sexta-feira, dezembro 06, 2013

O Papel da Enfermagem no mundo Árabe-Islâmico

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:

A cultura islâmica, desde o princípio dos seus tempos (século VII d.C.), foi evoluindo até aos nossos dias, entre momentos de glória e esplendor, outros de decadência e pobreza, tecendo um tapete na ilustre história do Islão. Muitas destas mudanças, quem sabe por falta de informação, nem sempre resultaram claras para a Europa; ainda hoje, estas relações com o Oriente criam desconfiança, receio e enfrentamentos.

Ignora-se igualmente que, para além de umas escassas conquistas militares realizadas pela força, a crença no Islão difundiu-se basicamente por canais pacíficos. O que é sabido, é que um dos fenômenos mais surpreendentes e significativos da história produziu a aparição do Islão no mundo. A sua concepção religiosa alterou o destino de muitos povos, não só a nível espiritual mas também no que se refere a questões políticas, econômicas, culturais e científicas. Atualmente está a experimentar um momento de grande vitalidade, tendo um grande protagonismo a nível internacional e sendo objeto de estudo desde os diversos campos do saber.

Vários estudos trataram e investigaram a contribuição das mulheres muçulmanas em vários campos da sociedade, como a jurisprudência, a educação ou a literatura; até agora existem poucas fontes onde se encontre descrições do papel das mulheres no desenvolvimento da ciência, especialmente em medicina e enfermagem.

Após a profissão médica, a enfermagem foi o segundo tipo de trabalho praticado por mulheres muçulmanas em ciências. Um fator importante foi a descrição na lei islâmica, ou Sharia, com preocupações sobre a sociedade na qual mora e da importância de buscar conhecimento, o que levou muitas mulheres a cultivar a sua aprendizagem e conhecimento.

Sabemos o orgulho com que o mundo ocidental fala de Florence Nightingle Florencee, do seu trabalho na área de enfermagem, mas também é uma obrigação devolver o mesmo orgulho ao papel das mulheres muçulmanas que serviram, muito antes, como enfermeiras, cuidando de pacientes e cobrindo as necessidades a nível de prevenção, hospitalar e social. A enfermeira muçulmana desta primeira época participava de todos os serviços de saúde, de assistência de emergência, tanto em tempos de guerra e paz, para atendimento domiciliário para pacientes que não podiam mover-se por conta própria.

Há poucos documentos que contam o papel da enfermagem nos primeiros dias do Islão, mas a sua figura está relacionada com a atenção, especialmente das mulheres, a muçulmanos feridos durante as guerras que ocorreram entre tribos e clãs, quando foram feridos no campo de batalha.

"Desde os primeiros dias do Islão, as mulheres estavam envolvidas na guerra e comércio (Khadijah [r.a.], a primeira esposa do Profeta, era uma mulher de negócios que trabalhou para o Profeta Muhammad [s.a.w.] antes de receber a revelação), exerciam enfermagem e medicina, e davam aulas privadas nas mesquitas".

O nome pelo qual os árabes chamaram as mulheres que cuidavam das pessoas era assiya (derivado da palavra muassat, aliviar a dor mental ou física) ou awassi (tratamento de feridas). A função destas enfermeiras era fornecer água para os feridos, atender e cuidar dos ferimentos e administrar medicamentos que estavam disponíveis na época. Era tão importante e reconhecido o seu trabalho que há até mesmo um hadith que as autoriza a atuar como ajudantes e enfermeiras, curando os feridos no campo de batalha.

Também marchavam com os homens durante as batalhas transportando contentores de água e materiais para curar feridas (curativos) e tratar fraturas ósseas (material para gesso). Elas penetraram entre os soldados para atender emergências e tratar dos feridos caídos em combate, e até mesmo, algumas vieram a participar na luta. Encontramos uma referência no livro de Ahmad Chalabi Ach, o livro da história da educação islâmica em que ele menciona o trabalho dessas mulheres, especialmente Nuganán, semelhante ao que atualmente executam algumas organizações globais: "As mulheres muçulmanas executaram durante as guerras islâmicas o mesmo papel hoje realizado pela Cruz Vermelha. "

As mulheres também eram especializadas na assistência ao parto. As enfermeiras ajudavam os médicos no seu trabalho. O médico Azaharawi, explica como dava ordens através de uma cortina semitransparente para ensinar as enfermeiras que tinham de entregar os bebês recém-nascidos e executar a técnica por si dirigidas pelo médico. Aparece uma figura que corresponde à parteira, hoje.

Nos hospitais encontramos esta figura em vários textos de historiadores da época, como Ibn Jubayr, em que a profissão de enfermagem foi encarregada de cuidar 24 horas por dia de pacientes hospitalizados, bem como o fornecimento e controlo do tratamento e as dietas prescritas pelo médico:

"Ele designou um diretor homem, a quem confiou os armários de remédios e encomendou a elaboração de poções e administrar as variedades do seu gênero... Esse diretor tem com ele um subordinado cuja missão, de manhã e à noite, é verificar o estado dos pacientes e apresentar a comida e bebida que são adequadas para cada um. Ao lado deste edifício há um outro edifício separado para as mulheres doentes, e elas também têm quem as cuide. Em seguida a estes dois edifícios há outro edifício de grande extensão em que os quartos têm janelas com barras de ferro. Este é destinado a servir como células para a loucura. Também têm todos os dias de verificar o seu estado e trazer-lhes o que lhes convier".

De outro hospital escreveu:

“Um hospital para o cuidado de quem entre eles esteja enfermo. Procurou-lhes médicos que examinem o seu estado de saúde, e sob as suas ordens, criados a quem encarregam a inspeção do tratamento e do alimento que pelo bem deles é prescrito”.

Quanto ao pessoal nos hospitais que se descreve em vários relatos da época, encontramos a enfermagem. Entre eles, e por ordem de responsabilidade estava: O administrador (normalmente não formado em ciências médicas), o chefe de médicos, os médicos pagos para fazer guardas, visitar os pacientes e prescrever-lhes as suas terapias, farmacólogos e enfermeiros, homens e mulheres, que davam os cuidados básicos ao enfermo.

ENFERMEIRAS ILUSTRES

A primeira mulher muçulmana que realizou o papel de enfermeira e de quem se tem conhecimento é Koaiba Bint Saad Al Aslami, conhecida como Rufaida Al Aslamiya, da tribo de Bani Islam Khazraj. Nasceu em Yatrib antes da migração do Profeta e foi das primeiras de Medina a aceitar o Islão.

Seu pai, Saad Al Aslami, era médico e fez com que ela se interessasse desde o início na assistência ao paciente e trabalhou com ele como um atendimento de médico assistente. De acordo com esses documentos, tinha qualidades para ser uma boa enfermeira, era amigável, humana, tinha muita empatia com o paciente e facilidade de liderança para motivar outras pessoas a fazer um bom trabalho, era organizada, com boas habilidades clínicas. Além de ser uma boa enfermeira a nível assistencial, também se destacou no trabalho social para a prevenção e tratamento de doenças em casa, cuidou, deu comida e educação àqueles que não poderiam alcançá-los pelos seus meios para receber os cuidados de enfermagem, e os pobres, órfãos ou com deficiência. Definiram-na como uma enfermeira de saúde pública e assistente social.

Ela foi contemporânea do Profeta Muhammad (p.e.-c.e.) e ajudou no tratamento dos feridos caídos na bata
lha de Badr (624). Organizou e dirigiu grupos de enfermeiros para atender às vítimas no campo de batalha. Ela também participou nas batalhas de Uhud, Khandaq e Khybar. Era tão importante a sua atenção ao ferido que o Profeta se dirigia ao seu hospital de campanha de batalha para que os feridos fossem tratados e curados. Na Batalha de Khandaq, o Profeta (p.e.c.e.) deu ordens a Ibn Saad Maadh, que tinha sido ferido em batalha, para ser levado para o hospital de campanha de Rufaida a fim de ser atendido e acompa-nhado por ela. Ela cuidou dele, tirou a flecha do seu antebraço e fechou a ferida evitando a hemorragia.

O seu serviço durante as batalhas foi tão valorizado que o próprio Profeta Muhammad (p.e.c.e.) lhe deu o espólio delas em reconhecimento ao seu trabalho médico e de enfermagem, tornando-as equivalente em valor aos soldados que lutaram na linha de frente de combate.

Durante os tempos de paz, ela dedicou-se a cuidar dos doentes e montou uma tenda do lado de fora da Mesquita do Profeta em Medina, onde realizou os seus cuidados.

Há muitas semelhanças com Florence Nightingale. Ganhou aceitação como uma enfermeira cuidando de feridos no campo de batalha, é creditada como uma líder na área da saúde, estabeleceu as primeiras clínicas para o cuidado dos pacientes, perto da Mesquita, foi a fundadora da primeira escola de mulheres de enfermagem e desenvolveu, séculos antes de Florence Nightingale, o primeiro código de conduta e ética.

As atividades que organizou foram as seguintes:

• Formação de grupos de mulheres para cuidar dos primeiros socorros em feridos e cuidados de emergência e enfermagem.

• Deu muita importância às condições de higiene e ambientais para a cura e recuperação dos pacientes.

• Criou tendas especiais no campo de batalha, distribuídas por várias seções, uma para o cuidado dos muçulmanos feridos onde realizava os primeiros socorros e tratava das emergências e noutras proporcionava- -se a vigilância do processo de cura.

Outras enfermeiras que trabalharam como Rufaida foram: Ach Chifá Bint Al Abdalá, Umaima Bint Qais Al Afaria, Umm Senaán Al Aslamia, Um Salim, Um Aimán, Arrabia Bint Muauad e Nassiba Bint kaab Al Mazinia.

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuh!

A Proibição do Islão e a Demolição das Mesquitas em Angola

A OCI - Organização para a Cooperação Islâmica, investiga os factos contra os muçulmanos de Angola Os relatórios sobre a proibição do Islão em Angola transcenderam à imprensa há uns dias 02/12/2013 - Autor: Redacción - Fonte: Agencias/OnIslam

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:

Com todos os olhos postos na situação dos muçulmanos de Angola, o Secretário Geral da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) expressou a sua consternação e comoção pelas declarações sobre a decisão do Governo de Angola de proibir o Islão e demolir as Mesquitas, manifestando preocupações similares pelos muçulmanos da Birmânia e Filipinas.

Deixámos clara a nossa visão de que não podemos aceitar essa decisão", disse Ekmeleddin Ihsano-glu, através do canal de televisão Al Jazeera, numa entrevista transmitida na quarta-feira, 27 de Novembro de 2013.

Depois da negativa dos dirigentes angolanos, estamos a trabalhar no envio de uma equipa de investigação para recolher dados e elaborar um relatório aceite internacionalmente”, acrescentou.

Também lançamos uma campanha diplomática para pedir às Nações Unidas, à União Africana, à Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que tomem uma posição firme contra qualquer proposta de proibição".

Os relatórios sobre a proibição do Islão em Angola transcenderam à imprensa há poucos dias depois de as agências e jornais de África e Angola publicarem um relatório citando a Ministra Angolana da Cultura, Rosa Cruz e Silva, que disse que "o processo de legalização do Islão não foi aprovado pelo Ministério da Justiça e Direitos Humanos, as mesquitas estão fechadas até nova ordem".

Segundo consta, a Ministra disse que a decisão foi a mais recente de uma série de esforços para banir seitas religiosas "ilegais".

As declarações causaram enormes reacções de várias organizações muçulmanas, incluindo a Al-Azhar, a mais alta instituição de ensino no Mundo Muçulmano Sunita, que pediu para enviar uma equipe de investigação para Angola para estudar os factos e as circunstâncias que cercam esta decisão e condições da minoria muçulmana no país.

A União Internacional de Académicos Muçulmanos (IUMS), também pediu que Angola retire a sua decisão, pedindo a UA para condenar esta acção sem precedentes.

As declarações foram posteriormente negadas por funcionários angolanos, incluindo Manuel Fernando, Diretor do Instituto Nacional de Assuntos Religiosos.

No entanto, David Ja, Presidente do Conselho Muçulmano de Angola, confirmou em entrevista à AFP que num total de 60 mesquitas em Angola permanecem fechadas, atualmente, bem como oito mesquitas foram desmanteladas nos últimos dois anos.

O líder muçulmano acrescentou que as mulheres muçulmanas não estão autorizadas a usar véus em público.

Ja salientou que a ação contra as instituições islâmicas foi feita de acordo com o direito angolano, e não como resultado de perseguição religiosa de forma aleatória.

Todas as pessoas que praticam a fé islâmica correm o risco de serem condenadas por "desobediência qualificada", segundo o Código Penal de Angola, acrescentou. Birmânia e Filipinas também.

A milhares de quilómetros de Angola, na África, o chefe da OCI lamentou a perseguição dos muçulmanos Rohnigya, na Birmânia.

"Temos visto um ódio sem precedentes em relação ao Islão e aos muçulmanos no estado de Arakan," disse Ihsanoglu à Al Jazeera, referindo-se a uma recente visita da OCI à Birmânia.

"Até mesmo os funcionários do Governo estão relutantes ou mesmo com medo, do uso do termo Rohingya devido à enorme pressão política extremista exercida pelos budistas que preferem o termo Bengalis para se referir à minoria muçulmana. "

Mais de 200 pessoas foram mortas e milhares de muçulmanos foram deslocados de suas casas depois de ataques na Birmânia ocidental, no ano passado.

Mais de 42 pessoas foram mortas numa nova onda de violência contra muçulmanos no centro da Birmânia, em Abril.

Monges foram acusados de incitar o ódio contra os muçulmanos pregando o chamado "movimento 969", que representa uma forma anti-islâmica radical do nacionalismo que incentiva os budistas a boicotar lojas e serviços executados pelos muçulmanos.

O Boletim Humanitário das Nações Unidas, em Setembro, informou que 180.000 pessoas em acampamentos e segregados em comunidades do Estado Rakhine precisam de assistência básica para viver — quase todos são muçulmanos e a maioria, cerca de 103 mil, são crianças.

No entanto, as agências humanitárias encontram cada vez mais obstáculos para alcançar as pessoas em necessidade.

Desde que foi relatada uma onda de ataques em dezenas de lugares na Birmânia, a violência contra os Rohingya tem afetado outros muçulmanos no país em questão.

Em Setembro, uma multidão budista causou estragos num bairro muçulmano de Thandwe Kamein, uma cidade no estado de Rakhine. Entre os mortos estava uma avó de 94 anos de idade.

Os muçulmanos em Mindanao não estão muito melhores, uma vez que eles estão debaixo de olho devido aos seus ricos recursos naturais e econômicos, concluiu Ihsanoglu.

Não é Ato Isolado

Preocupado com a violação grosseira de direitos religiosos dos Muçulmanos em Angola, a revista Islâmica Portuguesa Al Furqán, vê esta etapa como parte de um esforço mais amplo para espalhar ódio contra o Islão: as notícias mais recentes sobre o governo de Angola a dar passos no sentido de proibir o Islão como uma religião é, no mínimo, preocupante.

Enquanto o mundo inteiro está sofrendo de intolerância religiosa e povos e nações de consciência estão se movendo em direção a mais inclusão e liberdade, Angola nada na direção oposta.

Infelizmente, tal movimento não é isolado; é parte de um esforço mundial para espalhar ódio e preconceito contra o Islão e os muçulmanos. No entanto, esse ato não conseguirá impedir que as pessoas escolham qual-quer religião que desejem abraçar. Em vez disso, só irá fazer o mundo um lugar tenso para se viver e só irá criar mais conflitos e violência, como se não tivéssemos o suficiente.

Liberdade religiosa é um direito que o Nosso Criador concedeu a todos: «não há compulsão na religião...». (Alcorão, 2:256).

Todos nós devemos enfrentar, pacifica, racional e pacientemente, tais atos se queremos ter um mundo onde vale a pena viver.

Sorte na Desdita

Por outro lado, embora a atitude hostil do governo de Angola lance uma sombra obscura, triste, sobre o futuro do Islão num país Africano, poderá, eventualmente, ver se luz no fim do túnel  quem sabe se isso não será o começo de espalhar a luz do Islão no país, porque as pessoas perguntarão POR QUÊ O ISLÃO? Daí que essas pessoas poderão começar a aprender sobre e, por conseguinte, conhecer melhor a realidade a respeito do Islão.

Os muçulmanos têm sido maltratados em Angola desde há muito, esta não é a primeira vez. Por isso o meu conselho aos Muçulmanos é ser firmes e pacientes. A ajuda de Deus está sempre perto!

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:
Obrigado, boas leituras.
M. Yiossuf Adamgy

sexta-feira, novembro 29, 2013

A Discriminação Religiosa /Por: M. Yiossuf Adamgy

Em Nome de Allah, O Clemente, O Misericordioso!

 Repassamos para conhecimento dos nossos irmãos e leitores um fato relevante levantado pelo irmão Muhhamad Yiossuf Admgy de Potugal e que nós consideramos que é do interesse de todos, religiosos ou não. Um trabalho elaborado com fatos e dados, portanto muito próximo da realidade. Um número em especial me chamou a atenção. Que a maior população islâmica da América do Sul fica na Argentina e são cerca de 800 mil muçulmanos. É que eu já ouvi que no Brasil somos mais de  Um Milhão! Espero que um irmão mais bem informado pode nos confirmar essa informação. Pois bem, vamos a matéria do nosso irmão e que Allah SW aceite o serviço dele e os nossos em favor dos esclarecimentos sobre Sua Religião, a Religião de todos os Profetas e mensageiros, desde Adão a Muhammad (SAAS).

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:

Enquanto o secularismo e o materialismo estão a assumir um papel dominante, as religiões estão a tornar-se irrelevantes para a maioria das pessoas do Ocidente.

O fundamentalismo secular arrasta-se pela Europa – quase que não há mais lugar para Deus no discurso político.

Como resultado, os não-cristãos ou mesmo denominações minoritárias dentro do Cristianismo sofrem discriminação religiosa.

O Islão, por causa de sua incondicional dedicação à Ordem Divina, sofre mais em termos de sua imagem e tratamento.

A Islamofobia, como o Anti-Semitismo no passado, tornou-se um fenômeno amplo. Crianças muçulmanas frequentemente sofrem preconceito excessivo e mau tratamento em muitos lugares por causa de seu contexto religioso. A situação pode agravar-se se práticas cultu-rais entre os muçulmanos forem projectadas como islâmicas. Um adolescente muçulmano deve estar pre-parado com um entendimento razoável do Islão para poder explicar e argumentar. A ignorância é a causa original do mau-entendimento (incompreensão) e even-tual tratamento desigual de um pelo outro.

Vejamos os preconceitos já existentes, actualmente:

— Por que motivo pode um Judeu deixar crescer a barba, em obediência à religião que pratica, mas um Muçulmano ao fazê-lo é denominado de extremista e de terrorista?

— Por que motivo pode uma freira cobrir-se da cabeça aos pés, em devoção a Deus, mas uma Muçulmana ao fazê-lo é tida como uma mulher oprimida?

— Quando uma mulher Ocidental decide ficar em casa, para ocupar-se das tarefas domésticas e cuidar dos filhos, é respeitada pelo facto de sacrificar-se pelo bem da sua família. Mas, quando é uma Muçulmana a fazê-lo, no Ocidente dizem que esta mulher necessita ser libertada.

— Qualquer jovem universitária pode vestir-se seja de que maneira for, ela tem os seus direitos e é livre. Mas, caso uma jovem Muçulmana pretenda usar o Hijab, então, é impedida de entrar na Universidade que frequenta!

— Quando uma criança se dedica a algo, diz-se que tem potencial. Mas, quando uma criança se consagra ao Islão, então, é um caso perdido!

— Quando um Cristão ou um Judeu assassinam alguém, a religião não é mencionada. Mas, quando um Muçulmano é acusado de um crime, é o Islão que é posto em causa! É “terrorismo islâmico”...

— Quando alguém sacrifica a sua própria vida para salvar a de outros, considera-se que teve um gesto no-bre e é respeitado por isso. Mas, quando um Pales-

tiniano o faz, para evitar que o seu filho seja assassinado, o seu irmão de armas derrubado, a sua mãe violada, a sua casa destruída e a sua Mesquita conspurcada – então, ele é apelidado de terrorista! Porquê? Porque ele é Muçulmano!

— Quando há um problema, aceita-se qualquer solução! Caso a solução se encontre no Islão, recusa-se a vê-la!

— Quando alguém conduz mal uma boa viatura, em perfeitas condições, ninguém culpa a viatura. Mas, quando um Muçulmano comete um erro ou trata mal alguém, as pessoas dizem: "A culpa é do Islão"! É “terrorismo islâmico”...

Sem terem em conta a história e a tradição do Islão, ainda há muitas pessoas, infelizmente, que a respeito do Islão acreditam em tudo o que dizem os jornais e outros órgãos da Comunicação Social.

Por isso, O MEU APELO A TODOS, em geral, é: informem--se realmente a respeito do Islão e do que diz o Alcorão.

Não é em vão que o Islão é a religião que mais cresce no mundo: 15% ao ano. São hoje mais de 1,6 biliões de pessoas (quase 8 milhões só nos EUA). Uma em cada cinco pessoas na Terra é muçulmana, outro nome dado aos seguidores do Islão.

Os muçulmanos compõem agora 23% da população mundial, de acordo com um novo relatório do Fórum sobre a Religião e a Vida Pública do Pew Research Center, 1,57 mil milhões dos 6,8 mil milhões de pessoas no planeta são muçulmanos – sendo que 60% vivem na Ásia, mas apenas um quinto no Médio Oriente e Norte de África.

No entanto, metade dos 20 países e territórios que compõem o Médio Oriente têm uma população muçulmana superior a 95%. Existem quatro milhões de muçulmanos a residir nos territórios palestinianos e aproximadamente um milhão em Israel, onde totalizam 17% da população.

Cinco países, apenas um dos quais no Médio Oriente/Norte da África, mas quatro na Ásia, são o lar de quase 50% de todos os muçulmanos no mundo – Indonésia (cerca de 203 milhões e quase 14% da população muçulmana do mundo), Paquistão (cerca de 174 milhões e 11,1%), Índia (cerca de 161 milhões e 13,4%), Bangladesh (cerca de 145 milhões e 9,3%) e Egipto (cerca de 79 milhões e 5%).

“Estes são os países que não consideramos, de todo, como sendo muçulmanos e, no entanto, têm um número considerável de muçulmanos,” disse o Director Adjunto da Pesquisa do Pew Forum, Alan Cooperman, apontando para a Índia, Rússia e China como exemplos.

A apoiar a afirmação de Cooperman, cerca de um quinto dos muçulmanos, ou 317 milhões, vive em países onde são uma minoria, principalmente na Índia (161 milhões de muçulmanos, ou seja 13,4% da população total), Etiópia (28 milhões de muçulmanos, compondo 33,9% da população) e China (22 milhões, compondo 1,6% da população).

Na Europa, no entanto, os muçulmanos são apenas 5,2% da população ou 38 milhões de pessoas (presumindo a não inclusão da Turquia). O Reino Unido tem a sexta maior população de muçulmanos na Europa (atrás da Rússia, Alemanha, França, Albânia e Kosovo), 1.647.000 muçulmanos, que constituem 2,7% da população britânica e 0,l% do total da população em todo o mundo muçulmano. Este valor relativamente baixo despreza os mitos e o alarmismo provocado à volta da chamada “Islamização da Europa", perpetrados pela extrema-direita do continente.

Embora a maioria dos muçulmanos na Europa Ocidental seja imigrante de primeira ou segunda geração, de países como Turquia e grandes quantidades do norte da África ou da Ásia do Sul, a maioria residente na Rússia, Albânia, Kosovo, Bósnia-Herzegovina e Bulgária tem vivido nos seus respectivos países durante séculos, o que significa que 60% dos muçulmanos da Europa são nativos.

Dos cerca dos 4,6 milhões de muçulmanos que vivem na América do Norte e do Sul, mais de metade, ou seja cerca de 2,5 milhões, residem nos Estados Unidos, com um número significativo também a viver no Canadá. A Argentina, com cerca de 800 mil muçulmanos, abriga o maior número de muçulmanos na América do Sul.

Os investigadores também tentaram distinguir entre as duas principais vertentes do Islão – sunitas e xiitas – mas foram prejudicados, pois muitos demógrafos nacionais não distinguem entre os dois.

No entanto, concluíram que entre 10 a 13% dos muçulmanos (154-200 milhões são xiitas e os restantes 87-90% pertenciam à escola sunita. O grosso dos sunitas, 68-80%, residem apenas em 4 países: Índia, Paquistão, Indonésia e Iraque.

Os investigadores do Pew Forum analisaram cerca de 1500 fontes, incluindo relatórios de censos, estudos demográficos e inquéritos gerais às populações, com base nos melhores dados disponíveis de 232 países e territórios. No entanto, a maioria dos dados utilizados é de entre 2000 e 2005 e alguns remontam até 1971. Com base no rápido crescimento de muçulmanos em todo o mundo, provocado por elevadas taxas de natalidade e de conversão, estes dados estão, na sua maioria, desatualizados e é muito provável que o verdadeiro número de muçulmanos seja muito maior do que o sugerido pelo estudo e esteja em franco crescimento.

Parece que enquanto o coração do mundo muçulmano bate no Médio Oriente, onde o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) viveu há quase quinze séculos atrás, no mundo de hoje os muçulmanos percorrem o mundo inteiro, mantendo uma presença significativa em todos os continentes, especialmente da Ásia. Amaney Jamal, um Professor Assistente de Política da Universidade de Princeton, disse: "A ideia de que os muçulmanos são árabes e de que os árabes são muçulmanos é completamente obliterada por este relatório".

O investigador sénior Brian Grim disse que o número total foi uma surpresa: “Começamos este trabalho porque a estimativa sobre o número de muçulmanos em todo o mundo variava imenso, de 1 mil milhão até 1,8 mil milhões… de uma forma geral, o número é mais elevado do que esperava.”

O Pew Forum diz que estas descobertas são uma introdução para um estudo projectado, que irá estudar a forma como cresceram as populações muçulmanas em todo o mundo e que forma assumirão no futuro.

Wassalam. ■

Obrigado, boas leituras.

M. Yiossuf Adamgy

quinta-feira, novembro 28, 2013

TEMA DA SEMANA: A CIRCUNCISÃO

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso)  JUMA MUBARAK

No passado dia 23 de Novembro de 2013, fui convidado pelo Diretor do Serviço de Urologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia – Porto, no âmbito das Jornadas de Urologia, para dar o meu testemunho acerca da circuncisão na Religião islâmica . Aproveitei o tempo concedido para falar acerca do tema e tecer algumas considerações acerca do islão. Muitos dos presentes me confessaram que se encontravam completamente “anestesiados” pelas notícias transmitidas pela nossa comunicação social.

Um dos pilares da fé islâmica é acreditar em todos os Profetas que Deus enviou para a humanidade. Segundo “Gênesis”, Deus prometeu transformar Isaac e Ismael, filhos do Profeta Abraão, em grandes nações. Somos Judeus porque acreditamos em todos os Profetas do Judaísmo, desde Abraão até Moisés. Somos Cristãos porque acreditamos em João Baptista e Jesus e somos finalmente muçulmanos porque acreditamos em Muhammad, o último Profeta enviado também para toda a humanidade. Que a Paz de Deus esteja com todos os Profetas.

Os direitos das crianças estão consagrados nas recomendações que os nossos

Profetas nos deixaram e que nos foram transmitidos pelo Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam). O nascimento duma criança, seja ela menina ou menino, é uma alegria e uma bênção para os pais. A religião islâmica contém ensinamentos que abrangem todas as etapas da vida, que se iniciam desde o nascimento até à morte. O islão é um autêntico código de vida.

A criança tem diversos direitos por parte dos seus pais. Após o nascimento, corte umbilical e limpeza, ela ouve o Azan – o chamamento para a oração, que é efetuada nos dois ouvidos da criança. Assim, as primeiras palavras que a criança ouve, é o nome de Deus, os Seus atributos que enaltecem a grandeza do Criador, o convite para a oração, o convite para a felicidade. Outra tradição é efectuar o TAHNIK: Um pouco de suco duma tâmara ou uma fruta doce, é colocada na boca da criança. Os companheiros do Profeta tinham um grande amor por ele. Quando nascia uma criança, levavam-na para junto dele. O Profeta fazia o Tahnik e depois fazia uma prece para a criança. Quando a criança atinge os 7 dias, o cabelo é raspado e o valor do peso equivalente em ouro deve ser repartido pelos pobres, demonstrando felicidade da chegada de mais um membro na família. Para completar a obrigação dos pais, a criança do sexo masculino deve ser circuncisada.

Seguimos as tradições antigas, referidas nos livros do Antigo Testamento, do Cur’ane e da Sunnah (tradições do Profeta Muhammad), nomeadamente: à circuncisão masculina; à proibição da carne de porco e do sangue; para a nossa alimentação, o abate dos animais em nome de Deus. A circuncisão , denominada de “Al-Khitán ” ou “Al Tahara” , que significa “a purificação”, é rigorosamente observada entre os homens muçulmanos. 

Não existe uma idade própria para se efetuar a circuncisão. No entanto, é aconselhável que a criança seja circuncidada, o mais cedo possível, de preferência a partir do sétimo dia, porque é nessa idade que as feridas cicatrizam com rapidez. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) assim o fez aos seus netos. A circuncisão masculina é o símbolo da aliança divina. Os Muçulmanos são o maior grupo religioso a circuncidar os meninos. É uma tradição do Profeta Abraão (Que a Paz de Deus esteja com ele), tronco comum das 3 religiões monoteístas. Como sinal de aliança com Deus, o Profeta Abraão e os homens da sua casa submeteram-se à circuncisão, segundo consta no Gênesis, “Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado”. Para além dos Judeus, os Cristãos Coptas também adotam a circuncisão masculina como prática religiosa.

Após a era de Issa (Aleihi Salam), Jesus que a Paz de Deus esteja com ele, os Cristãos continuaram a utilizar a circuncisão, seguindo o exemplo dos seus antepassados Judeus. Mais tarde, Pedro e Paulo levantaram a questão se os novos Cristãos deveriam ou não manter a tradição. A posição de Paulo de Tarso acabou por vencer. Considerou ele de que não era suficiente estar circuncidado na carne, se a alma permanecesse pecadora. E disse ele: “Nós colocamos a nossa glória em Jesus e não na carne”. Para além de terem levantado a proibição do consumo da carne de porco, referido no Antigo Testamento, assim os Cristãos deixaram mais uma das tradições de todos os Profetas, a circuncisão.

Outros povos também adoptam a circuncisão nas suas tradições e costumes, sem quaisquer conexões religiosas. É uma prática tão antiga, que remonta aos antigos habitantes do Egipto, na altura dos faraós, apesar de não professarem qualquer religião monoteísta. Atualmente, no continente africano, vários grupos étnicos africanos seguem a circuncisão animista . Em algumas ilhas do pacífico a circuncisão é um rito mitológico .

Refere uma lenda , nascida de tribos que não seguiam a circuncisão por questões religiosas: “um jovem e a sua irmã foram ao bosque colher frutas. Após terem cortado cachos de bananas, o jovem aproveitou para descansar à sombra duma árvore, enquanto a irmã continuava com a colheita. Ao descer da árvore, a irmã deixou cair o cutelo que cortou o prepúcio do irmão. Mais tarde, curado, o jovem casou e a esposa ficou bem impressionada com o desempenho do marido. Orgulhosa, ela foi contar às suas amigas, o que provocou inveja por parte dos outros homens da aldeia. Assim, todas as raparigas só queriam casar-se com jovens circuncidados”. Esta é uma simples lenda. A origem da circuncisão é de facto muito antiga e cada cultura tem a sua própria justificação. E o Islão segue a tradição de todos os Profetas de Deus.

Os muçulmanos seguem o Cur’ane e a Sunnah (a tradição) do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam). A circuncisão destaca-se da Sunnah do Profeta e ele a considerou “uma tradição (sunnah) de todos os Profetas”. A circuncisão é a remoção do prepúcio e um fator importante para a higiene . Evita-se a humidade, que permite ao agente infeccioso mais tempo de sobrevivência, propício ao cultivo de bactérias e facilidade de infiltrações no organismo. Ajuda na prevenção da sífilis e outras doenças associadas. Não é por acaso que nos países onde predominam as doenças venéreas e a sida, os circuncidados têm mais chances de não se contagiarem.

No islão, a higiene é metade da fé . A lavagem das partes privadas após as necessidades fisiológicas é obrigatória. O muçulmano para rezar, deve estar limpo de todas as impurezas. Uma das razões para a circuncisão, é a facilidade de limpeza, a remoção de todas as impurezas que poderiam ficar retidas no prepúcio. Para o muçulmano, a circuncisão pode também ser também considerada como uma introdução à religião islâmica, uma questão de higiene e uma medida de prevenção contra infecções e doenças.

No que se refere às questões relacionadas com a higiene, o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi wassalam) referiu: “De entre as coisas relacionadas com o Fitra (instinto natural) humano, constam; bochechar com água, usar água para limpar as narinas, aparar o bigode, limpar os dentes, cortar as unhas, remover os pelos axilares e púbicos e a circuncisão”. (Ahmad).

No islão, não existem pessoas especializadas para efetuarem a circuncisão. Nos países onde os muçulmanos são a maioria, ela é efetuada em hospitais públicos ou em clinicas privadas. Os muçulmanos que vivem nos países onde não predomina a religião islâmica, não têm acesso aos hospitais públicos para a circuncisão. As autoridades desses países, não a consideram como prioritária, fazendo com que outros sem posses financeiras recorram a curiosos, com graves consequências para a saúde das crianças. É também o caso de Portugal, onde não conseguimos acesso aos hospitais públicos para a concretização desta prática religiosa. Por isso vimos apelando às nossas autoridades, para que nos permitam efetuar a circuncisão através dos hospitais públicos.

A circuncisão dos adultos é muito complicada, dado que o órgão tende a aumentar e a diminuir de volume, o que provoca muitas dores e atrasos na cicatrização. É o caso dos adultos convertidos ao islão, que segundo a opinião de muitos teólogos, não são obrigados a submeterem-se à circuncisão. Apesar disso, a realidade mostra-nos que a maioria se submete voluntariamente à operação.

Alguns povos sujeitam as mulheres à circuncisão . Uns alegam motivos religiosos e outros continuam com as tradições dos seus antepassados. É uma prática primitiva que viola os fundamentos de qualquer religião e dos direitos humanos em geral”.

Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem" . Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!” . 10.10. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

28/11/2013

domingo, novembro 24, 2013

CARIDADE E A POBREZA NO ISLAM

Centro Islâmico de Brasília-DF -Khutuba : Sheikh Othaman Sharif - Resumo do Khutuba

O Louvor é para Allah(SWT). Nós O exaltamos, imploramos Sua ajuda e rogamos pelo Seu perdão. Aquele a quem Allah orientar não se desviará, e aquele a quem Allah permite que se desvie ninguém poderá orientá-lo. Testemunho que não há outra divindade além de Allah, o Único, e que Ele não tem parceiros. E testemunho que o Muhammad(SAAW) é Seu servo e mensageiro, que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele, com seus familiares, seguidores e companheiros até o Dia do Juízo Final.

Meus irmãos e irmãs muçulmanos, nosso assunto trata sobre a pobreza e a prática da caridade no Islam. Uma das súplicas do Profeta Muhammad(SAAW) era o amor aos pobres e necessitados como meio para a satisfação de Allah(SWT), a obtenção do Paraíso e a salvação do Fogo do Inferno. Certamente, a caridade apaga a cólera de Allah(SWT), e o Islam é a religião da união. Por isso, Allah(SWT) ordenou os crentes a gastarem pela Sua causa.

É certo que Allah(SWT) não precisa das nossas caridades nem dos nossos bens, porque Ele é Quem nos concedeu os bens. Mas constitui em uma prova para nós, uma elevação da nossa posição e para que a sociedade se una e o rico sinta o que o pobre sente, com todos vivendo felizes.

O Islam veio para eliminar a pobreza. O Profeta (SAAW) disse: “A pobreza chega a ser incredulidade.” Disse Allah(SWT) no Alcorão Sagrado na Surat AT-TAUBAH vers 111: “Por certo, Allah comprou aos crentes suas pessoas e suas riquezas, pelo preço por que terão o Paraíso.” 

A alma humana tende para o amor ao dinheiro. O Profeta (SAAW) disse no hadith narrado por Ibn Abbás (R): “Se o filho de Adão tivesse um vale de ouro, teria desejado ter dois vales; porém (na sua morte), nada além de terra lhe encherá a boca. Ainda assim, Deus perdoará a todo aquele que se arrepender.”

Por isso: Allah(SWT) ordenou os crentes a gastarem para poderem purificar a si mesmos da avareza, que constitui em enfermidade psicológica que elimina a pureza do ser humano. E disse Allah(SWT) no Alcorão Sagrado na Surat AL- BAQARA vers 261: “ O exemplo dos que despendem suas riquezas no caminho de Allah é como o de um grão que germina sete espigas; em cada espiga , há cem grãos. E Allah multiplica a recompensa a quem quer. E Allah é Munificente, Onisciente. “ 

Também na Surat AT-TAUBAH ver 103: “Toma de suas riquezas uma caridade, com que os purifiques e os dignifiques.” Se nos livramos da avareza, iremos nos elevar ao nível dos anjos. Isso só acontece com a assiduidade nos gastos pela causa de Allah, tendo consciência do que Allah lhe reserva. Ele não deve se alegrar quando os seus bens são aumentados, ou se entristecer quando são diminuídos O Profeta (SAAW) ensinou a sua comunidade a gastar pela causa de Allah(SWT). Ele distribuía sem temer a pobreza. Isso foi motivo de ingresso de muitas pessoas na luz do Islam. Anas Ibn Málik (R) afirma que, no Islam, sempre que uma pessoa pedia algo para o Profeta (SAAW), ele lha dava. Portanto, através do gasto pela causa de Allah(SWT) os sentimentos mudam, a sociedade ganha pessoas benevolentes que gostam de dar em caridade, vinculando a sociedade. Dessa forma, o pobre não inveja o rico, os roubos e os crimes não proliferam, pois a pobreza pode causar no meio da sociedade problemas como roubos, discórdias, desesperos causando assim desequilibro. Ao praticar a caridade para que os crimes sejam eliminados e a paz e a tranqüilidade se espalhar na sociedade. Isso só poderá ocorrer se os muçulmanos se conscientizarem. O crente deve ter sempre esperança no que ALLAH(SWT), determinou para seu servo, devemos lembrar e crer no que ALLAH(SWT), nos guardou e testa seu servo para ver suas ações. Aceitar o que ALLAH(SWT) determina para nosso destino tanto como oprimidos ou opressores.

Salamo Aleikom

(SWT) SUBAHANA WA TAALA (LOUVADO SEJA ALLAH)

(SAAW) SALA ALLAHU ALEIREM WA SALAM ( QUE A PAZ DE ALLAH ESTEJA COM ELE)

(R.A)= RADY ALLAHU AANHO( QUE ALLAH ESTEJA SATISFEITO COM ELE)

ALLAH= DEUS

HADITH= DITOS DO PROFETA MUHAMMAD(SAAW)

Estamos conscientes de que a tradução do sentido tanto da khutuba (Sermão) quanto do Alcorão Sagrado, seja qual for a precisão, é quase sempre inadequada para realçar o magnífico sentido do texto , a tradução pode conter falhas ou lapsos como todo ato humano. (Que Allah (SWT) nós perdoe).

quinta-feira, novembro 21, 2013

A L M A D I N A OS NOSSOS FILHOS – ENTRE O PRESENTE E O FUTURO

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 18.11.2013

O seio familiar é a primeira escola da vida, pois é nele que as crianças assimilam hábitos, tradições e comportamentos, daí que o Isslam atribua uma grande importância à educação e ao crescimento das crianças, desde pequeninos até atingirem a idade juvenil, aliás, até ao fim da vida.

Da mesma forma que os pais de hoje eram os filhos de ontem, os filhos de hoje serão os pais do amanhã.

Os direitos dos filhos assumem duas vertentes, sendo uma, ligada aos campos sentimental, compassivo e simpático, e outra ligada ao campo educacional, que lhes permite crescerem em bases sólidas e sãs, longe da falsidade e da superstição.

A simpatia e o carinho para com as crianças têm um efeito profundo, pois favorecem o desenvolvimento das suas faculdades mentais. A falta de simpatia e compaixão para com elas, isto é, a rudeza e o mau trato, expõem-nas à rebeldia, à desobediência e à malvadez.

Todos os filhos devem receber um tratamento indiferenciado, não se devendo dar prioridade a uns acima dos outros. Por exemplo, não se deve favorecer aos rapazes em detrimento das raparigas, nem favorecer estas em detrimento daqueles. Não se deve igualmente favorecer algumas raparigas ou mesmo rapazes, em detrimento de outras raparigas ou rapazes, pois tal pode gerar reacções bastante negativas nas relações entre eles, afectando sobremaneira as ligações uterinas e de compaixão, disseminando nos seus corações o ódio e a inveja.

Os pais devem sempre que possível acompanhar de perto o dia-a-dia dos seus filhos, prestando atenção ao seu comportamento por forma a orientá-los da melhor forma caso necessário, pois assim evita-se que adquiram maus hábitos.

É recomendável que não se deixe que os filhos ou educandos dependam apenas da educação transmitida nas escolas. Não se deve igualmente deixá-los a mercê de serventes ou empregados, pois a componente mais importante da educação dos filhos é da responsabilidade dos pais, sendo uma obrigação destes em relação aos seus filhos e um direito dos filhos sobre seus pais. E isso tem prioridade sobre outros direitos materiais como por exemplo a comida, a bebida, o vestuário, a casa, etc., pois ao se transmitirem valores sãos, cria-se e desenvolve-se um bom ser, corrigindo a sua alma, o que valoriza o Ser Humano.

O melhor e mais valioso legado que os pais podem transmitir aos seus filhos é fazê-los crescer alicerçados na verdade.

As pessoas sãs não precisam que se lhes fale do valor dos pais, pois basta que olhem de relance para o seu passado, para as diferentes fases por que passaram, desde o período em que cada um estava no ventre da sua mãe ao longo de nove meses, a fase do seu aleitamento, o que os pais passaram durante noites a fio, acordados, sacrificando o seu descanso para o conforto e bem-estar do seus filho.

Este é um sacrifício silente, sem igual no Mundo, pelo que é em reconhecimento desse sacrifício que o Isslam advoga que o direito dos pais vem logo a seguir ao direito de Deus, sendo por isso que devemos estar gratos a Deus e aos nossos pais. Só um ingrato pode ignorar esse facto.

O Al-Qur’án lembra-nos uma fase importante da vida, considerando-a uma oportunidade para retribuirmos todo o bem que nos foi concedido. É a fase em que os pais atingem a velhice, sendo durante essa fase que eles devem ser bem tratados. Tão relevante é a dedicação dos pais para com os filhos quando pequenos, que o Al-Qur’án afirma que mesmo que façamos tudo por eles, jamais conseguiremos pagar o direito que lhes assiste, sendo portanto na fase da sua velhice que devemos orar a seu favor dizendo “Ó meu Senhor! Tem pena dos meus pais, assim como eles tiveram e me criaram desde pequenino”.

A fase de juventude é de entre as mais importantes fases da vida, pois ela representa a força, o vigor, o movimento e a actividade.

Deus colocou a fase da juventude no meio, entre duas fases, ambas com uma característica comum: a fraqueza.

A primeira fase é a da criancice, desde o nascimento, pois nessa fase a criança nasce fraca, sem portanto, capacidade de andar, falar ou entender.

A segunda fase é a da velhice, pois nela também, o estado do Ser Humano transforma-se de forte para fraco. A memória enfraquece e o corpo fica debilitado. Na generalidade cada um de nós começa fraco, a seguir fica forte e no fim volta novamente ao seu estado de fraqueza.

A fase da juventude é considerada a fase mais crítica da vida do Ser Humano, pois os jovens possuem instintos férteis, capazes de se adaptarem facilmente a valores nobres, tornando os seus corações limpos e não poluídos por maus hábitos, nem tradições perniciosas, daí que eles possam sem grandes dificuldades aceitar bons conselhos. Deve-se aproveitar essa fase, antes que eles se envolvam em maus hábitos e estes se enraízem neles, pois nessa altura a sua cura torna-se mais difícil.

Os jovens em qualquer sociedade são a esperança do futuro. Eles são os homens e líderes do amanhã, sendo por isso que é importante que nos preocupemos com o seu crescimento, são, para que não se desviem da senda recta.

Para tal, é necessário que extirpemos tudo o que possa causar o seu desvio, se quisermos que o futuro seja brilhante.

Se os nossos jovens crescem envolvidos no consumo de drogas, na prostituição, no alcoolismo, em práticas devassas e em hábitos detestáveis como o uso de brincos e tranças pelos rapazes, que tipo de líderes teremos amanhã?

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu!

segunda-feira, novembro 18, 2013

A IMIGRAÇÃO DO PROFETA MUHAMMAD PARA MADINA

Centro Islâmico de Brasília-DF

Khutuba : Sheikh Othaman Sharif

Em nome de Allah , O Clemente, O Misericordioso. Louvado seja Allah , criador do céu e da terra. Nos recordamos e nos voltamos humildes a Allah (SWT), pedimos o Seu perdão e suplicamos a Sua misericórdia.

Testemunho que não há Divindade a não ser Allah (SWT), e testemunho que o Profeta Mohammad (SAAW) é seu servo e Mensageiro, o escolhido entre as criaturas. Aquele que divulgou a mensagem, zelou pelo que lhe foi confiado, aconselhou o povo, aboliu a injustiça e serviu em nome de Allah (SWT).

Não reparas em que Allah conhece tudo quanto existe nos céus e na terra ? não há confidência entre três pessoas, sem que Ele seja a quarta delas ; nem entre cinco, sem que Ele seja a sexta ; nem que haja menos ou mais do que isso, sem que Ele esteja com elas, onde quer que se achem. Logo, no Dia da Ressurreicão, os inteirará de tudo quanto fizerem, porque Allah é Onisciente.

Que Allah (SWT) abençõe e de paz ao Profeta (SAAW), bem como para a sua família, companheiros e seguidores até o Dia do Juízo Final.

Meus irmãos e irmãs muçulmanos, nosso assunto trata a respeito da imigração do Profeta Muhammad(SAAW) para cidade de Madina, quando o Profeta se encontrava-se em Mekkah, muitas tribos viajavam para perigrinação a Kaaba, e dentro dessas tribos o Profeta conseguiu abrigo com os habitantes de Madina, no qual tinham como vizinhos judeus e cristãos, e tinham noção da mensagem divina da chegada do Profeta, e assim o povo de Madina resolveram dar um passo a frente dos outros, e consequentemente abraçando o Islam. Isso ocorreu no ano de 622 d.c dando início ao calendário muçulmano HIJRA, que é marcado com a saída do Profeta Muhammad(SAAW) de Mekkah, que ocorreu no primeiro mês do calendário muçulmano MUHRAM. Esse fato ocorreu em função da perseguição feita pelos incrédulos e idolatras que não reconheciam o Islam. Disse Allah no Alcorão Sagrado na Surat AL-ANFAL vers 30 : « E lembra-te, Muhammad, de quando os que renegam a Fé usaram de estratagemas contra ti, para aprisionar-te ou matar-te ou fazer-te sair de Makkah. E usaram de estratagemas, e Allah usou de estrategemas.

 E Allah é o Melhor em estratagema. » Assim com a chegada do Profeta Muhammad(SAAW) em Madina ele encontrou vários obstáculos para firmar a mensagem de Allah(SWT), dentre algum fatos foram os judeus, que semeava a discordia entre as tribos vizinhas, causando lutas sangrentas e causando desconfiança e ódio entre ele. Muitos judeus estavam aguardando seu Profeta prometido, que previa as suas Escrituras, que iria aparecer em Madinah, muitos de seus eruditas tinham migrado para Madina, com a expectativa de ver um Profeta. Mas para sua surpresa, apesar de muitos deles reconhecidos Muhammad(SAAW), como Profeta de Allah, o fato que ele não era descendente de judeu, levo-os a rejeitá-lo e sua mensagem. 

Allah(SWT) nos informa no Alcorão Sagrado que os judeus estavam plenamente conscientes de que o Profeta Muhammad(SAWW) era o Profeta. Na Surat AL-BAQARA vers 146 : « Aqueles, aos quais concedemos o Livro, conhecem-no como conhecem a seus filhos, e, por certo, um grupo deles oculta a verdade, enquanto sabe. » 

Temos uma história convincente de conversão de Abdullah Ibn Salam, um rabino judeu para o Islam, o que demonstra claramente que ele, como estudioso judeu, um rabino e um homem culto estava plenamente consciente de que o Profeta Muhammad(SAAW) era o mensageiro de Allah(SWT). No entanto, outros, embora reconhecendo o Profeta , afastou-se dele com inimizade. Safiyah, a esposa do Profeta Muhammad(SAAW), e a filha de Huyai Ibn Akhatab, o chefe da tribo judaica de Bani Al-Nadir, narrou uma história que demonstra que seu pai estava plenamente consciente de que Muhammad era o Profeta de Allah, mas declaram ser inimigo do Profeta. Disse Allah(SWT) no Alcorão Sagrado na Surat AR-RAD vers 36 : « E aqueles, a quem concedêramos o Livro, jubilam com o que foi descido para ti. E entre os partidos, há quem negue parte dele. Dize : « Apenas, foi-me ordenado adorar a Allah e nada associar-lhe. A Ele convoco os homens e a Ele será meu retorno. » 

No entanto, o Profeta Muhammad(SAAW) desejou que todos os que viviam em Madina que vivessem em paz e harmonia uns com outros, independente de suas diferenças de crença e religião. E para manter essa paz foram feitos vários tratados para viverem em harmonia, mas infelizmente, muitos judeus não pouparam nenhum esforço para irritar os muçulmanos, mesmo depois de firmarem os tratados. Como eles não acreditaram em Jesus filho de Maria(AS) no passado, agora não acreditavam no Profeta Muhammad(SAAW), E até hoje continuam menosprezando a mensagem do Islam e negando o Profeta Muhammad(SAAW), apesar de terem sido dado plenos poderes para praticar sua própria religião sem a obrigação de se converter ao islamismo. Disse Allah(SWT) no Alcorão Sagrado na Surat AR-RAD vers 43 : « E os que renegam a Fé dizem : « Tu não és enviado de Allah. » Dize : « Basta Allah, por testemunha, entre mim e vós, e quem tem ciência de Livro. »

Salamo Aleikom

SWT) SUBAHANA WA TAALA (LOUVADO SEJA ALLAH)

(SAAW) SALA ALLAHU ALEIREM WA SALAM ( QUE A PAZ DE ALLAH ESTEJA COM ELE)

(AS)= ALEIRE SALAM(QUE A PAZ ESTEJA COM ELE)

ALLAH= DEUS

Obs: Estamos conscientes de que a tradução do sentido tanto da khutuba (Sermão) quanto do Alcorão Sagrado, seja qual for a precisão, é quase sempre inadequada para realçar o magnífico sentido do texto , a tradução pode conter falhas ou lapsos como todo ato humano. (Que Allah (SWT) nós perdoe).

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu!

quinta-feira, novembro 14, 2013

A Economia no Islão (3ª. Parte - Conclusão)

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:
A solução para os problemas das pessoas

A obrigação de dar importância às questões mencio-nadas traz, como resultado, maior clareza e compre-ensão quanto à solução aos problemas das pessoas, para lá de falarmos da “vida moderna”, do “homem actual”, da “nova cultura”, da “economia recente” no “mundo de hoje”. Um entendimento cabal dos “aconteci-mentos económicos ocorridos” leva-nos a concluir que toda esta questão resume-se, na realidade, aos simples factos enunciados (embora, como veremos, o Islão não considere a questão económica como uma simples questão, mas sim como algo bastante complexo que abarca muitos aspectos interligados).

Nas circunstâncias em que sofre, hoje em dia, a humanidade, com milhões e milhões de oprimidos e domina-dos, a consciencialização destes enunciados constitui uma das obrigações mais importantes para todos nós. Nós, enquanto muçulmanos, somos responsáveis por resgatar todos os seres humanos desta opressão, sejam eles muçulmanos ou não, pois são criaturas de Deus e a “Sua família”. Pois, nós carregamos os ensinamentos do Alcorão e do Profeta Muhammad (p.e.c.e.), pelo que não podemos desculpar-nos diante de Deus de sermos indi-ferentes pela situação da “Sua família”. É, pois, nosso dever dedicar-nos ao cumprimento dos referidos com-promissos (derrotar a opressão económica, combater os ricos poderosos açambarcadores e distribuir a riqueza de forma equitativa para pôr fim à miséria, à fome e ao sofrimento das classes pobres). E, para isso, devemos afastar-nos daqueles que fingem, que falam de forma velada, que fantasiam ou que são avarentos.

O Islão traz a solução

O Islão é um modo de vida que o ser humano deve pôr em prática no dia-a-dia. Por isso, não negligencia nenhum dos aspectos da vida humana, razão pela qual não omite o combate contra a opressão financeira nem se cala para recuperar os direitos dos subjugados e dos oprimidos. Assim, não põe de lado os factores espirituais da existência do homem, pois sem eles não se alcan-çaria uma situação isenta de danos e prejuízos, mesmo que haja prosperidade económica. A eliminação da tira-nia económica e a justa repartição das riquezas não é uma meta final para o Islão, mas sim o primeiro passo no desenvolvimento humano para o bem-estar e a feli-cidade. Com a sua subsistência assegurada e garantida em níveis dignos, o ser humano pode dedicar-se a ques-tões mais profundas, como o estudo de temas teológi-cos, a reflexão sobre realidades subtis, a adoração sincera, etc.

A eliminação de uma existência fastuosa, pomposa e ostensiva, bem como da miséria e da pobreza extremas,

é o primeiro passo na edificação de uma sociedade. O Islão considera que o rico que leva uma vida luxuosa com esbanjamento e excessos é alguém que está a devorar aquilo que não lhe pertence. O Islão considera também que é necessário enriquecer os pobres até que as suas famílias estejam a par com o nível médio do resto da sociedade. O Islão destaca a solidariedade e a equanimidade como princípios básicos da vida e da economia. Devemos esclarecer, contudo, que o Islão não é semelhante ao comunismo.

O sistema islâmico não uniformiza todos os indivíduos num mesmo nível, nem proíbe a propriedade privada, apenas elimina as classes mais pobres e as mais ricas com vista ao mero estabelecimento dos direitos de cada sector, pois os mais ricos e poderosos acumularam fortunas por meios ilegais: usurpando aquilo que não lhes pertencia, investindo na especulação e na usura, e explorando os outros. Quanto aos mais pobres, têm direitos perante o estado, que este deve garantir-lhes, e através de uma justa distribuição da riqueza este sector pode sair facilmente da sua situação crítica. Por con-seguinte, o que o Islão propõe é eliminar os dois extremos financeiros da sociedade: os muito ricos e os muito pobres. Mas entre ambos os extremos, existe uma faixa na qual os indivíduos se desenvolvem e prosperam conforme os seus esforços.

Queremos deixar bem claro um aspecto: o Islão não elimina diretamente e por decreto as classes sociais. A eliminação da pobreza - ou da miséria - e da riqueza excessiva é o resultado de uma política econômica justa e equilibrada e de um controlo minucioso sobre a riqueza de modo a que esta não seja adquirida por meios ilícitos à custa dos mais desfavorecidos. Pobreza e miséria não são sinônimas. É possível viver na pobreza, mas com dignidade, mas nunca se pode ser digno vivendo na miséria. A miséria é o terreno fértil para a de-gradação humana, pelo que o Islão a combate severamente.

O Islão não se opõe ao progresso do indivíduo que se esforça, trabalha, produz e cumpre as suas obri-gações para com a humanidade e o estado. Não estamos a dizer que o comunismo promova isso, mas há determinadas questões que o comunismo proíbe e que o Islão permite. Por exemplo, nenhum dos meios de pro-dução e distribuição no comunismo podem ser privados, mas o Islão permite que estes meios sejam privados, excepto no que se refere à exploração dos recursos naturais. Mas analisar as diferenças entre o Islão e comunismo não é o objectivo deste trabalho, pelo que encerramos aqui este tema.

Uma proposta abrangente

É evidente que delinear uma economia islâmica adequada não é algo simples. É necessário considerar inúmeras questões, tal como evitar a circulação de bens exclusivamente nas mãos dos ricos e a acumulação de bens imóveis, promover a repartição equitativa de riquezas para que circulem pelas mãos dos povos, ditar leis relativamente às terras, à produção, à importação, à distribuição, à acumulação de bens imóveis, etc. Além disso, é necessário contemplar os limites na multiplicação dos bens, na acumulação, no consumo exagerado, etc., tendo em conta que os pobres têm direitos sobre essas riquezas, que parte delas foram usurpadas às pessoas e que sem dúvida proveem de meios ilícitos. Por outro lado, é necessário eliminar a pobreza e qualquer forma de injustiça social que esta implique, sustentando a criação das riquezas no seio do povo para que se distribua e circule entre as suas mãos. Tudo isto requer um trabalho conjunto de um comité de especialistas em temas econômicos e de eruditos versados nos temas islâmicos, conscientes, sinceros, dedicados, auto-sacrificados, livres de qualquer ganância (tanto a nível econômico, como a nível do próprio cargo, de liderança e de poder). Os fracassos que se verificaram neste caminho deveram-se ao facto de não se ter aprofundado os princípios gerais dos ensinamentos islâmicos e de não se vincular tais princípios às leis e mandatos a aplicar na sociedade.

Assim, como não se extraíram convenientemente os ensinamentos islâmicos relativamente à economia, estão por definir conceitos muito importantes como os limites da riqueza, o contexto do seu aproveitamento, a forma como deve circular entre as pessoas, os caminhos para a sua exploração, a forma correcta de a explorar, pro-duzir, importar, distribuir e consumir, etc. Sem estas definições, não podemos falar numa verdadeira “economia islâmica”. Com estes conceitos por clarificar, será difícil o economista entender a doutrina islâmica quanto aos assuntos financeiros e aos juristas eruditos ditar as normas pertinentes para a pôr em prática.

O ser humano é o eixo

À luz dos ensinamentos do Alcorão e das Tradições ("Ahadith") podemos ver claramente que o objectivo do Islão aos estabelecer as normas, leis e práticas rituais não é a riqueza nem as propriedades, mas sim o próprio ser humano e a sua nobreza e dignidade na vida. Este é o eixo do pensamento islâmico. A riqueza não possui nobreza nem valor em si mesmo se não garantir a nobreza da Humanidade. Não existe preferência de nenhuma coisa acima do ser humano, da sua nobreza e da sua dignidade, pelo que o Islão censura qual-quer forma de enriquecimento e progresso que promova a destruição do valor do ser humano, o denigre na hierarquia e aniquile as bases da justiça e da equidade, mais ainda quando difundem a miséria e a indigência entre as pessoas, as quais são o produto da falta de limites quanto à multiplicação da riqueza (aquilo que hoje em dia se designa por “capitalismo selvagem”). O Islão censura também qualquer riqueza ou propriedade que não tenha tido em consideração aquilo que se chama “Direito de Deus”, bem como as Suas leis e direitos de todas as pessoas quanto à sua aquisição e consumo.

Não há santidade nem nobreza numa propriedade que provoque a destruição da justiça e da bondade, que incita à ganância de enriquecer ou produza a ignomínia entre os pobres. Não há nenhuma legisla-ção nem norma que permita a aquisição e o consumo de bens que originem a penúria entre as pessoas e a sua incredulidade. Não há lugar para estas corrupções des-trutivas no Islão. O Islão não permanece passivo perante a opressão económica nem os valores e ideais promo-vidos pelo Alcorão são submissos às ambições, inclina-ções e preconceitos daqueles que se precipitam a seguir as suas paixões, embora tenham títulos de nobreza e finjam ser justos. Pelo contrário, todas as normas e condutas que pretendem ser islâmicas devem acatar, fielmente, os principais propósitos do Islão quan-to à dignificação do indivíduo e à edificação da sociedade.

Não há dúvidas quanto a…

A religião islâmica não surgiu para amparar um número reduzido de ricos potentados gananciosos nem esbanjadores que se rodeiam de luxos ostentosos, en-quanto existe uma multidão de pessoas que padecem dos sofrimentos causados pela fome e pela escassez, entre os males da indigência e da insuficiência. Se as-sim fosse, onde estaria a equidade que os Profetas (que a Paz de Allah esteja com eles) trouxeram para que a ponhamos em prática?

O Islão também não surgiu para que um grupo de pessoas viva à custa da pobreza de outros, morando em sublimes palácios, com aposentos decorados, jardins e fontes luxuosas no meio de um luxo exuberante, en-quanto há pessoas que vivem em cabanas humildes e ainda pessoas desabrigadas que vivem nas ruas. Se assim fosse, onde estaria a justiça que os Profetas (que a Paz de Allah esteja com eles) trouxeram para que nos dediquemos a ela?

O Islão não surgiu para amparar pessoas que mergulham em luxos e prazeres, esbanjando a riqueza para entreter os seus filhos enquanto, ao seu lado, há pes-soas que não encontram nem um pedaço de pão para saciar a fome dos filhos, nem roupas para esconder a sua nudez, nem alguns medicamentos para livrá-los da morte. Se assim fosse, onde estaria a igualdade que os Profetas (que a Paz de Allah esteja com eles) trouxeram para que as pessoas se esforcem por ela?

O Islão também não surgiu para que ao seu redor exista um sector cujos filhos gozam das facilidades para aceder à educação, ao ensino e aos graus mais altos da ciência, da tecnologia e da jurisprudência, enquanto a maioria das crianças do povo não tem a possibilidade nem sequer de aceder ao ensino primário. Se assim fosse, onde estaria a equanimidade que os Profetas (que a Paz de Allah esteja com eles) trouxeram para que os homens se dediquem a ela?

O Islão também não surgiu para que os ímpios da comunidade sejam absorvidos por ela e se submergem nas diversas variedades de prazer e de vaidade, gastando os bens das multidões subjugadas em diversos lugares do mundo fastuoso, em praias prósperas, campos verdes, etc., enquanto os seus filhos dão voltas pelos mares modernos, gozando das mercês exuberantes graças àquilo que os seus pais roubaram e usurparam das riquezas dos outros, ostentando títulos de nobreza e dignidade, enquanto nos países milhares de pessoas vivem na miséria e se rendem às pressões devido às suas necessidades, submetendo-se a condições de vida sub-humanas. Se assim fosse, onde estaria a imparcialidade que trouxeram os Profetas (que a Paz de Allah esteja com eles) para que a gente vigie?

Existe certamente entre os muçulmanos

O Islão é uma religião de modernização, coragem, construção, criatividade, potência, segurança, paz, amor, irmandade e união. De maneira alguma permite estas condutas infernais, nem através dos seus enunciados, nem através das suas leis. Quem assim age não está a seguir, de forma absoluta, uma conduta islâmica, mas sim o contrário: realiza aquilo que todos os Profetas (que a Paz de Allah esteja com eles) criticaram, censuraram, proibiram e combateram veementemente.

Existem, certamente, entre os muçulmanos, algumas pessoas com o título de muçulmanos (inclusive, às ve-zes, de nobreza - no sentido ocidental) que adoptam es-tas condutas dos tiranos opressores. Certamente que quem ler este artigo irá pensar «Mas se os ensina-mentos islâmicos são tão claros a esse respeito, por que razões existem os reis disto e daquilo…?». É necessário compreender que estas qualidades pertencem aos defeitos desviadores do ego humano (o "nafs ammari bissu", ou “alma que impulsa o mal”) e existem em qualquer sociedade e comunidade humana. Os ensinamentos islâmicos assinalam este grande mal aos povos e indicam o seu remédio. A questão é que para aplicar esta solução tem que haver uma maioria consciencializada, liderada por um guia justo e recto que empreenda uma luta árdua contra os tiranos económicos. E estas condições não são fáceis de reu-nir, seja entre muçulmanos ou entre não muçulmanos. Os problemas de que sofrem as sociedades islâmicas não são muito diferentes daqueles de que sofrem os po-vos da América Latina, ou dos de outros sectores do Terceiro Mundo.

O Islão e a justiça

Os mandatos Alcorânicos têm como fundamentos (entre outros) a corporização da justiça e da equidade, o extermínio da multiplicação e do luxo, e a protecção dos oprimidos. Estes princípios dão lugar a outros mandatos, leis, prescrições, etc. Tudo o que se opõe a um destes princípios ou impeça a sua concretização está, sem dúvida, fora do âmbito Alcorânico. A mensagem do Alcorão promove certamente a justiça em todo o seu esplendor e grandeza. Não há, a esse respeito, nenhu-ma possibilidade de erro, de uma interpretação extrava-gante nem da introdução de qualquer ensinamento en-ganador a esse respeito: qualquer indivíduo pode com-preender e captar os delineamentos elementares da justiça e qualquer enunciado que se oponha a ela está fora do âmbito do Islão.

A responsabilidade dos sábios

É primordial que os eruditos garantam o carácter islâmico da jurisprudência que regula uma sociedade, atendendo às múltiplas relações entre as leis e à sua ligação com os princípios fundamentais do Alcorão, base de todas as disposições jurídicas. Para isso, o erudito consciente e precavido deve conhecer os pormeno-res da vida moderna nas suas diversas áreas (ciência, tecnologia, cultura, educação, economia, comer-cio, política, etc.) e deve saber como adaptar as normas e preceitos do Alcorão e da Tradição a tais questões de modo a cumprir os mandatos, a não violar nenhum direito, nem oprimir ninguém. O eru-dito com consciência islâmica procura isso sem apoiar- -se em nenhuma escola ou doutrina alheia ao Alcorão e à Tradição ("Hadith"). E não necessita recorrer a outra coisa fora destas duas fontes, as quais fornecem ensinamentos vitais e indicações precisas para solucionar absolutamente todas as dificuldades da vida humana, a começar pela mais importante de todas que é a presença da riqueza exuberante e da miséria avassaladora.

 evidente que as novas questões em que se submergem as nações actualmente devido às suas complexas relações e derivações exigem, hoje, mais do que nunca, o esforço intelectual ("ijtihad") dos sábios instruídos para a elucidação dos mandatos em concordância com estas fontes (o Alcorão e o Hadith), porque, co-mo é óbvio, os sucessos actuais não são iguais aos do passado. O conhecimento da época, dos seus acontecimentos e das suas dimensões é uma chave para a permanência, ao passo que o atraso e a intransigência (associados à cegueira e ao fanatismo) estreitam o pano-rama e possibilitam a queda no engano que favorece os ricos e opulentos, destruindo a religião e o mundo.

A responsabilidade dos muçulmanos

É por esta razão que nós, muçulmanos, devemos colocarmo-nos na vanguarda dos movimentos progressistas e revolucionários, enfrentando e combatendo a tirania econômica e os opressores políticos que a favorecem. Esta é a nossa responsabilidade para levar a última Mensagem de Deus a toda a Humanidade. Devemos oferecer com clareza esta Mensagem aos povos necessitados e oprimidos, que constituem a grande maioria dos habitantes do mundo. Devemos seguir a conduta e os ensinamentos do nosso amado Profeta Muhammad (que a Paz e as Bênçãos de Allah estejam com ele), combatendo os opressores e os ricos poderosos que usurpam os direitos das pessoas, defendendo os pobres e oprimidos e estabelecendo a justiça em todas as áreas.

Quanto aos reformadores firmes e sinceros (não importa a que sector pertençam), eles certamente encontrarão nestes ensinamentos aquilo que procuram para preparar o movimento revolucionário que liberte os povos dos seus sofrimentos.

Súplica final

Rogamos a Deus Altíssimo que conceda o êxito aos muçulmanos que se aferram a estes ensinamentos vitais, valiosos e revolucionários para que os aprendam de forma sincera, justa e consciente, sem separá-los, nem afastá-los da realidade, procurando edificar uma sociedade humana Alcorânica, equitativa e avançada. Talvez desta forma se tornem um exemplo para as outras nações à face da terra, erguendo a tocha da orientação para os povos humilhados sob o fogo da multiplicação e do luxo. Isto não é difícil para Deus e quiçá Ele atenda às nossas orações, se todos nós nos unirmos em tal súplica. Não há êxito nem ajuda a não ser em Deus, Poderoso e Prudente.

Ó Deus, abençoa Muhammad e a sua família, e apressa o consolo da verdade e da justiça para o ser humano.

Ó Deus, perdoa-nos a nós e aos nossos pais, profes-sores, mestres, parentes, amigos, vizinhos, e todos os que tenham um direito sobre nós ou que nos tenham beneficiado em algo, assim como os nossos irmãos que nos precederam na fé. E faz de nós benfeitores.

Ó Deus, eleva os graus dos nossos sábios educado-res, dos nossos eruditos activos, despertos e comba-tentes.

Que a Paz esteja com quem sirva a verdade pelo Dono da verdade e que trabalha para estabelecer a equidade e a justiça.

E não há Poder nem Força, salvo em Deus Altíssimo.

Wassalam. ■
Obrigado, boas leituras. — M. Yiossuf Adamgy

NAHNÚ – “NÓS” NO CUR’ANE

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) - Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

A Declaração de fé de um muçulmano baseia-se na firme convicção de que não há mais divindades, excepto Deus. A Sha’ada – declaração de fé, começa por uma negação – LÁ ILAHA – Não há outra divindade, e termina com uma confirmação ILLA ALLAH – Senão a (única) Divindade. – LÁ ILAHA ILLA ALLAH – Não há outra divindade senão a (única) Divindade (Allah – Deus). “Vosso Deus é Um só. Não há mais divindade além d’Ele, o Clemente, o Misericordiosíssimo”. Cur’ane 2:163.

Nos tempos em que vigoravam as monarquias, quando o rei emitia comunicados ou leis, utilizava com frequência a expressão “ nós decidimos, nós decretamos”. A linguagem utilizada denotava um poder absoluto e foi muito vulgar, por exemplo, na realeza Inglesa. Nos tempos actuais, esse tipo de expressão caiu em desuso e os reis na Europa deixaram de ter qualquer poder legislativo. A língua Árabe é muito eloquente. Quem sabe recitar o Cur’ane, mas não sabe falar ou compreender o árabe, fica fascinado com o desenrolar da leitura e algo lhe diz que está na presença duma linguagem divina. Quando o Cur’ane foi revelado, havia em Maka uns idólatras que competiam na poesia, falando entre si duma forma eloquente. Deus revelou o Cur’ane com uma linguagem ainda mais eloquente, o que levou muitos a converterem-se. Outros que não queriam deixar as suas tradições e os seus ídolos, referiram que não era possível ser obra de um ser humano e acusaram Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) de ter utilizado a magia para produzir os versículos. Em resposta Allah Subhana Wataala lhes responde: “Se estiverdes com dúvida daquilo que Nós revelamos ao Nosso servo, então produzi uma sura semelhante…” Cur’ane 2:23.

Em árabe, em especial na linguagem antiga, é utilizada a forma de nahnú (nós) quando alguém fala para um grupo de pessoas, referindo-se a ele próprio. No Cur’ane, Allah, o Criador e o Sustentador, às vezes refere-se a Ele próprio duma forma singular – Anná (Eu) e outras vezes utilizando formas no plural – Nahnú (Nós). Não é possível compreender-se os versículos do Cur’ane, sem conhecer algumas retóricas antigas da linguagem. Quando Deus fala para a Sua criação no geral, referindo temas importantes como a Ressurreição, Paraíso e o Inferno, utiliza o plural, que transmite nas Suas Palavras, uma Majestade Divina: “ Ó humanos! Se estais em dúvidas sobre a ressurreição, reparai que Nós vos criámos do pó …” Cur’ane 22:5. E mais um exemplo: “Pensais, porventura, que vos criamos por diversão (sem qualquer propósito) e que jamais retornareis a Nós?”. Cur’ane 23:115. Em algumas passagens, Allah fala Dele e das Suas obras que foram informadas aos Profetas através dos Seus Anjos, utilizando o termo Nahnú , como por exemplo quando se refere ao Cur’ane revelado por Ele, mas transmitido ao Profeta, através do Anjo Gibrail: “Nós revelamos a Mensagem e somos o Seu Preservador”. Cur’ane 15:9.

Outras vezes quando fala com alguém em especial, utiliza a expressão no singular Anná , como podemos verificar através do diálogo que teve com Mussa (Aleihi Salam) – Moisés, que a Paz de Deus esteja com ele: “Eu Sou o teu Senhor! Tira as tuas sandálias, porque estás no vale sagrado de Tuwa. Eu te escolhi, escuta pois, o que te será inspirado. Sou Deus. Não há divindade além de Mim! Adora-Me e observa a oração, para celebrar o Meu nome”. Cur’ane 20: 12, 13 e 14. Demonstrando também intimidade com os seus servos em geral, Allah Subhana Wataala, com a expressão Anná – Eu, diz a Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam): “Diga aos Meus servos de que Eu Sou o Indulgente, o Misericordioso”. Cur’ane 15:49.

Através da seguinte belíssima exortação, é referido num hadice Qudsi, que Allah usa a expressão Anná - Eu, em vez de Nahnú, denotando aqui também uma intimidade para com os seus servos em geral: “ Eu sou tal como o Meu servidor espera que Eu seja. Eu Estou com ele quando ele Me recorda. Se ele Me menciona perante si próprio, Eu menciono-o perante Mim próprio: e se ele Me menciona numa assembleia, Eu menciono-o numa assembleia melhor. E se ele se aproxima de Mim um palmo, Eu aproximo-Me dele um cúbito. E se ele se aproxima de Mim um cúbito, Eu aproximo-Me dele um passo. E se ele caminha para Mim, Eu corro para ele”.

O termo Nahnú é um sinal de respeito, de glorificação e não qualquer indicação de pluralidade. “Na verdade, Allah não perdoa que se Lhe associe companheiro …” Cur’ane 4:48. Deus é Um só, sem parceiros, sem filhos e não depende de ninguém. É o Único merecedor de toda a adoração. Este é o princípio de Tawhid. No Cur’ane, encontramos um pequeno capítulo, mas que testemunha a unicidade de Deus: Bismilahir Rahmani Rahim; Qul huwa Allahu Ahad. Allahu Samad. Lam Yalid Wa Lam Yulad. Wa Lam Yakun Llahú Kufwan Ahad. “Em nome de Deus, O Beneficente e Misericordioso. “1- Diz: Ele, Allah (Deus) é Único. 2- Allah é independente. 3- Não gerou e não foi gerado. 4- E ninguém é comparável a Ele”. Cur’ane 112.

Para confirmar esta UNICIDADE DIVINA , refere o Cur’ane: "Diz: Minhas orações, minhas devoções, minha vida e a minha morte pertencem a Deus, Senhor do Universo, que não possui parceiro algum…" (6.162).

Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem" . Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!” . 10.10. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

14/11/2013

quarta-feira, novembro 13, 2013

A Economia no Islão (2ª. Parte - Continuação)

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:

O Islão dignifica a economia

O Islão dignifica a economia. Traz ensinamentos abun-dantes sobre questões financeiras, como garantir a subsistência das pessoas, a defesa dos direitos dos despojados, a eliminação de toda a miséria e pobreza no âmbito das sociedades e a tendência para um nível equilibrado entre as massas. Para isso, fica atento a que se preserve a justiça nas relações humanas, pois a economia só pode ser reformada se o for através da justiça. A reforma social só se concretiza através da observação da justiça social e econômica. A piedade e virtude só se alcançam com a aplicação dos princípios de equidade entre as pessoas.

O Nobre Alcorão exclama de viva voz que «Deus prescreve a justiça e a bondade (ou beneficência) …» (16:90). O Grande Profeta Muhammad (que a Paz e as Bênçãos de Allah estejam com ele) disse que «O mais ignominioso perante Deus é aquele que administra os assuntos dos muçulmanos, mas que não concretiza a justiça entre eles».

Além disso, o Imame Ali ibn Abi Talib (que Allah esteja satisfeito com ele) proclamou: «Não reformeis as pessoas, mas sim a justiça». E quando ensinou os fundamentos do Islão, segundo o que nos transmitiu o Imame Sadiq (que a Allah esteja satisfeito com ele), disse: «Conhecei… as autoridades com o ordena-mento do bem, com a justiça e a prática da bondade». (Ou seja, as autoridades que se devem acatar, segundo o Alcorão, são as que apresentam estas condições, não qualquer uma que ostente o poder sem justiça nem bondade).

A justiça: elemento primordial da Mensagem islâmica

A doutrina original e pura do Islão consiste em dedicar--se à justiça e à sua aplicação, assim como à recupe-ração dos direitos dos despojados nos distintos sectores da humanidade. Os mais fiéis seguidores do Profeta (que a Paz e as Bênçãos de Allah estejam com ele) dedicaram-se às grandes revoluções e aos maiores sacrifícios ao longo da história do Islão em busca deste objectivo elevado. No entanto, a conduta daqueles que assumiram o governo após os "khulafa-ur-rashidin" (ou seja, após a governação dos primeiros 4 califas), em particular os Omíadas e os Abássidas, foi totalmente o oposto, privada de justiça e repleta de sumptuosidade, luxo e acumulação de riquezas usurpadas aos seus donos legítimos (o próprio povo). Apoderaram-se dos bens do Tesouro Público como riqueza pessoal, do próprio cargo de governante como um bem hereditário, dos prazeres de uma vida de ostentação como um direito indiscutível, sendo a pobreza, de que um amplo sector da população padecia, um inconveniente natural e irremediável ao qual as pessoas deviam acostumar-se e resignar-se. Quão afastada da justiça se encontra esta atitude! E quão afastada da Mensagem original de todos os Profetas (que a Paz de Allah esteja com eles)!

Para um autêntico líder revolucionário islâmico, as dificuldades das pessoas famintas são as suas próprias dificuldades e a luta contra os fastuosos usurpadores e os tiranos econômicos é o fundamento dos seus prin-cípios. Nunca permanece calado perante um devorador perverso dos bens públicos nem perante um oprimido faminto.

Este tipo de conduta sócio-religiosa revolucionária é o verdadeiro espírito dos ensinamentos do Profeta (que a Paz e as Bênçãos de Allah estejam com ele), seguido pelos seus justos sucessores. É, portanto, dever de todos os muçulmanos, sem dúvida alguma, imitar os antecessores justos e, neste caminho, defender os opri-midos e despojados, enfrentar os males da multiplicação e do luxo e não ficar calado perante a opressão dos tiranos e o sofrimento dos subjugados.

A multiplicação

Numa sociedade, não podem estar presentes a multi-plicação de bens e os acumuladores sem que haja, simultaneamente, a sumptuosidade e a extravagância. A multiplicação e a abundância são inseparáveis e são a raiz da opressão económica.

Queremos esclarecer que o termo “multiplicação” (em árabe "takazzur") tem determinados significados asso-ciados como o “desejo pelo lucro”, a “ostentação”, a “ganância”, o “materialismo” e o “capitalismo”. Doravante, quando for utilizado este termo, dever-se-á ter em mente estes significados para uma melhor compreensão. Refere-se ao turbilhão competitivo e devastador no qual as pessoas imergem com o desejo de possuir, cada vez mais, para poderem levar uma vida extravagante, exuberante, com luxos extremos e abundância, exibidos publicamente para que todos possam vê-las e invejá-las. Trata-se de um mal que corrompe e aniquila qualquer vestígio de humanidade, tanto no indivíduo como na sociedade.

É evidente que uma existência fastuosa se ergue desprezando os direitos dos outros. Por conseguinte, os correctos e autênticos ensinamentos originais do Islão não deixam lugar à passividade perante os ricos osten-tadores e perdulários. E muito menos para a justificação das suas acções perversas e os seus comportamentos corruptos. Em muitos versículos o Sagrado Alcorão condena e rejeita aqueles que se dedicam a uma vida de luxos excessivos, bem como as suas condutas depra-vadas, por ser a base da opressão económica. Assim, os ensinamentos islâmicos, puros e originais, desarticu-lam os pilares de tal opressão em todos os seus aspectos. Por conseguinte, afirmamos que se tais ensinamentos tivessem sido aplicados, esta classe de tiranos não poderia ter existido nem permanecido.

O poder por trás do governo

Segundo o que referimos anteriormente, é evidente que a multiplicação e os multiplicadores (os ricos pode-rosos) não podem subsistir nem chegar ao governo, nem, ainda, superá-lo. Se não alcançarem o poder, a multiplicação não permanecerá. Pelo que devem sempre chegar ao governo e até mesmo superá-lo, formando um clã nas sombras acima da autoridade política. Isto é muito claro na atualidade, tanto nas democracias do “terceiro mundo”, onde os políticos que desejam ser “elegíveis para o cargo de Presidente” devem agradar ao FMI (Fundo Monetário Internacional), ao Banco Mun-dial e a organizações afins, bem como nas monarquias que, para acederem ao poder e manter-se no poder, também devem agir como fantoches de tais organismos. 

Contra o clã destrutivo que regula o poder dos go-vernos desde as sombras, o Islão implementou uma ampla defesa, começando por considerar a riqueza excessiva como ilícita, a vida luxuosa e sumptuosa como maldita e os ricos e poderosos como ocupadores per-versos. O Islão pede aos sábios e a todas as pessoas que abandonem a companhia dos ricos e todo o tipo de contacto ou relação com eles, até derrubá-los dos seus níveis sociais. “Abandonar a sua companhia” não significa ignorá-los nem ser-se indiferente a eles, significa sim não lhes dar nenhuma participação nas decisões políticas que o governante justo estabeleça. O primeiro passo que um governante deveria adotar para levar adiante tal revolução social é fechar as portas aos ricos e poderosos e considerá-los como verdadeiros criminosos até os obrigar a devolverem o erário usurpado, ilegalmente. 

A revolução do Islão 

Isto faz parte dos grandiosos ensinamentos do Islão revolucionário, aqueles que surgiram há 14 séculos atrás, condenando os opressores dos povos e os usurpadores dos direitos do homem, para que não pudes-sem gozar de uma existência orgulhosa, nem superar facilmente os assuntos estabelecidos nem agir na terra corrompendo-a, subjugando as pessoas, nem promover a instabilidade e a negligência em todos os domínios. O Islão não se conforma em condenar até exterminar a multiplicação e os opressores poderosos, mas também 

ataca qualquer manifestação de ostentação pomposa para que todas as pessoas reconheçam tal atitude como a raiz da corrupção e da perversão moral e a destruam. A multiplicação das riquezas (sendo uma das suas for-mas o capitalismo atual) e a pomposidade na existência estão associadas à dependência econômica, o principal inimigo do Islão e dos muçulmanos (e de todos os povos). 

Por esta razão, o Islão rejeita-as veementemente. Diz o Sagrado Alcorão: 

«Deus jamais concederá a supremacia aos incrédulos sobre os crentes» (4:146). 

Assim, os muçulmanos devem resgatar os seus países das garras destes selvagens que, desde o poder, estabelecem laços de dependência econômica com poderes estrangeiros. 

Este clã superior à autoridade política promove a pobreza destrutiva, aquela que o Islão combate, ensinando as suas raízes ou consciencializando as pessoas para que se oponham a ela. 

A origem da pobreza 

Entre os ensinamentos que o Islão enfatiza e proclama, constatamos que a carestia dos despojados, a fome dos famintos, a nudez dos andrajosos, as penúrias dos necessitados e a indigência dos pobres não provêm do Decreto de Deus, Altíssima seja a Sua Posição. Ele criou os seres, estabelecendo para eles os seus mantimentos e o sustento para as suas vidas. Diz o Sagrado Alcorão: «… Nós dispensamos- -lhes os seus sustentos na vida do mundo…» (43:32). Pois, todas as criaturas são a Sua família «para as quais (Deus) garantiu os seus mantimentos e decretou os seus sustentos» (como disse o Imame Ali [que Allah esteja satisfeito com ele]). O Imame Sadiq disse: «A riqueza foi distribuída e assegurada para vós. Foi distribuída por um Justo entre vós…» (Al Kafi, tomo I, pág. 30). 

Mas de onde surgem as terríveis situações de que vemos padecer muitos setores da humanidade? Estas são questões impostas para as quais a sociedade foi arrastada devido aos pecados dos ricos, ao domínio dos ocupadores, à iniquidade dos ímpios e à opressão dos tiranos. Vejamos uma declaração contundente sobre isto: disse o Grande Profeta Muhammad (que a Paz e as Bênçãos de Allah estejam com ele): «Deus estabeleceu as provisões dos pobres nas riquezas dos ricos. Se existem famintos e desnudos isso deve-se ao pecado dos ricos» (in Al Mustadraq, tomo I, pág. 509). Disse o Imame Ali ibn Abi Talib (que a Allah esteja satisfeito com ele): «Um pobre não passa fome se não por aquilo que lhe nega um rico». Disse o Imame Ja’far as Sadiq Talib (que a Allah esteja satisfeito com ele): «… As pessoas não são pobres, nem necessitadas, nem famintas, nem desnudas, salvo pelos pecados dos abastados» (in Uasail, tomo VI, pág. 4). 

Todos estes ensinamentos sagazes, em linha com as diretivas do Glorioso Alcorão, moldam os princípios do Islão, surgindo como uma obrigação legal eminente para os sábios, o governo islâmico e os muçulmanos. Esta obrigação consiste em dedicar-se à equanimidade econômica e ao combate contra a opressão financeira, afastando os tiranos econômicos do poder, da legislação e da economia que regem a sociedade. Neste sentido, Deus Altíssimo ordenou ao Profeta Muhammad (que a Paz e as Bênçãos de Allah estejam com ele), na noite da viagem celestial, segundo o que nos transmitiu Amir Al Mu’minin Ali ibn Abi Talib (que Allah esteja satisfeito com ele): «… Ó Ahmad! Afasta-te dos ricos e evita participar nas suas reuniões!...» (in Irshad, pág. 201). 

Toda a autoridade na sociedade islâmica, todo o homem religioso (sábio, erudito ou "sheikh") e todos os governantes em geral deveriam ter no Profeta Muhammad (que a Paz e as Bênçãos de Allah estejam com ele) um claro e excelente modelo a imitar, afastando-se dos potentados e das suas reuniões se forem realmente seguidores da conduta do Profeta (que a Paz e as Bênçãos de Allah estejam com ele). Como já o referimos anteriormente, é cerrar-lhes a porta e considerá-los criminosos até que devolvam tudo o que acumularam ilegitimamente, usurpando os direitos dos outros. 

(Conclusão, na próxima reflexão, in cha Allah) 
Wassalam aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu
Obrigado, boas leituras. 

M. Yiossuf Adamgy