quarta-feira, março 17, 2010

REFLEXÕES SOBRE A FELICIDADE

Louvado seja Allah, e que as bênçãos e a paz estejam com o derradeiro dos profetas, o Profeta Muhammad, enviado como misericórdia para a humanidade para guiar ao caminho da felicidade nesta vida e após a morte na eternidade. Que Allah o abençoe, aos seus familiares e aos seus companheiros até o Dia da Ressurreição.

A felicidade é objetivo e esperança. As pessoas procuram-na e se empenham em obtê-la. As pessoas percorrem caminhos diversos à sua procura. Eles leram e ouviram, seguiram métodos diversos para alcançá-la. Muitos alegam que conhecem o caminho para se chegar a ela. Existem pessoas que se perderam no assunto da felicidade, enganaram e dominaram a vontade de muitas pessoas quando lhes indicaram métodos humanos e imaginações totalmente estranhas à realidade. Há também aqueles que, de certa forma, introduziram a felicidade na vida de muitas pessoas, as libertaram do vício das drogas ou do álcool, lhes indicaram um caminho melhor que o caminho que seguiam, porém, tal solução através de um auxílio ou através de certa religião ou filosofia não é a doutrina que Allah revelou, orientou e indicou para o ser humano, por isso é uma solução interina e que não abrange todos os aspectos da vida.

Para alguns a felicidade é diversão, canto, dança, corrida frenética, histérica e inconsciente. Assim, eles aparecem com as vestes da felicidade. Ao deixarem transparecer o que há debaixo das vestes, verificam a preocupação, a infelicidade e a miséria.

Alguns se alegram um pouco e em seguida se desesperam. Há uma grande diferença entre a felicidade e a alegria. A alegria é sentida por horas, minutos ou segundos. A felicidade, porém, é vida duradoura, constante, apesar de todas as crises e dificuldades.

Para outros, a felicidade consiste em sexo, amor, desejo animal, sem limite nem condição, sem ouvir a voz da religião. Porém, logo esses desejos se chocam com o fracasso, a preocupação e o desaparecimento. Por isso, procuram outra experiência, pior ainda do que a anterior. Os instantes de felicidade em tudo isso são pouquíssimos, ameaçados sempre pelo desaparecimento.

Outro grupo, ainda, vê a felicidade no consumo das bebidas inebriantes e no jogo de azar. O homem se esquece de suas preocupações, de seu mundo e de suas tristezas; e se esquece de si mesmo até encontrar um substituto. Na realidade, não há substituto para a perdição neste mundo e no Outro, e a perdição é rápida e necessita-se de empenho total por parte da pessoa que caiu na armadilha da felicidade ilusória e se perdeu para resgatar a si mesmo.

Outro grupo vê a felicidade na viagem turística para um local que ele gosta, ou cidade pela qual é apaixonado, supondo de que há algo de felicidade nela, tendo ainda de gastar o seu dinheiro. São poucos dias que acabam e ele volta para o que estava antes.

Outro grupo a vê no dinheiro, no capital, nas empresas e nos imóveis que lhe proporcionam o que deseja, afastando-o da pobreza. Porém, de repente a vê como a água do mar que só aumenta a sede de quem a toma, além de proporcionar-lhe preocupações, tristezas e cansaços para se proteger. Ele não alcança nada que lhe proporcione um pouco de sossego. Finalmente, descobre que perdeu a saúde, a paz de espírito e o instante de sossego. Deseja, então, retornar ao que era antes e isso é um sonho impossível. Eis o que a mulher de um famoso astro de cinema disse a respeito do marido: “Meu esposo era um artista simples. Ele disse que desejaria ter um milhão de dólares, mesmo que fosse acometido por uma enfermidade. Disse-lhe: ‘De que serve o dinheiro se ficar doente? ’ Ele respondeu: ‘Gasto uma parte no tratamento e vivo feliz com o resto”. Ele conseguiu mais do que um milhão de dólares e foi acometido de câncer no fígado. Ele gastou mais de um milhão de dólares e não conseguiu encontrar a felicidade. Não podia mais comer senão coisas simples, foi proibido de consumir a maior parte das comidas. Finalmente, morreu com a enfermidade, aflito e arrependido.

Os exemplos disso são inumeráveis. Eis um deles: o grego Onassis que era proprietário de ilhas e frotas de navios de transporte de carga, com uma fortuna calculada em bilhões de dólares. Ele quis juntar a fama com a fortuna. Casou-se com a ex-esposa do presidente norte-americano John Kennedy. Esse casamento gerou apenas infelicidade. Dentro das condições impostas por ela: não dormir com ele no mesmo leito, não ter domínio sobre ela, gastar milhões para satisfazer seus desejos. Ele viveu infeliz com ela até a sua morte, depois da morte de seu único filho, Alexandre Onassis, vítima de uma queda de avião que ele pilotava. Onassis deixou toda a sua fortuna para a filha, Cristina Onassis, que continuou à procura da felicidade, casando quatro vezes com pessoas de nacionalidades diferentes. Ao ser perguntada a respeito do motivo de seus vários casamentos, ela disse que estava à procura da felicidade. Em uma homenagem que lhe foi feita na França, os jornalistas lhe perguntaram: “Você é a mais rica mulher do mundo?”, ela respondeu: “Sim, sou a mais rica, porém a mais infeliz”. Finalmente, foi encontrada morta em um chalé na Argentina.

Outros vêem que a liderança e a fama satisfazem a sua ilusão e cobiça. Eles agem para se elevarem cada vez mais. De repente, se chocam com o princípio que diz: “Quanto mais alto maior é o tombo”. Eles se vêem surpresos com aqueles que os aplaudiram ao subirem, mas aguardam-nos com pedras nas mãos ao caírem. O fim de muitas dessas pessoas, após se verem derrotadas e não encontrarem uma solução para reparar a sua destruição, é o suicídio.

Outros chegam a ver a felicidade naquilo que deveria ser um simples entretenimento, depositam o seu triunfo no triunfo de um time de futebol, se alegram com a vitória de seu time e ficam tristes nas suas derrotas. Há ainda quem acha que a felicidade está nas roupas e no embelezamento. Os senhores da moda e os vendedores de ilusões dominam as mentes dessas pessoas, que são as mais aflitas porque a cada instante vêem um vestido mais bonito do que o delas e um embelezamento mais belo que o delas.

Então, continuam correndo até perderem a juventude e desaparecer a sua beleza. Começam, então, recorrer às cirurgias plásticas para devolver-lhes o que perderam. Começa, então, a etapa do jogo e diversão na criação de Deus, sem proveito. As palavras do poeta se aplicam a elas:

Foi ao esteticista à procura de juventude. Será que o esteticista conserta o que o tempo estragou?”.

Vemos, também, outro grupo que é injusto com a humanidade. Quando seus membros são nomeados como governantes, eles acreditam que: “Não há mais vida do que esta, terrena! Morremos e vivemos e jamais seremos ressuscitados!” (23:37), ou seja, só vivemos neste mundo, nossos pais morreram e os filhos dão continuidade à vida, e não seremos ressuscitados novamente. Eles comem e bebem e não pensam em nada após esta vida. (parte do artigo “o caminho para a felicidade” de autoria do Sheikh Zakaria Osman Abbass)

Estes são alguns exemplos da inquieta e desenfreada busca do ser humano pela felicidade. O resultado de tudo isso: Aflições, tristezas e humanidade complexada, sofrendo, perdida, sem conhecer o objetivo da vida; doenças psicológicas indescritíveis; decadência moral; corrupção social inigualável em todas as épocas; crises para todos os tipos de indivíduos e sociedades.

Li um artigo sobre a paz interior onde encontrei um exemplo essencial sobre a busca das pessoas pela felicidade: As pessoas tem adotado uma variedade de caminhos diferentes na tentativa de alcançar paz interior, algumas acumulando bens materiais e riquezas, outras através das drogas; algumas através da música, outras através de seus maridos e esposas, outras através de suas carreiras e algumas através das realizações de seus filhos. E a lista continua.

Ainda assim a busca também continua. Em nossa época fomos levados a acreditar que avanço tecnológico e modernização produzirão para nós confortos físicos através dos quais alcançaremos paz interior.

Entretanto, se tomarmos a nação mais industrializada e avançada tecnologicamente no mundo, a América, então veremos que o que fomos levados a acreditar não é fato. As estatísticas mostram que na America em torno de 20 milhões de adultos sofrem anualmente de depressão; e o que é depressão se não uma falta total de paz interior?

Além disso, no ano 2000 a taxa de mortalidade devido a suicídio foi o dobro da taxa daqueles que morreram de AIDS. Entretanto, sendo a mídia jornalística o que é, ouvimos mais sobre aqueles que morrem de AIDS do que sobre aqueles que morrem cometendo suicídio. Mais pessoas morrem através de suicídio do que de homicídio na América e a taxa de homicídios em si é alta.

Então, a realidade é que avanço tecnológico e modernização não trouxeram paz interior e tranqüilidade. Ao contrario, apesar do conforto que a modernização nos trouxe, estamos mais distantes da paz interior do que nossos ancestrais.

Portanto, observamos que todos os fatores que o ser humano busca para alcançar a felicidade fazem parte de sua vida, porém não constituem a felicidade verdadeira e plena. Lemos no Alcorão Sagrado: Aos homens foi enfeitado o amor aos desejos, entre mulheres, filhos, entesouramento de ouro e prata, os cavalos de raça, os rebanhos e os campos lavrados. Tal é o gozo da vida terrena, porém junto de Allah está o aprazível retorno. Dize: informar-vos-ei de algo melhor que isso? Para os que temem a Allah haverá, junto ao seu Senhor, jardins abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente, pares puros e agrado de Allah. E Allah dos servos é Onividente (03:14-15).

A riqueza, a família, os filhos, a satisfação dos prazeres, a liderança, a fama, a beleza, a força física, entre outros fatores, tudo isso é tido como referência para a felicidade, porém não é a felicidade que satisfaz o ser humano plenamente, porque tudo isso está sujeito ao fim que Allah determinou a todas as coisas nesse mundo.

Cada um de nós aguarda o fim de cada uma dessas coisas um dia, ou nós com certeza o deixaremos antes do seu fim com a morte, então às vezes pensamos que devemos nos apegar a essas posses e qualidades e aproveitá-las antes que terminem. Cada um de nós está sujeito à doença depois da saúde, à velhice depois da juventude, à pobreza depois da riqueza, e à morte depois da vida, talvez escapemos das três primeiras, porém da morte ninguém escapará.

Por isso, dentre as várias descrições da verdadeira felicidade no Paraíso, o Profeta Muhammad (saas) disse: “Quando o povo do Paraíso entrar nele, uma voz irá bradar: “Terão saúde plena e jamais adoecerão, terão vida e jamais morrerão, terão juventude e jamais envelhecerão, e terão pleno deleite e jamais serão infelizes. Este é o (significado) do dizer de Allah: E bradar-se-lhes-á: Este é o Paraíso que vos fizeram herdar, pelo que fazíeis (7:43)”” (relatado por Musslim).

Queremos desfrutar ao máximo da saúde que temos antes da doença, queremos aproveitar a juventude antes da velhice, imaginando que a felicidade está no desfrutar da vida, quando na verdade, na vida terrena temos felicidade passageira, e a verdadeira felicidade está reservada a um grupo de pessoas para a eternidade depois da morte. E felicidade na vida mundana que é sucedida de tormento, castigo e condenação, seja ainda no mundo ou depois na Vida Eterna, esta felicidade não tem valor algum quando analisada de maneira abrangente, quando observada em seu presente e em seu futuro, em sua ocorrência e em sua conseqüência. Fomos informados dessa realidade em vários versículos do Alcorão:

Cada alma experimentará a morte. E, apenas, sereis recompensados no Dia da Ressurreição com vossas recompensas. Então, quem for afastado do Fogo e introduzido no Paraíso, com efeito, terá triunfado. E a vida terrena não é senão prazer ilusório (03:185).

Allah estende o sustento a quem quer, e restringe-o. E eles se alegram com a vida terrena. E a vida terrena, ao lado da Derradeira Vida, não é senão prazer transitório (13:26).
Ó meu povo. Esta vida é, apenas gozo (transitório). E, por certo, a Derradeira Vida é a Morada da permanência (eterna) (40:39).

Então, o que quer que vos seja concedido é, apenas gozo da vida terrena. E o que está junto de Allah é melhor e mais permanente para os que creem e confiam em seu Senhor. E os que evitam os grandes pecados e as obscenidades e que, quando irados, perdoam. E os que atendem ao seu Senhor, e cumprem a oração... (42:36-39).

Esta é a felicidade real que almejamos, a felicidade para todo o sempre. Quem tem esta convicção e vive segundo esta crença, vive feliz independente de sua situação em todos os aspectos da vida, seja o aspecto financeiro, físico, familiar, entre outros aspectos, porque este indivíduo sabe que o que prevalece é a situação da Vida Eterna. Desta maneira, a felicidade verdadeira se forma mais de valores do que de matéria. Se forma de crença em Deus e na Vida Eterna, estar satisfeito com Deus como Senhor, seguir os Seus mandamentos, adorar somente a Ele, agradecer a Ele, desejar o bem para as pessoas, fazer a benfeitoria a elas. Estes valores motivam ações que cultivarão a satisfação e a felicidade no coração do ser humano.

Podemos tomar como exemplo o contentamento com o que temos na vida, estarmos convicto com o que possuímos. A convicção é uma qualidade que traz segurança e paz ao indivíduo. É narrado um ditado que diz: “A convicção é um tesouro interminável”.

E o profeta Muhammad (saas) aconselhou: “Observe quem está abaixo de vós e não quem está acima de vós (em riqueza e dádiva), pois será melhor para que não neguem a graça de Allah sobre vós”. Levando isso em consideração, aprenderemos a ser convictos e a não cobiçar o que não temos em nossas mãos... “quem observar no assunto da vida terrena quem está abaixo dele e no assunto da vida Eterna quem está acima dele Deus o registrará perseverante e agradecido. E quem observar no assunto da vida terrena quem está acima dele e no assunto da vida Eterna quem está abaixo dele Deus não o registrará perseverante e nem agradecido”.

Um homem foi até um sábio para reclamar a miséria na qual vivia. O sábio lhe disse: Te agrada ser cego e em troca, ter dez mil moedas? O homem disse: Não. O sábio, então, continuou: Te agrada ser mudo e em troca, ter dez mil moedas? O homem disse: Não. O sábio acrescentou: Te agrada ser débil mental e em troca, ter dez mil moedas? O homem disse: Não. O sábio ainda acrescentou: Te agrada ter as mãos e as pernas amputadas e em troca, ter vinte mil moedas? O homem disse: Não. O sábio concluiu:  "Não tens vergonha de reclamar a Deus e Ele tem contigo dádivas que valem cinqüenta mil moedas. O homem reconheceu o quanto era grande a dádiva de Deus para com ele, e viveu agradecendo a Deus, se contentando com a sua situação sem reclamar a ninguém".

Por isso, quem tem crença e age de acordo com esta crença, vive uma vida real e verdadeira. E quem não tem crença vive virtualmente, seu corpo vive, porém perde o rumo do coração, e suas alegrias são ilusórias ou passageiras.
Observamos que Allah, exaltado seja, deu diferentes denominações à vida de dois indivíduos:

1- A vida de quem é crente e conhece o objetivo da vida e a sua verdadeira missão nela.

2- A vida de quem é descrente e tem na vida mundana toda a sua satisfação e todos os seus objetivos.
Sobre a vida do crente, disse: A quem praticar o bem, seja homem ou mulher, e for crente, lhes concederemos uma vida agradável, e os premiaremos com uma recompensa, de acordo com a melhor das suas ações (16:97).

E sobre a vida do descrente, disse: Quem desdenhar a Minha Mensagem, levará uma sobrevivência atormentada, e o faremos comparecer, cego, no Dia da Ressurreição (20:124).

Portanto, chamou a vida do descrente de sobrevivência. E denominou a vida de quem crê e faz as boas ações de vida real. E quem vive realmente, é realmente feliz e o será na Vida Eterna. E quem sobrevive, tem felicidade passageira e ilusória e será infeliz na Vida Eterna. Então, devemos observar de que grupo fazemos parte. Devemos perguntar a nós mesmos: Nós vivemos ou sobrevivemos? Para termos a resposta basta observar para que vivemos:

- Vivemos apenas para a vida mundana? Se a resposta for sim, então somos sobreviventes. E os aspectos de felicidade que o homem procura, a riqueza, a satisfação dos prazeres, a vaidade, entre outros, são as referências para a felicidade de quem apenas sobrevive.

- Ou vivemos para a Vida Eterna? Se a resposta for sim, então somos vivos na vida mundana e para a eternidade e nosso sentimento de felicidade jamais acabará.

Estas são algumas reflexões sobre a felicidade que tanto almejamos na vida presente e na Vida Eterna... Dize: Com o favor de Allah e com a Sua misericórdia, então, com isso é que devem se alegrar, isso é melhor que tudo quanto juntam (10:58).

BISMILLAH AL-RAHMAN AL-Rahim•Wassalatu Wassalamu Ala Ashraful Mursaleen Allahumma Sali Ala Muhammad ua Aali Muhammad. Imploramos a ALLAH (SW), que nos ajude, nos dê uma boa orientação para o benefício do Islã e dos muçulmanos, corrigindo nossos trabalhos, nossas intenções e nossas ações.

Agradecemos a ALLAH (SW) que é o único Senhor do universo.

Que ALLAH (SW), aceite este trabalho, nos dando uma boa recompensa nesta vida e na outra. Principalmente às pessoas que nos precederam nesse trabalho e nos serviram como orientadores! Subhanna Allah!(Louvado Seja Allah(SW).

"Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele." 8:24
Salam Alaikum Ua Rahmatullah ua Barakatu


por: Sheikh Ahmad Mazloum
Fonte: www.islam.com.br
Hamza Abdullah Islam - O menor dos servos de Allah SW

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