sexta-feira, maio 16, 2014

Por que razão há pessoas afortunadas e pessoas desafortunadas?

Deus concede riqueza e pobreza material às pessoas por motivos apenas por Ele conhecidos. Por exemplo, uma pessoa pobre pode herdar muito dinheiro de um parente rico quando este morre. Algumas pessoas herdam inteligência, habilidade e visão para os negócios, ao passo que outras também têm essas capacidades mas não as querem usar. 

Diz-se que o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) disse, numa determinada ocasião, que “Deus concede os bens deste mundo a quem Ele deseja, mas que o conhecimento dá-o somente àqueles que Lho pedem”. Este hadith é muito significativo. É evidente que os bens materiais não devem ser vistos como necessariamente bons em si mesmo. Deus nem sempre concede segurança ou felicidade material àqueles que Lhe pedem tais coisas. 

Há um bem em tudo o que Deus concede. Para a pessoa fiel, que faz boas ações e dá em caridade algo que lhe foi concedido, a riqueza é um meio de bondade. No entanto, se a fé do indivíduo for débil e se este tiver saído do caminho reto, então a riqueza converter-se-á num meio de maldade. Para a pessoa que tiver abandonado o caminho da boa ação, a pobreza poderá ser apenas a única desculpa de que necessita para começar uma rebelião interna ou externa - ou ambas - contra Deus. Aquelas pessoas que não se submetem totalmente a Deus, aquelas que não agem com sinceridade para agirem de acordo com os ensinamentos do Islão, encontrarão a sua riqueza como um meio de angústia, uma prova severa e exigente: “E sabei que tanto os vossos bens como os vossos filhos são para vos pôr à prova, e que Deus vos tem reservado uma magnífica recompensa.” (Alcorão, 8:28). 

Devemos, aqui, recordar um outro dito do Profeta (p.e.c.e.): “Entre vós há pessoas a quem, se levantarem as mãos e jurarem por Deus, Ele concederá tudo o que querem e nunca as fará jurar em falso”. Bara ibn Malik é um deles.” ( ) Este homem, o irmão mais novo de Anas (r.a.), viveu uma vida de total pobreza no nível mínimo de subsistência, até ao ponto de não ter alimentos suficientes nem um sítio para dormir. Embora fossem, aparentemente, pobres e desiguais, essas pessoas eram as mais amadas e apreciadas devido à sua piedade sincera. Elas eram elogiadas, e as suas ações foram apreciadas na asseveração do Profeta (paz esteja com ele) de que elas estavam entre aquelas. Está comprovado de que uma vez, quando Omar (r.a.) entrou no quarto do Profeta (s.a.w.), viu nas suas costas sinais da esteira áspera sobre a qual este dormira. Desatou a chorar, perguntando por que os imperadores bizatinos e persas viviam rodeados de luxos ao passo que o Mensageiro de Deus dormia sobre uma cama tão áspera. O Profeta (p.e.c.e.) contestou:Não queres que eles tenham este mundo e nós o outro?” ( ) Anos mais tarde, durante o seu califado, quando as tesourarias destes dois Impérios fluíram na tesouraria muçulmana, Omar continuou a viver uma vida simples. 

Isso não significa que a pobreza em si seja algo bom, é melhor o estado de espírito que disciplinou e triunfou sobre a parte mundana, pondo a sua vista sobre a vida eterna. A pobreza é, quiçá, um meio para conseguir este estado de espírito. Mas isso conduz algumas pessoas à angústia interior, ao rancor e à ingratidão para com Deus, e é a raiz da incredulidade. Da mesma forma, a abundância e a segurança mundial podem enganar certas pessoas e levá-las ao orgulho e ao amor próprio exacerbado  fazendo com que descuidem as necessidades dos outros e a sua dívida para com Deus. Tal arrogância e ingratidão estão também na base da incredulidade. 

A forma mais segura para que os crentes progridam, é entendendo que tudo o que Deus concede é concebido para aperfeiçoá-los. Sem ter em conta as circunstâncias pessoais, os crentes devem esforçar-se para melhorar o bem estar dos outros e ter confiança, interior e exteriormente, no Todo Poderoso e Todo Misericordioso. Esta é a melhor atitude para com o mundo, que é apenas um local de trânsito no caminho para o nosso destino eterno.■ 

— «Se a fortuna te sorri, teme o orgulho; 

se ela se afasta, teme o abatimento». 

— «Não são as riquezas que fazem a felicidade, mas sim o uso  que fazemos delas». 

— «A pobreza deixará  de ser sediciosa, quando a opulência deixar de ser opressiva». 

— «Duas coisas são para mim igualmente intoleráveis: saber que as crianças morrem de fome, e que se possa aconselhar a um escritor que renuncie a escrever"

Obrigado, boas leituras. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 15/05/2014. 

Reflexões Islâmicas — Ano II — nº. 67 — 15.Maio.2014 / 16.Rajab.1435 

e-mail: alfurqan2011@gmail.com - sites: www.islao.pt / www.alfurqan.pt

quinta-feira, maio 15, 2014

RELEMBRANDO: A ORIGEM DA NOITE DE MI’RAJ

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK 

Refere o sagrado Cur’ane: “Glorificado seja Aquele que transportou, durante a noite, o Seu servo, da Mesquita sagrada (em Maka), à distante Mesquita de Al-Aqsa (em Jerusalém), cujos arredores abençoamos, para mostrar-lhe alguns dos nossos sinais.  Deus ouve tudo e vê tudo”. Cap.17, Vers.1. Alahhuma Sali Alã Muhammad Waalã Alihi Wassalam. 

É conhecida a preocupação que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) teve por causa do seu Umah (Povo Muçulmano). Ele passava as noites a chorar e a pedir a Deus que encaminhasse o seu Umah para o caminho da verdade. Sua esposa, Hazrat Aisha (Radiyalahu an-há) pediu ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) para lhe fazer um duá (prece) para ela, o que ele respondeu que para ela lhe tinha feito uma prece, mas para o seu Umah em geral, tinha feito 5 preces. 

Consta-se que uma vez o anjo Gabriel - Jibrail (Aleihi Salam) apareceu ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) com a cara transtornada e foi-lhe perguntado o motivo. Jibrail (Aleihi Salam) respondeu de que tinha acabado de visitar o inferno. Rassulullah (Salalahu Aleihi Wassalam) pediu-lhe para contar o que tinha visto. Informou ele, que Deus, todo o Poderoso, mandou atear o fogo no inferno e manteve-o aceso por mil anos, acabando por ficar de cor branca. Depois Deus mandou atear mais o fogo por um período de mais mil anos. Aí as chamas tornaram-se vermelhas. Mais uma vez, Deus, mandou os anjos atearem o fogo por outro período equivalente e o anjo referiu que as chamas se tornaram tão pretas que não se conseguia distinguir nada. Disse Jibrail (Aleihi Salam) de que se Deus mandasse abrir o inferno, na dimensão de um furo de uma agulha, que o mundo ficaria destruído. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) vê o anjo a chorar e pergunta-lhe os motivos, já que não compreende as preocupações do Jibrail, devido ao estatuto que Deus lhe deu. Jibrail responde-lhe de que não sabe o que Deus pensa dele, porque Iblisse (o chefe dos cheitanes - diabos), era um dos mais próximos de Allah e tinha elevados graus, no entanto porque não cumpriu com uma ordem que lhe foi dada, deixou de ter a consideração de Deus. Também o Profeta chora. Através de outro anjo, Deus anuncia a ambos, que Deus lhes perdoará todas as falhas. 

Mais aliviado, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) ao regressar a casa, deparou com um grupo de pessoas que riam às gargalhadas, pelo que lhes disse: “Se soubessem o que eu sei, iriam chorar mais do que rir). 

Noutra passagem, narrada por Hazrat Anass (Radiyalahu an-hu), o anjo Jibrail (Aleihi Salam) disse ao Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) de que o inferno tem 7 graus. Ao procurar saber quem seriam residentes dos referidos infernos, foi-lhe informado que seriam os monafiquines (hipócritas), os que adoram estrelas e astros, os que seguiram o cheitane ibliss e os Judeus e os Cristãos não cumpridores. Aí Hazrat Jibrail não referiu o último grau do inferno e ficou calado. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) depois de insistir, o anjo Jibrail informou-lhe que o ultimo grau do inferno era destinado ao Umah do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), que cometerem pecados graves e que vão morrer sem pedir tauba (perdão). Nabi Karim (Salalahu Aleihi Wassalam ao ouvir esta resposta cai desmaiado. Depois o Profeta ficou tão angustiado que foi para casa,ficando fechado no seu quarto durante dias, a orar e a chorar pelo seu povo presente e dofuturo. Mesmo os seus amigos, Abubacar Siddik e Omar (Radiyalahu an-huma), nãoconseguiram falar com ele. A filha, Fatima (Radiyalahu an-há), foi falar com ele e encontrouoprostrado e a chorar. Vendo-o naquele estado também começou a chorar. O Profetadisse-lhe que os motivos da sua preocupação é de que tinha sido informado pelo anjo Jibrail que algumas pessoas do seu umah irão para o inferno, pois não se vão arrepender antes de morrerem.

A seguir, um resumo do que irá acontecer: O referido grupo de muçulmanos irá apresentar-se perante “Malik”, o anjo de guarda do inferno, que lhes perguntará: “Quem são estas pessoas? ”Responderão: “Nós somos as criaturas pertencentes a quem foi revelado o Cur’ane. E Malik dirá, “Mas o Cur’ane foi revelado a Muhammad (Salalahu AleihiWassalam). E então elas dirão: “Sim, Muhammad, Muhammad”. Então entrarão no inferno.

Passado algum tempo, Deus, mandará o anjo Jibrail ao inferno para ir ver como estão os pecadores do Umah do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam). Jibrail (AleihiSalam) dirá a Deus que as pessoas lembram-se do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) e que os separa dele, são os pecados por eles cometidos na terra. Rassululah (Salalahu Aleihi Wassalam) irá ao trono de Allah, o Beneficente e Misericordioso, prostrar-se-á e pedirá compaixão pelo seu Umah que está no inferno. Deus, todo Poderoso, dirá: “Tirem do inferno quem alguma vez recitou LA ILAHA ILALAH MUHAMMAD RASSULULAH!

Essas pessoas serão conduzidas para uma ribeira, onde tomarão banho e sairão como pessoas novas com a indicação na testa de “aqueles que estiveram no inferno e que foram libertados por Allah”.

É esta a angústia e a preocupação que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) sentia pelo seu povo. No dia do julgamento final, intercederá a favor dos seus seguidores.

Por causa desta preocupação, Allah, nosso Guia e Senhor, elevou-o ao céu na noite de Miraj, onde recebeu uma prenda do nosso Criador: “As 5 orações”. Quem praticarcorrectamente as 5 orações diárias, ganhará a satisfação de Deus. “Aquele que obedecer o Mensageiro, obedecerá a Deus”. Cur’ane 4:80.

O amor pelo Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), demonstra-se cumprindo com os mandamentos de Deus e as orientações que ele nos deixou. Em todos os momentos e em especial na noite de Mi’raj, deveremos pedir para que Deus derrame as suas bênçãos no Profeta Muhammad. Alahhuma Sali Alã Muhammad Waalã Alihi Wassalam.

Quem recitar um durud ser-lhe-á atribuído 10 misericórdias. Muslim e Abu Daud. Quem recitar 100 duruds, ser-lhe-á escrito na sua testa “isento de hipocrisia” e será salvo do inferno. Disse o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam): “No dia do julgamento final, a pessoa mais próxima de mim, será aquela que enviou mais durud para mim”. Tirmizi. “Na verdade, Deus e Seus anjos, derramam bênçãos sobre o Profeta. Ó vós que credes, pedi bênçãos para ele e saudai-o com respeitosa saudação.” Cur’ane 33.56. Alahhuma Sali Alã Muhammad Waalã Alihi Wassalam.

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41. "Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil
hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.
Abdul Rehman Mangá – Abdul.manga@gmail.com – 15/05/2014

segunda-feira, maio 12, 2014

Shaykh Muhammad Nazim Adil, líder espiritual do sufismo contemporâneo, falece aos 92 anos de idade

Fontes: Agencias; http://oumma.com; Cyprus Mail
O erudito muçulmano turco-cipriota, Shaykh Mu-hammad Nazim Adil al-Qubrusi al-Haqqani, faleceu no passado dia 7 de Maio de 2014, depois de ter sido hospitalizado, há algumas semanas, devido a uma insuficiência pulmonar e renal. 

O falecido mestre espiritual estava a receber trata-mento no Hospital Yakın Doğu, no Chipre Turco, desde 17 de Abril, pelos médicos pessoais do Pri-meiro-ministro turco, por ordem deste último, mas a sua situação se agravou nos últimos três dias. 

O guia espiritual, conhecido como al-Qubrusi (o Cipriota) em árabe, era chefe de uma das mais importantes ramificações da Ordem Sufi Naqshbandi, a Haqqani. 

Shaykh Muhammad Nazim era uma figura proe-minente do Sufismo contemporâneo. O Imame Shakir Alemdar, o vice grão Mufti de Chipre, elogiou o mestre cipriota ao considerá-lo como um dos grandes sábios muçulmanos do mundo e um líder espiritual dos seguidores do Sufismo, que tem suas origens nas raízes do próprio Islão, há mais de 1500 anos. 

Descendente pelo lado de seu pai de Sheikh Abd al Qadir al-Jilani (fundador da Irmandade Qadiriyya) e pelo lado da mãe de Mawlana Jalal Ud Din Rumi (fundador da Irmandade dos dervixes rodopiantes), este líder e o grande Mufti de Chipre tinham iniciado um amplo movimento global espiritual, que conquis-tou inúmeros convertidos na Europa e nos Estados Unidos. 

Shaykh Nazim conta com muitos seguidores na Turquia, mas também na Europa e, especialmente, na Grã-Bretanha e na Alemanha. Nascido em Larnaca, na costa sul de Chipre, o Shaykh Nazim falava grego fluentemente. Era discípulo de Sheikh Abdullah Deghestani, estabelecido em Damasco, que por sua vez, tinha muitos seguidores no Médio Oriente. 

Shaykh Nazim tornou-se uma personalidade influen-te ao longo da década de 1950 e 1960, na Turquia, conhecida pela sua então oposição activa à proibição do adhaan (chamada para a oração). 

Também era conhecido por manter uma estreita relação com o antigo presidente Turgut Öza (legislatura 1989-1993). 

Muitos altos funcionários do governo, entre eles o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan e o ministro de Saúde Mehmet Müezzinoğlu, visitaram o Shaykh Muhammad Nazim durante a sua convalescença, a fim de o transmitir votos de sua rápida recuperação. 

Hoje, no entanto, juntaram-se com os seus fami-liares, com os seguidores da Tariqa Naqshabandi e, em geral, com os muçulmanos de todo o mundo no velório de despedida. 

Todos os seus seguidores evocaram, com emoção, a "Baraka" que emanava dele. 

A redação de Al Furqán apresenta sinceras condo-lências e pede a Allah que o acolha em Sua infinita glória..

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuh.