quarta-feira, julho 04, 2012

A L M A D I N A -FALTAM APENAS DUAS SEMANAS!

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 02.07.2012 

Todo aquele que andou na escola, de alguma forma viveu momentos de inquietação quando dos exames finais. Há quem se sentisse atrapalhado, olhando para um lado e para outro, por vezes ficava estático, com o coração a palpitar intensamente, não se apercebendo que o tempo útil para a prova de exame se ia esgotando. Alguns terão sentido vontade de chorar de remorsos pela amarga expectativa de perder o ano em virtude de não se terem esforçado no sentido de obter o aproveitamento que lhes permitisse encarar o exame com alguma serenidade. 

Ocorrem-me alguns desses momentos por mim presenciados, quando na sala e em pleno exame, o supervisor anunciava que o tempo se estava a esgotar e que dentro de alguns instantes iria recolher as provas. Alguns dos colegas com fraco aproveitamento não conseguiam esconder a sua angústia por não terem capitalizado o tempo de que dispunham em função das perguntas que lhes eram apresentadas no texto de exame, não conseguindo portanto, responder muitas delas, o que certamente levava a que não transitassem para a fase seguinte dos seus estudos, aspiração de qualquer estudante. 

Nessas ocasiões a preocupação é deveras grande, mas o estudante tenta serenar, pois a esperança que é a última coisa que morre, ainda lhe transmite alguma coragem, mas em vão. Muitos, ainda pegam na caneta e tentam rabiscar alguma coisa, mas as dificuldades por eles sentidas nas respostas às perguntas colocadas impedem-nos de prosseguir. Nesses momentos convencem-se de quão desleixados foram, pois durante todo o ano não assumiram que tal momento crucial chegaria, não se preparando e exercitando convenientemente ao longo do ano na resolução de diferentes questões nas matérias leccionadas, que mais tarde seriam susceptíveis de constar das provas de exame. Pensavam eles que seria tudo muito fácil, pelo que não se deram ao incómodo de rever a matéria, memorizar, passar algumas noites em branco no esforço por assimilarem a matéria. 

A voz do supervisor dizia repetidamente: “Faltam 15 minutos”; “Faltam 10 minutos”; “Faltam apenas 5 minutos”; “Faltam apenas 2 minutos”; “Temos apenas 1 minuto”; “Tempo esgotado”!
Assim, o supervisor começava a recolher as provas de exame e quando isso acontecia, era difícil para o examinando acreditar que o tempo passara num ápice e que a sua memória o atraiçoara. Aí o estudante desventurado sentava-se e começava a pensar no que lhe acontecera, chorava e tentava levar a sua reflexão para além da sala de exame.

Transpunha esta ocorrência para um outro cenário, o do Exame Maior, o exame onde não haverá nem segunda chamada, nem segunda época, nem nenhuma outra opção. Ou se responde às perguntas e se passa para sempre, ou se reprova e fica-se irremediavelmente desgraçado para sempre. Este será o exame da vida perante Deus no Outro Mundo.

Enquanto no exame deste Mundo entramos para a sala sem sabermos quais serão as perguntas, o que pode criar alguma dificuldade, no exame do Outro Mundo já sabemos quais as perguntas que nos serão feitas, o que nos facilita a sua preparação e as respectivas respostas.

Segundo o Profeta Muhammad S.A.W., nesse dia do Grande Exame, nenhum de nós se moverá enquanto não responder a quatro perguntas:

- Onde passou a sua juventude (que boas acções praticou ao longo da sua juventude);

- Como ganhou e em que é que gastou as suas riquezas;

- Em que é que aplicou o conhecimento que foi adquirindo; e

- Onde passou a sua vida (que feitos relevantes praticou ao longo da vida).

É nesses momentos que a pessoa dá o real valor ao tempo, e compreende o que o Profeta disse: “Há duas graças que muita gente não dá o devido valor: a saúde e o tempo livre”. (Relato de Al-Bukhari) 

É nos momentos atrás descritos que o coração do examinando reage com fé, sente algum arrependimento, pois já se sente dentro de si alguma carga adicional de fé a partir da sala de exames da escola ou universidade onde estuda.

Desse exame final na escola da vida, começa-se a imaginar a agonia da morte, quando o termo da vida chegar e o tempo de se esforçar já tiver esgotado, assim como aconteceu na sala de exames. Imagina a agonia da morte, a família que nesses momentos derradeiros o rodeia, a alma prestes a abandonar o seu corpo. Nesse momento, ele sozinho enfrentará as perguntas de exame, precisando de passar nesse interrogatório.

Todos os que chegam a esse momento crucial de agonia, desejam que tal lhe seja adiado por mais algum tempo, para melhor se prepararem a fim de passarem no exame da Vida Eterna. Têm muitos desejos e esperanças, querem um palácio no Paraíso, mas lá não são os desejos que funcionam, mas sim as acções.
É o momento em que ele quererá arrepender-se dos pecados e pedir perdão à Deus, reconciliar-se com os seus adversários, pagar o que lhes deve, ligar às relações uterinas, tratar bem os pais, observar o Zakaat (taxa fixa obrigatória), o Swalaat (orações rituais diárias), o jejum do Ramadhaan, etc.
As boas acções devem ser praticadas antes do tempo de exame chegar, pois nesse momento já não nos será adiado. O tempo e o desejo de voltar não nos será concedido, pois quando a vida de alguém chega ao fim, não lhe é adiantado nem atrasado um momento que seja.

Deseja voltar novamente atrás? Não ouvia o dia a dizer-lhe todos os dias quando amanhecia e quando anoitecia: “Ó filho de Adão! Sou um novo dia para ti, aproveita-me, pois se eu me for embora, jamais me apanharás. Tu és apenas um conjunto de dias, sempre que passa um dia, passou uma parte da tua vida”.

Nesse momento, as lágrimas escorrem dos nossos olhos com remorsos, e começamos a imaginar o Dia do Grande Exame acerca do qual o Profeta Muhammad S.A.W. diz: “Não existe ninguém de entre vós com o quem Deus não falará directamente sem qualquer intermediário, nem tradutor. Deus lhe perguntará: ‘Não te enviei o Mensageiro”? A isto o Humano responderá: “Sim”! Depois Deus perguntará: “Não te dei riquezas”? O Homem responderá: “Sim”! (Relato de At-tabarani)
O que será de nós nesse exame? E qual será a nossa resposta? Será que vamos transitar ou reprovar?

Surgem muitas perguntas na nossa mente. Qual será o nosso resultado no dia de prestação de contas? Como será no meio de tanta gente desde o tempo de Adão até ao Fim do Mundo? Que vergonha sentiremos quando for anunciado o resultado das nossas acções perante tanta gente?

Esse será o verdadeiro Exame Final do qual devemos temer reprovar.
Devemos aprender da experiência do exame mundano.
Faltam apenas duas semanas para o sagrado mês de Ramadhaan. Ainda vamos a tempo de nos prepararmos para o nosso Exame Final. Levantemo-nos, preparemo-nos e esforcemo-nos para podermos transitar, tanto neste como no Outro Mundo, para que não nos arrependamos à última hora.

Nota: Esta mensagem foi escrita na Cidade do Porto Portugal. Embora escrita em português você pode encontrar algumas palavras ou concordâncias diferentes do nosso português.

Assalamu Aleikom

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