O respeitem e O considerem se quiserem alcançar o bem estar neste Mundo e o êxito no Outro Mundo.

Portanto, o Isslam condena todo o tipo de superstição, bem como os autores de tais atos que não passam de charlatães e exploradores. Em qualquer sociedade sempre existe uma camada vulnerável à acção deste tipo de gente, que se dedica à magia, seja ela branca ou negra, à bruxaria, à adivinhação e todo o tipo de manifestação de aparente conhecimento do oculto, como a futurologia através dos astros, demónios ou outras formas, orientais ou ocidentais. 

Ninguém é conhecedor do oculto, excepto Deus. Por isso Ele ordena ao próprio Profeta a anunciar que ele não conhece o oculto: 

Dize: Eu mesmo não posso lograr, para mim, mais benefício nem mais prejuízo do que o que for da vontade de Deus, E se estivesse de posse do incognoscível, aproveitar-me-ia de muitos bens, e o infortúnio jamais me açoitaria. Porém, não sou mais do que um admoestador e alvissareiro para os crentes”.

É por isso que Muhammad S.A.W. foi atingido por muitos dos males que atingiram outros mortais. Se ele conhecesse o oculto teria acumulado para si todo o bem e nenhum mal o teria atingido. Só Deus único é conhecedor do oculto.

O Profeta Muhammad diz: “Não serão aceites as orações (Salaat) de quem consultar o prestidigitador, o adivinho ou o bruxo, durante quarenta dias, e ele passará para o grupo dos descrentes”.

Os mágicos, os adivinhos e os bruxos pertencem ao mesmo grupo, pois todos eles reivindicam conhecer o oculto através dos demónios e astros.

Na história do Homem houve povos que acreditavam em astros, bem como na sua influência nos acontecimentos do Mundo, a tal ponto que os associavam à Deus. De entre esses povos, houve ainda os que deixaram de adorar a Deus passando a adorar astros.

A actual inclinação para a horoscopia não é mais do que a remanescência dos tempos em que as pessoas adoravam astros, pois desses tempos ficou a convicção de que o que acontece na vida de cada um é influenciado positiva ou negativamente pelo posicionamento dos astros no firmamento. No conceito dessas pessoas a ascensão ou o declínio na vida, a felicidade ou a infelicidade, a alegria ou a tristeza, a paz ou a guerra, a abundância ou a carência, o sucesso ou a adversidade, são resultado dos movimentos dos astros. 

O Isslam não só discorda em absoluto desse tipo de crença como a repudia, pois os astros não passam de criaturas de Deus neste Universo, colocados ao serviço da Humanidade. Um exemplo disso, é que o homem se serve dos astros para se orientar.

Portanto, o recurso aos astros para reivindicar o conhecimento do oculto e da futurologia é rejeitado no Isslam. Porém, não há mal nenhum que se recorra aos astros para a orientação geográfica ou para qualquer outro objectivo, baseado em experiências científicas, o que se enquadra no encorajamento pelo Isslam da procura do saber e do conhecimento para a melhoria da vida do homem na terra. Aliás nos primórdios do ressurgimento do Isslam, os muçulmanos de origem árabe destacaram-se como pioneiros na ciência de estudo dos astros.

A ideia de ligar a sorte das pessoas e o que lhes irá acontecer, com os astros em função das suas datas de nascimento, é algo sem base e sem fundamento algum no Isslam.

De fato a prevalência deste fenômeno assim como o seu alastramento, e a importância que os jornais, revistas estações radiofônicas e televisivas lhe dispensam, revelam-nos as seguintes realidades, deveras importantes:

1 - A existência de um vazio mental, espiritual e psicológico dentro das pessoas no mundo atual. E um vazio, exige sempre que seja preenchido, seja qual for a forma. É por isso que se costuma dizer que “Quem não se ocupa com a verdade será ocupado pela falsidade”. 
2 - O aumento de preocupações, inquietações, perturbações e a falta de sossego e tranquilidade íntimas. Estes dois fatores são o segredo da felicidade. E isto é um assunto que envolve a todos no Mundo, até mesmo os que atingiram níveis mais altos de estabilidade material, vivem numa tensão, stress e medo constantes.
3 - A conjugação destes dois aspectos - o vazio e a perturbação - na realidade resultam da falta de algo muito importante na vida de uma pessoa, bem como na sua autodeterminação. E o que está em falta nada mais é do que a fé, que é a fonte de sossego e da tranquilidade.

Se as pessoas desenvolvessem a fé convicta de que só Deus conhece o oculto e ninguém sabe o que irá acontecer amanhã, e que os magos, os adivinhos, os astrólogos, etc., são mentirosos e charlatães, pois passam a vida a enganar para obterem dinheiro fácil, este falso mercado não prosperaria, nem encontraria entre os muçulmanos gente para escrever e ler sobre astromancia.

quinta-feira, maio 22, 2014

RELEMBRANDO: A NOITE DE MI’RAJ

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as  Bênçãos de Deus) - 
Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK 

Refere o sagrado Cur’ane: “Glorificado seja Aquele que transportou, durante a noite, o Seu servo, da Mesquita sagrada (em Makka), à distante Mesquita de Al-Aqsa (em Jerusalém), cujos arredores abençoamos, para mostrar-lhe alguns dos nossos sinais. Deus ouve tudo e vê tudo”. Cap.17, Vers.1. 

Devido à preocupação do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) por causa do seu umah (seguidores), não só por aqueles que o acompanhavam mas também por todos aqueles que iriam nascer depois dele, até ao final do mundo), Deus, nosso Criador, para o tranquilizar, concedeu-lhe a noite de Mi’raj. 

Isrá, significa viagem nocturna que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) efectuou a partir de Makkah, para Jerusalém. Mi’raj é derivado da palavra Uruj, que significa subida aos céus. 

No edifício original da Caaba, onde os jovens Quraischitas e o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) costumavam descansar, veio Jibrail (Aleihi Salam) – O Anjo Gabriel, que a Paz de Deus esteja com ele, acompanhado de outros anjos, levaram o Profeta (Salalahu Aleihu Wassalam) para junto do poço da agua de zam-zam, abriram-lhe o peito, retiraram-lhe o coração que foi lavado. De seguida encheram o seu peito de fé e de luz e depois fecharam o peito. 

Com o animal que os anjos trouxeram o – Buraq, mais veloz que o relâmpago, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) foi transportado para Jerusalém. Na Mesquita sagrada de Al.Aqsá, fez dois rakates (2 ciclos de oração). Quando saiu da Mesquita, o Anjo Gabriel (Aleihi Salam), apresentou-lhe 2 taças. 

Uma com vinho e outra com leite. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) preferiu o leite, pelo que o anjo referiu: “Ainda bem que preferiste a taça de leite, porque senão a tua comunidade desviar-se-ia do bom caminho”. 

Ambos ascenderam ao céu. Na respectiva porta perguntaram quem é! Respondeu o anjo: “É o Anjo Jibrail acompanhado de Muhammad”. Perguntaram: “Foram chamados?”. Sim, disse ele. As portas do céu abriram-se. 

No primeiro céu viram um homem com muitas sombras nas duas faces da cara. Quando o homem olhava para o lado direito da cara, sorria. Quando olhava para o lado esquerdo da cara, chorava. O Profeta perguntou ao anjo, quem era. Respondeu-lhe: “ é o teu pai Adam (Adão), Aleihi Salam”. Do lado direito, estão as pessoas todas que irão para o paraíso. Do lado esquerdo, estão os que irão para o inferno. 

O Profeta foi passando por todos os céus, fazendo perguntas e obtendo respostas. Em cada céu, encontrava-se com Profetas (Aleihi Salam). Encontrou-se com Issa (Jesus) e Yáhhá (João Baptista), Que a Paz de Deus esteja com eles, que lhe apresentaram boas vindas. Depois encontrou-se com os Profetas José, Idriss, Aarão e com Moisés (que a Paz de Deus esteja com eles). Ao falar com o Profeta Mussa - Moisés (que a Paz de Deus esteja com ele), o Profeta Moisés começou a chorar e disse: “Ó meu Deus; Tu enviaste este jovem Mensageiro depois de mim, cujos seguidores serão mais a entrarem no paraíso do que os meus.” 

No sétimo céu, foi recebido pelo Profeta Ibrahim (Abraão), que a Paz de Deus esteja com ele. O Anjo Jibrail, que sempre acompanhava o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), disse-lhe: “Este é o teu pai”. 

A seguir foi apresentado a Allah, Senhor dos mundos, o Uno, o Majestoso. A distância em que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) se encontrava com Allah, Subhana Wataala, era somente o equivalente a dois arcos (arcos de atirar flechas). O Profeta chegou tão perto, onde o Anjo Jibrail nunca tinha chegado. Se o Anjo Jibrail desse mais um passo, transformar-se-ia imediatamente em cinzas! 

Aí começou o diálogo entre Allah, nosso Criador e o seu Mensageiro: Deus diz que chegou o momento de estarmos juntos. O Profeta responde que chegou o momento de estar com Allah. Allah, Subhana Wataala, diz que todo o universo é para si ó Rassulullah. Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) responde: “deixei tudo para satisfazer a Allah, somente para adorar a Allah”. 

O Profeta levou 3 ofertas para Allah: 1)- ATAHIATO LILAHI; 2)- WA SALAWATO; 3)- WA TAHIBATO. 

Atahiato Lilahi – Toda a adoração (ibádate) que é efectuada no mundo verbalmente; Wa Salawato – Toda a adoração que é efectuada no mundo, fisicamente; Wa Tahibato – Toda a adoração que é efectuada no mundo, monetariamente e com bens mundanos, É SÓMENTE PARA AGRADAR A ALLAH. 

O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), não regressou de mãos vazias. Trouxe também 3 presentes 
de Allah, Subhana Wataala: 1) – ASSALAMO ALEIKA AIHUHANABÍ; 2) – WA RAHMATULAHI; 3- WA BARAKATUHU. 

Assalamo Aleika Aihuhanabi – Que a Paz esteja acima de ti. Wa Rahmatulahi – Rahmat (Misericórdia) estejam também acima de ti; Wa Barakatuhu – As bênções também acima de ti. 

Sendo que a preocupação do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) era por causa do seu umah, seus seguidores, o que seria deles no dia do julgamento final? Aí o Profeta depois de receber as 3 ofertas, disse: ASSALAMO ALEINA WAALÀ IBADILAHI SUALIHINA – Que a Paz não só acima de nós, mas também acima de todas as pessoas piedosas. 

Em baixo o Anjo Jibrail, ao ouvir aquelas palavras disse em voz alta: ASH-HADU AN LA ILAHA ILALAHU, WA ASH HADU ANÁ MUHAMMAD ABDUHU WA RASSULUHU – Testemunho a unidade de Allah e que Muhammad é o Seu servo e apóstolo. 

Os muçulmanos lembram-se deste Atahiato, todos os dias nas suas 5 orações. 

Depois, Allah, nosso Senhor, instituiu a Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) 50 orações diárias. 

Quando o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) estava de regresso, voltou a encontrar-se com o Profeta Mussa (Aleihi Salam), que lhe perguntou o que Allah lhe tornou obrigatório para ele e para a sua comunidade. Respondeu: “50 orações diárias.” Mussa (Aleihi Salam) disse: “A tua comunidade não conseguirá cumprir com isso, porque eu tenho experiência dos filhos de Israel. Volta ao nosso Senhor e pede-Lhe que reduza o número das orações. 

Na primeira redução conseguida para 45 orações, o Profeta Mussa (Aleihi Salam), continuou a dizer que os seus seguidores não conseguirão cumprir, pelo que lhe recomendou outra vez, ir solicitar uma redução. Com várias idas e regressos, finalmente o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) conseguiu a redução para 5 orações diárias. Porque já sentia vergonha de solicitar nova redução, ouviu do nosso Senhor e Criador, as seguintes palavras “Ó Muhammad! Na minha ordem já não haverá mais alterações. As orações obrigatórias serão apenas 5, mas a recompensa de cada oração será equivalente a 10 orações, o que equivale a mesma, às 50 orações diárias. 

Quando o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) regressou à terra, o Anjo Jibrail (Que a Paz de Deus esteja com ele), ensinou-lhe como fazer as orações. 

O Profeta sempre se preocupou com todo o seu Umah e em especial com aqueles que virão depois dele, conforme o referido no seguinte hadice: O Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), uma vez estava com os seus companheiros e disse: “Quando verei eu os meus irmãos?”. E os companheiros perguntaram-lhe surpreendidos, se eles não eram os seus irmãos. E ele respondeu “Vós sois os meus companheiros; mas os meus irmãos serão aqueles que acreditarão em mim sem nunca me terem visto”. – Hadice narrado por Ahmed. Alahhuma Sali Alã Muhammad Waalã Alihi Wassalam. 

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41. "Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". 

Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10. 

Cumprimentos 

Abdul Rehman Mangá 

22/05/2014 

abdul.manga@gmail.com

terça-feira, maio 20, 2014

Não existe no Alcorão a pena capital como castigo para a apostasia

A intolerância revela ignorância relativamente ao Islão!
Por: M. Yiossuf Adamgy
Prezados Irmãos, 
Assalamu Alaikum: 

Embora os Muçulmanos se queixem da incompreensão Ocidental para com o Islão, certa interpretação errônea dos textos sagrados prevalece, infelizmente, em algumas mentes Muçulmanas. 

Matar uma pessoa devido à sua escolha intelectual, contradiz toda a essência dos princípios Islâmicos de liberdade de religião e de culto, repetidamente acentuada no Alcorão e na prática do Profeta Muhammad (p.e.c.e. = paz esteja com ele). 

Não existe compulsão na Religião. O fato de uma pessoa abandonar a fé Islâmica, trocando-a por uma outra, representa um grave pecado. Trata-se de uma violação clara do pacto individual firmado com Deus; contudo, tal não viola, seja de que forma for, a Lei Islâmica. O Alcorão condena repetidamente aqueles que trocam a fé Islâmica por uma outra, avisando-os do severo castigo que os espera no Dia do Juízo Final. Contudo, o Alcorão nunca determinou um castigo mundano para os apóstatas. Consequentemente, caso um Muçulmano pretenda mudar de fé, pode fazê-lo. A crença, por definição, emana do coração da pessoa. 

O Islão não deixa qualquer margem de dúvida ao dizer que a fé é uma questão de escolha e convicção pessoal; consequentemente, poder compulsório algum poderá ser usado para obrigar uma pessoa a adotar uma determinada fé ou impedi-la de mudar de credo. 

É dito o seguinte no Alcorão: 

«Não há imposição quanto à religião». (2:256). 

«Dize-lhe: A Verdade emana do vosso Senhor; quem quer crê e quem não quer não crê …» (18:29). 

«Se Deus quisesse, todos os que estão sobre a Terra creriam. Queres (ó Muhammad) obrigá-los a tornarem-se crentes? Na verdade, não é dado a ser nenhum crer sem a anuência de Deus. Ele lançará a sua indignação sobre àqueles que não raciocinam». (10:99-100). 

«Na verdade, temos-te revelado o Livro, para (instruíres) os humanos. Assim, pois, quem se encaminhar, será em benefício próprio; por outra, quem se desviar, será em seu próprio prejuízo. E tu não és guardião deles». (39: 41). 

«Admoesta, pois, porque és tão somente um admoestador! Não és, de maneira alguma, guardião deles». (Alcorão 88: 21-22). 

Em obediência a esta orientação Alcorânica, o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) nunca castigou ninguém por abandonar o Alcorão. 

Isto é prova evidente que o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) não pretendia castigar ninguém devido à sua escolha espiritual e intelectual. 

Se houvesse um castigo mundano para os apóstatas do Islão, Muhammad (p.e.c.e.) teria sido o primeiro a aplicá-lo. Contudo, era do seu conhecimento que Deus não lhe havia confiado uma tal autoridade. 

“O Islão não há de ser imposto nem pela coação nem pela violência, mas o povo há de aceitá-lo conscientemente e com plena liberdade”. — Az-Zamakhshari, in Al-Kaixaf, p.229. 

“Não se há de obrigar ninguém a abraçar o Islão: o Islão é, por si próprio, uma prova clara e manifesta, os seus argumentos fazem-se evidentes para o espírito; não há nenhuma necessidade, então, de obrigar ninguém a aceitá-los. Pelo contrário: o coração daquele que Deus guia para o Islão alarga-se e o olhar ilumina-se até o ponto de que o Islão se lhe aparece como toda uma evidência. Muito diferente é o caso daquele cujo coração Deus cega e cujos olhos e ouvidos fecha: nenhuma coação nem violência lhe farão converter-se em muçulmano (submisso à Vontade de Deus!” — Ibn Kaçir, in Mujtaçar, vol. 1/3, p.232. 

Existem dados que sugerem que o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) permitiu, a alguns judeus que se reconheceram muçulmanos, voltar ao judaísmo e que não castigou em absoluto os beduínos que voltaram à sua fé pagã depois de se terem feito (nominalmente) muçulmanos. 

Consequentemente, julgamentos referentes à fé deverão ser remetidos a Deus, que os avaliará no Dia do Juízo Final. 

Esperemos, in cha Allah, que a sudanesa Meriam Yehya Ibrahim Ishag, condenada, em Fevereiro deste ano, no seu país pelo crime de apostasia — condenação essa que, conforme sublinhou um dos diplomatas que esteve presente no julgamento, «não respeita a própria Constituição Sudanesa e as obrigações internacionais” e, pelos vistos, nem respeita a essência do próprio Islão — seja absolvida pelo Tribunal Constitucional, conforme o recurso feito pelo advogado da sudanesa, Mohamed Mustafa. 

De referir que, após o veredito, vários diplomatas e instituições manifestaram a sua “profunda preocupação” com o caso de Meriam e pediram ao Sudão que respeite o “direito à liberdade de religião”. 

Obrigado, boas leituras. Wassalam. 
M. Yiossuf Adamgy - 18/05/2014.

segunda-feira, maio 19, 2014

A L M A D I N A A NEGLIGÊNCIA PARA COM OS IDOSOS – UM PROBLEMA DA ATUALIDADE

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 12.05.2014

O Mundo de hoje enfrenta um problema tão grande, quanto crítico – os cuidados a dispensar à população de idosos. 

De acordo com estatísticas, quase metade da população mundial é constituída por idosos. Um estudo revela que num futuro não muito distante a população de idosos ultrapassará a de crianças de cinco anos, em particular na Europa, Ásia e Américas. Quer parecer que é a primeira vez que tal fenómeno ocorre na história da Humanidade. 

O crescimento do nível de vida em países prósperos, traduzido na melhoria no acesso aos cuidados médicos e na educação, e também no aumento da provisão, de alguma forma proporciona uma maior esperança de vida dos cidadãos desses países. 

É importante que olhemos para isso num sentido positivo. Todavia, é bastante triste que de um lado o nível de vida melhore, mas de outro, a situação dos idosos se nos apresente de forma negativa. Sente-se isso de forma particular, na atitude por parte das novas gerações que chegam ao extremo de praticar alguma forma descriminação aos idosos, o que leva a que estes se sintam marginalizados. 

Urge que se faça algo para se estancar esta tendência e nos dediquemos mais aos cuidados a dispensar aos idosos, pois com o avançar do século, a situação dos idosos pode vir a agravar-se. 

Há um ditado popular que diz que “O arroz quanto mais velho for, mais aumenta o seu valor”, mas contrariamente, na sociedade atual, quanto mais velho o Homem fica, mais se reduz o seu valor, o que revela a tortuosidade que reina na sociedade. 

Por isso hoje em dia os nossos concidadãos idosos vivem numa ânsia constante de estarem mais tempo ao pé dos seus entes-queridos, de passarem os últimos dias das suas vidas junto aos seus familiares, filhos e netos, pois apercebem-se que estes se distanciam cada vez mais deles, não se preocupando com os seus sentimentos. No fundo, o que eles desejam é que pelo menos os seus filhos estejam por perto, e os netos que são a sua maior alegria, se aconcheguem a eles. 

O materialismo e o egoísmo aumentam na razão directa da evolução da ciência e da tecnologia, ao ponto de as novas gerações esquecerem-se de muitos dos legados deixados pelas velhas gerações, considerando os idosos um fardo, um obstáculo à sua liberdade. 

As famílias no sentido mais alargado, dispersam-se cada vez mais, supostamente devido à preocupação na busca de provisão. Mas muitos têm alguma facilidade de deslocação, e deviam capitalizar essa facilidade, transformando-a em factor de aproximação e não de distanciamento. 

Por um lado a noção de liberdade está a aumentar, mas por outro, aumenta o isolamento, abandono e dependência dos idosos, o que leva a que estes julguem ser inúteis e estarem a mais nas sociedades modernas, já que não encontram um trabalho ou uma actividade compatível. Por isso os que não têm nenhuma receita, ou têm uma receita mínima, tornam-se mendigos como forma de conseguirem satisfazer as suas necessidades básicas. 

As pensões que os governos atribuem a alguns, são tão mesquinhas que não dão para nada, talvez nem mesmo para uma refeição condigna, quando os idosos necessitam, para além de alimentação, de medicamentos e cuidados médicos. 

Nos países ocidentais os governos têm casas ou lares onde albergam os idosos, onde conseguem algum conforto físico, mas que não lhes proporcionam a indispensável tranquilidade psicológica e emocional que as pessoas tem nas suas casas. 

Os nossos governos não têm meios para fazer o que os governos ocidentais fazem, mas é triste que não se faça o mínimo que se poderia fazer, de tal maneira que vemos idosos deambulando pelas ruas, postados em paragens, praças ou semáforos a mendigar. 

Não obstante a leis não serem suficiente para resolver este tipo de problemas, seria desejável que o Parlamento legislasse sobre os idosos para que a sua situação melhore e as novas gerações se sintam responsabilizadas. 

Tratar bem os idosos é uma particularidade especial da nossa tradição isslâmica, e as novas gerações têm que manter esta milenar tradição. 

Consta no Al-Qur’án, no Cap. 17, Vers. 23: 

O teu Senhor decretou que não adores senão a Ele; Que sejais bondosos com vossos pais. Se um deles ou ambos atingirem a velhice, em vossa companhia, não lhes digas “uff” (arre) nem os maltrates; Dirija-lhes palavras generosas. E por misericórdia (isto é, ternura) estende sobre eles a asa da humildade e diz: “Ó Senhor meu, tem misericórdia de ambos, como eles tiveram de mim, criando-me desde pequenino”. 

Consta ainda no Cap.46, Vers. 15: 

E recomendou ao Homem benevolência para com os seus pais. Sua mãe carrega-o penosamente durante a sua gestação (9 meses) e posteriormente, sofre as dores do parto”. 

Consta também no Cap. 2, Vers. 215: 

“Perguntam-te o que devem gastar. Os bens que gastardes deverão ser (em primeiro lugar) para os teus pais, os parentes, os órfãos, os pobres e os viajantes (necessitados). Todo o bem que fizerdes, Deus conhece-o perfeitamente”.

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu

A L M A D I N A DIA INTERNACIONAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 05.05.2014

Comemorou-se recentemente, a 03.05.2014, o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa. É sobre o jornalismo que proponho, reflictamos. 

O jornalismo é uma profissão de grande importância, uma profissão que alberga dentro de si inúmeras obrigações e um vasto campo de acções. É uma actividade que exige coragem, força e capacidade mental, de argumentação e de redacção fora do vulgar. Para o seu exercício é importante que se seja verdadeiro, paciente e sempre pronto a consentir sacrifícios. Estes constituem os seus pilares fundamentais. 

Jornalismo é saber descrever o ambiente, a situação, os objectivos, o pulsar da opinião pública e as tradições e valores morais. 

Os jornalistas determinados, competentes e de pensamentos sublimes são aqueles cuja caneta é destemida e reportam a verdade sem temer eventuais perigos, e não são susceptíveis a pressões. 

Esta actividade enfrenta nos dias que correm, vários desafios. Contudo, é sua tarefa apresentar perante as pessoas as realidades do País e da sociedade. 

Para todos aqueles que estão ligados ao jornalismo nas suas várias vertentes, é importante que dominem com alguma profundidade as matérias que pretendem abordar. 

Se a reportagem versar por exemplo, matéria religiosa, legal, económica ou financeira, o jornalista deve ter profundos conhecimentos sobre a religião a que se propõe escrever, sobre as leis, sobre economia ou sobre finanças. 

É necessário que o jornalista, independentemente de pertencer a algum partido, grupo, religião, ou etnia, se abstenha de ser influenciado por esses factores, reportando com isenção, pois o verdadeiro jornalista deve ser destemido e imparcial. 

Infelizmente, o que nos é dado ver hoje em dia, salvaguardadas raras e honrosas excepções, deixa muito a desejar. O jornalismo de hoje é susceptível a pressões e muitos outros males, por enquanto no passado, era livre de mentiras, de falsas informações, de fanatismo, de parcialidade, de intolerância, de medo, de terror, etc. O profissional de comunicação social era uma pessoa apaixonada pela literatura, pela sua caneta e papel, abstendo-se sempre de se deixar arrastar pela propaganda barata. 

O jornalismo não é como qualquer outra profissão como por exemplo a de comerciante. Ele deve dedicar a sua vida a causas nobres. A profissão que abraçou obriga-o a denunciar a opressão e a injustiça, devendo sempre falar em nome dos oprimidos, e se necessário estar preparado para consentir sacrifícios pelas causas nobres. 

Infelizmente muitos jornalistas não têm isto presente. Ao invés de se sacrificarem, entregam-se a actos de desonra e menosprezo aos outros. Inventam estórias em que o opressor passa a oprimido, o mau passa a bom, o injusto passa a justo, o criminoso a vítima, o assassino a inocente, e vice-versa, e assim vai desvirtuando a justiça, as leis e a constituição, pois todos sabemos que o jornalismo é uma faca de dois gumes, pois ao menor descuido tudo acaba deturpado. 

Por isso, nessas circunstâncias é necessário que o jornalista seja fiel, honesto, veraz, corajoso, e cumpra com a sua missão sem ganância. 

Deve tratar a todos por igual, independentemente da sua religião, etnia, grupo ou filiação partidária, defender o direito de todos e insurgir-se contra a discriminação e contra as divisões na sociedade. 

Falar, escrever e publicar apenas a verdade, ainda que ninguém dê ouvidos ou preste a menor atenção. 

Os jornais, a rádio e a televisão devem ser o espelho da sociedade, contribuindo para a sua reforma, e promovendo as ciências e a tecnologia. 

Devido a pressões de vária ordem os jornalistas são levados a publicar notícias sem fundamento, boatos e enfim, matérias susceptíveis de criar desestabilização, confusão e cisões. Isso cria um impacto negativo no País e atenta contra a unidade nacional. 

O jornalismo não deve ser um meio para se acumular dinheiro, pois quando o jornalista pensa que com a sua profissão deve acumular dinheiro, acaba perdendo credibilidade e mancha o jornalismo. 

E o profissional de imprensa que se insurge contra os desequilíbrios sociais, acalenta alguma esperança aos desesperados. Ele acaba sendo a voz dos sem voz, pois denuncia as injustiças na sociedade, combate as falsas propagandas, contra a desordem, a imoralidade e a obscenidade, mostra e ensina o caminho recto, pois a verdade sempre é benéfica, enquanto a mentira sempre é prejudicial e destrutiva, devendo ser combatida. 

Os jornalistas devem desempenhar o seu papel tendo em conta a grandeza e nobreza da sua profissão. Caso se sintam incapazes de exercer a sua profissão com alguma verticalidade, então devem abandoná-la, evitando assim manchar esta nobre tarefa. 

O jornalista deve ser isento de egoísmo, deve escrever com seriedade, com o objectivo de beneficiar a sociedade e nunca com a intenção de prejudicar quem quer que seja, e esmerar-se no sentido de as suas reportagens serem de nível elevado, para que possam ser uma referência para os historiadores. 

Se se praticar esta profissão com honestidade e isenção, a caneta manter-se-á impoluta, a sociedade elogiará, o País progredirá, a profissão será respeitada, pois de contrário as pessoas perderão confiança e interesso na actividade jornalística. 

É triste e condenável o que ocorre em certos países, onde jornalistas são presos por exercerem com imparcialidade e profissionalismo a sua profissão, como se ser jornalista fosse sinônimo de criminoso. Há ainda casos noutros países, de jornalistas que são assassinados. Estas são práticas que todos nós devemos condenar, pois devemos respeitar esta nobre profissão, proporcionando aos jornalistas informações verdadeiras que permitam que eles cumpram com a sua missão de manter a sociedade informada.

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu!