segunda-feira, dezembro 09, 2013

Judaísmo, Cristianismo e Islão... Não somos tão diferentes Assim..

Por: M. Yiossuf Adamgy, in Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán, nº. 194, de Julho/Agosto.2013

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:

O princípio básico é amar a Deus acima de todas as coisas; mas para torná-lo completo deve-se continuar: e a seu vizinho como a si mesmo, por amor a Deus. Como resultado da crença em Deus e a irmandade dos seres humanos, a humanidade deve, necessariamente, viver uma vida de amor, paz, cooperação e harmonia. 
Todas as leis de Deus foram reveladas com o objectivo de enfatizar este tema. Os Profetas de Deus, paz esteja com eles, em épocas diferentes, mostraram à huma-nidade que a religião de Deus é sempre a mesma, que os homens são irmãos, sem qualquer inimizade ou conflito entre eles, que o objectivo de sua mensa-gem é sempre a mesma; que Quem os elevou foi UM e que o fundamento da sua religião é apenas um, sem possibilidade de contradição ou diferença entre eles. … O Alcorão diz:

«Da religião, Ele legislou, para vós, o que recomendara a Noé, e o que te revelamos, e o que recomendamos a Abraão e a Moisés e a Jesus: “Observai a religião e, nela, não vos separeis”». (Alcorão Sagrado, 42:13).

Este texto, sem dúvida algum, é um testemunho de que a religião de Deus é a mesma, em todos os tempos. No Alcorão há muitos exemplos a este respeito, tais como:

- «Na verdade, Nós te fizemos revelações (Muhammad, [em português Maomé]), como fize-mos a Noé e aos Profetas, depois dele. E fizemos re-velações a Abraão e a Ismael, e a Isac e a Jacob, e as tribos e a Jesus, e a Jó e a Jonas, e a Aarão e a Salomão; e concedemos os Salmos a David». (Alcorão Sagrado, 4:163).

- «Dizei: “Cremos em Deus e no que foi revelado para nós, e no que fora revelado para Abraão e Ismael e Isac e Jacob e para as tribos; e no que fora concedido aos Profetas, por seu Senhor. Não fazemos distinção entre nenhum deles. E, para Ele, somos muslimes (isto é, submissos à Sua Vontade) ”». (Alcorão Sagrado, 2:136).

Qualquer pessoa que leia o Alcorão, poderá ver que os Capítulos mais longos do Alcorão enobrecem e dignificam a Jesus e a Virgem Maria. O Alcorão também menciona e esclarece alguns dos milagres de Jesus AS e narra outros milagres que não encontram no próprio Evangelho, como por exemplo pássaros feitos de barro aos quais deu vida por meio de um sopro, com a permissão de Deus, e também menciona o facto de que Jesus falava às pessoas, desde o berço.

Outros dois longos capítulos no Alcorão referem-se a Jesus AS: o primeiro é "Maria AS" (Surata 19) e o segundo é "A família de Imran" (Surata 03), que era a família de Maria. Nesses capítulos é narrado como Maria AS,  que era imaculada, deu à luz a Jesus AS e como foi também uma concepção imaculada: «E (lembra-lhes, Muhammad, de) quando os anjos disseram: “Ó Maria! Na verdade, Deus te escolheu e te purificou, e te preferiu a todas as mulheres da humanidade!...Ó Maria! Na verdade, Deus te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e no outro, e que se contará entre os diletos de Deus. E falará à hu-manidade, no berço e na maturidade, e será dos virtuosos”». (Alcorão Sagrado,3:42-46).

O Alcorão se dirige aos muçulmanos para mostrar claramente o alto grau que ocupa Jesus AS perante Deus: "... Certamente, o Messias, filho de Maria, é o Mensageiro de Deus, a Sua palavra depositada em Maria e um espírito procedente d’Ele..." (Alcorão Sagrado 4:171). Estas crenças que Deus ordenou aos muçulmanos acreditar sobre Jesus AS abrem os corações para os seus ensinamentos e facilitam a convergência e a cooperação entre muçulmanos e cristãos.

O Alcorão claramente mostra que os cristãos são os mais próximos aos muçulmanos devido a moral e as virtudes que eles compartilham com eles, nestes termos:

«Verificarás que os que estão mais próximos, em afeto, aos que creem, são os que dizem: somos cristãos. Isso é porque entre eles há sacerdotes e monges e não são soberbos».

O Profeta Muhammad (s.a.w) disse: "Ó muçulmanos! Conquistareis o Egipto; quando acontecer isso, sejais amáveis com os cristãos". E há inúmeros exemplos como esses. O próprio Profeta Muhammad (s.a.w.) fez da sua Mesquita em Medina, um lugar de culto para os hóspedes cristãos! Ou quando os muçulmanos fizeram da grande Mesquita Omíada, em Damasco, um templo comum para os muçulmanos e cristãos, que entravam pela mesma porta, mas tinham a Mesquita, dividida em dois, e costumavam fazer as orações juntos.

Este foi o resultado inevitável da compreensão, a proximidade e o respeito que existia entre estas duas religiões reveladas naqueles tempos. Eles coincidiam, nas metas e objetivos, e não havia nenhuma oposição na sua essência e origem. É bem sabido, a este respeito, que Omar (r.a.), o segundo califa, quando entrou em Jerusalém, recusou uma oferta para fazer a oração no Santo Sepulcro, para evitar que os muçulmanos, no futuro, tentassem em converter a Igreja ou parte dela, numa Mesquita.

Muhammad (s.a.w.) ordenou aos muçulmanos ser amáveis com os judeus e cristãos, pois eles eram segui-dores das duas anteriores religiões reveladas. Ele disse: "Quem fizer mal a um cristão ou a um judeu será meu inimigo no dia do Juízo e pagará por isso" e disse: "Sejais amáveis com os cristãos".

O Alcorão, nos diz, textualmente:

«Os fiéis, os judeus, os cristãos, e os sabeus, enfim todos os que creem em Deus, no Dia do Juízo Final, e praticam o bem, receberão a sua recompensa do seu Senhor e não serão presas do temor, nem se atribularão». (Alcorão 2:62).

«Enobrecemos os filhos de Adão e os conduzimos pela terra e pelo mar; agraciamo-los com todo o bem, e preferimos enormemente sobre a maior parte de tudo quanto criamos. Um dia convocaremos todos os seres humanos, com os seus (respectivos) imames (líderes). E aqueles a quem forem entregues os seus livros na destra, lê-los-ão e não serão defraudados no mínimo que seja. Porém, quem estiver cego (espiritualmente) neste mundo estará cego no outro, e mais desencaminhado ainda!» (Alcorão Sagrado,17:70-72).

Se a humanidade, em geral, não for capaz de livrar-se dos seus preconceitos e labutar pela tolerância religiosa, a situação será terrível e Deus nos repreenderá, na Outra Vida, para cada um de nossos erros, pelo nosso fanatismo e discórdia, pois são estas atitudes que incrementam a devastação, a agonia e o derramamento de sangue.

«E não nos cabe mais do que transmitir claramente a Mensagem».

Wassalam. ■

Obrigado, boas leituras.

M. Yiossuf Adamgy

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