sexta-feira, junho 07, 2013

O Sabr - A Paciência é uma Torre de Luz

Bismillah!
O Sabr
A Paciência é uma Torre de Luz
Shaikh Mohamad Al Ghazali
Tradução: Prof. Samir El Hayek

“A Paciência é luz.” (Muslim)

Pelos complicados caminhos da vida, quando as dificuldades e as provações confrontam o homem, é apenas a paciência que age como uma luz para o muçulmano, que o mantém a salvo de vagar a esmo, e o salva da lama da desilusão, do desespero e da frustração. A paciência é uma qualidade tão essencial que o muçulmano precisa dela para forjar a sua vida neste mundo e também no outro. Só com base nela é que ele será capaz de cumprir todo o seu trabalho. Ele deve fazer dela a lâmpada que ilumina seu caminho, se não ele se verá derrotado no campo da vida. Ele deve preparar-se para suportar as privações e as dificuldades, e não deve (diante delas) nem esbravejar nem clamar pelos infernos. Ele não deve também ficar sentado esperando que os resultados venham, por mais que estes possam tardar. Ele não deve fugir das suas responsabilidades, sejam elas quais forem. Nenhuma dúvida ou apreensão, nenhum provação, deve ser tamanha a ponto de estimular sua inteligência a envolver-se com a violência. Ele deve se munir de autoconfiança. Ele não deve temer as nuvens cinzas que surgirem no horizonte de sua vida, mesmo quando elas aparecem continuamente, devendo ter certeza de que tais nuvens de adversidade e provação irão desaparecer, e o ar claro e brilhante do êxito e da glória irá reaparecer novamente. Portanto, a sabedoria e a previsão exigem que o retorno delas seja aguardado com paciência, em paz e com convicção.

Deus Todo Poderoso ressaltou este ponto repetidamente, alertando que o homem deve ficar de sobreaviso e pronto para o momento quando tais privações e dificuldades venham atingi-lo, e não deve se atemorizar diante dessas atribulações celestes ou terrenas, nem se sentir desiludido ou desanimado.

Sabei que vos provaremos, para certificar-Nos de quem são os combatentes e perseverantes, dentre vós, e para provarmos a vossa reputação.” (47ª:31)

O poeta expressou a mesma ideia com as seguintes palavras:

“Nós havíamos antecipado as provações da noite antes de sua vinda. Assim, quando elas sobrevieram, nada se acrescentou ao nosso conhecimento.”

Sem dúvida, se os acidentes e os infortúnios são enfrentados com uma visão clara e bem preparada, isto provar-se-á proveitoso para o homem e o ajudará a estabilizar e consolidar sua posição.

Disse Deus: “Sem dúvida que sereis postos à prova quanto aos vossos bens e pessoas, e também ouvireis muitas coisas que vos entristecerão daqueles que receberam o Livro antes de vós, e dos idólatras; porém, se perseverardes pacientemente e temerdes a Allah, sabei que isso é um fator determinante, em todos os assuntos.” (3:186).

Os Dois Pilares da Paciência

A Paciência depende de duas importantes realidades.

A primeira realidade diz respeito à natureza desta vida terrena. Seus pormenores são: Deus não fez deste mundo uma casa de paz e contentamentos ou de prêmios e recompensas, e sim um campo de provas. O tempo que o homem passa neste mundo é na verdade um tempo para experiências infindáveis. Ele sai de uma prova para submeter-se a outra que é ainda mais difícil e diferente daquela que ele acabou de superar, ou seja, o homem é experimentado uma vez por uma coisa e novamente pela que lhe é contrária, do mesmo modo como o ferro é primeiramente aquecido pelo fogo e depois esfriado na água. Do mesmo modo, o homem é experimentado pelos meios favoráveis e pelos que lhes são opostos.

Quando Deus abençoou Sulaiman com um grande e magnífico império, este sabia destas leis naturais do mundo. Ele havia dito:

Isso provém da graça de meu Senhor, para verificar se sou grato ou ingrato. Pois quem agradece, certamente o faz em benefício próprio; e saiba o mal-agradecido que meu Senhor não necessita de agradecimento, e é Generoso.” (27ª:40).

As razões da provação pela tristeza e pelas dificuldades são vagas e variáveis. Entretanto, podemos compreendê-las melhor pelo exemplo dos soldados que combatem no campo de batalha. No campo de batalha, alguns grupos são postos ao combate até perderem suas vidas para que outros grupos possam ser salvos. A segurança de outras seções depende dos demais grupos serem postos em combate em novas batalhas. Esta estratégia é adotada para o interesse maior da nação e para conseguir melhores vantagens, pela liderança superior do exército. Nessa luta, a vida de um homem só não tem nenhuma importância, porque o problema é muito mais vasto.

A mesma é a situação da sorte ou do destino. Certo homem é posto a prova por diferentes meios, até que sucumbe derrotado, e não há nenhuma outra saída para ele, exceto a de receber as provações que lhe advieram com paciência e submissão. Uma vez que esta vida é um campo de testes, nós devemos nos esforçar por sermos bem-sucedidos neles.

Qual é a prova ou exame da vida? Não há palavras em que ela possa ser descrita, nem palestras a que se possa prestar alguma atenção. As questões da prova são as provações e dificuldades que defrontam o homem, e que abrem diante dele um caminho de medo, terror e frustração. A prova é o nome que se dá aos defeitos de anti-realidade que tornam um homem ciumento ou a nutrir rancor contra algum amigo sincero; a prova é o nome que se dá às tiranias pelas quais uma nação ocupa o lugar de Deus e as outras pessoas oferecem seu sangue como sacrifício para reaver os direitos que lhes foram usurpados.
A história da vida nesta terra desde o primeiro dia até hoje é muito triste. A coisa certa é que o homem deve ele próprio abrir o seu caminho nesta vida, e de que deve fazê-lo sabendo que o caminho para o seu destino está cheio de espinhos e sujeira.

A segunda realidade está relacionada com a natureza e temperamento da fé.

Fé é o nome do relacionamento entre o homem e seu Senhor. E como no relacionamento entre os homens, a verdadeira amizade e sinceridade só pode ser avaliada quando ela é confrontada com condições desfavoráveis e amargas, quando eles tem que enfrentar provações trazidas pelo capricho do tempo, e quando estão cercados por vários tipos de problemas. É nessas ocasiões que se pode saber o valor real e a sinceridade do homem. É igual o caso da fé. Para se saber a verdade e sinceridade em relação à fé, é necessário que o muçulmano seja experimentado, devendo ser posto no cadinho do fogo para ver se ele sai dele resplandecente como o ouro ou se ele é consumido com as impurezas.

“Porventura, pensam os homens que serão deixados em paz, só porque dizem: Cremos!, sem serem postos à prova? Havíamos provado seus antecessores, a fim de que Deus distinguisse os leais dos impostores.” (29ª:2-3).

Sem dúvida, o conhecimento de Deus abrange todos os assuntos cognoscíveis e incognoscíveis, e desse exame não se acrescerá nada ao conhecimento d‘Ele, porque Ele sabe de todas as condições do início a o fim. O conhecimento Divino não pode ser tomado como base para a avaliação pelo homem. Sua avaliação será com base nos seus atos pessoais. Se algum criminoso nega seus crimes, então no Dia do Juízo Final, que provas poderão ser apresentadas contra ele se ele não tiver sido posto a prova neste mundo e só as partes do próprio corpo do homem é que poderão testemunhar contra ele?

Sobre pessoais desse gênero, o Alcorão diz assim:

Recorda-lhes o dia em que congregaremos todos, e diremos, então, aos idólatras: Onde estão os parceiros que pretendestes Nos atribuir? Então, não terão mais escusas, além de dizerem: Por Deus, nosso Senhor, nunca fomos idólatras. Olha como desmentem a si mesmos! Tudo quanto tiverem forjado desvanecer-se-á“ (6ª:22-24).

Como poder-se-á avaliar tais criminosos à luz do conhecimento Divino? As retribuições justificadas que terão só serão adequadas e justas se lhes forem apresentadas todas as suas mazelas. Seus esforços em criar a corrupção e a maldade entre os outros e todos os outros pecados deles sejam relatados diante deles.

Foi nessas duas bases que se fundamentou a manutenção da paciência. E é por esta razão que a religião a exige, mas aquele que fecha seus olhos às realidades pela força de sua natureza, fica atônito quando tem de enfrentar as provações, e suas mãos e pés se paralisam quando ele tem de combater as dificuldades. Sua rudeza é contrária a esperar e ter paciência, tanto que ele é incapaz até de tolerá-la. Portanto, quando acontece algo inesperado, ou ele tem que passar por algum fracasso, ou quando ele sofre um acidente, a terra com toda a sua imensidão lhe parece pequena, e as condições o fazem exasperar-se. Ele quer sair de tal situação num piscar dos olhos, mas é evidente que seu esforço não será bem sucedido porque estará em oposição ao temperamento do mundo e da religião. Ao muçulmano, o certo é aprender a ser paciente e a esperar e esperar por muito tempo.

“O homem é, por natureza, impaciente. Não vos apresseis, pois logo vos mostrarei os Meus sinais!” (21ª:37).

"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

Mohamad ziad -محمد زياد


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