Conforme prometido na reflexão nº. 60, esta é mais um esclarecimento resumido a Alves da Rocha (joserocha.ucan@gmail.com), professor associado da Universidade Católica de Angola, sobre à temática da “perseguição dos cristãos e intolerância”, outra entre várias afirmações feitas no seu artigo de opinião, intitulado «Angola, a caminho de uma República Islâmica?», publicado na Revista ÁFRICA21 - nº. 83, de MARÇO 2014, pág. 38/39. Por M. Yiossuf Mohamed Adamgy (Director da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán - alfurqan2011@gmail.com).
O Islão demonstrou ser uma religião mais tolerante
A tolerância não leva a renunciar a nenhuma ideia e não leva a pactuar com o mal. Implica simplesmente que se aceite que outros não pensem como nós, sem os detestar por isso.
O Islão demonstrou ser uma religião mais tolerante, que concedeu liberdade religiosa a judeus e cristãos e a outras religiões reveladas. Os muçulmanos não foram os instigadores. Pelo contrário, traziam consigo a segurança e a paz às pessoas de todas as nações e crenças que habitavam o seu território.
Compaixão, paz e tolerância constituem a base dos valores do Alcorão. As disposições do Alcorão e a forma de praticar dos muçulmanos ao longo da história são claras e não dão espaço para dúvidas.
Temos que reconhecer, no entanto, que esta tolerância tem sido ensombrada na actualidade em alguns países de maioria islâmica, com governos ditatoriais, saídos do colonialismo, através de monarquias não represen-tativas ou golpes de estado revolucionários, que não são sequer uma sombra do que foram os estados islâmicos. Os governos actuais da História recente não são governos islâmicos.
Não existe um califado islâmico e a democracia tem vindo a diminuir na medida em que os governos se têm afastado do Espírito do Islão. É necessário um renascimento para voltar à sabedoria do Islão primitivo.
A Europa e logo a seguir a América, apesar desse acon-tecimento histórico intolerante, têm experimentado uma abertura democrática recente, uma vez que se tornaram sociedades laicas e se decidiram pela sepa-ração entre igreja e estado. Não existe um único estado cristão no mundo, a não ser o Vaticano e lá não existe liberdade religiosa, nem de opinião e muito menos polí-tica.
Reconheço que, actualmente, existe uma superio-ridade ocidental sobre os povos orientais, mas isto tem variado ao longo do tempo, em respeito a direitos humanos, liberdade de culto e direitos das minorias. No entanto, também temos de falar da superioridade moral e espiritual do Oriente sobre o Ocidente. A democracia participativa depende do sistema político em funções e não da religião da maioria dos seus cidadãos.
Diferente é a atitude da Religião Islâmica, em comparação com a democracia e os Direitos Humanos (não a atitude dos governos do momento).
O Islão pode considerar-se o primeiro a assegurar os direitos humanos e chamou a atenção para a sua salva-guarda e protecção. Quem estuda a legislação islâmica irá aperceber-se que um dos seus objectivos principais é proteger o ser humano, a sua religião, a sua mente, os seus bens e a sua família. A história registou, de uma forma inesquecível, a atitude do segundo Califa Omar quando recusou, de forma veemente, a violação dos direitos humanos ao dizer: Porque escravizaram os homens se estes nasceram livres?
No Islão, os direitos humanos baseiam-se em dois princípios: a igualdade entre todos e a liberdade de todos. Por sua vez, a liberdade é fundamentada em duas bases: a unicidade da origem humana e a honra com que Deus distinguiu o ser humano. Todos os huma-nos são agrupados numa grande família, sob o princípio da irmandade humana, na qual não cabe nenhuma dis-tinção entre classes nem raça. As diferenças que exis-tem nas pessoas devem ser um factor de conhecimento, integração e cooperação e não de discórdia ou confron-to, segundo nos diz o Alcorão na Surah 49, versículo 13:
«Ó humanos, na verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sábio e está bem inteirado».
E quanto à honra do ser humano, sabe-se que está confirmada no Alcorão (Surah 17, versículo 70): «Enobrecemos os filhos de Adão e os conduzimos pela terra e pelo mar; agraciamo-los com todo o bem, e preferimos enormemente sobre a maior parte de tudo quanto criamos».
Esta honra fez do ser humano um representante de Deus na terra, perante o qual se inclinaram os anjos. Deus também o fez dono deste mundo, a quem foi entregue tudo que existe entre os céus e a terra. Isto fez com que o ser humano tivesse um carácter sublime sobre todas as outras espécies e uma imunidade e protecção que abarca todos os seres humanos, sem qualquer tipo de distinção entre ricos e pobres, governantes ou vassalos, árabes ou não árabes; todos, diante de Deus, são iguais.
O segundo princípio dos direitos humanos é a liberdade, através da qual Deus fez com o que ser humano fosse responsável por povoar a terra e, como é sabido, não há responsabilidade sem liberdade. Deus concedeu a liber-dade ao homem até na questão de acreditar ou deixar de acreditar (Alcorão, Surah 18, versículo 29), uma liberdade que abarca os aspectos religiosos, políticos, culturais e civis:
«Dize-lhes: A verdade emana do vosso Senhor; assim, pois, que creia quem desejar, e descreia quem quiser. Preparamos para os iníquos o fogo, cuja labareda os envolverá. Quando implorarem por água, ser-lhes-á dada a beber água semelhante a metal em fusão, que lhes assará os rostos. Que péssima bebida! Que péssimo repouso!»
O sistema de governação no Islão tem por base a justiça e a consulta. No Alcorão, Deus ordena às pessoas que apliquem a justiça. Diz na Surah 16, versículo 90: «Deus ordena a justiça e a benevo-lência» e na Surah 4, versículo 58 diz: «Quando julgardes as pessoas, fazei-o com justiça». Em muitos versículos, este princípio é referido.
O respeito pela consulta é uma base principal e obrigatória. O próprio Profeta Muhammad (p.e.c.e.) consultou os seus companheiros e seguia a opinião da maioria, mesmo que fosse diferente da sua.
A união, a cooperação, a familiaridade e a solidariedade são instruções islâmicas que representam, para a nação muçulmana, o melhor apoio para garantir o sucesso dos seus objectivos no futuro.
O Islão tem como fontes originais a união e a solidariedade e adverte contra a divisão e a discrepância: «E apegai-vos todos ao pacto de Deus, todos juntos, e não vos dividais». (Surah 3, versículo 103); e a Surah 8, versículo 46, incita a sentir as dores do próximo e a consolá-lo para aliviar as suas tristezas e invoca a que toda a Nação seja como um único corpo. Diz o Profeta (p.e.c.e.) a esse respeito: "Os crentes assemelham-se, no seu carinho, misericórdia e solidariedade, ao corpo humano, no qual, se um membro se encontra indisposto, todo o corpo sofre repercussões, provocando a insónia e a febre".
O Islão considera que o vínculo da fé é a irmandade: «Os crentes, na verdade, são irmãos» – Alcorão 49:10.
Muitos muçulmanos, preocupados em resolver os problemas que o colonialismo deixou ficar, descuidaram-se dos ensinamentos do Islão, que chamam para a união e solidariedade… A nossa responsabilidade é sermos muçulmanos actualizados, amplos e tolerantes, do século XXI, mas imbuídos da sabedoria do Islão primitivo…
O Islão demonstrou ser uma religião mais tolerante
A tolerância não leva a renunciar a nenhuma ideia e não leva a pactuar com o mal. Implica simplesmente que se aceite que outros não pensem como nós, sem os detestar por isso.
O Islão demonstrou ser uma religião mais tolerante, que concedeu liberdade religiosa a judeus e cristãos e a outras religiões reveladas. Os muçulmanos não foram os instigadores. Pelo contrário, traziam consigo a segurança e a paz às pessoas de todas as nações e crenças que habitavam o seu território.
Compaixão, paz e tolerância constituem a base dos valores do Alcorão. As disposições do Alcorão e a forma de praticar dos muçulmanos ao longo da história são claras e não dão espaço para dúvidas.
Temos que reconhecer, no entanto, que esta tolerância tem sido ensombrada na actualidade em alguns países de maioria islâmica, com governos ditatoriais, saídos do colonialismo, através de monarquias não represen-tativas ou golpes de estado revolucionários, que não são sequer uma sombra do que foram os estados islâmicos. Os governos actuais da História recente não são governos islâmicos.
Não existe um califado islâmico e a democracia tem vindo a diminuir na medida em que os governos se têm afastado do Espírito do Islão. É necessário um renascimento para voltar à sabedoria do Islão primitivo.
A Europa e logo a seguir a América, apesar desse acon-tecimento histórico intolerante, têm experimentado uma abertura democrática recente, uma vez que se tornaram sociedades laicas e se decidiram pela sepa-ração entre igreja e estado. Não existe um único estado cristão no mundo, a não ser o Vaticano e lá não existe liberdade religiosa, nem de opinião e muito menos polí-tica.
Reconheço que, actualmente, existe uma superio-ridade ocidental sobre os povos orientais, mas isto tem variado ao longo do tempo, em respeito a direitos humanos, liberdade de culto e direitos das minorias. No entanto, também temos de falar da superioridade moral e espiritual do Oriente sobre o Ocidente. A democracia participativa depende do sistema político em funções e não da religião da maioria dos seus cidadãos.
Diferente é a atitude da Religião Islâmica, em comparação com a democracia e os Direitos Humanos (não a atitude dos governos do momento).
O Islão pode considerar-se o primeiro a assegurar os direitos humanos e chamou a atenção para a sua salva-guarda e protecção. Quem estuda a legislação islâmica irá aperceber-se que um dos seus objectivos principais é proteger o ser humano, a sua religião, a sua mente, os seus bens e a sua família. A história registou, de uma forma inesquecível, a atitude do segundo Califa Omar quando recusou, de forma veemente, a violação dos direitos humanos ao dizer: Porque escravizaram os homens se estes nasceram livres?
No Islão, os direitos humanos baseiam-se em dois princípios: a igualdade entre todos e a liberdade de todos. Por sua vez, a liberdade é fundamentada em duas bases: a unicidade da origem humana e a honra com que Deus distinguiu o ser humano. Todos os huma-nos são agrupados numa grande família, sob o princípio da irmandade humana, na qual não cabe nenhuma dis-tinção entre classes nem raça. As diferenças que exis-tem nas pessoas devem ser um factor de conhecimento, integração e cooperação e não de discórdia ou confron-to, segundo nos diz o Alcorão na Surah 49, versículo 13:
«Ó humanos, na verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sábio e está bem inteirado».
E quanto à honra do ser humano, sabe-se que está confirmada no Alcorão (Surah 17, versículo 70): «Enobrecemos os filhos de Adão e os conduzimos pela terra e pelo mar; agraciamo-los com todo o bem, e preferimos enormemente sobre a maior parte de tudo quanto criamos».
Esta honra fez do ser humano um representante de Deus na terra, perante o qual se inclinaram os anjos. Deus também o fez dono deste mundo, a quem foi entregue tudo que existe entre os céus e a terra. Isto fez com que o ser humano tivesse um carácter sublime sobre todas as outras espécies e uma imunidade e protecção que abarca todos os seres humanos, sem qualquer tipo de distinção entre ricos e pobres, governantes ou vassalos, árabes ou não árabes; todos, diante de Deus, são iguais.
O segundo princípio dos direitos humanos é a liberdade, através da qual Deus fez com o que ser humano fosse responsável por povoar a terra e, como é sabido, não há responsabilidade sem liberdade. Deus concedeu a liber-dade ao homem até na questão de acreditar ou deixar de acreditar (Alcorão, Surah 18, versículo 29), uma liberdade que abarca os aspectos religiosos, políticos, culturais e civis:
«Dize-lhes: A verdade emana do vosso Senhor; assim, pois, que creia quem desejar, e descreia quem quiser. Preparamos para os iníquos o fogo, cuja labareda os envolverá. Quando implorarem por água, ser-lhes-á dada a beber água semelhante a metal em fusão, que lhes assará os rostos. Que péssima bebida! Que péssimo repouso!»
O sistema de governação no Islão tem por base a justiça e a consulta. No Alcorão, Deus ordena às pessoas que apliquem a justiça. Diz na Surah 16, versículo 90: «Deus ordena a justiça e a benevo-lência» e na Surah 4, versículo 58 diz: «Quando julgardes as pessoas, fazei-o com justiça». Em muitos versículos, este princípio é referido.
O respeito pela consulta é uma base principal e obrigatória. O próprio Profeta Muhammad (p.e.c.e.) consultou os seus companheiros e seguia a opinião da maioria, mesmo que fosse diferente da sua.
A união, a cooperação, a familiaridade e a solidariedade são instruções islâmicas que representam, para a nação muçulmana, o melhor apoio para garantir o sucesso dos seus objectivos no futuro.
O Islão tem como fontes originais a união e a solidariedade e adverte contra a divisão e a discrepância: «E apegai-vos todos ao pacto de Deus, todos juntos, e não vos dividais». (Surah 3, versículo 103); e a Surah 8, versículo 46, incita a sentir as dores do próximo e a consolá-lo para aliviar as suas tristezas e invoca a que toda a Nação seja como um único corpo. Diz o Profeta (p.e.c.e.) a esse respeito: "Os crentes assemelham-se, no seu carinho, misericórdia e solidariedade, ao corpo humano, no qual, se um membro se encontra indisposto, todo o corpo sofre repercussões, provocando a insónia e a febre".
O Islão considera que o vínculo da fé é a irmandade: «Os crentes, na verdade, são irmãos» – Alcorão 49:10.
Muitos muçulmanos, preocupados em resolver os problemas que o colonialismo deixou ficar, descuidaram-se dos ensinamentos do Islão, que chamam para a união e solidariedade… A nossa responsabilidade é sermos muçulmanos actualizados, amplos e tolerantes, do século XXI, mas imbuídos da sabedoria do Islão primitivo…
A Diferença Entre o Islão e a Prá-tica Verdadeira dos Muçulmanos
1. As Mídias” tornam o Islão mau:
a) - O Islão é, sem dúvida, uma boa religião, mas os “mídia” estão nas mãos de Ocidentais que têm medo do Islão. Os “média” transmitem e imprimem, de forma contínua, informação contra o Islão. Ou fornecem informações erradas sobre o Islão, ou fazem citações erradas ou projectam um ponto de vista fora do contexto.
b) - Quando uma bomba rebenta num qualquer lugar, as primeiras pessoas a serem acusadas, sem provas, são, invariavelmente, os muçulmanos. É isto que apare-ce como manchete nas notícias. Mais tarde, quando descobrem que os responsáveis são não muçulmanos, este facto aparece como uma notícia insignificante.
c) - Se um muçulmano de 50 anos casa com uma rapariga de 15 depois de pedir a sua permissão, aparece nas primeiras páginas; mas se um não muçulmano de 50 anos viola uma menina de 6 anos, aparece na secção interior, como “Breves Notícias”. Todos os dias, na América, uma média de 2713 violações acontecem, mas isso não aparece nas notícias, uma vez que se tornou numa parte do estilo de vida dos americanos.
2. Ovelhas negras existem em todas as comunidades:
Tenho consciência de que alguns muçulmanos são desonestos, indecentes e enganam as pessoas, etc., mas os “mídia” projectam isto como se apenas os muçulmanos estivessem envolvidos nestas actividades. Existem ovelhas negras em todas as comunidades.
3. Os Muçulmanos são melhores como um todo:
Não obstante todas as ovelhas negras da comunidade muçulmana, ainda assim os muçulmanos como um todo, formam a melhor comunidade no mundo. São a maior comunidade de abstêmios, isto é, que não absorve álcool. Colectivamente, são a comunidade que dá o máximo de caridade no mundo, que respeita a modéstia, valores humanos e a ética.
4. Não se deve julgar um carro pelo seu condutor:
Se se quiser avaliar a qualidade do último modelo da Mercedes e se uma pessoa que não sabe conduzir se sentar ao volante e espatifar o carro, quem se irá culpar? O carro ou o condutor? Naturalmente que será o con-dutor. Para analisarmos a qualidade de um carro, não devemos olhar para o condutor, mas sim para as capa-cidades e características do carro. A velocidade que atinge, o consumo de combustível, quais as medidas de segurança, etc. Mesmo que se concorde, a bem desta discussão, que os muçulmanos são maus, não podemos julgar o Islão pelos seus seguidores, pois não? Se quisermos julgar a qualidade do Islão, então julguemo-lo pelas suas fontes autênticas, ou seja, o glorioso Alcorão e as Sahih Ahadith.
5. Julgue-se o Islão pelo seu melhor seguidor, ou seja, o Profeta Muhammad (p.e.c.e.):
Se se quiser realmente verificar a qualidade de um carro, deve-se pôr um condutor profissional a guiá-lo. Da mesma forma, o melhor e o mais exemplar seguidor do Islão, através do qual se poderá verificar a qualidade do Islão, é o último Mensageiro de Deus, o Profeta Mu-hammad (p.e.c.e.). A par dos muçulmanos, existem vá-rios historiadores honestos e imparciais que declararam que o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) foi o melhor ser hu-mano. De acordo com Michael H. Hart, que escreveu o livro “The Hundred Most Influential Men in History/Os 100 Homens mais Influentes da História”, a posição mais alta, isto é, o número um era ocupado pelo amado Profeta do Islão, Muhammad (p.e.c.e.). Existem vários exemplos de outros não muçulmanos que prestam tributo ao Profeta, como Carlyle, La-Martine, etc., etc.■
Quem não pretender continuar a receber estas reflexões, por favor dê essa indicação e retirarei o respectivo endereço desta lista.
Obrigado, boas leituras.
M. Yiossuf Adamgy - 24/04/2014.