sexta-feira, novembro 14, 2014

ZAKAT, SADAQA E O TRABALHO – 4ª. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)
Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

Os que não tem apetência para o trabalho, porque a preguiça é maior do que a necessidade de se sustentarem, acabam por cair na “armadilha” montada pela própria preguiça e ficam dependentes da caridade alheia. Quando se encontram em estado de necessidade absoluta, ficam divididos entre o Zakat ou a autossuficiência.

Mas acabam por receber a caridade para atenuarem a situação do momento, prometendo a eles próprios de que é uma situação de emergência.

Infelizmente a preguiça continua a ser imensa e o ciclo repete-se “o Zakat ou a minha auto-suficiência?”. Acabam por arrastar as suas famílias para a pobreza, prejudicando o crescimento e a educação dos filhos. Issa (Aleihi Salam) – Jesus, que a Paz de Deus esteja com ele, encontrou um homem e perguntou-lhe: “o que fazes tu?” “Devoto-me a Deus”, respondeu o homem. “E quem te sustenta?” Perguntou Issa. Respondeu o homem: “o meu irmão”. Retorquiu Issa “O teu irmão é mais devoto a Deus do que tu”. Relato de Abdallah Ibn Qutayba. 

“Não existe criatura sobre a terra cujo sustento não dependa de Allah…”
Cur’ane 11:6. A melhor mão é aquela que dá. Hakim bin Hizam (Radiyalahu anhu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “A mão de cima é melhor que a mão de baixo (ou seja aquele que dá a caridade é melhor do que aquele que recebe). Deve-se começar a dar primeiro aos seus dependentes. E o melhor da caridade é o que é dado por uma pessoa com posses (com dinheiro que lhe resta das sua despesas). E quem se abstém de pedir ajuda financeira, Deus irá fazê-lo auto-suficiente”. Bhukari 24:508. O verdadeiro pobre não é aquele que fica à volta das pessoas, insistindo e importunando-as. O Islam exorta os crentes para trabalharem e evitarem a mendicidade. O melhor sustento é aquele que é obtido através das próprias mãos e proveniente de trabalhos e negócios honestos e lícitos.

Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “O pobre não é aquele que pede aos outros, um ou dois pedaços (de comida). Mas o pobre é aquele que não tem nada e tem vergonha de mendigar perante outros”. Bukhari 24:554.

“E fizemos o dia como um período de subsistência”. Cur’ane 78:11. “E vos demos o poder sobre a terra, a qual proporciona-vos a subsistência. Poucos são os que agradecem”. Cur’ane 7:10. Não é uma contradição à exortação dos que têm, para darem o Zakat, mas é um incentivo para que o crente necessitado possa encontrar subsistência através do seu trabalho. O Zakat foi instituído para combater a pobreza, no entanto não substitui a iniciativa de cada um, para procurar o seu sustento. O Trabalho lícito é também uma forma de adoração. Deus garantiu a todos o rizk (sustento) e nos incentiva a trabalhar.

É o exemplo dos pássaros que pela manhã cedo saem dos seus abrigos e voltam saciados da fome e da sede. O Ser humano não pode sair por aí colhendo o fruto do trabalho dos outros. Com a sua capacidade de inteligência e raciocínio que Deus lhe deu, deve procurar produzir os meios necessários para ser auto-suficiente. Para aqueles que não conseguem suprir por si próprios o seu sustento, Deus instituiu o Zakat. Segundo Iyadh Ibn Himar (Radiyalahu an-hu), o Profeta de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Um dos 3 moradores do paraíso, será um homem honesto que se recusa pedir às pessoas, ainda que seja pobre e com família numerosa”. Muslim.

Façamos duah (prece) para que Allah, nosso Senhor, Criador e Sustentador, com a sua infinita Misericórdia nos mantenha honestos. E que nos faça preocupados na obtenção do nosso rizk (sustento lícito) e não dependentes das Suas criaturas. Amin.

Se todos os muçulmanos que se encontram na obrigação de pagar o Zakat cumprissem com este pilar e se os necessitados que não trabalham por preguiça ou por desleixo, procurassem a sua subsistência, a Umah (muçulmana) viveria sem grandes preocupações e alguns até teriam dificuldades em encontrar alguém disposto a receber o Zakat. É um sonho? Talvez, mas possível de se realizar, desde que haja boa vontade de todos! Ali (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Allah fica satisfeito quando Ele vê os Seus servos trabalhando e batalhando, na procura do seu sustento lícito”. É diferente a situação daqueles que por motivos justificados, vêm-se obrigados a pedir ajuda. Neste caso, é obrigação de todo o muçulmano ajudar o seu semelhante que se encontra necessitado, não só doando bens materiais, mas também dando conselhos e palavras amigas.

In Sha Allah, Se Deus quiser, o tema continuará no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”.14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

13/11/2014

terça-feira, novembro 11, 2014

Nossa Alimentação é uma determinação de Deus (SW)

Todo Louvor a Allah. O Senhor dos Mundos ! Em nome de Allah. O Misericordioso, O Misericordiador. Louvado seja Allah , criador do céu e da terra. Testemunho que não há Divindade a não ser Allah (SWT), e testemunho que o Profeta Mohammad (SAAW) é seu servo e Mensageiro, Que Allah(SWT), abençõe e dê paz ao Profeta Muhammad(SAAW), bem como para a sua família, companheiros e seguidores até o Dia do Juízo Final.

Meus queridos irmãos e irmãs muçulmanos e caros leitores e amigos ! O corpo humano é a máquina mais perfeita que Deus Louvado Seja criou. E como qualquer outra máquina ele precisa de um combustível especial para desempenhar bem todas as suas funções. Por exemplo um motor de automóvel que é movido a diesel não funciona a gasolina ou a etanol. E quando uma fábrica solta determinado modelo de automóvel ela também já especifica seu combustível. 

Esse artigo nasceu depois de uma conversa com alguns cristãos que consideram que não precisam mais cumprir as Leis. Bom lembrar que não foi o Islamismo quem criou essas Leis , tanto é que vamos tirar exempos da próbria Bíblia Cristã Mas infelizmente grande parte dos cristãos não atendem essas recomendações e se utilizam de citações da Bíblia Sagrada para amparar por exemplo o consumo de carnes proibidas pela Leis de Deus (SW) às três Religiões Monoteístas ( Judaísmo, Cristianismo e Islamismo).

Quando Deus (SW) criou o homem Ele lhe entregou sua alimentação. Veja no Livro de Geneses versículo 29 : E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.Gênesis 1:29

Por aqui podemos deduzir que o homem era vegetariano. E isso durou até o final do Diluvio quando Deus (SW) autorizou a Noé (AS) e ao seu povo incluir a carne em sua dieta alimentar : Genese 9 :3,4 : 3 Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso mantimento; tudo vos tenho dado como a erva verde. 4 A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis. ( A morte do animal deve ser por degola) 

Veja bem, certamente o Dilúvio havia acabado com tudo e Deus (SW) precisava criar uma outra alternativa para o homem se alimentar. Mas, mesmo aqui já existe uma restrição, : Genese 9 :4 : 4 A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.(Ou seja Deus (SW) fornece aqui a forma correta de abater o animal)

Já no Livro de Levítico Versículo 11 Deus (SW) seliciona quais os tipos de animais poderão ser consumidos : E falou o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo-lhes:Fala aos filhos de Israel, dizendo: Estes são os animais, que comereis dentre todos os animais que há sobre a terra;Dentre os animais, todo o que tem unhas fendidas, e a fenda das unhas se divide em duas, e rumina, deles comereis.Destes, porém, não comereis; dos que ruminam ou dos que têm unhas fendidas; o camelo, que rumina, mas não tem unhas fendidas; esse vos será imundo;E o coelho, porque rumina, mas não tem as unhas fendidas; esse vos será imundo;E a lebre, porque rumina, mas não tem as unhas fendidas; essa vos será imunda.Também o porco, porque tem unhas fendidas, e a fenda das unhas se divide em duas, mas não rumina; este vos será imundo.Das suas carnes não comereis, nem tocareis nos seus cadáveres; estes vos serão imundos.¶ De todos os animais que há nas águas, comereis os seguintes: todo o que tem barbatanas e escamas, nas águas, nos mares e nos rios, esses comereis.Mas todo o que não tem barbatanas, nem escamas, nos mares e nos rios, todo o réptil das águas, e todo o ser vivente que há nas águas, estes serão para vós abominação.Ser-vos-ão, pois, por abominação; da sua carne não comereis, e abominareis o seu cadáver.Todo o que não tem barbatanas ou escamas, nas águas, será para vós abominação.Das aves, estas abominareis; não se comerão, serão abominação: a águia, e o quebrantosso, e o xofrango,E o milhano, e o abutre segundo a sua espécie.Todo o corvo segundo a sua espécie,E o avestruz, e o mocho, e a gaivota, e o gavião segundo a sua espécie.E o bufo, e o corvo marinho, e a coruja,E a gralha, e o cisne, e o pelicano,E a cegonha, a garça segundo a sua espécie, e a poupa, e o morcego.¶ Todo o inseto que voa, que anda sobre quatro pés, será para vós uma abominação.
Mas isto comereis de todo o inseto que voa, que anda sobre quatro pés: o que tiver pernas sobre os seus pés, para saltar com elas sobre a terra.Deles comereis estes: a locusta segundo a sua espécie, o gafanhoto devorador segundo a sua espécie, o grilo segundo a sua espécie, e o gafanhoto segundo a sua espécie.E todos os outros insetos que voam, que têm quatro pés, serão para vós uma abominação.E por estes sereis imundos: qualquer que tocar os seus cadáveres, imundo será até à tarde. Qualquer que levar os seus cadáveres lavará as suas vestes, e será imundo até à tarde.Todo o animal que tem unha fendida, mas a fenda não se divide em duas, e todo o que não rumina, vos será por imundo; qualquer que tocar neles será imundo. Levítico 11:1-26.

Quando lemos as escrituras antigas ficamos surpresos ao ver o número de anos que vivia o ser humano por obedecer fielmente as determinações divinas, quer seja na alimentação, quer seja nas orientações espirituais.. Por exemplo, nosso patriarca Adão (AS), viveu de acordo com a Torá (Livro Sagrado dos Judeus) e pelo Livro de Gêneses na Bíblia Cristã 930 anos ! Vejam : » E Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete. Gênesis 5:3 » « E foram os dias de Adão, depois que gerou a Sete, oitocentos anos, e gerou filhos e filhas. Gênesis 5:4 » « E foram todos os dias que Adão viveu, novecentos e trinta anos, e morreu.Gênesis 5:5”.

Na medida que essas orientações foram quebradas parcialmente ou totalmente, a longevidade foi também caindo. Veja alguns séculos depois o que afirma o salmista Davi (AS) no Salmo 90 versículo 10 : Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando.Salmos 90:10.

Nos dias de hoje vemos as perspectivas de vida continuam a mesma dos tempos do Profeta Davi (AS). Mas, já esteve pior. Na época em que Deus (SW) revelou o Alcorão Sagrado ao Profeta Muhammad ((SAAW),através do Anjo Gabriel (AS), a expectativa de vida era de 40 a 45 anos. Dado o tanto de extravagância alimentar e espiritual que vivia a humanidade naquele momento da história universal .Com a aplicação das orientações islâmicas na península da arábia saudita,na alimentação e na higiene essa espectavia de vida subiu para 70 anos, enquanto na Europa civilizada era de 40 a 45 anos.

Vamos ver o que diz no Livro de Isaias 66 :16 ;17, por exemplo à carne suína que é largamente consumida pela maioria dos cristãos : Porque com fogo e com a sua espada entrará o Senhor em juízo com toda a carne; e os mortos do Senhor serão multiplicados.Os que se santificam, e se purificam, nos jardins uns após outros; os que comem carne de porco, e a abominação, e o rato, juntamente serão consumidos, diz o Senhor.Isaías 66:16-17.

Vejam ainda em Isaias 65:4 . Segundo alguns exegetas cristãos é uma alusão a famosa feijoada ; prato largamente consumido entre os brasileiros. « Que habita entre as sepulturas, e passa as noites junto aos lugares secretos; come carne de porco e tem caldo de coisas abomináveis nos seus vasos;Isaías 65:4.

O Profeta e Mensageiro Jesus (AS) é sem dúvidas a grande referência cristã. Algumas divisões do cristianismo o consideram inclusive Deus e que ele é parte da Santíssima Trindade. Contudo eles não os seguem em seus costumes e crenças. 

Na Bíblia Cristã no Evangelho Segundo São Mateus 5:17 afirma que Jesus (AS) cumpriu fielmente a Lei de Deus em todos os seus aspectos, inclusive na alimentação: Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido.Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus Mateus 5:18-19,

Jesus (AS) falou essas palavras porque ele sabia que depois da sua ascensão, alguns dos seus companheiros denunciariam a Lei. Jesus Cristo, ele próprio, obedeceu à Lei fielmente. Foi, somente, depois da sua partida deste mundo que, São Paulo, um potente orador, e membro do círculo da escola da sociedade, quem levou a alma da avançada civilização Grega (tal como, hoje em dia, muita gente tem vaidade em deixar-se ocidentalizar) a convencer os cândidos e analfabetos Cristãos a abandonarem a Lei. É muito significativo o fato de ele, pessoalmente, nunca se ter encontrado com Jesus Cristo, e esses que se lhe opunham serem constantes companheiros de Cristo. Jesus Cristo corrigiu os fariseus na interpretação falsa da Lei. Por exemplo, os discípulos na sua ânsia de apanhar as espigas de trigo no dia de Sábado. Quando os fariseus objetaram, Jesus Cristo retorquiu, "o sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado" (Marcos, 2: 27). Mas nunca disse alguma coisa contra a lei, incluindo o regime dietético.

E quando perguntam por que eles não seguem a Lei de não consumir carnes impuras eles citam o mesmo Evangelho Segundo São Mateus que diz: Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado fora?Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem.Mateus 15:17-18.

Ainda citam uma passagem do Livro do Ato dos Apóstolos 9 a15: E no dia seguinte, indo eles seu caminho, e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta. 10 E tendo fome, quis comer; e, enquanto lho preparavam, sobreveio-lhe um arrebatamento de sentidos, 11 E viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra. 12 No qual havia de todos os animais quadrúpedes e feras e répteis da terra, e aves do céu. 13 E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, mata e come. 14 Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. 15 E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou.

Outra citação muito utilizada é da Primeira Carta de Paulo a Coríntios6: 12: Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. 1 Coríntios 6:12. Ainda que essa passagem tenha uma condicional!

E também Gálatas 5:22;23 : Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.Contra estas coisas não há lei. Gálatas 5:22-23

O Alcorão Sagrado na Sural da Mesa Servida corrobora com a proibição do consumo de sangue, carne podre e carne de porco: : "São-vos proibido para alimentação: a carne putrefata, o sangue, a carne de porco..." (5ª: 3).

Veja a opinião de dois renomados cristãos: O Rev. W. K. Lawther Clarke diz no seu Conciso comentário Bíblico (pub. S.P.C.K.,1952) comentando aquelas passagens: "As leis foram inculcadas e obedecidas porque elas serão incorporadas pelo desejo de Deus" (p. 371) 

O Dr. E. A. Widmer cita no seu artigo "A carne de porco, o Homem e a Doença" (Good Health, vol. 89, nº1):"A carne de porco embora seja um dos artigos comuns na dieta, é um dos mais nocivos. Deus não proibiu os Hebreus de comerem carne de porco meramente para mostrar a Sua autoridade, mas, por ser um artigo de comida impróprio para o Homem".

Aqui fica minha pergunta aqueles que ainda não se convenceram que as Leis de Deus são imutáveis: Quem é mais importante? Deus (SW) e Jesus (AS), ou Paulo e Pedro? Reflitam sobre isso e não deixem perder sua salvação por intransigência e orgulho. Ainda há tempo para retornar a adoração do Deus Vivo e Misericordioso e a sua Justiça. 

Muitos devem estar pensando porque eu muçulmano estou usando citações bíblicas para justificar certos conceitos? Diz Allah SW na Surata da Vaca 285: O Mensageiro crê no que lhe foi revelado pelo seu Senhor, assim como os crentes. Todos crêem em Deus, nos Seus Anjos, nos Seus Livros e nos Seus Mensageiros. (e dizem): “Não fazemos distinção alguma entre os Seus Mensageiros”. E dizem: “Ouvimos e obedecemos. Queremos o Teu perdão, ó nosso Senhor! E para Ti será o nosso retorno”.

Os muçulmanos não baseiam sua crença, total ou parcialmente, na Bíblia. A crença islâmica é fundamentada no Qur’an. Mas para fins de apologética, assim como os cristãos cotam versículos corânicos, os muçulmanos cotam versículos bíblicos. 

A diferença entre os apologistas cristãos e os apologistas muçulmanos, é que enquanto os cristãos consideram todo o Qur’an como uma farsa, os muçulmanos vêem a Bíblia como um livro sagrado revelado por Deus, que foi parcialmente corrompido pelas mãos humanas.

Por esta razão o outro nome do Qur’an é Al-Furqan (O Discernimento), porque ele funciona como um discernimento para determinar onde foram feitas tais alterações e assim, o que conflitar com o Qur’an é rejeitado, e o que o Qur’an confirmar, é considerado como verdadeiro, pelo menos em sua essência.

E por isso fechamos nossa singela exposição com uma passagem do Livro de Isaias que diz assim: Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar Isaías 55:6-7.

BISMILLAH AL-RAHMAN AL-Rahim•Wassalatu Wassalamu Ala Ashraful MursaleenAllahumma Sali Ala Muhammad ua Aali MuhammadImploramos a ALLAH (SW), que nos ajude, nos dê uma boa orientação para o benefício de Islã e dos muçulmanos, corrigindo nossos trabalhos, nossas intenções e nossas ações. Agradecemos a ALLAH (SW) que é o único Deus do universo.Que ALLAH (SW), aceite este trabalho, nos dando uma boa recompensa nesta vida e na outra. Principalmente às pessoas que nos precederam nesse trabalho e nos serviram como orientadores! Subhanna Allah!(Louvado Seja Deus).

Que a paz, as bênçãos e a misericórdia de Deus (SW) estejam com todos. Amin.

sexta-feira, novembro 07, 2014

Zakat - Sadaqa e o Trabalho 3ª Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) - Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK 

A melhor das caridades é quando o crente dá ao seu irmão daquilo que ele mais aprecia. É uma qualidade difícil, excepto para aqueles que são piedosos e tementes a Deus. Outros distribuem géneros alimentícios com prazos de validades expirados ou artigos danificados, como forma de os verem livres deles. “Jamais alcançareis a virtude, a menos que façais caridade com o que mais apreciardes”. Cur’ane 3:92.

Não há mal nenhum dispensar roupas que já não usamos, mas que ainda se encontram em boas condições e que possam ser aproveitadas. A sinceridade e a bondade devem ser uma constante na distribuição da riqueza. A entrega do Zakat e do Sadaqa quebram o orgulho. Sheik Abdul Qádir Jilani (Rahmatulláhi Aleihi) expressou uma grande alegria ao saber que o seu espelho valioso tinha-se partido. O seu assistente timidamente disse: “o espelho fabricado na China, por acaso, quebrou-se”. Mas o Sheik acrescentou: “é bom! O meio de olhar para nós (com orgulho) quebrou-se”. In Faza’il –e- Sadaq’at. SubhanaAllah! 

No Dia do Julgamento Final, todos prestaremos contas pelos nossos bens. A riqueza é permitida e é incentivada no islão, mas existem regras de como a adquirir e como a utilizar. Sempre existirão ricos e pobres. “Não é permitida a inveja excepto em 2 situações: a pessoa a quem Deus deu riqueza e ele a utiliza no bom caminho e a pessoa a quem Deus deu a sabedoria e que dá boas decisões em conformidade e transmite aos outros”. Relato de Ibn Massud em Bukhari. Deus responsabilizou os ricos para destinar uma parte da sua riqueza aos pobres, como forma de atenuar as desigualdades. “… E isso para que (as riquezas) não sejam monopolizadas pelos abastados dentre vós …”. Cur’ane 59.7. 

Os abastados, piedosos e tementes a Deus, demorarão mais tempo a entrar no paraíso, pois terão de prestar contas de como obtiveram as fortunas e como as gastaram. Nadhla Ibn Ubaid al Aslami (Radiyalahu an-hu) relatou que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Quando chegar o Dia do Juízo Final, todo o servo de Deus permanecerá de pé e não dará nenhum passo (la tazula), até que preste contas acerca de quatro questões:
1)- A sua vida, como a empregou: 
2)- Do conhecimento obtido, o que fez com ele; 
3)- a riqueza, como a obteve e como a gastou: 
4)- O seu corpo, como o utilizou. Tirmizi. 

A entrega do Zakat pode ser efectuada seguindo um dos calendários, o gregoriano ou o islâmico. Mas o melhor é seguir o calendário islâmico, no início de cada ano (no Mês de Muharram) ou então criar o hábito de entregar os valores durantes o Ramadan, um mês muito abençoado e com multiplicas recompensas. Pode também ser entregue por conta ao longo do ano e no final, fazer as contas e entregar a diferença. O TRABALHO DIGNIFICA O SER HUMANO. Omar Ibn Al-Khatab (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Se vocês fizerem Tawakkul a Allah Subhana Wataala, Ele sustentar-vos-á como Ele sustenta os pássaros que saem de manhã com o estômago vazio e regressam à noite com o estômago cheio”. At-Tirmizi. Sobre este hadice, Omar encontrou algumas pessoas e lhes perguntou o que faziam e eles respondiam de que faziam Tawakkul (não trabalham e esperam a graça de Deus). Omar lhes disse: “Vocês são mentirosos, não têm Tawakkul, porque quem tem Tawakkul é aquele que planta a semente (que trabalha) e depois confia em Allah”. Al-Hákim. Deus garantiu a todos os seres vivos o Rizk (sustento), mas incentiva a procura do mesmo. 

Há certas pessoas que ganharam o hábito de viver da caridade e de donativos. Não trabalham por preguiça, apesar de serem fisicamente capazes. Para além de terem em casa bens essenciais para viverem condignamente, ainda possuem outros bens que se podem considerar supérfluos, dadas as suas condições de pedintes. 

Preferem ficar à espera da ajuda em vez de irem à procura do trabalho. O Islam é contra a preguiça e enaltece o trabalho. Todos devem participar ativamente no desenvolvimento dos seus países ondem vivem, independentemente de serem lá originários ou não. Outros com a intenção de procurar melhores condições para as suas vidas, emigram para outros países, mas acabam por ficar “contagiados” pelos benefícios sociais, acomodam-se e nada produzem, a não ser críticas aos países que os acolheram. 

In Sha Allah, Se Deus quiser, o tema continuará no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”.14:41. 

Cumprimentos 

Abdul Rehman Mangá 

06/11/2014 

abdul.manga@gmail.com

A L M A D I N A SORTE E PROVISÕES DIFERENTES - Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 03.11.2014

Neste Mundo, todos têm uma preocupação ou lamentação. Por exemplo, aquele que vive no campo ou no deserto queixa-se da falta de água canalizada e de outros confortos da vida. O que vive na cidade e usufrui de água, luz, ar condicionado, aquecimento, televisão, telefone, enfim, todos os confortos da vida, queixa-se de diabetes, de hipertensão, ou de problemas de estômago. Os milionários que têm tudo com que sonham, queixam-se de depressão, medo, ansiedade, insônias e outras preocupações.

Aquele a quem Deus deu saúde, riqueza e mulher bonita, vive sofrendo de ciúmes, sempre a suspeitar da sua esposa bonita, não atingindo nunca o sossego.

O homem de sucesso, famoso, que tem tudo o que deseja, que venceu todas as batalhas na vida, não consegue vencer as suas fraquezas e sucumbe perante as drogas, vicia-se em cocaína e acaba por se auto-destruir.

O rei que controla os destinos e as vidas dos outros, vê-lo-emos escravo das suas paixões, servo da sua ganância, submisso aos seus caprichos.

Todos nós saímos deste Mundo com sortes semelhantes e próximas umas das outras, não obstante a aparente dissemelhança. 

E apesar da riqueza dos abastados e da penúria dos pobres, a colheita final da felicidade ou da desgraça, é semelhante e muito próxima uma da outra, pois Deus recebe em conformidade com o que dá; substitui em conformidade com a privação a que submete o seu servo; e facilita em conformidade com a dificuldade a que o sujeita.

Se cada um de nós pudesse entrar no coração do outro, teria condoir-se-ia, e isso permitir-lhe-ia observar as balanças internas da justiça, apesar da diferença com as balanças externas, e aí não sentiria nem inveja, nem ódio, nem orgulho.

Realmente estes palácios e jóias são apenas decorações exteriores de um jogo de cartas, mas é no interior dos corações que residem a tristeza e as lamentações.

Os invejosos, os odiosos e os orgulhosos vivem enganados na aparência, e desleixados da realidade.

Se o mentiroso, o ladrão ou o assassino tivessem consciência destas realidades, jamais mentiriam, roubariam ou matariam. Se nós conhecêssemos a verdade teríamos procurado este Mundo com esforço correto e honesto, e teríamos convivido entre nós com virtude e valores morais, pois na realidade, neste Mundo não há vencedor nem vencido, e as sortes são muito semelhantes e próximas umas as outras no interior, e a nossa colheita da felicidade ou desgraça é semelhante e aproximada, apesar das diferenças no grau e na aparência.

A diferença nas pessoas não advém da diferença no grau de felicidade ou desgraça, mas sim da diferença de posições, pois há pessoas que vencem e sobrepõem-se às suas desgraças, e vemos nelas a prudência e o modelo. Essas são as pessoas bem guiadas, que vêm em tudo a justiça e a beleza, e gostam do Criador em todas as Suas ações. Mas por outro lado há pessoas desgraçadas, que se deixaram tomar pela inveja, e são rebeldes contra o seu Criador.

Cada pessoa, na sua posição, prepara o seu fim para o Outro Mundo, onde encontrará a verdadeira felicidade ou o verdadeiro descalabro, pois enquanto os bondosos estarão nas delícias, os maldosos estarão no Inferno.

Neste Mundo não há delícias nem infernos reais, excepto na aparência, pois somos todos quase iguais nas porções que engolimos, e todos de alguma forma estamos a sofrer.

Este Mundo é um local de teste para manifestar as posições, e a diferença nas pessoas provém da diferença de posições e não pelo choro ou sorriso que cada um ostenta pois isso assemelha-se à representação teatral. É o vestuário de decoração que as pessoas envergam, aparecendo alguns como reis, e outros como pobrezinhos, mas por detrás dos bastidores do teatro, na realidade somos iguais. 

Os piedosos estão tranquilos, pois eles compreendem isso com a sua sensatez, e submetem-se à Deus aceitando todo o Seu decreto, e sabem que tudo o que vem do Criador é puro e justo.

Quanto à maioria dos desleixados, esses continuam a lutar e a matar-se por causa do materialismo e das coisas mundanas. E nisso eles não têm êxito algum, aumentando ainda mais as suas preocupações. É a sede que nunca se sacia e a fome em que o apetite nunca acaba. Esses não querem saber nem da mesquita, nem da igreja. Passam dias e noites concentrados no material, esquecendo-se que um dia vão morrer.

Deixaram de ser servos de Deus, tornando-se servos do dinheiro. A esses aconselhamos a que visitem os cemitérios e as campas, pois nestas estão muitos dos que pensavam como eles, os que pensavam que jamais teriam um fim, de tão engajados que estavam no materialismo, que dormiam em palácios e sonhavam sempre com mulheres belas, que matavam inocentes, violavam, testemunhavam falsamente, regozijavam-se com a desgraça dos outros, devoravam as riquezas dos órfãos e das viúvas, eram senhores absolutos, faziam e desfaziam sem dó nem piedade.

Que vão para essa cidade silenciosa, postem-se na cabeceira das campas e perguntem aos inquilinos dessas novas residências onde estão as riquezas que acumularam e arrancaram dos outros!

Não! Nada ficou. Nem a roupa que tinham a trazem consigo. Nem cama têm, nem almofada, nem nada com se possam reclinar.

É deveras assustador, um minúsculo quarto num local isolado, apertado e escuro, onde não há nem amigo nem companheiro. É uma prisão de onde jamais se pode sair, nem fugir. 

Que tomem lição, pois um dia terão que enfrentar semelhante situação!

É bom refletirmos agora, pois ainda vamos a tempo de nos corrigirmos, mudando-nos para o bem.

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu.

A condição de Profeta foi uma honrosa distinção para os escolhidos de Deus

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

No século VII (anos 610-632 D.C.), nas cidades de Meca e Medina, um novo e último Profeta de Deus, Muhammad (a paz esteja com ele), que em português alguns traduzem por Maomé, transmitia uma nova revelação que provinha de Deus, o Sagrado Alcorão.

O uso inexato da palavra Profeta, utilizado até para os adivinhos e inclusivamente para muitos que agora se autodenominam profetas – sem o ser –, minimiza a importância deste termo.

Ser Profeta é uma honrosa distinção para os esco-lhidos de Deus. O termo aplica-se aos inspirados por Deus, em arábico Anbia'; e para aqueles que não só são inspirados por Deus, mas também, que predicam a sua mensagem, Deus fala através deles, são os chamados Rassul, isto é, Mensageiro de Deus. Daí que a mensagem que predicam não seja deles, mas de Deus. Deus fala através deles!

A Sahifa de Abraão (p.e.c.e.), os Salmos (Zabur) de David (p.e.c.e.), a Torah de Moisés (p.e.c.e.), o Evangelho (Injil) de Jesus (p.e.c.e.) e o Alcorão (Qur’an) de Muhammad (p.e.c.e.) são Livros reve-lados por Deus, ou melhor, Deus fala neles.

Muhammad (p.e.c.e.), Profeta e Mensageiro de Deus, predicou durante quase 23 anos: 13 anos na Cidade de Meca e 10 anos na Cidade de Medina. 

Para se ler o Alcorão é necessário conhecer a cronologia – isto é, o tempo da revelação, para ver se são versículos gerais ou bem específicos, de um momento determinado.

Os acusadores do Alcorão, seja por ignorância ou por ser mal-intencionados, tiram do contexto alguns versículos específicos que eram para o tempo e lugar em que foram aplicados e logo os genera-lizam, equivocando-se na sua interpretação e na sua aplicação. Por isso, o correcto é estudar pri-meiro a doutrina Islâmica e depois penetrar no estudo do Alcorão.

Para aquelas pessoas bem-intencionadas que dese-jam ler o Alcorão desde o princípio, seria conveniente lerem um Alcorão escrito em árabe (só há dois originais daquela época, uma em Tasquent e outra no Museu Topcapi, em Istambul, e encontram-se intactos) e com a tradução comparada para o por-tuguês e com notas explicativas nos diferentes versículos. Ainda que não se leia o árabe, é sempre conveniente ter o original, sem mudança alguma, para poder confrontar, nem que seja perguntando. Há algumas traduções, em português, incorretas; com notas explicativas, ainda mais incorretas e inclusi-vamente tendenciosas. Há que ter muito cuidado com isso.

A Al Furqán, órgão para a divulgação do Islão em Portugal, fundada em 1981, decidiu redigir uma série de livros, para os leitores curiosos que gostam de aprofundar as Santas Escrituras ou que têm o desejo de procurar e encontrar um novo caminho até Deus, ou que tenham um gosto especial por tudo aquilo que representa o arabismo e o Islão, já que os genes nos dão informação dos nossos antepassados e porque em Portugal há gente que tenha sangue árabe nas suas veias, devido à sua permanência na Península Ibérica durante muitos séculos, cerca de sete séculos.

A curiosidade, devido à publicidade notória, ainda que muitas vezes negativa, também faz a sua parte.

Há mais de 200 livros, sobre diversos temas Islâmicos, editados em português pela Al Furqán, dos quais recomendamos, entre outros, de leitura básica, para aqueles que queiram conhecer a verdade sobre o Islão, os seguintes: 

- Para Compreender o Islão e os Muçulmanos;

- Fontes Islâmicas da Cultura Ocidental;

- O Islão — História e Conceitos; 

- A Misericórdia Divina;

- A História de Meca (ár. Makkah);

- Porque eles se tornaram Muçulmanos;

- O Cristianismo no Islão, o Alcorão e a Sunna;

- Jesus, um Profeta do Islão;

- A Bíblia, o Alcorão e a Ciência;

- Reflectir Alguns Conceitos Básicos do Alcorão;

- O Amor e a Beleza no Islão;

- Um Repto à Ignorância em Relação ao Islão;

- Um Deus, Muitos Nomes.

Geralmente temos recebido bons comentários e em grande quantidade, quando em Reflexões Islâmicas temos falado sobre temas religiosos.

Quando falamos do Islão, fazemo-lo com conheci-mento e fontes fidedignas. Quando falamos de outras religiões, apesar de sermos versados nesses temas, já que temos o costume de não falar ou comentar so-bre temas que desconhecemos, devemos reconhecer que o fazemos de uma perspectiva islâmica. Isso sim, a nossa conduta ao comentar religiões irmãs, é feita de acordo com os ensinamentos do nosso Profeta: de forma pacífica, com carinho e tolerância.

O Judaísmo, o Cristianismo e o Islão são religiões abraâmicas e provêm da mesma revelação. Existem entre elas diferenças fundamentais. Isto, não obstante, não nos deve levar a assinalá-las negativamente, descuidando o fato de que as semelhanças são consideravelmente muito maiores que as diferenças. Nós não criticamos religião alguma, criticamos atitudes específicas, ou mensagens que contradizem a mesma doutrina.

No capítulo 29, versículo 46, ordena-se no Sagrado Alcorão: «E não disputeis com os adeptos do Livro, senão da melhor forma, excepto com os iníquos, dentre eles. E dizei-lhes: Cremos no que nos foi revelado, assim como no que vos foi revelado antes; e nosso Deus e o vosso são Um só e a Ele nos submetemos».

E o capítulo 5, na segunda parte do versículo 82 do Sagrado Alcorão, diz o seguinte: «E constatarás que aqueles que estão mais próximos dos crentes em afeição são os que dizem “Na verdade, nós somos cristãos”, isto porque entre eles há sacerdotes (pes-soas devotas ao saber) e monges, e porque não são arrogantes».

Fora disso, reconhece-se que os monges e sacer-dotes são bons dirigentes, sendo os assinalados negativamente tão só uns quantos milhares, dentro de um total de mais de oitocentos mil dirigentes católicos.

O problema é similar ao Islão: quando alguém faz mal, os meios encarregam-se de sobredimensionar as notícias. E assim fala-se até à exaustão de sacerdotes católicos pecaminosos, e muçulmanos terroristas, ainda que sejam em ambos casos, uma ínfima percentagem.

No nosso labor ecuménico, temos que valorizar mais o que nos une e não, o que nos desune e nos leva à eterna disputa.

Algo que devemos evitar é o enfrentamento radical, que começa com o desconhecer a revelação do outro, considerando-a inclusivamente falsa e afirmando que só a nossa fé, nos leva à salvação eterna.

Não só desconhecemos o “contrário”, mas até negamos a função complementar das nossas boas obras e que, nenhum humano pode ser previa-mente condenado por outro, porque somente a Deus corresponde julgar-nos.

O ideal da tolerância não se contenta com “aceitar o outro”, mas compreender a sua doutrina, conhecê-la com amplitude e aprofundar os seus ensinamentos, ainda que estejamos firmes nos nossos.

Se isto não se faz, o diálogo fecundo converte-se em confronto. E deveria evitar-se.

Finalmente, existe continuamente uma campanha de desprestígio contra o Islão e os que professam a dita religião, acusando-os de ser terroristas, anulando a realidade que os terroristas são uma fracção reduzida da amostra, ainda que com uma grande promoção mediática que os faz parecer a maioria.

Para que fique bem claro, a personalidade Islâmica da nossa Comunidade Muçulmana Sunita do nosso país detalha-se na nossa seguinte proclamação, de forma resumida:

- Afirmamos que o Islão é uma religião de paz. Seu nome provém da paz interior que se atinge com a submissão à vontade de Deus. Sua saudação permanente “AS-SALAM ALAIKUM”, (que significa a paz esteja convosco), é uma mensagem de concórdia, amor e ajuda ao próximo. 

As sociedades islâmicas foram historicamente amplas e tolerantes; e inclusivamente quando houve violência, elas normalmente foram as agredidas e não as agressoras; inclusivamente até pelos mesmos extremistas que dizem representá-la. Como seres humanos e como muçulmanos, estamos contra a guerra e a favor da paz, pedindo a Deus, para além das nossas cinco orações diárias obrigatórias, que a paz e a concórdia se estabeleçam no nosso Mundo, cada vez mais caótico.

- Ratificamos que somos uma comunidade pacífica, que recusamos a violência, que aceitamos os nossos irmãos e irmãs de outras religiões e raças, com carinho e tolerância e que estamos contra o terrorismo e todo o tipo de violência e fanatismo, venha de onde vier.

- Neste turbilhão de negatividade, mais necessário se torna, que os dirigentes religiosos orientem os seus seguidores num caminho de paz e tolerância. Fora disso, é necessário que os meios de comunicação informem com objetividade sobre as religiões e não de maneira tendenciosa, como por desgraça sucede hoje, com frequência, nos meios ocidentais, em especial no que se diz respeita ao Islão.

- Que consideramos que a integração com outras religiões irmãs, em Portugal, nos faz potencializar a nossa força e levar mais além o nosso princípio comum: de amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos, por amor de Deus; considerando que ninguém é um verdadeiro crente, se não deseja para seu irmão, o que deseja para si mesmo.

- É nosso desejo que as nossas diferenças se resolvam de forma pacífica, como irmãos, utilizando o diálogo e não o confronto; a paz e não a guerra; a tinta e não o sangue; a concórdia e não o confronto; e que reinem a justiça, o amor, a liberdade e a verdade, permanentemente.

Assalam alaikum, wa rahmatu Allah, wa barakatuhu.

Que a Paz, a Misericórdia de Deus e as suas Bênçãos, se derramem sobre toda a Humanidade. Amém. 

Obrigado. Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy - 06/11/2014.

quinta-feira, novembro 06, 2014

Crer nos Anjos

Os anjos são criaturas de Deus, foram criados antes do homem e foram criados de luz e numa forma bela e bonita. Isto ficou difundido entre as pessoas, tanto que, quando vêem uma pessoa bonita, dizem: "Olha, parece um anjo", como bem nos mostra o Alcorão Sagrado: 

"Mas, quando ela se inteirou de tais falatórios, convidou-as à sua casa e lhes preparou um banquete, ocasião em que deu uma faca a cada uma delas; então disse (a José): Apresenta-te ante elas! E quando o viram, extasiaram-se à visão dele, chegando mesmo a ferirem as próprias mãos. Disseram: Valha-nos Deus! Este não é um ser humano. Não é senão um anjo nobre." (12:31).

Os anjos não têm o livre arbítrio, como os seres humanos e os gênios. 

"Ó fiéis, precavei-vos, juntamente com vossas famílias, do fogo, cujo alimento serão os homens e as pedras, o qual é guardado por anjos inflexíveis e severos, que jamais desobedecem às ordens que recebem de Deus, mas executam tudo quanto lhes é imposto"(66.6)

Eles apenas executam as ordens de Deus. Eles não possuem sexo e não se alimentam. 

"Tens ouvido (ó Mensageiro) a história dos honoráveis hóspedes de Abraão? Quando se apresentaram a ele e disseram: Paz! respondeu-lhes: Paz! (e pensou): é gente desconhecida. E voltou rapidamente para os seus, e trouxe (na volta) um bezerro cevado. Que lhes ofereceu... Disse (ante a hesitação deles): Não comeis? Então sentiu medo deles. Disseram-lhe: Não temas! E anunciaram-lhe (o nascimento de) uma criança, que seria sábia." (51:24-28).

Não se cansam, são fortes, têm cérebro, têm conhecimento, têm audição e visão, falam, têm mãos e pés, têm capacidade de subir e descer, de ir e vir e morrem como nós humanos; quando for soada a trombeta, todos os seres morrerão e o último a morrer será o anjo da morte. Todos os anjos possuem asas, variando o número. Alguns possuem 2, outros 3 e assim por diante. O anjo Gabriel, por exemplo, possuí 600 asas e cada asa pode cobrir o horizonte. 

"Louvado seja Deus, Criador dos céus e da terra , Que fez dos anjos mensageiros, dotados de dois, três ou quatro pares de asas; aumenta a criação conforme Lhe apraz, porque Deus é Onipotente." (35:1)

Os anjos também podem assumir outras formas que não sejam as suas formas originais. Como, por exemplo, a forma humana. 

"E menciona Maria, no livro, a qual se separou de sua família, indo a um local que dava para o leste. E colocou uma cortina para ocultar-se dela (da família), e lhe enviamos o Nosso Espírito, que lhe apareceu personificado, como um homem perfeito. Disse-lhe ela: Guardo-me de ti no Clemente, se é que temes a Deus. Explicou-lhe: Sou tão-somente o mensageiro do teu Senhor, para agraciar-te com um filho imaculado." (19:16-19)

O ser humano só consegue ver o anjo se ele estiver na forma humana. Caso esteja na sua forma original, nós não os vemos, a não ser os profetas, que conseguem vê-los. Nem todo mundo, a quem lhe foi enviado um anjo, ou o viu, é um profeta ou mensageiro de Deus. Podemos citar como exemplo, a aparição do anjo Gabriel à virgem Maria, assim como para Agar, mãe do profeta Ismael (Que a paz esteja com todos eles) e como para os companheiros do profeta Muhammad (S.A.W.S), que viram o anjo Gabriel na forma de um beduíno, descrito no hadis conhecido.

Os nossos parâmetros diferem dos parâmetros dos anjos, nós não podemos, por exemplo, querer analisar a velocidade deles de acordo com os nossos parâmetros, pois sabemos que eles possuem uma velocidade fantástica, muito maior que a velocidade da luz, que para nós é a maior conhecida até agora. Isto pode ser exemplificado. Quando vinha alguém perguntar algo ao profeta, mal terminava a pergunta, e já vinha o anjo Gabriel com a resposta de Deus.

Os anjos possuem diferentes atribuições, tais como encarregados pelas montanhas, pelas nuvens, pelas chuvas, pelo trovão, pelo feto no útero da mãe (quando o ser humano completa 4 meses dentro do ventre da sua mãe, Deus manda um anjo, que escreve sua datação, seu destino e suas obras), pela revelação, pela morte (é encarregado de retirar a alma da pessoa na hora da morte), pelo túmulo (são os anjos encarregados de interrogar os mortos quando postos no túmulo. Neste caso, vêm dois anjos até ele e lhe perguntam acerca das três perguntas do túmulo que são:
1- Quem é o seu Senhor?
2- Qual é a sua religião? 
3- Quem é o seu mensageiro?), pela trombeta, pelo Trono, pelo Paraíso e pelo inferno, pela proteção do indivíduo e dos seus atos, e etc.

Os anjos vivem no céu. 

"Porém, se se ensoberbecerem, saibam que aqueles que estão na presença do teu Senhor, glorificam-No noite e dia, sem contudo se enfadarem." (41:38)

E aumentam as suas descidas para a terra em momentos especiais, como a noite do decreto. 

"A noite do decreto é melhor que mil meses. Nela descem os anjos e o Espírito (anjo Gabriel), com a anuência do seu Senhor, para executar todas as Suas ordens." (97:3-4)

E entre os anjos temos aqueles que ocupam uma posição maior ante Deus do que outros. E os melhores são aqueles que participaram da batalha de Badr. O seu número exato de anjos só quem sabe é Deus, que os criou.

"E não designamos guardiães do fogo, senão os anjos, e não fixamos o seu número, senão como prova para os incrédulos, para que os adeptos do Livro se convençam; para que os fiéis aumentem em sua fé e para que os adeptos do Livro, assim como os fiéis, não duvidem; e para que os que abrigam a morbidez em seus corações, bem como os incrédulos, digam: Que quer dizer Deus com esta prova? Assim Deus extravia quem quer e encaminha quem Lhe apraz e ninguém, senão Ele, conhece os exércitos do teu Senhor. Isto não é mais do que uma mensagem para a humanidade." (74:31)

Temos um dito do profeta (S.A.W.S), relatado nos dois Sahis, que diz: "Na casa habitada oram, a cada dia, setenta mil anjos, se de lá saírem não retornarão." 

Nós temos dois anjos que anotam tudo que falamos e fazemos. O anjo da direita anota as boas ações e o da esquerda anota as más ações, sendo que quando cometemos uma má ação o anjo da esquerda não a anota de imediato, ele espera um tempo para ver se a pessoa se arrepende e pede perdão a Deus pelo que fez. Caso isto ocorra ele não registra. Caso contrário, ele anota a falta. Os anjos também anotam as ações do coração.

Dentre suas características está o fato de gostarem do que Deus gosta, e odiarem o que Deus odeia. Envergonham-se de certos crentes; incomodam-se com aquilo que os seres humanos se incomodam, como o mal cheiro e a sujeira, por exemplo; pedem e oram pelos crentes que assistem às reuniões de recordação de Deus, pedem paz e graça para o profeta, ocupam a primeira fila da oração, para aquele que permanece em oração até a alvorada, para aquele que ensina as pessoas o bem, para aqueles que comparecem à mesquita para oração, para aqueles que fecham os espaços nas fileiras da oração, para aqueles que fazem o suhur, para aqueles que visitam os doentes, dentre outras. A sua oração consiste em: " Senhor, perdoa-os e tem misericórdia deles", de acordo com a tradição narrada por Ahmad. Que influência tem as orações e pedidos dos anjos para nós? É a de encaminhar-nos para luz e nos tirar, ou nos afastar das trevas.

"Ele é quem vos abençoa, assim como (fazem) Seus anjos, para tirar-vos das trevas e levar-vos para a luz; sabei que Ele é Misericordiosíssimo para com os fiéis." (33:43) 

Os anjos anotam aqueles que comparecem à oração de sexta feira, fica cada anjo em uma porta anotando um a um os que entram e terminam de anotar no momento em que o Imam se senta para ouvirem o sermão. Os anjos combatem com os crentes no campo de batalha, como aconteceu na batalha de Badr e na batalha das trincheiras. Os anjos não entram na casa daqueles que tem cachorro e estátuas. Os anjos amaldiçoam aqueles que xingam os companheiros do profeta(S . A . S).

Há no Alcorão e na Sunna a citação de alguns nomes de anjos. Dentre eles, citamos: 

Gabriel (Gibril)- anjo responsável pelas revelações;
Miguel (Mikail)- anjo que executa as ordens de Deus sobre o universo;
Malik - o anjo responsável pelo inferno, Harut e Marut, Munkir e Nakir;
Rafael (Israfil)- O anjo que toca a trombeta no dia do Juízo Final;
Riduan- responsável pelo paraíso;
Ezrael (Israil)- anjo da morte.

Nós devemos gostar de todos os anjos sem distinção pois todos executam todas as ordens de Deus e não cometem nenhuma falta. Não devemos fazer como fizeram uma parte dos judeus, no tempo do profeta Muhammad (S.A.W.S), que diziam gostar de um determinado anjo e não de outro, eles gostavam do anjo Miguel e não do anjo Gabriel. Porque Miguel era denominado em seus livros "o grande príncipe, que veio em defesa dos filhos do teu povo"(Daniel 12:1) A visão de Gabriel inspirava temor (Daniel 8:16-17), e estes judeus ridicularizavam a crença muçulmana de que o anjo Gabriel trouxera as revelações ao Profeta Muhammad (S.A.W.S).

"Dize-lhes: Quem for inimigo de Gabriel saiba que ele, com o beneplácito de Deus, impregnou-te (o Alcorão) no coração, para corroborar o que foi revelado antes; é orientação e alvíssaras de boas novas para os fiéis. Quem for inimigo de Deus, dos Seus anjos, do Seus mensageiros, de Gabriel e Miguel, saiba que Deus é adversário dos incrédulos." (2:97-98)

Os frutos da crença nos anjos: 

a)- A ciência do poder de Deus, Altíssimo, Sua força e autoridade, pois o poder da criatura provém do poder do Criador.

b)- O agradecimento a Deus pelo cuidado que Ele tem pelos filhos de Adão, uma vez, que designou anjos para protegê-los, anotar as suas obras e outras coisas mais para o nosso benefício.

A crença nos Gênios (Al Jinn): 

A palavra árabe jinn significa aquilo que se esconde ou está oculto. Não sabemos muito sobre eles, a não ser o que Deus nos relatou a seu respeito. São criaturas criadas por Deus do fogo.

"E criou os gênios do fogo vivo." (55:15)

E que foram criadas antes do homem. 

"Criamos o homem de argila, de barro modelável. Antes dele, havíamos criado os gênios de fogo puríssimo." (15:26-27)

Como os seres humanos, eles possuem o livre arbítrio.

"E, entre nós, há submissos, como também há os desencaminhados. Quanto àqueles que se submetem (a vontade de Deus), buscam a verdadeira conduta. Quanto aos desencaminhados, esses serão combustíveis do inferno." (72:14-15)

E dentre os gênios, há os que são muçulmanos, cristãos, judeus, budistas e etc. 

"E, entre nós (os gênios), há virtuosos e há também os que não o são, porque seguimos diferentes caminhos." (72:11

E comem e bebem (não devemos utilizar ossos, nem restos de animais para a nossa higienização, por serem alimentos dos gênios), eles tem a capacidade de nos ver, porém nós não o vemos quando eles estão em seu estado natural, eles têm a capacidade de aparecer em diversas formas, como ser humano, animal e etc. A prova disso é o Hadis conhecido, que foi relatado por Abu Huraira quando guardava as tâmaras da casa da moeda. A criatura mais mentirosa de todas as criaturas são os gênios. Demônio é o nome dado a todo gênio descrente e que se rebela contra Deus. Lúcifer, que é o pai dos demônios, era um gênio, como nos relata o Alcorão: 

"E (lembra-te) de quando dissemos aos anjos: Prostrai-vos ante Adão! Prostraram-se todos, menos Lúcifer, que era um dos gênios, e que se rebelou contra a ordem do seu Senhor..." (18:50)

Os demônios têm prole e todos são descendentes de Lúcifer. 

"Tomá-lo-eis, pois, juntamente com a sua prole, por protetores, em vez de Mim, apesar de serem vossos inimigos? Que péssima troca a dos iníquos!" (18:50)

Os gênios vivem no planeta terra, num mundo paralelo ao nosso. 

"Ó assembléia de gênios e humanos, acaso não se vos apresentaram mensageiros, dentre vós, que vos ditaram Meus versículos e vos admoestaram com o comparecimento neste vosso dia? Dirão: Testemunhamos contra nós mesmos! A vida terrena os iludiu, e confessarão que tinham sidos incrédulos." (6:130)

O profeta Salomão, que tinha autoridade sobre os gênios, foi a única pessoa a quem Deus concedeu este privilégio, o de ter domínio sobre eles. 

"E também (lhe submetemos a Salomão) alguns demônios que, no mar, submergiam e extraíam tesouros para ele, além de outros mistéres que lhe ordenasse, sendo Nós seu custódio." (21:82)

Os gênios não conhecem o incognoscível. A prova disso é que eles continuaram trabalhando para Salomão, depois da sua morte. 

"E quando dispusemos sobre sua morte (de Salomão), só se aperceberam dela em virtude dos cupins que lhe roíam o cajado; e quando tombou, os gênios souberam que, se estivessem de posse do incognoscível, não permaneceriam no afrontoso castigo." (34:14)

Os gênios, como os seres humanos, receberam as mensagens através dos profetas. 

"Ó assembléia de gênios e humanos, acaso não se vos apresentaram mensageiros, dentre vós, que vos ditaram Meus versículos e vos admoestaram com o comparecimento neste vosso dia? Dirão: Testemunhamos contra nós mesmos! A vida terrena os iludiu, e confessarão que tinham sido incrédulos." (6:130)

"Recorda-te de quando te enviamos um grupo de gênios, para escutar o Alcorão. E quando assistiam à recitação disseram: Escutai em silêncio! E quando terminaste a recitação, volveram ao seu povo, para admoestá-lo. Disseram: Ó povo nosso, em verdade escutamos a leitura de um Livro, que foi revelado depois do de Moisés, corroborante dos anteriores, que conduz o homem à verdade e ao caminho reto. Ó povo nosso, obedecei ao predicador de Deus e crede nele, pois (Deus) vos absolverá as faltas e vos livrará de um doloroso castigo. Quanto àqueles que não atenderem ao predicador de Deus, saibam que na terra, não poderão frustar (os desígnios de Deus), nem encontrarão protetores, em vez Dele. Estes estão em um evidente erro." (46:29-32)

A casa em que se lê a Surata da Vaca o diabo não entra nela durante três dias. As palavras de Deus queimam os gênios. Quem se relaciona com os gênios se torna descrente, eles não ensinam nada, nem colaboram com a pessoa antes que a mesma se torne descrente. Logo, é proibido para o muçulmano o contato com eles. Quando as pessoas procuram videntes ou curandeiros para se curar, Deus os abandona e os entrega a eles e os mesmos irão lhe tirar dinheiro e demorar na sua cura. Os gênios podem incorporar nos seres humanos e o tirarem da sua razão, da normalidade, e isto acontece com as pessoas por vários motivos, dentre eles a determinação de Deus, como o esquecimento da relembrança de Deus. Os gênios fazem acordo entre si. Por exemplo, caso haja alguém incorporado por um gênio a pessoa que vai tentar tirá-lo, também faz contato com os gênios. Este gênio, que é o seu contato, tenta negociar com o outro, para que o mesmo desocupe aquele corpo, havendo, assim, uma troca de interesses ou favores. 

Antes de se matar um animal, o muçulmano deve dizer bissmi-Leh, para, no caso em que este seja um gênio, não faça o mal se Deus quiser. O profeta Muhammad (S.A.W.S) disse "que o cachorro preto é o diabo." 

Os gênios também podem seqüestrar os seres humanos, como consta de uma história da época do Califa Omar (R. A .A). As casas mal assombradas são habitadas por gênios. E para nos protegermos deles, temos que ler os "duás" que o profeta nos ensinou. Caso contrário, eles podem nos possuir, ou até nos matar. Citarei abaixo alguns "duás" de proteção: 

1- Prece ao entrar em casa: Bissmi-leh. Disse o profeta (s. a .s):"Quando uma pessoa adentra a sua casa e diz Bissmi-leh, e também diz antes de comer, o demônio diz aos seus companheiros que não há morada e nem comida para vocês e caso não diga, o demônio diz: vocês conseguiram uma morada" (relatado por Muslim) e disse também: "Três tipos de pessoas se encontram protegidas, e mencionou entre elas uma pessoa que entrou em casa dizendo Assalamu alaikum" (relatado por Abu Daúd).

2- Prece ao sair de casa: "Bissmillah Tauakaltu Ala Allah, La Haula Ua La Kuata Illa Billah." (Em nome de Deus, me entrego a Deus, e não há força e nem poder a não ser em Deus). (relatado pelo Tirmizi). "Allahumma Inni Auzu Bika An Adilla au Udalla Au Azilla Au Uzalla Au Azlima Au Uzlam Au Ajahl Au Ujhal Alaia." (Ó Senhor meu, me amparo em Ti para que eu não desvie e nem seja desviado, para que eu não humilhe e nem seja humilhado, para que eu não cometa injustiça e nem seja injustiçado e para que eu não cometa nenhum ato da época da Jahilia e não venha a sofrer nenhuma ação da época da jahilia). (relatado por Abu Daúd).

3- Prece antes da refeição: "Bissmillah" (Em nome de Deus). E caso me esqueça de dizê-lo antes da refeição e me lembre durante ou no final dela, eu devo dizer: "Bissmillah Aualihi Ua Ahirihi" ( Em nome de Deus do ínicio ao fim). (relatado por Tirmizi). 

4- Prece após a refeição: "Alhamdu Lillahi Alazi Ataamani Haza Taam Ua razakníhi Min Ghairi Haulin Mini Ua La kua" ( Louvado seja Deus que me deu esse alimento e que me agraciou sem qualquer força ou poder de minha parte). (relatado por Abu Daúd). 

5- Prece antes de entrar no banheiro: "Bissmillah Alláhuma Inni Auzu Bika Minal Khubthi Ual Khabáith" (Em nome de Deus, Ó Senhor meu me amparo em Ti contra os gênios e as gênias). (relatado por Al Bukhari e por Muslim). E disse o profeta (s. a . s): [b]"a barreira entre os olhos dos gênios e as partes íntimas dos filhos de Adão, quando entram no banheiro, é dizer Bissmillah." (relatado por Tabarani). 

6- Prece ao sair do banheiro: [b]"Ghufrának" (O Seu perdão) (relatado por Tirmizi).

A crença nos gênios não é parte integrante dos pilares da fé, como o é a crença nos anjos. O Alcorão fala sobre eles, como fala dos seres humanos por exemplo. No entanto a crença na sua existência se dá pela crença do que veio relatado no Alcorão ao seu respeito como sendo verdadeiro, como sendo a palavra de Deus.
Fonte: http://ensinoquranesunnahbr.comunidades.net/

quinta-feira, outubro 30, 2014

A L M A D I N A FELIZ ANO NOVO ISSLÂMICO- Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 20.10.2014

No Mundo existem vários calendários, desde o chinês ao hindu, ao judeu, ao cristão, etc.

Os muçulmanos também têm o seu calendário, cujo ano (1436) terá início amanhã, 24.10, ou no dia 25.10.

O primeiro mês do calendário isslâmico é Muharram, mês este de grande importância para os muçulmanos. 

O primeiro dia do ano é sempre um dia de reflexão e alegria para todos os povos. E todos os povos vivos reflectem nesse dia, se a sua vida teve êxito u não. Se teve, demonstram alegria, mas se pelo contrário tiveram falhanços, então reflectem sobre como corrigir as suas falhas e atingir o êxito.

Infelizmente hoje em dia nós estamos muito confusos e baralhados. Muitos de entre nós nem sequer sabemos porque é que estamos aqui no Mundo, qual o objetivo da vida, e para onde vamos quando deixarmos este Mundo.

O nosso exemplo é como o do viajante que se perde no caminho, andando de um lado para outro, tão confuso e baralhado, que não consegue atinar com o seu destino.

Está a chegar o primeiro dia do ano e muitos de entre não sabemos qual é o nosso primeiro dia do ano, e em que ano estamos.

Este primeiro dia do ano tem algumas exigências. Vivemos hoje uma era de exigências e de direitos. É a era da força. Se alguém tiver força e coragem para clamar pelos seus direitos, usa os meios de que dispõe para resgatar esses seus direitos. Por isso notamos que um pouco por todo o lado as pessoas exigem os seus direitos. Porém, os que exigem os seus direitos devem ter presente que, antes de exigirem aquilo que acham serem seus direitos, têm a obrigação de observar os direitos dos outros. Hoje, muitos de entre nós não observamos os direitos dos nossos semelhantes, mas exigimos que estes observem os nossos direitos.

Se eu próprio for injusto para com os outros, como então posso esperar que eles sejam justos para comigo?

Só tem direito de exigir o seu direito, aquele observa o direito do outro.

Infelizmente hoje ninguém quer observar o direito do seu próximo, mas exige que este observe o seu.

Os governantes exigem que os governados sejam obedientes e cumpridores, que não se manifestem e não se rebelem, mas esquecem-se que é sua obrigação proporcionar bem estar ao povo, tirando-o da miséria e do sofrimento.

Por outro lado o povo vive numa permanente preocupação com a sua subsistência quotidiana, fazendo tudo por ver os seus direitos observados, mas neste processo muita gente, por desleixo e até mesmo por incúria, exime-se das suas obrigações de cidadãos de um País, pois acham não ser sua responsabilidade cumprir com certas obrigações, que têm em vista o progresso do País e da Nação.

Os grandes empreendedores e proprietários concentram a sua atenção no desempenho dos seus empregados, exigindo destes a sua máxima dedicação nas actividades que levem ao progresso do seu empreendimento, mas por outro lado não pensam que também eles têm a obrigação de suprir as necessidades básicas dos seus colaboradores, pois da mesma forma que estes dedicam toda a sua vida ao serviço do patronato, em troca os proprietários de empreendimentos também devem preencher as suas necessidades da vida. Todavia, muitos empregados acham não ter responsabilidades com o patronato, passando a maior parte de tempo a pensar na forma de exigir os seus direitos.

E esta é ironia dos nossos dias.

O Novo Ano tem alguns direitos sobre nós, sendo um deles a sensação de alegria, pois é tradição no Mundo as pessoas demonstrarem alegria nos primeiros dias, no primeiro dia do ano, augurando assim bom augúrio para os restantes dias.

O Isslam estabeleceu regras e limites na manifestação de alegria pela chegada do Novo Ano, contrariamente a outras sociedades que celebram o evento do primeiro dia do ano entregando-se a bebedeiras, orgias e outro tipo de excessos e imoralidades.

O segundo direito é a reflexão dos dias que passamos no ano findo. Se os passamos bem, de acordo com o preceituado pelo nosso Criador, então devemos agradecer à Deus, e tentarmos melhorar ainda mais neste Novo Ano o nosso desempenho como crentes. Se pelo contrário, cometemos alguns erros neste ano a findar, devemos tentar corrigir tais erros no Novo Ano, à semelhança do comerciante de sucesso, que anualmente faz o balanço das suas actividades comerciais no final do ano, e no ano seguinte traça uma estratégia com vista a minimizar os prejuízos e aumentar os lucros, esforçando-se na implementação dessa estratégia.

Os doze meses do ano e os 29 ou 30 dias de cada mês, são criação de Deus, mas naquilo que Ele cria, eleva o que quer. Nas pedras encontramos não só as pedras normais usadas na construção, mas também as semi-preciosas, as preciosas e os diamantes. Nas areias encontramos as areias normais, e também as valiosas, que contêm minérios de médio e alto valor. Nas águas encontramos as normais, e também as valiosas (medicinais). Nos metais encontramos não só os normais, mas também os preciosos. Nas pessoas, há as que foram mantidas no seu grau normal, e outras elevadas a graus máximos. E isto aplica-se também aos tempos, às horas, aos dias, às noites, aos meses, etc.

O Profeta Muhammad (S.A.W.) falou-nos acerca do valor deste mês de Muharram, e disse ser o mês de Deus (relato de Musslim), recomendando aos muçulmanos o jejum no dia 10, jejum este conhecido por “Ashura”. É desejável que para além deste dia se jejue mais um dia, podendo ser antes de “Ashura” (dia 9) ou depois (dia 11).

O valor deste mês não se deve à morte do Imaam Hussein, neto do Profeta (S.A.W.), pois no Isslam o luto não vai para além de três dias. O valor de “Ashura havia já sido estabelecido no tempo do Profeta Muhammad (S.A.W.).

Para terminar, gostaria de desejar a todos os irmãos muçulmanos UM NOVO ANO cheio de bênçãos. 

quarta-feira, outubro 29, 2014

COMO REZAR DUAS RAKAAS كيف تصلي ركعتين باللغة

Você que sempre acessa nosso matéria aprenda a Rezar com os Muçulmanos, agora temos um facilitador esse video COMO REZAR DUAS RAKAAS produzido pela Islamboy.  Que Allah SW possa abençoar e cobrir de barakas todos os facilitadores em favor do Islam Amim.

quinta-feira, outubro 23, 2014

ZAKAT, SADAKA E O TRABALHO - 1ª. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as - Bênçãos de Deus) - Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK 

Ibn Umar (Radiyalahu an-hu) narrou que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “O Islam está baseado em cinco (princípios): 
1) Testemunhar que ninguém deve ser adorado, senão Allah e que Muhammad é o mensageiro de Deus; 
2) Praticar as orações duma forma perfeita; 
3) Pagar o Zakat (a caridade obrigatória); 
4) Efetuar o Haj; e
5)  Observar o jejum prescrito para o mês de Ramadan”. Bukhari 2:7.

 “Não maltrates o órfão; e não repudies o mendigo”. Cur’ane 93:9 e 10. 

Todos os louvores para Allah, o Único, o Criador de tudo o que existe. Que a Paz de Deus esteja com todos os Profetas, que se sacrificaram para nos deixarem a mensagem de Deus, o Misericordioso e Perdoador. As Bênçãos e a Paz de Deus estejam, com o Profeta Muhammad, sua família e seus companheiros. A Paz e Misericórdia de Deus estejam com todos os crentes. 

Zakat significa literalmente “crescimento”, “aumento” ou “alimento”. A palavra e a prática do Zakat carregam o sentido da purificação. Assim, quem dá o Zakat, aumentou a sua provisão, alimentou um necessitado e purificou a sua riqueza. “Bem-aventurado aquele que se purificou”. Cur’ane 87:14. O Zakat ajuda a purificar a alma da avareza, tão próprio do ser humano. Abranda a luxúria, o egoísmo e a ganância de juntar mais e mais, sem olhar para os necessitados. O Zakat é um ato de adoração a Deus. É um dos cinco pilares do islão. É uma contribuição entregue pelos que têm posses, para acudir às necessidades dos que nada têm para se alimentarem ou para resolverem os seus assuntos mais prementes. 

Allah Subhana Wataala ordena a prática do Zakat, para a proteção e solidariedade social dos necessitados. O Zakat permite ajudar as comunidades pobres para iniciarem pequenos negócios ou para adquirirem mais conhecimentos, a fim de serem auto suficientes e saírem da pobreza. 

O Sustentador, o Criador, ordenou ao Seu último Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), através do seguinte versículo, para colectar junto dos ricos, o Zakat para distribuição aos mais necessitados: “Recebe de seus bens, uma caridade que os purifique e os santifique, roga por eles, porque a tua prece será um consolo; na verdade, Allah é Oniouvinte, Sapientíssimo”. Cur’ane 9:103.

O Islam está assente em cinco pilares: o exemplo de quem não purifica a riqueza, é como estar abrigado numa tenda com um dos pilares danificado, que pode ser derrubada pela intempérie. O islam para além de ser uma religião é também um código de vida para os muçulmanos. É um bem precioso que deve ser partilhado entre os muçulmanos e não só, de modo que todos possam viver em harmonia e na Paz de Deus. É também o exemplo da riqueza, que deve ser repartida através do Zakat(contribuição obrigatória) e através do Sadaka (contribuição facultativa). Abu Mussa al Ach’ari (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “O crente é para os outros crentes, como um edifício onde as suas diferentes partes se reforçam reciprocamente”. Conforme o Profeta falava, ele entrelaçava com força os dedos de ambas as mãos”. Bukhari e Muslim. 

É um princípio de irmandade, porque cada muçulmano deve preocupar-se com o bem-estar espiritual e físico dos seus irmãos. Os muçulmanos são como um corpo, quando um membro se encontra doente, todo o corpo se ressente.

Assim, todos devem ajudar-se mutuamente. O crente necessitado encontrará numa sociedade justa, os conselhos e o suporte financeiro necessários para que possa olhar para o futuro com ânimo e esperança. E isso também será um incentivo para a procura de meios alternativos para inverter a sua situação precária. Por estes e outros motivos, o nosso Senhor, Criador e Protetor instituiu o Zakat, pilar fundamental para tornar as sociedades mais justas e equilibradas. 

A melhor caridade é aquela que é efetuada à própria família, aos vizinhos necessitados e aos que se encontram em situação de desespero. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “No dia da Prestação de Contas, algumas pessoas serão agarradas / retidas pelos seus vizinhos e dirão: “Senhor meu, esta pessoa fechou-me a porta e recusou-me a bondade humana”. E disse ainda o Profeta: “O homem que encheu a sua barriga enquanto o seu vizinho se encontra com fome, não é um (bom) crente”. In Bukhari, Al-Adab al-Mufrad.

Um exemplo que acontece quando se organizam casamentos, é quando se convidam os mais ricos, deixando as possíveis vagas para os que são mais pobres, isto porque as suas presenças podem manchar o esplendor da cerimônia e do banquete. Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que Muhammad (Salalahu Aleihi Lassam) disse: “A pior comida é a do banquete do casamento, no qual só os ricos são convidados e os pobres não o são”. Bukahri 66:106

In Sha Allah, Se Deus quiser, o tema continuará no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”.14:41. 

Cumprimentos 

Abdul Rehman Mangá 

23/10/2014

sexta-feira, outubro 17, 2014

O Califado Islâmico entre mitos passados e ilusões presentes

Prezados Irmãos, 

Assalamu Alaikum: 

O “califado islâmico” é promovido pelos seus advogados, alegando que era um sistema ideal de governo islâmico no passado, que pode ser igualmente adequado e bem sucedido para o presente e futuro. O fato é que esta forma de governo é completamente inadequada para uso, sem falar que é impossível de implementar. Mas a história do califado islâmico também mostra que este estava longe de ser a imagem que é dada não só pelos seus apoiantes de hoje, mas também nas mentes de outros muçulmanos que não estudaram a história cuidadosamente. 

O califado islâmico é um dos conceitos que sofreu do que eu chamo a abordagem “puritana” para entender e apresentar a história Islâmica. Quando usado com qualquer aspecto desta história, esta abordagem infalivelmente produz uma narrativa que é extraordinariamente arrumada e despreocupada mas, ao mesmo tempo, largamente contra a história. Isto aplica-se a coisas como a lei Islâmica, os ahadith do Profeta (p.e.c.e.), a história política do Islão, e por aí fora. O califado é outra vítima de tal perspectiva ingénua e pouco crítica da história do Islão. A abordagem puritana é o resultado de confundir Islão e Muçulmanos. O califado islâmico é invenção de muçulmanos e não um conceito islâmico genuíno. 

O termo “califa” vem da palavra árabe “khalīfa” que significa “sucessor,” em referência a suceder ao Profeta Muhammad (p.e.c.e.) enquanto líder dos Muçulmanos. Este conceito não existe no Alcorão, apesar do termo “khalīfa” ser usado diferencialmente para se referir a qualquer humano que represente Deus na terra. Os dois elementos principais de um Califado Islâmico são uma liderança política que governe todos os Muçulmanos ou pelo menos um número substancial deles e a aplicação da lei islâmica através dessa liderança. Vou focar-me na questão da liderança dos Muçulmanos, tendo em conta a sua história para projectar o seu futuro. 

Os Muçulmanos Sunitas, al-Khulafā’ al-Rāshidūn ou os “Califas Justos” que lideraram o estado Muçulmano depois da morte do Profeta (p.e.c.e.) em 11 da Hégira (632 Era Cristã), foram os primeiros califas. Estes foram Abu Bakr (11-13 H), ʿUmar bin al-Khaṭṭāb (13-23 H), ʿUthmān bin ʿAffān (23-35 H), e ʿAlī bin Abī Ṭālib (35-40 H). Os muçulmanos xiitas, no entanto, acreditam que ʿAlī devia ter sucedido o Profeta (p.e.c.e.) e que os primeiros três não foram califas legítimos. Argumentam que o Profeta (p.e.c.e.) nomeou ʿAlī como seu sucessor, e que a Reunião dos Companheiros do Profeta que teve lugar em Saqīfat Banī Sāʿida e que apontou Abū Bakr foi deliberadamente marcada, enquanto ʿAlī estava a preparar o enterro do Profeta (p.e.c.e.). Os Sunitas, pelo seu lado, argumentam que ʿAlī deu a sua bênção às nomeações dos três primeiros califas. Vários estudiosos e grupos acederam diferenciadamente e contrastaram argumentos e relatos históricos, daí as divergências sobre o que realmente aconteceu. 

Independentemente da visão que cada um tenha sobre a legitimidade destes três califas, ninguém pode argumentar contra a existência de mais do que uma versão da história. Do mesmo modo, ninguém pode contestar o fato de estas divergências serem impossíveis de resolver de uma forma conclusiva, devido à falta de evidências indiscutíveis. Mas, deixando estas questões de lado, há fatos concordantes, e estes não são menos importantes. 

O primeiro é que três dos quatro primeiros califas foram mortos. De fato, Abū Bakr governou apenas dois anos, então, é pertinente especular que, se ele tivesse governado mais tempo também teria sido morto. Estes assassinatos, certamente não foram sinal de estabilidade e consenso. Também indicam que os primeiros califas não estavam rodeados da proteção que os califas, mais tarde, tiveram. 

As políticas e as nomeações de ʿUthmān causaram corrupção administrativa e favoritismo, provocando a fúria pública. Então, o segundo fato significativo é que na altura ʿAlī tomou posse do Califado depois do assassinato de ʿUthmān, e a situação política do estado Muçulmano piorou, significativamente, ao ponto de se tornar ingovernável pacificamente. Enquanto os três primeiros califas expandiram o estado islâmico através de conquistas, ʿAlī foi forçado a entrar em guerras civis. 

No seu Segundo ano (36 H), ʿAlī teve de derrotar um exército comandado pelos Companheiros Ṭal-ḥa bin al-Zubair e al-Zubair bin al-ʿAwwām, ambos mortos na batalha. O nome da batalha, “al-Jamal” (O Camelo), indica por si só a gravidade da instabilidade política. O nome vem do fato de uma das esposas do Profeta (p.e.c.e.), ʿᾹ’isha, ladeada por Ṭal-ḥa e al-Zubair, ter caminhado no seu exército às costas de um camelo. 

Mas a Guerra que verdadeiramente mudou a direção da história do Islão, surgiu três anos mais tarde. ʿAlī tentou substituir Muʿāwiya bin Abī Sufiān que fora indicado por ʿUmar como governador da Jordânia e Damasco, e a quem ʿUthmān estendeu, mais tarde, o seu poder para incluir a Síria. Muʿāwiya usou o pretexto, de que ʿAlī não levou os assassinos de ʿUthmān à justiça, para rejeitar o califado de ʿAlī e a sua decisão de o demitir da sua função. Isto fez com que os dois se defrontassem na Batalha de Nahrawān em 39 H. O fim inconclusivo desta batalha, mais tarde, enfraqueceu o califado de ʿAlī. Sem surpresa, o quarto califa foi assassinado um ano depois. Após a morte de 'Alī, o seu filho e neto do Profeta al-Imam al-Hassan foi escolhido para sucedê-lo como califa, mas em 6 meses foi forçado a demitir-se e entregar o poder a Mu'awiya. Depois de frustrada a tentativa de 'Alī para reformar o Estado islâmico e ter conseguido tomar o poder, Mu'awiya passou a introduzir a monarquia hereditária para os muçulmanos, estabelecendo o primeiro califado dinástico, o Umayyad (Omíadas) (41-132 H). 

Esta é uma extremamente breve descrição da história mais antiga do califado islâmico, mas serve para mostrar a quão desarrumada a história é.

Mais detalhes do que aconteceu só podem tornar a imagem ainda mais confusa. Os califas que sucederam, com raras excepções, não foram muito melhores do que Mu'awiya. O último líder político a levar o título de califa foi Mehmed VI, o último sultão otomano. Em Novembro de 1922, a Grande Assembleia Nacional Turca, sob a liderança de Mustafa Kemal Atatürk, aboliu o sultanato e enviou o último sultão para o exílio. O primo do último, Abdül-mecid Efendi, foi nomeado califa, que é um líder religioso, mas sem poder político. Em Março de 1924, este título, agora totalmente sem sentido, também foi finalmente abolido. 

Quando o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) estava vivo, ele era o líder incontestado e único, tanto espiritual e político, de todos os muçulmanos. Isso é natural, é claro, uma vez que a própria definição de "muçulmano" implica a crença na origem divina da missão do Profeta e obediência a ele como indicado, repetidamente, no Alcorão, aos muçulmanos que "obedeçam a Deus e ao Mensageiro" (por exemplo, 3:32). Qualquer rejeição da liderança espiritual e política do Profeta (p.e.c.e.) não teria sido vista como uma quebra entre os muçulmanos, porque teria resultado na perda rejeitadora da sua identidade islâmica, ou seja, tornar-se-ia não-muçulmano. A própria definição de muçulmano foi derivada de aceitar e seguir o Profeta (p.e.c.e.). 

Mas o mesmo não pode ser dito sobre os sucessores do Profeta. Se alguém rejeitasse a nomeação de, digamos, Abu Bakr (r.a.), como califa, em seguida, não seria automaticamente afastado da sua identidade islâmica ou excluído da comunidade muçulmana. Uma pessoa pode acreditar que Abu Bakr era a pessoa errada para liderar os muçulmanos e ainda assim ser um muçulmano. Obviamente, se alguém acreditasse que o Profeta (p.e.c.e.) tinha escolhido o seu sucessor, mas rejeitasse a sua decisão, então, teria sido um ato extremamente grave de desobediência, mas nenhum dos que apoiava ou contestava a nomeação de qualquer dos primeiros califas disse que agiam contra a decisão do Profeta (p.e.-c.e.). Todos argumentaram que estavam a seguir o que o Profeta (p.e.c.e.) queria. 

Os xiitas argumentariam que ‘Alī (r.a.) foi, a este respeito, mais como o Profeta do que os outros califas, porque o Profeta (p.e.c.e.) escolheu-o explicitamente a ele para sucedê-lo, política e espiritualmente. No entanto, o fato da maioria dos muçulmanos não ter e não partilhar esta crença, significa que o caso de 'Alī não é o mesmo que o do Profeta. A liderança do Profeta (p.e.c.e.) era indiscutível, e isso é um ponto crítico na discussão atual. 

Para o bem do argumento, vamos supor que os três primeiros califas foram aceites por unanimidade por todos os muçulmanos. Mesmo se isso fosse verdade, essa unanimidade terminou com a morte de 'Uthmān (r.a.). 'Alī (r.a.) foi a escolha da maioria, mas também enfrentou oposição séria. Esta oposição cresceu assim como alguns dos seus seguidores também se voltaram contra ele, porque ele aceitou uma trégua com Mu'awiya. Não se encontrou nenhuma vitória, nenhuma situação ganha; uma tarefa impossível. Após 'Alī, os califas muçulmanos não ganharam poder através do consenso da maioria, como os primeiros califas, mas impondo-se sobre os seus súditos muçulmanos.

Mu'awiya (41-60 H) não era mais popular do que 'Alī ou al-Hassan, nem lhe foi dada a posição de chefe de Estado islâmico pelos muçulmanos. Ele simplesmente tomou o poder pela força, bem como astúcia, e sacrificou tudo para tomar o poder e tornar-se califa e, em seguida, passá-lo para seu filho Yazīd (60-64 H). Os Abássidas extravagantes não eram menos brutais ou mais consensualmente eleitos do que os governantes Omíadas, e os Sultões indulgentes Otomanos não eram menos ditatoriais e narcisistas, para citar apenas os principais impérios islâmicos. 

Estes governantes poderiam ter governado a maioria dos muçulmanos e países muçulmanos, mas isso não é o principal elemento do conceito do califado islâmico, como aplicado aos primeiros califas. Nenhum destes governantes e poderosos califas o foram no mesmo sentido dos primeiros califas. Além disso, os seus motivos estavam longe de ser puramente islâmicos. É revelador que os sultões otomanos conseguiram conquistas que expandiram o seu império massivamente em todas as direções mas, ainda assim, nem um único deles fez a viagem a Meca para a peregrinação ou 'umra ou visitou o Santuário do Profeta (p.e.c.e.) em Medina. A sua vontade de juntar supostas relíquias do Profeta (p.e.c.e.), em Istambul, era mais sobre a promoção do sua capital do que resultado de amor pelo Profeta (p.e.c.e.) ou prestação de um serviço para os muçulmanos. Houve raras excepções, como eu disse, como o califa omíada ʿUmar bin ʿAbd al-ʿAzīz. 

Tudo isto evidencia um facto simples: a partir da perspectiva sunita, os muçulmanos tiveram um califado por apenas 30 anos depois do Profeta (p.e.c.e.), e para os xiitas só existiu durante os cinco anos do governo de 'Alī. Os séculos posteriores de lideranças fortes, muitos dos quais governou a maioria dos muçulmanos, foram tempos de califado islâmico apenas de nome. É por isso que o alegado califado islâmico do passado é mais um mito do que uma realidade. 

Mesmo quando a comunidade muçulmana ainda era pequena, ter um califa amplamente aceite era difícil. Nem mesmo 'Alī, cuja proximidade com o Profeta (p.e.c.e.) e piedade nunca foi questionável, não pôde unir os muçulmanos. Mu'awiya percebeu que para unir os muçulmanos ou a maioria deles, os governantes tinham que recorrer às mesmas tácticas de base que todos os reis e imperadores da época: usar o poder, tomar o poder, para justificar o poder. Pode-se argumentar que se Mu'awiya tivesse aceite o califado de 'Alī a história do califado islâmico teria sido diferente. Mas a questão é que esta história alternativa preferível não se concretizou ainda que tivesse como destaque uma figura como 'Alī. 

Então, se isto é o que aconteceu naquela época, quais são as possibilidades de realização de um verdadeiro califado islâmico no mundo de hoje? Quem é que é um califa excepcionalmente talentoso e piedoso? Colocando esta questão de lado, mesmo um califa que governasse da Indonésia a Marrocos teria muitos milhões de muçulmanos que vivem em outros lugares e em diferentes sistemas políticos. E como é que poderia ter lugar uma qualquer unificação política entre os estados islâmicos ainda que fosse pela força? É por isso que um califado islâmico moderno nunca pode ser mais do que uma ilusão. 

Pode-se argumentar que, independentemente de todas as suas falhas, o califado islâmico era melhor para os muçulmanos, do que viver sob as regras de não muçulmanos. Isto era verdade para a maioria, se não fosse para todos os tempos. Na verdade, esses califas muçulmanos muito corruptos foram muitas vezes preferidos, até mesmo por não muçulmanos, a outras regras. Os judeus tiveram uma vida muito melhor e estavam mais seguros sob o governo de califas muçulmanos do que governantes cristãos. Mas isso não significa que esses califas tivessem representado uma liderança islâmica adequada. Eles não eram governantes muçulmanos genuínos, com algumas falhas; eles eram ditadores corruptos que tinham emprestado do Islão alguns dos seus belos valores. 

Mas aqui está o ponto crítico. Enquanto esse califado pode ter sido a melhor opção disponível na época, no entanto, certamente, não é uma opção hoje. Quero dizer, não só para os não muçulmanos, mas também para os muçulmanos. O califado islâmico é efetivamente um sistema de governo totalitário; por isso, por definição, é totalmente incompatível com a forma como as pessoas hoje querem viver e ser governadas. Qualquer sistema ditatorial, independentemente da sua base teológica, seria rejeitado e ressentir-se-ia pela esmagadora maioria dos muçulmanos. É por isso que qualquer grupo que busca estabelecer um califado islâmico, como a al-Qaeda e o Estado Islâmico (IS), só pode fazer isso forçando brutalmente as pessoas. Na verdade, a sua selvajaria excede até a brutalidade de outros ditadores contemporâneos, algo de que a maioria dos califas do passado não pode ser acusada. Os muçulmanos sabem que têm mais direitos humanos se viverem sob os governos não muçulmanos que sob uma versão moderna do califado islâmico terrível do passado. Porque a esmagadora maioria dos muçulmanos hoje se opõem a um califado islâmico, este projeto não tem hipóteses de sucesso. No entanto, como em qualquer guerra, pode ainda deixar para trás muitas pessoas mortas e causar sofrimento e destruição inimaginável. Para muitos, a imagem do Islão é parte do dano. 

Aqueles que querem estabelecer um califado islâmico hoje e voltar à supostamente perdida glória, são culpados de, pelo menos, uma das seguintes opções, senão, maioritariamente, de todas elas: 

  •  A ignorância da história islâmica; 
  • Promoção de uma visão incrível e irreal do califado islâmico;
  • Falha em mostrar como esse sistema pode ser implementado;
  • Tentativa de estabelecer um pequeno califado de curto prazo usando extrema brutalidade contra aque-les que eles querem governar.
Aqueles que usam a violência para conduzir o seu objectivo de um califado islâmico, como a al-Qaeda e IS, buscam o que os Omíadas, Abássidas, Fatimitas, Otomanos e outros governantes muçulmanos queriam. Do que eles estão atrás é exatamente o mesmo que os gregos, romanos, cristãos e outros reis e imperadores procuraram: poder e privilégios. A sua alegação de que querem estabelecer um califado islâmico para servir o Islão não é mais verdadeira do que a proclamação dos cruzados que travaram as suas guerras para promover e defender o cristianismo. Quando o poder e os privilégios são um motor principal, o fanatismo vem a calhar, porque o falso zelo pela religião pode ser usado para justificar a eliminação de um rival e inimigos, incluindo aqueles que partilham da mesma fé. Esta é a forma como os grupos islâmicos que buscam o califado justificam a perseguição e morte de xiitas, sufis, sunitas; eles não aprovam os muçulmanos não conformes, e muito menos os não muçulmanos. Tais grupos violentos e indivíduos são os novos cruzados; eles são em si mesmo os cruzados. 

Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 16/10/2014. 

Enviado para Al Furqán por: Louay Fatoohi - Traduzido por: M. Yiossuf Adamgy