quarta-feira, junho 30, 2010

A Morte‏ Vista pela Tradição Islâmica


O Louvor é de Allah, nós O louvamos rogamos pela Sua ajuda e solicitamos Seu Perdão. Aquele aquém Deus encaminhar ninguém poderá desencaminhar e aquele aquém Deus permitir que se desencaminhe ninguém poderá encaminhar. Testemunho que não Divindade exceto Deus Único e Uno, e testemunho que Muhammad é Seu Servo e Mensageiro. Que a paz e as bênçãos de Deus esteja com o Profeta Muhammad, com seus familiares e companheiros e todos que seguirem seus passos até o Dia Derradeiro.

Queridos irmãos e irmãs de Fé! Todos nós devemos estar ao par das obrigações que nós devemos cumprir quando ocorre o falecimento de um irmão ou irmã muçulmana. A maior delas é motivar a pessoa que está no leito da morte a prestar o testemunho de fé que é dizer La Ilaha Illa Allah Muhammad RassuLLAH, e quando certificamos do óbito deve-se fechar seus olhos, Não podemos deixar o morto exposto aos olhos alheios, ele deve ser coberto até o momento do banho, lavar e perfumar o cadáver, preparar a mortalha, fazer a oração fúnebre, liquidar todas suas dividas caso existam e sepultar o falecido o mais rápido possível. Devemos também nos atentar para as questões proibidas: Chorar em voz alta, a ida das mulheres ao cemitério durante o sepultamento, mas é permitido visitar o cemitério em outro dia. Deve-se observar também sobre a etiqueta (como devemos nos comportar no cemitério e no funeral).

Nada de inovações na religião como a leitura do Ushr kuran nos 7, 10 ou 40 dias após a morte, distribuição de doces dentre outros atos que não tem fundamento algum no Islamismo, tudo isso ilustrado com versículos do Alcorão e com base na tradição de nosso Profeta Muhammad (s).

A morte é uma realidade que ninguém pode negar, seja muçulmano ou não. Todos nós estamos caminhando para encontrarmos o nosso fim, ou seja, a cada segundo que passa, a cada dia, a cada mês estamos mais próximos da morte.
Por mais que nós tenhamos construído neste mundo por mais que tenhamos cuidado da saúde... Toda alma tem um prazo e quando chega a hora de partir não lhe será atrasada um instante nem adiantada. Essa é a verdade que é esquecida pela maioria das pessoas... Allah Swt diz: “Toda a alma provará o sabor da morte, e no Dia da ressurreição sereis recompensados integralmente pelos vossos atos” (3:185)

Dentro de tal evidência, por que nós negligenciamos à nossa morte já que todos temos
convicção que a cada segundo que se passou foi-se um parte de nós. Essa mesma pergunta foi feita a um sábio do Islam. Foi narrado que Sulaiman Ibn Abd al Malik entrou em Madina no mês da peregrinação e disse: “Há alguém que tenha conhecido algum dos sahabas?” As pessoas disseram: “Sim, Abu Hazim” Então mandou chamar, e quando ele chegou disse: “Oh Abu Hazim porque odiamos a morte?” Ele disse: “Todo vosso esforço tem sido em prol desse mundo e tens descuidado da outra vida, e odeias abandonar aquilo que você lutou para se dirigir a aquilo que não se preparou (ou seja, o dia do juízo)”. Sulaiman disse: “Disseste a verdade!” Depois disse: “Me pergunto o que será que Allah tem nos preparado?” Abu Hazim lhe disse: “Julgue suas ações segundo o livro de Allah!” Sulaiman disse: “E onde encontro?” Ele respondeu: “No seguinte versículo:

“Por certo os virtuosos estarão na delícia; E por certo, os iníquos, estarão no inferno” (82:13 e 14)

Sulaiman disse: “E onde está a misericórdia de Allah?” Ele respondeu: “A misericórdia de Allah está perto daqueles que fazem boas ações”. Sulaiman disse: “Me pergunto como será meu encontro com Allah” Ele disse: “Quem faz boas ações se sentirá como aquele que retorna a sua família depois de haver estado ausente de seu lar, em contra partida o malfeitor se sentirá como um escravo fugitivo quando é devolvido ao seu amo.” Então Sulaiman começou a chorar soluçando e disse: “Aconselha-me Oh Abu Hazim!” Ele disse: “Tema que Allah te veja enquanto estiveres fazendo aquilo que Ele proibiu e de que você não se encontre onde Ele lhe ordenou estar.”

Ali Ibn Abu Talib disse: “Este mundo está se afastando de nós e o mundo da outra vida está cada vez mais próximo. Cada um dos dois tem sua própria gente, assim pois, sejas das pessoas do outro mundo, e não sejas das pessoas deste mundo. O presente é tempo de esforço e não de prestar contas, mas o de amanhã será tempo de prestar contas e não de esforço.” (Bukhari)

Queridos irmãos e irmãs quando a pessoa der conta que morreu, quando ele ver os anjos da morte, a primeira coisa que ela deseja é voltar para a vida terrena. Tanto o crente como o incrédulo se arrependem e desejam voltar. O incrédulo deseja voltar para aceitar o islam e o muçulmano quer voltar para se arrepender e fazer melhores ações. “... até que a morte surpreenda a algum deles, este dirá: “Oh Senhor meu fazei-me voltar (à terra), na esperança de eu praticar o bem, no que tange ao que negligenciei.” (23:99) Oh Allah permita-me voltar a este mundo um minuto, Oh Allah uma hora, para eu rezar, para eu jejuar, para eu Lhe adorar, para eu me arrepender, para eu deixar os pecados e a desobediência... “Em absoluto não o farei. Por certo será uma palavra em vão que estará dizendo. E diante deles, haverá uma barreira até um dia em que eles ressuscitarão.” (23:100)

Por isso irmãos jamais deixem para amanhã as boas ações e a obediência, jamais pensem: “amanhã eu começo a rezar, ah quando eu envelhecer insha Allah usarei o hijab, Quem nos garante que estaremos vivos até lá? Por isso devemos sempre nos apressar em fazer boas ações porque depois quem rezará por nós? Quem fará jejum por nos, Quem fará caridade por nós? Quem recitará o Quran por nós? Quem fará Dua por nós? Quem obedecerá Allah por nós? Ninguém! O morto saberá qual será seu destino. Dependendo do tipo de anjos que estarão o recepcionando em seu túmulo, se forem os anjos da misericórdia seu destino será o Paraíso e se os anjos forem os do castigo então seu destino será o inferno.

Com relação a esses anjos o Profeta (S) disse: “Quando o servo crente está por abandonar esse mundo e passar para o outro, os anjos descem do céu e se apresentam ante ele com rostos brancos radiantes como o sol. Trazem com eles uma mortalha e bálsamos aromáticos do Paraíso. E se sentam ao alcance de sua vista. Então o anjo da morte aparece e se senta a altura de sua cabeça e diz: “Oh alma boa, saia ao encontro da misericórdia e complacência de Teu Senhor”. Então ela sai como uma gota de água que cai da boca de um jarro e eles a levam...
Em troca, quando servo incrédulo está por abandonar esse mundo e passar para o outro, os anjos descem do céu e se apresentam perante ele com rostos negros. Trazem
com eles uma aniagem do inferno e se sentam ao alcance de sua vista. Então o anjo da morte aparece e se senta na altura de sua cabeça e diz: “Oh alma perversa! Saia ao encontro da ira e a fúria de Allah”. Então a alma se encolherá de medo dentro do corpo e será arrancada pelo anjo” (al Hakim- sahih)

Segundo a sunnah sahiha que quando uma pessoa é colocada no seu túmulo e seus conhecidos e amados vão embora, o morto escuta seus passos indo embora. Quando eles forem embora por completo, dois anjos vêm até o morto, tratando-o com severidade, chamados Munkar e Nakir e lhe fazem sentar e perguntam: Quem é teu Senhor? Qual é tua religião? Quem é teu Profeta? Esse é o ultimo teste ao qual o crente será submetido. A isso se refere o versículo em que Allah SWT diz:

“Allah afirmará os fiéis com a palavra firme da vida terrena, tão bem como na outra vida; e deixará que os iníquos se desviem, porque procede como Lhe apraz.” 14:27

Assim, o crente responde: “Meu Senhor é Allah, Minha religião é o Islam e meu Profeta é Muhammad!” Ou então segundo outra narração dirá: “Testemunho que não há outra divindade exceto Allah e que Muhammad é Seu servo e Mensageiro”. Então uma voz clama do céu dizendo: “Meu servo disse a verdade!” Então uma porta para o inferno será aberta para ele, e será dito: “Esse seria o seu lugar se você tivesse descrido em seu Senhor, mas como você era um crente, este é o seu lugar!” Então uma porta para o Paraíso lhe é aberta, e seu tumulo é feito espaçoso e confortável, como um dos jardins do paraíso.

Já o kafir, o pecador e o hipócrita, o Profeta SAAS disse que os dois anjos, Munkar e Nakir vem da mesma forma e com severidade lhe fazem sentar e lhe perguntam: “Quem é teu Senhor?” E ele apavorado reponde: “Oh não sei” e eles dizem: “Qual é tua religião?” e ele responde: “Oh não sei” e eles dizem: “Que dizes sobre este homem que lhes foi enviado?” Ele não conseguirá lembrar de seu nome, e eles lhe dizem: “Muhammad” então ele responde: “Oh não sei, ouvi as pessoas falarem algo” Eles lhe dizem: “Que nunca saibas ou possas repetir o que as pessoas diziam” Então uma voz diz: “Meu servo está mentindo!” Então uma porta para o Paraíso é aberto para ele e lhe é dito: “Esse seria o seu lugar se você tivesse acreditado no seu Senhor, mas como você era um incrédulo, Allah substituiu isso por isso” Então uma porta do

Inferno é aberta para ele...

Quando o crente está morrendo deseja de todo o coração encontrar-se com Allah, já o incrédulo e o muçulmano pecador odeia esse encontro. O Profeta SAAS disse: “Quem ama encontrar-se com Allah, Allah ama encontrá-lo, e quem odeia encontrar-se com Allah, Allah odeia encontrá-lo.” Então uma de suas esposas disse: “Mas todos odiamos a morte”. Ele respondeu: “Não é a isso que me refiro, e sim que quando o crente está para morrer são lhe dadas as boas-novas de que Allah está satisfeito com ele, e que gozará da Misericórdia de Allah, então não existe nada que lhe seja mais amado do que lhe espera. Então ama encontrar-se com Allah, e Allah ama encontrar-se com ele. Mas quando um incrédulo está morrendo lhe são dadas as noticias acerca do castigo e tormento de Allah, por isso não existe nada mais odiado por ele do que lhe espera. Então ele odeia encontrar-se com Allah e Allah odeia encontrar-se com ele”. (Bukhari)

Irmãos, o Profeta SAAS exortava seus companheiros a buscar o refúgio em Allah contra o tormento do túmulo. Busquem refúgio constantemente em Allah contra o castigo do túmulo, o Profeta SAAS nos ensinou a súplica que se deve fazer antes do taslim no tashahud em todas nossas orações: “Allahuma inni audho bika min adhab al jahannam, wa min adhab el qabr wa min fitnat al mahia wal mamat wa min fitnat al masih ad dajjal”.

Por fim irmãos, nós devemos refletir na morte, o profeta SAAS nos exortou lembrar constantemente da morte. E era costume dos virtuosos lembrarem-se da morte, isso porque a recordação da morte previne a pessoa do pecado e de ser iludido pelos encantos desse mundo, abranda o coração com a recordação de Allah e ajuda a suportar as aflições. Um sábio disse que quem lembra constantemente da morte será honrado com 3 coisas:

1) Será rápido em se arrepender,
2) Estará satisfeito com seu sustento; e
3) Não lhe faltará vontade nem energia para adorar a Allah.

“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

Asalamo Alaikom WA WB,

Colaboração do Irmão – Omar – Masjid de Cuiabá MT – Que Allah SW o tenha entre os eleitos juntamente com todos os irmãos que louvam Allah SW naquele Centro Islâmico. Inshallah

terça-feira, junho 29, 2010

BIOGRAFIA DO PROFETA MUHAMMAD EM FORMA DE KHUTUB PARTE 4

Biografia do Profeta Muhammad - Parte 4‏

Homens de Yathrib (Medina)

Eles vieram de Yathrib realizar a peregrinação (Hajj), uma cidade há mais de trezentos quilômetros de distância, que desde então se tornou a mundialmente famosa al-Medina, “a Cidade” por excelência. Yathrib foi favorecida por sua localização em um oásis agradável, famoso mesmo nos dias de hoje pela excelência de suas tâmaras, mas prejudicada em todas as outras formas. O oásis tinha sido a cena de lutas tribais praticamente incessantes. Judeus combatiam judeus e árabes combatiam árabes; os árabes se aliavam com os judeus e combatiam outros árabes aliados com uma comunidade judaica diferente. Enquanto Meca prosperava, Yathrib vivia em miséria. Precisava de um líder capaz de unir seu povo.

Em Yathrib havia tribos judaicas com rabinos sábios que com frequência falavam aos pagãos de um Profeta que logo chegaria entre os judeus, com quem, quando chegasse, os judeus destruiriam os árabes como as tribos de Aad e Tamude tinham sido destruídas por sua idolatria.

O Profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, nessa etapa em seu chamado visitava secretamente tribos diferentes nas cercanias de Meca para transmitir-lhes a mensagem do Islã. Uma vez ao entreouvir um grupo de homens em Aqaba, um local fora de Meca, pediu para se sentar com eles e foi recebido com alegria. Quando os homens da tribo dos Khazraj de Yathrib ouviram o que Muhammad tinha a dizer, o reconheceram como o Profeta que os judeus lhes tinham descrito, e todos os seis homens aceitaram o Islã. Também esperavam que Muhammad, através de sua nova religião, pudesse ser o homem que os uniria com sua tribo irmã, os Aws, uma tribo em Yathrib com quem compartilhavam uma linhagem comum, mas tinham grandes problemas com anos de guerra e animosidade. Determinaram-se a retornar para Yathrib e propagar a religião de Muhammad. Como resultado, não existia nenhuma casa em Yathrib que não tivesse ouvido a mensagem do Islã e na próxima estação de peregrinação, no ano de 621, uma delegação veio de Yathrib com o propósito de encontrar o Profeta.

Primeiro Pacto de Aqaba

Essa delegação era composta de doze homens, cinco dos presentes no ano anterior e dois membros dos Aws. Encontraram o Profeta novamente em Aqaba e se comprometeram em seus próprios nomes e nos nomes de suas esposas a não associarem nenhuma criação com Deus (para se tornarem muçulmanos), não roubar, não cometer adultério e não matar seus bebês, mesmo na mais terrível pobreza; e prometeram obedecer a esse homem em todas as coisas justas. Esse foi o Primeiro Pacto de Aqaba. Quando retornaram à Yathrib o Profeta enviou com eles seu primeiro embaixador, Mus’ab ibn ‘Umair, para ensinar aos novos convertidos os rudimentos da fé e propagar a religião para aqueles que ainda não tinham abraçado o Islã.

Mus’ab pregou a mensagem do Islã até que quase toda família em Yathrib tivesse um muçulmano em seu meio, e antes do Hajj do ano seguinte, 622, Mus’ab retornou para o Profeta e lhe deu as boas novas de sua missão, e da bondade e força de Yathrib e seu povo.

Segundo Pacto de Aqaba

Em 622, peregrinos de Yathrib, setenta e cinco deles muçulmanos, entre eles duas mulheres, vieram para realizar o Hajj. Durante a última parte de uma noite, enquanto todos dormiam, os muçulmanos entre os peregrinos de Yathrib secretamente chegaram ao lugar que tinham previamente combinado de encontrar o Profeta, nas rochas de Aqaba, para prestar aliança ao Profeta e convidá-lo para sua cidade. Em Aqaba encontraram o Profeta.Uma pessoa dos peregrinos que estava presente nos dois anos anteriores também se levantou e alertou contra o perigo do seu compromisso e sua preparação para executá-lo. Em sua determinação e amor pelo Profeta, juraram defendê-lo com suas próprias vidas, de suas esposas e filhos. Foi então que a Hégira, a emigração para Yathrib, foi decidida.

Ficou conhecido como o Pacto de Guerra, porque envolvia proteger a pessoa do Profeta, através de armas se necessário; e logo após a emigração para Yathrib os versículos corânicos com permissão para guerra em defesa da religião foram revelados. Os versículos são cruciais na história do Islã:

“Ele permitiu (o combate) aos que foram atacados; em verdade, Deus é Poderoso para socorrê-los. São aqueles que foram expulsos injustamente dos seus lares, só porque disseram: Nosso Senhor é Deus! E se Deus não tivesse refreado os instintos malignos de uns em relação aos outros, teriam sido destruídos mosteiros, igrejas, sinagogas e mesquitas, onde o nome de Deus é freqüentemente celebrado. Sabei que Deus secundará quem O secundar, em Sua causa, porque é Forte, Poderosíssimo.” (Alcorão 22:39-40)

Havia chegado um momento decisivo para o Profeta Muhammad, para os muçulmanos e para o mundo. Era destino do Profeta Muhammad, e um aspecto de sua função profética, que demonstrasse as alternativas para os perseguidos e os oprimidos; de um lado, paciência, de outro, o que é chamado pelos cristãos a ‘guerra justa’, mas pela qual, nas palavras de uma revelação corânica posterior – “corrupção certamente cobriria a terra” (Alcorão 2: 251). Por quase treze anos ele e seus seguidores sofreram perseguição, ameaças e insultos sem levantarem a mão para se defenderem. Provaram que isso era humanamente possível. As circunstâncias agora estavam mudando e requeriam uma resposta muito diferente para que a religião do Islã sobrevivesse no mundo. A paz tem suas estações, mas a guerra também, e o muçulmano nunca esquece que todo homem nasce para lutar de uma forma ou de outra, em um nível ou outro, se não fisicamente, então espiritualmente. Aqueles que tentam ignorar esse fato são, mais cedo ou mais tarde, escravizados.

Conspiração para Assassinar o Profeta

Em pequenos grupos os muçulmanos saíram de Meca e pegaram a estrada para Yathrib. A Hégira (‘emigração’) havia começado. Profeta Mohammad (s) ordenou que os muçulmanos emigrassem de Makkah para Medina, individual e coletivamente, durante a escuridão da noite para escaparem das perseguições dos infiéis. Um dos primeiros que conseguiu emigrar foi Abu Salama Al-Makhzumi. E assim sucessivamente a maioria dos crentes conseguiu escapar e emigrar para Madina; até que permaneceram em Makkah somente O Mensageiro de Deus (s), Abu Bakr e Ali Bin Abi Talib ® e outros que por falta de meios e provisões não conseguiram emigrar, a respeito dos quais foi revelado o seguinte versículo no Alcorão: “E pelos fracos, homens, mulheres e crianças que suplicam: Ó Senhor nosso, tira-nos desta cidade, cujos habitantes são opressores; designa-nos, de Tua parte, um protetor e um defensor.”

O único que emigrou publicamente para Medina foi Omar Bin Khattab. Ao montar seu cavalo ele disse em voz alta “Estou emigrando para Madina e aquele que queria que sua esposa se torne viúva e seu filho órfão que me siga até este vale.”

Os incrédulos perceberam que os muçulmanos estavam se reunindo em Madina. O medo do fortalecimento e expansão do Islam fez com que eles se reunissem em Darun-Nadwa para confabular contra o Mensageiro de Deus. Três propostas foram apresentadas. 1° Algemar e prender Mohammad até sua morte, esta proposta não foi aprovada por que temiam que a fama de Mohammad aumentasse e a simpatia de seus seguidores os arrastariam para uma longa guerra. 2° Expulsar Mohammad da Arábia, esta proposta também foi rejeitada, pois temiam que ele voltasse com mais seguidores e se vingasse deles. Foi então quando Abu Jahal, levantou-se e disse: “A minha idéia final é de que ele seja morto. Mas há o perigo de Banú Hachim se vingar de nós. A saída disso é não ser homens de uma só tribo, mas escolheremos os mais bravos jovens de cada tribo para atacarem conjuntamente e matarem-no de uma só vez. Assim todas as tribos serão representadas no assassinato e desta forma a tribo de Banú Hachim não poderá combater e vingar-se de todos eles, portanto terão que aceitar a indenização em dinheiro, o que podemos dar conjuntamente.” De imediato esta proposta foi aceita, pois parecia perfeita. Mas o plano de Allah está acima de todos os planos, conforme revelado no Alcorão: na surat:Al Anfal

“30.Recorda-te (ó Mensageiro) de quando os incrédulos confabularam contra ti, para aprisionar-te, ou matar-te, ou expulsar-te. Confabularam entre si, mas Deus desbaratou-lhes os planos, porque é o mais duro dos desbaratadores.”

Alguns dias antes da emigração, o Profeta foi até a casa de Abu Bakr e deu-lhe a noticia de que Allah havia autorizado a emigrar e que ele será o seu companheiro de viajem. Abu Bakr emocionou-se com tamanha honra. E Aisha relatou que jamais viu alguém chorar de tanta alegria como Abu Bakr.

Honrado pela companhia, Abu Bakr preparou duas camelas para a viagem e ofereceu uma delas para O Profeta (saaws), mas Ele insistiu em pagar pelo seu transporte, pois não é permitido aos profetas receberem algo em caridade. Abu Bakr e Mohammad haviam planejado cada detalhe da viajem; incumbiram Abdallah filho de Abu Bakr de informa-los tudo que visse e escutasse de planos e atividades dos descrentes de Macca. Assmá, filha de Abu Bakr foi incumbida de levar comida e água até eles. E Amir Bin Fahir escravo liberto por Abu Bakr tinha o cargo de trazer leite fresco todos os dias ao anoitecer e apagar as pegadas das pessoas com a passagem de seu rebanho.

Tornava-se, agora, impossível , para ele, permanecer em sua casa, deve-se notar que a despeito da hostilidade para com a missão do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), os pagãos de Makkah continuaram a Ter confiança sem limites na probidade do Profeta Muhammad tanto assim que muitos deles costumavam deixar as suas finanças guardadas com ele.

O Profeta Muhammad , então, confiou esses depósitos a um primo, que se chamava Ali, com instruções para devolvê-los, oportunamente, aos proprietários de direito.

A hejrah deu-se em uma das dez ultimas noites do mês de Safar do décimo terceiro ano da mensagem. Naquela noite Ali (r A a) dormiu na cama do Profeta Mohammad (s) e cobriu-se com seu manto. Os Incrédulos já haviam montado o cerco á casa; e quando olhavam pelo buraco da porta viam Ali deitado na cama e pensavam que era o Profeta, e tranqüilos aguardavam a sua saída para matá-lo. Ele sabia que não feririam Ali. E então o Profeta saiu de sua casa recitando o versículo da surat Yassin: “E fizemos uma barreira adiante deles e uma barreira detrás deles, nevoamo-lhes as vistas: então nada enxergam.” Em seguida partiu até a casa de Abu Bakr (r) e seguiram juntos para a caverna de Thaur, onde permaneceram 3 dias.

Abu Bakr caminhava a sua frente e quando lembrava que poderiam estar sendo seguidos caminhava atrás do nobre Profeta. Quando alcançaram a entrada da caverna, Abu Bakr entrou primeiro; limpou o interior da caverna, e depois pediu para o Profeta entrar. Abu Bakr sentou-se e o Profeta descansava sua nobre cabeça sobre o colo de Abu Bakr. E enquanto ele dormia Abu Bakr foi picado em seu pé. Ele não quis acordá-lo, mas quando suas lagrimas caíram sobre o rosto do profeta ele despertou e aplicou saliva no local da picada e então Abu Bakr curou imediatamente.

Os descrentes de Mecca alvoroçados pelo premio de cem camelos para quem capturar Mohammad (s) vivo ou morto ou indicar o seu paradeiro intensificaram as buscas, mas não tinham pistas e disseram: Parece que os dois voaram para o céu ou esconderam debaixo da terra. Até que chegaram à entrada da caverna.

Mas a ajuda divina revelou-se com uma frágil teia de aranha e ninho com ovos de pombos na entrada da caverna. Este milagre fez com que Umayah bin Khalaf e os descrentes acreditassem que nada havia adentrado a caverna antes mesmo do nascimento do Profeta(s). Eles estavam tão próximos, que se abaixassem para olhar descobri-los-iam.

bu Bakr estava com medo e disse: “Ó Mensageiro de Deus, se um deles olhar para o próprio pé, nos verá!” O Profeta respondeu:

“O que você pensa de duas pessoas com as quais Deus é o Terceiro? Não fique triste, porque de fato Deus está conosco.” (Saheeh Al-Bukhari)

Os incrédulos, ao verem a teia de aranha, o ninho de pombos e a ausência de pegadas, retornaram certos de que, ninguém estava ali.

Quando o grupo de busca partiu, Abu Bakr recebeu os camelos e o guia na caverna à noite, e partiram para a longa cavalgada até Yathrib.

Suraka bin Malik sabia de tal recompensa para capturar o profeta (s) e ao escutar uma conversa a respeito da rota de Mohammad (saaws) disfarçadamente pegou sua arma e seu cavalo e seguiu a rota até que os avistou; se aproximou deles, mas por várias vezes seu cavalo afundava na areia e ele caia, e uma cortina de fumaça apareceu a sua frente, então Suraka percebeu que aquilo era um mal pressagio e gritou que o esperassem e jurou não fazer nenhum mal. O Profeta (saaws) respondeu volte Suraka e não informe os kuraishitas a nosso respeito que terás aos seus pés as muralhas da Pérsia. Seguiram a jornada e sentiram muita fome e sede até que chegaram na tenda de uma senhora conhecida como EM Maabad e pediram algo para comer ou beber e não havia nada a não ser uma cabra magra e doente, O Profeta pediu permissão para ordenhar a cabra, desacreditada que tivesse alguma gota ela permitiu, e então com suas mãos honradas começou a ordenhar e fez uma prece, até que encheu um recipiente deu de beber a senhora Em Maabad, em seguida seus companheiros Abu Bakr e O Guia e por fim bebeu.

Prosseguiram em viajem até que chegaram em Kubaá um local próximo de Madina onde permaneceram alguns dias e neste local construíram a primeira mesquita da história do Islam. Isto está relatado na surat Attabah 108 “Uma mesquita fundada sobre a piedade é mais digna de nela orares e ali há homens ansiosos para se purificarem. ALLAH ama os que se purificam.”

Semanas antes, o povo da cidade ouviu que o Profeta tinha deixado Meca e, portanto, iam para os montes locais todas as manhãs, esperando pelo Profeta até que o calor os levasse a buscar abrigo. Os viajantes chegaram no calor do dia, após os observadores terem se retirado. Um judeu que estava fora o viu se aproximando e avisou os muçulmanos que aquele que esperavam tinha finalmente chegado, e os muçulmanos foram para os montes de Kubaa para saudá-lo.

O Profeta ficou em Kubaa por alguns dias, e lá estabeleceu a primeira mesquita do Islam. Ali, que tinha deixado Meca a pé, três dias depois do Profeta, tinha chegado também. O Profeta, seus companheiros de Meca e os “Ajudantes” de Kubaa o levaram para Medina, onde tinham antecipado ansiosamente sua chegada.

Os habitantes de Medina nunca viram um dia mais animado em sua história. Anas, um amigo próximo do Profeta, disse:

“Eu estava presente no dia que ele entrou em Medina e nunca vi um dia melhor ou mais animado que o dia que ele chegou para nós em Medina. E estava presente no dia que ele morreu, e nunca vi um dia pior ou mais triste do que o dia no qual ele morreu.” (Ahmed)

Toda casa em Medina queria que o Profeta ficasse com eles, e alguns tentaram levar sua camela para suas casas. O Profeta os impediu e disse:

“Deixe-a, porque ela está sob Comando (Divino)”.

Ela passou por muitas casas até que parou e se ajoelhou na terra de Banu Najjaar. O Profeta não desceu até que a camela se levantou e andou um pouco, e então se voltou para o local original e se ajoelhou novamente. Nesse momento o Profeta desceu. Ele ficou feliz com sua escolha, porque Banu Najjaar eram seus tios maternos e ele também desejava honrá-los. Quando indivíduos da família pediram que entrassem em suas casas, um certo Abu Ayyoub se adiantou para cuidar de sua sela e a levou para sua casa. O Profeta disse:

“Um homem vai com sua sela.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

A primeira tarefa que empreendeu em Medina foi construir uma mesquita. O Profeta, que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele, perguntou aos dois meninos que eram proprietários do armazém de tâmaras o preço do depósito. Eles responderam: “Não, faremos dele um presente para ti, Ó Profeta (que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele) de Deus!” O Profeta (que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele), entretanto, recusou sua oferta, pagou seu preço e construiu uma mesquita, tomando parte em sua construção. Enquanto trabalhava, foi ouvido dizendo:

“Ó Deus! Não há bondade exceto a da Vida Futura então, por favor, perdoe os Ajudantes e os Emigrantes.” (Saheeh Al-Bukhari)

A mesquita servia como local de adoração para os muçulmanos. A oração que antes era um ato individual realizado em segredo agora se tornou um assunto público, um que simboliza uma sociedade muçulmana. O período no qual os muçulmanos e o Islam estavam subjugados e oprimidos tinha acabado e agora o adhan, o chamado para oração, seria feito em voz alta, ecoando e penetrando as paredes de toda casa, chamando e lembrando os muçulmanos de cumprirem sua obrigação com seu Criador. A mesquita era um símbolo da sociedade islâmica. Era um local de adoração, uma escola onde os muçulmanos se iluminavam sobre as verdades da religião, um local de reunião onde as diferenças de várias partes em conflito se resolviam, e um prédio administrativo a partir do qual os assuntos referentes à sociedade emanavam, um verdadeiro exemplo de como o Islã incorpora todos os aspectos da vida na religião. Todas essas tarefas eram empreendidas em um local construído sobre os troncos de tamareiras cobertos com suas folhas.

Quando a primeira e mais importante tarefa foi concluída, ele também fez casas em ambos os lados da mesquita para sua família, dos mesmos materiais. A mesquita e a casa do Profeta em Medina continuam hoje no mesmo lugar.

O Profeta (saaws) criou uma relação de irmandade entre os Muhajirin aqueles que emigraram e os ansar aqueles que os receberam em Madina, amavam-se uns aos outros mais do que irmãos de sangue, amavam-se aponto de uma pessoa dentre os ansar se abdicar de uma de suas esposas, separando-se legalmente dela, para que seu irmão muhajir se desposa-se dela. Isto esta relatado na surat Alhashr 9-“ Os que antes haviam se estabelecido em Madina e adotado a fé mostram afeição por aqueles que imigraram para eles e não alimentam inveja em seus peitos, pelo que lhes foi dado(aos imigrantes) de despojos. Por outra , preferem-nos em detrimento de si mesmos embora eles mesmos sofram de penúria.”

Se é tentado a descrever como um ‘milagre’ o fato dessa situação não ter causado qualquer ressentimento entre aqueles que de forma tão repentina eram obrigados a incluir pessoas totalmente estranhas em suas famílias. Esse laço de irmandade quebrou os de linhagem, cor, nacionalidade e outros fatores que antes eram considerados como um padrão de honra. Os únicos laços que importavam agora eram religiosos. Raramente o poder da fé em mudar os homens foi demonstrado de forma mais clara.

Os muçulmanos de Meca, entretanto, não tinham esquecido suas antigas habilidades. Quando seu novo irmão lhe disse: ‘Ó mais pobre dos pobres, como posso ajudá-lo? Minha casa e meus fundos estão a seu dispor!’, um ‘emigrante’ respondeu: ‘Ó mais gentil dos amigos gentis, apenas me mostre o caminho para o mercado local. O resto virá.’ Diz-se que esse homem começou vendendo queijo e manteiga e logo ficou rico o suficiente para pagar o dote de uma moça local e, no devido curso, foi capaz de equipar uma caravana de 700 camelos.

Esse tipo de empreendimento era encorajado, mas existiam também aqueles que não tinham habilidade para fazê-lo e nem tinham família ou propriedade. Passavam o dia na mesquita e à noite o Profeta os colocava com vários indivíduos dos Ajudantes. Ficaram conhecidos como ‘Ahl us-Suffa.’ Alguns eram alimentados na própria mesa do Profeta, quando havia algo, e com cevada tostada da comunidade.

Em seguida, foi feio um tratado de paz entre todas com os judeus e os demais descrentes de Madina com o intuito de fortalecer Madina frente a hostilidade de Kuraish, na qual ficou acordado que teriam status igual como cidadãos de um estado e plena liberdade religiosa, e que defenderiam uns aos outros se fossem atacados..

Mas como já sabemos e por tradição os judeus quebram seus tratados e por tal motivo foram mais tarde expulsos de Madina. Mas sua idéia de um Profeta era a de um que lhes daria domínio, e um profeta judeu, não um árabe. Os judeus também tinham lucrado muito com a rivalidade entre as tribos árabes, uma vez que era através dessa instabilidade da região que tinham conseguido o predomínio no comércio e mercadorias. A paz entre as tribos de Medina e áreas vizinhas era uma ameaça aos judeus.

Além disso, entre os habitantes de Medina existiam aqueles que se ressentiam dos recém-chegados, mas que mantinham a paz por enquanto. O mais poderoso deles, Abdullah ibn Ubayy ibn Salool, estava extremamente ressentido com a chegada do Profeta, uma vez que ele era o líder de fato de Yathrib antes do Profeta. Ele aceitou o Islã como simples formalidade, embora mais tarde viesse a trair os muçulmanos como o líder dos ‘hipócritas.’

Devido a esse ódio comum em relação ao Profeta, aos muçulmanos, e à nova situação de Yathrib, a aliança entre os judeus e os ‘hipócritas’ de Medina era quase inevitável. Ao longo da história dos muçulmanos em Medina, eles tentaram seduzir os seguidores da nova religião, conspirando e tramando constantemente contra eles. Devido a isso, existe menção frequente dos judeus e hipócritas nos capítulos de Medina do Alcorão.

A Hégira havia sido completada. Era 23 de setembro de 622, e a Era Islâmica, o calendário muçulmano, começa no dia que esse evento ocorreu. E desse dia em diante Yathrib recebeu um novo nome, um nome de glória: Madinat-un-Nabi, Cidade do Profeta, resumindo, Medina.

Assim foi a Hégira, a emigração de Meca para Yathrib. Os treze anos de humilhação, perseguição, de sucesso limitado, e de profecia ainda por se cumprir estavam para trás.

Os dez anos de sucesso, a plenitude que coroou o empenho de um homem, tinham começado. A Hégira fez uma divisão clara na história da Missão do Profeta, que é evidente do Alcorão. Até então ele tinha sido apenas um pregador. Dali em diante ele era o governante de um Estado, a princípio muito pequeno, mas que cresceu em dez anos para se tornar o império da Arábia. O tipo de orientação que ele e seu povo precisavam depois da Hégira não era o mesmo daquele que tinham precisado antes. Os capítulos de Medina diferem, consequentemente, dos capítulos de Meca. Os últimos dão orientação à alma individual e ao Profeta como Admoestador: os primeiros dão orientação a uma comunidade social e política e ao Profeta como exemplo, legislador e reformador.

Ao se preocupar, Mohammad, com os interesses materiais da comunidade, não foi negligenciado o aspecto espiritual. Mal passara um ano, desde a migração para Madina, quando a mais rigorosa das disciplinas espirituais, o jejum de um mês inteiro, todos os anos, no mês de Ramadan, foi imposta a todo homem e mulher, muçulmanos, adultos.

A principal refeição do Profeta Muhammad usualmente era mingau cozido com tâmaras e leite, sua única outra refeição do dia era tâmaras e água; mas ele frequentemente ficava com fome, e às vezes até colocava pedras sobre seu estômago para aliviar seu desconforto. Um dia uma mulher lhe deu um manto – algo que ele precisava muito – mas na mesma noite alguém pediu o manto para fazer uma mortalha e ele prontamente o deu como caridade. Os que tinham algum excedente traziam-lhe comida, mas parecia que ele nunca conseguia mantê-la por tempo suficiente para prová-la, já que sempre havia alguém em necessidade maior. Com a força física diminuída – agora com cinquenta e dois anos – ele lutava para construir uma nação baseada na verdadeira religião do Islã a partir do variado sortimento de pessoas que Deus lhe deu como matéria-prima.

Inicio do Azan (Chamamento a Oração)



O Islam não ordena que o crente dedique todo o seu tempo unicamente a Mesquita. Diz sim, que da mesma forma que a oração é obrigatória no seu devido tempo, ganhar o lícito para a sua provisão e dos seus familiares também é obrigatório. Para isso o crente tem que se ocupar dos negócios e outros assuntos considerados mundanos. Era preciso que houvesse um sistema em que as pessoas se juntassem na hora determinada para a oração em congregação na Mesquita, para cumprirem também, o dever de Deus depois de já terem cumprido os assuntos mundanos.

As cinco orações, como já foi referido, foram tornadas obrigatórias no "Miraj", ainda em Macca, mas com as perseguições dos coraixitas era difícil formar a oração em congregação. Quando em Madina os crentes já se sentiam seguros, Deus tornou obrigatório para eles o Zakat (Tributo) e o jejum. Havia agora necessidade de estabelecer um sistema para chamar as pessoas a oração em congregação na hora marcada, uma vez que o espírito de todas as obrigações do Islam, são o coletivismo e a união. Até essa altura, por não existir um sistema organizado para o chamamento a oração, ainda não havia a oração em congregação, bem organizada. As pessoas faziam um cálculo do tempo e apareciam na Mesquita para fazerem a oração.

O Profeta não estava de acordo com este sistema, esse espírito não podia durar nas futuras gerações. Surgiu, então, a questão de como indicar as pessoas a hora da oração em congregação. Por isso o Profeta chamou os crentes para os consultar e ter a sua opinião a este respeito. Houve várias idéias, e várias opiniões foram dadas, como o chamamento através da corneta como fazem os judeus, ou ser soprada a trombeta ou ser tocado o sino como fazem os cristãos, ou ser aceso o fogo como fazem os zoroastros, ou ser içada uma bandeira no topo da Mesquita na hora da oração, mas isso não poderia despertar o que estivesse a dormir ou o distraído. Por isso, estes métodos não podiam servir de chamamento a oração, porque em nenhum deles havia a glorificação a Deus, Sua recordação e lembrança. Além disso, todas estas religiões já não eram autenticas, estavam deturpadas e confusas com o politeísmo. Portanto, não era digno para uma adoração dedicada puramente a Deus tomar o método confuso com o politeísmo de informação da chegada da hora da oração. Por isso o Profeta não aceitou nenhum destes métodos. Omar apresentou depois a sua idéia, dizendo ao Profeta que se devia anunciar em voz alta no momento da oração. Idéia esta aceita pelo Profeta que disse ao Bilal para que quando chegasse a hora da oração anunciasse desta forma. Contudo, essa não foi a decisão final. Por isso, a preocupação de uma solução permanente continuou. Entretanto, numa das noites, vários crentes sonharam. Abdallah Bin Zaid Bin Abd Rabbih conta o seu sonho da seguinte forma: Vi um homem a vender uma corneta, perguntei-lhe o preço, e ele perguntou-me porque é que eu queria comprar. E respondi-lhe que era para anunciar a chegada do momento da oração. Esse homem, que estava vestido de verde, disse-me: Eu posso te dar a melhor solução para isso: Quando chegar a hora da oração, um de vós deverá dizer em voz alta as seguintes palavras:

Alláho akbar, Alláho akbar
Ach hado an lá ilaha illaláh
Ach hado na lá ilaha illaláh
Ach hado anna Mohammad Rassulullah
Ach hado anna Mohammad Rassulullah
Haia alas salah, Haia alas salah
Haia alalfalah, Haia alalfalah
Alláho akbar, Alláho akbar
Lá ilaha illaláh.

Deus é grandioso, Deus é grandioso.
Testemunho que não há outra divindade exceto Deus.
Testemunho que não há outra divindade exceto Deus.
Testemunho que Mohammad é Mensageiro de Deus.
Testemunho que Mohammad é Mensageiro de Deus.
Venham à oração. Venham à oração.
Venham à salvação. Venham à salvação.
Deus é grandioso, Deus é grandioso.
Não há outra divindade exceto Deus.

O homem disse, ainda, que quando começar a oração devem ser repetidas as mesmas palavras e depois de Haia Alal Falah (Venham à salvação) devem ser acrescentadas Cad Cámatis Saláh (A Oração está preste a começar). Quando o Profeta ouviu este sonho disse logo: "Sonho verdadeiro". Bilal era quem tinha a voz mais forte e bela. Por isso, o Profeta encarregou-o de fazer o chamamento à oração, e pediu a Abdullah Bin Zaid Abd Rabbih para que lhe ditasse as referidas palavras.

Quando Omar ouviu o chamamento veio correndo, e disse ao Profeta: "Por aquele que te enviou como Profeta! Eu também sonhei as mesmas palavras". E o Profeta agradeceu a Deus por encontrar mais provas. Estas, simples, suaves, melodiosas e encantadoras palavras do chamamento à oração, resumem o islamismo em poucas e doces frases. Ao mesmo tempo, são uns alimentos espirituais para todos os muçulmanos dos quatro cantos da terra. Em todas as Mesquitas, cinco vezes por dia, é praticado o chamamento. Se Mohammad mais nada além de instituir esse chamamento à oração, era-lhe suficiente tornar-se um imortal. Mas a sua fama está em milhares de grandes proezas iguais.

Havia uma casa ao lado da Mesquita, que era relativamente mais alta, de onde Bilal costumava fazer o chamamento a partir do telhado. A casa era pertencente a uma família da tribo Banu Najjar.

O chamamento islâmico à oração é igualmente um chamamento ao islamismo, cantado belamente com uma boa voz e transportado nas ondas do ar para todos os cantos do horizonte.

Ao ouvir essa voz a dizer "Não há outra divindade senão Deus o Único", os muçulmanos já se sentiam seguros e não tinham mais receios em relação aos idólatras. O Profeta tinha dois Muazzins (pessoas que fazem o chamamento) em Madina, Bilal e Abdallah Ibn Umm Maktum. Depois de fazer o Azzan no Fajr dizia: "As salátu khairun minan naum" (A Oração é melhor que o sono).

Então, o Profeta confirmou-o e disse para que acrescentasse essa frase no Azzan de Al Fajr.


A Qibla

A Qibla (a direção para a qual os muçulmanos se viram quando oram) até esse ponto tinha sido Jerusalém. Os judeus imaginavam que a escolha implicava uma inclinação em relação ao Judaísmo e que o Profeta precisava de sua instrução. O Profeta queria que a Qibla fosse mudada para a Caaba. O primeiro lugar na terra construído para a adoração de Deus, e reconstruído por Abraão. No segundo ano depois da migração, o Profeta recebeu o comando para mudar a Qibla de Jerusalém para a Caaba em Meca. Uma porção inteira da Surata Al-Bácara se refere a essa controvérsia judaica.

As Primeiras Expedições

A primeira preocupação do Profeta como governante era estabelecer adoração pública e formular a constituição do Estado: mas ele não esqueceu que os Coraixitas tinham jurado dar fim à sua religião. Enfurecidos porque o Profeta tinha tido sucesso em migrar para Medina, eles aumentaram sua tortura e perseguição aos muçulmanos que ficaram para trás em Meca. Suas tramas maléficas não ficaram nisso. Também tentaram fazer alianças secretas com alguns politeístas de Medina, como Abdullah ibn Ubayy anteriormente mencionado, ordenando que ele matasse ou expulsasse o Profeta.

Os Coraixitas com frequência enviavam mensagens ameaçadoras para os muçulmanos de Medina alertando-os de sua aniquilação, e tantas notícias sobre conspirações e tramas chegaram ao Profeta que ele pediu o posicionamento de guardas ao redor de sua casa. Foi nessa época que Deus deu permissão aos muçulmanos para lutar contra os descrentes.

Por treze anos tinham sido pacifistas estritos. Agora, entretanto, várias expedições pequenas foram enviadas, lideradas pelo próprio Profeta ou por algum outro dos emigrantes de Meca com o propósito de fazer um reconhecimento das rotas que levavam até Meca, e também formar alianças com outras tribos. Outras expedições eram lideradas para interceptar algumas caravanas retornando da Síria em rota para Meca, uma forma dos muçulmanos fazerem pressão econômica sobre os Coraixitas e acabar seu assédio dos muçulmanos, tanto em Meca quanto em Medina. Poucas dessas expedições resultaram em batalha, mas através delas os muçulmanos estabeleceram sua nova posição na Península Árabe, a de que não eram mais um povo fraco e oprimido, mas ao contrário que sua força tinha crescido e eram agora um poder formidável nada fácil de lidar.

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“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

Assalamu Aleikum war Matulahi wa Baraketu