quinta-feira, março 19, 2015

A Enfermeira e o Paciente Muçulmano

In:http://oislam.org/noticias/historias-de-convertidos/326-a-enfermeira-e-o-paciente-muculmano Fonte: Saudi Gazette e Muslim Link.

Prezados Irmãos, 

Assalamu Alaikum (A paz esteja convosco): 

O meu nome é Cassie. Tenho 23 anos. Formei-me como enfermeira qualificada este ano e foi-me dado a minha primeira posição como enfermeira particular. O meu paciente era um senhor inglês, nos seus 80 anos de idade, que sofria de Alzheimer. No primeiro encontro fui informada de que ele era um convertido ao Islão, portanto muçulmano. 

Sabia que a partir desse fato, eu precisava levar em conta alguns modos de tratamento que poderiam ir contra a sua fé, e, portanto, tentar adaptar o meu zelo para atender as suas necessidades. 

Trouxe um pouco de carne 'halal' para cozinhar para ele e garantir que não havia carne de porco ou álcool no cozinhado, de acordo com algumas pesquisas que fiz e mostraram que estes produtos são proibidos no Islão. 

O meu paciente estava numa fase muito avançada da sua doença, e, por isso, muitos dos meus colegas não conseguiam entender por que eu estava a tomar tantos cuidados por ele. Mas para mim, uma pessoa que se submete a uma fé merece que esse compromisso seja respeitado, mesmo se ele não está em condições de entender. 

Após algumas semanas com o meu paciente, comecei a notar alguns padrões de movimento. No começo pensei que eram alguns movimentos copiados que ele viu alguém a fazer, mas eu o vi repetir o movimento em determinados momentos: de manhã, à tarde e à noite. 

Os movimentos eram: levantar as mãos, curvar-se e em seguida, colocar a cabeça no chão. Eu não conseguia entender… Ele também estava a repetir frases num outro idioma, não conseguia descobrir que língua era …Mas eu sabia que algumas palavras eram repetidas, diariamente. 

Também havia outra coisa estranha: ele não permitia que eu o alimentasse com a minha mão esquerda (sou canhota). 

Então pensei que seria melhor falar com alguém e perguntar. Coloquei as questões relacionadas com os movimentos repetidos na internet e foi-me dito que estes são os movimentos de oração. Então, segui um link e assisti um vídeo de oração islâmica no YouTube. 

Fiquei abalada. Um homem que perdeu a memória e não se lembrava de seus filhos, de sua ocupação e mal podia comer e beber, era capaz de se lembrar não só dos movimentos de oração, mas também das palavras que estavam num outro idioma. Isto era simplesmente incrível e eu sabia que este homem era devoto na sua fé, o que me fez querer saber mais, a fim de cuidar dele o melhor que pudesse. 

Foi-me dado um link para ler a tradução do Alcorão e ouvi-la. 

O capítulo ‘A Surata das Abelhas' deu-me calafrios e eu a repeti por várias vezes ao longo do dia. Fiz uma gravação do Alcorão no meu iPod e dei para o meu paciente para ouvi-la. Ele sorriu e chorou e ao ler a tradução, eu entendi o porquê. 

Eu apliquei o que eu estava a aprender para poder cuidar dele, mas aos poucos me vi procurando respostas para mim mesma. 

Pois, na verdade, nunca parei para olhar para a minha vida; nunca conheci meu pai; minha mãe morreu quando eu tinha três anos. Meu irmão e eu fomos criados pelos nossos avôs que morreram há quatro anos atrás. Agora, éramos só nós dois. 

Mas apesar de toda essa perda, sempre pensei que eu era feliz, contente. Foi só depois de passar o tempo com o meu paciente que comecei a sentir como se estivesse faltando alguma coisa. Eu estava sentindo falta daquela sensação de paz e tranquilidade que o meu paciente, mesmo sofrendo, sentia. 

Queria aquela tranquilidade que ele sentia. A sensação de pertencer e ser parte de algo, mesmo sem ninguém ao seu redor. Foi-me dada uma lista de Mesquitas na minha área e sai para visitar uma. Assisti a oração e não consegui segurar as lágrimas. 

Senti-me atraída para a Mesquita todos os dias e o Imame e a sua esposa deram-me livros e fitas e acolheram todas as perguntas que eu tinha. Cada pergunta que eu fiz foi respondida com grande clareza e profundidade. 

Nunca pratiquei uma fé, mas sempre acreditei que havia um Deus. Eu só não sabia como adorá-Lo. Fui para a Mesquita para assistir a oração da alvorada. 

Depois, fui cuidar do meu paciente. Estava a alimentá-lo e, quando olhei nos seus olhos, simplesmente percebi que ele foi trazido para mim por uma razão… e que a única coisa que me impedia de aceitar era o medo.... não era temor no sentido de algo ruim, mas medo de aceitar algo bom e achar que eu não era digna como este homem. 

Naquela tarde, fui para a Mesquita e pedi ao Imame se eu poderia pronunciar a minha declaração de fé, a Shahada: Não há outra divindade senão Allah (Deus) e Muhammad é o mensageiro de Allah. 

Ele me ajudou e guiou-me através do que eu precisaria fazer a seguir. Não consigo explicar a sensação que eu senti quando eu pronunciei isso. Era como se alguém me acordasse do meu sono. A sensação era irresistível: alegria, clareza e paz. 

A primeira pessoa para quem eu contei, não foi o meu irmão, mas o meu paciente. Fui até ele e, antes mesmo de eu abrir a minha boca, ele chorou e sorriu para mim. Eu caí em prantos, na frente dele. Eu lhe devia muito. 

Finalmente, contei para o meu irmão; embora ele não estivesse feliz, apoiou-me e disse: “I would be there for you” (que estaria lá por mim). Eu não poderia pedir-lhe mais. 

Depois da minha primeira semana como muçulmana, o meu paciente faleceu durante o sono, enquanto eu estava cuidando dele. Teve uma morte pacífica e eu era a única pessoa que estava com ele. 

Ele era como o pai que nunca tive. Foi a minha porta de entrada para o Islão. Desde o dia da minha Shahada até ao dia de hoje e para cada dia, enquanto eu viver, vou orar para que Deus seja misericordioso para com ele e o recompense por toda boa obra que eu realizar. 

Amava-o por amor a Deus e rezo, todas as noites, pedindo para eu me tornar um peso de átomo do muçulmano que ele foi. 

O Islão é uma religião com uma porta aberta e está lá para quem quiser entrar... E Deus é O Misericordioso, O Compassivo. 

Cassie faleceu em Outubro de 2010, depois do seu irmão ter abraçado o Islão. 

Que Deus a abençoe. 

Muitas preces para esta irmã Enfermeira que serviu o paciente sem olhar para a sua fé. Se o mundo se tornasse assim, então a Terra poderia ser o Paraíso. Não está em questão ela se ter convertido ao Islão, mas sim toda essa sua atitude humanitária. 

Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 19/03/2015.

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