quarta-feira, dezembro 25, 2019

A morte não é o fim

"Nós nos encolhemos quando pela primeira vez uma criança nos pergunta: “O que significa morrer?” Temos dificuldades de falar, ou até mesmo de pensar, na morte de alguém que amamos."

Oito verdades bíblicas sobre a morte 

A morte é o inimigo em comum de todas as pessoas em todos os lugares. Quais são as respostas para as perguntas difíceis sobre a morte? Há vida após a morte? Será que voltaremos a ver nossos amados que morreram?

Enfrentando destemidamente a morte

Todos nós, em determinados momentos, talvez pouco depois do falecimento de um amigo ou pessoa querida, temos a sensação de um vazio no coração, um sentimento de solidão que toma conta de nós e que nos conscientiza da finitude da vida.

Com respeito a um assunto tão importante, tão cheio de emoções, onde podemos aprender a verdade sobre o que acontece quando morremos? Felizmente, parte da missão de Cristo aqui na terra foi libertar “aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte” (Hebreus 2:15). Na Bíblia, Jesus apresenta mensagens confortadoras, e responde claramente a todas as nossas perguntas sobre a morte e a vida futura.

A maneira que fomos feitos por Deus

Para entender a verdade sobre a morte na Bíblia, precisamos começar do princípio e ver de que maneira fomos feitos por Deus. “Então o Senhor Deus formou o homem [‘adam’, hebraico] do PÓ DA TERRA [‘adamah’, hebraico] e soprou em suas narinas O FÔLEGO DE VIDA, e o homem se tornou UM SER VIVENTE [‘ALMA’, hebraico]” (Gênesis 2:7).

Na Criação, Deus formou Adão do “pó da terra”. Ele tinha um cérebro em sua cabeça pronto para pensar; sangue em suas veias pronto para correr. Então, Deus soprou em suas narinas o “fôlego de vida”, e Adão se tornou “ser vivente” [em hebraico, ‘alma vivente’]. Note cuidadosamente que a Bíblia não diz que Adão recebeu uma alma; ao invés, diz que “o homem se tornou uma alma vivente”. Quando Deus deu o fôlego de vida a Adão, a vida começou a fluir de Deus. A junção do corpo com o “fôlego de vida” tornou Adão “um ser vivente”, “uma alma vivente”. Por essa razão, poderíamos escrever a equação fundamental do ser humano da seguinte maneira:

“Pó da Terra” + “Fôlego de Vida” = “Alma Vivente”

Corpo sem Vida + Fôlego de Deus = Ser Vivente

Cada um de nós tem um corpo e uma mente racional. Enquanto continuarmos a respirar, seremos seres vivos, alma vivente.

O que acontece quando uma pessoa morre?

Na morte reverte-se do processo criativo descrito em Gênesis 2:7: “O pó volte à terra de onde veio, e o espírito [fôlego de vida] volte a Deus, que o deu” (Eclesiastes 12:7).

A Bíblia frequentemente usa as palavras hebraicas para “fôlego” e “espírito” alternadamente. Quando as pessoas morrem, o corpo se torna “pó”, e o “espírito” (o “fôlego de vida”) retorna para Deus, que foi a sua fonte. Mas o que acontece com a alma? “Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus,… todas as almas são minhas;… a alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 28:3, 4, ARA).

A alma morre! Ela ainda não é imortal; ela pode perecer. A equação derivada de Gênesis 2:7, ao sermos feitos por Deus, faz o caminho reverso na morte:

“Pó da Terra” – “Fôlego de Vida” = “Uma Alma Morta”

Corpo Sem Vida – Fôlego de Deus = Um Ser Morto

A morte é a cessação da vida. O corpo se desintegra e se torna pó, e o fôlego, ou espírito, volta para Deus. Somos uma alma com vida, mas na morte, nos tornamos apenas um cadáver, uma alma morta, um ser morto. Logo, os mortos não estão conscientes. Quando Deus toma para si o fôlego de vida que Ele nos deu, nossa alma morre. Mas, como veremos mais abaixo, temos esperança com Cristo.

Os mortos sabem de alguma coisa?

Depois da morte, o cérebro se desintegra; ele não tem capacidade de saber ou relembrar de coisa alguma. Todas as emoções humanas cessam. “Para eles, o amor, o ódio e a inveja há muito desapareceram…” (Eclesiastes 9:6). Uma pessoa morta não fica consciente, por isso não percebe nada do que está acontecendo. Eles simplesmente não têm contato algum com os vivos: Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos nada sabem” (Eclesiastes 9:5).

A morte é como um sono sem sonho; na verdade, a Bíblia chama a morte de “sono” em 54 vezes. Jesus ensinou que a morte é como um sono. Ele disse aos Seus discípulos: “‘Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou até lá para acordá-lo’. Seus discípulos responderam: ‘Senhor, se ele dorme, vai melhorar’. Jesus tinha falado da sua morte, mas os seus discípulos pensaram que ele estava falando simplesmente do sono. Então lhes disse claramente: ‘Lázaro morreu’” (João 11:11-14).

Lázaro já estava morto por quatro dias quando Jesus chegou. Mas quando se dirigiram à tumba, Jesus provou que é tão fácil para Deus ressuscitar alguém dos mortos quanto é para nós acordar alguém que esteja dormindo. É muito confortador saber que nossos amados que já faleceram estão “dormindo”, descansando em paz na confiança em Jesus. O túnel da morte, que nós mesmos poderemos atravessar algum dia, é um sono calmo e paz absoluta.

Deus se esquece dos que estão dormindo o sono da morte?

O sono da morte não é o fim da história. Na tumba, Jesus disse a Marta, irmão de Lázaro: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá” (João 11:25). Aqueles que morrem “em Cristo” dormem na sepultura, mas ainda têm um futuro brilhante. Aquele que conta até mesmo os cabelos de nossa cabeça e que nos guarda na palma de Sua mão não se esquecerá de nós. Poderemos morrer e voltar ao pó, mas o registro de nossa individualidade permanece claro na mente de Deus. E quando Jesus vier, Ele acordará os justos mortos do sono da morte, da mesma forma que fez com Lázaro.

“Não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, par que não se entristeçam como os outros que não têm esperança… Pois dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.Depois nós, os que estivermos vivos, seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre. Consolem-se uns aos outros com essas palavras” (1 Tessalonicenses 4:13, 16-18). 

No dia da ressurreição, o túnel da morte se parecerá mais com um breve descanso. Os mortos não têm consciência do que está acontecendo. Aqueles que aceitaram a Cristo como seu Salvador, serão despertados do sono pela Sua maravilhosa voz vinda dos céus. E a esperança da ressurreição não é a única: temos também a esperança de um lar celestial no qual Deus “enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor” (Apocalipse 21:4). Aqueles que amam a Deus não precisam ter medo da morte. Além da morte está uma eternidade de vida plena com Deus. Jesus tem “as chaves da morte” (Apocalipse 1:18). Sem Cristo, a morte seria uma estrada de mão única que terminaria num estado total de esquecimento. Mas em Cristo há uma esperança gloriosa e radiante.

Somos seres imortais?

Quando Deus criou Adão e Eva, eles foram criados seres mortais, isso é, sujeitos à morte. Se tivessem permanecido obedientes à vontade de Deus, eles nunca teriam morrido. Mas quando pecaram, eles abriram mão de seu direito à vida. Pela desobediência, eles ficaram sujeitos à morte. O pecado deles infectou a raça humana inteira, e já que todos pecaram, todos somos mortais, sujeitos à morte (Romanos 5:12). E não há nenhuma pista na Bíblia de que a alma humana possa existir como uma entidade consciente após a morte.

A Bíblia nenhuma vez descreve a alma como sendo imortal, isso é, não sujeita à morte. As palavras gregas e hebraicas para “alma”, “espírito” e “fôlego” aparecem 1.700 vezes na Bíblia. Mas nem mesmo uma vez a alma, o espírito ou o fôlego humano é chamado de imortal. Atualmente, apenas Deus possui a imortalidade. 

“Deus… é… O ÚNICO QUE É IMORTAL” (1 Timóteo 6:15, 16).

As Escrituras deixam claro que as pessoas nessa vida são mortais: sujeitas à morte. Mas quando Jesus retornar, nossa natureza passará por uma mudança radical. Eis que eu lhes digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade” (1 Coríntios 15:51-53).

Como seres humanos, não somos imortais. Mas a segurança do cristão é que nos tornaremos imortais quando Jesus vier a segunda vez a essa terra. A certeza da promessa da imortalidade foi demonstrada quando Jesus irrompeu para fora de Sua tumba e: “Tornou inoperante a morte e trouxe à luz a vida e a por meio do evangelho” (2 Timóteo 1:10). 

A perspectiva de Deus sobre o destino humano é clara: morte eterna para aqueles que rejeitarem a Cristo e se apegarem a seus pecados, ou o dom da imortalidade quando Jesus vier para buscar aqueles que O aceitaram como Senhor e Salvador.

Enfrentando a morte de uma pessoa querida

Os medos com os quais naturalmente lutamos quando nos vemos em face da morte se tornam especialmente dolorosos quando alguém de quem gostamos morre. A solidão e o sentimento de perda podem ser dominantes. A única solução para a angústia causada pela separação de uma pessoa amada é o conforto que apenas Cristo pode dar. Lembre-se que nossos queridos estão dormindo, e que nossos amados que descansam serão ressuscitados por Jesus na “ressurreição para a vida” quando Ele vier.

Deus está planejando algumas reuniões maravilhosas. Os filhos serão devolvidos a seus pais, maridos e mulheres se entregarão a um terno e caloroso abraço. As separações cruéis da vida estarão terminadas. “A morte foi destruída pela vitória” (1 Coríntios 15:54). Alguns acham tão dolorosa a separação de seus queridos que morreram que tentam fazer contato com eles através de médiuns espiritualistas ou pessoas da Nova Era que se denominam canais de comunicação com os espíritos. A Bíblia nos dá um aviso muito especial sobre as tentativas de aliviar a dor da morte dessa maneira: 

Quando vos disserem: ‘Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram’, acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos?” (Isaías 8:19).

De fato, por quê? A Bíblia claramente revela que os mortos não têm consciência de nada. A verdadeira solução para a angústia causada pela separação das pessoas amadas é o conforto que apenas Cristo dá. Passar tempo se comunicando com Cristo é a maneira mais saudável para crescer durante os momentos de aflição. Lembre-se sempre que a próxima impressão consciente que virá aos que morrem em Cristo será o som da Segunda Vinda de Cristo despertando os mortos!

Enfrentando destemidamente a morte

A morte nos rouba praticamente tudo. Mas uma coisa que ela não pode tirar de nós é a confiança em Cristo, e Cristo pode colocar tudo de volta a seu lugar. A morte nem sempre reinará nesse mundo. O diabo, os ímpios, a morte, e o túmulo perecerão no “lago de fogo” que é “a segunda morte” (Apocalipse 20:14). Aqui estão quatro sugestões simples para enfrentar destemidamente a morte:

(1) Viva uma vida confiando verdadeiramente na esperança que Cristo dá, e você estará preparado para morrer a qualquer momento.

(2) Através do poder do Espírito Santo, seja obediente aos mandamentos de Deus, e você estará preparado para a segunda vinda, à partir da qual você nunca mais morrerá.

(3) Pense na morte como um curto tempo de sono do qual você será acordado pela voz de Jesus quando Ele vier a segunda vez.

(4) Aprecie a certeza que Jesus nos dá de que teremos um lar celestial com Ele por toda eternidade.

A verdade bíblica liberta uma pessoa do medo da morte porque revela a Jesus, o único que nem mesmo a morte conseguiu vencer. Quando Jesus entra em nossa vida, Ele faz nosso coração transbordar com paz:

“Deixo-lhes a paz; a Minha paz lhes dou… Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo” (João 14:27). 

Jesus também nos ajuda a lidar com a tragédia de perder alguém muito estimado. Jesus andou pelo “vale da sombra da morte”; Ele conhece as densas trevas que temos que atravessar. “Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, ele também participou dessa condição humana, para que, por Sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o Diabo, e libertasse aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte” (Hebreus 2:14, 15).

Dr. James Simpson, o grande médico que desenvolveu a anestesia, experimentou uma terrível perda quando seu filho mais velho morreu. Ele sofreu profundamente, como qualquer pai sofreria. Então, ele descobriu um caminho de esperança. No túmulo de seu amado filho, ele erigiu uma lápide e nela escreveu umas palavras que demonstravam Sua esperança e fé nas promessas de Jesus: “Apesar de tudo, Ele vive”. Isso diz tudo. Algumas vezes, uma tragédia pessoal pode aparecer repentinamente vindo do céu; apesar disso, Jesus vive! Nossos corações podem estar feridos; apesar de tudo, Jesus vive!

Em Cristo, temos esperança de vida após a morte. Ele é “a ressurreição e a vida” (João 11:25), e Ele promete: “Porque Eu vivo, vocês também viverão” (João 14:19). Cristo é nossa única esperança para a vida após a morte. E quando Cristo retornar, Ele nos dará a imortalidade. Nunca mais viveremos sob a sombra da morte, porque teremos vida eterna. 

Fonte:Equipe Biblia.com.br

A inveja apodrece os ossos!

"O coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os ossos.(Provérbios 14:30)"

Por: Denis Versiani

Após um ano e pouco mais de um mês do êxodo do povo de Israel, a nuvem do Senhor se levantou para que o povo de Deus iniciasse a sua jornada em direção à terra prometida de Canaã. O povo havia passado cerca de um ano acampado aos pés do Monte Sinai, a fim de que Deus desse a eles a sua lei, e estabelecesse a Constituição de Israel como uma nação. Agora, o povo estava em grande expectativa pela herança que havia sido prometida a seus pais Abraão, Isaque e Jacó.

Então, Deus dá ordens a Moisés, e o povo de Israel levantou acampamento, e começou a jornada para a terra prometida. Mas, com o passar dos dias, a expectativa foi dando lugar ao cansaço, e muitos começaram a reclamar da longa jornada. No meio de Israel havia um grupo de pessoas de outras nacionalidades, que não tinham o verdadeiro temor do Senhor. Eles incitaram o povo ao levantar a voz com o desejo de comer as carnes que comiam no Egito.

Deus enviou juízos sobre a parte do povo que reclamava, e o povo ficou aterrorizado. Moisés, orou para que Deus cessasse os juízos que caíram sobre esse “populacho” (Números 11:1-3). Embora confiasse em Deus, o grande líder já estava sentindo efeitos profundos do estresse por causa do povo que estava se rebelando contra sua liderança. Sua estafa era tão profunda que Moisés chegou a pedir a morte.

Para ajudar a Moisés, Deus ordenou que ele designasse setenta anciãos para profetizar a Israel, a fim de que eles se arrependessem do seu pecado e se purificassem. Essa ordem, Deus deu diretamente a Moisés. Mas, parece que seus irmãos mais velhos Arão e Miriã ficaram um tanto enciumados.

Miriã e Arão começaram a criticar Moisés porque ele havia se casado com uma mulher etíope (heb. “cuxita”). Será que o Senhor tem falado apenas por meio de Moisés? – perguntaram. Também não tem ele falado por meio de nós? E o Senhor ouviu isso” (Números 12:1, 2).

Arão e Miriã eram tidos como líderes grandemente respeitados pelo povo. Arão participou da negociata de Moisés com o Faraó pela libertação de Israel. A sua linhagem foi instituída como a linhagem sacerdotal, os representantes diretos de Deus diante do povo. Miriã era muito sábia e firme nos princípios em que crescera. Tinha o dom da poesia e da música. Ambos foram dotados com o dom de profecia, e por determinação divina, estavam ligados a Moisés na condução do povo hebreu. “E pus diante de ti a Moisés, Arão e Miriã” (Miquéias 6:4). Então, por que eles demonstraram oposição contra Moisés, a ponto de influenciar parte do povo?

A sedição de Arão e Miriã ocorreu porque eles não tinham sido consultados na seleção dos setenta. Assim, os seus ciúmes se despertaram contra Moisés. Na organização desse conselho, entenderam que sua posição e autoridade haviam sido desprezadas. Consideravam que Moisés deveria consultá-los antes de realizar essa tarefa, pois criam que estavam no mesmo patamar de liderança de Moisés.

“Imediatamente o Senhor disse a Moisés, a Arão e a Miriã: Dirijam-se à Tenda do Encontro, vocês três. E os três foram para lá. Então o Senhor desceu numa coluna de nuvem e, pondo-se à entrada da Tenda, chamou Arão e Miriã. Os dois vieram à frente, e ele disse: Ouçam as minhas palavras: Quando entre vocês há um profeta do Senhor, a ele me revelo em visões, em sonhos falo com ele. Não é assim, porém, com meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Com ele falo face a face, claramente, e não por enigmas; e ele vê a forma do Senhor. Por que não temeram criticar meu servo Moisés?” (Números 12:4-8).

Arão e Miriã eram pessoas de oração e comunhão com Deus, mas Deus falava face a face apenas com Moisés; e foi diante dele que Deus fez passar toda a sua glória. Além disso, eles não estavam sentindo o peso da liderança que Moisés sentia. No auge da fadiga, consciente da sua fraqueza, fez de Deus o seu conselheiro. Arão, contudo, não confiava tanto em Deus como Moisés. Ele havia fracassado quando assumiu a responsabilidade de cuidar do povo no Sinai. Em vez de se manter firme, talhou um bezerro de ouro e condescendeu com um culto idólatra bem na frente do monte de Deus. Agora, em vez de alegre submissão a Deus, e gratidão pelo que eles haviam recebido, deixaram-se levar pelo desejo de exaltação própria.

Zípora não era cuxita (ou etíope); ela era midianita, descendente de Ismael, irmão de Isaque; portanto, descendente de Abraão. Esse foi um comentário racista da parte de Miriã, provavelmente porque ela possuía pele mais escura que os israelitas. Zípora era adoradora do mesmo Deus. O capítulo 18 de Êxodo, descreve Jetro em visita à Moisés vendo o excesso de atividades que ele tinha e lhe questionando e aconselhando:

‘Quando o seu sogro viu tudo o que ele estava fazendo pelo povo, disse: “Que é que você está fazendo? Por que só você se assenta para julgar, e todo este povo o espera de pé, desde a manhã até o cair da tarde? ”
Moisés lhe respondeu: “O povo me procura para que eu consulte a Deus. Toda vez que alguém tem uma questão, esta me é trazida, e eu decido entre as partes, e ensino-lhes os decretos e leis de Deus”.
Respondeu o sogro de Moisés: “O que você está fazendo não é bom. Você e o seu povo ficarão esgotados, pois esta tarefa lhe é pesada demais. Você não pode executá-la sozinho. Agora, ouça-me! Eu lhe darei um conselho, e que Deus esteja com você! Seja você o representante do povo diante de Deus e leve a Deus as suas questões. Oriente-os quanto aos decretos e leis, mostrando-lhes como devem viver e o que devem fazer. Mas escolha dentre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, dignos de confiança e inimigos de ganho desonesto. Estabeleça-os como chefes de mil, de cem, de cinqüenta e de dez. Eles estarão sempre à disposição do povo para julgar as questões. Trarão a você apenas as questões difíceis; as mais simples decidirão sozinhos. Isso tornará mais leve o seu fardo, porque eles o dividirão com você. Se você assim fizer, e se assim Deus ordenar, você será capaz de suportar as dificuldades, e todo este povo voltará para casa satisfeito”.
Moisés aceitou o conselho do sogro e fez tudo como ele tinha sugerido.’ Êxodo 18:14-24

Assim, ele ajudou Moisés a organizar um sistema de governo representativo para o povo. Miriã se ofendeu com essa situação, e sentiu sua autoridade diminuída. Assim, aproveitou-se do seu preconceito para usar Zípora como argumento, e diminuir a autoridade de Moisés diante do povo. “Quem é Moisés para achar que é melhor que nós? Ele nem mesmo é casado com uma de seu sangue! Antes, preferiu se casar com uma etíope qualquer que nem faz parte da nossa linhagem”.

Moisés suportou tudo isso com muita mansidão, a despeito do seu cansaço. Nas quatro décadas de exílio em Midiã, cuidando dos rebanhos e aprendendo de Deus aos pés de Jetro, Moisés deixou o orgulho e a pompa de um príncipe do Egito para depositar toda a sua confiança no Senhor. Essa foi a chave para seu sucesso extraordinário como líder: a liderança servidora e a autoridade por influência.

Deus “guiará os mansos retamente, e aos mansos ensinará o seu caminho (Salmo 25:9). “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra” (Mateus 5:3, 5). “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e dele não esconde o rosto, e ser-lhe-á dada” (Tiago 1:5). Esta promessa é dada somente àqueles que estão dispostos a desconfiar de si mesmos e seguir inteiramente ao Senhor.

“Então a ira do Senhor acendeu-se contra eles, e ele os deixou. Quando a nuvem se afastou da Tenda, Miriã estava leprosa; sua aparência era como a da neve. Arão voltou-se para Miriã, viu que ela estava com lepra e disse a Moisés: Por favor, meu senhor, não nos castigue pelo pecado que tão tolamente cometemos. Não permita que ela fique como um feto abortado que sai do ventre da sua mãe com a metade do corpo destruída. Então Moisés clamou ao Senhor: Ó Deus, por misericórdia, concede-lhe a cura” (Números 12:9-13)! Depois de um doloroso processo de cura, Miriã foi readmitida no acampamento de Israel (v. 14-16).

A indignação de Deus manifestada sobre Miriã era um aviso para que todo o povo abandonasse essa rebelião. Se a inveja e descontentamento de Miriã não houvessem sido repreendidos de forma tão séria, poderia ser o fim de uma nação unida sob a mesma bandeira de Deus. Provérbios 27:4 diz que “o furor é cruel e a ira é impetuosa; mas quem parará perante a inveja?” Foi esse o sentimento que causou discórdia no céu e resultou na expulsão de um terço dos anjos criados. Foi esse mesmo sentimento que causou tanta desgraça para a raça humana.

Esse é um aviso para nós, sobretudo aquele de nós que estão acostumados com as redes sociais. Muitas vezes temos medo de falar mal na cara de alguém pessoalmente. Geralmente o fazemos pelas costas. Mas, nas redes sociais, as pessoas se sentem no direito de criticar, ridicularizar os outros e dizer #ésoaminhaopinião. Infelizmente, as redes tem transformado tolos em juízes. Por isso, não se esqueça: “Quem fala mal de um irmão e julga a seu irmão fala mal da lei, e julga a lei; e, se você julga a lei, você não é observador da lei, mas juiz” (Tiago 4:11).

Assumir a posição de juiz e julgar os outros de acordo com o seu ponto de vista é algo muito arriscado, porque você pode estar errado. Essa situação se agrava porque não nos atemos apenas em avaliar os fatos. Nos divertimos em julgar as motivações que vão no coração de quem está sendo acusado. Se você emite uma condenação sem as devidas evidências, você está trazendo para si a responsabilidade pela condenação dessa pessoa. Se você estiver errado, pela lei de Deus você vai ser julgado (Mateus 7:1-5), pois você está tomando para si uma prerrogativa judicial que pertence somente a Deus. Tome mais cuidado ainda ao acusar aqueles a quem Deus chamou para seu serviço, pois “nem mesmo os anjos, maiores em força e autoridade”, ousam falar contra eles (2 Pedro 2:10, 11). Portanto, não assuma um fardo tão pesado. Deixe que Deus, em seu amor e onisciência, julgue com sabedoria cada coração, pois a sua graça e a sua justiça são infinitamente maiores do que podemos medir.

O Nascimento de Jesus ( A S)

ميلاد عيسى عليه السلام (O Nascimento de Jesus ( A S))
Louvado seja Allah, o Único, o Absoluto, não gerou nem foi gerado e ninguém é comparável a Ele. Quando Ele quer algo diz-lhe: seja, e é. Prestamos testemunho de que não há outra divindade além de Allah, Único, sem parceiros.

Prestamos testemunho de que Mohammad é Seu servo e Mensageiro. Que Allah o abençoe e lhe dê paz, bem como aos seus familiares, seus companheiros e seus seguidores até o Dia do Juízo Final.

Os cristão do mundo comemoram o nascimento do Profeta Jesus (Que a paz de Deus esteja com ele) e vemos que é nossa obrigação conhecer os aspectos desse nobre profeta em nossa religião para que possamos convocar as pessoas para conhecerem a luz do Islam e sua abrangência. Que é a religião verdadeira que Allah revelou para a orientação de toda a humanidade.

Dentre os pilares da fé da nossa religião islâmica é que creiamos nos mensageiros Allah, exaltado seja, diz a respeito disso no final da Surata Al Bacará: “Todos os crentes creem em Allah, em Seus anjos, em Seus Livros e em Seus mensageiros. Nós não fazemos distinção entre os Seus mensageiros.”(1).

Essa ética divina é seguida por todo muçulmano. Ele visualiza todos os profetas e mensageiros com todo o respeito, porque todos foram enviados por Deus com uma só mensagem: o de adorarmos somente a Allah, e não Lhe atribuirmos parceiros. Portanto, são irmãos na convocação das pessoas para a senda de Deus.

Os muçulmanos olham para Jesus (Que a paz de Deus esteja com ele) com grande consideração. Ele o incluem entre os profetas e mensageiros enviados para a humanidade. É um dos cinco mensageiros resolutos: Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Mohammad.” (Que a paz de Deus esteja com todos eles).

Maria (Que a paz de deus esteja com ela), a mãe de Jesus é extremamente respeitada e amada na crença islâmica. Uma das suratas do Alcorão leva o nome de Maria, com 98 versículos, que fala sobre a vida dela, sua pureza, além de 83 versículos na Surata da Família de Imran (família de Maria) que mostra a verdade sobre ela e o seu filho (Que a paz de Deus esteja com eles). 

Allah a escolheu e a purificou. Ele diz: “Ó Maria, Allah te elegeu e te purificou, e te preferiu a todas as mulheres da humanidade!”(2).

Ela foi sincera em suas afirmações e procedimentos. Allah, Ta’ála, diz: “O Messias, filho de Maria, não é mais do que um mensageiro, do nível dos mensageiros que o precederam; e sua mãe era super sincera.” (3)

Áli Ibn Abi Tálib (que Allah o abençoe) relatou que o Rassulullah (Que Allah o abençoe e lhe dê paz) disse: “As melhores das mulheres são Maria, filha de Imran e Khadija, filha de Khuwailed.” (4)

Isso devido aos seus méritos. A Maria gerou um profeta, acreditou nele e cuidou dele. A Khadija, esposa de Profeta Mohammad (Que Allah o abençoe e lhe dê paz), nele acreditou e lhe deu apoio.

Abu Huraira (que Allah o abençoe) relatou que o Profeta (Allah o abençoe e lhe dê paz) disse: “Todo o filho de Adão é tocado pelos dedos de Satanás, menos Maria, filha de Imran e seu filho, Jesus (Que a paz esteja com ambos).” (5)

Abu Huraira costumava dizer: “Leiam quanto quiserem as palavras de Allah, o Altíssimo: ‘... ponho-a, bem como à sua descendência, sob a Tua proteção, contra o maldito Satanás.’” (6)

O nascimento de Jesus constitui em milagre, pois nasceu de mãe sem, o concurso de pai. Nasceu pelo Verbo: “Seja”. O verbo não é Jesus, mas com ele nasceu. Por isso, é denominado com o nome da mãe: Jesus, filho de Maria (Que a paz de Deus esteja com ele)

Allah, exaltado seja, diz: “E quando os anjos disseram: Ó Maria, Allah te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e no outro, e que se contará entre os próximos de Allah. Falará aos homens, ainda no berço, bem como na maturidade, e se contará entre os virtuosos.”(7). E diz: “O exemplo de Jesus, ante Allah, é idêntico ao de Adão, que Ele criou do pó; então lhe disse: Seja! e foi.” (8)

Relata-se que José, o carpinteiro, disse para Maria um dia: “Ó Maria, a planta pode brotar sem ter sido semeada?” Respondeu-lhe: “Sim. Quem primeiro criou as plantas?” Então perguntou: “Pode nascer alguém sem o concurso do macho?” Ela respondeu: “Sim. Allah criou Adão sem o concurso do macho e da fêmea.”

Jesus é Servo e mensageiro de Deus. Essa é a crença dos muçulmanos. Jesus nunca alegou que é filho de Deus. A primeira palavra dele ao falar no berço: “Sou servo de Deus”. 

Quem examina os Evangelhos atuais, apesar de não serem originais e não terem comprovações fidedignas, não encontra nada que atesta que o Messias (Que a paz de Deus esteja com ele) é Deus ou filho de Deus. Encontra vários textos que mostram que ele é ser humano e foi designado como humano ou filho de humano mais de setenta vezes nos Evangelhos. Os muçulmanos acreditam que Allah concedeu muitos milagres ao Messias. Allah diz no Alcorão Sagrado: “Apresento-vos um sinal do vosso Senhor: eis que plasmarei de barro a figura de um pássaro, ao qual alentarei, e a figura se transformará em pássaro, com o beneplácito de Allah; curarei o cego de nascença e o leproso; ressuscitarei os mortos, pela vontade de Allah, e vos revelarei o que consumis e o que entesourais em vossas casas. Nisso há um sinal para vós, se sois crentes.” (9)

Os muçulmanos acreditam que Jesus não foi morto nem foi crucificado, mas Allah estampou a figura dele em outro homem, que foi crucificado no lugar dele. Allah, exaltado seja, diz: “E por dizerem: Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Allah, embora não sendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram, mas o confundiram com outro.” (10)

Muitos cristãos, após o episódio da crucificação que foi o próprio Messias quem foi julgado e crucificado. Entre os que acreditaram nisso, estão os Corintos e os Basilienses.” Há nos Quatro Evangelhos muitas contradições a respeito do episódio da crucificação.

Irmãos muçulmanos: Nesse dia comemoramos o nascimento do Messias (Que a paz de Deus esteja com ele) e a consideramos uma boa oportunidade para convocarmos os nossos irmãos brasileiros para conhecerem o ponto de vista do Islam a respeito desse grandioso profeta. Peço a Allah que nos encaminhe para todo o bem. Todos vocês são responsáveis perante Allah mostrar esse ponto de vista islâmico porque Allah nos criou para isso.

Muitos nos perguntam se comemoramos o natal, e a resposta é não, justamente porque a própria data exata do nascimento de Jesus (as) não é conhecida e o 25 de dezembro é uma data pagã que foi transformada em data oficial, visto que no panteão dos deuses pagãos, a grande maioria dos “lideres” salvadores nasceram neste dia, sendo um total desrespeito ao mestre Jesus (as) que o comparemos com esses “ícones” pagãos, a exemplo de: Mitra (Pérsa) 1200 a.C. nasceu em 25 de dezembro; Horus (egípcio) 3000 a.C. que nasceu dia 25 de dezembro; Attis (Frígia – Roma) 1200 a.C., nasceu dia 25 de dezembro; Krishna (hindu – índia) 900 a.C, Nasceu dia 25 de dezembro; Herácles (Grécia) 500 a.C., nasceu em 25 de dezembro.

Conforme Eusébio de Cesaréia (265-339 d.C.), que foi o supervisor da doutrina cristã (entenda-se criação da Bíblia), nomeado pelo imperador Constantino, em sua “Preparação do evangelho”, ainda hoje publicado por editoras cristãs como a Baker House, escreve que ”às vezes é necessário mentir para beneficiar aqueles que requerem tal tratamento”. Ou seja, a falsidade era utilizada com objetivo de promover o cristianismo oficial. Pois necessitavam criar evidências a favor da estória que pregoavam. Além de que a Igreja passou mais de mil anos destruindo tudo que considerava contrário aos seus dogmas e interesses, só deixando o que lhe favorecia.

Sendo devido ao respeito ao Messias, e para cumprir a vontade de Allah de caminhar na senda reta, da justiça e verdade que não comemoramos essa data inventada e deturpada

Mas quero deixar claro que diferente do que muitos pensam, nós temos grande respeito ao Messias e principalmente ao que ele mesmo pregou.

Claro que sempre é importante a reflexão de paz, harmonia e bondade, mas que essas qualidades não se restrinjam a uma data como “símbolo” mas que sejam ações constantes na vida de um seguidor de Deus, independente de qual religião segue ou não. Conheço vários ateus e adeptos de outras crenças que demonstram no seu dia a dia mais amor e compaixão do que muitos religiosos.
"إِنْ أُرِيدُ إِلَّا الإِصْلاحَ مَا اسْتَطَعْتُ وَمَا تَوْفِيقِي إِلَّا بِاللَّهِ عَلَيْهِ تَوَكَّلْتُ وَإِلَيْهِ أُنِيبُ" صدق الله العظيم
Líder da mesquita de Anápolis GO :
Sheikh Dr.Nasser Sahim
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(1) (Alcorão Sagrado, 2:285)
(2) (Alcorão Sagrado, 3:42)
(3) (Alcorão Sagrado, 5:75).
(4) (Bukhári e Musslim).
(5) (Bukhári).
(6) (Alcorão Sagrado, 3:36).
(7) (Alcorão Sagrado, 3:45-46)
(8) (Alcorão Sagrado, 3:59).
(9) (Alcorão Sagrado, 3:49).
(10) (Alcorão Sagrado, 4:157).
A paz esteja convosco.

terça-feira, dezembro 24, 2019

POR QUE O CONSUMO DE PORCO É PROIBIDO NO ISLÃ (PARTE 2 DE 2): PORCO É IMPURO?


"Os porcos carregam doenças bacterianas, parasitas e vírus".

Na parte 1 discutimos a razão principal para os muçulmanos se absterem de consumir porco e derivados de porco e que é o fato de Deus ter proibido. Como o Criador da humanidade e de tudo que existe, Deus sabe o que é bom para nós e enviou orientação para nos capacitar a tomar decisões sábias. Assim como um computador não trabalha adequadamente se for programado de forma incorreta, um ser humano não é capaz de funcionar não se estiver alimentado corretamente. O Islã é uma religião holística que reconhece a interconexão de saúde espiritual, emocional e física. O que uma pessoa come e bebe tem influência direta em sua saúde e bem-estar gerais.

Os virólogos há muito tempo estão cientes de que o porco é um campo fértil ideal para a influenza e não é surpresa que a última ameaça, a gripe suína, tenha se originado em porcos. O microbiólogo e especialista em imunologia, Dr. Graham Burgess[1] diz: "Os vírus que normalmente se desenvolveriam em galinhas, podem potencialmente se desenvolver em porcos e os que se desenvolvem nos humanos, se desenvolverão potencialmente em porcos. Assim, consideramos o porco um grande caldeirão para vírus e nesse sentido pode desempenhar um papel importante na geração de novos vírus."

O porco é conhecido por carregar parasitas e também bactérias e vírus. A cisticercose é uma infecção causada pela tênia do porco, a tênia solium. A infecção ocorre quando a larva da tênia entra no corpo e forma cisticercos (cistos). Quando os cisticercos se encontram no cérebro a condição é chamada de neurocisticercose. Esse verme em porcos é encontrado no mundo todo, mas é mais problemático em países pobres e em desenvolvimento, nos quais os porcos podem circular livremente e com frequência comem fezes humanas. Essa infecção pode ocorrer até em países desenvolvidos e modernos, mas o CDC relata que é muito raro em países muçulmanos, onde o consumo de porco é proibido.[2]

A triquinelose, também chamada triquinose, é causada pelo consumo de carne crua ou mal cozida de animais infectados com a larva de uma espécie de verme chamadaTrichinella. A infecção ocorre mais comumente em certos animais carnívoros selvagens, mas também pode ocorrer em porcos domésticos. O CDC alerta que se um humano comer carne contendo os cistos infecciosos de Trichinella, o ácido no estômago dissolve a cobertura do cisto e libera os vermes.

Os vermes passam para o intestino delgado e em 1 a 2 dias ficam maduros. Depois do acasalamento, as fêmeas adultas colocam os ovos. Esses ovos se desenvolvem em vermes imaturos, viajam através das artérias e são transportados para os músculos. Dentro dos músculos os vermes se encaracolam em uma bola e encistam (se fecham em uma cápsula). Essa infecção ocorre quando esses vermes encistados são consumidos na carne. O número de casos de triquinelose em todo o mundo tem diminuído continuamente devido à conscientização dos perigos de comer derivados de porco crus ou mal cozidos e legislação proibindo alimentar os porcos com lixo composto de carne crua.[3]

Os porcos são onívoros, o que significa que consomem plantas e animais. Os porcos fuçam e comem qualquer tipo de alimento, incluindo insetos mortos, vermes, cascas de árvore, carcaças apodrecidas, lixo e até outros porcos. Os porcos têm poucas glândulas sudoríparas e, portanto, são incapazes de livrar completamente seus corpos de toxinas. Nova evidência indica que as práticas de criação estão levando diretamente à propagação de infecções bacterianas humanas.

Os porcos geralmente vivem em espaços pequenos e condições fétidas que existem muitas fazendas modernas e estudos estão revelando que os porcos frequentemente carregam bactérias resistentes a antibióticos. Essa bactéria resistente às drogas está agora entrando em nosso suprimento alimentar e investigações recentes nos Estados Unidos da América indicam que 49% dos porcos e 45% dos trabalhadores que lidam com porcos carregam agora essa bactéria responsável pela morte de mais de 18.000 pessoas nos EUA todos os anos.[4]

"Ele só vos vedou a carniça, o sangue, a carne de suíno..." (Alcorão 2:173)

"... porque certamente é impura." (Alcorão 6:145)

Os muçulmanos não consomem porco ou derivados de porco porque Deus proibiu. Entretanto, uma pequena investigação na anatomia e estilo de vida do porco revela que certamente é um animal impuro. Os interessados em consumir alimentos saudáveis, naturais e puros farão bem em se abster de porco e derivados de porco.

A paz esteja convosco.

POR QUE O CONSUMO DE PORCO É PROIBIDO NO ISLÃ (PARTE 1 DE 2): OBEDECENDO AS LEIS DE DEUS


Deus nos permite desfrutar de todas as coisas boas e lícitas e nos proíbe tomar parte naquelas coisas que são prejudiciais às nossas crenças, saúde, bem-estar ou moral.


O Islã é um modo holístico de vida, levando em conta o bem-estar físico, espiritual e emocional, partes separadas, mas sobrepostas da estrutura de um ser humano.  Deus nos criou com um propósito, adorá-Lo (Alcorão 51:56), mas não nos abandonou em um mundo de instabilidade e insegurança.  Ele nos deu um livro para orientação, o Alcorão, e o exemplo dos profetas e mensageiros para explicar que confiar em Deus era a forma de alcançarmos sucesso nessa vida e na vida futura.



Um muçulmano passa sua vida tentando agradar a Deus, adorando-O e obedecendo às Suas leis ou normas.  Uma dessas normas é que o consumo de porco ou de derivados de porco é proibido.



A princípio alguém pode se perguntar que mal pode vir do porco, um produto consumido em muitas partes do mundo, e o fato de que o porco contém parasitas e doenças prejudiciais ao homem pode vir à mente como uma razão justificável para a abstenção.  Entretanto, ao analisarmos por que os muçulmanos são proibidos de consumir porco, essa se torna uma razão secundária.  Os muçulmanos não consomem porco ou derivados de porco simplesmente porque Deus proibiu.



" Ele só vos vedou a carniça, o sangue, a carne de suíno e tudo o que for sacrificado sob invocação de outro nome que não seja de Deus. " (Alcorão 2:173)



Às vezes podemos nunca saber ou compreender por que Deus ordenou algumas coisas e proibiu outras.  No caso do porco, nenhuma razão específica para a proibição foi fornecida, exceto no Alcorão 6: 145 quando Deus diz, em referência à carne de suíno (porco): "porque certamente é impura". Um muçulmano se submete aos comandos de Deus espontaneamente, sem precisar da razão por trás da norma divina.  Além disso, Deus afirmou expressamente que um crente ouve as palavras de seu Senhor e as obedece.



"'Escutamos e obedecemos! ' E serão venturosos." (Alcorão 24:51)



"Não é dado ao crente, nem à crente, agir conforme seu arbítrio, quando Deus e Seu Mensageiro é que decidem o assunto.  Sabei que quem desobedecer a Deus e ao Seu Mensageiro desviar-se á evidentemente." (Alcorão 33:36)



Um crente entende que Deus é Sábio e Justo; portanto, Suas normas são designadas para nos beneficiar em nossas necessidades diárias, sejam físicas, emocionais ou espirituais.  O Criador sabe a melhor maneira para Sua criação viver nesse mundo e se preparar para o próximo.  Não é permissível para um muçulmano consumir porco sob quaisquer circunstâncias, exceto em casos de extrema necessidade como, por exemplo, se a vida da pessoa depender disso.  Em casos de necessidade extrema as coisas proibidas são permitidas.



Deus nos permite desfrutar de todas as coisas boas e lícitas e nos proíbe tomar parte naquelas coisas que são prejudiciais às nossas crenças, saúde, bem-estar ou moral.[1]  Consequentemente, os muçulmanos são profundamente cientes dos perigos de consumir coisas que são proibidas e, assim, fazem esforços conjuntos para buscar alimento permissível, mesmo que envolva esforço ou despesa extras.



Se um crente consumir porco sem saber ou por engano, não há pecado para ele ou ela.  Deus não pune ninguém por falta de conhecimento, erros não intencionais ou esquecimentos.  Entretanto, se um crente tem certeza ou acha que porco ou derivado de porco pode estar presente em seu alimento, bebida ou medicamentos, não é permissível para ele ou ela consumi-los.  Se tiver dúvidas deve fazer um esforço para perguntar sobre os ingredientes ou obter detalhes.[2]  Hoje em dia o conhecimento sobre ingredientes e o processo de fabricação estão disponíveis e a proibição se aplica tanto para pequenas quantidades de porco ou derivados, quanto para grandes quantidades.



Os eruditos do Islã diferem se a mudança ou não da forma de impureza (nesse caso, nos derivados de porco) remove a proibição.  A Organização Islâmica para as Ciências Médicas é de opinião que a mudança da forma (por exemplo, aditivos alimentares e medicinais) de modo que se torne algo diferente, remove a proibição.  Entretanto, não há dúvida ou diferença de opinião de que é proibido consumir carne derivada de porco, incluindo presunto e bacon.



O recente surto de gripe suína no México e América do Norte levou alguns países a abater porcos em massa. Entretanto, existe ampla evidência científica que sugere que os porcos carregam parasitas prejudiciais aos humanos e o porco há muito tempo tem sido considerado campo fértil ideal para a influenza.

sexta-feira, dezembro 20, 2019

Por que ofender Jesus é contra o Islão?

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Recentemente o canal humorístico “Porta dos Fundos” lançou, na plataforma Netflix, um “especial de Natal”, no qual satiriza a figura de Jesus Cristo (paz esteja com ele) e o retrata como homossexual, possuindo inclusive um parceiro.

Naturalmente, o vídeo chocou e provocou reações de repúdio em lideranças das diversas denominações cristãs; no entanto, houve também muçulmanos e entidades islâmicas demonstrando o seu descontentamento com o tal vídeo. Se o Profeta que trouxe o Islão é Muhammad (p.e.c.e.), por que então os muçulmanos se incomodaram com a satirização da liderança de uma outra religião?

Em primeiro lugar, mesmo se Jesus fosse um total estranho à tradição islâmica (e ele está bem longe disso), o Islão já não veria com bons olhos tal satirização, pois um muçulmano é obrigado a respeitar todas as religiões e seus símbolos sagrados, mesmo não concordando com eles. O Alcorão é muito claro quando diz: “e não insultem (aquilo) o que (os não muçulmanos) invocam além de Allah, excepto se eles insultarem Allah.”[6:108]. Assim sendo, o insulto a qualquer outra religião, a priori, vai diretamente contra as ordens do Alcorão.

Além disso, ao contrário do que muitos pensam, Jesus, (paz esteja com ele), é uma das figuras centrais do Islão, amado e respeitado por todos os que se dizem muçulmanos. Na visão muçulmana, ele é um Profeta e Mensageiro, alguém que foi enviado por Allah para trazer uma Mensagem Divina,uma revelação, e é citado diversas vezes no Alcorão e pelo Profeta Muhammad (s.a.w.). 

Sobre os Mensageiros, o Alcorão diz: “Todos os fiéis creem em Allah, em seus Anjos, seus Livros e em seus Mensageiros. Não fazemos distinção entre seus Mensageiros”. [2:285]. Isso significa que todos são amados igualmente, e são consideradas pessoas sagradas pelos muçulmanos. Toda a vez que o nome de um dos Mensageiros é dito, é da etiqueta islâmica dizer “aleihi salam”, que a paz esteja com ele, pelo respeito que lhes temos.

O Alcorão fala extensamente sobre Jesus (a.s.),narrando vários episódios da vida dele; alguns que estão no evangelho e outros que não estão. Os muçulmanos acreditam na pureza da Virgem Maria, no nascimento miraculoso de Jesus (a.s.) e nos milagres que lhe são atribuídos. Portanto, qualquer ofensa à sua figura é um delito grave na religião islâmica, tão grave quanto uma ofensa ao Profeta Muhammad (p.e.c.e.), e passível de total repúdio.

Reputar um Profeta como homossexual é, além de uma imprecisão histórica (não existe o menor indício dessa conduta por parte de nenhum deles), um pecado muito grave. A prática homo afetiva é considerada uma falta nas religiões abraâmicas, e, por princípio, na visão islâmica, os Profetas são incorruptíveis, eles são incapazes de pecar. Qualquer muçulmano que ache que Jesus (a.s.) tenha sido homossexual, está fora da religião.

Por fim, o Iqara Islam junta-se ao coro daqueles que repudiam o vídeo do “Porta dos Fundos”. 

Entendemos que estar num país laico não significa liberdade para satirizar figuras consideradas sagradas por uma grande parte da população, e por bilhões de pessoas no mundo inteiro. Quem reclama de intolerância e falta de respeito às minorias deveriam ser os primeiros a respeitar e exercer tolerância, pois, de outra forma, tudo se resume a um discurso vazio e hipócrita.

Obrigado. Wassalam (Paz).

M. Yiossuf Adamgy

Fonte: iqaraislam / Brasil

quarta-feira, dezembro 18, 2019

Meca para o Islam

A cidade de Meca é conhecida por ser um local sagrado para o Islam, o que se deve a uma série de fatores. Lá está erguida a Caaba, o templo sagrado construído pelos profetas Abraão e Ismael, e também é a terra de origem do Profeta Muhammad ﷺ

Em Meca, ocorreram vários acontecimentos sagrados que são de extrema importância para a fé islâmica. Não é à toa que dois dos cinco pilares sagrados do Islam estão ligados a esta cidade: a oração e a peregrinação. 

Todos os dias, os muçulmanos têm o dever de realizar cinco orações. Estas preces devem ser feitas em postura correta e a pessoa que estiver orando deve estar virada para a direção certa, que é chamada de qibla, e sua referência é a Caaba. 

Além disso, os muçulmanos que possuem condições de fazer a peregrinação à Meca devem fazê-lo pelo menos uma vez na vida. Lá, eles devem circundar a Caaba e fazer atos de adoração nas colinas de Safa e Mawra, além de beber as águas de Zamzam. 

Ao longo do tempo, a cidade de Meca ganhou uma grande infraestrutura para receber o número de muçulmanos que participam anualmente da grande peregrinação. No entanto, no princípio esta realidade era muito diferente. 

Na ocasião em que o Profeta Abraão caminhou pela região onde hoje está a cidade, Meca era apenas um deserto arenoso, onde os recursos necessários para a sobrevivência, como água e comida, eram bastante escassos. 

Com o passar do tempo, a cidade esteve na mão de diversas tribos e impérios. São muitos detalhes, no entanto, a história de Meca reflete parte importante da trajetória do Islam ao longo dos séculos. 

A fundação de Meca 

Meca não possui muitos registros históricos anteriores ao nascimento do Profeta Muhammad ﷺ, mas, para a tradição islâmica, a origem de seu povo remonta à linhagem que o liga ao Profeta Ismael, filho do Profeta Abraão. 

A cidade foi destinada por Deus a ser um local de adoração monoteísta. No Alcorão, Allah havia deixado clara a sua vontade de que o lugar fosse um destino da peregrinação dos muçulmanos. 

“E (recorda-te) de quando indicamos a Abraão o local da Casa, dizendo: Não Me atribuas parceiros, mas consagra a Minha Casa para os circungirantes, para os que permanecem em pé e para os genuflexos e prostrados. E proclama a peregrinação às pessoas; elas virão a ti a pé, e montando toda espécie de camelos, de todo longínquo lugar, para testemunhar os seus benefícios e invocar o nome de Deus, nos dias mencionados” (Alcorão Sagrado 22:26-28) 

No entanto, com o passar do tempo, o povo de Meca desobedeceu a Allah e, aos poucos, o local foi se tornando um território de idolatria e adoração a estátuas com imagens de deidades. 

Na época em que viveu o Profeta Muhammad ﷺ, a cidade estava sob o domínio da tribo coraixita, que era formada sobretudo por comerciantes que lucravam com diversas atividades, inclusive com a peregrinação, que naquela época era bastante praticada pelos politeístas. 

A cidade, além de ser um forte ponto comercial, também era um dos poucos lugares habitáveis na região do imenso deserto árabe, devido à presença de água nos poços de Zamzam. 

O local só resgatou sua origem monoteísta após ser conquistado pelo Profeta Muhammad ﷺ e seu exército de muçulmanos. Desde então, para proteger a cidade da influência dos idólatras, não é permitido que seguidores de outras religiões, a não ser do Islam, entrem na cidade. 

A partir dali, Meca se tornou conhecida pela sua importância para os muçulmanos e resgatou seu propósito de ser um local de peregrinação para adorar ao Deus único. 

O período dos califas 

Meca nunca foi a capital política de nenhum califado islâmico. Ao longo dos séculos, sua importância se manteve apenas como local sagrado. Durante o período do califa Abu Bakr, Umar e Uthman, a capital do estado islâmico ficou localizada em Medina. 

Naquele período, as mudanças em Meca foram poucas. Elas começaram a surgir no período de Umar. Cerca de 10 anos após a hégira, o Islam já havia crescido consideravelmente e a Caaba começou a ficar pequena para receber os peregrinos. Foi então que o califa decidiu comprar as casas em volta do templo e construiu pequenos muros na Mesquita al-Haram. 

Umar também chegou a fechar os poços de Zamzam durante o Hajj, mas depois mudou de ideia e reabriu a parte mais baixa e a mais alta do vale para receber os peregrinos. 

Após a morte de Umar, o seu sucessor, o califa Uthman conseguiu adquirir mais terras, aumentou o território que cercava a Caaba e construiu galerias em torno da Casa Sagrada. 

Sob o domínio do Califado Omíada, a cidade viveu períodos conturbados. Ao todo, foram dois cercos que causaram grandes prejuízos para a Meca. Estas batalhas foram causadas para decidir quem iria suceder o controle do califado. 

O primeiro deles foi no ano de 683, quando bombardearam a cidade com pedras durante a batalha entre as tropas do califado e Ibn Zubair, que arrasou Meca. Durante o cerco, a estrutura de madeira da Caaba foi incendiada e as estruturas da Casa Sagrada foram danificadas. 

No segundo cerco, Meca foi novamente bombardeada pelo general Hajjaj e, desta vez, a Caaba foi completamente destruída por causa da ofensiva. Novamente, a cidade havia ficado arruinada e precisou ser reconstruída durante o reinado seguinte. 

Meca Otomana no século XIX 

A partir de 920, um grupo sincrético religioso chamado de Carmatas começou a impedir a passagem dos peregrinos vindos do Iraque, da Síria e de outros cantos da arábia. Somente aqueles que vinham da direção do Egito podiam ir até a cidade sagrada. 

Em 930, a seita saqueou Meca e roubou a Pedra Negra da Caaba. O objeto sagrado desapareceu e ninguém soube qual era o seu paradeiro por 20 anos. Na época, o Califado Abássida controlava a cidade sagrada e este acontecimento marcou um grande constrangimento para os califas daquele período, pois o principal dever deles era permitir que os muçulmanos pudessem praticar a religião. 

Foi então que, em 950, um vassalo dos Abássidas no Egito chamado Abul Misque Cafur conseguiu recuperar a Pedra Negra, mediante o pagamento de um imposto aos membros da seita. 

Apesar de ter recuperado a Pedra Negra, o caso teve repercussão negativa, o que exigiu medidas que protegessem os peregrinos e a Caaba. Assim, a partir do ano de 964, foi selecionado um emir que ficaria responsável pelos assuntos relacionados à peregrinação, inaugurando o Xarifado do Hejaz. 

A forma como os emires eram selecionados variou de acordo com o império que estava no comando do Hejaz. Ele perdeu influência no ano de 1350 quando o Sultanato Mameluco do Egito tomou o controle da região, mas voltou a vigorar quando o Império Otomano reconquistou a costa oeste da arábia. 

No período Otomano, os xarifes voltaram a ter grande influência sobre Meca. Eles eram selecionados pelo sultão e sempre eram descendentes dos Banu Hashem, que pertencia à tribo dos coraixitas, o clã de origem do Profeta Muhammad ﷺ. 

Meca sob controle dos wahabitas 

Em 1916, o agente britânico T.E. Lawrence (conhecido pelo filme Lawrence da Arábia) iniciou uma conspiração contra o governo otomano ao lado do xarife de Meca Houssein bin Ali, e o conflito resultou na Batalha de Meca. O califado saiu derrotado e, em 1924, as forças sauditas tomaram o controle da região do Hejaz. 

O que se seguiu nos próximos anos foi uma série de perdas históricas inestimáveis para os muçulmanos e para a humanidade. Mesquitas históricas foram fechadas, e locais onde viveram familiares e companheiros do Profeta Muhammad ﷺ foram completamente destruídos

Em relação às mesquitas históricas fechadas, essas construções são parte de um complexo de sete mesquitas, que são: 

1. Masjid Abu Bakr 

2. Masjid Fatimah Az-Zahra 

3. Masjid Umar Ibn Kathab

4. Masjid Ali Ibn Abi Talib

5. Masjid Salman al-Farsi 

6. Masjid Saad bin Maaz 

7. Masjid Al-Fath 

Apenas a última ainda está aberta para visitação

Além disso, outros locais da cidade foram demolidos, como a casa de Khadija, a primeira esposa do Profeta ﷺ, que atualmente é um banheiro público, e o lugar onde vivia Abu Bakr, que atualmente é o Hotel Hilton. 

Embora a função de Meca seja ser um local para a peregrinação, algumas construções foram destruídas sem nenhum motivo aparente, como a casa de Ali-Oraid, neto do Profeta ﷺ, que foi destruída logo após ser descoberta em uma escavação. 

A última construção demolida pelo governo saudita, em 2002, gerou grande comoção. A Fortaleza de Ajyad havia sido construída em 1780, durante o califado do Império Otomano, e era uma grande estrutura que tinha o objetivo de proteger a cidade de invasores. Em seu lugar, surgiu um complexo de edifícios comerciais. 

Fortaleza Ajyad ao fundo, no canto esquerdo 

Esta demolição gerou grande crise diplomática entre os governos sauditas e da Turquia. Na época, aqueles que eram contrários à destruição da fortaleza chegaram a propor um boicote à Arábia Saudita, mas sem sucesso. 

Atualmente, estima-se que hajam cerca de 20 construções em Meca que sejam do tempo do Profeta Muhammad ﷺ. Entre 1985 e 2005, cerca de 95% dos edifícios com mais de 1000 anos foram demolidos pelos wahabitas

Terroristas em Meca 

Terrorista Juhayman al-Otaybi, líder do al-Ikhwan 

Em 20 de novembro de 1979, uma tragédia abateu a Cidade Sagrada do Islam. Terroristas do grupo al-Ikhwan tomaram a Grande Mesquita, onde está a Caaba, de assalto e mantiveram vários fiéis que tinham ido fazer suas orações como reféns. 

A ofensiva dos terroristas contou com o apoio de mais de 500 pessoas armadas e, entre elas, havia mulheres e crianças. O grupo era liderado por Juhayman al-Otaybi, um salafista puritano que alegava que o governo saudita havia traído os ideais da seita revisionista do Islam. 

Juhayman al-Otaybi estudava Islam com o Grande Mufti saudita Abd al-Aziz ibn Baz, que foi responsável por disseminar fortemente a doutrina salafista no século passado. O terrorista, no entanto, alegava que o governo saudita havia traído os princípios que defendia, pois estava introduzindo uma série de hábitos ocidentais na sociedade daquele país. 

O al-Ikhwan alegava que uma das lideranças do grupo, Muhammad Abdullah al-Qahtani, era a figura pré apocalíptica do Mahdi, que viria estabelecer a justiça antes do Dia do Juízo Final. Os terroristas acreditavam que o atentado na mesquita seria uma forma de fazer os muçulmanos se voltarem para a justiça e obediência. 

No entanto, o que se viu foi um massacre que custou a vida de pessoas inocentes. A tomada durou até o dia 4 de dezembro, quando membros das tropas da Guarda Nacional da Arábia Saudita e do Exército da Arábia Saudita, com o apoio do Groupe d’Intervention de la Gendarmerie Nationale (GIGN) da França, conseguiram retomar o controle de Grande Mesquita. 

A batalha custou a vida de 255 pessoas e outras 560 ficaram feridas. Entre os mortos, estava o autodenominado Mahdi, Muhammad Abdullah al-Qahtani. 

Após o confronto, os membros remanescentes do grupo foram julgados, condenados e degolados em praça pública pelo governo saudita. 

A Cidade Sagrada nos dias atuais 

Complexo Abaj al Bait em Meca 

Atualmente, Meca é uma cidade com uma infraestrutura moderna, com grandes avenidas, shoppings centers, arranha-céus e hotéis preparados para receber o enorme fluxo de peregrinos que vêm de todas as partes do mundo. 

A Cidade Sagrada é um local multicultural que recebe anualmente milhões de peregrinos. Este ar cosmopolita se deve principalmente ao Hajj e à Umrah (peregrinação menor), que conta com a participação de cidadãos do mundo inteiro. 

A última reforma da Mesquita al-Haram ocorreu no ano de 2011. Atualmente, ela tem capacidade para receber 2 milhões de pessoas e é o maior recinto religioso do planeta. 

A economia é fortemente dependente da peregrinação e, durante todo ano, diversos setores se preparam para receber os muçulmanos estrangeiros. Além disso, boa parte da população local sobrevive da indústria ligada ao Hajj. 

Em 2010, foram instaladas cinco linhas de metrô para ajudar os peregrinos a se deslocarem para os locais religiosos. Com exceção deste fato, a mobilidade urbana é totalmente dependente de táxis e carros particulares. 

A cidade não possui aeroporto internacional em seu território. Dessa forma, os peregrinos chegam à Meca geralmente pelo aeroporto ou pelo porto de Jidá, que fica a 89 km de distância. 

Pessoas não muçulmanas que tentarem entrar em Meca podem ser presas ou processadas legalmente de acordo com as legislação da Arábia Saudita. 

Conclusão 

De acordo com a tradição islâmica, a cidade de Meca foi fundada pelo Profeta Abraão e seu filho Ismael. O local foi indicado por Deus para ser um destino de peregrinação e adoração a Ele. 

Com o passar do tempo, a população que vivia na região começou a adotar os costumes dos idólatras. Assim, Meca se tornou um lugar de propagação do politeísmo e de culto a estátuas com imagens de deidades. 

Quando o Profeta Muhammad ﷺ nasceu, a cidade estava sendo dominada pela tribo dos coraixitas, que lucrava bastante com a peregrinação dos idólatras à Cidade Sagrada. 

A cidade resgatou seu propósito original quando o Profeta Muhammad ﷺ a conquistou de forma pacífica e proibiu que praticantes de outras religiões, que não o Islam, habitassem e exercessem influência sobre Meca. 

Ao longo dos anos, a cidade passou por muitas mudanças para receber o crescente número de muçulmanos que vinham de todas as partes do mundo. No entanto, Meca também sofreu com diversas guerras, saques e desastres que fizeram com que ela tivesse que ser reconstruída e reformada várias vezes. 

Em 930, fanáticos religiosos de uma seita que praticava sincretismo religioso conseguiram saquear Meca e roubar a Pedra Negra, que ficou desaparecida por 20 anos. Mesmo tendo sido recuperada, o caso repercutiu de forma extremamente negativa e exigiu que as autoridades do Califado Abássida elegessem alguém responsável pela segurança e organização da peregrinação. 

Naquela época, foi instaurado o Xarifado do Hejaz, que vigorou em Meca por quase mil anos, chegando ao fim somente em 1924, quando o clã saudita dominou a Arábia. 

Sob domínio dos wahabitas, Meca modernizou sua infraestrutura e se tornou um ponto urbano da Arábia Saudita. No entanto, este avanço custou a demolição de importantes pontos históricos e sagrados, que haviam sido erguidos por companheiros e parentes do Profeta Muhammad ﷺ. 

Atualmente, estima-se que existam apenas 20 construções do período do Profeta ﷺ, contrastando com arranha-céus, hotéis, avenidas e shoppings centers. 

Mesmo com todas as mudanças sofridas, Meca sempre preservou seu significado para os muçulmanos e, até hoje, recebe milhões de peregrinos anualmente, que participam do Hajj e da Umrah. 

A influência estrangeira, assim como o grande número de estrangeiros residindo na cidade, faz com que a Cidade Sagrada possua uma cultura cosmopolita e multicultural. 

Atualmente, a economia de Meca e da região do Hejaz é fortemente dependente da peregrinação, e há vários setores que trabalham o ano inteiro para receber os muçulmanos vindos de todas as partes do mundo.