sexta-feira, julho 25, 2014

JUMU’AT-UL-WIDA’ (A Última Sexta-Feira do Mês do Ramadan) Por: Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Estamos, hoje, a celebrar JUMU’AT-UL-WIDA’, ou seja a última Sexta-Feira do mês de Ramadan, o mês mais sagrado de todos os meses Islâmicos, o mês em que toda a Ummah Muçulmana se esforçou por adquirir o máximo de recompensas e bênçãos que Allah S. T. pôs, de forma livre, fácil e benevo-lentemente, à disposição de todo o ser humano submisso à Vontade de Allah.

Hoje, nas Mesquita de todo o Mundo, falar-se-á, portanto, da última Sexta-Feira do Ramadan, da despedida do mês do Ramadan, da completação da Recitação do Sagrado Alcorão e, sobretudo de TAQWA (autodisciplina) que obtivemos através da IBADAT (adoração) que fizemos ao longo do mês de Ramadan.

A palavra TAQWA e os verbos e nomes ligados a essa raiz podem significar, conforme o texto, o seguinte: o temor a Allah; proteger a língua, a mão e o coração do mal; daí a tradução da palavra taqwa como rectidão, piedade, a boa conduta, bom comportamento.

Estamos a dois ou três dias do fim do Ramadan. O mês que revigorou a nossa energia espiritual, deu-nos TAQWA e lições que devemos adoptar nos próximos ONZE meses da nossa vida, até que, ao 12º. Mês, in cha Allah (se Deus quiser), voltarmos a encontrar o Ramadan para, de novo, renovarmos as nossas energias espirituais, de modo a praticarmos boas acções e recordarmos Allah constantemente.

Que Allah abençoe ao Seu servo e Mensageiro Muhammad (s.a.w.) e a sua família; e seus nobres Companheiros; e a todos quantos os seguem com sinceridade até ao Último Dia. 

Wa salla Allahu ala Saydina Muhammad wa ‘ala alihi wa sahbihi wa sallam. Amín.■
Que o nosso próximo Ramadan seja de muita paz e de muitas conquistas inshallah.

ID FITR MUBARAKA INSHALLAH



quarta-feira, julho 23, 2014

Uma Pausa para a Paz - Uma pausa interminável pela paz!

A Paz é geralmente definida como um estado de calma ou tranquilidade, uma ausência de perturbações. Derivada do latim Pacem = Absentia Belli, pode referir-se-à ausência de violência ou guerra. Neste sentido, a paz entre nações e dentro delas, é o objectivo assumido de muitas organizações, designadamente a ONU...

No plano pessoal, paz designa um estado de espírito isento de ira, desconfiança e de um modo geral todos os sentimentos negativos. Assim, ela é desejada por cada pessoa para si próprio e, eventualmente, para os outros, ao ponto de se ter tornado, sobretudo no Islão, uma contínua saudação, (que a paz esteja contigo) e um objectivo de vida. 

Sempre nos moverá a esperança de um mundo novo, melhor, mais humano, mais fraterno. As guerras deve-riam terminar, deveria melhorar-se a organização da sociedade, da economia, da política; algo anda mal, quando temos que usar as armas e matar, para solucionar os nossos conflitos.

As sombras da morte mancham-nos a todos, venham de onde vierem, como dizia o poeta John Donne: ─ “Nenhuma pessoa é uma ilha; a morte de qualquer uma me afecta, porque me encontro unido a toda a humanidade; por isso, nunca perguntes por quem dobram os sinos; dobram por ti”. Cada caído inocente, nessa guerra inútil, da chamada faixa de Gaza ou do país de Israel ou nas ruas de qualquer cidade do mundo, é uma bofetada na Paz, na humanidade.

E Albert Einstein dizia in 'Como Vejo o Mundo', “o mundo não está ameaçado pelas más pessoas, mas sim por aqueles que permitem a maldade. (...) Desarmamento e segurança só se podem alcançar se ambos forem considerados interdependentes. A segurança só estará garantida quando, todas as nações, se comprometerem a cumprir as decisões internacionais”. 

Encontramo-nos, portanto, numa encruzilhada. De nós depende seguirmos o caminho da paz ou continuarmos trilhando o da força bruta, indigno da nossa civilização. Dum lado esperam-nos a liberdade dos indivíduos e a segurança das comunidades, de outro lado ameaçam-nos a servidão para os indivíduos e o aniquilamento da nossa civilização. O nosso destino será tal qual nós o merecermos. O aperfeiçoamento moral e estético é um objectivo a que a arte, mais do que a ciência, deve dedicar os seus esforços. É certo que a compreensão do próximo é de grande importância. Essa compreensão, porém, só pode ser fecunda quando acompanhada do sentimento de que é preciso saber compartilhar a alegria e a dor. Cultivar estes importan-tes motores de acção é o que compete à religião, depois de libertada da superstição. Nesse sentido, a religião toma um papel importante na educação, papel este que só em casos raros e pouco sistematicamente se tem tomado em consideração. 

O terrível problema magno da situação política mundial é devido em grande parte àquela falta da nossa civilização. Sem «cultura ética», não há salvação para os homens. 

O Papa Francisco viajou a Jerusalém, ao lugar onde agora caiem mísseis e mortos, procurando o caminho da Paz e da Unidade. Esta porção da terra é quem sabe o sítio que mais desejou estes dois dons, na qual mais sementes, que continham estes ansiados presentes, se polvilharam, na qual mais gritos os pediram…, e, quem sabe, também é o espaço de mais violência e destruição da História.

Agora que os noticiários se enchem das imagens das bombas, dos mortos sem sentido nessa terra bendita, onde viveram e caminharam grandes Profetas da paz — Abraão, Jesus, Muhammad — continuo a gostar mais da imagem desse homem chamado Francisco caminhando até ao muro das lamentações, para abraçar-se a um imame muçulmano e a um rabino judeu. Essa foto comove a alma de paz, de esperança. Apesar das sombras, o passo deste homem de Deus, certifica que a Paz e a Unidade são possíveis, para além das religiões. Benditos sejam os anúncios de paz, a Paz…!

Não me iludo. Sei que os homens da guerra não param. Move-os a cobiça, a ambição, a vingança, o rancor…, feridas profundas submersas na alma, muito difíceis de arrancar, e, das quais todos temos algo. As guerras não cessam, nunca cessaram, ao longo da história. As sombras da morte e as crueldades cumprem alguma missão que acabamos por não entender nesta evolução da sociedade até ao mundo melhor, até “os céus novos e a terra nova”.

Mas também sei, sou consciente, de que os homens da paz, continuam semeando as sementes do perdão, do consolo, da misericórdia… As bombas fazem mais ruído, deixam rasto de morte, de sangue… As rosas, as árvores, as montanhas, os rios, a luz do sol…, símbolos da paz e da esperança, por outro lado, continuam firmes, fiéis à sua missão; não fazem tanto ruído, são mais subtis, mas também são mais pacientes, mais estáveis, as suas raízes são muito mais profundas, o seu odor mais suave e doce.

Se a guerra avança, nada nem ninguém impedirão que continuemos unidos às pessoas de boa vontade, gritando do silêncio da oração, desde o nascer do sol até ao ocaso, PAUSA para Paz! Uma pausa interminável a favor da Paz!■

— «A paz é fruto da justiça» - Profeta Isaías, 32:7.

— «Não existe um caminho para a paz. A paz é o caminho». - Mahatma Gandhi.

— «Aquilo que se obtém com violência só se pode conservar pela violência». - Mahatma Gandhi.

— «A paz não pode ser mantida à força. Somente pode ser atingida pelo entendi-mento». - Albert Einstein.

Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 22/07/2014.