domingo, julho 11, 2010

Profeta Muhammad e a Campanha de Badr - 5ª Parte da Biografia do Profeta SAAS

Em uma expedição a caravana coraixita em rota para Síria escapou dos muçulmanos. Os muçulmanos esperavam por seu retorno. Alguns batedores dos muçulmanos viram a caravana, liderada pelo próprio Abu Sufyan, passar por eles, e correram para informar ao Profeta disso e de seu tamanho. Se essa caravana fosse interceptada seria um grande impacto econômico, um que abalaria toda a sociedade dos mecanos. Os batedores muçulmanos relataram que a caravana faria uma parada nos poços de Badr, e os muçulmanos se preparavam para interceptá-la.

Notícias sobre essas preparações chegaram a Abu Sufyan em sua jornada ao sul, e ele enviou uma mensagem urgente para Meca para que um exército fosse despachado para líder com os muçulmanos. Percebendo as consequências catastróficas se a caravana fosse interceptada, imediatamente reuniram todo o poder possível e partiram para encontrar os muçulmanos. No caminho para Badr o exército recebeu as notícias de que Abu Sufyan tinha conseguido escapar dos muçulmanos levando a caravana por uma rota alternativa junto ao litoral. O exército de Meca, com aproximadamente mil homens, seiscentos deles usando escudos, 100 cavalos e 700 camelos, e uma grande quantidade de provisões para durar por muitos dias, persistiu em Badr para ensinar uma lição aos muçulmanos, dissuadindo-os de atacar quaisquer caravanas no futuro.

Quando os muçulmanos tomaram conhecimento do avanço do exército de Meca, souberam que um passo ousado teria que ser dado. Se os muçulmanos não os encontrassem em Badr, os mecanos continuaram a minar a causa do Islam de todas as formas, possivelmente indo até Medina para destruir propriedades e bens lá. O Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, reuniu um conselho consultivo para determinar o curso de ação. O Profeta não queria liderar os muçulmanos, especialmente os Ajudantes que eram a maioria do exército e não estavam obrigados pelo Pacto de Aqaba a lutar além de seus territórios, em algo com o qual não concordassem.

Muitos muhajirin (os muçulmanos que emigraram de Meca para Medina) falaram, usando as mais eloquentes palavras para descrever sua dedicação. Mas havia um sahabah (companheiro) a quem todos os outros invejavam por sua declaração a Mensageiro de Allah (saw). Ele, Miqdad ibn al Aswad, se levantou diante da multidão e disse "Ó Mensageiro de Allah! Não diremos a você o que Bani Israel disse a Moisés, 'Vá você e seu Senhor, e lute, ficaremos aqui sentados (esperando).' (Surata al-Maeda). Vá com a bênção de Allah e estaremos com você!" E assim Mensageiro de Allah (saw) ficou muito satisfeito mas, em sua grande sabedoria, ele aguardou silenciosamente e alguns muçulmanos sabiam o que ele pretendia. Até então só os muhajirun tinham dado o seu consentimento, mas eram os ansar (os muçulmanos que viviamem Medina e receberam os muçulmanos em sua cidade) que queriam desistir e não era parte do compromisso (que Mensageiro de Allah tinha feito com os ansar em 'Aqabah) que eles lutassem juntamente com os muçulmanos em território estrangeiro. Assim, o grande líder dos Ansar, Sa'd ibn Mu'adh falou (Ó Mensageiro de Allah! Talvez você queira dizer nós também." Mensageiro de Allah (saw) respondeu afirmativamente. Sa'd então proferiu um belo discurso onde ele, entre outras coisas, disse: “Ó Profeta de Deus!

Acreditamos em você e testemunhamos o que nos concedeu, e declaramos em termos inequívocos que o que trouxe é a Verdade. Damos-lhe nosso firme compromisso de obediência e sacrifício. Obedeceremos de boa vontade no que quer que nos ordene, e por Deus Que o enviou com a Verdade, se nos pedir para mergulhar no mar, o faremos imediatamente, e nenhum homem ficará para trás. Não rejeitamos a idéia de encontrar o inimigo.

Temos experiência em guerra e somos confiáveis em combate. Esperamos que Deus lhe mostre através de nossas mãos aqueles atos de valor que agradarão seus olhos. Lidere-nos no campo de batalha em Nome de Deus.’

Mensageiro de Allah (saw) ficou muito satisfeito e disse "Adiante e animem-se, porque Allah prometeu a mim um de dois (ou a caravana ou a batalha) e por Allah é como se agora eu visse o inimigo prostrado."

Depois dessa demonstração de extremo apoio e amor pelo Profeta e pelo Islam tanto por parte dos Emigrantes quanto dos Ajudantes, os muçulmanos, em número um pouco acima de 300, se prepararam da melhor forma possível para Badr. Tinham apenas setenta camelos e três cavalos e por isso os homens cavalgavam em turnos. Prosseguiram para o que é conhecido na história como al- Yawm al-Furqan, o Dia do Discernimento; discernimento entre luz e trevas, bem e mal, certo e errado.

Os muçulmanos marcharam e acamparam o mais próximo da fonte de Badr (próximo a Medina, que fica ao norte de Meca). Um dos companheiros, Al-Hubab ibn Mundhir, perguntou a Mensageiro de Allah (saw), "Allah inspirou você a escolher este lugar ou é uma estratégia de guerra e o resultado da consulta?" Mensageiro de Allah (saw) disse, "É o resultado de uma estratégia de guerra e da consulta." Assim Al-Hubab sugeriu que os muçulmanos acampassem mais ao sul, perto do poço d'água, fizessem uma banheira de água para eles e destruíssem os outros poços para limitar o acesso dos coraixitas à água. Mensageiro de Allah (saw) aprovou seu plano e o cumpriu (*) Então, Sa'b ibn Mu'adh sugeriu que fosse construída uma cerca ou uma barraca para Mensageiro de Allah (saw) como uma proteção para ele e para servir como quartel-general para o exército. Mensageiro de Allah (saw) e Abu Bakr ficaram na barraca enquanto Sa'd ibn Mu'adh e um grupo de seus homens a guardavam. Precedendo o dia da batalha, o Profeta passou a noite toda em oração e súplica.

Excepcionalmente, naquela mesma noite, a noite quando as tensões deveriam estar elevadas por causa de um dos maiores acontecimentos da história, a noite anterior à batalha que poderia significar o avanço ou a derrota do Islam, em lugar de estarem nervosos, preocupados ou insones, os muçulmanos usufruíram de um sono reparador. Aquela era a noite de 17 de Ramadan, do ano 2 da Hégira. Esta foi uma bênção divina a que Allah Se referiu no Alcorão:

"E de quando Ele,para vosso sossego,vosenvolveu num sono,enviou-vos água do céu para,com ela,vos purificardes, livrardes da imundície de Satanás, e para confortardes os vossos corações e afirmardes os vossos passos." (8:11)

Asegunda bênção de Allah (swt) citada neste versículo é a chuva que Ele enviou para os fiéis naquela noite. O lugar onde os muçulmanos estavam acampados era arenoso, difícil de caminhar porque os pés podiam afundar facilmente. Allah (swt) enviou a chuva para tornar o solo firme e enviou o sono para fazer com seus corações ficassem firmes. No dia seguinte, Mensageiro de Allah (saw) ainda dormia quando os coraixitas vinham se aproximando. Abu Bakr (ra) hesitou em acordar o nobre Mensageiro (saw) mas foi forçado a fazê-lo porque os coraixitas aproximavam rapidamente.

Os muçulmanos estavam enfileirados. Quando os contendores ficaram próximos e eram visíveis uns para os outros, Mensageiro de Allah começou a suplicar, "Ó Allah! Os coraixitas vaidosos e arrogantes já estão aqui e Te desafiam e desmentem Teu Mensageiro. Ó Allah! Espero pela vitória que Tu me prometestes. Rogo a Ti, Allah, que os derrote." Ele (saw) deu ordens estritas para que seus homens não iniciassem a luta até que ele lhes desse a palavra final. Ele recomendou que eles usassem suas setas com parcimônia (1) e que não as disparassem a não ser que os inimigos ficassem muito perto.(2) Os coraixitas estavam confiantes e arrogantes por causa de sua superioridade numérica, de armas e provisões, mas é Allah (swt) quem decide as questões:

"(Ó incrédulos) se imploráveis a vitória, eis a vitória que vos foi dada; se desistirdes, será melhor para vós; porém,se reincidirdes,voltaremos a vos combater e de nada servirá o vosso exército, por numeroso que seja, porque Allah está com os fiéis." (8:19)

Excepcionalmente, naquela mesma noite, a noite quando as tensões deveriam estar elevadas por causa de um dos maiores acontecimentos da história, a noite anterior à batalha que poderia significar o avanço ou a derrota do Islam, em lugar de estarem nervosos, preocupados ou insones, os muçulmanos usufruíram de um sono reparador. Aquela era a noite de 17 de Ramadan, do ano 2 da Hégira. Esta foi uma bênção divina a que Allah Se referiu no Alcorão:

"E de quando Ele,para vosso sossego,vosenvolveu num sono,enviou-vos água do céu para,com ela,vos purificardes, livrardes da imundície de Satanás, e para confortardes os vossos corações e afirmardes os vossos passos." (8:11)

Asegunda bênção de Allah (swt) citada neste versículo é a chuva que Ele enviou para os fiéis naquela noite. O lugar onde os muçulmanos estavam acampados era arenoso, difícil de caminhar porque os pés podiam afundar facilmente. Allah (swt) enviou a chuva para tornar o solo firme e enviou o sono para fazer com seus corações ficassem firmes. No dia seguinte, Mensageiro de Allah (saw) ainda dormia quando os coraixitas vinham se aproximando. Abu Bakr (ra) hesitou em acordar o nobre Mensageiro (saw) mas foi forçado a fazê-lo porque os coraixitas aproximavam rapidamente. Os muçulmanos estavam enfileirados. Quando os contendores ficaram próximos e eram visíveis uns para os outros, Mensageiro de Allah começou a suplicar, "Ó Allah! Os coraixitas vaidosos e arrogantes já estão aqui e Te desafiam e desmentem Teu Mensageiro.

Ó Allah! Espero pela vitória que Tu me prometestes. Rogo a Ti, Allah, que os derrote." Ele (saw) deu ordens estritas para que seus homens não iniciassem a luta até que ele lhes desse a palavra final. Ele recomendou que eles usassem suas setas com parcimônia e que não as disparassem a não ser que os inimigos ficassem muito perto. Os coraixitas estavam confiantes e arrogantes por causa de sua superioridade numérica, de armas e provisões, mas é Allah (swt) quem decide as questões:

"(Ó incrédulos) se imploráveis a vitória, eis a vitória que vos foi dada; se desistirdes, será melhor para vós; porém,se reincidirdes,voltaremos a vos combater e de nada servirá o vosso exército, por numeroso que seja, porque Allah está com os fiéis." (8:19)

Era costume para os árabes começarem as batalhas com duelos individuais.

Abatalha começou com um confronto entre três homens de cada lado:

- Hamza (tio de Mensageiro de Allah) contra 'Utbah ibn Rabi'a
- Ali (primo de Mensageiro de Allah) contra Al-Walid ibn 'utbah
- 'Ubaidah ibn al Haraith contra Shaybah ibn Rabi'a.

Nos dois primeiros confrontos, Hamza e Ali mataram seus oponentes, mas 'Ubaidah (apesar de matar seu oponente) foi gravemente ferido e morreu quatro ou cinco dias mais tarde. A luta se intensificou e houve vários outros duelos. Os Coraixitas ficaram enfurecidos e caíram sobre os muçulmanos para exterminá-los de uma vez por todas. Os muçulmanos mantiveram a posição estratégica de defesa, que por sua vez produziu pesadas baixas para os mecanos.

No de tudo isto, Mensageiro de Allah (saw) continuava a suplicar a seu Senhor. Ele (saw) disse, "Ó Allah! Se este grupo (de muçulmanos) for derrotado hoje, Tu nunca mais sereis adorado." Abu Bakr testemunhou esta súplica contínua e disse a Mensageiro de Allah (saw) "Ó Mensageiro de Allah, você pediu tão alto que seu Senhor certamente cumprirá o que lhe prometeu." Profeta implorava a Seu Senhor com toda sua força nesse momento, levantando suas mãos tão alto que seu manto caiu abaixo de seus ombros. A resposta de Allah (swt) foi imediata. Nesse ponto ele recebeu uma revelação prometendo a ajuda de Deus:

“... Reforçar-vos-ei com mil anjos, que vos chegarão paulatinamente.” (Alcorão 8:9)

Mensageiro de Allah (saw), em sua barraca, adormeceu por um instante e em seguida levantou sua cabeça alegremente gritando "Ó Abu Bakr! Boas notícias. A vitória de Allah se aproxima. Por Allah, eu vi Jibril montado em sua égua em meio a uma tempestade de areia." Então ele saiu da barraca e disse: ""sayuhzamul jam’u wa yuwwalloonad-dubur" (Alcorão 54:45). (Logo a multidão será posta a correr e debandará)

Na verdade, este é um dos milagres do Alcorão porque este versículo foi revelado em Meca antes de que os eventos de Badr acontecessem. Omar (ra), ao ouvir Mensageiro de Allah (saw) revelar este versículo disse na ocasião, "Quando este versículo foi revelado, perguntei a Mensageiro de Allah qual o seu significado. Que multidão? Que derrota? E Mensageiro de Allah (saw) não me respondeu. Mas quando eu o vi recitar naquela ocasião, eu então compreendi. Então, Mensageiro de Allah (saw) pegou um punhado de areia, jogou no inimigo e disse: "Que a confusão se apodere de seus rostos"

Quando ele atirou a poeira uma violenta tempestade de areia se espalhou como uma rajada quente nos olhos do inimigo. Sobre isto, diz Allah: "Vós não os aniquilastes, (ó muçulmanos)! Foi Allah quem os aniquilou e apesar de seres tu (ó Mensageiro) quem lançou (a areia), o efeito foi causado por Allah." (8:17) Foi neste momento que Mensageiro de Allah (saw) deu a ordem para iniciar um contra-ataque total. Ele estimulou os fiéis recitando o seguinte versículo: "Emulai-vos em obter a indulgência de vosso Senhor e um Paraíso, cuja amplitude é igual à dos céus e da terra." (3:133)

O moral dos muçulmanos estava no auge e eles lutaram com extrema coragem e bravura, ferindo gravemente o exército coraixita,matando muitos de seus homens e infundindo temor em seus corações. Os muçulmanos não sabiam que o socorro de Allah tinha acabado de chegar para eles.A única coisa que sabiam eram os números desproporcionais entre os exércitos: 1000 contra 300, 700 camelos contra 70, 100 cavalos contra 2, grandes provisões contra nenhuma, uma preparação para a guerra contra um grupo de fiéis despreparados. Mas, apesar de todos esses números, eles confiavam em Allah (swt) e em Seu Mensageiro e queriam, e até esperavam, dar suas vidas deste mundo (dunya) em troca da morada eterna no Jannah. Por causa de sua devoção, Allah (swt) enviou Seu socorro e a vitória.

Além de enviar os anjos, Allah (swt) também realizou um outro milagre para assegurar a vitória dos muçulmanos. Diz Allah: "Recorda-te (ó Mensageiro) de quando, em sonhos, Allah te fez crer (o exército inimigo) em número reduzido, porque, se te tivesse feito vê-lo numeroso, terias desanimado e terias vacilado a respeito do assunto. Porém, Allah (te) salvou deles, porque bem conhece as intimidades dos corações." (8:43)

E realmente, Allah (swt) cumpriu Sua promessa: "E de quando os enfrentastes, e Ele os fez parecer, aos vossos olhos, pouco numerosos; Ele vos dissimulou aos olhos deles, para que se cumprisse a decisão prescrita, porque a Allah retornarão todas as questões." 8:44)

O grande exército dos Coraixitas foi esmagado pelo zelo, valor e fé dos muçulmanos, e depois de enfrentar pesadas baixas, não havia o que fazer a não ser fugir. Os muçulmanos ficaram sozinhos no campo com uns poucos mecanos condenados, entre eles o arquiinimigo do Islã, Abu Jahl. Os Coraixitas foram derrotados e Abu Jahl foi morto. Quando Mensageiro de Allah (saw) saiu para olhar seu cadáver, ele (saw) disse "Este é o faraó desta nação."

A promessa de Deus se realizou:

“Logo, a multidão será debelada e debandará.” (Alcorão 54:45)

Em uma das mais decisivas batalhas na história humana, o total de perdas ficou apenas entre setenta e oitenta.

Meca ficou em choque e Abu Sufyan ficou como a figura dominante na cidade. Ele sabia melhor que ninguém que a situação não poderia ficar como estava. Sucesso atrai sucesso e as tribos beduínas rapidamente avaliaram que o equilíbrio de poder se direcionava para a aliança com os muçulmanos, e o Islã conquistou muitos novos convertidos em Medina.

A Batalha no Monte Uhud

A derrota de Badr foi uma mancha na honra dos habitantes de Makkah, da qual se envergonhavam profundamente. assim, no ano seguinte, um exército de três mil homens veio de Meca para destruir Yathrib. A primeira idéia do Profeta era meramente defender a cidade, um plano que Ibn Ubayy, o líder dos “Hipócritas” aprovava fortemente. Mas os homens que lutaram em Badr, acreditando que Deus os ajudaria contra quaisquer desvantagens, pensaram que seria uma vergonha se esconderem atrás de muros.

O Profeta, em aprovação à sua fé e zelo, concordou com eles e seguiu com um exército de mil homens na direção do Monte Uhud, onde o inimigo havia acampado. Ibn Ubayy se retirou com seus homens, que eram um terço do exército, em retaliação. Apesar das grandes desvantagens, a batalha no Monte de Uhud teria sido uma vitória ainda maior do que a de Badr para os muçulmanos, mas fracassou por causa da desobediência de um grupo de cinquenta arqueiros que o Profeta tinha determinado que guardasse a passagem da cavalaria inimiga. Ao ver seus companheiros vitoriosos, esses homens deixaram seus postos temendo perder sua parte nos espólios. A cavalaria dos Coraixitas, chefiada pelo brilhante comandante Khalid inb al-Walid, cavalgou através da passagem e surpreendeu-os, caiu sobre os muçulmanos exultantes e eles se espalharam. O próprio Profeta foi ferido e surgiram gritos de que ele tinha sido morto, até que alguém o reconheceu e gritou que ele continuava vivo: isso fez com que os muçulmanos se reagrupassem. Reunidos em torno do Profeta, se retiraram, deixando muitos mortos no declive.

Quando, orosto do profeta (s) foi gravemente ferido na Batalha de Uhud, ele se negou a suplicar a Allah que castigasse seus inimigos, como era o desejo de seus companheiros bravos, respondendo que havia sido enviado como Misericórdia para a humanidade, logo elevou suas mãos para suplicar a Allah que perdoasse (seus detratores) porque não eram conscientes da verdade!

O campo pertencia aos mecanos e agora as mulheres dos Coraixitas se moviam entre os corpos, lamentando a morte daqueles de seu próprio povo e mutilando os mortos muçulmanos. Hamzah, o jovem tio do Profeta e amigo de infância estava entre os últimos, e a abominável Hind, mulher de Abu Sufyan, que tinha um ressentimento particular em relação a ele e havia oferecido recompensa ao homem que o matasse, comeu seu fígado, retirado do corpo ainda quente.

O Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), ele reuniu seus homens, fez uma palestra, repreendeu-os por causa de sua loucura, exortou-os a obedecerem às suas ordens no futuro, e os guiou para enfrentar o inimigo mais uma vez.

No dia seguinte o Profeta mais uma vez saiu com o que havia restado do exército, para que os Coraixitas ouvissem que ele estava no campo e talvez dessa forma impedi-los de atacar a cidade. O estratagema deu certo, graças ao comportamento de um beduíno amigo que encontrou os muçulmanos, conversou com eles e depois encontrou o exército dos Coraixitas. Questionado por Abu Sufyan ele disse que Muhammad estava no campo, mais forte do que nunca, e sedento por revanche pelo dia anterior. Com essa informação Abu Sufyan decidiu retornar à Meca.

Massacre de Muçulmanos

O revés que sofreram no Monte Uhud diminuiu o prestígio dos muçulmanos com as tribos árabes e também com os judeus de Yathrib. As tribos que tinham se voltado para os muçulmanos agora se voltavam para os Coraixitas. Os seguidores do Profeta eram atacados e assassinados quando saíam em pequenos grupos. Khubaib, um dos seus emissários, foi capturado por uma tribo do deserto e vendido aos Coraixitas, que o torturaram até a morte publicamente em Meca.

Expulsão de Bani Nadir

Nesse meio tempo os cidadãos judeus de Madina começaram a criar problemas, na época da vitória de Badr, um de seus líderes Ka'b Ibn Al Achraf, seguiu para Makkah, para firmar a sua aliança com os idólatras de Makkah e para incitá-los a uma guerra de vingança.

Após a batalha de Uhud, a tribo desse mesmo chefe tramou o assassinato do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), pretendendo jogar sobre ele uma pedra de moinho, quando fosse visitar a sua localidade, apesar disso tudo, a exigência que o profeta fez aos homens dessa tribo foi a de que saíssem da região de Madina, levando com eles todas as suas posses, após venderem os imóveis e receberem o que lhes devessem os muçulmanos.

A clemência, demonstrada dessa maneira surtiu efeito contrário ao esperado, os exilados, não somente entraram em contato com os idólatras de Makkah, como com as tribos ao Norte, Sul e Leste de Madina, mobilizando-se em ajuda militar e planejando uma invasão de Madina, a partir de Khaibar, com forças quatro vezes mais numerosos ainda, do que as que foram empregadas em Uhud.

A Guerra da Trincheira

Abu Sufyan deve ter entendido muito bem que o velho jogo da retaliação não era mais válido. Os muçulmanos deviam ser destruídos ou o jogo estaria perdido para sempre. Com grande habilidade diplomática se dedicou a formar uma confederação de tribos beduínas, algumas eram, sem dúvida, contrárias aos muçulmanos, mas outras meramente ansiavam por pilhagem. Ao mesmo tempo ele começou discretamente a sondar os judeus em Medina sobre uma possível aliança. No quinto ano da Hégira (início de 627 EC) ele partiu com 10.000 homens, o maior exército jamais visto em Hijaz (a região ocidental da Península Árabe). Medina podia conseguir no máximo 3.000 para enfrentá-lo.

O Profeta presidiu um conselho de guerra e nesse momento ninguém sugeriu sair para encontrar o inimigo. A única questão era como a cidade poderia se defender. Nesse ponto Salman, o persa, um ex-escravo que tinha se tornado um dos companheiros mais próximos, sugeriu cavar uma trincheira profunda para unir os pontos fortes de defesa formados pelos campos de lava e por construções fortificadas. Isso era algo que jamais se tinha ouvido falar em uma guerra árabe, mas o Profeta imediatamente apreciou os méritos do plano e começou a trabalhar, carregando entulhos das escavações em suas costas.

O trabalho mal tinha sido concluído quando o exército confederado apareceu no horizonte. Enquanto os muçulmanos esperavam pelo ataque, chegaram notícias de que Bani Quraida, uma tribo judaica de Yathrib que tinha, até então, sido leal, tinha desertado para o inimigo. O caso parecia desesperado. O Profeta trouxe todo homem disponível para a trincheira, deixando a cidade sob o comando de um companheiro cego, e o inimigo foi enfrentado com uma chuva de flechas que surgiram do obstáculo inesperado. Eles nunca o cruzaram, mas permaneceram em posição por três ou quatro semanas, trocando flechas e insultos com os defensores. O clima ficou severo, com ventos gelados e uma tremenda chuva, e foi demais para os confederados beduínos. Tinham vindo com a expectativa de uma pilhagem fácil e não viram nada a ganhar para se agacharem ao lado de uma trincheira lamacenta em um clima assustador, observando seus animais morrerem por falta de forragem. Foram embora sem se despedirem de Abu Sufyan. O exército se desintegrou e ele próprio foi forçado a recuar. O jogo estava acabado. Ele havia perdido.

Foi nessa época que foi decretada a proibição, para muçulmanos, do consumo de bebidas alcoólicas e das apostas dos jogos de azar.

Punição de Bani Quraida

Nada é pior, aos olhos árabes, do que a traição da confiança e a quebra de um compromisso solene. Agora era hora de lidar com Bani Quraida. No dia do retorno da trincheira o Profeta ordenou guerra aos traidores Bani Quraida, que, conscientes de sua culpa, já tinham ido para suas fortalezas. Depois de um cerco de quase um mês eles tiveram que se render incondicionalmente. Apenas imploraram para que fossem julgados por um membro da tribo árabe a qual pertenciam. Escolheram o chefe do clã com o qual tinham aliança há muito tempo, Sa’d ibn Mu’ādh dos Aws, que estava morrendo dos ferimentos recebidos em Uhud e teve que se restabelecer para dar o julgamento. Sem hesitação ele condenou os homens da tribo à morte.


Tratado de Hudaibiyyah

Quando a Arábia começou a testemunhar a impressionante trajetória em favor dos muçulmanos, os precursores da grande conquista e sucesso do Chamado islâmico começaram aos poucos a surgir no horizonte demográfico e os verdadeiros fiéis restabeleceram seu direito indiscutível de realizar a adoração no santuário sagrado.

Corria o ano 6 da Hégira, quando o Profeta (saw), ainda em Medina, teve um sonho no qual ele e seus seguidores entravam no santuário sagrado de Meca em segurança e realizavam as cerimônias da 'Umrah (peregrinação menor). Suas cabeças foram raspadas e os cabelos cortados. Assim que ele contou a alguns de seus Companheiros o seu sonho, seus corações saltaram de alegria, uma vez que eles achavam que este sonho era a realização do desejo profundo de participar da peregrinação e de seus rituais após um exílio de 6 anos.

O Profeta (saw) vestiu roupas limpas, montou seu camelo e marchou para Meca, à frente de 1.500 muçulmanos, inclusive sua esposa Umm Salamah. Alguns beduínos do deserto, cuja fé era frágil, desistiram e se desculparam. Eles não levavam armas exceto as espadas embainhadas, porque não tinham a intenção de lutar. Ibn Umm Maktum foi indicado para substituir o Profeta em Medina, durante sua ausência. Quando estavam se aproximando de Meca, e num lugar chamado Dhi Hulaifa, ele ordenou o sacrifício de animais e os fiéis puseram al-Ihram, a veste do peregrino. Ele despachou um soldado para fazer o reconhecimento do terreno e obter notícias do inimigo. O homem voltou para dizer ao Profeta (saw) que uma grande quantidade de escravos e um enorme exército estavam sendo reunidos para combatê-lo e que a estrada para Meca estava completamente bloqueada. O Profeta (saw) consultou seus Companheiros que foram de opinião que eles não lutariam contra ninguém a não ser que fossem impedidos de fazer a peregrinação.

Os coraixitas, por seu turno, fizeram uma reunião durante a qual eles consideraram toda a situação e decidiram resistir à missão do Profeta a todo custo. Duzentos cavaleiros, chefiados por Khalid bin Al-Walid, foram enviados para pegar os muçulmanos de surpresa durante o Zuhr (oração do meio-dia). No entanto, enquanto isso as regras da oração foram reveladas e Khalid e seus homens perderam a oportunidade. Os muçulmanos evitaram seguir por aquele caminho e decidiram tomar um outro mais acidentado. Khalid correu de volta para Meca e relatou aos coraixitas as últimas notícias.

Quando os muçulmanos alcançaram um lugar chamado Thaniyat Al-Marar, o camelo do Profeta tropeçou, caiu de joelhos e não quis mais se mover. Mohammad (saw) jurou que aceitaria de boa vontade qualquer plano que eles apresentassem e que glorificasse a Allah. Em seguida, ele fez com que o camelo se levantasse. Eles retomaram a marcha e armaram suas barracas na parte mais para frente de Al-Hudaibiyah, ao lado de um poço de pouca água. Os muçulmanos disseram ao Profeta (saw) que estavam com sede e ele pegou uma seta de sua aljava e a colocou no fosso. A água imediatamente jorrou forte e seus seguidores beberam à vontade. Depois de o

Profeta (saw) ter descansado, Budail bin Warqa' Al-Khuza'i chegou com alguns notáveis da tribo Khuzai e perguntou-lhe o que ele tinha vindo fazer. O Profeta (saw) respondeu que não era a guerra o motivo de sua vinda: "Não tenho qualquer outro objetivo", disse ele, "que não seja fazer a 'Umrah (a peregrinação menor) ao Santuário Sagrado. Se os coraixitas abraçarem a nova religião, como algumas pessoas já o fizeram, eles serão mais do que bem vindos, mas se ficarem no meu caminho ou impedirem os muçulmanos de fazer a peregrinação por certo que os combaterei até o último homem, e o Mandamento de Allah deve ser cumprido." O enviado levou a mensagem ao Coraix que mandou um outro mensageiro, de nome Milraz bin Hafs. Ao vê-lo, o Profeta (saw) disse que aquele era um homem traiçoeiro. Ele recebeu a mesma mensagem para ser passada para seu povo. Ele foi seguido de um outro delegado, conhecido por Al-Hulais bin 'Alqamah, que ficou muito impressionado com o espírito de devoção dos muçulmanos pela Sagrada Caaba. Ele voltou para seus homens e disse que não impedissem Mohammad (saw) e seus Companheiros de honrarem Allah em Sua Casa, sob pena de romper sua aliança com eles. Hulais foi sucedido por 'Urwa bin Mas'ud Ath-Thaqafi para negociar com Mohammad (saw): "Mohammad! Você reuniu em torno de si as mais variadas pessoas e as trouxe para combater seus parentes e conterrâneos e destruí-los. Por Allah, vejo que você será abandonado por eles amanhã." Neste momento, Abu Bakr se levantou e expressou seu ressentimento com esta acusação. Al-Mughirah bin Shu'bah teve a mesma atitude e proibiu-o de tocar a barba do Profeta. O enviado coraixita fazia uma observação indignada e se referia aos atos de traição daqueles homens de matar seus companheiros e saqueá-los antes da conversão ao Islam.

Enquanto isto, 'Urwah, durante sua permanência no acampamento muçulmano, tinha observado bem de perto o fantástico amor e profundo respeito que os seguidores de Mohammad (saw) nutriam por ele. Ele voltou e transmitiu aos coraixitas suas impressões de que aquele povo não abandonaria o Profeta em hipótese alguma. Ele expressou seu sentimento assim: "Estive com Chosroes, César e Negus em seus reinos e nunca vi um rei entre seu povo como Mohammad (saw) entre seus Companheiros. Quando ele faz sua ablução eles não deixam que a água caia no chão; quando ele tosse, eles esfregam o muco em seus rostos; quando ele fala eles baixam suas vozes. Eles não o abandonarão de maneira alguma. Ele oferece um plano razoável, portanto, faça o que lhe agradar."

Percebendo entre os líderes uma tendência esmagadora para a reconciliação, alguns jovens guerreiros mais ousados idealizaram um plano perverso para atrapalhar o tratado de paz. Eles decidiram se infiltrar no acampamento dos muçulmanos com o objetivo de se meterem em escaramuças intencionais que detonariam o estopim da guerra. Mohammad bin Maslamah, chefe dos guardas muçulmanos, os prendeu, mas tendo em vista os resultados que estavam prestes a ser alcançados, o Profeta (saw) os soltou. A este respeito, diz Allah:

"Ele foi Quem conteve as mãos deles, do mesmo modo como conteve as vossas mãos no centro de Meca, depois de vos ter feito prevalecer sobre eles." (48:24)


O tempo passou e as negociações prosseguiram mas sem resultados. Então o Profeta (saw) quis que 'Omar fosse ver os nobres do Coraix em seu nome. 'Omar se desculpou por conta de sua inimizade pessoal com o Coraix; além do mais, ele não tinha parentes influentes na cidade que pudessem protegê-lo do perigo; e ele indicou 'Uthman bin 'Affan, que pertencia a uma das mais poderosas famílias de Meca, como o enviado mais adequado. 'Uthman foi ter com Abu Sufyan e outros líderes e lhes disse que os muçulmanos tinham vindo só para visitar e cumprir com sua obrigação na Casa Sagrada, fazer a adoração e que eles não tinham intenção de lutar.

Ele também os chamou para o Islam e anunciou aos fiéis de Meca, homens e mulheres, que a conquista estava se aproximando e que o Islam iria prevalecer porque Allah iria estabelecer Sua religião em Meca. 'Uthman também lhes assegurou que após as cerimônias religiosas eles partiriam pacificamente. Mas os coraixitas estavam inflexíveis e despreparados para dar-lhes a permissão para visitar a Caaba. No entanto, eles deram uma permissão individual para 'Uthman fazer a peregrinação se quisesse, mas ele rejeitou a oferta dizendo: "Como é possível que eu me aproveite desta oportunidade enquanto ao Profeta (saw) ela é negada?"

Os muçulmanos aguardavam ansiosamente a chegada de 'Uthman com um misto de receio e ansiedade. Ele se atrasou e suspeitou-se de que poderia ter havido um golpe sujo por parte dos coraixitas. Os muçulmanos estavam extremamente preocupados e assumiram um solene compromisso de que sacrificariam suas vidas para vingar a morte do Companheiro e que ficariam firmes ao lado de seu mestre, Mohammad (saw), sob qualquer condição. Este compromisso ficou conhecido pelo nome de Bay'at Ar-Ridwan (um pacto de fidelidade). Os primeiros a assumirem o compromisso foram Abu Sinan Al-Asadi e Salamah bin Al-Akwa', que prometeram solenemente morrer pela causa da Verdade três vezes, na frente do exército, no meio e na retaguarda. O Profeta (saw) pegou sua mão esquerda em nome de 'Uthman. A fidelidade foi jurada sob uma árvore, com 'Omar segurando a mão do Profeta e Ma'qil bin Yasar segurando um ramo da árvore. O Alcorão se referiu a este compromisso assim:

"Allah se congratula com os fiéis que te juraram fidelidade, debaixo da árvore." (48:18)


Quando os coraixitas perceberam a firme determinação dos muçulmanos de derramar a última gota de sangue em defesa de sua fé, eles tiveram a certeza de que os seguidores de Mohammad não se renderiam a esta tática. Após algumas trocas de mensagens, eles concordaram em assinar um tratado de reconciliação e paz com os muçulmanos. As cláusulas do tratado são as seguintes:

Os muçulmanos retornarão desta vez e no próximo ano, mas não poderão ficar em Meca por mais de três dias.
Não deverão vir armados mas podem trazer suas espadas na bainha e elas deverão ser mantidas em sacos.

As atividades de guerra estão suspensas por 10 anos, durante os quais ambas as partes viverão em total segurança e nenhuma espada será levantada contra o outro.
Se alguém do Coraix visitar Mohammad (saw) sem a permissão de sua guarda, deve ser mandado de volta para o Coraix, mas qualquer seguidor de Mohammad que retorne para o

Coraix não será mandado de volta.
Quem quiser se juntar a Mohammad (saw) ou fazer um tratado com ele, deve ter a liberdade de fazê-lo; e da mesma forma aquele que quiser se juntar ao Coraix, ou fazer um tratado em separado com eles, deve ter a permissão para assim o fazer.
Surgiram alguns questionamentos a respeito do preâmbulo. Por exemplo, quando o acordo estava para ser escrito, 'Ali bin Abi Talib, que fazia o papel de escriba, começou com estas palavras: Bismillâh ir-Rahman ir-Raheem, ou seja, "Em nome de Allah, O Clemente, O Misericordioso", mas o embaixador de Meca, Suhail bin 'Amr declarou que ele não sabia nada sobre Ar-Rahman e insistiu na fórmula costumeira, Bi-ismika Allâhumma, ou seja "Em Vosso Nome, ó Allah!" Os muçulmanos resmungaram com preocupação mas o Profeta (saw) concordou. Então, ele prosseguiu ditando, "Isto é o que Mohammad, o Mensageiro de Allah, acordou com Suhail bin 'Amr." Neste momento, Suhail protestou mais uma vez: "Se nós o tivéssemos reconhecido como Profeta não o teríamos proibido de entrar na Casa Sagrada e nem lutado contra você. Escreva seu nome e o de seu pai." Os muçulmanos resmungaram mais uma vez e se recusaram a aceitar a alteração. O Profeta (saw), no entanto, tendo em vista o interesse maior do Islam, não deu importância a tão insignificante detalhe, e ele mesmo apagou as palavras e ditou o seguinte: "Mohammad, o filho de 'Abdullah." Logo após este tratado, o clã de Khuza'a, um antigo aliado de Banu Hashim, se juntou às fileiras de Mohammad (saw) e Banu Bakr ficou ao lado do Coraix.

Foi neste momento em que o tratado estava sendo escrito, que Abu Jandal, filho de Suhail, apareceu em cena. Ele tinha sido brutalmente preso e estava cambaleante pela privação e fadiga. O Profeta (saw) e seus Companheiros se apiedaram dele e tentaram conseguir sua libertação mas Suhail estava inflexível e disse: "Para provar que você será fiel ao contratado, a oportunidade acabou de chegar." O Profeta (saw) disse: "O tratado ainda não tinha sido assinado quando seu filho entrou no acampamento, mas os termos do tratado serão respeitados." Na verdade foi um momento angustiante. Por um lado, Abu Jandal se lamentava aos gritos "Devo voltar para os politeístas que poderiam me afastar da minha religião, ó muçulmanos?", mas por outro lado, era preciso levar em consideração o compromisso assumido. O coração do Profeta se encheu de simpatia mas ele queria honrar sua palavra a qualquer custo. Ele consolou Abu Jandal e disse "Seja paciente, submeta-se à Vontade de Allah. Ele dará a você e a seus companheiros desamparados alívio e meios de fugir. Acabamos de concluir um tratado de paz com eles e eles assumiram o compromisso em Nome de Allah. Portanto, não estamos preparados para rompê-lo." ‘Omar bin Al-Khattab não podia ajudar dando vazão à profunda agonia de seu coração. Ele se pôs de pé proferindo palavras que demonstravam ódio e extrema indignação e exigia que Abu Jandal pegasse de sua espada e matasse Suhail, mas o filho poupou o pai.

Quando o tratado de paz foi concluído, o Profeta (saw) ordenou a seus Companheiros que matassem os animais em sacrifício, mas eles estavam tão deprimidos que não conseguiram. O Profeta (saw) tornou a repetir por três vezes mas a resposta foi negativa. Ele comentou com sua esposa, Umm Salaman, este comportamento de seus Companheiros. Ela o aconselhou que tomasse a iniciativa, matasse seu animal e que raspasse sua cabeça. Vendo isto, os muçulmanos, com os corações despedaçados, começaram a matar seus animais e a raspar as cabeças. Eles quase se mataram por causa de seu desgosto. O Profeta (saw) rezou por três vezes por aqueles que tinham raspado a cabeça e uma vez por aqueles que tinham cortado o cabelo. Um camelo foi sacrificado em nome de sete homens e uma vaca por conta do mesmo número de pessoas.

O Profeta (saw) sacrificou um camelo que tinha pertencido a Abu Jahl e que os muçulmanos tinham tomado como espólio em Badr, enraivecendo, assim, os politeístas. Durante a campanha de al-Hudaibiya, o Profeta (saw) permitiu que Ka'b bin 'Ujrah, que estava em estado de Ihram (estado de consagração ritual do peregrino) para a 'Umrah (peregrinação menor) não raspasse a cabeça devido à doença, sob a condição de que compensaria com o sacrifício de um carneiro, ou o jejum de três dias ou alimentando seis pessoas necessitadas. Com relação a isto, foi revelado o seguinte versículo:

"E quem de vós se encontrar enfermo, ou sofrer de alguma infecção na cabeça, e a raspar, redimir-se-á mediante o jejum (três dias), a Sadaqa caridade (alimentar seis pessoas pobres) ou a oferenda (um carneiro)". (2:196)


Enquanto isto, algumas mulheres fiéis emigraram para Medina e pediram ao Profeta (saw) asilo, o que lhes foi garantido. Quando suas famílias exigiram seu retorno, ele não as devolveu, tendo em vista a revelação do seguinte versículo:

Ó fiéis, quando se vos apresentarem as fugitivas fiéis, examinai-as, muito embora Allah conheça a sua fé melhor do que ninguém; porém, se as julgardes fiéis, não as restituais aos incrédulos, porquanto elas não lhes cabem por direito, nem eles a elas; porém, restituí o que eles gastaram (com os seus dotes). Igualmente não tomeis as infiéis por esposas ..." (60:10)


A razão pela qual as fiéis não foram devolvidas ou foi porque não estavam incluídas originalmente nos termos do tratado, que só falava nos homens, ou porque o Alcorão revogou qualquer termo relativo às mulheres no versículo:

"Ó Profeta, quando as fiéis se apresentarem a ti,jurando-te fidelidade (Bai'a), afirmando-te que não atribuirão parceiros a Deus ... (60:12)


Este é o versículo que proíbe as mulheres muçulmanas de se casarem com os infiéis. Por outro lado, os homens muçulmanos foram ordenados a terminarem seus casamentos com as infiéis. Em cumprimento a esta injunção, 'Omar bin Al-Khattab se divorciou das duas mulheres com quem tinha se casado antes de abraçar o Islam; Mu'awiyah se casou com a primeira e Safwan bin Omaiyah com a segunda.

TRATADO DE HUDAIBIYAH - Impacto sócio-político

Uma série de acontecimentos vieram confirmar a profunda sabedoria e resultados esplêndidos do tratado de paz que Allah chamou de "triunfo manifesto". Como poderia ter sido diferente, se o Coraix tinha reconhecido a existência legítima dos muçulmanos no cenário da vida política da Arábia e começou a tratar com os fiéis em igualdade de condições? O Coraix, à luz das cláusulas do tratado, indiretamente tinha renunciado à sua reivindicação de liderança religiosa e admitia que eles não mais se interessavam em outras pessoas que não fossem os coraixitas e lavavam suas mãos para qualquer espécie de intervenção no futuro religioso da Península Arábica. Os muçulmanos não pretendiam tomar os bens das pessoas ou matá-las em guerras sanguinárias e nem pensavam em impor medidas coercitivas em seus esforços para propagar o Islam, pelo contrário, o único objetivo era dar uma atmofesra de liberdade em relação à ideologia ou a religião:

"A verdade emana de vosso Senhor, assim, pois, que creia quem desejar e descreia quem o quiser." (18:29)


Os muçulmanos, por outro lado, tinham a oportunidade de divulgar o Islam em regiões que não tinham sido exploradas ainda. Aproveitando a paz o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), se lançou a um intensivo programa de propagação da sua religião, ele enviou cartas missionárias aos governantes de Bizâncio, do Irã, da Abissínia e de outros países, o sacerdote autocrático Bizantino, Doughatir dos Árabes, abraçou o Islam, mas por isso, foi linchado pela turba; o prefeito de Ma'an na Palestina sofreu idêntico destino, sendo decapitado e crucificado pelo imperador.

Era difícil ouvir sobre o Islam sem se converter; em dois anos após a conclusão do tratado, o Islam mais que dobrou em número de adeptos. Quando o Profeta (saw) partiu para Hudaibiyah estavam com ele 1.400 homens, mas quando ele voltou para libertar Meca, dois anos mais tarde, vinham com ele 10.000.

A cláusula do tratado referente à cessação das hostilidades pelo prazo de dez anos aponta diretamente para o grande fracasso da política arrogante praticada pelo Coraix e seus aliados e serve como prova do colapso e da impotência dos promovedores da guerra.

O Coraix foi obrigado a perder aquelas vantagens em troca de uma que aparentemente lhe beneficiava mas que não causava nenhum prejuízo aos muçulmanos, ou seja, o artigo que falava da devolução dos fiéis que buscassem refúgio com os muçulmanos sem o consentimento do Coraix. À primeira vista, parecia uma cláusula bastante penosa e foi considerada ruim no acampamento muçulmano. No entanto, no curso dos acontecimentos, mostrou-se uma grande bênção. Os muçulmanos mandados de volta a Meca provavelmente não renunciariam às bênçãos do Islam; pelo contrário, eles tornaram-se centros de influência para o Islam. Não era possível imaginar que eles se transformassem em apóstatas ou renegados. A sabedoria por trás desta trégua assumiu suas dimensões reais em alguns acontecimentos subsequentes.

Após o Profeta (saw) chegar a Medina, Abu Basir, que tinha escapado do Coraix, veio ter com ele como um muçulmano; o Coraix tinha mandado dois homens, pedindo que retornassem e o Profeta (saw) os devolveu. No caminho para Meca, Abu Basir matou um deles e o outro fugiu para Medina com Abu Basir na sua perseguição. Quando ele alcançou o Profeta (saw) ele disse, "Sua obrigação está terminada e Allah o livrou dela. Você me devolveu devidamente para os homens e Allah me resgatou deles." O Profeta (saw) disse "Ai de sua mãe, ele teria feito uma guerra se tivesse outros com ele." Quando ouviu aquilo, ele soube que seria devolvido e assim fugiu de Medina e foi até Saif Al-Bahr. Os outros muçulmanos que estavam sendo oprimidos em Meca começaram a fugir para Abu Basir. Ao grupo se juntaram Abu Jandal e outros, até que formaram uma colônia e logo procuraram se vingar do Coraix e começaram a interceptar suas caravanas. Os pagãos de Meca, impossibilitados de controlar aqueles rebeldes, pediram ao Profeta (saw) para acabar com a cláusula que falava sobre a extradição.

Eles imploraram em nome de Allah e de seus laços de parentesco que procurasse o grupo dizendo que, aquele que se juntasse aos muçulmanos de Medina, estaria a salvo deles. Assim, o Profeta (saw) mandou buscar o grupo e eles responderam afirmativamente, como esperado.

Estas são as realidades das cláusulas do tratado de trégua e ao que parece elas funcionaram em benefício do nascente estado islâmico. No entanto, dois pontos no tratado o tornavam desagradável para alguns muçulmanos, isto é, eles não teriam acesso ao Santuário Sagrado naquele ano e a aparente atitude humilhante em relação à reconciliação com os pagãos do Coraix. 'Omar (r), incapaz de se conter pela tristeza que tomava conta de seu coração, foi ao Profeta (saw) e disse: "Você não é o verdadeiro Mensageiro de Allah?" O Profeta respondeu calmamente, "Por que não?" Omar falou de novo e perguntou: "Não estamos na senda certa e nossos inimigos na errada?" Sem mostrar qualquer ressentimento, o Profeta (saw) respondeu que era assim. Ao receber esta resposta ele replicou: "Então não devemos sofrer qualquer humilhação em matéria de fé." O Profeta (saw) estava sereno e com absoluta confiança disse: "Eu sou o verdadeiro Mensageiro de Allah, nunca O desobedeço, Ele me socorrerá." "Você não nos disse", acrescentou cOmar, "que faremos a peregrinação?" "Mas eu nunca lhe disse", respondeu o Profeta (saw) "que nós a faremos este ano." Omar calou-se, mas seu espírito estava perturbado. Ele foi a Abu Bakr e expressou seus sentimentos. Abu Bakr, que nunca duvidou da veracidade e sinceridade do Profeta, confirmou o que ele (saw) tinha dito a Omar. No tempo devido, o Capítulo O Triunfo (48) foi revelado e diz:

"Em verdade, temos te predestinado um evidente triunfo." (48:1)


O Mensageiro de Allah (saw) chamou Omar e o informou das boas novas. Umar ficou muito feliz e profundamente arrependido de seu comportamento anterior. Ele sempre gastava em caridade, observava o jejum e as preces e libertou o máximo de escravos para expiar aquela atitude precipitada que tivera.

A primeira parte do ano 7 da Hégira testemunhou a conversão de três homens proeminentes de Meca, 'Amr bin Al-'As, Khalid bin al-Walid e 'Uthman bin Talhah. Quando eles abraçaram o Islam, o Profeta (saw) disse "O Coraix deu-nos seu sangue."

Esse tratado provou ser, de fato, a maior vitória que os muçulmanos tinham alcançado até então. A guerra tinha sido uma barreira entre eles e os idólatras, mas agora ambos os lados se encontravam e conversavam, e a nova religião se espalhou de forma mais rápida. Nos dois anos entre a assinatura do tratado e a queda de Meca o número de convertidos foi maior que o número total de todos os convertidos anteriores.

A Campanha de Khaibar

No sétimo ano da Hégira o Profeta, que Deus o louve, liderou uma campanha contra Khaibar, a fortaleza das tribos judaicas na Arábia do Norte, que se tornou um vespeiro de seus inimigos. Os judeus de Khaibar se tornaram arrendatários dos muçulmanos. Foi em Khaibar que uma mulher judia preparou carne envenenada para o Profeta, da qual ele só provou um pequeno pedaço. Mal o pedaço tocou seus lábios ele percebeu que estava envenenado. Sem engoli-lo, avisou seus companheiros do veneno, mas um muçulmano, que já tinha engolido uma boa porção, morreu depois. Vejam na 6ª parte da Biografia do Profeta SAAS que publicaremos a seguir.

BISMILLAH AL-RAHMAN AL-Rahim•Wassalatu Wassalamu Ala Ashraful Mursaleen
Allahumma Sali Ala Muhammad ua Aali Muhammad. Imploramos a ALLAH (SW), que nos ajude, nos dê uma boa orientação para o benefício do Islã e dos muçulmanos, corrigindo nossos trabalhos, nossas intenções e nossas ações.

Agradecemos a ALLAH (SW) que é o único Senhor do universo.

Que ALLAH (SW), aceite este trabalho, nos dando uma boa recompensa nesta vida e na outra. Principalmente às pessoas que nos precederam nesse trabalho e nos serviram como orientadores! Subhanna Allah!(Louvado Seja Allah(SW).

“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24