quarta-feira, janeiro 15, 2020

Contribuição Islâmica para a Ciência

Durante o século VI, os muçulmanos herdaram a tradição e o conhecimento científico da antiguidade. Preservaram, elaboraram, fizeram uma releitura e, finalmente, passaram-na para a Europa. Foi nessa época que a dinastia omíada manifestou seu interesse pela ciência.

Foi o século que para os muçulmanos correspondeu às luzes da filosofia, da descoberta científica e do desenvolvimento, enquanto que a Europa mergulhava no que se convencionou chamar a Idade das Trevas. Os árabes desse tempo assimilaram o conhecimento persa e a herança clássica dos gregos, adaptando-os às suas próprias necessidades e formas de pensamento.

Pela primeira vez na história da humanidade, a teologia, a filosofia e a ciência puderam ser harmonizadas em um todo unificado, graças à capacidade islâmica de conciliar o monoteísmo com as provas da ciência, ou mais adequadamente, a fé com a razão. Talvez, um dos motivos que pode explicar esse desenvolvimento da ciência seja o mandamento de Deus para que as leis da natureza sejam exploradas. A ideia é admirar a criação por sua complexidade, admirar o Criador por sua habilidade. Talvez por causa dessa crença é que as contribuições do Islam à ciência alcançaram os diversos ramos do pensamento, inclusive a matemática, a astronomia, a medicina e a filosofia.

As culturas persa e hindu tornaram-se parte da herança islâmica no campo da Matemática. No século VII, durante a existência do Profeta, um matemático muçulmano hindu desenvolveu o símbolo "zero", que viria a revolucionar o estudo da matemática e tornar possível as grandes conquistas nesse campo, não só muçulmanas, mas de toda a humanidade.
Palavras como "álgebra" e "algorítimo" foram, na verdade, tiradas do vernáculo arábico e traduzidas para o latim. Foi um matemático muçulmano que formulou, explicitamente, a função trigonométrica. A palavra "seno" é uma tradução da palavra arábica "jayb". Al-Khwarizmi escreveu o mais antigo livro sobre matemática, conhecido somente na versão traduzida. Ele apresentou mais de 800 exemplos de cálculo de integração e equação, que viriam a ser adotados pelos neo-babilônios. Os muçulmanos introduziram os algarismos arábicos na Europa e ensinaram aos ocidentais as convenções mais adequadas ao conceito aritmético. O "zero" e os algarismos arábicos são a base da ciência dos cálculos, conforme é conhecida hoje.

Na primeira metade do século IX, os números exponenciais, incluindo o zero, foram usados por AL-Khwarizmi, para substituir as letras. Na segunda metade desse mesmo século, os muçulmanos da Espanha desenvolveram numerais ligeiramente diferentes na forma, huruf al-ghubar, originariamente usado em conjunção com um tipo de ábaco de areia. Leonardo Fibonacci, de Pisa, que havia sido discípulo de um mestre muçulmano, publicou um trabalho que permanece um marco na introdução dos numerais arábicos.

No início do século IX, cálculos matemáticos estimulavam o desejo de repostas para o movimento celeste. Esta curiosidade introduziu um novo campo no conhecimento humano, o da Astronomia. Uma das aplicações mais importantes da Astronomia é o cálculo para o horário das cinco orações diárias, que todo muçulmano faz. Ele é definido de acordo com a posição do sol, movendo-se de leste para oeste. As primeiras tabelas conhecidas, feitas para tal propósito, são datadas do século X, e são instrumentos importantes usados pelos muçulmanos.

O magnífico relógio do sol, que Ibn al-Shatir construiu no ano de 1371 para enfeitar o minarete principal da mesquita omíada de Damasco, confirma a exatidão dos cálculos. O relógio mostra as horas do dia relativas ao nascer do sol, ao meio-dia e ao por-do-sol. Há, também, curvas especiais para as horas relativas ao amanhecer e ao anoitecer. O relógio do sol mede o tempo para cada hora das cinco preces diárias.

Ibn al-Sarraj inventou uma série de astrolábios, quadrantes, grades trigonométricas e outros instrumentos que foram extremamente inovadores na época e que mais tarde foram utilizados pelos europeus quando iniciaram as grandes navegações para a descoberta de novos mundos.

Al Khwarizmi, o gênio matemático, aplicou suas descobertas ao novo campo, de onde ele compôs as mais antigas tabelas planetárias. Seu trabalho serve de referência e foi traduzido para o latim no século XII, por Gerard de Cremona. O primeiro observatório astronômico foi construído em Jundaysabur, sudoeste da Pérsia, sob a direção de Sind ibn-'Ali e Yahia ibn-abi-Mansur. Sendo o astrônomo do califa, ele elaborou uma carta dos movimentos celestes. Os astrônomos de Al-Mamun, o califa abássida, fizeram muitas observações originais. Uma das mais notáveis é a medida do meridiano, próximo a Mosul. O objetivo era determinar o tamanho da terra e a sua circunferência, na suposição de que ela fosse redonda.

Na Espanha, os estudos sobre Astronomia foram incentivados após a segunda metade do século X. O sistema aristotélico foi reproduzido, com a representação dos movimentos celestes. Abu al-Qasim Maslamah al-Majriti, de Madrid, o mais antigo astrônomo muçulmano espanhol, editou e corrigiu as tabelas planetárias de Al-Khwarizmi. Entre os títulos de Al-Majriti, estava o de ser al-hisab, isto é, o matemático, porque ele era considerado o mestre do conhecimento matemático. Cerca de quatorze anos mais tarde, as tabelas planetárias de al-Battani foram traduzidas para o latim, por Plato de Tivoli. Copérnico, mais tarde, iria citar Al-Battani em seu livro "De Revolutionibus Orbium Coelestium". Al-Zarqali, o mais notável observador astronômico de sua época, imaginou um tipo de astrolábio que comprova o movimento do apogeu solar em relação às estrelas. Al-Bitruji desenvolveu uma nova teoria do movimento estelar.

Os astrônomos árabes deixaram no céu os traços imortais de suas descobertas. São os nomes de estrelas, incorporadas às línguas europeias, uma infinidade de termos técnicos, como azimuth (as-sumut), nadir (nazir), zenith (as-samt), todos derivados do árabe, o que só vem comprovar o rico legado do Islam para a Europa cristã.

Ibn Sina, mais conhecido como Avicena, recebeu o título de "Príncipe da Medicina". Seu trabalho mais consagrado é Al-Qanun Fil-Tibb, o " Cânone da Medicina". Ele é um dos maiores nomes da história da Medicina. Aos dez anos conhecia de cor o Alcorão, e aos doze, discutia sobre Direito e Lógica. Ele achava que a medicina era um assunto fácil. "Quando eu estou em dificuldade", ele disse, "consulto minhas anotações e rezo ao Criador". Em seu livro, ele mostrou muitos aspectos da medicina. Classificou as causas e os sintomas das doenças. Dizia que as doenças são causadas por um desequilíbrio das quatro qualidades elementares do corpo: calor, frio, húmido e seco. Elas são provocadas por uma composição, ou conformação, defeituosa das partes do corpo, que provocam o trauma. A causa das doenças está ligada ao ambiente e à psicologia. Entre elas, está o tradicional esquema das doenças "não naturais", oriundas do ar, do excesso ou falta da alimentação e da bebida. Seu livro também discute os cuidados com a conservação da saúde em partes separadas, pediátricas, adultas e geriátricas.

A peste negra assolou a Europa em meados do século XIV, deixando os cristãos desamparados. Enquanto isso, Ibn-al-Khatib, um clínico de Granada, escreveu um tratado, no qual ele elabora uma defesa sobre a teoria do contágio:

"Para aqueles que dizem 'como posso admitir a possibilidade de infecção, quando a lei religiosa a nega', respondemos que a existência do contágio é constatada pela experiência, pela investigação e pela evidência de relatórios confiáveis. Estes constituem argumento sólido. O contágio se torna claro ao investigador, quando observa como ele, que está em contato com pessoas doentes, pega a doença, ao passo que aquele que não tem o contato fica a salvo, e como se dá a transmissão através de roupas e recipientes."

A circulação do sangue e a ideia da quarentena veio da indicação empírica sobre o contágio e foi descoberto por Ibn al-Nafis. Em 943, Ibn Juljul, de Córdoba, tornou-se um físico famoso com a idade de 24 anos, compilou um livro, que era um tratado especial sobre drogas, encontrado na Andaluzia, na península ibérica. Ibn Masawayh escreveu o mais antigo tratado sobre Oftamologia. O livro, entitulado al-Ashr Maqalat fi al-'Ayn é o mais antigo texto sobre a matéria. No uso curativo das drogas, alguns avanços fantásticos foram feitos pelos muçulmanos. Eles criaram as primeiras boticas e a mais antiga escola de Farmácia.

O Príncipe da Medicina, Avicena, também foi um filósofo. A Filosofia naquele tempo era definida como o conhecimento da causa verdadeira das coisas. Ele foi o primeiro árabe a criar um sistema filosófico que é completo. De seus estudos iniciais da Lógica ele se voltou para o estudo da Física e da Metafísica, por sua própria iniciativa. Tornou-se mentor de muitos físicos, e aos dezoitos anos dominava a Lógica, a Física e a Matemática, e não havia nada mais que ele pudesse aprender a não ser concentrar-se na Metafísica. Seu mais importante tratado filosófico é o Kitab al-Shifa, ou o Livro da Cura, conhecido em latim pelo título de Sufficienta. É uma enciclopédia sobre o saber greco-islâmico do século XI, que vai da Lógica à Matemática.

Um grande patrono da filosofia e da ciência da História do Islam é o califa al-Mamun. Filho do califa Harun al-Rashid, ele estimulou as discussões na corte sobre Lógica, Direito e Gramática. Construiu em Bagdá a sua famosa Bayt al-Hikmah, a Casa do Conhecimento, uma combinação de biblioteca e academia, e que em muitos aspectos é uma instituição educacional importante. Esta biblioteca contém livros sobre todos os assuntos, especialmente Ciências Islâmicas, Ciências Naturais, Lógica, Filosofia e muitos outros.

A maior figura na história da filosofia islâmica, e que representa uma reação ao neo-platonismo, foi Imam al-Ghazali, um jurista, teólogo, filósofo e místico. Ele dizia que o "fiqh" é o pão diário da alma crente, ao passo que a doutrina é valiosa da mesma forma que a medicina é para a doença. Também disse que foi tomado pelo desejo da verdade. Resolveu buscar um "certo conhecimento", além do qual o objeto conhecido não se abre para duvidar completamente. Fundamentalmente, Al-Ghazali afirmava seu agnosticismo sobre a natureza absoluta e final de Deus. Esta necessidade de uma certeza religiosa impulsionou Al-Ghazali para o misticismo e o remeteu à descoberta do conceito alcorânico de Deus, o que mostrou que a natureza de Deus é constituída pelos nomes e abributos divinos.

O primeiro filósofo autêntico a escrever em árabe foi Al-Kindi. Ele está relacionado de muitas formas aos mutazilas e aos filósofos naturais neo-pitagóricos . Foi um homem de extraordinária erudição, que relatou suas observações como geógrafo, historiador e físico. Kindi foi mais do que um filósofo. Era químico, oculista e teórico musical. A sua influência como autor e professor deu-se, principalmente, nos campos da matemática, geografia e medicina.


A história intelectual dos árabes, com o desenvolvimento da Filosofia e da Ciência no Oriente Próximo, começa com a ascensão do Islam. A primeira geração de muçulmanos eruditos dedicou-se completamente ao estabelecimento de um cânon baseado no Alcorão e isto por causa da santidade irresistível do Alcorão e das tradições do Profeta Mohammad. Para os estudiosos muçulmanos, cuja obra é mostrada, o Alcorão é a fonte de todo o conhecimento - a revelação de Deus.

Muitas sugestões foram apresentadas no Alcorão como uma prova da Onisciência de Deus. Tais sugestões estimularam a curiosidade do homem e provavelmente satisfizeram suas buscas do conhecimento. Com as raízes do conhecimento já estabelecidas, seus ramos e folhas cresceram em direção ao avanço tecnológico. Essas raízes não podem ser esquecidas jamais, porque sem uma fundação sólida nenhum pilar pode ser construído e sobreviver. A seguir, alguns nomes de muçulmanos eminentes, que deixaram seus nomes marcados para sempre a história da humanidade, pela enorme contribuição que deram.

História


Abu Raihan Muhammad al-Biruni, um sábio persa, foi contemporâneo do grande físico Ibn Sina (Avicena), com quem se correspondia. Com um talento especial para as línguas, inclusive o turco, o Persa, o sânscrito, o hebreu e o árabe, Al-Biruni despertou a atenção do governante ghazanavida Mahmud, cujo território incluía o norte da Índia. Mahmud muitas vezes levava Al-Biruni em suas campanhas pela Índia, e ele aproveitava para estudar a língua, a história e a ciência dos lugares por onde passava. Um de seus livros mais famosos, Kitab al-Hind (Livro da Índia), foi o resultado dessas viagens. Foi um estudo tão completo sobre a Índia que trabalhos posteriores sobre a história hindu tiveram como base esse livro de Al-Biruni.

Além de sua obra sobre cultura e história, Al-Biruni foi também um cientista notável. No campo da astronomia, ele foi pioneiro na noção de que a velocidade da luz era muito maior do que a velocidade do som, observou os eclipses solar e lunar e aceitou, muito antes do que qualquer outro, a teoria de que a terra girava em torno de um eixo. Na geografia, calculou a latitude e longitude corretas de muitos lugares e questionou a visão ptolomaica européia, de que a África se estendia infinitamente para o sul; Al-Biruni insistia que ela era circundada pela água. Em seu trabalho sobre a Índia, Al-Biruni apresentou a ideia controversa - mais tarde provada correta- de que o vale do Hindu tinha sido uma bacia de mar. Também desenvolveu uma teoria para o cálculo da qibla - a direção de Meca de qualquer lugar em que se esteja - tão importante para os muçulmanos, a fim de praticarem suas orações voltados para aquela cidade. Na física, ele determinou, de forma muito precisa, as densidades de 18 pedras preciosas e metais. Foi o primeiro a estabelecer a trigonometria como um ramo distinto da matemática. Por causa de sua obra em diversos campos do pensamento, Al-Biruni é considerado um dos maiores cientistas de todos os tempos.


'Abd al-Rahman Ibn Khaldoun, é considerado o fundador da moderna sociologia e filosofia da história. Nasceu em Túnis, onde seus pais mais tarde morreram em decorrência da peste negra. Ibn Khaldoun passou a maior parte de sua vida no norte da África e Espanha. Teve uma vida política, trabalhando para inúmeras cortes reais norte-africanas, onde foi capaz de observar a dinâmica política e social da vida cortesã. Essas observações mais tarde influenciaram sua obra sobre a história das civilizações.

Seu livro mais famoso foi o Muqaddimah ("Introdução" ou Prolegômenos), que foi o primeiro volume do que pretendia ser uma obra sobre a história mundial. No Muqaddimah, Ibn Khaldoun expôs sua filosofia de história, e suas opiniões sobre como o material histórico devia ser analisado e apresentado. Concluiu que as civilizações surgem e desaparecem, como num ciclo, como resultado de fatores psicológicos, econômicos, ambientais, sociais e políticos.  Sua atenção voltada para aspectos mais do que simplesmente políticos foi revolucionária, porque ele buscou examinar também os fatores religiosos, sociais e econômicos para explicar a história mundial. Ele submeteu seu estudo da história à análise objetiva e científica, e lamentava o cunho eminentemente tendencioso da história escrita antes dele.

Além do Muqaddimah, Ibn Khaldoun escreveu sobre os árabes, judeus, gregos, romanos, persas, egípcios e bérberes, e sobre os governantes europeus e muçulmanos. Escreveu sua autobiografia, tornando-se um líder nessa nova forma literária. Sua atenção para os fatores sociais na ascensão e queda das civilizações, ajudou a criar a ciência do desenvolvimento social, conhecida, hoje, como sociologia. Sua influência nos campos da sociologia e da história foi enorme, principalmente porque sua ênfase na razão e racionalismo para o julgamento histórico deu um tom não religioso ao seu trabalho.

3.Ibn Hisham; 4. Ibn Ishaq; 5. Ibn Miskawayh; 6. Al-Tabari; 7. Abu Hamid al-Ghazali; 8. Al-Suyuti; 9. Ibn Qutaybah,

Medicina


Abu Ali al-Husayn Ibn Abdullah Ibn Sina, conhecido no ocidente como Avicena, nasceu em Bucara, em 980. Este físico persa tornou-se o mais famoso e influente de todos os cientistas e filósofos muçulmanos. Ele conquistou o favor real por tratar dos reis de Bucara e Hamadan, que tinham contraído doenças que os clínicos da época não diagnosticaram nem curaram. Embora treinado para ser um físico, Ibn Sina trouxe importantes contribuições para a filosofia, matemática, química e astronomia. Sua enciclopédia filosófica, Kitab al-Shifa ("O Livro da Cura"), aproximou as filosofias aristotélica e platônica da teologia islâmica, dividindo o campo do conhecimento em conhecimento teórico (física, matemática e metafísica) e conhecimento prático (ética, economia e política).

Seu legado mais permanente, no entanto, foi no campo da medicina. Seu livro mais famoso, Al-Qanum fi al-Tibb ("O Cânon da Medicina"), ainda é um dos mais importantes livros de medicina jamais escrito, e por 600 anos, serviu como referência médica em toda a Europa. Entre as contribuições do Cânon para a moderna medicina, estavam: o reconhecimento de que a tuberculose era contagiosa; as doenças podiam se difundir através da água e do solo; a saúde emocional influencia a saúde física. Ibn Sina também foi o primeiro clínico a descrever a meningite, as partes do olho e as válvulas cardíacas, e descobriu que os nervos eram responsáveis pela dor muscular. Também deu sua contribuição para os avanços na anatomia, ginecologia e pediatria. O Cânon foi traduzido para o latim no século XII e rapidamente tornou-se a referência médica predominante nas escolas de medicina europeias até o século XVII. Ainda é utilizado hoje nas escolas de medicina islâmicas do Paquistão e da Índia. Nenhum outro livro sobre medicina foi tão aclamado por tanto tempo. Quando o original árabe foi publicado em Roma, em 1593, tornou-se um dos primeiros livros árabes a ser produzido de acordo com a nova invenção do prelo. A Faculdade de Medicina da Universidade de Paris traz em sua entrada principal um retrato de Ibn Sina.

2. Abu al-Fath al-Chuzini Ibn Zuhr; 3. 'Abd al-Malik Abu Marwun Ibn Zuhr; 4. Abu al-Qasim; 5. Ibn Tufayl al-Razi; 6. Ibn al-Haytham.

Matemática


Abu Ja'far Muhammad Ibn Musa al-Khwarizmi nasceu em Khwarizm, atual Usbequistão. Ele viveu em Bagdá, sob o patrocínio de Al-Mamun, o califa abássida, entre 813 e 833, durante o período conhecido como a "Idade de Ouro" da ciência islâmica. Um matemático celebrado em seu tempo, assim como séculos mais tarde, Al-Khwarizmi é melhor conhecido por ter introduzido o conceito de álgebra na matemática. O título de seu livro mais famoso, Kitab al-Jabr wa al-Muqabilah ("O Livro da Integração e da Equação"), na verdade, apresenta a origem da palavra álgebra. No curso de sua obra, Al-Khwarizmi introduziu ouso dos numerais indo-arábicos que se tornaram conhecidos como algoritmos, um derivado latino de seu nome. Ele também começou usando o zero, que abriria o caminho para o desenvolvimento do sistema decimal.

A obra de Al-Khwarizmi teve uma tremenda influência sobre a matemática, não só no mundo islâmico mas também em outras culturas. Muitos de seus livros foram traduzidos para o latim no século XII e Kitab Al-Jabr wa al-Muqabilah foi a principal referência matemática nas universidades européias até o séculoXVI. Além disso, Al-Khwarizmi produziu trabalhos sobre astronomia e geografia, muitos dos quais foram traduzidos para línguas europeias e para o chinês. Em 830, uma equipe de geógrafos, trabalhando sob sua chefia, produziu o primeiro mapa do mundo conhecido. Os méritos científicos de Al-Khwarizmi continuam a produzir impactos nos dias de hoje.


Nascido Ghiyath al-Din Abul Fatah Umar Ibn Ibrahim al-Khayyam, em 1044, em Nishapur, uma cidade persa, Omar Kahyan foi também um famoso matemático, astrônomo, filósofo e poeta. Passou a maior parte de sua vida nos centros intelectuais persas, como Samarcanda e Bucara, e gozou da simpatia dos sultões seljúcidas que governavam a região.

As contribuições científicas mais conhecidas de Kayan foram na álgebra e na astronomia. Sua classificação das equações algébricas foi fundamental para o progresso da álgebra como uma ciência, da mesma forma que sua obra sobre a teoria das linhas paralelas foi importante para a geometria. Na astronomia, o maior legado de Kayan é um calendário solar fantasticamente preciso, que ele desenvolveu quando o sultão seljúcida Malik Shah Jalal al-Din, solicitou um novo programa para a coleta de impostos. O calendário de Kayan era muito mais preciso do que o calendário gregoriano, usado atualmente na maior parte do mundo: o dele apresenta um erro de um dia em 3770 anos, enquanto que o gregoriano tem um erro de um dia em 3330 anos. Kayan mediu a extensão de um ano em 365,24219858156 dias. Embora o calendário tenha sido abolido depois da morte de Malik Shah, em 1092, no entanto, ele ainda é utilizado em algumas partes do Irã e do Afeganistão.

Omar Kayan também foi poeta, e é assim que ele é melhor conhecido no ocidente, em detrimento de sua obra científica. Sua fama como poeta existe desde 1839, com a tradução para o inglês de seu livro Rubayat. Tornou-se um clássico da literatura mundial e é responsável pela influência que teve no conceito europeu sobre a poesia e literatura persas. Tendo em vista que em sua época ele foi mais conhecido por sua obra científica, duvidava-se que Kayan fosse realmente o autor de Rubayat. Mas, uma análise criteriosa efetuada por muitos estudiosos comprovou que ele é mesmo o autor da obra.

3. Kushyar Ibn Labban, 4. Ibn Turk, 5. Abda al-Hamid, 6. Ibn Qurra, 7. Thabit, 8. Al- Kashi, 9. Nasir al-Din al-Tusi, 10. Abu al-Wafa', 11. Ibn Yunus, 12. Al-Battani, 13. Ibn al-Haytham (Alhazen).

Astronomia

1. Ibn al-Muqtafi, 2. Abu al-Fadl Ja'far, 3. Nasir al-Din al-Tusi, 4. Muhammad ibn Musa al-Khwarizmi, 5.Abu al-Wafa', 6. Ibn al-Shatir; 7. Ibn Yunus, 8. Omar Khayyam, 9. Al-Battani, 10. Abu al-Abbas al- Farghani,

Geografia

Abu al-Abbas al- Farghani,

Filosofia


Abu'l-Nasr Al-Farabi, um muçulmano de origem persa, que estudou em Bagdá, foi considerado em seu tempo como o maior filósofo desde Aristóteles. Na verdade, ele era conhecido como o "Segundo Mestre", sendo Aristóteles o primeiro. Ele era fluente em diversas línguas e através de suas traduções de antigas obras gregas, ele foi um dos primeiros filósofos muçulmanos a introduzir a filosofia grega no mundo islâmico. Escreveu sobre diversos assuntos, inclusive lógica, sociologia, ciência política, medicina e música, mas seu legado mais importante foi sua obra sobre filosofia.

Ao escrever seus comentários sobre a obra dos antigos gregos, Al-Farabi procurou reconciliar os pensamentos aristotélico e o platônico com a teologia islâmica. Ao mesmo tempo, no entanto, ele tornou-se o primeiro filósofo muçulmano a separar filosofia da teologia, influenciando estudiosos de muitas religiões que o seguiam. Ele concluiu que a razão humana, o instrumento da filósofo, era superior à revelação, o instrumento da religião, resultando numa vantagem da filosofia sobre a religião. Ele afirmava que a filosofia era baseada na percepção intelectual, enquanto que a religião baseava-se na imaginação. Assim, ele atribuía características solenes ao filósofo e defendia a presença de um filósofo na chefia do estado. Ele achava que as revoltas políticas no mundo islâmico deviam-se ao fato de o estado não ser administrado por filósofos, cujos poderes superiores da razão e do intelecto determinavam a liderança ideal.

A obra de Al-Farabi influenciou enormemente os filósofos islâmicos que se seguiram a ele, principalmente Ibn Sina e Ibn Rushd. Também serviu de palco para debates acalorados entre os representantes da filosofia e da teologia, na medida em que pensadores muçulmanos buscavam harmonizar as disparidades entre esses dois campos.


Abu Hamid al-Ghazali nasceu em1058, na província persa do Corassã. Foi estudou teologia islâmica em renomadas instituições de Nishapur e Bagdá, e tornou-se professor em religião e filosofia na Universidade de Nizamiyah, em Bagdá, uma das mais importantes instituições islâmicas daquela época. Em 1095, no entanto, depois de um período de confusão interior a respeito de sua fé, Al-Ghazali deixou a universidade, abandonou seus bens materiais e tornou-se um ascético errante. Devotou-se ao sufismo, o ramo místico do Islam que se ocupa do conhecimento direto de Deus, e viajou a Meca, Síria e Jerusalém, antes de voltar para Nishapur, para escrever.

Sua obra a respeito da relação entre a filosofia e a religião contribuiu para uma discussão no mundo islâmico sobre como harmonizar esses dois campos. Ao adotar os princípios aristotélicos do humanismo dos antigos gregos, filósofos muçulmanos, como Al-Farabi e Ibn Sina, entraram em conflito com os teólogos que afirmavam que a filosofia aristotélica contradizia a doutrina islâmica. Al-Ghazali defendia firmemente a religião contra o ataque dos filósofos e assim fazendo ajudou a construir uma ponte entre essas duas correntes de pensamento. Ele também buscou prevalecer no que ele acreditava ser excessivo no sufismo e trazê-lo para uma linha mais compatível com o Islam ortodoxo. Continuou a salientar a importância do sufismo como um caminho para a verdade absoluta, mas procurou redefinir sua imagem extremista como uma desobediência aos ensinamentos básicos do Islam.

Al-Ghazali escreveu muitos livros a respeito desses assuntos, que ficaram famosos, um dos quais inspirou o filósofo Ibn Rushd a responder com um livro de sua autoria, depois da morte de Al-Ghazali. Em Tuhafat al-Falasifa ("A Incoerência dos Filósofos"), Al-Ghazali expôs alguns argumentos a respeito do por quê algumas vezes a filosofia soava herética ao Islam. Ele, particularmente, discordava dos argumentos apresentados pelos filósofos de influência grega, que questionavam a imortalidade da alma, a ressurreição do corpo, a recompensa e a punição depois da morte, o conhecimento de Deus de todas as coisas e a eternidade do mundo. Al-Ghazali aceitava o fato de que os filósofos questionassem alguns princípios da fé islâmica, mas repudiava-os por não provarem suas posições. Ao mesmo tempo, Al-Ghazali foi muito cuidadoso em não refutar tudo que os filósofos dissessem. Ele não rejeitou as descobertas dos cientistas-filósofos das ciências naturais, e admitia que muitos avanços científicos haviam sido feitos. Também repudiou os muçulmanos que, em nome da religião, rejeitavam toda ciência que estivesse ligada aos filósofos, afirmando que essa abordagem somente levaria os filósofos a concluírem que o Islam baseava-se na ignorância. Al-Ghazali defendia a aceitação das conquistas científicas válidas, e desafiava os filósofos a provarem suas objeções em relação à teologia islâmica. Ibn Rushd, um filósofo aristotélico e racionalista, respondeu ao livro de Al-Ghazali com um de sua autoria, Tuhafut al-Tuhafut ("A Incoerência da Incoerência"), no qual ele reproduziu e comentou seus argumentos, página por página.

Al-Ghazali é considerado um dos maiores teólogos do Islam. Seus argumentos influenciaram sábios religiosos judeus e cristãos e até Santo Tomás de Aquino usou muito dos temas de Al-Ghazali para fortalecer o cristianismo no Ocidente.


Abu'l Waleed Muhammad Ibn Ahmad Ibn Muhammad Ibn Rushd nasceu em Córdoba, em 1126, então parte da Espanha Muçulmana. Foi um dos maiores pensadores e cientistas do século XII. Conhecido no ocidente por seu nome latino, Averróes, Ibn Rushd influenciou a cultura do mundo islâmico e da Europa por séculos, e é melhor conhecido no Ocidente por seus comentários sobre a filosofia aristotélica.

Como muitos sábios famosos antes dele, Ibn Rushd gozava da simpatia da corte real e passou sua vida entre a classe dirigente de Marraquesh, Marrocos e das cidades espanholas de Sevilha e Córdoba. Embora suas opiniões sobre religião e filosofia ocasionalmente aborrecessem seus padrinhos, Ibn Rushd foi capaz de continuar seus estudos nesse campo, graças a sua amizade com os governantes muçulmanos. Ele foi fortemente influenciado pela filosofia grega e escreveu muitos comentários a respeito das obras de Aristóteles. Ele usava o racionalismo grego para questionar diversos princípios da teologia islâmica, ganhando a crítica de muitos religiosos muçulmanos eruditos, como Al-Ghazali, por exemplo. Apesar de sua defesa veemente da filosofia, Ibn Rushd era um muçulmano devotado que também tentou integrar a visão política de Platão ao moderno estado islâmico, harmonizando o pensamento grego e as tradições islâmicas.

Enquanto o mundo islâmico se dividia no apoio à obra filosófica de Ibn Rushd, ele ficou muito popular na Europa. Seus comentários sobre a obra de Aristóteles e Platão foram traduzidos para o latim, inglês, alemão e hebreu, e depois foram incluídos nas edições sobre as obras dos filósofos gregos. A idéia de que ele foi mais popular no Ocidente do que no mundo islâmico, foi também baseada no fato de que poucos de seus escritos sobreviveram em língua original, o árabe.

Além de filósofo, Ibn Rushd foi médico e astrônomo. Seu famoso livro sobre medicina, Kitab al Kulyat fi al-Tibb, discutiu vários diagnósticos e curas para as doenças, assim como a sua prevenção. Ele foi o físico pessoal de muitos dos califas almorávidas em Espanha e no Magrebe. Na astronomia, escreveu tratados sobre o movimento das esferas.

4. Abu Yusuf Ya'qub Kindi, 5. Ibn Bajjah, 6. Abu 'Ali al-Husayn Ibn Sina (Avicena), 7. Ibn Tufayl, 8. Nasir al-Din al-Tusi, 9. Ibn Miskawayh.

Teologia

1. Al-Tabari, 2. al-Zamakhshari, 3. al-Suyuti, 4. Ibn Qutaybah,

Alquimia

1. Abu Musa Jabir ibn Hayyan, 2. al-Razi,

FONTES:



O Papel dos Muçulmanos na Transmissão da Ciência Islâmica

No aparecimento e desenvolvimento das diferentes civilizações, a troca de idéias pertencentes a diversas culturas e nações teve, sem margem de dúvidas, o seu papel preponderante, assim sendo, é de estranhar o fato de uma parte do Mundo Ocidental não dar aos Muçulmanos o que lhes é devido, nem reconhecer o papel importantíssimo dos Muçulmanos na História da Ciência.

Os Muçulmanos absorveram ciências, desenvolveram-nas a um grau elevado e transmitiram-nas, posteriormente, aos Europeus. Não obstante, o ponto de vista que parece prevalecer é o de que os Muçulmanos tiveram um papel muito pequeno no desenvolvimento e transmissão das ciências.

Uma outra idéia, largamente difundida, refere-se ao fato de supor que as ciências foram acumuladas pelos Europeus, diretamente dos Gregos. Parece-nos que a maioria da bibliografia relacionada com esta temática, e com a história de autores Europeus, tem que ser, ou revista, ou escrita de forma a que a verdade venha à tona.

Foram muitos os caminhos através dos quais os Tesouros da Civilização Islâmica se propagaram e influenciaram a Europa, durante os séculos de escuridão, ou seja, durante a Idade Média, uma vez que "a Idade Média foi realmente uma época sombria, já que a grande maioria dos historiadores nos mostrou apenas o seu lado mais «cinzento»; na realidade, estes séculos nunca foram tão «escuros» quanto a nossa ignorância acerca deles".

Estes caminhos estavam concentrados em três locais na Europa, o primeiro deles encontrava-se no Ocidente, ou seja, na Espanha Muçulmana (o domínio Muçulmano iniciou-se em toda a Europa em 711, tendo terminado em 1492); o segundo localizava-se no Sul, ou seja, na Sicília e no Sudeste da Itália (os Muçulmanos dominaram esta região durante mais de 200 anos de mais ou menos 840 até 1060) ; e o terceiro encontrava-se no Oriente, ou seja, em Constantinopla (1096 a 1274). A maioria dos historiadores desta temática encontra-se de acordo com a idéia de que a Espanha, ou Andaluzia, teve um papel de elevada importância no processo de transmissão da cultura Muçulmana, bem como das suas ciências, à Europa .

Se a Espanha ficou com a maior parte neste processo de transmissão, então, quais foram os caminhos e meios, através dos quais a Cultura e Ciências Muçulmanas foram transmitidas à Europa? Este processo pode ter tido lugar de diferentes maneiras. Só o fato de os Muçulmanos, e o seu "modus vivendis", terem dominado uma parte da Europa durante, praticamente, 800 anos é, por si só, uma grande proeza e, consequentemente, devido a esta proximidade e presença na Europa, o processo de transmissão foi grandemente acelerado.

Se não fosse a presença Muçulmana na Espanha, e a sua contribuição para a Ciência, receio que o mundo Ocidental talvez nunca tivesse conseguido alcançar o estádio do pensamento moderno, nem tão pouco proezas científicas e tecnológicas, que foram obtidas durante o presente século.

Por outro lado, se os Muçulmanos não tivessem dominado a Espanha, ou qualquer outro país Europeu, provavelmente nós encontrar-nos-íamos alguns séculos atrasados, visto que o processo de transmissão das Ciências Muçulmanas à Europa teria levado, neste caso, muito mais tempo a ser efetuado.

O fato dos Muçulmanos terem estado presentes em Espanha, ajudou largamente os meios através dos quais as Ciências Muçulmanas foram transmitidas à Europa.

Após o fim do domínio Muçulmano na Espanha, no século XV, é um prodígio relativo, digamos assim, encontrarmos a Espanha e Portugal Cristãos a liderarem os denominados "Descobrimentos Marítimos", na América e no Oriente, através da navegação da costa Africana. Refiro-me a estas viagens, "assim denominadas", uma vez que a maioria destes caminhos, sulcados pelos Espanhóis e Portugueses, eram já do conhecimento dos muçulmanos.

De fato, as embarcações espanholas e portuguesas fizeram uso dos mapas geográficos muçulmanos e, até mesmo, de navegadores muçulmanos, como no caso de Ibn Majid, que foi o piloto de Vasco da Gama.

Por exemplo, marinheiros muçulmanos já tinham dobrado o Cabo da Boa Esperança, muito antes de Vasco da Gama, e até o batizaram de "Jabal al Nadam", que significa "Montanha do Arrependimento", por causa da sua linha costeira extremamente perigosa. Ao que parece, o famoso geógrafo muçulmano do século XIV, Al Idrissi(3) (493-560 da Hégira / 1100-1165 da Era Cristã) teria alcançado as Índias Ocidentais e, provavelmente, até a América.

Face a estes fatos, poder-se-á colocar a seguinte questão: se estes caminhos marítimos eram do conhecimento dos Muçulmanos, então porque não foi tal fato celebrado entre os próprios Muçulmanos? A resposta a esta questão encontra-se estritamente ligada com os princípios básicos da crença e da fé dos Muçulmanos.

Nós sabemos que no Islam toda a Glória e Poder pertencem a Deus Todo-Poderoso, e a mais ninguém. Consequentemente, verificamos que, em toda a História do Islam, os Muçulmanos nunca celebraram o fato de terem descoberto um local, esta coisa, ou aquela, do mesmo modo que os Europeus fizeram (e continuam a fazê-lo), se bem que os Muçulmanos realizaram inúmeras descobertas em muitos campos, incluindo os das Ciências.

Neste ponto, julgo que a grande maioria dos livros históricos europeus encontra-se extremamente necessitada de uma profunda revisão, ou mesmo de ser escrito de novo, por forma a revelar a verdade ao Mundo.

Por: M. Yossuf Muhamad Adamgy

terça-feira, janeiro 14, 2020

Os estágios da criação do homem (B)

O livro "O Desenvolver Humano", escrito pelo Professor Keith Moore, foi traduzido em oito línguas. Este livro é considerado uma referência científica e foi escolhido por um comitê especial dos Estados Unidos como o melhor livro escrito por uma pessoa. Encontramo-nos com o autor deste livro e apresentamos a ele muitos versículos do Alcorão e ahadith proféticos, que lidam com a sua especialidade em embriologia.

 Como o Professor Moore ficasse convencido de nossas evidências, fizemos-lhes a seguinte pergunta: "O sr. disse em seu livro que na Idade Média não havia um avanço na ciência da embriologia e que, naquela época, poucos detinham o conhecimento. Ao mesmo tempo, o Alcorão foi sendo revelado ao Profeta Mohammad (que a paz e as bênçãos de Deus estejam com ele) e ele foi orientando as pessoas, de acordo com o que Deus ia-lhe revelando. Encontramos no Alcorão uma descrição muito detalhada do homem e dos diferentes estágios do desenvolvimento humano.

O sr. é um cientista de renome mundial, portando, por que não faz justiça e menciona estas verdades em seu livro?" Ele respondeu: "Você tem a prova e eu não. Assim, por que não fazê-lo você para nós?"

Nós o municiamos com fatos e o Professor Moore se mostrou ser um grande sábio. Na terceira edição de seu livro ele fez alguns acréscimos. Este livro foi traduzido, conforme dissemos anteriormente, em oito línguas, inclusive o russo, chinês, japonês, alemão, italiano, português e iugoslavo. O livro tem uma distribuição mundial e é lido por muitos dos mais avançados cientistas do mundo.

O Professor Moore afirma em seu livro, a respeito da Idade Média: o crescimento da ciência foi pequeno durante o período medieval e muito pouco se fez no campo da investigação embriológica que seja do nosso conhecimento. É dito no Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, que os seres humanos são produzidos de uma mistura de secreções do homem e da mulher. Muitas referências são feitas à criação do ser humano a partir de uma gota de esperma e também é sugerido que o organismo resultante se acomoda na mulher, como uma semente, seis dias após o seu começo. (O blastocisto começa a se implantar cerca de seis dias após a fertilização. V. fig. 4.1)

O Alcorão também afirma que a gota de esperma se transforma num coágulo de sangue (um blastocisto implantado ou um concebido, espontaneamente abortado, lembram um coágulo de sangue). Também há referências à semelhança do embrião com uma sanguessuga. Em sua aparência, o embrião não é diferente de uma sanguessuga, ou uma ventosa. O Alcorão também fala da semelhança com um pedaço mastigado de uma substância - como uma goma de mascar. (De alguma forma, às vezes lembra as marcas dos dentes na goma de mascar - V. fig. 4.2)

O embrião desenvolvido era considerado um ser humano a partir dos 40 ou 42 dias e não mais lembra um embrião animal nesta fase (V. fig. 4.3) (O embrião humano começa a adquirir características humans neste estágio). O Alcorão também afirma que o embrião se desenvolve - em três véus de escuridão. Provavelmente quer se referir à (1) parede abdominal materna anterior. (2) à parede uterina e (3) à membrana aminiótica (V. fig. 4.4) Este espaço não nos permite a discussão de muitas outras referências interessantes ao desenvolvimento pré-natal, que constam do Alcorão.

Isto foi o que o Dr. Moore escreveu em seu livro, louvado seja Deus, e que agora está sendo distribuído no mundo inteiro. O conhecimento científico considerou uma obrigação do Professor Moore citar isto em seu livro. Ele concluiu que a classificação moderna dos estágios do desenvolvimento embrionário, que foi adotado no mundo, não é facil ou abrangente e não contribui para a sua compreensão, porque aqueles estágios estão numa base numérica, isto é, estágio 1, estágio 2, estágio 3, etc. As divisões foram reveladas no Alcorão e não dependem de um sistema numérico, porque estão baseadas em formas distintas e facilmente identificáveis, pelas quais o embrião passa.

O Alcorão identifica os estágios do desenvolvimento pré-natal como se segue: nutfah, que quer dizer "uma gota" ou "uma pequena quantidade de água"; 'alaqh, que significa "estrutura semelhante a sanguessuga"; mudghah, que quer dizer "estrutura semelhante a coisa mastigada"; 'idhaam, que quer dizer "ossos" ou "esqueletos"; kisaa ul idham bil-laham, que significa vestir os ossos com carne ou músculo; e al-nash'a, que significa "a formação do feto". O Professor Moore reconheceu que estas divisões alcorânicas são, na verdade, baseadas nas diferentes fases do desenvolvimento pré-natal. Ele notou que estas divisões fornecem descrições científicas elegantes que são compreensíveis e práticas.

Em uma de suas conferências, o Professor Moore afirmou o seguinte: O embrião se desenvolve no útero da mãe, protegido por três véus, ou camadas, como mostrado no próximo slide (Nota: o slide não é mostrado). (A) representa a parede abdominal anterior, (B) a parede uterina e (C) a membrana aminiótica (V. fig. 4.5) Tendo em vista que o estágio do embrião humano é complexo, devido ao processo contínuo de mudanças durante o seu desenvolvimento, propõe-se que um novo sistema de classificação seja desenvolvido, usando os termos mencionados no Alcorão e na Sunna. O sistema proposto é simples, abrangente e está de acordo com o conhecimento embriológico atual.

Os estudos intensivos do Alcorão e dos ahadith nos últimos quatro anos revelaram um sistema de classificar os embriões humanos que é fantástico, se considerarmos que foram registrados no século VII d.C. Embora Aristóteles, o fundador da ciência da embriologia, em seus estudos sobre os ovos de galinha, no século IV, a.C., tenha percebido que os embriões de pintos se desenvolviam em estágios, ele não deu qualquer detalhe a respeito desses estágios. Até onde sabemos da história da embriologia, pouco era conhecido a respeito dos estágios e classificação dos embriões humanos até o século XX. Por este motivo, as descrições do embrião humano no Alcorão não podem estar baseados no conhecimento científico do século VII. A única conclusão razoável é que essas descrições foram reveladas a Mohammad por Deus. Ele não poderia saber de tais detalhes porque era analfabeto, sem qualquer treinamento científico.

Dissemos ao Dr. Moore "O que o senhor disse é verdade, mas é menos do que lhe apresentamos em termos das evidências do Alcoráo e da Sunna e que está relacionado com a ciência da embriologia. Assim, por que não fazer justiça e trazer à luz todos os versículos alcorânicos e ahadith que lidam com o seu campo de especialização?"

O Professor Moore disse que ele havia inserido as referências apropriadas nos lugares adequados para um livro científico. Contudo, ele nos convidou para fazermos alguns acréscimos islâmicos, citando todos os versículos alcorânicos relevantes e os ahadith proféticos, e salientando seus vários aspectos miraculosos, para serem incorporados nos espaços próprios do livro. Isto foi feito e, consequentemente, o Professor escreveu uma introdução a esses acréscimos e o resultdo foi este que o leitor pode ver. Em cada página que inclui fatos sobre a ciência da embriologia, citamos os versículos alcorânicos e os ahadith proféticos que provam a inimitabilidade do Alcorão e da Sunna. O que estamos testemunhando hoje é o Islam se deslocando para novos espaços dentro de mentes humanas imparciais e justas.

Por Abdullah M. Al-Rehaili, da série "Esta é a verdade". 

As fases do embrião

Vamos apresentar agora o Dr. G.C. Goeringer, Diretor e Professor Associado de Embriologia Médica do Departamento de Biologia Celular da Escola de Medicina de Georgetown, Washington, USA. Quando de nosso encontro com ele, perguntamos-lhes se na história da embriologia havia menção aos diferentes estágios do desenvolvimento do embrião e se, na época do Profeta Mohammad (que a paz e a bênção de Deus estejam com ele) ou mesmo depois, havia livros sobre embriologia que mencionassem os diversos estágios do desenvolvimento embrionário ou se essa divisão em diferentes estágios só veio a ser conhecida na metade do século XIX. Ele disse que os antigos gregos se preocuparam com o estudo da embriologia e que muitos deles conseguiram descrever o que acontece com o feto e como ele se desenvolve. Concordamos com ele que Aristóteles, entre outros, conseguiu expor algumas teorias a respeito, mas, teria ele feito qualquer menção a respeito desses estágios?

Sabemos que até a metade do século século XIX esses estágios eram conhecidos mas não haviam sido provados até o começo do século XX. Após uma longa discussão, o Professor Goeringer concordou que não havia menção a essas fases. Assim, perguntamos-lhe se havia qualquer terminologia específica aplicada a essas fases, da forma como é encontrada no Alcorão. Sua resposta foi negativa. De novo perguntamos-lhe: "Qual é a sua opinião a respeito dos termos que o Alcorão se utiliza para descrever as fases por que passa o feto?" Após longos debates, ele apresentou um estudo da 8ª Conferência Médica Saudita. Nesse estudo, ele se refere à ignorância básica a respeito dessas fases. Ele também discutiu a abrangência e precisão do Alcorão para descrever o desenvolvimento do feto, através de termos concisos e exatos que transmitem de longe a verdade. Vamos ouvir o Professor Goeringer explicando a sua opinião:

Em relativamente poucos versículos alcorânicos estão contidos uma descrição mais abrangente do desenvolvimento humano desde de a hora da chegada dos gametas por meio da organogêneses. Nenhum registro tão distinto e completo do desenvolvimento humano, ou uma tal classificação, terminologia e descrição existiu anteriormente. Na maior parte dos exemplos, se não em todos, esta descrição antecipa, em muitos séculos, o registro dos vários estágios do desenvolvimento embrionário e fetal existentes na literatura científica tradicional.

O debate com o Professor Goeringer nos levou a falar sobre um fato recentemente descoberto e que eliminou qualquer controvérsia. Embora o nascimento virgem de Cristo tenha sido uma crença cristã por séculos, alguns cristãos insistem em dizer que tem que haver um pai, porque uma virgem dar a luz é "cientificamente impossível". Eles questionam isto, e talvez eles não saibam que pode haver uma criação sem um pai. O Alcorão respondeu a eles e usou como exemplo a criação de Adão. Deus disse:

"O exemplo de Jesus, ante Deus, é idêntico ao de Adão, que Ele criou do pó; então lhe disse: Seja! e foi." (Alcorão 3:59)

Há três tipos de criação:

1. Adão, que foi criado sem pai ou mãe;

2. Eva, que foi criada sem mãe;

3. Jesus Cristo, que foi criado sem pai.

Consequentemente, o Único capaz de criar Adão sem um pai ou uma mãe, também foi capaz de criar Jesus de uma mãe, sem um pai. Apesar disto, os cristãos ainda continuam a questionar, ainda que Deus tenha enviado evidência após evidência e prova após prova. Assim, quando eles são indagados do por que persistem nesta controvérsia, respondem que nunca viram ou ouviram falar de alguém sendo criado sem pai ou mãe. Mas, a ciência moderna agora revela que muitos animais e seres neste mundo nascem e se reproduzem sem a fertilização masculina da espécie. Por exemplo, a abelha macho nada mais é do que um ovo que não foi fertilizado. As abelhas macho são criadas dos óvulos da abelha-rainha sem a fertilização masculina. Há muitos exemplos como este no mundo animal. Além do mais, o homem hoje tem os meios científicos de estimular o óvulo feminino de alguns organismo a fim de que este óvulo se desenvolva sem a fertilização masculina.

Leiamos as palavras do Professor Goeringer. Em outro tipo de abordagem, os óvulos não fertilizados de muitas espécies de anfíbios e mamíferos inferiores podem ser ativados por meios químicos, físicos (choque térmico) ou mecânicos (espetada de uma agulha), através de um sem número de diferentes substâncias químicas e prosseguem nos estágios de desenvolvimento. Em algumas espécies, este tipo de desenvolvimento partenogênico é natural.

Deus nos deu uma resposta definitiva e usou Adão, a quem eles acreditam, como um exemplo de um ser humano que não teve pai ou mãe. Os cristãos consideram um desvio o fato de que o ser humano possa nascer sem um pai. Portanto, Deus mostrou-lhes uma analogia de um ser humano que não teve pai nem mãe, isto é, Adão. O Alcorão diz:

"O exemplo de Jesus, ante Deus, é idêntico ao de Adão, que Ele criou do pó; então lhe disse: Seja! e foi." (Alcorão 3:59)

Deus quis que houvesse tais avanços e descobertas científicos, que dão sustentação à verdade que foi revelada no Alcorão. É desta forma que os versículos desse livro glorioso foi revelado com a passagem do tempo. Eles ficaram conhecidos pelos cientistas e sábios de nossa religião e das gerações que se seguiram. A ciência jamais esgotará as maravilhas do Alcorão.

"E os que foram agraciados com a sabedoria sabem que o que te foi revelado, por teu Senhor, é a verdade, e que isso conduz à sendo do Poderoso, Laudabilíssimo." (Alcorão 34:6)

"E certamente logo tereis conhecimento da sua veracidade." (Alcorão 38:88)

"Cada Mensagem terá um limite e logo o sabereis." (Alcorão 6:67)

De pronto lhes mostraremos os Nossos sinais em todas as regiões (da terra), assim como em suas próprias pessoas, até que lhes seja esclarecido que ele (o Alcorão) é a verdade. Acaso não basta teu Senhor, Que é Testemunha de tudo? (Alcorão 4l:53)

Por Abdullah M. Al-Rehaili, da série "Esta é a verdade".

sábado, janeiro 04, 2020

Frases de Ensinamentos Deixados pela Série ERTUGRUL

Prezados Irmãos, Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

A série Ertugrul, que no Brasil ganhou o nome de O Grande Guerreiro Otomano, deixou saudades em muitos fãs. Foram diversos momentos marcantes e frases impactantes, com muitos ensinamentos. 

Para relembrar alguns dos melhores momentos, fizemos uma compilação de algumas frases memoráveis da série: — EM NOME DE ALLAH “A vitória não é nossa, ela pertence a Allah. Enquanto seguirmos o caminho de Allah, ninguém nos colocará de joelhos. Mas se começarmos a acreditar que a vitória é nossa, se esquecermos o nosso propósito e o contaminarmos com o nosso desejo de fama, então o nosso Senhor nos envergonhará.” (Ertugrul) .

OBJETIVOS JUSTOS “O Todo-Poderoso nunca abandonará aqueles que estão do Seu lado. A vitória não nos levará à arrogância ou à preguiça. Nós preferimos ganhar um coração, ao invés de mil castelos. O nosso objectivo será reunir a humanidade.” (Ertugrul).

A GANÂNCIA NO MUNDO ISLÂMICO “O que levou o mundo islâmico a essa condição é a agitação, a ganância e a tentativa de tomar o poder. Os defeitos que podem prejudicar o mundo islâmico e enfraquecê-lo em benefício pessoal foram ignorados. E os pecados foram considerados permitidos.” (Ertugrul).

O VALOR DA DIGNIDADE “Quem vender a sua voz por ouro hoje, amanhã venderá a sua honra e moral”. (Ilbilge Hatun) . SOMOS INSTRUMENTOS DE ALLAH “O poder de Allah sempre se faz presente quando alguém faz um favor a alguém. 

O PODER DE NOSSAS LÁGRIMAS “As lágrimas que derramamos irrigam os jardins em nossos corações. Trazem sementes de flores no nosso coração para florescer. Como a pessoa é abençoada por derramar lágrimas por causa de Allah! As suas lágrimas apontam para a salvação de sua alma.” (Ibn Arabi).

A VERDADEIRA NOBREZA “Ertugrul não está interessado num punhado de terras, nem em qualquer posição de autoridade. Ele vai se curvar a Al-Haqq e serve apenas à causa de Al-Haqq.” (Halime Hatun) — A ÚNICA BÊNÇÃO É A PRESENÇA DIVINA “Não nos desesperemos. Ao invés de aproveitarmos sentados numa posição de autoridade, baseada na difamação e na traição, é muito mais valioso sermos jogados numa masmorra escura e estar com Al-Haqq”. (Ertugrul).

A FRAQUEZA DE UM SER HUMANO . “Não são as coisas que um ser humano tem que o tornam fraco, mas as coisas que ele deseja.” (Noyan)

A MORTE NÃO É O FIM “Se você acha que pode me assustar com a morte… não poderá. A morte é um momento de reunião, para mim.” (Turgut Alp) “A morte para os crentes é apenas uma passagem de um lugar para outro.” (Ibn Arabi).

O VERDADEIRO TESOURO “Você perdeu um castelo e um título. Mas o tesouro mais precioso de uma pessoa é o seu coração e alma. Os verdadeiros perdedores são aqueles cujos corações e almas são cegos.” (Ibn Arabi). 

Obrigado. Wassalam (Paz). M. Yiossuf Adamgy Director da Revista Islâmica Portuguesa AL FURQÁN

Fonte: iqaraislam 

Gratidão versos Ingratidão

Um famoso escritor estava em sua sala de estudo. Pegou a caneta e começou a escrever:

No ano passado precisei fazer uma cirurgia para a retirada da vesícula biliar. Tive que ficar de cama por um bom tempo.

Nesse mesmo ano, cheguei a idade de 60 anos e tive que renunciar ao meu trabalho favorito. Havia permanecido 30 anos naquele editorial.

No mesmo ano, experimentei a dor pela morte de meu pai e meu filho fracassou em seu exame médico porque teve um acidente de automóvel e ficou hospitalizado por vários dias. A destruição do carro foi outra perda.

Ao final escreveu:
“FOI UM ANO MUITO MAL!”

Quando a esposa do escritor entrou na sala, o encontrou triste em meio aos seus pensamentos. Por trás dele, leu o que estava escrito no papel.

Saiu da sala em silêncio e voltou com outro papel que colocou ao lado do papel de seu marido. 

Quando o escritor viu o papel, encontrou escrito o seguinte:

No ano passado finalmente me desfiz de minha vesícula biliar, depois de passar anos com dor.

Completei 60 anos com boa saúde e me retirei do meu trabalho. Agora posso utilizar meu tempo para escrever com maior paz e tranquilidade.

No mesmo ano, meu pai, com a idade de 95 anos, sem depender de nada e sem nenhuma condição crítica, conheceu seu Criador.

No mesmo ano, Deus abençoou o meu filho com uma nova oportunidade de vida. Meu carro foi destruído, mas meu filho ficou vivo sem nenhuma sequela.

Ao final, ela escreveu:
ESSE ANO FOI UMA GRANDE BENÇÃO!”

Eram os mesmos acontecimentos, mas com pontos de vista diferentes.

Se refletimos bem, temos inúmeras razões para ser gratos a Deus.

Não é a FELICIDADE que nos torna GRATOS,

mas, sim,a GRATIDÃO que nos faz FELIZES!

Sempre há algo para agradecer!

Você escolhe como escrever sua história!

Obrigado, Deus, por mais um dia...```(Autor desconhecido)

sábado, dezembro 28, 2019

E matai-os onde quer que os encontreis” – Explicando os versos do Alcorão que ordenam matar



Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso

Introdução do tradutor (Dante Ibrahim Matta):

O que é muito interessante observar aqui é o fato de que os extremistas e os islamofóbicos têm o mesmo métodos: Negam o contexto da tradição teológica pretendendo interpretar ‘’diretamente’’ o Alcorão, quando na realidade distorcem o Alcorão para servirem a sua própria agenda politica, ou se extraviam por ignorância e orgulho.

Está totalmente proibido interpretar o Alcorão sem ter as qualificações para faze-lo…

Todas as pessoas podem interpretar, porém têm que estudar primeiro. Não há clero no Islam, mas uma hierarquia de estudo e conhecimento. O que garante a competência do professor é o fato de que ele recebeu uma autorização de ensinar por parte de um professor reconhecido pela comunidade (ijaza). O profeta Muhammad disse neste sentido: ‘’Minha comunidade não pode por-se de acordo sobre um erro.’’

A comunidade aqui indica aos sábios da comunidade.

A luz que dão os comentários do sábio somente sobre estes dois versículos indicam a necessidade absolta de estudar o Alcorão com um professor competente e com livros de comentário (tafsir) reconhecidos e variados, também é necessário um bom conhecimento da vida do profeta Muhmmad (que a paz esteja com ele). São ferramentas necessárias para hora de ler o Alcorão para entender-lo corretamente.

Há um abismo entre o que se entende destes versículos sem e com o conhecimento requerido.

Uma regra fundamental para nunca se esquecer:

‘’Os ahadiths (ditos do profeta) sem fiqh (compreensão e jurisprudência) extraviam.’’

A mesma regra se aplica ao Alcorão e talvez mais, porque a Palavra de Deus indica certeza enquanto o hadith, exceto alguns como os hadiths mutawatir que teem muitíssimos narradores diferentes e um mesmo conteúdo, nunca podem chegar a ser considerados 100% autentico, e sempre existe uma duvida.

O teólogo Imam Abu Hamdi Al-Ghazali (século 11) disse:

‘’Quem pretende que os hadiths indicam a certeza tem uma enfermidade mental.’’

Um grupo muito famoso por haver se extraviado com o Alcorão é o grupo dos khawarij (خوارج), que criticaram ao próprio profeta e logo se levantaram contra os companheiros e o familiar do profeta, Ali, e o mataram.

Chegaram tão longe no extravio que mataram membros da própria família do profeta e muitos dos companheiros, em nome do Alcorão.

Como não tinham nenhum tipo de entendimento claro sobre o Alcorão, se dividiram em uma infinidade de grupos, e terminaram por matarem a si mesmos, por que uns se referiam sobre tal parte do Alcorão e os demais sobre outra.

O Alcorão é um livro holístico, que tem que ser aceitado totalmente para ser entendido, e o livro em si o diz: ‘’Credes, acaso, em uma parte do Livro e negais a outra?’’ (2:85)

Este grupo tem descendências até o dia de hoje, e seu desvio é tão claro que não é necessário indicar aqui seus nomes, o profeta nos advertiu sobre o perigo que constitui este grupo, e disse que : ‘’O Islam deles não irá além de suas gargantas’’, o que significa que não baixa até o coração, não têm um conhecimento profundo da religião, suas únicas ciências são a emotividade e a superficialidade. O critério para reconhecer um grupo desviado é escutar o que dizem os sábios da comunidade sobre eles. Os khawarij assim como o Daesh (ISIS) hoje não tem nenhum sábio que reconhece sua legitimidade.
Os Versículos que Ordenam matar no Alcorão 

(uma resposta a extremistas e islamofóbicos)  Por Mufti Siraj Desai

Pergunta:

‘’Recentemente participei em uma discussão religiosa em meu trabalho com um de meus colegas cristãos, e ele me pediu para explicar-lhe um versículo do Alcorão com o qual parecia que tinha um problema.

Se tratava do versículo 89-90 da surah 4, nos quais Allah ordena aos muçulmanos em duas ocasiões matarem os não crentes.

Lhe disse que como não era um ‘’’expert ‘’ na explicação do Alcorão, iria me informar com meus respeitáveis sábios e que voltaria então a ele a respeito destes versículos. Por favor, Mufti Saheb, poderia me explicar estes versículos e dar-me um comentário (tafsir) detalhado destes versículos para que eu possa contestar a meu colega não-muçulmano de maneira mais correta? Pode também mencionar outros versículos do Alcorão nos quais Allah ordena que os não-crentes sejam bem tratados? ‘’

Resposta:

Explicação dos versículos 89 e 90 da surah 4 (An Nisa, As Mulheres).

Começaremos fazendo uma tradução literal destes versículos:

‘’Anseiam (os hipócritas) que renegueis, como renegaram eles, para que sejais todos iguais. Não tomeis a nenhum deles por confidente, até que tenham migrado pela causa de Deus. Porém, se se rebelarem, capturai-os então, matai-os, onde quer que os acheis, e não tomeis a nenhum deles por confidente nem por socorredor.’’ 4:89 

’Exceto àqueles que se refugiarem em um povo, entre o qual e vós exista uma aliança, ou os que, apresentando-se a vós,estejam em dúvida quanto ao combater-vos ou combater a sua própria gente. Se Deus tivesse querido, tê-los-ia feito prevalecer sobre vós e, seguramente, ter-vos-iam combatido; porém, se eles se retirarem, não vos combaterem e vos propuserem a paz, sabei que Deus não vos faculta combatê-los.’’ 4:90 :

Desta tradução literal e com uma leitura profunda dos versículos anteriormente mencionado, é mostrada claramente que a ordem de matar é limitada e condicionada a certas circunstancias particulares.

Normalmente, os versículos do Alcorão devem ser entendidos em um certo contextoLidos fora deste contexto, o sentido então é alterado.

Os cristãos (obs: o mufti é da Africa do Sul, onde muitos grupos cristãos se dedicam as polemicas e a produção de panfletos que insultam o Islam) e também outros antagonistas do Islam, interpretam o Alcorão de maneira errônea e deformada, por que ignoram o contexto dos versículos e o fazem por negligencia pura, ou dissimulação voluntária.

Por contexto, entendemos o sentindo comum derivado de um grupo de versículos. Ao invés de tomar um versículo e citar-lo fora de contexto, o procedimento correto consiste em examinar os versículos que se encontram antes e depois com objetivo de obter um significado correto do que realmente diz o Alcorão. Em segundo lugar, para entender certos versículos complexos é necessário que o leitor recorra aos comentários oficiais e autênticos do Alcorão.

Nossos amigos não muçulmanos devem também levar em conta que o Nobre Alcorão contem princípios fundamentais e gerais sobre a maneria de governar, o culto, as transações etc…Porém, os detalhes estão nos ditos (hadiths) do profeta Muhammad (que a paz esteja com ele).

A razão desta diversificação é cuidar para que a nação muçulmana não se limite somente ao Nobre Alcorão para ser guiada, e sim integre também os hadiths. Tornando assim o profeta Muhammad (saws) uma figura maior do Islam e uma personalidade que deve ser honrada.

A palavra do profeta Muhammad (saws) (ou seja, suas tradições) foram postas de lado e separadas da palavra de Deus (ou seja, o Alcorão) para por em evidência a grande diferença entra a palavra pura de Deus e a apalavra do homem, ao contrário da Bíblia que contem uma mescla entre a palavra de Deus e a palavra do homem. Afinal, torna-se difícil distinguir a diferença. O sistema islâmico protege os muçulmanos para que não se encontrem no mesmo problema.

Nos versículos mencionados anteriormente, há vários indicadores que mostram claramente o contexto e a aplicação do sentido transmitido. A explicação a seguir colocará luz sobre o assunto:

1- Estes versículos foram revelados em Medina, depois que o mensageiro de Allah estabeleceu as fundações do novo Estado islâmico. É neste contexto do jovem Estado islâmico que os versículos mencionados foram revelados. Em consequência, o primeiro principio que aparece é que estes versículos são dirigidos ao Estado islâmico e não aos muçulmanos individualmente.

Toda pessoa inteligente compreenderá que o poder dado a um Estado ou a uma administração é muito mais firme, global e amplo que o poder de um individuo. Porém, dentro destas regras, o Estado islâmico não recebeu ‘’via livre’’ para matar não-crentes segundo sua livre vontade, como será explicado.

2- A parte ‘’até que tenham migrado pela causa de Deus’’ nos dá uma outra indicação sobre a aplicação deste versículo.

O versículo não pode estar se referindo aos não muçulmanos porque a migração pelo caminho de Allah (se trata do exílio dos muçulmanos de Meca para Medina, devido as perseguições que viveram sob domínio dos árabes politeístas ) não é um ato que os não-muçulmanos ou os incrédulos possam fazer. Em nenhuma parte do Alcorão se pede aos não-muçulmanos que emigrem ou deixem sua cidade natal. É então evidente que ‘’até que tenham migrado pela causa de Deus’’ faz referencia a pessoas que supostamente se fingiam de muçulmanos. Isso faz então referencia aos hipócritas, ou seja, as pessoas do tempo do profeta Muhammad (saws) que proclamavam exteriormente serem muçulmanas, porém, interiormente não eram. Estes traidores também foram culpados por incitar outras comunidades e nações a atacarem os muçulmanos, como é mencionado em vários livros de história.

O versículo antes deste, que é o versículo 88 que estipula claramente :‘’Por que vos dividistes em dois grupos a respeito dos hipócritas, uma vez que Deus os reprovou pelo que perpetraram?’’ O contexto desta seção do capitulo nos mostra claramente que o versículo 89 faz referencia aos hipócritas e não aos não-muçulmanos, como os judeus, cristãos ou árabes pagãos.

3- O versículo 89 diz: ‘’Porém, se se rebelarem,,,’’, esta instrução significa que si estes hipócritas, depois de haverem abraçado a fé islâmica, renunciam a religião e se rebelam contra a comunidade muçulmana, então devem ser capturados, ou seja presos, e mortos.  (ndt: o que corresponde em direito moderno a alta traição contra o Estado, se refere a atos como espionagem para forças hostis a nação ou atos de terrorismo, estes atos são punidos pelo maior castigo legal possível em todos os países do mundo. Porém não se trata de uma execução sumária. Os comentários estipulam que serão presos, julgados e (somente) se são reconhecidos culpados,serão executados. Serão executados porque cometeram o pecado imperdoável da traição, o que, em todos os governos ou países, é um crime grave punido com a morte, ou prisão perpetua).

Esta lei se aplica somente ao Estado islâmico e não é nenhuma autorização dada a todos os muçulmanos de irem matar não-muçulmanos (ndt: os quais nem são mencionados no versículo em questão). Alguns podem argumentar que estes detalhes não estão mencionados no Alcorão, e que então os muçulmanos que leem o Alcorão poderiam ser levados a equivocar-se e crerem que toda pessoa pode ir e matar qualquer um que abandonar sua fé. É claro que deve ser entendido que estes detalhes são dados ás comunidades muçulmanas por vários meios, como as madrassas (escolas religiosas), os sites islâmicos na internet de perguntas e respostas, conferencias públicas, folhetos, artigos e boletins de informações publicados de maneira regular.

Os muçulmanos são então bem inteirados destas regras e como se aplicam e é por isso que não se encontram muçulmanos fazendo tais coisas exceto os vários incidentes conhecidos de supostos muçulmanos que se desviam do Islam.

4- A frase ‘’onde quer que os acheis’’ deve ser tomada em conjunto com as duas palavras citadas anteriormente, ‘’capturai-os então, matai-os’’. Isto significa que os que se encontram culpados de traição devem ser perseguidos e capturados em qualquer lugar onde se ocultem, e que a pena de morte deve ser pronunciada. Se trata de fomentar um governo competente que pode aplicar a lei. Qualquer governo dever ter a capacidade e a habilidade permitindo-se perseguir os grandes criminosos que se ocultam entre suas estruturas (ndt: trata-se de contra espionagem) Uma administração que não está em capacidade de alcançar este objetivo, perde totalmente sua credibilidade no mundo inteiro.

5- O versículo 90 é outra indicação clara da justiça e da equidade defendida pelo Islam, e refuta a noção que os não-muçulmanos falsamente deduziram do versículo anterior, como que de alguma forma os muçulmanos são ordenados a matar aos não-crentes onde quer que se encontrem. Este versículo ordena ao governo muçulmano seguir as seguintes diretivas:

Honrar os tratados, pactos e compromissos feitos com outras nações.

Respeitar os amigos das nações com as quais existe um pacto ou tratado.

Quanto aos renegados e os traidores, devem ser perdoados e honrados se estão em ligação de amizade com uma nação que tem um pacto com os muçulmanos

Não combater ou matar os que vivem com intenções pacificas e oferecem sua amizade

Está proibido aos muçulmanos combaterem as pessoas que propõem uma trégua.

Se pode recorrer ao combate unicamente quando um ato de violência ou de agressão vem da outra parte.

Os elementos anteriormente mencionados, fazem parte da justiça divina, conceito muito importante no Islam. Sobre esta base, as criticas dirigidas ao Islam por parte de seus antagonistas são totalmente abusivas, injustificadas e são o produto da ignorância do significado verdadeiro do Alcorão.

6- No versículo seguinte (91), outra regra clara é mencionada:

‘’Se não ficarem neutros, em relação a vós, nem vos propuserem a paz, nem tampouco contiverem as suas mãos, capturai-os e matai-os, onde quer que os acheis.’’

Esta ordem confirma o anteriormente dito, que até os hipócritas e os renegados devem receber paz sob a condição de se controlarem e de não cometerem nenhum ato de agressão ou violência. Novamente, esta ordem está destinada a um Estado, o qual o dever é de manter a lei e a ordem e proteger os direitos dos cidadãos.

Versículos do Alcorão que Ordenam o Bom Trato de Não-Muçulmanos

1.‘’E tolera tudo quanto te digam, e afasta-te dignamente deles.’’ (73:10)

2.‘’E não criamos os céus e a terra e tudo quanto existe entre ambos, senão com justa finalidade, e sabei que a Hora éinfalível; mas tu (ó Mensageiro) perdoa-os generosamente.’’ (15:85)

3.‘’E não disputeis com os adeptos do Livro, senão da melhor forma..’’ (29:46)

4.‘’Convoca (os humanos) à senda do teu Senhor com sabedoria e uma bela exortação; dialoga com eles de maneira benevolente’’ (16:125)

5.‘’E não vires o rosto às gentes, nem andes insolentemente pala terra, porque Deus não estima arrogante e jactancioso algum.’’ (31:18)

6.‘’Deus nada vos proíbe, quanto àquelas que não nos combateram pela causa da religião e não vos expulsaram dos vossos lares, nem que lideis com eles com gentileza e equidade, porque Deus aprecia os equitativos.’’ (60:8)

7.‘E combatei-os até terminar a perseguição e prevalecer a religião de Deus. Porém, se desistirem, não haverá mais hostilidades, senão contra os iníquos.’’ (2:193)

8.‘Se eles se inclinam à paz, inclina-te tu também a ela, e encomenda-te a Deus, porque Ele é o Oniouvinte, o Sapientíssimo. (8:61)

9.‘’Se alguns dos idólatras procurar a tua proteção, ampara-o, para que escute a palavra de Deus e, então, escolta-o até que chegue ao seu lar, porque (os idólatras) são insipientes.’’ (9:6)

Estes são unicamente alguns dos versículos entre muitos que ordenam que tenhamos uma relação cordial com os não muçulmanos amantes da paz e também com os que demonstram inimizade.

O mensageiro de Allah, Muhammad (que a paz esteja com ele) disse:

‘’Um crente verdadeiro, é aquele o qual a humanidade está salva de suas mãos e de sua língua.’’ (Bukhari e Muslim)

Mufti Siraj Desai  - Tradução : Dante Ibrahim Matta