quinta-feira, novembro 07, 2013

O Mês de Muharram – O Dia de Ashuurá

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a  Misericórdia e as Bênçãos de Deus)       
Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

O calendário Islâmico segue o ciclo lunar e é composto por 12 meses de 29 ou 30 dias. Por consequência, o ano tem cerca de 11 dias a menos, em relação ao calendário gregoriano.

O primeiro mês do calendário islâmico é o Muharram. É um mês importante e abençoado por Allah Subhana Wataala. Abu Bakr (Radiyalahu an-hu), relatou que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “O ano tem 12 meses. Quatro meses são sagrados; os 3 meses consecutivos de Dhul-al-Qidah, Dhul.al-Hijjah e Muharram; e (o quarto) o Rajab (chamado também de Rajab Mudar, por ter sido respeitado pela tribo de Mudar) que se encontra entre Jumaada Akhir e Sha’aban.” Bukhari 60:184.

Refere o Cur’ane: “Por Deus, o número de meses é de 12, como foi ordenado por Deus no dia em que Ele criou os céus e a terra; Quatro deles são sagrados. Este é o computo certo, portanto não vos condeneis (não sejais injustos com vós mesmo neste mês)…. Cur’ane 9:36

Ibn Abbass e Qatada (Radiyalahu an-huma) referiram que esta frase “ portanto não vos condeneis…” refere-se a todos os meses. No entanto, as más acções e os pecados cometidos naqueles 4 meses são mais sérios e em contrapartida, as boas ações trazem maiores recompensas.

A Hégira marca o primeiro dia do ano do Calendário Islâmico, quando o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) foi obrigado a emigrar de Maka para Medina no ano de 622 depois da era de Issa-Jesus (Aleihi Salam). Foi uma época muito difícil sofrida pelo Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi wassalam), perseguido e maltratado quando começou a proclamar para os idólatras de Maka de que “Não há outra divindade senão Deus” – “Lá ILAHA ILA LLAHA”. Lembrando este acontecimento, os muçulmanos devem incrementar neste mês sagrado, as ações meritórias para satisfação do Criador, Misericordioso e Sustentador.

O Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), nunca jejuou por inteiro em qualquer outro mês, a não ser no mês de Ramadan. O mês que mais jejuava era o de Sha’aban, que antecede o mês de Ramadan. No entanto, recomendou-nos para também jejuarmos noutras ocasiões, como por exemplo no dia de Arafa e no mês de Muharram.

Dos 4 meses sagrados, Muharram foi abençoado com algumas virtudes específicas, como por exemplo por causa do dia de Ashuurá. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) sempre jejuou nesse dia, mesmo nos tempos pré-islâmicos. Dada à importância do dia, outros também observavam o jejum. Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) relatou que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “O melhor jejum depois do mês de Ramadan, é o jejum no mês de Allah, o mês de Muharram.” (Musslim). Quando o jejum do mês de Ramadan foi instituído como obrigatório, o jejum de Ashuura deixou de ser obrigatório, passando a ser recomendado (mustahab).

Segundo o relato de Ibn Abbass (Radiyalahu an- hu), quando o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) chegou à cidade de Madina, viu os judeus jejuando no dia de Ashuura e perguntou os motivos. Foi-lhe respondido. “Este é o dia em que Deus salvou dos seus inimigos, o Profeta Mussa, Aleihi Salam (Moisés) – Que a Paz de Deus esteja com ele – e os seus seguidores. Então Mussa, como agradecimento a Deus, jejuou neste dia. O Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Nós temos mais direitos sobre Mussa (Que a Paz de Deus esteja com ele) do que vós e somos mais próximos dele do que vós.” Então o Profeta jejuou neste dia e ordenou os seus Sahábas – Companheiros (Radiyalahu an-huma – Que Deus esteja satisfeito com eles) para fazerem o mesmo. (Musslim).

O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu: “Ao jejuar no dia de Ashuura, eu espero que Deus aceite o meu jejum como uma expiação pelo ano que passou.” (Musslim).

Ibn Abbas (Radyialahu an-hu), referiu: Quando o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) jejuou no dia de Ashura e recomendou para que os seus companheiros assim o fizessem, eles lhe disseram: Ó Mensageiro de Deus, este é o dia em que os Judeus e os Cristãos o consideram muito importante. Então o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “No próximo ano, se Deus quiser, nós observaremos (também) o jejum no dia nove”. Mas, o Mensageiro de Deus, acabou por falecer antes do referido advento. – Muslim Livro 6 – Hadice 2.528.

Ashuurá é derivado de Ashará, que significa 10 . Assim, Ashuurá é o décimo dia de Muharram e o Tashuurá , é o nono dia do mesmo mês. É virtuoso jejuarmos nos dias 9 e 10 de Muharram, porque o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) assim o recomendou.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

07/11/2013

sexta-feira, novembro 01, 2013

A Economia no Islão

Breve exposição relativa à Economia, do ponto de vista Islâmico, compilada pelo irmão Abdallah Yusuf de La Plata (Néstor D. Pagano), com base no prólogo do tomo III da obra "Al Haiat", traduzida em castelhano pelo sheikh Muallemi Zadeh. -Versão portuguesa de Al Furqán.

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:

O objetivo

Um dos objetivos sociais e humanos mais importantes dos Profetas (que a Paz de Deus esteja com eles), que constitui certamente uma das metas do seu aparecimento e das suas mensagens, é que as pessoas assegurem a equidade. O Alcorão diz o seguinte: «Com efeito, enviamos os Nossos Mensageiros com as evidências, e por eles, fizemos descer o Livro (ou seja, as Escrituras Sagradas) e a Balança, para que os humanos observem a equidade...» (57:25).

Por conseguinte, podemos afirmar que as religiões Divinas surgiram apenas para edificar uma sociedade humana que não conheça nada mais do que a justiça e que observe nada mais do que a equidade.

Este objectivo é muito vasto e importante, e a sua consecução passa pela eliminação de dois aspectos que poderíamos definir como os dois maiores flagelos de que padecem as sociedades: a jactância e a ostentação das classes mais ricas e poderosas (com as suas vidas repletas de luchos e abundância) e a humilhação econômica e a miséria de que padecem as classes mais pobres. Deve criar-se, portanto, um sistema econômico moderado e equilibrado, eliminando as classes muito ricas e as classes muito pobres.

Uma distribuição das riquezas que leve a um estado financeiro moderado entre as pessoas dá origem à firmeza da comunidade, da economia, da moral, da cultura, da política e da segurança, o que destaca a essência da religião, visto que a justiça é o espírito mesmo dos mandatos religiosos, e é com a mode-ração que a justiça e a equidade se aplicam. Por conseguinte, fazer descer a Balança juntamente com a Escritura (conforme mencionado no versículo Alcorânico atrás transcrito) assinala claramente uma estreita relação entre a moderação e a equidade, pois não há equidade se não houver moderação.

A riqueza

A riqueza possui um objectivo Divino justo e vital, que só pode ser alcançado pela aplicação de um sistema econômico equilibrado que garanta a subsistência das pessoas de todos os quadrantes. Concretiza-se, desta forma, o modelo da sociedade Alcorânica.

De fato, existem múltiplos vínculos entre a riqueza, o seu esquema de distribuição e a sua circulação entre as pessoas, por um lado, e a educação da humanidade, a manutenção social e a presença da religião e os seus ensinamentos na sociedade, por outro lado. A riqueza explorada de forma salutar e distribuída com justiça dá lugar à manutenção necessária para levar adiante uma vida nobre e digna, de acordo com os preceitos islâmicos, pois Deus Altíssimo estabeleceu nesta correta exploração e distribuição dos recursos financeiros todo o sustento que a humanidade necessita.

A acumulação exagerada da riqueza, assim como a miséria extrema, conduzem a vida humana à decadên-cia e à aniquilação. Assim, a ênfase definitiva dada à observância da justiça e da moderação somente se tor-na importante com a eliminação destes dois grandes corruptores, que ameaçam a permanência da religião (o Islão) e a própria existência humana. Daí a importância de estudar as questões económicas apoiando-se nos princípios fundamentais do Islão: o Alcorão e a Tradição ("Hadith"), um passo em busca da principal meta da religião.

A opressão econômica

A maior dificuldade que o ser humano teve de atravessar ao longo da sua vasta história foi a opressão econômica. Não foram as opressões políticas e sociais, pois estas derivam, na realidade, daquela. (Quanto à opressão cultural, que é sem dúvida muito importante, esta merece uma análise independente, que não realiza-remos neste trabalho.)

O Nobre Alcorão assinala claramente a necessidade de combater, de uma forma vasta e aprofundada, aqueles que são responsáveis pela opressão econômica: os acumuladores, os especuladores, os amantes do luxo e da ostentação. Adverte-nos sobre este grande perigo e orienta os nossos pensamentos em oposição a ele. Assim, os eruditos do Islão que se propõem consolidar os princípios da religião Divina, resgatar as instituições da humanidade e desenvolver a vida dos muçulmanos de acordo com os mandatos islâmicos, devem optar pela persistência na luta pela defesa dos despojados e dos oprimidos, assim como dos seus direitos usurpados, dos seus mantimentos roubados, das suas nobrezas perdidas e das suas personalidades maltrata-das. Este passo deve ser dado com o seu conhecimento e a sua orientação no cenário de uma liderança justa.

O dever dos sábios

O dever dos sábios religiosos (especialmente no Islão) é imitar os Profetas (que a Paz de Deus esteja com eles) na aniquilação dos déspotas econômicos e dos opressores financeiros, bem como dos tiranos políticos. Devem combatê-los para recuperar os direitos usurpa-dos dos despojados, resgatando-os das garras dos dominadores para devolvê-los aos seus verdadeiros donos, os dominados. Desta maneira, as massas oprimidas poderão observar a religião e as suas cerimônias rituais, cumprindo na íntegra as obrigações de Deus, como a oração, o jejum, a peregrinação e outros mandatos.

Além de concretizar, nestes feitos, esta revolução social, os sábios devem instruir as gerações mais novas de forma correta. Mas esta instrução não é o seu único papel. Se os Profetas (que a Paz de Deus esteja com eles) tivessem surgido da parte de Deus Altíssimo exclusivamente para ensinar as pessoas e informá-las sobre as questões ritualísticas, não teriam dedicado tanto tempo e esforço às guerras revolucionárias, as quais foram muito intensas e sangrentas. Neste caso, o Alcorão não nos teria dito: «Quantos Profetas e, com eles, quantos grupos lutaram pela causa de Deus, sem desanimarem com o que lhes aconteceu; não se acovardaram, nem se renderam! Deus aprecia os perseverantes». (3:146).

Estas batalhas não eram levadas a cabo unicamente contra os tiranos políticos, mas também contra os opressores econômicos («os desmentidores que gozam de mercês», segundo a opressão Alcorânica — ver Alcorão 73:11). Eles atacaram os tiranos financeiros, que eram os mesmos opressores políticos ou os seus colabora-dores mais diretos e mais próximos, para quem, à sombra do poder, era mais fácil realizar qualquer tipo de opressão e saque. Vemos, por exemplo, que Moisés (que a Paz de Deus esteja com ele) foi enviado até ao Faraó e Corá, ou seja, até ao tirano político e ao opressor econômico que o secundava e aconselhava.

A importância da economia

Vemos que o Islão dá uma grande importância às questões financeiras. Por exemplo, considera que proce-der a uma distribuição equilibrada da riqueza entre as pessoas é uma ferramenta fundamental para incorporar o princípio da equidade no seio da sociedade.

Esta atenção centrada na economia como elemento de justiça e bem-estar que garante o desenvolvimento espiritual do ser humano é uma característica exclusiva desta religião Divina (o Islão) que se harmoniza com a realidade e com a natureza da criação e das pessoas. Nenhuma outra religião aborda esta questão de forma tão clara e contundente.

Segundo a sua natureza e os seus instintos, o ser humano necessita da subsistência e dos recursos ma-teriais relativos à alimentação, vestuário, saúde, aloja-mento, etc. Não é possível o ser humano dar um único passo sem eles, em qualquer aspecto que seja. É, por-tanto, lógico e natural que a religião celestial autêntica conceda uma grande importância ao tema da subsis-tência humana e se programe para garantir as neces-sidades do ser humano.

Assim, o Islão considera as riquezas como um meio de subsistência e de elevação para as pessoas, e ao pão como a causa da observância da oração, do jejum, da peregrinação e do cumprimento de outros deveres. Devido a isso, figura numa Tradição Profética: «Se não tivesse existido o pão, não teríamos rezado».

Vemos que se estabelece o pão como pilar da oração e não nos esqueçamos que a oração é o pilar da religião. O pilar do pilar é, portanto, por sua vez, o mesmo pilar. Por conseguinte, não há religião sem pão (sem o que é necessário para a subsistência elementar). De fato, a miséria converte-se rapidamente em motivo de impiedade.

A maior forma de tirania

A opressão económica é uma das formas mais peri-gosas de tirania. Além disso, é, em si mesma, uma opressão total, da qual derivam outras manifestações de despotismo. Por essa razão, o objectivo dos ensina-mentos dos Profetas (que a Paz de Deus esteja com eles) era alertar as pessoas sobre isso, assim como as suas acções concretas destinadas a derrubar este mal.

É evidente que para as pessoas que têm um mínimo de consciência de que a liberdade de disponibilidade e de consumo prepara o caminho para a opressão econó-mica, uma vez que abre as portas à multiplicidade e à sumptuosidade, promove o espírito classista e privativo e tende a esmagar cada uma das cores da justiça e da equidade. Por conseguinte, devemos colocar-nos a pergunta seguinte: é possível que o Islão não indique nenhuma posição definida perante tal manifestação destrutiva?

(Continua, na próxima reflexão, in cha Allah) - Wassalam. 

Obrigado, boas leituras.

M. Yiossuf Adamgy

AL DIN AL NASSI’AH - Segunda e Última Parte.

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) -JUMA MUBARAK

Todas as adorações feitas pelo crente, são para o benefício do crente. O jejum que o crente efetua no mês de Ramadan , ou fora dele, é exclusivamente para Deus! É no mês de Ramadan que aproveitamos para purificar a nossa concepção da religião, porque apesar de ocupados também com os nossos afazeres profissionais, encontramos tempo e disposição para relembrar e aprender. Nesse mês, os crentes enchem as mesquitas, colhendo os ensinamentos que os eruditos nos dão acerca dos diversos temas da religião e da vida. É o Din AL Nassi’ah . É uma boa oportunidade para aprendermos e purificarmos a nossa fé. Deus sabendo a fraqueza do ser humano, porque passa todo o ano agitado e não encontra tempo suficiente pata se lembrar Dele, Allah, Subhana Wataala, com a sua infinita Misericórdia concedeu-lhe o mês de Ramadan, para inverter a situação. De facto, o Ramadan provoca um fascínio no muçulmano, difícil de se explicar. Também no jejum facultativo efetuado nos dias especiais, como por exemplo no dia de Arafah, ou em dias alternados ao longo do ano, serão uma provisão para a vida futura (Akhirat). Ainda no referido longo hadice acerca do Dia da Ressurreição, o Profeta Salalahu Aleihi Wassalam) referiu: “Eu vi uma pessoa sequiosa entre os meus seguidores, com a língua de fora, que não conseguia beber água quando pretendia fazê-lo. Veio então o seu jejum e saciou-lhe a sede”. SubhanaAllah!!!

O Zakat , o quarto pilar do islam, é a purificação da riqueza. Também existem regras para o seu cumprimento. Devemos aprender / recordar os métodos para o calculo e pagamento do Zakat, uma obrigação para a qual teremos de responder. O crente rico, que tem por hábito distribuir caridade, terá neste mundo a “Baraka” (a abundância). Sentir-se-á espiritualmente realizado e a sua riqueza não diminuirá por causa disso. “E há nos seus bens, uma parte para o mendigo e para o desafortunado”. Se o Zakat é obrigatório para os que têm capacidade financeira, como será possível o crente que nada tem cumprir com este importante pilar? O Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse : “Salvem-se (a vós próprios), mesmo dando em caridade, metade duma tâmara”. Bhukari. Ainda referiu o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): “É obrigatório para todos os muçulmanos darem a esmola (sakaka)” Perguntaram se uma pessoa não tiver nada para dar? Respondeu: Ele deve trabalhar com as suas mãos, para que possa beneficiar-se e dar a caridade. Se não conseguir, deve ajudar os oprimidos. Se não puder, deve dizer o que é razoável. Se não puder, deve abster-se de fazer o mal, porque tudo será considerado como sadaka”. Bhukari 73:51. Todas as boas ações são Sadaka. No referido longo Hadice relatado por At-Tabarni, quando Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) contou aos seus companheiros o que viu num sonho, disse também: “Eu vi um homem entre os meus seguidores a pôr as mãos sobre a cara para se proteger do calor e do fogo do inferno. Veio então a sua caridade, tornou-se num SubhanaAllah!!! muro, salvou-o do fogo e tornou-se numa sombra sobre ele”.

Para finalizar este tema subordinado ao tema “AL Din AL Nassi’ah”, vou referiu o quinto pilar do Islam – o Haj - “E completai o Haj e o Umra exclusivamente para Deus”. Cur’ane 2:196. O niyat (a intenção) de ir fazer o Haj, deve acompanhar-nos durante toda a vida. Ao perspectivar-se a viagem, devemos aprender todos os rituais que iremos realizar, de modo a obtermos o máximo de recompensas possíveis. Para o Haj assim realizado, o Paraíso será a recompensa. Muitos ficam receosos porque pensam que terão muitas dificuldades para o cumprimento dos rituais. Mas a melhor maneira de afastar esse temor, é ler, perguntar e aprender, antes da viagem. Desenganem-se aqueles que pensam de não podem ir fazer o Haj, por não terem condições financeiras. Quantas pessoas que nada tinham e de repente ouvimos falar de que já estão a caminho da peregrinação? E outros com muitas posses, acabam por morrer sem cumprirem com o 5º. Pilar? No caso de impossibilidade de cumprir com o Haj, as recompensas podem ser obtidas de várias maneiras, como por exemplo através do nosso comportamento, o carácter e o relacionamento com os nossos vizinho e com os nossos colegas não muçulmanos. Será uma das melhores formas de demonstrarmos a Paz do islam. Também o respeito e a compaixão pelos nossos pais, em especial quando eles atingirem a velhice, é uma outra via para obtermos inúmeras recompensas por parte de Allah, nosso Criador. Todos aqueles que não participam na peregrinação, têm a oportunidade de expiarem os seus pecados, fazendo o jejum no dia de Arafat. O Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse : “O Haj é Arafah, O Haj é Arafah” . Relato de Baihaque. Ainda referiu: “O melhor dia, é o dia de Arafah” . Acerca do jejum no dia de Arafah, disse: “permite emendarem-se as faltas (cometidas) durante o ano anterior e o ano seguinte”. Muslim. No longo hadice que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), contou aos seus companheiros, acerca do sonho que teve relativo ao Dia da Ressurreição, disse: “Eu vi uma pessoa entre os meus seguidores, rodeada de escuridão e que não sabia para onde ir. Veio então o seu Hajj e Umrah, tirou-a da escuridão e trouxe-a para a luz”. At-. SubhanaAllah!!! Tabarni

Baseado no baiane do Mufti Imtiaze, de Moçambique, proferido na Mesquita Central do Porto – Portugal. Que Allah Subhana Wataala lhe conceda muito ilm para nos transmitir o “Din AL Nassi’na”

Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem" . Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!” . 10.10. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá 31/10/2013 abdul.manga@gmail.com

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a  Misericórdia e as Bênçãos de Deus) .

sábado, outubro 26, 2013

A MODERAÇÃO NO ISLAM

Centro Islâmico de Brasília-DF - Khutuba : Sheikh Othaman Sharif 

O Louvor é para Allah(SWT). Nós O exaltamos, imploramos Sua ajuda e rogamos pelo Seu perdão. Aquele a quem Allah orientar não se desviará, e aquele a quem Allah permite que se desvie ninguém poderá orientá-lo. Testemunho que não há outra divindade além de Allah, o Único, e que Ele não tem parceiros. E testemunho que o Muhammad(SAAW) é Seu servo e mensageiro, que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele, com seus familiares, seguidores e companheiros até o Dia do Juízo Final.

A moderação e o equilíbrio são das mais destacadas particularidades da civilização islâmica. Esta particularidade quer dizer mediar ou empatar entre dois extremos opostos, de maneira que um deles não influencie sozinho e expulse o extremo oposto, de maneira que um dos extremos não leve mais que o seu direito e domine o seu extremo injustamente. Esta é a moderação e equilíbrio dignos de uma mensagem universal e eterna, que veio para abranger todos os cantos do mundo e todas as épocas do tempo.

Assim, você vê a civilização islâmica unir entre a espiritualidade e a matéria, ou entre as necessidades do espírito e as necessidades da matéria, unir entre as ciências da religião e as ciências da vida, se preocupar com a vida mundana como se preocupa com a Vida Eterna. Da mesma forma, une entre o idealismo e o realismo, e também, tem equilíbrio entre os direitos e os deveres.

A moderação leva em conta as habilidades e as capacidades humanas. Dessa forma, uma pessoa moderada não sobrecarrega aos demais nem tampouco tem opiniões extremas. Aquelas pessoas que utilizam princípios inviáveis se afastam da realidade, porque a moderação tem uma influência direta na vida das pessoas. Portanto, devem ser consideradas as capacidades individuais, sociais, nacionais e internacionais.

“Fizemos de vocês uma comunidade moderada e justa, de modo que fossem testemunhas perante a humanidade [da chegada dos Profetas anteriores], assim como o Mensageiro será testemunho para vós”. (Alcorão 2: 143).

Sempre que o profeta teve que escolher entre duas opções, escolhia a mais simples, desde que não envolvesse em pecado”.

Quando o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) enviou Mu'adh Ibn Jabal e Abu Musa Al Ash'ari para chamar o povo do Iêmen para o Islam, disse: “Facilitem (os assuntos religiosos para as pessoas) e não os torne difíceis. E mais, levem a eles boas novas e não os afastem do Islam, e obedeçam uns aos outros”.2 Esse é o princípio básico da da’uat.

O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “As coisas mais queridas de Allah são aqueles que adotam um caminho do meio termo e moderado"

O Islam é o meio termo entre as religiões. Aqueles que contemplam a fé islâmica descobrirão que ela adota um caminho que está situado em um meio termo entre as outras religiões. O Islam é o meio termo entre o judaísmo e o cristianismo.

Oh Allah, concede-nos o sucesso em todos nossos assuntos e faz que cooperemos no que é correto e na devoção. Peço-Te nosso Senhor, Exaltado seja, que nos conceda a razão, a verdade, a palavra e nos proteja dos desvios do caminho correto. Certamente és o Mais Generoso.

A ultima suplica que desejamos dizer é: Todos os louvores sejam para Allah, Senhor do Universo e que a Paz e as Bênçãos de Allah desçam sobre nosso Profeta, sua família e companheiros.

Anas (R) relatou que chegaram três homens a casa das esposas do Profeta (S) inquirindo pelos atos dele quanto ao culto. E, uma vez informados, aquilo lhes pareceu insuficiente, e disseram: “Não estamos em condição de nos compararmos ao Profeta, pois que lhe foram perdoadas as faltas, tanto anteriores quanto posteriores.” Um deles disse: O que farei será permanecer-me durante a noite, em oração, por toda a vida.” O segundo disse: “E eu jejuarei durante o dia pelo resto da minha vida” O terceiro disse: “Eu me privarei de relacionar-me com as mulheres, e jamais me casarei.” Mais tarde, o Mensageiro de Deus (S) disse:” Fostes vós que dissestes isto e aquilo? Se é assim, juro-vos por Deus que sou o que mais teme a Deus e o mais devoto; mesmo assim, observo o jejum e o quebro, e me levanto para orar à noite, mas também me deito, e também me caso com as mulheres. Então, quem se recusar a seguir o meu exemplo não será dos meus.” (Mutaffac alaih)

Ibn Mass’ ud (R) relatou que o Profeta (S) disse: “ Os extremistas (na pratica da religião) buscam a as própria perdição.” E repetiu isso três vezes. (Musslim)

Abu Huraira (R) relatou que o profeta (S) disse: “A pratica da religião é fácil, e a religião é mais forte do que o fanatismo. De sorte que, cumpri com vossos deveres de modo apropriado, sincero e comedido, e sede otimistas; auxiliai-vos com as orações pelas manhãs e pelas tardes, e durante uma parte da noite, pois com regularidade e moderação, alcançareis o vosso almejo (o Paraíso).”

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu!

sexta-feira, outubro 25, 2013

AL DIN AL NASSI’AH - Primeira Parte.

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)

Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) JUMA MUBARAK

AL Din - a Religião , é o código de vida para o muçulmano, um bem muito precioso, que deve ser partilhado com outros. É o exemplo da riqueza, que deve ser repartido através do Zakate (contribuição obrigatória) e do Sadaká (a facultativa). Essa solidariedade que a própria religião nos ensina, pode denominar-se de “AL Nassi’ah”. A conjugação destes dois factores, a religião e a solidariedade, origina as palavras “AL DIN AL NASSI’AH. São só duas palavras, mas com um significado muito abrangente. São vários os exemplos na língua árabe de duas palavras que dão ênfase a uma situação. Para melhor entendermos essa importância, vamos recorrer ao significado de duas famosas palavras do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), quando se referiu à importância da Peregrinação a Maka, dizendo: “O Haj é Arafah”. Estas duas palavras reflectem a importância de Arafah no cumprimento do Haj. Se o peregrino cumprir com os rituais do Haj, tais como, o Tawaf (circundar a Casa de Deus 7 vezes), percorrer também 7 vezes os montes Safa e Marwa, permanecer em Miná e em Muzdalifa, atirar as pedrinhas aos sheitanes (diabos) e cumprir com o Curbani (sacrifício), mas se por qualquer motivo não permanecer em Arafaf no dia e no tempo prescrito, então deverá fazer um novo Haj. Apesar da “estadia” em Arafah ser só por poucas horas em relação aos 5 dias do Haj, acaba por ser determinante para se considerar a peregrinação completa.

A Religião sem solidariedade , não fica completa. As palavras AL DIN AL NASSI’AH encerram uma importância extrema para o crente e podem ser explicadas utilizando o exemplo do mel que não pode ser consumido imediatamente depois de colhido nas colmeias, pois o mesmo contém diversas impurezas, incluindo favos e restos de abelhas. Depois de filtrado (purificado), então estará apto para ser introduzido no mercado e para ser consumido. Porque uma das características do ser humano é o esquecimento, deve preocupar-se em relembrar e melhorar os seus conhecimentos religiosos. Sem conhecimento (ilm), não é possível o Ibadat (adoração a Deus). Se não relembrarmos, associaremos à adoração, rituais, usos e costumes contrários à pureza da religião. O crente deve assumir uma preocupação constante para “purificar-se” de tudo o que é estranho à religião.

Para que o crente seja de facto muçulmano (submisso a Deus), deverá constantemente purificar e renovar essa condição, de modo a estar sempre com a fé fortalecida. Também chamamos a essa condição de DIN NASSI’AH . Consideremos os 5 pilares do Islam, como os 5 pilares que suportam uma tenda, na qual nos abrigamos. Se dois ou mesmo um dos pilares se encontrar danificado, a estabilidade da tenda ficará comprometida. Se a fé estiver doente, deve-se procurar o remédio certo para a cura. Com os pilares firmes que sustentam a fé, o crente terá todas as condições para viver em Paz com o Criador, com a natureza e com todos os que o rodeiam. Mas não deve conservar esta preciosidade só para si, deve ser solidário e partilhar com outros crentes, o conhecimento que tem da religião. São estas as advertências que encontramos nas palavras “AL Din AL Nassi’ah” – relembrar, purificar, praticar, aconselhar e solidarizar.

O primeiro pilar - a fé -, deve ser renovado sempre com “ LA ILAHA ILLA LLAH "NÃO HÁ OUTRA DIVINDADE, SENÃO DEUS, A (ÚNICA) DIVINDADE. Estas palavras devem ser recitadas com sinceridade durante toda a nossa vida. São simples palavras que nos ensinam a Unicidade de Deus e para Ele será o nosso retorno. Serão as luzes que iluminarão as nossas sepulturas. Para testemunharmos que Muhammad (Salalahu Aleihi wassalam) é o último Mensageiro e Profeta de Deus, devemos recitar duma forma completa a Shahadah (declaração de fé): “LA ILAHA ILLA LLAH MUHAMMAD RASSULULAH - "NÃO HÁ OUTRA DIVINDADE, SENÃO DEUS, A (ÚNICA) DIVINDADE, E QUE MUHAMMAD É O SEU (ÚLTIMO) MENSAGEIRO. Num longo hadice o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu aos seus companheiros (Radiyalahu an-huma) o que viu num sonho, relativo ao dia da Ressurreição. Entre algumas das passagens, disse “Eu vi uma pessoa entre os meus seguidores a quem a porta do paraíso se tinha fechado quando ela lá chegou. Veio então o seu Kalimah Shahadah - La ilaha illallah - (Não há outra divindade, senão Deus - declaração de fé), abriu-lhe a porta e deixou-a entrar” (At-Tabarni) . SubhanaAllah!!!

A oração , o segundo pilar, é obrigatório para todos os muçulmanos. Para a efectuarmos correctamente, devemos relembrar / aprender, de modo a evitarmos erros que transformem as recompensas em pecados. Para efetuarmos a oração, o primeiro aspecto que devemos ter em conta, é a limpeza do nosso corpo e das nossas roupas. Não basta fazer a ablução (Uzú), se não nos lavarmos convenientemente, por exemplo depois de urinarmos. No referido longo hadice, o Profeta de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) disse também: “Eu vi uma pessoa entre os meus seguidores, que tinha acabado de ser enterrado e quando chegou a hora da punição do túmulo, veio o seu Uzhú (ablução) e salvou-o da punição. Eu vi um homem entre os meus seguidores, que estava ao pé dos Profetas e foi impedido por eles de se sentar ao lado deles. Veio o seu Ghussal (banho obrigatório após o contacto intimo com o seu conjugue) e o fez sentar-se ao meu lado. Eu vi um homem entre os meus seguidores a quem os anjos da punição tinham aterrorizado e entristecido. Vieram então as suas orações ( Salat ) e salvaram-no. Eu vi uma pessoa entre os meus seguidores que estava a andar de joelhos na ponte de Sirat. Veio então o seu Salat (orações) , fê-la levantar-se e ela atravessou a ponte”. SubhanaAllah!!!

In Sha Allah, este tema será concluído no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá 24/10/2013 abdul.manga@gmail.com

quarta-feira, outubro 23, 2013

KHADIJAH (r.a.), a Primeira Esposa do PROFETA MUHAMMAD (s.a.w.)

Prezados Irmãos,  

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:

Em geral, as pessoas esforçam-se para imitar aqueles que lhes são apresentados como modelos e tentar viver uma vida semelhante à destes. Aqueles que vivem as suas vidas de acordo com esses «arquétipos» podem alcançar vidas exemplares, de uma forma muito melhor, enquanto um grande número de indivíduos que não encontraram a orientação em tais modelos vagueiam sem rumo ou direção. Por esta razão, o Alcorão ocasionalmente direciona a nossa atenção para as vidas dos Profetas, paz esteja com eles, fornecendo exemplos de suas ações para que as pessoas possam ver um retrato do crente ideal. O Profeta Muhammad, paz e bênçãos estejam com ele, também é referido repetidamente com os mesmos exemplos para introduzir esse modelo para a humanidade.

Inclusivamente, nesta era supostamente “moderna”, a humanidade não pode livrar-se do hedonismo e da indulgência; assim, a nossa única hipótese de viver em felicidade e prosperidade depende de ter esses mode-los. As comunidades que foram capazes de produzir entre as suas fileiras tais exemplos, até certo ponto, começaram a fazer progressos em prol de tal finalidade. O ideal de que se necessita hoje só se pode alcançar seguindo os passos dos que difundem luz ao seu redor, como as estrelas. Para alcançar a perfeição uma pessoa deve guiar a sua vida conforme o seu modelo.

Segundo o Profeta Muhammad, que a paz e bênçãos estejam com ele, os ilustres Companheiros, aqueles que se encontram entre as melhores pessoas de todas as épocas, são uma fonte rica do tesouro, para solucionar os problemas de hoje em dia, com os seus exemplos de vida.

Deste modo, apresento-vos aqui uma mulher ativa, um modelo supremo, uma pessoa inesquecível, a primeira entre as primeiras, a rainha de todas as mulheres, ou seja, a vida da bendita Khatijah (que Allah esteja satisfeito com ela).

Que seja uma fonte de bem para todos.

Foi assim a vida exemplar de Khatijah (r.a.). O seu lugar ante Deus e o Profeta (s.a.w.) é óbvio. Mas como apreciámos, esta valia foi ganha e não simplesmente entregue a ela. É óbvio que não podemos alcançar uma realização tão eminente sem superar numerosos obstá-culos e todo o tipo de provas que o destino pode trazer.

As pessoas ganham mérito através dos sacrifícios que fazem. Também demonstram como são de verdade com a paciência que exibem face às dificuldades, com o seu valor, e a sua determinação de avançar sem vacilar. Cada momento difícil na história também produziu os seus heróis. Khatijah (r.a.) foi uma das heroínas dos primeiros dias do Islão. Ela viveu uma vida legendária e esta leitura é referida por Deus, assim como o seu servo mais querido, o Último Profeta (p.e.c.e.).

Como poderia ser de outra maneira? Ela foi a primeira confortadora e ajudante a quem o Último Profeta (p.e.c.e.) recorria sempre que se encontrava necessitado. Ela estava não só na vanguarda no que diz respeito à dedicação e ao sacrifício, mas também exemplificou o cúmulo da virtude e nobreza de espírito. Não houve ninguém que pudesse igualar a sua genero-sidade e beneficência. Quantas pessoas endinheiradas há hoje em dia que tenham entregado toda a sua riqueza para Deus e o Seu Profeta (p.e.c.e.) ao ponto de eles mesmos, estando necessitados, precisarem de pão seco e experimentarem o sofrimento da fome? É fácil afirmar que faríamos isto, mas quando surge o momento da verdade, os verdadeiros heróis que podem suportar tais condições – que sacrificaram tudo – são poucos e escassos.

Indubitavelmente, perante o que apreciamos da sua Khatijah (r.a.)? Contemplamos no mundo, alguma vez, pessoas semelhantes a ela?» A história prova que a resposta é, sem dúvida, «não».

Deste modo, aqueles que a admiravam devem esforçar-se para viver uma vida como a sua. De facto, não há melhor maneira do que esta para assegurarmos a bênção de Deus e do Seu Profeta (p.e.c.e.) e sermos recordados depois de termos viajado para o Além.

Sugiro, pois, ao leitor que contemple a sua nobre vida, através da leitura deste livro.

Khatijah (r.a.), a Primeira Esposa do PROFETA MUHAMMAD (s.a.w) Cada momento difícil na história produziu também os seus heróis. Khatija (r.a.) foi uma das heroínas dos primórdios do Islão. Ela viveu uma vida histórica, e essa história é referida pelo Próprio Deus, bem como pelo Seu servo mais amado, o Último Profeta Muhammad (s.a.w.). Explorando o período de gestação do Islão, esta biografia enfoca a história excepcional de uma das mais grandiosas mulheres de todas as épocas, que declarou, incondicionalmente, a sua submissão à Mensagem divina dada através do Profeta Muhammad (s.a.w.). Khatija al-Kubra (r.a.) não é apenas conhecida na história como a primeira pessoa que declarou a sua fé no Islão, mas também como a defensora mais firme e confidente do Profeta Muhammad (s.a.w.) e uma pessoa que foi uma constante fonte de apoio para a primeira comunidade muçulmana. Abordando a sua devoção sem precedentes para a mensagem do Profeta Muhammad (s.a.w.), esta obra evidencia uma personalidade que é um modelo para seguir para todos os homens e todas as mulheres, sejam elas muçulmanas ou não. Por: Asma Lamrabet — Versão Portuguesa de: M. Yiossuf Adamgy — Edição de: Al Furqán Páginas: 80 — Formato: 14,5 X 20,5 cm. — Preço: 5,00 € (c/Iva) Poderá adquirir esta obra na Mesquita de Lisboa (às Sextas-Feiras), ou telefonando para 96 545 96 46, Ou pedindo por e-mail: alfurqan00@hotmail.com ou alfurqan2011@gmail.com

Wassalam. ■

terça-feira, outubro 15, 2013

Eid-al-Adha

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:

Alhamdulillah Wa shukurillah. Louvores e agradeci-miento a Allah, que nos conduziu, mais uma vez, à Recordação, neste dia que comemora o sacrifício de Ibrahim (a.s.), um momento transcendental na sucessão da cadeia dos Profetas, onde aparece, pela vez primeira vez, a condição humana de “hanif”, aquele que pro-cura, sinceramente, a Deus seguindo o seu coração e separando-se definitivamente de ídolos...

No mesmo lugar onde Ibrahim (a.s.), por ordem de Allah, ergueu a Caaba, ajudado por seu filho Ismail (a.s.), onde todo o “mu'min”, o crente, é humilde e está sujeito à realidade única, os muçulmanos que este ano foram a Meca concluem, hoje, a sua Peregrinação e, depois dos ritos de oração especial, fazem o seu “curbani” (sacrifício do cordeiro...).

Em todo o mundo, os muçulmanos que não foram este ano a Meca, acodem, hoje, à oração de Eid-al-Adha, depois de terem feito o gusl (a ablução maior), ataviados da sua melhor roupa, limpa e perfumada, e recitando o tacbir até que o imame inicia a oração...

Costuma-se dizer que nesse momento a alegria é dupla, quer pela festa em si, quer pela finalização da Hajj (Peregrinação a Meca), essa viagem ao interior de si mesmo, à nossa realidade essencial. Os peregrinos reúnem-se no Vale de Arafat, numa planície desértica, onde finalizam a sua peculiar viagem... vivendo assim, interiormente, o momento do encontro e da reunião.

A Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán deseja muitas felicidades a todos os muçulmanos do mundo neste dia grande e profundo, pedindo a Allah S.T. que nos torne a todos plenamente conscientes do significado deste dia festivo e espiritual.

Que Allah S.T. proteja e aceite a Hajj (Peregrinação) que hoje finalizam todos muçulmanos e muçulmanas que foram a Meca.

Que a “Rahma” e a “Baraka” de Allah S.T. se façam sentir nos nossos corações dormentes para que, recordando, possamos conhecer a Paz (Salam).

EID MUBARAK - Wassalam. 

sexta-feira, outubro 11, 2013

Bondade com os Animais - Um recomendação aos Muçulmanos

Bismillah Arhamani Arahim!

O Rassululllah (SAAS) relatou: “Conforme um homem ia percorrendo um caminho, sua sede ia-se tornando insuportável. Com a continuação da caminhada, encontrou um poço, e decidiu descer, e ali bebeu; porém, ao sair, viu um cão que arquejava e ofegava, de tanta sede que tinha, e inclusive lambia a areia. O homem disse a si mesmo: ‘Este cão está sofrendo de sede, do mesmo modo que eu sofria!’ Por isso, descendo outra vez ao poço, encheu de água o seu sapato, agarrando-o com a boca enquanto subia; e deu de beber ao cão. Allah aceitou o seu ato e perdoou-lhe as faltas.” Disseram ao Profeta (SAAS): “Ó Rassulullah, acaso receberemos também alguma recompensa por tratarmos bem os animais?” Respondeu: “Para cada ser vivente haverá uma recompensa.” (Muttafac alaih).

Allah criou o ser humano e foi generoso com ele, submetendo-lhe os animais para servi-lo nas suas atividades e se beneficiar de suas carnes e leites, além de se beneficiar de suas peles e lãs, tirando de alguns deles enfeites. Allah, Ta'ála diz: "E criou o gado, do qual obtendes vestimentas, alimento e outros benefícios. E tendes nele encanto, quer quando o conduzis aos abrigos, quer quando, pela manhã, o levais para o pasto. Ainda leva as vossas cargas até as cidades, às quais jamais chegaríeis, senão à custa de grande esforço. Sabei que o vosso Senhor é Compassivo, Misericordiosíssimo. E (criou) o cavalo, o mulo e o asno para serem montados e para o vosso deleite, e cria coisas mais, que ignorais." (16:5-8).

Dentre as boas maneiras que o muçulmano deve seguir no tratamento dos animais, temos:

O agradecer a Allah pela dádiva: Isso com o bom uso e aproveitamento deles, pagando o direito de Allah sobre eles com o pagamento do zakat e das caridades.

O ser misericordioso com os animais: O muçulmano prepara alimento, água e local propício para os animais. Os árabes tinham uma preocupação especial pelos cavalos. Eles se preocupavam com a criação e o pedegree dos animais. O Profeta (SAAS) costumava limpar o focinho de sua égua com a sua capa. O nobre companheiro, Abu Catada viu um gata procurando água para beber. Ele deitou-lhe a vasilha para que ele a bebesse e fosse embora.

O Profeta (SAAS) nos informa: “Uma mulher foi castigada e conduzida ao Inferno por haver prendido uma gata, até morrer. Eis que não lhe dava de comer nem de beber, nem a soltava para que pudesse alimentar-se de outros bichos.” (Muttafac alaih).

O Rassulullah (SAAS) disse: "A todo muçulmano que plantar uma árvore ou semear uma plantação das quais um pássaro, um ser humano ou um animal delas comam ser-lhe-á considerado como caridade." (Musslim).

Não carregar o animal com peso superior às suas forças: O muçulmano não aflige o animal, carregando-o com muito peso. O Profeta (SAAS) entrou num pomar que pertencia a um Ansari e, por acaso, viu ali um camelo que ao vê-lo, começou a grunhir e gemer. O Profeta (r) foi para perto do camelo, deu tapinhas na giba do dromedário e na parte superior da cabeça, coisa que confortou o animal. Então o Profeta (r) quis saber quem era o dono daquele camelo. Um jovem dos Ansari se apresentou, e disse: ‘Ó Mensageiro de Deus, este camelo me pertence.’ O Profeta (r) perguntou: ‘Acaso não temes a Deus quanto à manutenção deste animal do qual Ele te fez dono? Este camelo se queixa de que tu não o alimentas bem, e muito o sobrecarregas” (Abu Daúd).

O Rassulullah (SAAS) disse: "Allah, exaltado seja é Benevolente e aprecia a benevolência, e ajuda na benevolência, sem fazê-lo na violência. Portanto, ao montarem esses animais mudos, deixam-nos descansar onde vocês costumam descansar durante as viagens." (Málik).

Evitar castigar ou injuriar os animais: O Islam incentiva termos misericórdia e piedade. Por isso, o muçulmano não castiga qualquer animal ou pássaro, principalmente com fogo. O Profeta (r) viu um formigueiro que os companheiros dele haviam queimado, e disse: ‘Quem foi que o queimou?’ Respondemos que tínhamos sido nós. Disse: ‘Ninguém pode castigar com fogo, a não ser o Senhor do Fogo!” (Abu Daúd).

O Profeta (SAAS) ficou magoado ao ver um burro que tinha sido marcado no focinho. Ele disse: "Que Allah amaldiçoe quem o marcou." (Musslim).

Aicha (Que Allah esteja satisfeito com ela) acompanhou, um dia, o Profeta (SAAS) numa viagem montada num camelo. Ela ficou puxando-o com força. O Profeta (r) lhe disse: "Seja benevolente." (Muslim).

Não se deve utilizar animais para tiro ao alvo: O muçulmano não toma animal ou pássaro para tiro ao alvo. Abudullah Ibn Omar passou um dia por jovens coraixitas que haviam amarrado um pássaro num local alto e estavam praticando tiro ao alvo nele. Ao verem Ibn Omar saíram correndo. Ibn Omar disse: "Quem fez isso? Que Allah amaldiçoe quem fez isso. O Rassulullah (SAAS) amaldiçoou quem utilizar qualquer ser vivo para tiro ao alvo." (Musslim).

Anas viu uns meninos que amarram uma galinha e atiravam setas nela. Ele disse: "O Profeta (SAAS) proibiu que animais fossem utilizados para tiro ao alvo." (Bukhárii).

Não se deve separar os filhotes das mães: O Profeta (SAAS) estava viajando certa ocasião, com os companheiros. Estes encontraram um cardeal fêmea (pássaro), com seus dois filhotes, e levaram com eles esses filhotes. Um pouco mais tarde, o pássaro-mãe apareceu movimentando as asas para cima e para baixo, se queixando. O Profeta (r) entendeu o que havia acontecido. Perguntou: "Quem foi que a atormentou por causa dos filhotes? Devolvei-lhe já os filhotes!" (Abu Daúd).

O ter compaixão do animal ao abatê-lo: O muçulmano não abate animal nem caça a não ser por necessidade. Por isso, ele deve ter compaixão desses animais. O Profeta (SAAS) disse: “Allah prescreveu a benevolência quanto a todos os assuntos, inclusive quando tiverdes de aplicar a pena de morte. Do mesmo modo, se tiverdes de sacrificar algum animal, fazei-o com benevolência, afiando bem a faca, desejando que o animal descanse e não sofra.” (Musslim). E disse: "Quem tiver benevolência, mesmo de um pássaro, Allah terá benevolência dele no Dia da ressurreição." (Tabaráni).

Não se deve impor castigo aos animais: O muçulmano não castiga os animais com o corte das orelhas ou de um de seus órgãos enquanto está vivo. Foi narrado que o Profeta (SAAS) disse: "Quem impor castigo ao animal será amaldiçoado por Allah, por Seus anjos e por todas as pessoas." (Tabaráni).

Não se deve matar animal a não ser por necessidade: O mal tratamento de algumas espécies de animais leva ao desequilíbrio ecológico. Por exemplo, em algumas regiões o ser humano passou a matar gatos. Por isso, o número de ratos cresceu e passou a representar perigo à produção agrícola. Isso obrigou o homem de gastar enormes quantias na fabricação de venenos para acabar com os ratos.

O tratar o animal se adoecer: O muçulmano trata do seu animal, e é bondoso com ele.

O muçulmano ignorante não entende sua religião e é extremista na sua ignorância e escuridão, ele é o mais perigoso para o Islam do que os seus inimigos... 

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

"Desejam em vão extinguir a Luz de Allah com as suas bocas; porém, Allah nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!" (41:33)

Mohamad ziad -محمد زياد

Os Muçulmanos Amam Jesus!

quinta-feira, outubro 10, 2013

A L M A D I N A O Q U R B Á N

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad
07.10.2013

Designa-se “Qurbán” o sacrifício de um animal quadrúpede, por ocasião da festa do Eid-Ul-Ad’há, a festa alusiva à peregrinação à cidade santa de Makkah. Tal ritual tem lugar nos dias 10, 11 e 12 de Dhul-Hidja, décimo segundo mês do calendário lunar. A hora para o seu início é logo a seguir ao Salaat (oração) do Eid, estendendo-se até ao pôr do sol do dia 12.


Embora se permita que o Qurbán se faça à noite, tal não é aconselhável. O melhor dia para a prática do Qurbán é o dia de Eid (dia 10), devendo obrigatoriamente ser feito depois da oração, pois se for feito antes, perde a sua validade.

De acordo com a interpretação de um dos quatro mais proeminentes Imaam’s, Abu Hanifa, o Qurbán só é obrigatório para o muçulmano (homem ou mulher) que possua nos três dias a ele consagrados, riqueza correspondente ao valor de Zakát.

Os animais que podem ser sacrificados são o camelo, o búfalo e o boi, (que podem ser partilhados por sete pessoas), o cabrito e o carneiro (para uma única pessoa, pois não são partilháveis). O boi deve ter mais de 2 anos de idade, o cabrito e o carneiro devem ter pelo menos 1 ano de idade.

É recomendável que se procure o animal destinado ao Qurbán alguns dias antes de sacrificá-lo, devendo ser bem tratado, pois destinando-se ao sacrifício para agradar a Deus, o animal deve ser do melhor que encontrarmos, pois não deve ser defeituoso (cego, zarolho, perneta, doente, com orelhas ou rabo cortados, chifre partido, etc.)

Ao viajante, o Qurbán não é obrigatório, mas caso regresse à casa antes do pôr de Sol do dia 12 de Dhul-Hidja, então deverá fazê-lo se par tal dispuser de meios materiais.

É sempre melhor (sunnat) que seja a própria pessoa, i. é., o adquirente do animal, a proceder à sua degolação caso tenha robustez física suficiente para o fazer, pois caso contrário, pode delegar a alguém, sendo porém recomendável que assista ao acto.

Aos menores não é obrigatório, mesmo que possuam riqueza.

No caso de o animal sacrificado ser de grande porte (camelo, búfalo ou boi) a divisão pelo grupo de sete pessoas deve ser feita por igual, em função do peso e não por estimativa. A porção de carne que couber a cada integrante do grupo pode ficar na totalidade na sua posse, pode doá-la na totalidade, ou pode dividi-la em três partes iguais, sendo uma para os pobres, outra para os familiares e amigos, retendo a restante para si mesmo. O mesmo critério é aplicável caso o animal sacrificado seja de pequeno porte (cabrito ou carneiro).

Considerando algumas bolsas de fome existentes um pouco por algumas das províncias do nosso País, havendo milhares de pessoas desprovidas de quase tudo, sem dúvidas que o melhor acto de momento será mitigar a fome destes nossos concidadãos. Portanto, doar a totalidade da carne aos pobres e necessitados afigura-se sendo a melhor opção.

Ainda de acordo com a interpretação do Imam Abu Hanifa, é permitido doar a carne de Qurbán aos não-muçulmanos.

A intenção de Qurbán não deve ser apenas o consumo da carne, pois se assim for o acto é inválido. Perde igualmente a sua validade se a carne for vendida ou distribuída aos empregados como forma de compensar o seu labor.

Se alguém tenciona fazer o Qurbán adquirindo o animal, mas por qualquer razão não conseguir fazê-lo nos três dias prescritos, então deve num ato de caridade doar o animal aos pobres.

Segundo o Imam Shafei, se alguém adquirir um animal para o Qurbán e o mesmo se perder, for roubado ou devorado, a aquisição de um outro animal para o substituir não é obrigatória. É sunnat para quem tenciona fazer o Qurbán abster-se de cortar as unhas, cabelo ou pelos do seu corpo desde o primeiro dia do mês lunar de Dhul-Hidja até ao dia da degolação do animal. Diz ainda o Imaam Shafei, que não é permitido fazer o Qurbán da parte de uma pessoa viva, sem a sua autorização. E quanto ao defunto, só é permitido se este tiver deixado dinheiro e um testamento para o efeito. Neste caso é obrigatório doar a totalidade da carne aos pobres.

Este ritual do Qurbán é de tão grande importância, que o Profeta Muhammad, (S.A.W.) diz: "Esse, que dispondo de meios, não fizer o Qurbán, que não se aproxime do local de Salaat de Eid".

Veja-se a gravidade da abstenção do Qurbán, a ponto de o Profeta (S.A.W.) querer distanciar-se desse tipo de gente.

Apelo a todos os muçulmanos com posses, que cumpram com este ritual que é uma tradição do patriarca dos profeta, Abraão (que a paz esteja com ele), e que distribuam aos pobres e necessitados a carne dos animais abatidos. Lembrem-se daqueles que neste momento de crise estão angustiados, sem nada para vestir e sem nada para comer.

É esta a única forma de perpetuar o espírito de sacrifício demonstrado por Abraão quando lhe foi ordenado por Deus que sacrificasse o seu único filho, Ismael.

Não devemos tomar isto como um ritual pesado, pois muitos muçulmanos, e não só, degolam animais obedecendo à recomendação de curandeiros para pretensamente agradar a santos e a espíritos. Outros ainda degolam generosamente animais de médio ou grande porte para comemorar aniversários, não raras vezes regados com álcool, com alguma devassidão à mistura.

O muçulmano deve, muito particularmente neste momento em que o desconforto atingiu milhares de lares de irmãos moçambicanos por esse País fora, mostrar-se mais generoso, fazendo o Qurbán, pois de um lado vai agradar a Deus, e de outro vai estender a seu braço em solidariedade para com os infortunados.

segunda-feira, outubro 07, 2013

Os Dez Primeiros Dias do Mês de Zul Hijja‏

Louvado seja Allah, Único, sem parceiros. Que a paz e a graça de Allah estejam com o nobre Profeta. É da graça de Allah, exaltado seja, que estabeleceu épocas para a obediência durante as quais muito se faz de benéfico, e se rivalizam no que os aproxima de seu Senhor.

Feliz é quem aproveita essa oportunidade e não a deixa passar em brancas nuvens. Entre essas épocas virtuosas encontra-se a dos dez primeiros dias do mês de Zul Hijja. São dias em que o Mensageiro de Allah (S) atestou que são os melhores dias do mundo. Ele estimulou as pessoas a praticarem bons atos durante eles. Allah, exaltado seja, jurou por eles, e isso é honra suficiente e exige que o servo se empenhe neles, com muitos atos benéficos e virtuosos, pois Allah só jura por coisa grandiosa. Devemos receber esses dias e aproveitá-los.

Nessa mensagem há uma evidência a respeito das virtudes dos dez primeiros dias de Zul Hijja e os méritos dos atos durante eles. Pedimos a Allah, exaltado seja a nos conceder os benefícios desses dias e nos ajude a os aproveitarmos da forma que Ele gosta.

Como Recebemos os Dez Primeiros Dias de Zul Hijja? É preferível receber todas as épocas de obediência, e entre elas a dos dez primeiros dias de Zul Hijja com o seguinte:

1. Com Sincero Arrependimento: É dever do muçulmano receber as épocas de obediência em geral com sincero arrependimento e com a resolução de retornar a Allah, pois no arrependimento reside a salvação do servo neste mundo e no Outro. Allah, exaltado seja, diz: “Ó crentes, voltai-vos todos, arrependidos, a Allah, a fim de que vos salveis!” (24:31).

2. A decisão sincera de aproveitar esses dias: É recomendado ao muçulmano a se preocupar em aproveitar esses dias com boas obras e bons conselhos. Quem decidir fazer algo, Allah irá ajudá-lo e lhe preparar os meios que irão ajudá-lo a completar seu ato. A pessoa que for sincera com Allah, Ele será sincero com ela. Allah, exaltado seja, diz: “Àqueles que diligenciam por Nossa causa, encaminhá-los-emos pela Nossa senda” (29:69).

3. Afastar-se das Desobediências: Como as obediências aproximam as pessoas de Allah, exaltado seja, as desobediência causam o afastamento de Allah e a expulsão de Sua misericórdia. A pessoa perde a misericórdia de Allah por cometer pecado. Se você deseja o perdão pelos pecados e se livrar do Inferno, tenha o cuidado de não cometer desobediências nesses e nos outros dias. Quem souber o que pedir, ficam fáceis para ele todos os seus esforços.

Portanto, irmão muçulmano, aproveite a oportunidade de utilizá-los antes que se arrependa de ter perdido essa excelente a oportunidade.

A Preferência Dada aos Dez Primeiros Dias de Zul Hijja

1. Allah, exaltado seja, jurou por eles: Quando Allah jura por algo isso indica a grandeza e preferência da coisa, por que o Grandioso só jura pela grandiosidade. Allah, exaltado seja, disse: “Pela aurora, e pelas dez noites” (89:1-2). As dez noites são as primeiras de Zul Hijja na opinião dos exegetas e dos antecessores. Ibn Kathir disse, em sua exegese: É a verdade.

2. São os dias mencionados em que Allah estabeleceu a invocação de Seu nome: Ele diz: “e invocarem o nome de Allah, nos dias mencionados, (agradecidos) pelo gado.” (22:28). É consenso entre os teólogos muçulmanos que os dias mencionados são os dez primeiros dias do mês de Zul Hijja, entre eles Ibn Omar e Ibn Abbás.

3. O Mensageiro de Allah (S) atestou que são os dias mais preferidos do mundo: Jáber (R) relatou que o Profeta (S) disse: “Os dias mais preferidos do mundo são os dez dias – ou seja, os dez primeiros dias de Zul Hijja -.” Os Companheiros perguntaram: “Ó Mensageiro de Allah, nem mesmo (é mais meritório) o lutarmos - empreendermos o jihad – em nome de Allah?” Respondeu: “Não, nem mesmo o jihad em nome de Allah, a não ser que se dê o caso de uma pessoa constituir-se num mártir do jihad.” (tradição narrada por Bazar e Ibn Hibban e atestado pelo Albáni).

4. Neles cai o Dia de Arafa: O dia de Arafa é o dia principal da peregrinação, o dia do perdão dos pecados, o dia de se libertar do fogo do Inferno. Se não houvesse nos dez primeiros dias de Zul Hijja mais do que o dia de Arafa, isso seria suficiente. (falamos da virtude do dia de Arafa e a orientação do Profeta (S) no Mensagem da Peregrinação: “O
Hajj (peregrinação) é Arafa”.

O muçulmano ignorante não entende sua religião e é extremista na sua ignorância e escuridão, ele é o mais perigoso para o Islam do que os seus inimigos...

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

"Desejam em vão extinguir a Luz de Allah com as suas bocas; porém, Allah nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!" (41:33)

Mohamad ziad -محمد زياد - Os Muçulmanos Amam Jesus!

sexta-feira, outubro 04, 2013

Cuidar da Aparência

Por: In Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán, nº. 194, de Julho/Agosto.2013

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh,

Muito mais que uma religião, o Islão é um sistema de vida, completo, que abrange todas as facetas do dia-a-dia. Por trás de todo ensinamento, há uma sabedoria.

Além de nos ensinar sobre como cuidar do nosso lado interno e espiritual com perfeição, o nosso amado Pro-feta Muhammad (s.a.w.) também nos exortou sobre o cuidado com a aparência. Há vários relatos em que ele nos ensina que o muçulmano deve ter uma alimentação adequada e correta, pois, assim, o fiel consegue afastar certas doenças e será menos egoísta, pois, o excesso de comida também nos confere corações duros que não enxergam o sofrimento do irmão que passa fome.

Falou-nos também sobre a práticas de desporto, principalmente hipismo, para manter um corpo forte e saudável.

Falou-nos sobre o cuidado com a higiene, o cuidado com os cabelos, a barba e o cuidado com a saúde bucal, incentivando os muçulmanos a limparem os seus dentes aquando de cada uma das cinco orações diárias. O que os dentistas modernos diriam sobre esta recomendação? Foi comprovado cientificamente que muitas doenças, até mesmo cancerígenas, começam com problemas bucais.

Ensinou os homens a sempre vestirem trajes limpos e perfumados, sendo ele mesmo um grande apreciador de perfumes. É sabido que ele possuía uma vasilha a partir da qual ele próprio perfumava-se, e diz- -se que nela havia uma combinação de perfumes a partir de vários materiais. Ele tinha um cheiro forte a ponto de que se o Profeta (s.a.w.) passasse por uma rua em Medina, as pessoas diriam: "O Profeta passou por aqui", devido ao efeito de seu perfume. Ele também acon-selhou que os muçulmanos evitassem comer alimentos com odores fortes antes de irem para as Mesquitas, a fim de não causar mal-estar nos irmãos presentes.

Muitos podem perguntar-se: "isto é realmente importante?" "Deus olha para a nossa aparência"? De fato, estas orientações não são os principais pontos do Islão. E é narrado que o próprio Profeta Muhammad (p.e.c.e.) disse que o Nosso Senhor não olha para nossa aparência, mas sim, para os nossos corações. Porém, o muçulmano é orientado a ser um exemplo de conduta e comportamento impecável no seu círculo social. As pessoas que convivem com ele devem reconhecer os seus atributos e devem ligá-los diretamente ao Islão.

Tanto o nosso Profeta, como os muçulmanos comuns, são instruídos a se apresentarem da melhor forma para as pessoas, quer seja na conduta quanto na aparência, pois, assim elas estarão mais dispostas a ouvirem a palavra de Deus, estarão mais confortáveis com ela. A boa aparência abre portas, e quando falamos de boa aparência não falamos de beleza física, mas sim, de cuidados com o corpo. Bons cuidados. Nos cursos superiores voltados para moda, comércio, propaganda, marketing, psicologia etc., este tema é também bem conhecido e bem estudado. Qual o impacto que a boa e a má aparência causa na vida do ser humano? Ora, não é necessário nem fazer pesquisas sobre o tema, todo o ser humano se sente bem, com aquilo que é bom.

Louvado seja Nosso Senhor pela educação moral, ética, espiritual, tanto interna como externa, que Ele revelou ao nosso Profeta Muhammad (s.a.w.).

Obrigado, boas leituras.

M. Yiossuf Adamgy

terça-feira, outubro 01, 2013

SOBRE TASAWWUF (MISTICISMO ISLÂMICO) E OS SUFIS - ( Hadrat ‘Abdul-Qádir al- Djílání, O Segredo dos Segredos)


O nome sufi é uma expressão derivada da palavra árabe sáf, "puro". A razão pela qual os sufis foram chamados por este nome é que seu mundo interior está purificado e iluminado pela luz da sabedoria, da unidade e da unicidade. Outro significado desta denominação é também porque eles estavam conectados espiritualmente com os companheiros imediatos do Profeta (que Allah o abençoe e lhe dê Paz), conhecidos como "os companheiros com manto de lã". 

Eles também podem ter usado o costumeiro manto de lã rústico (súf) quando noviços, e terem passado suas vidas em roupas velhas remendadas. 

Assim como seu exterior é pobre e humilde, também o é sua vida neste mundo. Eles são frugais na sua comida, sua bebida e demais prazeres deste mundo. No livro "al-Majma’" diz-se: "O que os faz vir a ser piedosos ascetas é a mais ordinária e humilde roupa e maneira de viver". Embora pareça muito pouco charmosos para o mundo, sua sabedoria se manifesta pela gentileza e delicadas maneiras, que os fazem atrativos àqueles que sabem. Na realidade eles são um exemplo para a Humanidade. Seguem as prescrições divinas. Eles estão à vista de seu Senhor, na primeira fileira da Humanidade. Aos olhos daqueles que buscam o seu Senhor, eles são formosos apesar de sua humilde aparência. Eles devem ser distinguidos e distinguíveis e devem ser assim, dessa maneira, um e todos, porque eles estão no nível da unidade e da unicidade, e devem aparecer como um. 

Em árabe, a palavra tasawwuf (Misticismo Islâmico; designa a disciplina e método dos sufis), consiste em quatro consoantes, T, S, W e F. 

A primeira letra, T, representa tawba, o arrependimento. Este é o primeiro passo que deve ser dado no caminho; é como se disséssemos um passo duplo, um vai para dentro e outro para fora. O passo exterior do arrependimento consiste em palavras, fatos e sentimentos: guardar a vida de pecado e de más ações, e inclinar-se para a obediência; fugir da revolta e a oposição, para procurar o acordo e a harmonia. O passo interior do arrependimento se realiza no coração. Consiste em limpar o coração de todos os desejos mundanos e conflitivos, e chegar à total afirmação do desejo pelo divino. Assim, o arrependimento, é dizer, ser consciente do errôneo e abandoná-lo, e ser consciente do correto e esforçar-se por ele, leva ao segundo passo. 

O segundo estágio é o estado de paz e alegria "safá". A consoante S é o seu símbolo. Nesta etapa também há dois passos a tomar: o primeiro, em direção da pureza do coração e o segundo para seu centro secreto. 

A paz do coração chega a um coração livre de ansiedade. A ansiedade está causada pelo peso de tudo que é material - o peso da comida, a bebida, o sono, a conversa fútil . Tudo isto, como a gravidade da Terra arrasta o coração etéreo para baixo, e se liberar deste peso cansa ao coração. Além do mais, há amarras - desejos, posses, amor da família e dos filhos - os quais atam o coração etéreo a terra, o que lhe impedem elevar-se. 

A maneira de liberar o coração, de purificá-lo, é louvar a Alláh. Ao princípio esta lembrança somente pode ser feita exteriormente, repetindo seus divinos Nomes, pronunciando-os em voz alta, de tal forma que tanto um quanto os outros possam escutar e recordar. Como a morização de Ele se torna constante, a recordação penetra no coração e se faz interior, silenciosa. Alláh diz: "Só são fiéis cujos corações, quando lhes é mencionado o nome de Alláh estremecem, e, quando eles são recitados os Seus versículos, é-lhes acrescentada a fé, e se encomendam a seu Senhor." (Sura Al-Anfal,VIII: 2). "Estremecem" significa temor, medo e amor a Alláh. Com sua lembrança e recitação dos Nomes de Alláh o coração acorda do sono da nconsciência, se limpa e chega a brilhar. Então formas e figuras procedentes do reino oculto e invisível se refletem neste coração. O Profeta (que Allah o abençoe e lhe dê Paz), diz: "Os homens de conhecimento exterior visitam e inspecionam coisas com suas mentes, enquanto que o sábio está interiormente ocupado limpando e lustrando seu coração". 

A paz do segredo do centro do coração é conseguida mediante a purificação do coração de toda e cada uma das coisas deste mundo e preparando-o para unicamente receber a essência de Allah, a qual entra quando o coração tem sido embelezado com o amor do divino. Os meios para esta limpeza são a constante lembrança interior e a recitação com a língua secreta da divina Confissão da Unidade, la illaha illa Llah - Não há mais deus que Alláh -. Quando o coração e seu centro estão em estado de paz e felicidade então a segunda etapa, representada pela letra S, foi completada. 

A terceira letra, W, simboliza a wiláya, que é o estado de santidade e proximidade dos amantes e amigos de Alláh. Este estado depende da própria pureza interna. Alláh menciona a seus amigos no Sagrado Alcorão: "Não é acaso, certo que os diletos de Alláh jamais serão presas do temor, nem se atribularão? Obterão alvíssaras de boas-novas na vida terrena e na outra..."(Sura-Yunis,X:62/64). 

Aquele que está no estado de santidade é totalmente consciente disto, está cheio de amor e está conectado com Alláh. Como resultado é embelezado com o melhor caráter e comportamento. Este é um presente divino com que foi agraciado. Nosso Mestre o Profeta (que Alláh abençoe e lhe dê Paz) disse: "Observa as divinas regras e comporta-te de acordo com elas...". Nesta etapa o homem consciente cobre sua mundaneidade e suas características temporais e aparece coberto em atributos divinos. Alláh disse através de seu Profeta (a paz e as bendições de Alláh sejam sobre ele): "Quando Eu amo a meu servo Eu me converto em seus olhos, sua língua, suas mãos e seus pés. Ele vê através de Mim, ele escuta através de Mim, ele fala em Meu nome, suas mãos chegam a ser as Minhas e ele caminha Comigo." 

Te limpa de todas as coisas e somente guarda a Essência de Alláh em ti, pois está escrito: "Chegou a Verdade, e a falsidade desvaneceu-se, porque a falsidade é pouco durável.” (Sura-Bani-Israil,-XVII:81). Quando a verdade chega à falsidade se desvanece e a etapa de wiláya foi completada.

A quarta letra, F, simboliza faná, a aniquilação de si mesmo, o estado de vacuidade (estar vazio de tudo o que não é a Essência de Alláh). A falsa identidade de si mesmo se derrete e se evapora quando os atributos divinos entram no ser íntimo, e quando a multiplicidade dos atributos mundanos desaparece, seu lugar é substituído pelo único atributo da Unidade. 

Na realidade, a verdade está sempre presente. Nunca desaparece nem declina. O que sucede é que o fiel se dá conta e chega a ser um com Aquele que o criou. Estando com Ele, o crente recebe Seu prazer: o ser temporal encontra sua verdadeira existência realizando o eterno segredo. "Tudo perecerá exceto Seu Rosto..." (Sura Al-Qassas,XXVIII: 88). 

O caminho para realizar Sua verdade é através de Seu prazer, através de Seu acordo. Quando vossas ações somente são feitas por Ele, somente para obter Sua aprovação, então os acercais a Sua Verdade, a sua Essência, tudo desaparece exceto Aquele que está agradecido e aquele com o qual Ele está agradecido, unido. 

As boas ações são a mãe que leva em seu ventre o fruto da verdade: a vida consciente de um verdadeiro ser humano. "Até a Ele ascendem às puras palavras e as nobres ações." (Sura Fáter,XXXV: 10). Atua-se e existe somente por Alláh, então se deixa de adjudicar sócios a Allah, deixa se de por a si mesmo ou a outros em lugar de Alláh (o imperdoável pecado que cedo ou tarde destrói a si mesmo). 

Mas quando o ego e o egoísmo são aniquilados alcança-se o estado da união com Alláh. O grau da união é o Reino da Proximidade a Alláh. Alláh descreve seu Reino desta maneira: "Certamente os homens retos estarão... no lugar da verdade, em presença do Soberano Onipotente" (Sura Al-Qâmar,LIV: 54 e 55). Este lugar é o lugar da Verdade Essencial, a verdade de todas as verdades, o lugar da unidade e da unicidade. É o lugar reservado aos Profetas, para aqueles que são amados por Alláh, para Seus amigos. Alláh está com aqueles que são verdadeiros. Quando uma existência criada se une a uma existência eterna já não pode ser concebida como uma existência separada. Quando todos os laços terrenos são abandonados e se está em união com Alláh, com a Divina Verdade, recebe-se a pureza eterna, nunca será amaldiçoado, e chegará a ser um dos "diletos do Paraíso, onde habitarão eternamente" (Sura Al-‘Araf,VII: 42). Eles são aqueles: "que praticam o bem" (Sura Al-‘Araf,VII: 42). E, no entanto, "jamais impomos a alguém uma carga superior às suas forças" (Sura Al-‘Araf,VII: 42), mas necessita-se uma grande dose de paciência, "porque Ele está com os perseverantes" (Sura Anfal,VIII; 66). 

sexta-feira, setembro 27, 2013

O Retorno do Islão a Espanha

Quando falamos do “retorno do Islão a Espanha” devemos evitar maus entendidos. Esta frase faz referência a uma situação precisa: depois do genocídio e da expulsão perpetrada contra os muçulmanos (como contra judeus, protestantes e cristãos unitários), o Islão volta a ser praticado no Estado Espanhol, tanto por causa da emigração como por causa do crescente número de cidadãos espanhóis, que se reconhecem muçulmanos.

Prezados Irmãos,
Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:
Esta realidade encontrou um reflexo na Legislação Espanhola na Constituição de 1978, e de um modo específico em 1989, quando o Islão foi reconhecido oficialmente como “religião notoriamente enraizada”, e em 1922, com a assinatura de um acordo de cooperação entre o Estado e a Comissão Islâmica de Espanha. Este acordo foi realizado num momento em que se cumpriam quinhentos anos das Capitulações de Granada, os pactos assinados pelos Reis Católicos com os Muçulmanos Espanhóis, através dos quais se garantia a sua liberdade de culto. Como é sabido, as Capitulações foram incumpridas de forma sangrenta, dando início ao período mais obscuro da história da Península Ibérica.

É necessário recordar que a prática do Islão permaneceu proibida nas nossas terras durante séculos, com o qual todo o mundo reconhecerá o Acordo como um feito saudável: o fim de quinhentos anos de monopólio religioso, de pensamento único imposto pela força, e a conseguinte recuperação da liberdade religiosa e da consciência que tinha caracterizado a Espanha Muçulmana. O retorno do Islão a Espanha não vem abrir uma ferida curada pelo tempo, mas é a possibilidade de fechar uma ferida aberta, com a conseguinte recuperação de um passado destruído pela violência e pelo fogo.

Este feito pode trazer novas luzes a isso que os intelectuais chamaram “a realidade histórica de Espanha”. Situamo-nos perante a possibilidade de reescrever a história da Península desde o ponto de vista do cruzamento de civilizações e culturas, recordar o nosso passado como expressão de um pluralismo que sempre devia ter prevalecido numa terra situada como confluência dos mundos. Estamos num momento privilegiado para rever a nossa história, para superar toda a tentação totalitária e plantar um futuro onde a convivência entre as religiões e concepções do mundo seja possível, o que nos exige o esforço pessoal de superar toda a tentação de considerar o nosso caminho como o melhor ou o único possível, de reconhecer a todo o mundo o seu direito de eleger aqueles princípios pelos quais quer guiar a sua vida.

No entanto, a situação da liberdade religiosa em Espanha está longe de ser boa. A resistência em cumprir com o mencionado Acordo por parte do Estado Espanhol tem a sua origem na resistência dos poderes que se beneficiaram de exercer o monopólio, e que olham para a diversidade como um perigo. Todos aqueles que advogamos pelo reconhecimento da realidade plural de Espanha, quer seja a nível religioso ou das diferentes nacionalidades vemo-nos defrontados com a mesma persistência de estruturas mentais que têm a ver com o Antigo regime. O facto de que estas correntes reacionárias vinculadas ao nacional catolicismo tenham tanta força constitui um autêntico escândalo, é a negação dos princípios do estado de direito que deveriam reger todos os cidadãos.

No caso dos muçulmanos, isto significa: dificuldades para abrir centros de culto, negação de espaços em cemitérios públicos, não comemoração de festivi-dades religiosas islâmicas, não regulamentação da alimentação halal, negação da participação dos mu-çulmanos na gestão do património de origem islâ-mica, restrição do direito ao ensino do Islão nas escolas, e uma geral desatenção das instituições para com as necessidades religiosas deste colec-tivo. Tudo o que foi mencionado são direitos legítimos dos cidadãos muçulmanos, mencionados como tal na Lei do Acordo de Cooperação, direitos que são vulne-rados uma e outra vez por juntas, comunidades au-tónomas e por todo o aparato do Estado.

A falta de cultura democrática em Espanha é desoladora. Hoje em dia, os princípios constitucionais de aconfessionalidade e de igualdade e não discriminação entre as religiões não são respeitados, ainda sendo os pilares da liberdade religiosa. A Igreja Católica recebe enormes quantidades de dinheiro, saído dos nossos bolsos, e goza de claros privilégios. Os políticos acodem a atos religiosos católicos, no exercício das suas funções públicas, e as Forças Armadas continuam a celebrar festividades religiosas católicas, que discriminam os membros de outras confissões. As câmaras financiam o restauro e manutenção de Igrejas, mas nega-se ajuda e proteção às confissões não católicas.

Os cidadãos de confissão muçulmana têm muitos motivos de queixa, e, no entanto, somos assinalados constantemente como causa de problemas. É curioso que se chamem constantemente os emigrantes muçulmanos a integrar-se na sociedade, a cumprir com os seus deveres, no entanto o Estado e a Sociedade no seu geral permitem-se vulnerar, de forma manifesta, os seus direitos. O que gostaria de saber é quais sãos os deveres como cidadãos que se supõe que os muçulmanos não cumprem em Espanha. Pelo contrário, sei muito bem quais são os direitos que o estado atual das coisas não nos garante.

“Wa salamu aleikum wa ráhmatullahi wa barakatuh.

E a paz de Deus esteja convosco... ."■

Fonte: 05/09/2013 - Autor: Abdennur Prado - Fonte: Webislam – Tradução: Yiossuf Adamgy

segunda-feira, setembro 23, 2013

As Boas Maneiras nos Cortejos Fúnebres

Um Cortejo Fúnebre passou pelo Rassulullah (r) e os companheiros elogiaram o morto. O Rassulullah (r) disse: “Ele merce.” Então passou outro Cortejo Fúnebre e os companheiros falaram mal do morto. O Profeta (SAAS) disse: “Ele merce.” Omar Ibn Al Khattab (t) perguntou ao Profeta (r) o que ele queria dizer com as suas palavras. O Profeta (SAAS) respondeu: “O primeiro foi elogiado e merece o Paraíso, o segundo foi mal falado e ele merece o Inferno. Vocês são as testemunhas de Allah na terra.” (Muttafac alaih). 

O Rassulullah (r) incentivou seguir os Cortejos Fúnebres mostrando a virtude disse, dizendo: “Quem presenciar o Cortejo Fúnebre até a oração terá um quilate. Quem o presenciar até o sepultamento terá dois quilates.” Foi-lhe perguntado: “Que são dois quilates?” Respondeu: “Como duas enormes montanhas.” (Muttafac alaih).

Cortejo Fúnebre possui boas maneiras que todo muçulmano deve seguir em relação ao morto. As mais importantes, são:
Fazê-lo pronunciar os dois testemunhos na hora da morte: Quem estiver presente na hora da morte de alguém deve lhe dizer: Diga: Lá iláha illal láh (não há outra divindade além de Allah), devido às palavras do Rassulullah (SAAS): “Fazem o moribundo dizer: lá ilaha illal Allah.” (Musslim).

O Profeta (SAAS) também disse: “Quem forem suas últimas palavras lá iláha illal Allah entrará no Paraíso.” (Tirmizi e Hákim).

Fechar-lhe os olhos e cobrir-lhe o rosto: A primeira coisa que o muçulmano deve fazer, ao presenciar a morte de alguém é fechar-lhe os olhos e cobrir-lhe o rosto. “Quando a alma sai, a visão vai junto.” (Musslim).

A paciência, a conformação e a repetição da fórmula de retorno a Allah: O muçulmano é paciente quando morre algum ente querido. Ele fica repetindo: “Somos de Allah e a Ele retornaremos. Ó Allah, protege-me nessa calamidade que me ocorreu e a substitua com algo melhor.” (Musslim). E diz: “Não há força nem poder a não ser em Allah.” Então, invoca a Allah pelo morto. O Profeta (SAAS) entrou na residência de Abu Salama que estava moribundo. Ele fechou-lhe os olhos e disse: “Quando a alma é retirada a visão vai junto.”

Alguns de seus familiares se agitaram. Ele lhes disse: “Não invoquem a não ser o bem, pois os anjos são encarregados do que dizem.” Então, disse: “Ó Allah, perdoa a Abu Salama, eleve a sua posição entre os servos orientados e cuide de seus familiares que ele deixou para trás. Ó Senhor do Universo, perdoa-o e a nós, amplie o seu túmulo e coloque luz nele para ele.”

O chorar nessa hora não contraria a paciência e a submissão à determinação de Allah. O Rassulullah (SAAS) chorou quando morreu o seu filho Ibrahim. Ele disse: “O olho chora, o coração está triste, e não dizemos a não ser o que agrada ao nosso Senhor. Estamos tristes pela tua partida ó Ibrahim.” (Bukhári e Abu Daúd).
O que se deve evitar é o que acompanha o choro com coisas contrárias à lei islâmica, como esbofetear o rosto, rasgar as roupas, e dizer palavras da época pré-islâmica.

A pressa em preparar o morto: Deve-se apressar em banhar, perfumar e amortalhar o morto. Não há necessidade para isso se morto for um mártir, morto por incrédulos em batalha. Ele não precisa ser lavado nem amortalhado. É enterrado com as roupas com que foi morto. Allah, glorificado seja, irá ressuscitá-lo, no Dia da Ressurreição com o cheiro de almíscar exalando dele.

O praticar a oração fúnebre: É direito do morto que os muçulmanos presentes ao seu sepultamento praticarem a oração fúnebre por ele.

O levar o morto para o enterro e se apressar com isso: O Rassulullah (SAAS) costumava acompanhar os mortos e aconselhava os outros fazê-lo. Aconselhava não se sentar a não ser após o enterro. O Rassulullah (SAAS) disse: “Ao verem a passagem de um Cortejo Fúnebre  fiquem de pé. Quem o acompanhar não deve sentar até ser enterrado.” (Bukhári).

A proibição de lamentos e o bater nos rostos: O Profeta (r) proibiu isso veementemente. Ele disse: “Não pertence a nós quem esbofeteia o rosto e rasgas roupas e pronunciar palavras da época pré-islâmica.” (Muttafac alaih).

Cumprir o testamento do morto: é dever dos familiares do falecido cumprirem o seu testamento, se não deixar testamento ilegal. Omar Ibn al ‘Ass (RAA), ao falecer não quero ser acompanhado por nenhum lamento nem fogo. Ao ser enterrado, joguem a terra sobre o túmulo com delicadeza. Então permaneçam ao redor do meu túmulo o tempo de sacrificarem animais e distribuírem sua carne. Dessa forma eu me sociabilizo com vocês e vejo o que dizer aos mensageiros de meu Senhor.” (Musslim).

O Invocar a Allah pelo Morto: É recomendável que os muçulmanos permaneçam ao redor do túmulo após   o enterro, invocando a Allah, glorificado seja, que o perdoe e seja misericordioso com ele. Entre as preces do Profeta (r) para o morto: “Ó Allah, perdoa-o e tenha misericórdia dele, sê generoso com ele, fortalece-o. Que a sua entrada seja ampla e confortável, lave-o com a mais pura e limpa água. Purifique-o dos pecados como o roupa branca é lavada da sujeira. Concede-lhe um lar melhor do que o lar dele (na terra) e uma família melhor do que a família dele, uma esposa melhor do que a esposa dele, e protégé-o do tormento do túmulo ou do tormento do Inferno.” (Musslim, Tirmizi e Nassá-i).

A Oração pelo morto ausente: Se morrer um muçulmano em local distante e nenhum dos muçulmanos consegue praticar a oração fúnebre por ele, os muçulmanos fazem a oração fúnebre onde estiverem e isso se chama: “a oração pelo morto ausente”. O Rassulullah (SAAS) fez a oração fúnebre pelo Négus, imperador da Abissínia, com o corpo ausente ao saber da morte dele.

Enviar comida aos familiares do morto: Isso por amizade e a cooperação para aliviar a aflição deles. Quando Jaafar Ibn Abi Tálib faleceu, o Rassulullah (r) disse: “Preparem comida para os familiares de Jaafar, porque eles estão ocupados com os seus problemas.” (Tirmizi e Ibn Mája).

Pagar as dívidas do morto: O pagamento das dívidas do morto é obrigatório. O Profeta (r) ordenava o pagamento da dívida do morto antes da oração fúnebre. (Tirmizi).

As condolências: O muçulmano presta condolências aos aflitos e os incentiva a terem paciência e aceitarem a determinação de Allah. É desaconselhável ficar sentado para as condolências, o fazer sala, o contratar recitadores do Alcorão, como é desaconselhável prestar condolências após o terceiro dia, a não ser ao ausente. Também é desaconselhável o que chamam de sétimo dia ou de quarenta dias. Tudo isso constitui em inovações que não ajudam o morto nem os seus parentes por motivo de orgulho e de vaidade.

Aproveitar as lições: O muçulmano tira lições do acompanhamento dos Cortejos Fúnebres  prendendo-se a Allah, lembra-se muito de Allah, obedece a Ele e afasta-se das desobediências, porque sabe que terá o mesmo destino. O seu enterro será preparado, o corpo será transportado, será enterrado em seu túmulo e deixado sozinho. Quem quiser um admoestador, a morte lhe é suficiente.

O muçulmano ignorante não entende sua religião e é extremista na sua ignorância e escuridão, ele é  mais perigoso para o Islam do que os seus inimigos... 

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

"Desejam em vão extinguir a Luz de Allah com as suas bocas; porém, Allah nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!" (41:33)

Mohamad ziad -محمد زياد