sexta-feira, setembro 25, 2015

O que são a Caaba e a Pedra Negra?

Por: M. Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. 

A primeira coisa a deixar claro é que nenhuma das duas coisas se adora no Islão. Os muçulmanos, única e exclusivamente, adoram Deus (ár. Allah). A Caaba é o lugar de adoração que foi construído, há quase 4000 anos, por Abraão e seu filho Ismael, a paz esteja com eles, por ordem de Deus. 

Esta construção foi feita de pedra, onde foi o lugar original de um santuário estabelecido por Adão, a paz esteja com ele. Deus ordenou a Abraão, a paz esteja com ele, que convocasse toda a humanidade para direção: a prostração tem valor em  direção a qualquer ponto do edifício. O peregrino põe a sua mão quando foram varridos todos os véus que entorpeciam a razão do ser humano, quando renunciou completamente a todo o desejo de poder, de impor as nossas fantasias a uma realidade que não depende de nós para se concretizar.

Os peregrinos humilham-se perante Deus, deixam de ser átomos separados e, por uns instantes, vivem a reconstrução cosmológica do Universo a partir de um acendido ponto de Luz. Peregrinar é, para um muçulmano, morrer para o espaço e para o tempo, pois uma vez que o viajante chega à orla do mundo e se funde na corrente vertical do seu eixo, o Criador recebe-o no Seu oceano de Paz..

Um bósnio caminha 6000 km até Meca O seu exemplo serve para voltar a recordar a importância de um hajj mais ecológico 07/11/2012 - Autor: Arwa AburawaFonte: GreenProphet No ano passado escrevi sobre a incrível história de dois muçulmanos sul-africanos que tinham viajado de bicicleta até Meca. Então pensei que pouco mais podia fazer-se para superar este facto, mas enganei-me. Um homem de origem Bósnia, de 47 anos, caminhou todo o trajeto desde o seu povo à cidade santa de Meca. Com apenas 200 euros no seu bolso, afirmou que com este escasso orçamento não podia fazer a peregrinação de outro modo. Senad Hadzic caminhou entre 20 e 30 quilômetros por dia e cruzou seis países e chegou à Arábia Saudita na semana passada, a tempo para o Hajj. Isto é o que chamo uma peregrinação verde!«Dormi em mesquitas, colégios e outros lugares, como os lares que me ofereceu a boa gente”, explica Hadzic no vídeo do YouTube. “Alguns perguntam-se se senti medo enquanto passava por sítios perigosos, mas porque deveria tê-lo… Deus está comigo». Hadzic levava uma cópia do Alcorão, 
Obrigado. Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy - 24/09/2015.

TEMA DA SEMANA: MEUS DESEJOS, MINHAS PAIXÕES... MINHA PERDIÇÃO. Primeira Parte.

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) 

Louvado seja Allah, Sustentador, Criador e Senhor do Universo. Que a Paz e as Bênçãos de Allah estejam com Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), com sua família e com seus companheiros. Que a Paz e as Bênçãos de Allah estejam com todos os Profetas que vieram trazer a mesma mensagem: “Não há outra divindade senão Deus” – “Lá ILAHA ILA LLAHA”. 

O nosso corpo é uma máquina perfeita quando é bem tratada e alimentada. Tal como as plantas que não resistem e até morrem quando são regadas em demasia, também o corpo humano acaba por sofrer devido a excessos de comida e de bebidas. Quando ultrapassamos certos limites, o corpo ressente-se e adoece, trazendo complicações para a nossa vida terrena. Mais grave do que a doença do corpo, é a doença da alma, porque dependerá do estado dela para a determinação do nosso futuro, na vida eterna. Se não tivermos disciplina para refrearmos os desejos nocivos, estaremos na companhia dos desencaminhados. “Ao contrário, quem tiver temido o comparecimento ante o seu Senhor e se tiver refreado em relação à luxúria, terá o Paraíso como abrigo”. Cur’ane 79: 40 e 41. 

O Islam recomenda uma vida equilibrada de modo que o corpo e a alma possam ser adequadamente alimentados. O corpo deve manter-se forte (é melhor um corpo saudável do que um corpo debilitado) e a alma deve ser fortificada com fé e muitas boas acções. Allah Subhanahu Wa Ta’ala criou o ser humano e naturalmente lhe concedeu o desejo. Também Allah com a Sua infinita Sabedoria, concedeu-nos a faculdade para distinguirmos o bem e o mal. 

Não basta só o conhecimento para sabermos escolher o que é o bom ou o mal. Outros com sabedoria, mas conduzidos pela luxúria e pelas paixões dos desejos, seguem o caminho da perdição, porque não temem a Deus. Ao colocarem a luxúria e os seus desejos acima de tudo e de todos, passarão a ser escravos das suas próprias paixões. “Não tens reparado naquele que idolatrou os seus vãos desejos...”. Cur’ane 45.23. Com a fé em Deus, com os ensinamentos do Seu Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), com a paciência, com o temor a Deus e com a esperança na Misericórdia Divina, saberemos satisfazer os nossos desejos sem prejudicar a nossa alma. 

São legítimos os desejos para termos uma mulher / marido, uma família, um bom emprego, uma boa casa e uma alimentação adequada, desde que os direitos dos outros não sejam prejudicados. “O que Allah deixou para vós (depois de terem dado os direitos aos outros) é mais vantajoso para vós...”. Cur’ane 11:86. A satisfação do desejo entre o homem e a mulher é balizada através do casamento, um meio também para a constituição da família. Após as longas horas diárias à procura do sustento, o ser humano encontra a tranquilidade no seio da família. O relacionamento adúltero só origina conflitos, desgraças e até filhos que crescerão sem o adequado apoio parental. O Profeta José – Youssuf , que a Paz de Deus esteja com ele, quando escravo, foi tentado pela mulher do “seu dono” e ele disse: 

“Procuro protecção em Allah! ele (o seu marido) é meu amo e acolheu-me condignamente.” Cur’ane 12:23. 

O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu que existe uma recompensa no relacionamento íntimo entre o marido e a esposa, porque se um deles satisfizesse os seus desejos fora do casamento seria um grave pecado. Muslim. Também disse Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) que o inferno está cercado por todos os tipos de prazeres, desejos e paixões (fáceis de se obter), enquanto o Paraíso está cercado por todos os tipos de acções que exigem esforço e trabalho árduo para se conseguir entrar. 

Dois exemplos de como a liberdade de escolha que Deus nos concedeu, nos podem aproximar ou afastar Dele. Com o excedente das nossas capacidades financeiras podemos ajudar a construção de fontenários, mesquitas, escolas e orfanatos. 

Enquanto essas obras perdurarem, estaremos a ser agraciados e recompensados por Deus, mesmo depois da nossa morte. Se utilizarmos esses excedentes para a satisfação dos desejos mundanos, como por exemplo a construção duma casa de diversão nocturna, seremos continuamente responsabilizados enquanto ela perdurar, mesmo após a nossa morte. 

Quando os desejos da imoralidade habitarem nos nossos corações, a fé enfraquece e tornamo-nos cegos. “Se não tiveres vergonha, farás o que te apetecer”. Deus deu liberdade ao ser humano para satisfazer os seus desejos de acordo com as suas intenções. No dia da Ressurreição, ninguém sairá defraudado, porque cada um colherá os desejos que plantou. 

In Sha Allah continua na próxima semana. 

ALLAHU NURO SAAMÁ WÁTI WAL ARDH. “ALLAH É A LUZ DOS CÉUS E DA TERRA”. “Wa ma alaina il lal balá gul mubin". "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 36:17. 

Cumprimentos 
Abdul Rehman Mangá 
24/09/2015

sexta-feira, setembro 18, 2015

A Vida do Profeta Abraão

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Abraão (Ibrahim), paz esteja com ele, não era Judeu nem tão pouco Cristão; mas era "hanif" (sincero e avesso a todos os credos falsos), e submetido à vontade de Deus (Muçulmano), e nunca foi politeísta. 

Na verdade, entre as pessoas, os mais achegados a Abraão, são aqueles que o seguiram, assim como (são) 
este Profeta (Muhammad) e os que (com ele) creem: E Deus é o Protector dos crentes. (Capítulo Al'Imran 
3:67-68).

O Profeta Abraão é um dos Profetas mais referidos no Alcorão e é distinguido por Deus (ár. Allah) para que dê um exemplo ao povo. Ele passou a mensagem de Deus ao seu povo que adorava ídolos e preveniu-os ara que temessem Deus. O seu povo não escutou os seus avisos, pelo contrário, ficaram contra ele. Quando a opressão das suas gentes aumentou de intensidade, o Profeta Abraão teve de partir, juntamente com a sua mulher, o Profeta Lut e alguns outros.

O Profeta Abraão descendia do Profeta Noé. O Alcorão diz também que ele seguia a Via de Noé: Que a paz esteja com Noé, entre todos os povos! 

Na verdade, assim Nós recompensamos os benfeitores. Pois ele era um dos Nossos servos crentes. Logo, afoga-mos os demais. Sabei que entre aqueles que seguiram a sua Via estava Abraão». (Capítulo As-Sáffat – 37:79-83).

No tempo do Profeta Abraão (paz esteja com ele) muitas das gentes que habitavam as planícies da Mesopotâmia adoravam os céus e os astros. O seu maior deus era "Sin", o deus-Lua. O deus-Lua era personificado num homem com longas barbas e trajando uma túnica enfeitada por uma lua em forma de crescente. Além disso, estas gentes elaboravam muitas esculturas e imagens destes deuses e adoravam-nas. 

Este era um culto deveras alargado que encontrara o seu local ideal no Médio Oriente, e portanto aí se mantivera por um vasto período de tempo. Os povos da região continuaram a adorar estes deuses até cerca de 00 A.C.. Como consequência deste culto, foram erigidas nas regiões que se estendiam da Mesopotâmia ao interior da Anatólia, construções conhecidas como "Zigurates", que eram utilizadas com locais de vigia e templos, e onde alguns deuses, como principalmente o deus-Lua "Sin", eram adorados.

Este credo, só revelado por escavações arqueológicas no presente, pode ser encontrado no Alcorão. Como mencionado no Alcorão, o Profeta Abraão (a.s.) recusou-se a adorar estas divindades e voltou-se unicamente para Deus, a única divindade verdadeira. No Alcorão, a conduta do Profeta Abraão a.s.) é relatada como se segue: «E recorda-te de quando Abraão disse a seu pai Azar: "Tomas tu os ídolos por deuses? Na verdade, eu vejo-te, a ti e ao teu povo em manifesto erro". E assim Nós mostramos a Abraão o reino dos céus e da terra, para que ele se contasse entre os persuadidos. 

Quando a noite se tornou negra, ele viu por cima e si uma estrela: ele disse: "Este é o meu Senhor". Mas quando esta desapareceu, disse: "Não amo as coisas que desaparecem". quando viu a lua levantar-se, disse: "Este é o meu Senhor". Mas quando esta desapareceu, disse: "A não ser que o meu Senhor me guie, estarei, certamente, entre as gentes perdidas".

Quando viu o sol levantar-se, disse: "Este é o meu Senhor: este é o maior". Mas quando este desapareceu, disse: "Ó meu povo! Estou, na verdade, libertado de tudo isso que associais ao Senhor. Eu volto a minha face para Aquele que criou os céus e a terra, como um hanif (monoteísta), e não me conto entre os idólatras"». (Capítulo Al-Anám – 6:74-79).

No Alcorão, o local de nascimento do Profeta Abraão e os locais onde viveu não são descritos detalhadamente. Mas é insinuado que, tanto o Profeta Abraão como o Profeta Lut, viveram em locais próximos na mesma altura. Pois os anjos enviados ao povo de Lut tinham anteriormente aparecido ao Profeta Abraão para lhe dar as boas novas da gravidez de sua mulher.

Uma questão importante relativa ao Profeta Abraão patente no Alcorão, que não é mencionada no Antigo Testamento, é a da construção da Caaba (ár. Ka'bah). No Alcorão, a Caaba é construída pelo Profeta Abraão e pelo seu filho Isma'il (paz esteja com eles). 

Na atualidade, o único facto que se conhece relativamente ao passado da Caaba é que esta é considerada um lugar sagrado desde tempos remotos. 

Portanto a colocação dos ídolos na Caaba durante a Idade da Ignorância (ou Obscurantismo), anterior ao Profeta Muhammad (Maomé), a paz esteja com ele, é consequência da degeneração e distorção da religião sagrada anunciada pelo Profeta Abraão.

O Profeta Abraão de acordo com o Antigo Testamento .O Antigo Testamento é provavelmente a fonte mais detalhada sobre o Profeta Abraão. De acordo com o relato, o Profeta Abraão nasceu por volta de 1900 A.C., na cidade de Ur, uma das mais importantes cidades daquele tempo, que ficava no sudeste das planícies da Mesopotâmia. Quando nasceu, o Profeta Abraão não foi chamado Abraão mas sim Abrão. O seu nome seria mudado por Deus (YHAWEH), mais tarde. 

Um dia, de acordo com o Antigo Testamento, Deus pediu a Abrão para se deslocar, deixando a sua terra e o povo, ir para um país indefinido e dar início a uma nova comunidade aí. Abrão, aos 75 anos, escutou isto 
e pôs-se a caminho com sua estéril esposa Sarai ─ que mais tarde é referida como "Sarah", que significa princesa ─ e seu sobrinho, Lut. Enquanto viajavam para a Terra Escolhida, ficaram em Harran por algum tempo, e depois continuaram a sua jornada. Quando chegaram ao reino de Canaan prometido por Deus, foi-lhes dito que este lugar havia sido escolhido especificamente para eles e dado a eles. Quando Abrão alcançou a idade de 99 anos, ele fez um acordo com Deus e o seu nome foi mudado para Abraão. 

Morreu aos 175 anos e está enterrado numa cave do Machpelah, perto da cidade de Hebron (el-Kaalil), situada na Margem Ocidental, que está sob ocupação de Israel, actualmente. Esta terra comprada pelo Profeta Abraão por uma certa quantidade de dinheiro, é a primeira propriedade sua e de sua família na Terra Prometida.

Local de Nascimento do Profeta Abraão, de Acordo com o Antigo Testamento foi sempre uma questão de debate. Enquanto os Cristãos e os Judeus dizem que o Profeta Abraão nasceu no Sul da Mesopotâmia, o pensamento prevalecente no mundo Islâmico é que o seu local de nascimento fica em redor de Urfa-Harran. Alguns novos achados mostram que as teses dos Judeus e Cristãos não refletem completamente a verdade.

Os Judeus e os Cristãos baseiam-se no Antigo Testamento para dizerem que o local de nascimento do Profeta Abraão fica no sul da Mesopotâmia. Após o nascimento do Profeta Abraão e criação na cidade, diz-se que ele foi para o Egipto e alcançou o Egipto ao fim de uma longa jornada na qual passou à volta de região de Harran, na Turquia.

Contudo, uma cópia do Antigo Testamento encontrada recentemente gerou sérias dúvidas acerca da precisão desta informação. Nesta cópia Grega do Séc. III A.C., que é considerada ser a mais antiga cópia do Antigo Testamento que foi encontrada, o nome da cidade de "Ur" nunca foi mencionado. Atualmente, muitos investigadores do Antigo Testamento dizem que a palavra "Ur" não é precisa no manuscrito ou no subsequente acrescentamento. Isto implica que o Profeta Abraão não nasceu na cidade de Ur, e talvez nunca tenha estado na região da Mesopotâmia durante a sua vida.

Além disso, devia saber-se que os nomes de algumas localidades, e as regiões que elas implicam, podiam ter mudado com o tempo. Assim há dois milênios atrás, a Mesopotâmia implicava uma região mais a norte, mesmo alcançando até Harran, e espalhando-se pelas terras Turcas. Contudo, mesmo se for aceite que a expressão planície da Mesopotâmia esteja implícita no Antigo Testamento esteja certa, seria incorreto pensar que a Mesopotâmia de dois milênios atrás e a Mesopotâmia de hoje sejam os mesmos locais.

Mesmo que haja sérias dúvidas e desacordos sobre a cidade de Ur, que é indicada como o local de nascimento do Profeta Abraão, há um consenso comum sobre o facto de que Harran e aquela região eram locais onde o Profeta Abraão viveu. Mais ainda, uma curta pesquisa feita sobre o Antigo Testamento indicaria alguma informação apoiando o facto de que o local de nascimento do Profeta Abraão foi Harran. Por exemplo, no Antigo Testamento, a região Harran é designada com a "Região de Aram" (Génesis, 11/31 e 28/10). Diz-se que aqueles que vieram da família do Profeta Abraão se apresentam como "filhos de um Arami" ─ (Deuteronómio, 26/5). A identificação do Profeta Abraão como um Arami mostra que ele viveu nesta região.

Nas fontes Islâmicas, há uma forte convicção de que o local de nascimento do Profeta Abraão é Harran e Urfa. Em Urfa, que é chamada a "cidade dos Profetas" há muitas histórias e lendas acerca do Profeta Abraão.

Porque foi o Antigo Testamento Alterado? O Antigo Testamento e o Alcorão descrevem dois diferentes Profetas chamados Abraão. No Alcorão, o Profeta Abraão é enviado para um povo idólatra como mensageiro. Seu povo adora os céus, as estrelas, a lua e vários ídolos. Ele luta contra o seu povo, tenta reverter as suas superstições e crenças, e inevitavelmente agita a inimizade de toda a sua comunidade, inclusive seu pai.

Atualmente, nada disso é mencionado no Antigo Testamento. O lançamento do Profeta Abraão ao fogo e a destruição dos ídolos da sua comunidade não têm lugar no Antigo Testamento. O Profeta Abraão é, em geral, representado como o antepassado dos Judeus no Antigo Testamento. É evidente que esta posição no Antigo Testamento é figurada pelos chefes da comunidade Judaica procurando trazer o conceito de "raça" à ribalta. Os Judeus que acreditam que são o povo escolhido eternamente e tornados superiores por Deus, deliberada e voluntariamente, alteraram o seu Livro Divino e fizeram aumentos e cortes de acordo com esta fé. Eis porque o Profeta Abraão é meramente figurado como antepassado dos Judeus no Antigo Testamento. 

Os Cristãos que acreditam no Antigo Testamento pensam que o Profeta Abraão é o antepassado dos Judeus, mas com uma só excepção; de acordo com os Cristãos, o Profeta Abraão não é Judeu mas sim Cristão. Esta posição dos Cristãos, que não ligavam ao conceito de raça tanto como os Judeus, causou o desacordo e lutas entre as duas religiões. Deus traz a seguinte explicação a estes argumentos no Alcorão: 
«Ó Povos do Livro! Porque disputais a respeito de Abraão, uma vez que a Tora e o Evangelho só foram revelados depois dele? Não compreendeis isto?Vós sóis os que disputais sobre aquilo de que apenas tendes algum conhecimento; então, porque disputais sobre aquilo de que não sabeis? E Deus sabe, e vós não sabeis.

Abraão não era Judeu nem tão pouco Cristão; mas era "hanif" (sincero e avesso a todos os credos 
falsos) e submetido à vontade de Deus (muçulmano), e nunca foi politeísta. 

Na verdade, entre as pessoas, as mais chegadas a Abraão são aquelas que o seguiram, assim como (o são) este Profeta (Muhammad) e os que (com ele) creem: e Deus é o Protetor dos crentes”». (CapítuloAl-Imran - 3:65-68).

No Alcorão, sendo muito diferente do que está escrito no Antigo Testamento, o Profeta Abraão é uma pessoa que avisou o seu povo para que temessem Deus e que lutou contra eles para esta finalidade. A partir da sua juventude, ele avisou o seu povo, que era adorador de ídolos, e aconselhou-os a desistirem dessa prática. O seu povo reagiu ao Profeta Abraão, tentando matá-lo. 

Tendo escapado desta malvadez do seu povo, o Profeta Abraão, finalmente, afastou-se destes eventos, emigrando.

Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 09/09/2015

quinta-feira, setembro 10, 2015

Os refugiados sírios às portas da Europa islamófoba

Os governos europeus demonstraram um profundo desprezo pelos seres humanos de qualquer parte do planeta Por: Ángel Álvarez Hernández - Fonte: Webislam - 28/08/2015 - Versão portuguesa: M. Yiossuf Adamgy.

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum ", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. 

Não é de estranhar que os refugiados sírios tenham batido contra uma cruel porta de mármore quando querem entrar na Europa. Os governos europeus demonstraram um profundo desprezo pelos seres huma-nos de qualquer parte do planeta. As suas palavras estiveram sempre cheias de hipocrisia e mentiras. Só os Estados Unidos se podem comparar em mesquinhez. 

Nem os meninos, nem as mulheres grávidas pesaram na consciência dos líderes ocidentais quando destruíram o Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria ou Líbano. 

Não doeu a consciência à França, quando fomentou a guerra civil na Líbia para negociar o controlo e os benefícios do gás, e não se comovem os líderes ocidentais com os massacres de muçulmanos em Myanmar, Cachemira ou República Centro Africana. 

O importante é colher o dinheiro e correr como lobos, repartir as fontes de riqueza e os recursos naturais sem importar o custo de vidas humanas. A imagem horrível da morte, a mutilação ou o trastorno mental das suas vítimas, não existe na retina dos líderes ocidentais. 

O desespero dos refugiados sírios não começou ontem, mas sim no dia em que um grupo de sinistros e elitistas executivos neoliberais desenharam um plano estratégico, para tirar do poder Bashar al-Asad e poder assim controlar a rota do petróleo e do gás, que iria desde o Golfo Pérsico até ao Estreito dos Dardanelos, para abastecer toda a Europa Central em prejuízo dos interesses das petroleiras russas. Naquele dia começou o pesadelo para milhões de sírios. 

Não quero dizer, com isto, que a oligarquia russa ou a burocracia do Partido Comunista chinês sejam melhores, mas pergunto-me quem alimentou, vestiu, treinou e pagou aos fanáticos e delinquentes que formam as diferentes bandas criminais que desgarraram a Líbia e depois a Síria, senão o ocidente e os seus aliados árabes. 

Pergunto-me quem fabricou falsas ONGs, para fazer credíveis mentiras e justificar bombardeios e invasões de países, senão o ocidente. 

Quem disse que havia armas nucleares no Iraque senão o ocidente. 

Quem tem invadido o maior país produtor de ópio do mundo senão o ocidente. 

O ocidente é o grande pesadelo dos esfomeados, órfãos e desterrados da terra. O ocidente ama o poder, o domínio e a riqueza. O ocidente é negligente e epicúrio, e para manter-se vivo necessita chupar o sangue das suas vítimas sem se importar se estas são gregas ou sírias. O ocidente não faz distinção entre idades, sexos ou cor da pele. O mesmo mata na Ucrânia e na Nigéria. O importante é controlar a produção de diamantes, petró-leo, gás ou cacau. E se para isso é necessário financiar revoluções laranja, golpes de estado ou assassinatos, faz-se e ponto, porque não é algo pessoal mas só um negócio, como diria a máfia. 

O fedor dos crimes do ocidente é tão intenso como o desespero dos deserdados que chamam à sua porta. A esta hora um alto executivo de Wall Street estará devorando o seu pequeno-almoço, repleto de vísceras e corpos verdes inchados nas águas do mediterrâneo, enquanto olha para a subida do Nível de Risco em algum triste país do sul da Europa. 

Deus diz no Alcorão: “Certamente, quem consome os bens dos órfãos injustamente, só está enchendo o seu ventre de fogo: pois na Outra Vida sofrerá um fogo abrasador” (4:10). 

Os bombardeios 'humanitários' sobre a Líbia não trouxeram a democracia e os direitos humanos mas milhares de mortos e a destruição de um país que não voltará, em gerações, a viver com a qualidade de vida que teve e que agora é um estado falido, (como a Somália ou o Afeganistão), onde imperam os tenebrosos senhores da guerra que traficam com o petróleo no mer-cado negro. Algo similar ao que fazem os terroristas do mal chamado Estado Islâmico. 

A grande mentira sobre a qual se justificaram todos estes crimes é o mal chamado jihadismo. Querem fazer-nos crer, os líderes ocidentais e europeus, que lutam contra algo que chamam terrorismo islâmico, mas na realidade só lutam pelo ouro negro, a riqueza e o poder, em bene-fício da oligarquia financeira internacional e complexo industrial militar. 

Disse o Profeta Muhammad (p.e.c.e.): "Se não tens vergonha, faz o que quiseres". 

E os líderes europeus e ocidentais há muito tempo que creem ter assassinado Deus, e portanto creem que podem fazer o que quiserem, porque ninguém lhes pedirá contas. O ocidente já não tem moral e a ética é só para os que a podem pagar. 

Um alto oligarca norte-americano disse uma vez: tenho a Deus na minha lista trabalhando para mim! E começou a financiar igrejas evangélicas fundamentalistas por toda a América latina. 

A fé dos crentes mais sensíveis foi adulterada e mani-pulada centenas de vezes ao longo da história. Em nome de Deus (ár. Allah) roubou-se, violou-se e assassinou-se. 

Dizem-nos que o culpado das guerras do Médio Oriente é o terrorismo islâmico, mas terrorismo e islâmico são termos incompatíveis. O culpado das guerras no Médio Oriente não é Deus, mas aqueles que manipulam a sua mensagem, para roubar, matar e violar. Roubar o petróleo, matar os homens e violar as mulheres, como se estivéssemos numa nova Idade Média ou como se nunca tivéssemos saído dela. 

O primeiro acto de islamofobia dos líderes ocidentais foi pretender reduzir o Islão a um conjunto de mitos e fábulas facilmente manipuláveis. 

O segundo delito foi que os líderes árabes acreditaram nos líderes ocidentais e venderam o seu Islão em troca de poder e fabricaram doutrinas assassinas para atacar e sa-quear países irmãos. 

O terceiro acto de islamofobia dos líderes ocidentais foi manipular a opinião pública dos seus países criando uma imagem distorcida dos muçulmanos e do Islão, para justificar guerras neocoloniais, recortar direitos sociais e gerar uma atmosfera anti Islão, onde tudo estava permitido. 

O quarto acto islamófobo dos líderes ocidentais e árabes foi lançar uns muçulmanos contra os outros, para que se matassem entre eles, e semear o ódio, a morte e a confusão com actos terroristas em mercados, mesquitas e bairros chiítas ou sunitas. 

O quinto acto islamófobo dos líderes ocidentais e ára-bes foi consentir o assassinato de pessoas no ocidente a mãos de terroristas que se diziam muçulmanos, para assim justificar a intervenção dos países europeus e ociden-tais no norte de África e Médio Oriente. 

O sexto acto islamófobo por parte das seitas criadas pelos líderes árabes foi justificar o genocídio, a limpeza étnica e o ódio contra todos aqueles que não eram muçul-manos, para controlar as rotas petroleiras. 

O sétimo acto de islamofobia por parte dos líderes árabes foi e é ter abandonado os seus irmãos da Ummah nas mãos de sionistas, em troca de mais riqueza e poder. 

O oitavo acto de islamofobia é a utilização do Islão para eliminar, encarcerar ou exiliar opositores. 

O nono acto de islamofobia é utilizar o Islão para domi-nar e controlar países. 

O décimo acto islamófobo dos líderes árabes é enfren-tarem-se entre eles para devorar as migalhas de poder que o ocidente lhes lança, como se fossem cães na mesa do seu amo. 

Vemos como os líderes árabes saqueiam países e jogam no mercado internacional da compra de dívida pública, sendo implacáveis. 

Deus disse no Alcorão: 

“Quando os hipócritas vêm a ti, eles dizem: 'Damos fé de que tu és, em verdade, o Enviado de Deus!' Porém, Deus bem sabe que tu és realmente o Seu Enviado; e Deus dá fé de que os hipócritas mentem na sua declaração de fé. Fazem dos seus juramentos uma coberta para a sua falsidade, e desencaminham-se da senda de Deus. Que péssimo é o que fazem!" (Alcorão, Sura Al-Munafiqun, 63: 1-2). 

Depois de tudo isto não é de estranhar que os refugiados sírios batam contra uma cruel porta de mármore, quando querem entrar na Europa. Para a extrema-direita é fácil ir buscar o voto anti Islão, só necessita agitar os vídeos dos grandes líderes árabes, vivendo de maneira epi-cúria e ostentosa, enquanto o povo sírio morre de fome e guerra. 

A extrema-direita tornou-se adita aos vídeos de delinquentes e fanáticos gritando que Allah é Grande e decapitando inocentes. A extrema-direita deveria dar gra-ças ao mal chamado Estado Islâmico, porque os seus crimes fomentam o voto ultra e a islamofobia. 

Só desta perspectiva se pode compreender que os neonazis possam recrutar cada vez mais jovens, para apedrejar centros de refugiados na Alemanha, ou que o governo eslovaco não queira dar asilo a refugiados muçulmanos.

A tempestade que semeamos 

06/09/2015, por João Mendes 

In: http://aventar.eu/2015/09/06/a-tempestade-que-semeamos/ 

Não vale a pena insistir no óbvio, muito se tem escrito sobre ele. Que é uma catástrofe humanitária, uma fuga desesperada de quem não tem mais para onde fugir e procura um mínimo de segurança para si e para os seus. Que a Europa, que se gaba por ser o bastião da paz, da solidariedade e da tolerância tem demonstrado enormes dificuldades em lidar com o problema, incapaz como de cos-tume de falar a uma só voz e poluída por sujeitos mesqui-nhos como Viktor Órban, o fascista a quem curiosamente a imprensa apelida de conservador – o facto de liderar um partido que pertence ao PPE será apenas uma coincidência – pois, como sabemos, radicais são os do Syriza. Que temos a sensibilidade de uma folha de Excel de um qualquer ministro das finanças pró-austeridade e que infelizmente ainda precisamos de ver a imagem de uma criança morta na praia para percebermos a dimensão apocalíptica da situa-ção. Sim, já todos sabemos isso. Não nos permitimos sequer não saber. 

Mas para além do óbvio comum, olhemos para o outro óbvio que muitos parecem ainda não ter entendido: depois de anos de exportação de violência para o Médio Oriente e Norte de África, o Ocidente estava à espera de quê? De se manter hermeticamente fechado para o problema en-quanto beneficiava do petróleo dos desgraçados, lhes vendia armas e para lá enviava as suas empresas de construção para reerguer aquilo que havia ajudado a pulverizar? Achava mesmo que podia continuar a treinar terroristas, a armar fanáticos e a patrocinar bombardea-mentos que pouco mais fazem do que beliscar os alvos reais, provocando ao invés a destruição de hospitais, escolas e das vidas daqueles cuja vida é já um pesadelo e que se transformam assim em presas fáceis para o recrutamento de soldados sem nada a perder, cegos e movidos pelo ódio, tudo isto sem consequências? 

Tal como o Iraque, também a Síria está pior, muito pior, do que quando a boa nova da democracia ocidental chegou. Como um cão obediente segue o seu dono, os es-tados europeus têm seguido os EUA nas suas invasões e outras violações de soberania, regra geral com o intuito de depor ditadores que já o eram no tempo em que eram recebidos com toda a pompa e circunstância em Washington, Londres, Paris ou Bruxelas. Apoiamos, directa ou indirectamente, intervenções no Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria e o que lá ficou depois dos mísseis da democracia ocidental foram infernos na terra onde impera a lei do mais forte e a arbitrariedade de quem ficou com as armas no dia em que os soldados da paz foram embora. 

O autoproclamado Estado Islâmico (EI) é o resultado mais visível desta política externa norte-americana apoiada pelo Velho Continente. Não é um exclusivo, ainda que as raízes do colonialismo ou o patrocínio de diferentes golpes de Estado tenham desempenhado o seu papel no passado, mas a verdade é que muitos combatentes do EI são dissidentes dos movimentos rebeldes que se fartaram de combater Assad pela libertação da Síria e passaram a combate-lo pela supremacia do fundamentalismo. Os tais que ajudamos a armar. E entre os que agora fogem é mais que certo existirem infiltrados jihadistas que se aproveitarão do desespero da maioria para trazer a violência e o radicalis-mo para o continente europeu e que terão nos indigentes, nos que sofrem às mãos de fundamentalistas como aqueles que governam a Hungria, terreno fértil para o recrutamento futuro que lhes permitirá expandir células terroristas que, como ervas daninhas, se multiplicarão pelas democracias ocidentais. 

Com tantos burocratas pagos a peso de ouro em Bruxelas, será que ninguém antecipou esta possibilida-de? É possível que não. Os burocratas de Bruxelas não são, em grande parte, melhores que os boys que dão a países como Portugal admiráveis experiências de gestão danosa. Por outro lado, nada fazia antever este cenário: os conflitos nos países de origem da maioria dos refugiados não sofre-ram agravamentos recentes que expliquem este boom mi-gratório e, apesar de tudo, fazer a travessia tem um preço, preço esse que os recursos praticamente inexistentes de sírios, afegãos, somalis ou iraquianos não podem pagar. E se não podem, de onde veio o dinheiro para pagar aos mercenários que transportaram mais de 100 mil pessoas nas últimas semanas? Terá sido o preço que o EI se predispôs a pagar para infiltrar uns quantos dos seus ou estaremos perante algo ainda mais obscuro? Seja como for, se nós, europeus, não estivermos à altura da situação, então o projecto de paz e solidariedade a que nos propu-semos estará oficialmente morto. Já chegaram os ventos que por lá ajudamos a semear. A tempestade que agora colhemos não é mais do que o fruto das opções políticas das pessoas que colocamos no poder. As nossas opções.

Quem não pretender continuar a receber estas reflexões, por favor dê essa indicação e retirarei o respectivo endereço desta lista. 

Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 09/09/2015 

quinta-feira, setembro 03, 2015

A cegueira da União Europeia face à estratégia militar dos Estados Unidos

Os responsáveis da União Europeia enganam-se completamente acerca dos atentados islamitas na Europa e as migrações para a União de gente fugindo das guerras. Thierry Meyssan mostra aqui que tudo isto não é a consequência acidental dos conflitos no Médio-Oriente alargado e em África, mas sim um objectivo estratégico dos Estados Unidos. or: Thierry Meyssan - ede Voltaire | Damasco (Síria) | 27 de Abril de 2015 - http://www.voltairenet.org/article187425.html.

Prezados Irmãos, 

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. Os dirigentes da União Europeia encontram-se subitamente confrontados com situações inesperadas. Por um lado, atentados ou tentativas de atentados perpetrados, ou reparados, por indivíduos que não pertencem a grupos políticos identificados; por outro lado um afluxo de migrantes, via mar Mediterrâneo, dos quais vários milhares morrem às suas portas.

Na ausência de análise estratégica, estes dois acontecimentos são considerados a priori como não tendo relação entre si e são tratados por administrações diferentes. Os primeiros recaem sobre os serviços de Inteligência e da polícia, os segundos sobre os serviços de alfândega e da Defesa. Ora, eles têm no entanto uma origem comum: a instabilidade política no Levante e em África.

Se os políticos da União Europeia tivessem viajado um pouquinho, não apenas no Iraque, na Síria, na Líbia, no Corno de África, na Nigéria e no Mali, mas também na Ucrânia, eles teriam visto com os seus próprios olhos a aplicação desta doutrina estratégica. Mas, eles contentaram-se em vir falar num prédio da Zona Verde em Bagda de, num palanque em Trípoli ou na praça Maidan de Kiev. Eles ignoram aquilo que as populações vivem e, a requisição do seu «Grande Irmão-big brother» fecharam muitas vezes as suas embaixadas de tal modo que se privaram de ter olhos e ouvidos no local. Melhor, eles subscreveram, sempre a requisição do seu «Grande Irmão», embargos, de modo que nenhum homem de negócios pudesse ir, nunca mais, até aos locais testemunhar o que acontecia por lá. 

Um número indeterminado de migrantes morreu no Mediterrâneo. Por vezes, as vagas depositam corpos nas praias italianas ou os controlos das alfândegas apreendem uma O caos não é um acaso, é o objectivo . Contrariamente ao que disse o presidente François Hollande, a migração de Líbios não é a consequência de uma «falta de acompanhamento» da operação «Protector unificado», mas o resultado pretendido por esta operação na qual o seu país desempenhou um papel de líder. O caos não se instalou porque os «revolucionários líbios» não se puseram de acordo entre si após a «queda» de Muammar el-Kadafi, ele era o objectivo estratégico dos Estados Unidos. E estes conseguiram atingi-lo. Não houve uma «revolução democrática» na Líbia, jamais, mas sim uma secessão da Cirenaica. Jamais houve uma aplicação do mandato da ONU visando «proteger a população», mas o massacre de 160.000 Líbios, três quartos dos quais civis, sob os bombardeamentos da Aliança (dados da Cruz-Vermelha Internacional).

Eu lembro-me, antes de me juntar ao governo da Jamahiriya Árabe Líbia, ter sido solicitado para servir de testemunha aquando de uma reunião em Trípoli, entre uma delegação dos EUA e representantes líbios. Durante esta longa reunião, o chefe da delegação dos EU explicou aos seus interlocutores que o Pentágono estava pronto a salvá- los de uma morte certa, mas exigia que o Guia lhe fosse entregue. Ele acrescentou que, quando el-Kaddafi estivesse morto, a sociedade tribal não conseguiria aceitar uma nova liderança antes de, pelo menos, uma geração,  o país seria então mergulhado num caos que jamais havia experimentado. Eu relatei esta conversação em numerosas ocasiões e não parei, desde o linchamento do Guia, em Outubro de 2011, de predizer aquilo que acontece hoje em dia.

A «teoria do caos»

Quando, em 2003, a imprensa norte-americana começou a referir a «teoria do caos», a Casa Branca ripostou evocando um «caos construtivo», insinuando que se iriam destruir estruturas de opressão para que a vida pudes-se fluir em liberdade. Mas jamais Leo Strauss, nem o Pentágono até então, haviam usado esta imagem. Pelo contrário, segundo les, o caos seria tal ordem que nada aí se pudesse estruturar, para além da vontade do Criador da Ordem nova, os Estados Unidos [3].

O princípio desta doutrina estratégica pode ser resumido assim: o modo mais simples para pilhar os recursos embarcação cheia de cadáveres. guerras do «Médio-Oriente Alargado», mas que são comandados por aqueles que, igualmente, comanditaram o caos nesta região. Nós preferimos continuar a pensar que os «islamitas» querem atacar os judeus e os cristãos, quando a imensa maioria das suas vítimas não são nem judias nem cristãs, mas muçulmanas. Com sobranceria, nós os acusamos de promover a «guerra de civilizações», quando o conceito foi forjado no seio do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos e é estranho à sua cultura [5].

- Nenhum dirigente europeu-ocidental, absolutamente nenhum, ousou publicamente considerar que a próxima etapa será a «islamização» das redes de distribuição de drogas como no modelo dos Contras da Nicarágua vendendo as drogas na comunidade negra da Califórnia com a ajuda e sob as ordens da CIA [6]. Nós decidimos ignorar que a família Karzai retirou a distribuição da heroína afegã à máfia Kosovar e a encaminhou para o Daesh (Exército Islâmico- ndT) [7].

Os Estados-Unidos jamais quiseram que a Ucrânia se junte à União As academias militares da União Europeia não estudaram a «teoria do caos», porque elas a isso foram interditas. Os poucos professores e pesquisadores que se aventuraram neste campo foram severamente sancionados, enquanto a imprensa qualificava de «conspiracionistas» os autores civis que a tal se interessavam.

Os políticos da União Europeia pensavam que os acontecimentos da praça Maidan eram espontâneos e que os manifestantes queriam deixar a órbita autoritária da Rússia e entrar no paraíso da União. Ficaram estupefatos aquando da publicação da conversa da subsecretária de Estado, 

Victoria Nuland, evocando o seu controlo secreto dos acontecimentos e afirmando que seu objectivo era o de «f...a União» (sic) [8]. A partir daquele momento, eles não compreenderam mais nada do que se estava a passar.

Se eles tivessem permitido a livre pesquisa em seus países, eles teriam percebido que, ao intervir na Ucrânia e aí ter organizado a «mudança de regime», os Estados Unidos asseguravam-se que a União Europeia permaneceria ao seu serviço. A grande angústia de Washington, após o discurso de Vladimir Putin na Conferência sobre a Segurança em Munique de 2007, é que a Alemanha perceba onde está o seu interesse: não com Washington, mas sim com Moscovo [9]. Ao destruir progressivamente o Estado Ucraniano, os Estados Unidos cortam a principal via de comunicação entre a União Europeia e a Rússia. Vós podeis virar e revirar, em todas as direções, a sucessão dos eventos, e não conseguireis achar-lhe um sentido diferente. Washington não deseja que a Ucrânia se junte à União, como o atestam as declarações da Srª. Nuland. O seu único objectivo é transformar este território numa zona de circulação perigosa.

A planificação militar do E.U.Eis-nos pois face a dois problemas que se desenvolvem muito rapidamente: os atentados «islamitas» apenas começaram. Os migrantes triplicaram no Mediterrâneo em apenas um único ano.

Se a minha análise for exata, nós vamos assistir ao longo da próxima década aos atentados «islamitas» ligados ao Médio-Oriente Alargado e à África, copiados como atentados «nazis» relacionadas com a Ucrânia. Descobriremos, então, 

[5] “O "choque de civilizações"”, Thierry Meyssan, Tradução Resistir.info, Rede Voltaire, 4 de Junho de 2004. [6] Dark Alliance, The CIA, the Contras and the crack cocaine explosion (Ing- «Aliança Maléfica, A Cia, os Contras e a explosão do tráfico de cocaina» - ndT), Gary Webb, foreword by Maxime Waters, Seven Stories Press, 1999. 7] «La famille Karzaï confie le trafic d’héroïne à l’Émirat islamique» (Fr- A Família Karzai e o tráfico de heroína para o Emirado islâmico» - ndT), Réseau Voltaire, 29 novembre 2014.[8] «Conversation entre l’assistante du secrétaire d’État et l’ambassadeur US en Ukraine» (Fr- «Conversa entre a assistente do secretário de Estado e o embaixador dos E.U. na Ucrânia» - ndT), par Andrey Fomin, Oriental Review (Russie), Réseau Voltaire, 7 février 2014.[9] “O carácter indivisível e universal da segurança global”, Vladimir Putin, Tradução Resistir.info, Rede Voltaire, 11 de Fevereiro de 2007.[10] O documento mantêm-se classificado, mas o seu conteúdo foi revelado em «US Strategy Plan Calls For Insuring No Rivals Develop» (Ing - «Plano Estratégico E.U. Exige a Certeza que Nenhum Rival se Desenvolva» - ndT), por Patrick E. Tyler, New York Times de 8 de março de 1992. O quotidiano publica igualmente extensos extractos na página 14: «Excerpts from Pentagon’s Plan: "Prevent the Re-Emergence of a New Rival"» (Ing - «Excertos do Plano do Pentágono: “Previna-se a Reemergência de um Novo Rival”» - ndT). Informações suplementares são publicadas em «Keeping the US First, Pentagon Would preclude a Rival Superpower» (Ing- «Mantendo os E.U. na Dianteira, o Pentágono Impediria um Rival como Superpoder» - ndT) por Barton Gellman, The Washington Post de 11 de março de 1992. [11] «Attaque contre l’euro et démantèlement de l’Union européenne» (Fr- «Ataque ao Euro e desmantelamento da União Europeia» - ndT), par Jean-Claude Paye, Réseau Voltaire, 6 juillet 2010.

Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 03/09/2015

quarta-feira, agosto 19, 2015

Bonito texto de Cat Stevens sobre a impossibilidade do terrorismo no Islão

O Profeta (p.e.c.e.) disse: “Que pereçam aqueles que insistem em dificultar a fé” e “Um crente permanece dentro dos limites da sua religião sempre e quando não matar ilegalmente uma outra pessoa”. 

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alai-kum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Desde os horríveis ataques terroristas levados a cabo na América, a especulação dos meios de comunicação em massa apontou o seu infame dedo acusador para os Muçulmanos e para o Mundo Árabe, o que significa ue o cidadão comum dos Estados Unidos e de outros aíses ocidentais tornou-se presa fácil dos fanáticos anti-religiosos. Que vergonha! 

Infelizmente, o último horror que feriu os Estados Unidos parece ter sido causado por pessoas do Médio Oriente, com nomes Muçulmanos. Uma vez mais, a vergonha. 

Isto alimenta o ódio por uma religião e por pessoas que nada têm a ver com tais eventos. Por este motivo, desejo explicar alguns dos elementos básicos sobre este nobre caminho a que chamamos Islão, antes que (Allah não o permita) um outro desastre aconteça e, da próxima vez, sejam provavelmente os Muçulmanos o alvo. 

Converti-me ao Islão há mais de 20 anos, durante um período de busca enquanto estrela pop errante. 


Encontrei uma religião que aliava a razão científica com a realidade espiritual, numa fé unificada, deveras afastada dos títulos de violência, destruição e terrorismo. 

Uma das primeiras coisas interessantes que aprendi no Alcorão foi que o nome desta religião (Içlam) provém da palavra Salam (paz). Longe de ser a mensagem etnocêntrica turco-árabe de que estava à 
espera, o Alcorão apresentava uma crença na existência universal de Allah, um Allah Único para todos. 

Não existe discriminação entre as pessoas: refere que podemos ser de diferentes cores e formar diferentes tribos, mas que todos somos humanos, e “as melhores pessoas são as que mais conscientes são de Allah”. 

Actualmente, enquanto Muçulmano, fui arrasado pelo horror dos recentes acontecimentos: o desdobramento da morte e a indiscriminada carnificina que temos testemunhado e que abalou a confiança da Humanidade em si mesma. O terror a esta escala afecta a todos neste pequeno planeta, e ninguém está livre das sequelas. Para além disso, devemos ter em mente que esta violência é quase quotidiana em terras muçulmanas: esta não deveria ser agravada por ataques vingativos sobre famílias e comunidades inocentes. 

Eu, tal como a maioria dos Muçulmanos, sinto que é dever esclarecer que estes actos, estas matanças 
incompreensíveis, nada têm a ver com as crenças Islâmicas. O Alcorão refere especificamente: “Quem mata uma pessoa sem que esta tenha cometido um crime ou semeado a corrupção sobre a Terra, é como se matasse toda a Humanidade. E quem salva uma vida é como se salvasse toda a Humanidade”. (Alcorão, 5:32). 

O Alcorão que os nossos jovens aprendem está repleto de lições sobre a história da Humanidade como um todo. O Injil (Evangelho), assim como a Tora, são também mencionados: ‘Issa (Jesus) e Ibrahim (Abraão), que a paz esteja com eles, são também mencionados. 

De facto, existem mais men-ções no Alcorão a Mussa (Moisés), que a paz esteja com ele, do que em qualquer outro Livro. O Alcorão reconhece a coexistência de outras religiões e, com isso, reconhece 
que outras religiões podem viver juntas e em paz. 

Allah diz: “Não é permitido obrigar alguém a acreditar” (Alcorão 2:256). Isto significa que as pessoas não devem ser obrigadas a mudar de fé. Do mesmo modo, diz também: “Vós tendes a vossa religião e eu a minha” (Alcorão 109:6). Apontar os valores religiosos e a justiça representam o centro do Alcorão. A história Alcorânica que ensinamos aos nossos jovens fornece vários exemplos de relações interreligiosos e internacionais de como viver em harmonia. 

Todavia, alguns extremistas pegam em fragmentos das escrituras fora do contexto. Agem de maneira individual e, quando não podem aparecer juntos como parte de uma estrutura política ou de um processo consultivo, estas fracções dissidentes criam as suas próprias regras, contrárias ao espírito do Alcorão, o qual exige que os que são reconhecidos como líderes dos Muçulmanos devem consultar-se mutuamente no que se refere aos assuntos da sociedade. No Alcorão, existe uma Sura inteira intitulada “A Consulta”. 

O bem-estar comum é essencial para a vida humana; por isso mesmo, existe um conceito que o Alcorão chama de Istihsan, e que significa “procurar o bem comum”. Mesmo quando o Alcorão pode determinar um parecer, supõe-se também que os estudiosos devem considerar as circunstâncias prevalecentes nesse momento. Por vezes, isso significa escolher o mal menor ou, inclusive, suspender a legislação, caso necessário: por exemplo, uma pessoa que rouba pão durante uma fome, não é tratada como um ladrão. 

Uma vez escrevi uma canção: “Onde brincam as crianças?”. A nossa simpatia e os nossos sentimentos transparecem para com as famílias de todos os que perderam a vida nesses trágicos actos de violência, assim como com todos aqueles feridos. Contundo, a vida deve continuar. As crianças necessitam ainda de brincar e as pessoas precisam viver e aprender mais sobre os seus vizinhos, para que a ignorância não origine mais fanatismo cego. A moderação é parte da fé; assim sendo, os que acusam as escolas Muçulmanas de fomentar o fanatismo, devem aprender um pouco mais sobre o Islão. 

O Profeta, sallallahu ‘alayhi wa sallam, disse: “Que pereçam os que insistem em dificultar a fé”; e “Um crente permanece dentro dos limites da sua religião sempre e quando não matar outra pessoa 
ilegalmente”. 

Tal conhecimento e palavras de orientação são urgentemente necessárias nos tempos presentes, para separar os factos da falsidade e para reconhecer a definição do que o último Profeta, sallallahu ‘alayhi wa sallam, fez sobre o que torna ou não uma pessoa representativa da fé que praticou e ensinou.

Quem não pretender continuar a receber estas reflexões, por favor dê essa indicação e retirarei o respectivo endereço desta lista.


Obrigado. Wassalam. 


M. Yiossuf Adamgy - 19/08/2015

03/07/2015 - Autor: Yusuf Islam (Cat Stevens) – Fonte: Blogue Océano Celeste — Versão portuguesa: M. Yiossuf Adamgy.