domingo, junho 09, 2013

Esclarecimentos sobre: «Se o sacrificado seria Isaac ou Ismael...» e « Se Deus criou tudo em seis dias ou oito?»

Por: M. Yiossuf Adamgy 
RECEBIDO DE UM LEITOR: From: Hamzah Abdullah Islam (hamzaabdullah357@hotmail.com) -Sent: Thursday, June 06, 2013 7:53:51 PM .

Irmãos, Assalamu Aleikom: Uma irmã me fez esta pergunta (abaixo indicada). A respeito da Bíblia eu tenho mais conhecimento mas quanto ao Alcorão... Poderiam me auxiliar nessa resposta? PERGUNTA: 
"Tanto a Bíblia quanto o Corão se dizem ser a Palavra de Deus, mas a Bíblia e o Corão se contradizem no que dizem: (por Ex.: a Bíblia diz que foi Isaque que Abraão iria sacrificar; o Corão diz que foi Ismael. 
O relato bíblico do Génesis diz que Deus criou tudo em seis dias (veja Génesis 1:1 – 2:2). O Alcorão, porém, na Surah 41:9, 10, 12 tem um total de oito dias de criação (4+2+2=8). 

Enquanto isso, a Surah 10:3 dá um total de seis dias de criação). Deus não pode Se contradizer; como eu posso saber que o Corão é realmente a Palavra de Deus?" Vou pedir um prazo a ela para dar uma resposta à luz da Exegese...

Prezado Irmão Hamzah Abdullah Islam - Walaikum-as-Salam: Satisfazendo o seu solicitado, aqui vai o esclarecimen-to sobre as DUAS questões apresentadas:

Vamos por partes:

I QUESTÃO: - «Tanto a Bíblia quanto o Corão se dizem ser a Palavra de Deus, mas a Bíblia e o Corão se contradizem no que dizem: (por Ex.: a Bíblia diz que foi Isaque que Abraão iria sacrificar, o Corão diz que foi Ismael)».

ESCLARECIMENTO:

Na verdade, existem duas versões: para uns, o filho de Abraão a sacrificar seria Ismael (Ismail a.s.), e para ou-tros Isaac (Ishaq a.s.).

Os muçulmanos crêem que é Ismael que foi destinado ao sacrifício em obediência à ordem de Deus. Mas foi resgatado depois de ele e o seu pai terem estado prontos a cumprirem a vontade de Deus. Existem pelo menos VINTE ARGUMENTOS em apoio desta crença. No entanto, nenhum deles se sobrepõe a diminuir o papel histórico dos Filhos de Israel, ou a luz e a sabedoria a eles reveladas pelo Profeta Moisés (Mussa a.s.). Antes pelo contrário, o Alcorão sublinha-o em numerosas passagens (por exemplo 2:40; 7:137; 17: 2, 40:53; 45:16).

Entre outros argumentos, mencionam-se os seguintes:

1 – O contexto inteiro do acontecimento, tal como o relata o Alcorão (37:101-113) não deixa sombra de dúvida de que Ismael era o filho destinado ao sacrifício por seu pai, em resposta à ordem de Deus.

2 – O Antigo Testamento existente (Gén. 21:5) afirma que Isaac nasceu quando o seu pai tinha 100 anos, enquanto Ismael nasceu quando o seu pai tinha 86 anos (Gén. 16:15). Portanto, no espaço de catorze anos, Ismael foi o único filho de Abarão, enquanto Isaac nunca esteve na situação de filho único. No entanto, o Antigo Testamento (Gén. 22:2) afirma que Abraão recebeu a seguinte ordem: «Toma agora o teu filho, o teu único filho Isaac... e vai à terra de Moriah e entrega-o ali em holocausto». O nome de Isaac parece figurar neste contexto graças a uma óbvia inser-ção. E tão-pouco se sabe com certeza onde é que ficava aquela terra de Moriah, a não ser que fosse o Monte de Marwat em Meca, o que vem em apoio da verdade islâmica.

3 – O acontecimento passou-se inteiramente perto de Meca. E sabemos que Ismael e a sua mãe Agar (Hajra a.s.) foram os que acompanharam Abraão a Meca, se estabeleceram ali, e o ajudaram a erguer o sagrado santuário da Caaba (Alcorão, 2:124-130; 14:35-40).

4 – O argumento talvez mais importante em apoio da crença islâmica é o seguinte: a versão judaico-cristã leva a certas conclusões sujeitas a sérias objecções:

a) – Discriminação entre os irmãos só porque a mãe de uma era escrava (Agar) e a mãe do outro (Sara) era livre;

b) – Discriminação entre as pessoas, por motivo de raça, crença ou posição social;

c) – Pretensão à superioridade espiritual em nome dos antepassados;

d) – Negação de legitimidade à criança cuja mãe fosse escrava.

Todas estas deduções e conclusões são contrárias ao espírito do Islão, e os muçulmanos terão que rejeitar esses argumentos.

A situação dos antepassados, a origem nobre ou hu-milde da mãe, a proveniência social ou a cor não exer-cem influência nenhuma sobre as qualidades espirituais e humanas das pessoas, pelo menos perante Deus.

II - «O relato bíblico do Génesis diz que Deus criou tudo em seis dias (veja Génesis 1:1 – 2:2). O Alcorão, porém, na Sura 41:9, 10, 12 - tem um total de oito dias de criação (4+2+2=8). Enquanto isso, a Surah 10:3 dá um total de seis dias de criação. Deus não pode se contradizer, como eu posso saber que o Corão é realmente a Palavra de Deus?»

ESCLARECIMENTO:

Em primeiro lugar, transcrevo, aqui, para verificação, o significado dos versículos citados da Surah 41:9 a12 (incluindo o versículo 11, que foi omitido na pergunta):

41:9 – «Dize: Renegais Aquele que criou a terra, em dois dias, e fazeis-Lhe semelhantes? Esse é o Senhor dos Mundos».

41:10 – «E sobre ela (a terra) fixou firmes monta-nhas e abençoou-as; e, ao término de quatro dias exactos, determinou, nela, o sustento aos neces-sitados».

41:11 – «Depois (thumma) Ele voltou-se na direc-ção do céu, quando este era fumaça, e disse-lhe, assim como à terra: “Vinde ambos, de bom ou de mau grado”. Ambos responderam: “viemos obe-dientes”».

41:12 – «Então, completou-os, como sete céus, em dois dias, (1) e a cada céu assinalou a Sua ordem. E adornamos o firmamento com luzes, para que servis-sem de sentinelas. Tal foi o decreto do Poderoso, do Sábio».

Os críticos viram nesta passagem uma contradição com o enunciado de seis períodos da Criação. Adicionando-se os dois períodos da formação da Terra, os quatro períodos de repartição dessas subsistências pelos sus habitantes, e os dois períodos da formação dos Céus, atingir-se-ia o número de oito períodos, o que estaria em contradição com os seis períodos definidos mais acima.

Com efeito, o texto através do qual o Homem é convidado a refletir sobre a Omnipotência Divina, partindo da Terra para concluir a sua reflexão a propósito dos Céus, apresenta duas partes articuladas pela palavra árabe «thumma» traduzida por «depois», mas que significa «em seguida» ou «depois, além disso», tanto como «por outro lado». Pode, portanto, implicar um sentido de sucessão, aplicando-se a uma sucessão de acontecimentos ou a uma sucessão na reflexão do Homem sobre os acontecimentos aqui. Pode tratar-se, também, de simples menção de acontecimentos que se justapuseram sem intenção de introduzir um sentido de sucessão entre eles. De qualquer forma, os períodos da Criação do Céu podem, perfeitamente, coincidir com os dois períodos da Criação da Terra: examinar-se-á, um pouco mais adiante, como é evocado no Alcorão o processo da formação do Universo, e vê-se como ele se aplica conjuntamente aos Céus e à Terra, em conformidade com os conceitos modernos. Compreender-se-á, então, a perfeita legitimidade desta maneira de conceber como simultâneos os acontecimentos aqui referidos.

Por conseguinte, não há oposição, entre a passagem citada e a concepção decorrente de outros textos do Alcorão, sobre a formação do mundo em seis fases ou períodos.■

Quem não pretender continuar a receber estas reflexões, por favor dê essa indicação e retirarei o respectivo endereço desta lista.

Obrigado, boas leituras.

M. Yiossuf Adamgy

(1) - "Dias" pode incluir milhares de anos (ver Alcorão, 7:54). Referem-se aos estágios, na evolução da natureza física. Na cosmogonia Bíblica (Génesis I e II: 1-7), que reflete a cosmogonia Babilônica, o esquema deve, aparentemente, ser tomado de forma literal, no que concerne a dias, e é como segue: no primeiro dia, Deus criou a luz; no segundo, o firmamento; no terceiro, a terra e a vegetação; no quarto, as estrelas e os planetas; no quinto, os peixes e as aves marinhas; no sexto, o gado, as coisas rastejantes, os animais selvagens e o homem; no sétimo, ele terminou e descansou. O nosso esquema (Alcorânico) é totalmente diferente: (1) Deus não descansou e nunca descansa; (2) a obra de Deus não terminou; Sua atividade continua (32ª Sura, versículo 5; 7ª Sura, versículo 54); (3) o Homem, em nosso esquema, não surgiu com os animais da terra; o seu advento foi bem posterior; (4) os nossos estágios não são rigorosamente separados um do outro, como no esquema acima, onde as estrelas e os planetas foram criados no quarto dia; não é inteligível como os primeiros três dias foram contados, nem como a vegetação cresceu, no terceiro dia. Nossos estágios para o céu e a terra não estão em sequência de tempo. Eles são amplamente explicativos: (1) a fissão do nosso planeta da matéria cósmica; (2) seu resfriamento e condensação; (3 e 4) o crescimento dos vegetais e animais; (5 e 6) o crescimento paralelo do mundo estelar e o do nosso sistema solar. [Nota nº. 4477 – Extraída da Tradução Alcorânica – Edição Inglesa, por Yusuf Ali].

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