quarta-feira, dezembro 25, 2019

A inveja apodrece os ossos!

"O coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os ossos.(Provérbios 14:30)"

Por: Denis Versiani

Após um ano e pouco mais de um mês do êxodo do povo de Israel, a nuvem do Senhor se levantou para que o povo de Deus iniciasse a sua jornada em direção à terra prometida de Canaã. O povo havia passado cerca de um ano acampado aos pés do Monte Sinai, a fim de que Deus desse a eles a sua lei, e estabelecesse a Constituição de Israel como uma nação. Agora, o povo estava em grande expectativa pela herança que havia sido prometida a seus pais Abraão, Isaque e Jacó.

Então, Deus dá ordens a Moisés, e o povo de Israel levantou acampamento, e começou a jornada para a terra prometida. Mas, com o passar dos dias, a expectativa foi dando lugar ao cansaço, e muitos começaram a reclamar da longa jornada. No meio de Israel havia um grupo de pessoas de outras nacionalidades, que não tinham o verdadeiro temor do Senhor. Eles incitaram o povo ao levantar a voz com o desejo de comer as carnes que comiam no Egito.

Deus enviou juízos sobre a parte do povo que reclamava, e o povo ficou aterrorizado. Moisés, orou para que Deus cessasse os juízos que caíram sobre esse “populacho” (Números 11:1-3). Embora confiasse em Deus, o grande líder já estava sentindo efeitos profundos do estresse por causa do povo que estava se rebelando contra sua liderança. Sua estafa era tão profunda que Moisés chegou a pedir a morte.

Para ajudar a Moisés, Deus ordenou que ele designasse setenta anciãos para profetizar a Israel, a fim de que eles se arrependessem do seu pecado e se purificassem. Essa ordem, Deus deu diretamente a Moisés. Mas, parece que seus irmãos mais velhos Arão e Miriã ficaram um tanto enciumados.

Miriã e Arão começaram a criticar Moisés porque ele havia se casado com uma mulher etíope (heb. “cuxita”). Será que o Senhor tem falado apenas por meio de Moisés? – perguntaram. Também não tem ele falado por meio de nós? E o Senhor ouviu isso” (Números 12:1, 2).

Arão e Miriã eram tidos como líderes grandemente respeitados pelo povo. Arão participou da negociata de Moisés com o Faraó pela libertação de Israel. A sua linhagem foi instituída como a linhagem sacerdotal, os representantes diretos de Deus diante do povo. Miriã era muito sábia e firme nos princípios em que crescera. Tinha o dom da poesia e da música. Ambos foram dotados com o dom de profecia, e por determinação divina, estavam ligados a Moisés na condução do povo hebreu. “E pus diante de ti a Moisés, Arão e Miriã” (Miquéias 6:4). Então, por que eles demonstraram oposição contra Moisés, a ponto de influenciar parte do povo?

A sedição de Arão e Miriã ocorreu porque eles não tinham sido consultados na seleção dos setenta. Assim, os seus ciúmes se despertaram contra Moisés. Na organização desse conselho, entenderam que sua posição e autoridade haviam sido desprezadas. Consideravam que Moisés deveria consultá-los antes de realizar essa tarefa, pois criam que estavam no mesmo patamar de liderança de Moisés.

“Imediatamente o Senhor disse a Moisés, a Arão e a Miriã: Dirijam-se à Tenda do Encontro, vocês três. E os três foram para lá. Então o Senhor desceu numa coluna de nuvem e, pondo-se à entrada da Tenda, chamou Arão e Miriã. Os dois vieram à frente, e ele disse: Ouçam as minhas palavras: Quando entre vocês há um profeta do Senhor, a ele me revelo em visões, em sonhos falo com ele. Não é assim, porém, com meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Com ele falo face a face, claramente, e não por enigmas; e ele vê a forma do Senhor. Por que não temeram criticar meu servo Moisés?” (Números 12:4-8).

Arão e Miriã eram pessoas de oração e comunhão com Deus, mas Deus falava face a face apenas com Moisés; e foi diante dele que Deus fez passar toda a sua glória. Além disso, eles não estavam sentindo o peso da liderança que Moisés sentia. No auge da fadiga, consciente da sua fraqueza, fez de Deus o seu conselheiro. Arão, contudo, não confiava tanto em Deus como Moisés. Ele havia fracassado quando assumiu a responsabilidade de cuidar do povo no Sinai. Em vez de se manter firme, talhou um bezerro de ouro e condescendeu com um culto idólatra bem na frente do monte de Deus. Agora, em vez de alegre submissão a Deus, e gratidão pelo que eles haviam recebido, deixaram-se levar pelo desejo de exaltação própria.

Zípora não era cuxita (ou etíope); ela era midianita, descendente de Ismael, irmão de Isaque; portanto, descendente de Abraão. Esse foi um comentário racista da parte de Miriã, provavelmente porque ela possuía pele mais escura que os israelitas. Zípora era adoradora do mesmo Deus. O capítulo 18 de Êxodo, descreve Jetro em visita à Moisés vendo o excesso de atividades que ele tinha e lhe questionando e aconselhando:

‘Quando o seu sogro viu tudo o que ele estava fazendo pelo povo, disse: “Que é que você está fazendo? Por que só você se assenta para julgar, e todo este povo o espera de pé, desde a manhã até o cair da tarde? ”
Moisés lhe respondeu: “O povo me procura para que eu consulte a Deus. Toda vez que alguém tem uma questão, esta me é trazida, e eu decido entre as partes, e ensino-lhes os decretos e leis de Deus”.
Respondeu o sogro de Moisés: “O que você está fazendo não é bom. Você e o seu povo ficarão esgotados, pois esta tarefa lhe é pesada demais. Você não pode executá-la sozinho. Agora, ouça-me! Eu lhe darei um conselho, e que Deus esteja com você! Seja você o representante do povo diante de Deus e leve a Deus as suas questões. Oriente-os quanto aos decretos e leis, mostrando-lhes como devem viver e o que devem fazer. Mas escolha dentre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, dignos de confiança e inimigos de ganho desonesto. Estabeleça-os como chefes de mil, de cem, de cinqüenta e de dez. Eles estarão sempre à disposição do povo para julgar as questões. Trarão a você apenas as questões difíceis; as mais simples decidirão sozinhos. Isso tornará mais leve o seu fardo, porque eles o dividirão com você. Se você assim fizer, e se assim Deus ordenar, você será capaz de suportar as dificuldades, e todo este povo voltará para casa satisfeito”.
Moisés aceitou o conselho do sogro e fez tudo como ele tinha sugerido.’ Êxodo 18:14-24

Assim, ele ajudou Moisés a organizar um sistema de governo representativo para o povo. Miriã se ofendeu com essa situação, e sentiu sua autoridade diminuída. Assim, aproveitou-se do seu preconceito para usar Zípora como argumento, e diminuir a autoridade de Moisés diante do povo. “Quem é Moisés para achar que é melhor que nós? Ele nem mesmo é casado com uma de seu sangue! Antes, preferiu se casar com uma etíope qualquer que nem faz parte da nossa linhagem”.

Moisés suportou tudo isso com muita mansidão, a despeito do seu cansaço. Nas quatro décadas de exílio em Midiã, cuidando dos rebanhos e aprendendo de Deus aos pés de Jetro, Moisés deixou o orgulho e a pompa de um príncipe do Egito para depositar toda a sua confiança no Senhor. Essa foi a chave para seu sucesso extraordinário como líder: a liderança servidora e a autoridade por influência.

Deus “guiará os mansos retamente, e aos mansos ensinará o seu caminho (Salmo 25:9). “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra” (Mateus 5:3, 5). “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e dele não esconde o rosto, e ser-lhe-á dada” (Tiago 1:5). Esta promessa é dada somente àqueles que estão dispostos a desconfiar de si mesmos e seguir inteiramente ao Senhor.

“Então a ira do Senhor acendeu-se contra eles, e ele os deixou. Quando a nuvem se afastou da Tenda, Miriã estava leprosa; sua aparência era como a da neve. Arão voltou-se para Miriã, viu que ela estava com lepra e disse a Moisés: Por favor, meu senhor, não nos castigue pelo pecado que tão tolamente cometemos. Não permita que ela fique como um feto abortado que sai do ventre da sua mãe com a metade do corpo destruída. Então Moisés clamou ao Senhor: Ó Deus, por misericórdia, concede-lhe a cura” (Números 12:9-13)! Depois de um doloroso processo de cura, Miriã foi readmitida no acampamento de Israel (v. 14-16).

A indignação de Deus manifestada sobre Miriã era um aviso para que todo o povo abandonasse essa rebelião. Se a inveja e descontentamento de Miriã não houvessem sido repreendidos de forma tão séria, poderia ser o fim de uma nação unida sob a mesma bandeira de Deus. Provérbios 27:4 diz que “o furor é cruel e a ira é impetuosa; mas quem parará perante a inveja?” Foi esse o sentimento que causou discórdia no céu e resultou na expulsão de um terço dos anjos criados. Foi esse mesmo sentimento que causou tanta desgraça para a raça humana.

Esse é um aviso para nós, sobretudo aquele de nós que estão acostumados com as redes sociais. Muitas vezes temos medo de falar mal na cara de alguém pessoalmente. Geralmente o fazemos pelas costas. Mas, nas redes sociais, as pessoas se sentem no direito de criticar, ridicularizar os outros e dizer #ésoaminhaopinião. Infelizmente, as redes tem transformado tolos em juízes. Por isso, não se esqueça: “Quem fala mal de um irmão e julga a seu irmão fala mal da lei, e julga a lei; e, se você julga a lei, você não é observador da lei, mas juiz” (Tiago 4:11).

Assumir a posição de juiz e julgar os outros de acordo com o seu ponto de vista é algo muito arriscado, porque você pode estar errado. Essa situação se agrava porque não nos atemos apenas em avaliar os fatos. Nos divertimos em julgar as motivações que vão no coração de quem está sendo acusado. Se você emite uma condenação sem as devidas evidências, você está trazendo para si a responsabilidade pela condenação dessa pessoa. Se você estiver errado, pela lei de Deus você vai ser julgado (Mateus 7:1-5), pois você está tomando para si uma prerrogativa judicial que pertence somente a Deus. Tome mais cuidado ainda ao acusar aqueles a quem Deus chamou para seu serviço, pois “nem mesmo os anjos, maiores em força e autoridade”, ousam falar contra eles (2 Pedro 2:10, 11). Portanto, não assuma um fardo tão pesado. Deixe que Deus, em seu amor e onisciência, julgue com sabedoria cada coração, pois a sua graça e a sua justiça são infinitamente maiores do que podemos medir.

O Nascimento de Jesus ( A S)

ميلاد عيسى عليه السلام (O Nascimento de Jesus ( A S))
Louvado seja Allah, o Único, o Absoluto, não gerou nem foi gerado e ninguém é comparável a Ele. Quando Ele quer algo diz-lhe: seja, e é. Prestamos testemunho de que não há outra divindade além de Allah, Único, sem parceiros.

Prestamos testemunho de que Mohammad é Seu servo e Mensageiro. Que Allah o abençoe e lhe dê paz, bem como aos seus familiares, seus companheiros e seus seguidores até o Dia do Juízo Final.

Os cristão do mundo comemoram o nascimento do Profeta Jesus (Que a paz de Deus esteja com ele) e vemos que é nossa obrigação conhecer os aspectos desse nobre profeta em nossa religião para que possamos convocar as pessoas para conhecerem a luz do Islam e sua abrangência. Que é a religião verdadeira que Allah revelou para a orientação de toda a humanidade.

Dentre os pilares da fé da nossa religião islâmica é que creiamos nos mensageiros Allah, exaltado seja, diz a respeito disso no final da Surata Al Bacará: “Todos os crentes creem em Allah, em Seus anjos, em Seus Livros e em Seus mensageiros. Nós não fazemos distinção entre os Seus mensageiros.”(1).

Essa ética divina é seguida por todo muçulmano. Ele visualiza todos os profetas e mensageiros com todo o respeito, porque todos foram enviados por Deus com uma só mensagem: o de adorarmos somente a Allah, e não Lhe atribuirmos parceiros. Portanto, são irmãos na convocação das pessoas para a senda de Deus.

Os muçulmanos olham para Jesus (Que a paz de Deus esteja com ele) com grande consideração. Ele o incluem entre os profetas e mensageiros enviados para a humanidade. É um dos cinco mensageiros resolutos: Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Mohammad.” (Que a paz de Deus esteja com todos eles).

Maria (Que a paz de deus esteja com ela), a mãe de Jesus é extremamente respeitada e amada na crença islâmica. Uma das suratas do Alcorão leva o nome de Maria, com 98 versículos, que fala sobre a vida dela, sua pureza, além de 83 versículos na Surata da Família de Imran (família de Maria) que mostra a verdade sobre ela e o seu filho (Que a paz de Deus esteja com eles). 

Allah a escolheu e a purificou. Ele diz: “Ó Maria, Allah te elegeu e te purificou, e te preferiu a todas as mulheres da humanidade!”(2).

Ela foi sincera em suas afirmações e procedimentos. Allah, Ta’ála, diz: “O Messias, filho de Maria, não é mais do que um mensageiro, do nível dos mensageiros que o precederam; e sua mãe era super sincera.” (3)

Áli Ibn Abi Tálib (que Allah o abençoe) relatou que o Rassulullah (Que Allah o abençoe e lhe dê paz) disse: “As melhores das mulheres são Maria, filha de Imran e Khadija, filha de Khuwailed.” (4)

Isso devido aos seus méritos. A Maria gerou um profeta, acreditou nele e cuidou dele. A Khadija, esposa de Profeta Mohammad (Que Allah o abençoe e lhe dê paz), nele acreditou e lhe deu apoio.

Abu Huraira (que Allah o abençoe) relatou que o Profeta (Allah o abençoe e lhe dê paz) disse: “Todo o filho de Adão é tocado pelos dedos de Satanás, menos Maria, filha de Imran e seu filho, Jesus (Que a paz esteja com ambos).” (5)

Abu Huraira costumava dizer: “Leiam quanto quiserem as palavras de Allah, o Altíssimo: ‘... ponho-a, bem como à sua descendência, sob a Tua proteção, contra o maldito Satanás.’” (6)

O nascimento de Jesus constitui em milagre, pois nasceu de mãe sem, o concurso de pai. Nasceu pelo Verbo: “Seja”. O verbo não é Jesus, mas com ele nasceu. Por isso, é denominado com o nome da mãe: Jesus, filho de Maria (Que a paz de Deus esteja com ele)

Allah, exaltado seja, diz: “E quando os anjos disseram: Ó Maria, Allah te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e no outro, e que se contará entre os próximos de Allah. Falará aos homens, ainda no berço, bem como na maturidade, e se contará entre os virtuosos.”(7). E diz: “O exemplo de Jesus, ante Allah, é idêntico ao de Adão, que Ele criou do pó; então lhe disse: Seja! e foi.” (8)

Relata-se que José, o carpinteiro, disse para Maria um dia: “Ó Maria, a planta pode brotar sem ter sido semeada?” Respondeu-lhe: “Sim. Quem primeiro criou as plantas?” Então perguntou: “Pode nascer alguém sem o concurso do macho?” Ela respondeu: “Sim. Allah criou Adão sem o concurso do macho e da fêmea.”

Jesus é Servo e mensageiro de Deus. Essa é a crença dos muçulmanos. Jesus nunca alegou que é filho de Deus. A primeira palavra dele ao falar no berço: “Sou servo de Deus”. 

Quem examina os Evangelhos atuais, apesar de não serem originais e não terem comprovações fidedignas, não encontra nada que atesta que o Messias (Que a paz de Deus esteja com ele) é Deus ou filho de Deus. Encontra vários textos que mostram que ele é ser humano e foi designado como humano ou filho de humano mais de setenta vezes nos Evangelhos. Os muçulmanos acreditam que Allah concedeu muitos milagres ao Messias. Allah diz no Alcorão Sagrado: “Apresento-vos um sinal do vosso Senhor: eis que plasmarei de barro a figura de um pássaro, ao qual alentarei, e a figura se transformará em pássaro, com o beneplácito de Allah; curarei o cego de nascença e o leproso; ressuscitarei os mortos, pela vontade de Allah, e vos revelarei o que consumis e o que entesourais em vossas casas. Nisso há um sinal para vós, se sois crentes.” (9)

Os muçulmanos acreditam que Jesus não foi morto nem foi crucificado, mas Allah estampou a figura dele em outro homem, que foi crucificado no lugar dele. Allah, exaltado seja, diz: “E por dizerem: Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Allah, embora não sendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram, mas o confundiram com outro.” (10)

Muitos cristãos, após o episódio da crucificação que foi o próprio Messias quem foi julgado e crucificado. Entre os que acreditaram nisso, estão os Corintos e os Basilienses.” Há nos Quatro Evangelhos muitas contradições a respeito do episódio da crucificação.

Irmãos muçulmanos: Nesse dia comemoramos o nascimento do Messias (Que a paz de Deus esteja com ele) e a consideramos uma boa oportunidade para convocarmos os nossos irmãos brasileiros para conhecerem o ponto de vista do Islam a respeito desse grandioso profeta. Peço a Allah que nos encaminhe para todo o bem. Todos vocês são responsáveis perante Allah mostrar esse ponto de vista islâmico porque Allah nos criou para isso.

Muitos nos perguntam se comemoramos o natal, e a resposta é não, justamente porque a própria data exata do nascimento de Jesus (as) não é conhecida e o 25 de dezembro é uma data pagã que foi transformada em data oficial, visto que no panteão dos deuses pagãos, a grande maioria dos “lideres” salvadores nasceram neste dia, sendo um total desrespeito ao mestre Jesus (as) que o comparemos com esses “ícones” pagãos, a exemplo de: Mitra (Pérsa) 1200 a.C. nasceu em 25 de dezembro; Horus (egípcio) 3000 a.C. que nasceu dia 25 de dezembro; Attis (Frígia – Roma) 1200 a.C., nasceu dia 25 de dezembro; Krishna (hindu – índia) 900 a.C, Nasceu dia 25 de dezembro; Herácles (Grécia) 500 a.C., nasceu em 25 de dezembro.

Conforme Eusébio de Cesaréia (265-339 d.C.), que foi o supervisor da doutrina cristã (entenda-se criação da Bíblia), nomeado pelo imperador Constantino, em sua “Preparação do evangelho”, ainda hoje publicado por editoras cristãs como a Baker House, escreve que ”às vezes é necessário mentir para beneficiar aqueles que requerem tal tratamento”. Ou seja, a falsidade era utilizada com objetivo de promover o cristianismo oficial. Pois necessitavam criar evidências a favor da estória que pregoavam. Além de que a Igreja passou mais de mil anos destruindo tudo que considerava contrário aos seus dogmas e interesses, só deixando o que lhe favorecia.

Sendo devido ao respeito ao Messias, e para cumprir a vontade de Allah de caminhar na senda reta, da justiça e verdade que não comemoramos essa data inventada e deturpada

Mas quero deixar claro que diferente do que muitos pensam, nós temos grande respeito ao Messias e principalmente ao que ele mesmo pregou.

Claro que sempre é importante a reflexão de paz, harmonia e bondade, mas que essas qualidades não se restrinjam a uma data como “símbolo” mas que sejam ações constantes na vida de um seguidor de Deus, independente de qual religião segue ou não. Conheço vários ateus e adeptos de outras crenças que demonstram no seu dia a dia mais amor e compaixão do que muitos religiosos.
"إِنْ أُرِيدُ إِلَّا الإِصْلاحَ مَا اسْتَطَعْتُ وَمَا تَوْفِيقِي إِلَّا بِاللَّهِ عَلَيْهِ تَوَكَّلْتُ وَإِلَيْهِ أُنِيبُ" صدق الله العظيم
Líder da mesquita de Anápolis GO :
Sheikh Dr.Nasser Sahim
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(1) (Alcorão Sagrado, 2:285)
(2) (Alcorão Sagrado, 3:42)
(3) (Alcorão Sagrado, 5:75).
(4) (Bukhári e Musslim).
(5) (Bukhári).
(6) (Alcorão Sagrado, 3:36).
(7) (Alcorão Sagrado, 3:45-46)
(8) (Alcorão Sagrado, 3:59).
(9) (Alcorão Sagrado, 3:49).
(10) (Alcorão Sagrado, 4:157).
A paz esteja convosco.

terça-feira, dezembro 24, 2019

POR QUE O CONSUMO DE PORCO É PROIBIDO NO ISLÃ (PARTE 2 DE 2): PORCO É IMPURO?


"Os porcos carregam doenças bacterianas, parasitas e vírus".

Na parte 1 discutimos a razão principal para os muçulmanos se absterem de consumir porco e derivados de porco e que é o fato de Deus ter proibido. Como o Criador da humanidade e de tudo que existe, Deus sabe o que é bom para nós e enviou orientação para nos capacitar a tomar decisões sábias. Assim como um computador não trabalha adequadamente se for programado de forma incorreta, um ser humano não é capaz de funcionar não se estiver alimentado corretamente. O Islã é uma religião holística que reconhece a interconexão de saúde espiritual, emocional e física. O que uma pessoa come e bebe tem influência direta em sua saúde e bem-estar gerais.

Os virólogos há muito tempo estão cientes de que o porco é um campo fértil ideal para a influenza e não é surpresa que a última ameaça, a gripe suína, tenha se originado em porcos. O microbiólogo e especialista em imunologia, Dr. Graham Burgess[1] diz: "Os vírus que normalmente se desenvolveriam em galinhas, podem potencialmente se desenvolver em porcos e os que se desenvolvem nos humanos, se desenvolverão potencialmente em porcos. Assim, consideramos o porco um grande caldeirão para vírus e nesse sentido pode desempenhar um papel importante na geração de novos vírus."

O porco é conhecido por carregar parasitas e também bactérias e vírus. A cisticercose é uma infecção causada pela tênia do porco, a tênia solium. A infecção ocorre quando a larva da tênia entra no corpo e forma cisticercos (cistos). Quando os cisticercos se encontram no cérebro a condição é chamada de neurocisticercose. Esse verme em porcos é encontrado no mundo todo, mas é mais problemático em países pobres e em desenvolvimento, nos quais os porcos podem circular livremente e com frequência comem fezes humanas. Essa infecção pode ocorrer até em países desenvolvidos e modernos, mas o CDC relata que é muito raro em países muçulmanos, onde o consumo de porco é proibido.[2]

A triquinelose, também chamada triquinose, é causada pelo consumo de carne crua ou mal cozida de animais infectados com a larva de uma espécie de verme chamadaTrichinella. A infecção ocorre mais comumente em certos animais carnívoros selvagens, mas também pode ocorrer em porcos domésticos. O CDC alerta que se um humano comer carne contendo os cistos infecciosos de Trichinella, o ácido no estômago dissolve a cobertura do cisto e libera os vermes.

Os vermes passam para o intestino delgado e em 1 a 2 dias ficam maduros. Depois do acasalamento, as fêmeas adultas colocam os ovos. Esses ovos se desenvolvem em vermes imaturos, viajam através das artérias e são transportados para os músculos. Dentro dos músculos os vermes se encaracolam em uma bola e encistam (se fecham em uma cápsula). Essa infecção ocorre quando esses vermes encistados são consumidos na carne. O número de casos de triquinelose em todo o mundo tem diminuído continuamente devido à conscientização dos perigos de comer derivados de porco crus ou mal cozidos e legislação proibindo alimentar os porcos com lixo composto de carne crua.[3]

Os porcos são onívoros, o que significa que consomem plantas e animais. Os porcos fuçam e comem qualquer tipo de alimento, incluindo insetos mortos, vermes, cascas de árvore, carcaças apodrecidas, lixo e até outros porcos. Os porcos têm poucas glândulas sudoríparas e, portanto, são incapazes de livrar completamente seus corpos de toxinas. Nova evidência indica que as práticas de criação estão levando diretamente à propagação de infecções bacterianas humanas.

Os porcos geralmente vivem em espaços pequenos e condições fétidas que existem muitas fazendas modernas e estudos estão revelando que os porcos frequentemente carregam bactérias resistentes a antibióticos. Essa bactéria resistente às drogas está agora entrando em nosso suprimento alimentar e investigações recentes nos Estados Unidos da América indicam que 49% dos porcos e 45% dos trabalhadores que lidam com porcos carregam agora essa bactéria responsável pela morte de mais de 18.000 pessoas nos EUA todos os anos.[4]

"Ele só vos vedou a carniça, o sangue, a carne de suíno..." (Alcorão 2:173)

"... porque certamente é impura." (Alcorão 6:145)

Os muçulmanos não consomem porco ou derivados de porco porque Deus proibiu. Entretanto, uma pequena investigação na anatomia e estilo de vida do porco revela que certamente é um animal impuro. Os interessados em consumir alimentos saudáveis, naturais e puros farão bem em se abster de porco e derivados de porco.

A paz esteja convosco.

POR QUE O CONSUMO DE PORCO É PROIBIDO NO ISLÃ (PARTE 1 DE 2): OBEDECENDO AS LEIS DE DEUS


Deus nos permite desfrutar de todas as coisas boas e lícitas e nos proíbe tomar parte naquelas coisas que são prejudiciais às nossas crenças, saúde, bem-estar ou moral.


O Islã é um modo holístico de vida, levando em conta o bem-estar físico, espiritual e emocional, partes separadas, mas sobrepostas da estrutura de um ser humano.  Deus nos criou com um propósito, adorá-Lo (Alcorão 51:56), mas não nos abandonou em um mundo de instabilidade e insegurança.  Ele nos deu um livro para orientação, o Alcorão, e o exemplo dos profetas e mensageiros para explicar que confiar em Deus era a forma de alcançarmos sucesso nessa vida e na vida futura.



Um muçulmano passa sua vida tentando agradar a Deus, adorando-O e obedecendo às Suas leis ou normas.  Uma dessas normas é que o consumo de porco ou de derivados de porco é proibido.



A princípio alguém pode se perguntar que mal pode vir do porco, um produto consumido em muitas partes do mundo, e o fato de que o porco contém parasitas e doenças prejudiciais ao homem pode vir à mente como uma razão justificável para a abstenção.  Entretanto, ao analisarmos por que os muçulmanos são proibidos de consumir porco, essa se torna uma razão secundária.  Os muçulmanos não consomem porco ou derivados de porco simplesmente porque Deus proibiu.



" Ele só vos vedou a carniça, o sangue, a carne de suíno e tudo o que for sacrificado sob invocação de outro nome que não seja de Deus. " (Alcorão 2:173)



Às vezes podemos nunca saber ou compreender por que Deus ordenou algumas coisas e proibiu outras.  No caso do porco, nenhuma razão específica para a proibição foi fornecida, exceto no Alcorão 6: 145 quando Deus diz, em referência à carne de suíno (porco): "porque certamente é impura". Um muçulmano se submete aos comandos de Deus espontaneamente, sem precisar da razão por trás da norma divina.  Além disso, Deus afirmou expressamente que um crente ouve as palavras de seu Senhor e as obedece.



"'Escutamos e obedecemos! ' E serão venturosos." (Alcorão 24:51)



"Não é dado ao crente, nem à crente, agir conforme seu arbítrio, quando Deus e Seu Mensageiro é que decidem o assunto.  Sabei que quem desobedecer a Deus e ao Seu Mensageiro desviar-se á evidentemente." (Alcorão 33:36)



Um crente entende que Deus é Sábio e Justo; portanto, Suas normas são designadas para nos beneficiar em nossas necessidades diárias, sejam físicas, emocionais ou espirituais.  O Criador sabe a melhor maneira para Sua criação viver nesse mundo e se preparar para o próximo.  Não é permissível para um muçulmano consumir porco sob quaisquer circunstâncias, exceto em casos de extrema necessidade como, por exemplo, se a vida da pessoa depender disso.  Em casos de necessidade extrema as coisas proibidas são permitidas.



Deus nos permite desfrutar de todas as coisas boas e lícitas e nos proíbe tomar parte naquelas coisas que são prejudiciais às nossas crenças, saúde, bem-estar ou moral.[1]  Consequentemente, os muçulmanos são profundamente cientes dos perigos de consumir coisas que são proibidas e, assim, fazem esforços conjuntos para buscar alimento permissível, mesmo que envolva esforço ou despesa extras.



Se um crente consumir porco sem saber ou por engano, não há pecado para ele ou ela.  Deus não pune ninguém por falta de conhecimento, erros não intencionais ou esquecimentos.  Entretanto, se um crente tem certeza ou acha que porco ou derivado de porco pode estar presente em seu alimento, bebida ou medicamentos, não é permissível para ele ou ela consumi-los.  Se tiver dúvidas deve fazer um esforço para perguntar sobre os ingredientes ou obter detalhes.[2]  Hoje em dia o conhecimento sobre ingredientes e o processo de fabricação estão disponíveis e a proibição se aplica tanto para pequenas quantidades de porco ou derivados, quanto para grandes quantidades.



Os eruditos do Islã diferem se a mudança ou não da forma de impureza (nesse caso, nos derivados de porco) remove a proibição.  A Organização Islâmica para as Ciências Médicas é de opinião que a mudança da forma (por exemplo, aditivos alimentares e medicinais) de modo que se torne algo diferente, remove a proibição.  Entretanto, não há dúvida ou diferença de opinião de que é proibido consumir carne derivada de porco, incluindo presunto e bacon.



O recente surto de gripe suína no México e América do Norte levou alguns países a abater porcos em massa. Entretanto, existe ampla evidência científica que sugere que os porcos carregam parasitas prejudiciais aos humanos e o porco há muito tempo tem sido considerado campo fértil ideal para a influenza.

sexta-feira, dezembro 20, 2019

Por que ofender Jesus é contra o Islão?

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Recentemente o canal humorístico “Porta dos Fundos” lançou, na plataforma Netflix, um “especial de Natal”, no qual satiriza a figura de Jesus Cristo (paz esteja com ele) e o retrata como homossexual, possuindo inclusive um parceiro.

Naturalmente, o vídeo chocou e provocou reações de repúdio em lideranças das diversas denominações cristãs; no entanto, houve também muçulmanos e entidades islâmicas demonstrando o seu descontentamento com o tal vídeo. Se o Profeta que trouxe o Islão é Muhammad (p.e.c.e.), por que então os muçulmanos se incomodaram com a satirização da liderança de uma outra religião?

Em primeiro lugar, mesmo se Jesus fosse um total estranho à tradição islâmica (e ele está bem longe disso), o Islão já não veria com bons olhos tal satirização, pois um muçulmano é obrigado a respeitar todas as religiões e seus símbolos sagrados, mesmo não concordando com eles. O Alcorão é muito claro quando diz: “e não insultem (aquilo) o que (os não muçulmanos) invocam além de Allah, excepto se eles insultarem Allah.”[6:108]. Assim sendo, o insulto a qualquer outra religião, a priori, vai diretamente contra as ordens do Alcorão.

Além disso, ao contrário do que muitos pensam, Jesus, (paz esteja com ele), é uma das figuras centrais do Islão, amado e respeitado por todos os que se dizem muçulmanos. Na visão muçulmana, ele é um Profeta e Mensageiro, alguém que foi enviado por Allah para trazer uma Mensagem Divina,uma revelação, e é citado diversas vezes no Alcorão e pelo Profeta Muhammad (s.a.w.). 

Sobre os Mensageiros, o Alcorão diz: “Todos os fiéis creem em Allah, em seus Anjos, seus Livros e em seus Mensageiros. Não fazemos distinção entre seus Mensageiros”. [2:285]. Isso significa que todos são amados igualmente, e são consideradas pessoas sagradas pelos muçulmanos. Toda a vez que o nome de um dos Mensageiros é dito, é da etiqueta islâmica dizer “aleihi salam”, que a paz esteja com ele, pelo respeito que lhes temos.

O Alcorão fala extensamente sobre Jesus (a.s.),narrando vários episódios da vida dele; alguns que estão no evangelho e outros que não estão. Os muçulmanos acreditam na pureza da Virgem Maria, no nascimento miraculoso de Jesus (a.s.) e nos milagres que lhe são atribuídos. Portanto, qualquer ofensa à sua figura é um delito grave na religião islâmica, tão grave quanto uma ofensa ao Profeta Muhammad (p.e.c.e.), e passível de total repúdio.

Reputar um Profeta como homossexual é, além de uma imprecisão histórica (não existe o menor indício dessa conduta por parte de nenhum deles), um pecado muito grave. A prática homo afetiva é considerada uma falta nas religiões abraâmicas, e, por princípio, na visão islâmica, os Profetas são incorruptíveis, eles são incapazes de pecar. Qualquer muçulmano que ache que Jesus (a.s.) tenha sido homossexual, está fora da religião.

Por fim, o Iqara Islam junta-se ao coro daqueles que repudiam o vídeo do “Porta dos Fundos”. 

Entendemos que estar num país laico não significa liberdade para satirizar figuras consideradas sagradas por uma grande parte da população, e por bilhões de pessoas no mundo inteiro. Quem reclama de intolerância e falta de respeito às minorias deveriam ser os primeiros a respeitar e exercer tolerância, pois, de outra forma, tudo se resume a um discurso vazio e hipócrita.

Obrigado. Wassalam (Paz).

M. Yiossuf Adamgy

Fonte: iqaraislam / Brasil

quarta-feira, dezembro 18, 2019

Meca para o Islam

A cidade de Meca é conhecida por ser um local sagrado para o Islam, o que se deve a uma série de fatores. Lá está erguida a Caaba, o templo sagrado construído pelos profetas Abraão e Ismael, e também é a terra de origem do Profeta Muhammad ﷺ

Em Meca, ocorreram vários acontecimentos sagrados que são de extrema importância para a fé islâmica. Não é à toa que dois dos cinco pilares sagrados do Islam estão ligados a esta cidade: a oração e a peregrinação. 

Todos os dias, os muçulmanos têm o dever de realizar cinco orações. Estas preces devem ser feitas em postura correta e a pessoa que estiver orando deve estar virada para a direção certa, que é chamada de qibla, e sua referência é a Caaba. 

Além disso, os muçulmanos que possuem condições de fazer a peregrinação à Meca devem fazê-lo pelo menos uma vez na vida. Lá, eles devem circundar a Caaba e fazer atos de adoração nas colinas de Safa e Mawra, além de beber as águas de Zamzam. 

Ao longo do tempo, a cidade de Meca ganhou uma grande infraestrutura para receber o número de muçulmanos que participam anualmente da grande peregrinação. No entanto, no princípio esta realidade era muito diferente. 

Na ocasião em que o Profeta Abraão caminhou pela região onde hoje está a cidade, Meca era apenas um deserto arenoso, onde os recursos necessários para a sobrevivência, como água e comida, eram bastante escassos. 

Com o passar do tempo, a cidade esteve na mão de diversas tribos e impérios. São muitos detalhes, no entanto, a história de Meca reflete parte importante da trajetória do Islam ao longo dos séculos. 

A fundação de Meca 

Meca não possui muitos registros históricos anteriores ao nascimento do Profeta Muhammad ﷺ, mas, para a tradição islâmica, a origem de seu povo remonta à linhagem que o liga ao Profeta Ismael, filho do Profeta Abraão. 

A cidade foi destinada por Deus a ser um local de adoração monoteísta. No Alcorão, Allah havia deixado clara a sua vontade de que o lugar fosse um destino da peregrinação dos muçulmanos. 

“E (recorda-te) de quando indicamos a Abraão o local da Casa, dizendo: Não Me atribuas parceiros, mas consagra a Minha Casa para os circungirantes, para os que permanecem em pé e para os genuflexos e prostrados. E proclama a peregrinação às pessoas; elas virão a ti a pé, e montando toda espécie de camelos, de todo longínquo lugar, para testemunhar os seus benefícios e invocar o nome de Deus, nos dias mencionados” (Alcorão Sagrado 22:26-28) 

No entanto, com o passar do tempo, o povo de Meca desobedeceu a Allah e, aos poucos, o local foi se tornando um território de idolatria e adoração a estátuas com imagens de deidades. 

Na época em que viveu o Profeta Muhammad ﷺ, a cidade estava sob o domínio da tribo coraixita, que era formada sobretudo por comerciantes que lucravam com diversas atividades, inclusive com a peregrinação, que naquela época era bastante praticada pelos politeístas. 

A cidade, além de ser um forte ponto comercial, também era um dos poucos lugares habitáveis na região do imenso deserto árabe, devido à presença de água nos poços de Zamzam. 

O local só resgatou sua origem monoteísta após ser conquistado pelo Profeta Muhammad ﷺ e seu exército de muçulmanos. Desde então, para proteger a cidade da influência dos idólatras, não é permitido que seguidores de outras religiões, a não ser do Islam, entrem na cidade. 

A partir dali, Meca se tornou conhecida pela sua importância para os muçulmanos e resgatou seu propósito de ser um local de peregrinação para adorar ao Deus único. 

O período dos califas 

Meca nunca foi a capital política de nenhum califado islâmico. Ao longo dos séculos, sua importância se manteve apenas como local sagrado. Durante o período do califa Abu Bakr, Umar e Uthman, a capital do estado islâmico ficou localizada em Medina. 

Naquele período, as mudanças em Meca foram poucas. Elas começaram a surgir no período de Umar. Cerca de 10 anos após a hégira, o Islam já havia crescido consideravelmente e a Caaba começou a ficar pequena para receber os peregrinos. Foi então que o califa decidiu comprar as casas em volta do templo e construiu pequenos muros na Mesquita al-Haram. 

Umar também chegou a fechar os poços de Zamzam durante o Hajj, mas depois mudou de ideia e reabriu a parte mais baixa e a mais alta do vale para receber os peregrinos. 

Após a morte de Umar, o seu sucessor, o califa Uthman conseguiu adquirir mais terras, aumentou o território que cercava a Caaba e construiu galerias em torno da Casa Sagrada. 

Sob o domínio do Califado Omíada, a cidade viveu períodos conturbados. Ao todo, foram dois cercos que causaram grandes prejuízos para a Meca. Estas batalhas foram causadas para decidir quem iria suceder o controle do califado. 

O primeiro deles foi no ano de 683, quando bombardearam a cidade com pedras durante a batalha entre as tropas do califado e Ibn Zubair, que arrasou Meca. Durante o cerco, a estrutura de madeira da Caaba foi incendiada e as estruturas da Casa Sagrada foram danificadas. 

No segundo cerco, Meca foi novamente bombardeada pelo general Hajjaj e, desta vez, a Caaba foi completamente destruída por causa da ofensiva. Novamente, a cidade havia ficado arruinada e precisou ser reconstruída durante o reinado seguinte. 

Meca Otomana no século XIX 

A partir de 920, um grupo sincrético religioso chamado de Carmatas começou a impedir a passagem dos peregrinos vindos do Iraque, da Síria e de outros cantos da arábia. Somente aqueles que vinham da direção do Egito podiam ir até a cidade sagrada. 

Em 930, a seita saqueou Meca e roubou a Pedra Negra da Caaba. O objeto sagrado desapareceu e ninguém soube qual era o seu paradeiro por 20 anos. Na época, o Califado Abássida controlava a cidade sagrada e este acontecimento marcou um grande constrangimento para os califas daquele período, pois o principal dever deles era permitir que os muçulmanos pudessem praticar a religião. 

Foi então que, em 950, um vassalo dos Abássidas no Egito chamado Abul Misque Cafur conseguiu recuperar a Pedra Negra, mediante o pagamento de um imposto aos membros da seita. 

Apesar de ter recuperado a Pedra Negra, o caso teve repercussão negativa, o que exigiu medidas que protegessem os peregrinos e a Caaba. Assim, a partir do ano de 964, foi selecionado um emir que ficaria responsável pelos assuntos relacionados à peregrinação, inaugurando o Xarifado do Hejaz. 

A forma como os emires eram selecionados variou de acordo com o império que estava no comando do Hejaz. Ele perdeu influência no ano de 1350 quando o Sultanato Mameluco do Egito tomou o controle da região, mas voltou a vigorar quando o Império Otomano reconquistou a costa oeste da arábia. 

No período Otomano, os xarifes voltaram a ter grande influência sobre Meca. Eles eram selecionados pelo sultão e sempre eram descendentes dos Banu Hashem, que pertencia à tribo dos coraixitas, o clã de origem do Profeta Muhammad ﷺ. 

Meca sob controle dos wahabitas 

Em 1916, o agente britânico T.E. Lawrence (conhecido pelo filme Lawrence da Arábia) iniciou uma conspiração contra o governo otomano ao lado do xarife de Meca Houssein bin Ali, e o conflito resultou na Batalha de Meca. O califado saiu derrotado e, em 1924, as forças sauditas tomaram o controle da região do Hejaz. 

O que se seguiu nos próximos anos foi uma série de perdas históricas inestimáveis para os muçulmanos e para a humanidade. Mesquitas históricas foram fechadas, e locais onde viveram familiares e companheiros do Profeta Muhammad ﷺ foram completamente destruídos

Em relação às mesquitas históricas fechadas, essas construções são parte de um complexo de sete mesquitas, que são: 

1. Masjid Abu Bakr 

2. Masjid Fatimah Az-Zahra 

3. Masjid Umar Ibn Kathab

4. Masjid Ali Ibn Abi Talib

5. Masjid Salman al-Farsi 

6. Masjid Saad bin Maaz 

7. Masjid Al-Fath 

Apenas a última ainda está aberta para visitação

Além disso, outros locais da cidade foram demolidos, como a casa de Khadija, a primeira esposa do Profeta ﷺ, que atualmente é um banheiro público, e o lugar onde vivia Abu Bakr, que atualmente é o Hotel Hilton. 

Embora a função de Meca seja ser um local para a peregrinação, algumas construções foram destruídas sem nenhum motivo aparente, como a casa de Ali-Oraid, neto do Profeta ﷺ, que foi destruída logo após ser descoberta em uma escavação. 

A última construção demolida pelo governo saudita, em 2002, gerou grande comoção. A Fortaleza de Ajyad havia sido construída em 1780, durante o califado do Império Otomano, e era uma grande estrutura que tinha o objetivo de proteger a cidade de invasores. Em seu lugar, surgiu um complexo de edifícios comerciais. 

Fortaleza Ajyad ao fundo, no canto esquerdo 

Esta demolição gerou grande crise diplomática entre os governos sauditas e da Turquia. Na época, aqueles que eram contrários à destruição da fortaleza chegaram a propor um boicote à Arábia Saudita, mas sem sucesso. 

Atualmente, estima-se que hajam cerca de 20 construções em Meca que sejam do tempo do Profeta Muhammad ﷺ. Entre 1985 e 2005, cerca de 95% dos edifícios com mais de 1000 anos foram demolidos pelos wahabitas

Terroristas em Meca 

Terrorista Juhayman al-Otaybi, líder do al-Ikhwan 

Em 20 de novembro de 1979, uma tragédia abateu a Cidade Sagrada do Islam. Terroristas do grupo al-Ikhwan tomaram a Grande Mesquita, onde está a Caaba, de assalto e mantiveram vários fiéis que tinham ido fazer suas orações como reféns. 

A ofensiva dos terroristas contou com o apoio de mais de 500 pessoas armadas e, entre elas, havia mulheres e crianças. O grupo era liderado por Juhayman al-Otaybi, um salafista puritano que alegava que o governo saudita havia traído os ideais da seita revisionista do Islam. 

Juhayman al-Otaybi estudava Islam com o Grande Mufti saudita Abd al-Aziz ibn Baz, que foi responsável por disseminar fortemente a doutrina salafista no século passado. O terrorista, no entanto, alegava que o governo saudita havia traído os princípios que defendia, pois estava introduzindo uma série de hábitos ocidentais na sociedade daquele país. 

O al-Ikhwan alegava que uma das lideranças do grupo, Muhammad Abdullah al-Qahtani, era a figura pré apocalíptica do Mahdi, que viria estabelecer a justiça antes do Dia do Juízo Final. Os terroristas acreditavam que o atentado na mesquita seria uma forma de fazer os muçulmanos se voltarem para a justiça e obediência. 

No entanto, o que se viu foi um massacre que custou a vida de pessoas inocentes. A tomada durou até o dia 4 de dezembro, quando membros das tropas da Guarda Nacional da Arábia Saudita e do Exército da Arábia Saudita, com o apoio do Groupe d’Intervention de la Gendarmerie Nationale (GIGN) da França, conseguiram retomar o controle de Grande Mesquita. 

A batalha custou a vida de 255 pessoas e outras 560 ficaram feridas. Entre os mortos, estava o autodenominado Mahdi, Muhammad Abdullah al-Qahtani. 

Após o confronto, os membros remanescentes do grupo foram julgados, condenados e degolados em praça pública pelo governo saudita. 

A Cidade Sagrada nos dias atuais 

Complexo Abaj al Bait em Meca 

Atualmente, Meca é uma cidade com uma infraestrutura moderna, com grandes avenidas, shoppings centers, arranha-céus e hotéis preparados para receber o enorme fluxo de peregrinos que vêm de todas as partes do mundo. 

A Cidade Sagrada é um local multicultural que recebe anualmente milhões de peregrinos. Este ar cosmopolita se deve principalmente ao Hajj e à Umrah (peregrinação menor), que conta com a participação de cidadãos do mundo inteiro. 

A última reforma da Mesquita al-Haram ocorreu no ano de 2011. Atualmente, ela tem capacidade para receber 2 milhões de pessoas e é o maior recinto religioso do planeta. 

A economia é fortemente dependente da peregrinação e, durante todo ano, diversos setores se preparam para receber os muçulmanos estrangeiros. Além disso, boa parte da população local sobrevive da indústria ligada ao Hajj. 

Em 2010, foram instaladas cinco linhas de metrô para ajudar os peregrinos a se deslocarem para os locais religiosos. Com exceção deste fato, a mobilidade urbana é totalmente dependente de táxis e carros particulares. 

A cidade não possui aeroporto internacional em seu território. Dessa forma, os peregrinos chegam à Meca geralmente pelo aeroporto ou pelo porto de Jidá, que fica a 89 km de distância. 

Pessoas não muçulmanas que tentarem entrar em Meca podem ser presas ou processadas legalmente de acordo com as legislação da Arábia Saudita. 

Conclusão 

De acordo com a tradição islâmica, a cidade de Meca foi fundada pelo Profeta Abraão e seu filho Ismael. O local foi indicado por Deus para ser um destino de peregrinação e adoração a Ele. 

Com o passar do tempo, a população que vivia na região começou a adotar os costumes dos idólatras. Assim, Meca se tornou um lugar de propagação do politeísmo e de culto a estátuas com imagens de deidades. 

Quando o Profeta Muhammad ﷺ nasceu, a cidade estava sendo dominada pela tribo dos coraixitas, que lucrava bastante com a peregrinação dos idólatras à Cidade Sagrada. 

A cidade resgatou seu propósito original quando o Profeta Muhammad ﷺ a conquistou de forma pacífica e proibiu que praticantes de outras religiões, que não o Islam, habitassem e exercessem influência sobre Meca. 

Ao longo dos anos, a cidade passou por muitas mudanças para receber o crescente número de muçulmanos que vinham de todas as partes do mundo. No entanto, Meca também sofreu com diversas guerras, saques e desastres que fizeram com que ela tivesse que ser reconstruída e reformada várias vezes. 

Em 930, fanáticos religiosos de uma seita que praticava sincretismo religioso conseguiram saquear Meca e roubar a Pedra Negra, que ficou desaparecida por 20 anos. Mesmo tendo sido recuperada, o caso repercutiu de forma extremamente negativa e exigiu que as autoridades do Califado Abássida elegessem alguém responsável pela segurança e organização da peregrinação. 

Naquela época, foi instaurado o Xarifado do Hejaz, que vigorou em Meca por quase mil anos, chegando ao fim somente em 1924, quando o clã saudita dominou a Arábia. 

Sob domínio dos wahabitas, Meca modernizou sua infraestrutura e se tornou um ponto urbano da Arábia Saudita. No entanto, este avanço custou a demolição de importantes pontos históricos e sagrados, que haviam sido erguidos por companheiros e parentes do Profeta Muhammad ﷺ. 

Atualmente, estima-se que existam apenas 20 construções do período do Profeta ﷺ, contrastando com arranha-céus, hotéis, avenidas e shoppings centers. 

Mesmo com todas as mudanças sofridas, Meca sempre preservou seu significado para os muçulmanos e, até hoje, recebe milhões de peregrinos anualmente, que participam do Hajj e da Umrah. 

A influência estrangeira, assim como o grande número de estrangeiros residindo na cidade, faz com que a Cidade Sagrada possua uma cultura cosmopolita e multicultural. 

Atualmente, a economia de Meca e da região do Hejaz é fortemente dependente da peregrinação, e há vários setores que trabalham o ano inteiro para receber os muçulmanos vindos de todas as partes do mundo. 

sexta-feira, dezembro 13, 2019

A SUSTANTABILIDADE NO ISLAM

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu. Bismilahir Rahmani Rahim.

Fui convidado pelo Município de Guimarães (Portugal) para participar numa conferência acerca da sustentabilidade. Cada um dos palestrantes ficou com a responsabilidade de explicar o que os seus textos sagrados referem acerca deste importante tema, respondendo à pergunta: “Deus é Ecológico?” Segue o teor da minha intervenção:

MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES,

ASSALAMO ALEIKUM

Esta é a saudação dos muçulmanos que significa “A Paz de Deus esteja convosco”. Utilizamos esta expressão, para saudarmos os nossos irmãos de fé. Saudamos tantas vezes quantas as que encontrarmos com o mesmo irmão ou irmã e no mesmo dia. É uma forma de aumentarmos a harmonia e amizade entre nós.

Em nome do Centro Cultural Islâmico do Porto, agradeço à Câmara Municipal de Guimarães a oportunidade concedida para participarmos nesta tertúlia, no âmbito do Plano Municipal para a integração de migrantes.

Está a decorrer a Ciméria do Clima em Madrid. A escolha deste tema para a tertúlia, é uma oportunidade para refletirmos em conjunto a importância e a urgência dos países encontrarem um consenso comum para se travar a utilização indevida dos recursos naturais, com vista a atenuar as alterações climatéricas. Vamos então tentar responder á pergunta se “Deus é Ecológico”.

O Islão é uma religião monoteísta, cujo tronco comum é o Profeta Abraão. A nossa crença é baseada na Unicidade de Deus. Acreditamos nos Profetas do Judaísmo e do Cristianismo e no último Profeta Muhammad, que a Paz de Deus esteja com todos eles. Não fazemos distinção a nenhum deles.

O Islam é uma religião universal, atualmente com mais de um bilião e quatrocentos milhões de seguidores.

A Religião é o Islão e os seguidores são os muçulmanos e não de islamitas como outros nos chamam. Muçulmano significa ser submisso a Deus Único. Ser muçulmano é viver em Paz com o Criador, em Paz consigo próprio, em Paz com o próximo e em Paz com a natureza. Louvamos e agradecemos a Deus tudo o que nos concedeu para facilitar a nossa passagem curta por este mundo.

O Islão destaca a importância do meio ambiente, a proteção e a conservação dos recursos naturais. Os meios da natureza, a terra, o ar, a água, o fogo, a floresta e a luz, são bens comuns pertencentes não só à humanidade, como também a todos a outros seres vivos. O ser humano é o Khalifa, isto é, é o representante de Deus na terra e tem a obrigação de utilizar os recursos naturais da terra e os preservar para as futuras gerações. O Alcorão determina que a conservação do meio ambiente é um dever religioso e social e não opcional. O Alcorão refere a terra por mais de 60 vezes.

A moderação é um princípio estabelecido pelo Alcorão para todos os aspectos da vida do muçulmano. Os textos sagrados referem o equilíbrio na criação da terra e de tudo o que nos rodeia. O homem deve tomar todas as precauções para que esse equilíbrio não seja afetado e que os direitos de todos, incluindo os direitos dos outros seres vivos não sejam prejudicados. O Alcorão condena o consumo desnecessário e exagerado, como por exemplo, o desperdício da água e o consumo exagerado de alimentos e de outros bens que conduzem à degradação do meio ambiente. E Deus refere que não ama os que exageram nos gastos e os que se desviam.

O privilégio da exploração dos recursos naturais, foi concedido ao homem pelo Criador, a título de empréstimo. É como tomar por arrendamento uma propriedade pertencente a outro, com a promessa de que a deveremos preservar, não destruir ou danifica-la. O conceito islâmico da utilização dos recursos naturais é o da durabilidade. O homem sendo uma espécie de tutor, deve tomar todas as precauções para a entregar ao próximo, de modo que a utilização continue até ao final dos tempos. 

Todo o tipo de corrupção, não só a econômica, também a ambiental, que inclui a poluição industrial, danos ambientais, utilização imprudente e má gestão dos recursos naturais, não são amados pelo Senhor, o Criador e Sustentador dos mundos. Refere o Alcorão. “E não causeis corrupção na terra depois dela ter sido pacificada”. 7.85.
 
Na altura do Profeta Muhammad, que a Paz de Deus esteja com ele, para proteção das terras, das florestas e da vida selvagem, foram instituídas zonas denominadas de Haram e de Hima. Nesses locais foram estabelecidas importantes leis de proteção da natureza. As Palavras Haram e Hima referem-se a zonas protegidas e com a proibição de praticar certos atos que possam prejudicar o ecossistema. As áreas Haram foram traçadas à volta dos poços e fontes de água para proteger os caudais subterrâneos e do consumo excessivo do precioso líquido. As Hima referem-se às áreas destinadas à vida selvagem e à silvicultura, onde foram criadas zonas de pasto, terras agrícolas, cortes de madeira e proteção de animais especiais. Foram criadas zonas proibidas de caça ao redor da cidade de Madina. Eram zonas invioláveis com a intenção de uso sustentável dos recursos naturais e da proteção da vida animal e das terras agrícolas.

A Sharia, a jurisprudência islâmica, é um conjunto de leis islâmicas baseadas no Alcorão, nas tradições do Profeta Muhammad, analogia e no consenso dos juristas. A Sharia incentiva os governos para tomarem medidas legais contra pessoas ou organizações e mesmo contra outros estados, quando considerados culpados de provocarem danos ambientais.

É estimulada a plantação de árvores de fruto ou simplesmente destinados à sombra. Sobre este aspecto, disse o Profeta Muhammad: “Se um muçulmano plantar uma árvore ou semear (algo) e depois um pássaro ou um animal vir a comer dos seus frutos, isto será considerado um presente de caridade da parte dele”. Bukhari. Toda a caridade será recompensada. A devastação das árvores foi proibida e a destruição das culturas foram proibidas, mesmo em tempos de guerras.

O Profeta também referiu que se estivermos a um passo final da nossa existência e portadores duma semente ou de um rebento duma planta na nossa mão, deveremos plantá-la. E disse também: “Quem plantar uma árvore e cuidar dela diligentemente até que ela cresça e dê frutos, será recompensado”.

No Alcorão, Deus compara uma boa palavra a uma árvore: “Não reparas como Deus exemplifica? Uma boa palavra (pura) é como uma árvore nobre, cuja raiz está profundamente firme e os ramos se elevam ao céu”. Cur’ane 14:24

A água é o símbolo de pureza e fonte da vida. Sem água não há vida. O corpo humano é composto por cerca de 70% de água. Deus refere no Alcorão: “…. E criamos todos os seres vivos da água….” Cur’ane 21:30. A água acompanha o crente, no seu nascimento, na sua vida, na sua morte e na vida após a morte. Quando ouvimos as palavras “as águas rebentaram”, elas anunciam que um novo ser está para nascer. Uma nova vida vai iniciar!

O ser humano tem a obrigação de preservar a água, este líquido precioso, não só para si, como também para todos os outros seres vivos. A água tem um papel fundamental no cumprimento dos nossos rituais religiosos, ao ponto de compararmos a higiene, à metade da fé. As fontes, as cisternas e os banhos públicos são comuns em todas as cidades muçulmanas. Na cidade de Silves (Portugal) e outras cidades onde passaram os muçulmanos, podemos ver as antigas e grandes cisternas destinadas ao armazenamento de águas para o abastecimento das populações.

Desde o aparecimento do islão e até hoje, uma das contribuições de caridade é a cedência e construção de poços de água, para consumo dos mais 

necessitados. Os ensinamentos do Profeta referem; “As ações do homem chegam ao fim com a sua morte, porém, a recompensa das ações mantêm-se com uma escola que tenha construído ou tenha deixado um poço de água que possa beneficiar pessoas e animais”.

A água da chuva, a água dos rios e a água das fontes, correm pelas páginas do Alcorão e nos ensinamentos do Profeta, transmitindo aos crentes a benevolência de Deus para com os Seus servos. A água foi o primeiro elemento criado, conforme refere o Alcorão: “E Ele criou os céus e a terra em 6 dias, quando antes, abaixo do Seu Trono, só havia água.” 11:7

A água pura é a que vem diretamente dos céus, através da chuva, da neve e do granizo. Refere o Alcorão: “Ele é Quem envia os ventos alvissareiros, mercê da Sua Misericórdia; e enviamos do céu água pura”. Cur’ane 25:48.

Rumi, um dos eminentes poetas sufis, referiu acerca da água: “Ele chegou…. Chegou aquele que nunca partiu; Esta água nunca faltou a este riacho; Ele é a substância do almíscar e nós, o seu perfume; Alguma vez se viu o almíscar separado do seu cheiro?”.

Infelizmente, os rios, riachos, lagoas e outros reservatórios naturais de águas, estão a ser contaminados pela ação do homem.

O planeta está a sofrer sérios danos, devido às consequências dos exageros do ser humano. O homem está destruindo a terra. Se não estamos a tempo de recuperar o que foi perdido, pelo menos tentemos parar ou minimizar a catástrofe que se avizinha. Estamos a caminhar alegremente para o abismo!

A utilização excessiva do petróleo e do carvão e a utilização indevida e abusiva dos recursos da terra, estão a criar graves problemas ambientais. A Organização das Nações Unidas incentiva todos os países para criarem condições para a utilização das energias renováveis, através do vento, das ondas do mar e do sol. Estas são as dádivas da natureza e é preciso saber aproveitá-las.

Apenas atrás da Suécia, Marrocos é o segundo país mais sustentável do mundo. Apostando no futuro que se avizinha, Marrocos lançou a primeira fase da maior central de energia solar do mundo, que irá reduzir a dependência do petróleo em cerca de 2,5 milhões de toneladas de petróleo e reduzir as emissões de carbono em 760.000 toneladas ano. Marrocos está na linha da frente na produção da energia alternativa, através do aproveitamento do sol. O objectivo é de que em 2030 mais de 50% da energia seja proveniente de fontes renováveis. Outros países do deserto, com abundantes recursos solares, estão a seguir o seu exemplo, aproveitando a dádiva do sol, que “queima” todos os dias do ano.

Deus deixou-nos importantes orientações para o planeta ser utilizado convenientemente em sistema de arrendamento por gerações após sucessivas gerações.

No entanto, estamos a assistir às consequências da má utilização que estão a pôr em causa a sobrevivência de todos os seres vivos. E não foi por falta de alertas.


“Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 36:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá - www.abdulmanga.com 11/12/2019

Mesquita ecológica de Cambridge, uma iniciativa muçulmana para o meio ambiente

Fonte:ara.cat
Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Cuidar do meio ambiente sempre ocupou um lugar importante no Islão. Hoje, inúmeras tecnologias modernas permitem mudar para fontes de energia alternativas. Painéis solares, reciclagem, uso sem desperdício de água e materiais ecológicos: esta não é a lista completa de mecanismos, graças aos quais as Mesquitas ecológicas foram abertas em todo o mundo no século 21: estruturas únicas já estão operando em várias cidades de Omã, Dubai, Astana e outras cidades. Uma dessas Mesquitas está localizada em Cambridge, Reino Unido.

A primeira Mesquita ambiental da Europa espera aproveitar o comando do Islão para combater as mudanças climáticas, incentivando os muçulmanos a participar de programas ambientais no nosso planeta.

A cidade de Cambridge tem um relacionamento de longa data com o Islão, que remonta a comerciantes e estudiosos da Idade Média. Os pedreiros da Síria chegaram à cidade no período após as Cruzadas, estabeleceram-se lá e começaram a criar amostras da arquitetura gótica inglesa. Hoje, mais precisamente em meados do século passado, os muçulmanos começaram a ir de novo para Cambridge. Eles vieram, principalmente, de países como Bangladesh e Paquistão. Hoje, a comunidade islâmica é composta por um grande número de turcos, curdos, argelinos, cazaques e muçulmanos convertidos, os britânicos nativos.

Em Maio deste ano, uma nova beleza, uma Mesquita, foi inaugurada em Cambridge. Este evento foi dedicado ao Ramadão, o mês do jejum sagrado. A primeira mesquita ecológica da Europa é decorada com postes de madeira curvados no interior, que sustentam o teto da grade. As paredes são compostas por tijolos cor de mel, bem como tijolos vermelhos em relevo. Para entrar na Mesquita pela rua, o visitante atravessa um jardim e a varanda, revestidos de azulejos de mármore turco com padrões geométricos.

Além do salão de oração para 1.000 pessoas, o complexo da Mesquita inclui um restaurante, salas de aula, um salão de casamento (nikyakha) e um salão de exposições para artistas locais de todas as religiões. Nos fundos do prédio há uma sala para lavar os mortos e no pátio há um jardim com uma área de jogos para as crianças.

A Mesquita simboliza o coração espiritual da Comunidade Islâmica. É o local central onde um crente se une a Deus”, disse o promotor da Mesquita, uma figura pública bem conhecida, Yusuf Islam (músico Kat Stevens).

Ele disse que os muçulmanos têm um papel importante a desempenhar na superação da crise climática.

“A Mesquita faz parte do processo de reeducação da sociedade. Mergulhe na verdadeira natureza do Islão para mostrar a harmonia dessa religião como equilíbrio do universo”, disse Yusuf Islam.

"Muitos muçulmanos esqueceram isso ou não estão contribuindo o suficiente para combater as mudanças climáticas".

Conforme planejado pelos projetistas da Mesquita,é bastante viável reutilizar a água da chuva para irrigação de jardins e aproveitar o calor para gerar energia. A mesquita produz quase zero de emissões de carbono e possui melhores certificados ecológicos do que os outros milhares de mesquitas espalhadas por toda a Europa.

"O Alcorão enfatiza a beleza e a harmonia do mundo natural como um sinal do poder criativo e da sabedoria de Deus", disse Timothy Winter, presidente do conselho da Mesquita e professor da Universidade de Cambridge, que se converteu ao Islã e é conhecido hoje como Abdul Hakim Murad. 

Fonte:M. Yiossuf Adamgy Director da Revista Islâmica Portuguesa AL FURQÁN