quinta-feira, julho 17, 2014

A L M A D I N A RAMADHAAN - UM MÊS DE MISERICÓRDIA E BENÇÃOS

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 14.07.2014

 Mais uma vez chega-nos o sagrado mês de Ramadhaan, um mês de misericórdia e bênçãos.

O mês de Ramadhaan significa tudo aquilo que o Isslam defende: cuidar, partilhar, economizar, e moderar em todos os assuntos.

Ramadhaan é o nono mês do calendário isslâmico, que se orienta pelo calendário lunar, isto é, cada mês tem início com a visualização da Lua Nova e termina com a visualização da Lua Nova do mês seguinte. O ciclo lunar tem a duração de 29 a 30 dias. No mês de jejum - mês de Ramadhaan – caso não se consiga visualizar a Lua no vigésimo nono dia devido à nebulosidade, deve-se estender o jejum ao trigésimo dia.

Para mais de um bilião e meio de muçulmanos pelo Mundo fora, Ramadhaan é um mês muito especial, caracterizado por orações extras e actos de generosidade. Um dos aspectos importantes do Ramadhaan é que este mês prepara-nos para uma vida de sacrifício e contenção, e os seus efeitos não se circunscrevem apenas à perda de peso, pois dos ensinamentos do Profeta Muhammad (S.A.W.) sabemos que o controlo na dieta é a melhor cura para muitas doenças, facto confirmado por recentes pesquisas científicas.

A ideia por detrás desta abstenção não é apenas o crente passar fome e sede, mas também incutir no crente o “takwa” (temor a Deus). Aliás, o “takwa” constitui a essência de todos os actos isslâmicos de adoração.

O jejum tem muitos benefícios, pois quando ao jejuar passamos fome e sede, recordamo-nos do sofrimento por que os pobres passam todos os dias do ano.

É também uma oportunidade para a prática do auto-controlo e purificação da nossa alma. Isto contribui para que os muçulmanos sintam a paz que emana da devoção espiritual e sejam solidários para com os outros crentes.

Tal como as orações diárias obrigatórias, o jejum impede-nos de praticar tudo o que seja mau e pecaminoso, e fortifica a noção da presença constante de Deus na nossa vida. Por isso o jejuador, mesmo sentindo fome e sede, resiste à tentação de comer e beber, ainda que esteja sozinho. Essa auto-restrição é uma das lições pertinentes do sagrado mês de Ramadhaan, tanto para os jovens como para os idosos.

Se este sentimento existisse em toda a gente e durante todo o ano, certamente que não haveria maldade nem criminalidade no Mundo, pois geralmente os malfeitores só respeitam as Lei quando estão perante agentes da polícia. Mas é necessário criar de forma constante, a noção da presença de Deus, pois se o malfeitor tiver a noção de que Deus está vendo os seus actos pecaminosos, dificilmente se atreverá a transgredir. E esse sentimento se faz mais presente no jejum.

A generosidade e a gratidão são também os aspectos importantes deste mês. Embora no Isslam a prática constante de caridade e boas acções seja importante, no mês de Ramadhaan assume um significado especial, pois todos os muçulmanos sentem a obrigação de irem até ao pobre e ao necessitado para alimentá-los e solidarizar-se com eles.

Além disso, através de todas as práticas associadas ao Ramadhaan, recorda-se aos muçulmanos a sua identidade comum, e de que todos eles são iguais perante Deus.

Outro aspecto importante deste mês de bondade é o espírito de partilha e cuidado que são manifestos na preparação de refeições de abertura do jejum em todas as mesquitas no Mundo todo, e a distribuição de cabazes (kits) de Ramadhaan aos pobres.

Na generalidade, todos os actos de adoração instituídos pelo Isslam, tais como o jejum, as orações diárias, a caridade e a peregrinação, são para disciplinar as nossas almas, purificar os nossos corações e elevar o Ser Humano para os valores mais altos e nobres. E nisso o Ramadhaan continua a ser uma grande escola.

Todos nós devemos aproveitar este grande mês na prática de boas acções, na adoração, e evitar todas as futilidades, os pecados e tudo o que nos impede a prática do bem.

Devemos alimentar os pobres jejuadores, ocuparmo-nos na recordação e gratidão a Deus, no arrependimento dos nossos pecados, na recitação do Al-Qur’án, e tentarmos fazer o máximo de “khatams” (recitação integral do Al-Qur’án) neste mês sagrado, e dentro do possível, melhor que seja com o máximo de meditação, sempre com a intenção de pôr tudo isso em prática.

Por fim, gostaria de desejar a todos os muçulmanos, em especial os de Moçambique, a continuação de um Feliz Ramadhaan, e que o seu jejum seja aceite. 

Que o Ramadhaan sirva para transformar as nossas vidas para melhor. Oremos para que haja prosperidade e bem-estar do nosso País, e também dos muçulmanos de todo o Mundo. 

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