sexta-feira, novembro 07, 2014

A condição de Profeta foi uma honrosa distinção para os escolhidos de Deus

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

No século VII (anos 610-632 D.C.), nas cidades de Meca e Medina, um novo e último Profeta de Deus, Muhammad (a paz esteja com ele), que em português alguns traduzem por Maomé, transmitia uma nova revelação que provinha de Deus, o Sagrado Alcorão.

O uso inexato da palavra Profeta, utilizado até para os adivinhos e inclusivamente para muitos que agora se autodenominam profetas – sem o ser –, minimiza a importância deste termo.

Ser Profeta é uma honrosa distinção para os esco-lhidos de Deus. O termo aplica-se aos inspirados por Deus, em arábico Anbia'; e para aqueles que não só são inspirados por Deus, mas também, que predicam a sua mensagem, Deus fala através deles, são os chamados Rassul, isto é, Mensageiro de Deus. Daí que a mensagem que predicam não seja deles, mas de Deus. Deus fala através deles!

A Sahifa de Abraão (p.e.c.e.), os Salmos (Zabur) de David (p.e.c.e.), a Torah de Moisés (p.e.c.e.), o Evangelho (Injil) de Jesus (p.e.c.e.) e o Alcorão (Qur’an) de Muhammad (p.e.c.e.) são Livros reve-lados por Deus, ou melhor, Deus fala neles.

Muhammad (p.e.c.e.), Profeta e Mensageiro de Deus, predicou durante quase 23 anos: 13 anos na Cidade de Meca e 10 anos na Cidade de Medina. 

Para se ler o Alcorão é necessário conhecer a cronologia – isto é, o tempo da revelação, para ver se são versículos gerais ou bem específicos, de um momento determinado.

Os acusadores do Alcorão, seja por ignorância ou por ser mal-intencionados, tiram do contexto alguns versículos específicos que eram para o tempo e lugar em que foram aplicados e logo os genera-lizam, equivocando-se na sua interpretação e na sua aplicação. Por isso, o correcto é estudar pri-meiro a doutrina Islâmica e depois penetrar no estudo do Alcorão.

Para aquelas pessoas bem-intencionadas que dese-jam ler o Alcorão desde o princípio, seria conveniente lerem um Alcorão escrito em árabe (só há dois originais daquela época, uma em Tasquent e outra no Museu Topcapi, em Istambul, e encontram-se intactos) e com a tradução comparada para o por-tuguês e com notas explicativas nos diferentes versículos. Ainda que não se leia o árabe, é sempre conveniente ter o original, sem mudança alguma, para poder confrontar, nem que seja perguntando. Há algumas traduções, em português, incorretas; com notas explicativas, ainda mais incorretas e inclusi-vamente tendenciosas. Há que ter muito cuidado com isso.

A Al Furqán, órgão para a divulgação do Islão em Portugal, fundada em 1981, decidiu redigir uma série de livros, para os leitores curiosos que gostam de aprofundar as Santas Escrituras ou que têm o desejo de procurar e encontrar um novo caminho até Deus, ou que tenham um gosto especial por tudo aquilo que representa o arabismo e o Islão, já que os genes nos dão informação dos nossos antepassados e porque em Portugal há gente que tenha sangue árabe nas suas veias, devido à sua permanência na Península Ibérica durante muitos séculos, cerca de sete séculos.

A curiosidade, devido à publicidade notória, ainda que muitas vezes negativa, também faz a sua parte.

Há mais de 200 livros, sobre diversos temas Islâmicos, editados em português pela Al Furqán, dos quais recomendamos, entre outros, de leitura básica, para aqueles que queiram conhecer a verdade sobre o Islão, os seguintes: 

- Para Compreender o Islão e os Muçulmanos;

- Fontes Islâmicas da Cultura Ocidental;

- O Islão — História e Conceitos; 

- A Misericórdia Divina;

- A História de Meca (ár. Makkah);

- Porque eles se tornaram Muçulmanos;

- O Cristianismo no Islão, o Alcorão e a Sunna;

- Jesus, um Profeta do Islão;

- A Bíblia, o Alcorão e a Ciência;

- Reflectir Alguns Conceitos Básicos do Alcorão;

- O Amor e a Beleza no Islão;

- Um Repto à Ignorância em Relação ao Islão;

- Um Deus, Muitos Nomes.

Geralmente temos recebido bons comentários e em grande quantidade, quando em Reflexões Islâmicas temos falado sobre temas religiosos.

Quando falamos do Islão, fazemo-lo com conheci-mento e fontes fidedignas. Quando falamos de outras religiões, apesar de sermos versados nesses temas, já que temos o costume de não falar ou comentar so-bre temas que desconhecemos, devemos reconhecer que o fazemos de uma perspectiva islâmica. Isso sim, a nossa conduta ao comentar religiões irmãs, é feita de acordo com os ensinamentos do nosso Profeta: de forma pacífica, com carinho e tolerância.

O Judaísmo, o Cristianismo e o Islão são religiões abraâmicas e provêm da mesma revelação. Existem entre elas diferenças fundamentais. Isto, não obstante, não nos deve levar a assinalá-las negativamente, descuidando o fato de que as semelhanças são consideravelmente muito maiores que as diferenças. Nós não criticamos religião alguma, criticamos atitudes específicas, ou mensagens que contradizem a mesma doutrina.

No capítulo 29, versículo 46, ordena-se no Sagrado Alcorão: «E não disputeis com os adeptos do Livro, senão da melhor forma, excepto com os iníquos, dentre eles. E dizei-lhes: Cremos no que nos foi revelado, assim como no que vos foi revelado antes; e nosso Deus e o vosso são Um só e a Ele nos submetemos».

E o capítulo 5, na segunda parte do versículo 82 do Sagrado Alcorão, diz o seguinte: «E constatarás que aqueles que estão mais próximos dos crentes em afeição são os que dizem “Na verdade, nós somos cristãos”, isto porque entre eles há sacerdotes (pes-soas devotas ao saber) e monges, e porque não são arrogantes».

Fora disso, reconhece-se que os monges e sacer-dotes são bons dirigentes, sendo os assinalados negativamente tão só uns quantos milhares, dentro de um total de mais de oitocentos mil dirigentes católicos.

O problema é similar ao Islão: quando alguém faz mal, os meios encarregam-se de sobredimensionar as notícias. E assim fala-se até à exaustão de sacerdotes católicos pecaminosos, e muçulmanos terroristas, ainda que sejam em ambos casos, uma ínfima percentagem.

No nosso labor ecuménico, temos que valorizar mais o que nos une e não, o que nos desune e nos leva à eterna disputa.

Algo que devemos evitar é o enfrentamento radical, que começa com o desconhecer a revelação do outro, considerando-a inclusivamente falsa e afirmando que só a nossa fé, nos leva à salvação eterna.

Não só desconhecemos o “contrário”, mas até negamos a função complementar das nossas boas obras e que, nenhum humano pode ser previa-mente condenado por outro, porque somente a Deus corresponde julgar-nos.

O ideal da tolerância não se contenta com “aceitar o outro”, mas compreender a sua doutrina, conhecê-la com amplitude e aprofundar os seus ensinamentos, ainda que estejamos firmes nos nossos.

Se isto não se faz, o diálogo fecundo converte-se em confronto. E deveria evitar-se.

Finalmente, existe continuamente uma campanha de desprestígio contra o Islão e os que professam a dita religião, acusando-os de ser terroristas, anulando a realidade que os terroristas são uma fracção reduzida da amostra, ainda que com uma grande promoção mediática que os faz parecer a maioria.

Para que fique bem claro, a personalidade Islâmica da nossa Comunidade Muçulmana Sunita do nosso país detalha-se na nossa seguinte proclamação, de forma resumida:

- Afirmamos que o Islão é uma religião de paz. Seu nome provém da paz interior que se atinge com a submissão à vontade de Deus. Sua saudação permanente “AS-SALAM ALAIKUM”, (que significa a paz esteja convosco), é uma mensagem de concórdia, amor e ajuda ao próximo. 

As sociedades islâmicas foram historicamente amplas e tolerantes; e inclusivamente quando houve violência, elas normalmente foram as agredidas e não as agressoras; inclusivamente até pelos mesmos extremistas que dizem representá-la. Como seres humanos e como muçulmanos, estamos contra a guerra e a favor da paz, pedindo a Deus, para além das nossas cinco orações diárias obrigatórias, que a paz e a concórdia se estabeleçam no nosso Mundo, cada vez mais caótico.

- Ratificamos que somos uma comunidade pacífica, que recusamos a violência, que aceitamos os nossos irmãos e irmãs de outras religiões e raças, com carinho e tolerância e que estamos contra o terrorismo e todo o tipo de violência e fanatismo, venha de onde vier.

- Neste turbilhão de negatividade, mais necessário se torna, que os dirigentes religiosos orientem os seus seguidores num caminho de paz e tolerância. Fora disso, é necessário que os meios de comunicação informem com objetividade sobre as religiões e não de maneira tendenciosa, como por desgraça sucede hoje, com frequência, nos meios ocidentais, em especial no que se diz respeita ao Islão.

- Que consideramos que a integração com outras religiões irmãs, em Portugal, nos faz potencializar a nossa força e levar mais além o nosso princípio comum: de amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos, por amor de Deus; considerando que ninguém é um verdadeiro crente, se não deseja para seu irmão, o que deseja para si mesmo.

- É nosso desejo que as nossas diferenças se resolvam de forma pacífica, como irmãos, utilizando o diálogo e não o confronto; a paz e não a guerra; a tinta e não o sangue; a concórdia e não o confronto; e que reinem a justiça, o amor, a liberdade e a verdade, permanentemente.

Assalam alaikum, wa rahmatu Allah, wa barakatuhu.

Que a Paz, a Misericórdia de Deus e as suas Bênçãos, se derramem sobre toda a Humanidade. Amém. 

Obrigado. Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy - 06/11/2014.

Nenhum comentário: