terça-feira, setembro 27, 2011

O Islam acredita em reencarnação?

Caríssimos leitores e irmãos muçulmanos. Todos nós sabemos que o islamismo não é uma religião bem conhecida no mundo ocidental. É normal você ser abordado por alguém, principalmente quando estamos com trajes árabes, paquistaneses, etc, e  ser questionado. Você é muçulmano? Sim graças a Deus. Você nasceu lá? Vejam bem, essa pergunta nos remete a uma total ignorância quanto a religião Islâmica. E isso não acontece apenas com pessoas de baixo nível de escolaridade. Pessoas com nível superior já me fizeram a mesma pergunta. Ou seja, a maioria das pessoas não sabem que a mensagem do Islam foi revelada para toda a humanidade.  Embora hoje os árabes sejam minoria entre os muçulmanos, alguém o liga como uma religião apenas para os árabes. 

Vez ou outra surge também questionamentos quanto à nossa doutrina, em que acreditamos... Dias atrás me perguntaram se acreditamos na reencarnação. Eu disse que não que como alguns cristãos acreditamos no Juízo Final. Graças a Allah SW eu encontrei um belo artigo no site www.islam.com.br, do Centro Islâmico de Foz do Iguaçu, o qual peço licença aos dirigentes daquela agremiação, me permitir dividi-lo com os inúmeros leitores que acessam nosso blogger. Assalamu Aleikom wa matulahi wa baraketu.

Neste artigo do quadro “Aprendendo com o Islam”, apresentamos um texto que traz à luz a verdadeira posição do Islam e dos muçulmanos sobre este assunto.

Muitos filmes, novelas e livros têm abordado a questão da reencarnação. Mas será que o Islam concorda com esta doutrina?

A reencarnação se refere à doutrina que afirma que, após a morte, a alma habita em outro corpo, morrendo logo mais uma vez, e assim continua vivendo em outro corpo até não ter mais razões para que o faça. Essa ideia não é compatível com o Islam, ou seja, não existe reencarnação no Islam.

É possível ver quase em todas as sociedades alguma forma diferente de crença na reencarnação, mesmo que essas sociedades sejam primitivas ou sofisticadas. Existem variações segundo as diferenças locais ou regionais no que tange à fé e à cultura popular. Nas sociedades mais materialistas, cuja cultura formal rechaça a vida espiritual, tais crenças pseudo-religiosas estão como que na moda e as pessoas que acreditam nelas, diz que os espíritos dos mortos perambulam, assumindo, algumas vezes, uma forma física capaz de influir nos vivos até se adaptarem a seus novos corpos.

As “provas” encontradas na literatura antiga são exemplos da antiguidade dessa doutrina, como os esbanjamentos vistosos de Ovídio, em que os deuses tomam a forma humana e animal, e as pessoas assumem formas diferentes etc. Mas esses contos não constituem uma doutrina, pois a doutrina apropriada não tem nada a ver com as mudanças vistosas da forma. Ao contrário, a doutrina tem a ver com a crença de que uma alma individual deve passar em cada nível da criação e cada tipo de forma de vida, animada ou inanimada, sensível ou insensível.

Se refletirmos sobre isto, em seguida, comprovamos que a doutrina realmente é uma elaboração estranha sobre a imortalidade da alma. Em outras palavras, seu raciocínio de que a alma é imortal. 

Isso é verdade, mas o restante não. A doutrina também pode ter surgido da observação das similitudes tanto nas feições físicas quanto nas características entre pais e filhos. É razoável explicar os fenômenos lógicos, os biológicos de herança e genética, com a doutrina ilógica da reencarnação?

Segundo parece, essa doutrina surgiu na Bacia do Nilo e logo se difundiu entre o povo e se estendeu até à Índia e Grécia. Ali, a eloquência dos filósofos clássicos gregos foi racionalizando-a como uma fonte de consolo e esperança para as pessoas que almejavam a eternidade. Isso se aprofundou no judaísmo por intermédio dos cabalistas; no cristianismo, pelos pensadores judeus; e no Islam, por meio das ideias de sofistas distanciados da tradição muçulmana, apesar dos esforços dos teólogos muçulmanos por refutar dita doutrina.

Os apologistas propõem algumas “provas”. Por exemplo, os cabalistas mencionam a transformação de Niobe – citado no Antigo Testamento – em uma escultura de mármore e a da esposa do Profeta Lot em uma estatua de sal. Os demais se referiram a uma transformação literal dos judeus em macacos e porcos.

Outro argumento explica o instinto e a inteligência dos animais, independentemente dos esplendores do reino das plantas, como resultado de haver possuído uma vez inteligência e vitalidade humana. Essa ideia degrada a humanidade e envergonha seus defensores. Todos sabemos que há um programa e um destino predeterminado para as plantas e toda a criação inanimada. Mas é um grande exagero remontar a harmonia e a ordem que vemos naqueles reinos às almas que pertenciam aos humanos antes. Assim, por exemplo, as plantas têm certa vida vegetal: uma tendência de crescimento em direção à luz e à umidade. Como isso pode ser interpretado no sentido de que sua vida é o resultado de uma alma anteriormente humana e que de alguma forma desceu a um nível inferior da criação?

Apesar dos esforços feitos para confirmar essa asseveração, ninguém nunca recebeu uma mensagem de uma planta que confirme que contém a alma de um ser humano. Tampouco temos ouvido a história de alguém que tenha sido a alma de uma planta ou animal. Na mídia, publicaram-se alguns contos acerca deste tema, inclusive incidentes específicos. Porém, os casos em que tais reclamações não são totalmente absurdas podem ser explicados como recordações do que já foi visto ou lido. Resumindo, esses contos não são nada mais que várias ficções humanas.

O fato de Niobe e a esposa de Lot terem sido transformados em estátuas de mármore ou pó, respectivamente, embora sendo aceita literalmente, não é uma prova da reencarnação. O que temos aqui é apenas uma transformação física, não a transmigração da alma.

Com relação a corpos petrificados, isso não é um fenômeno misterioso. Muitos cadáveres foram achados conservados pela sequidão absoluta de cinzas vulcânicas. Pompéia foi destruída em 79 d.C. pela erupção vulcânica repentina do Vesúvio e permaneceu sepultada durante séculos. Em escavações recentes, resgataram-se muitos corpos petrificados como o de Niobe. Nessas ruínas, nos rostos e corpos petrificados, tão ocupados em seus próprios vícios indulgentes e muito seguros da sua arrogância, no caso de desejá-lo, podemos ler os sinais da ira e do castigo divinos. Talvez seu modo de viver se refletiu nas cinzas e foi conservado para advertir às futuras gerações. Interpretar isso como uma prova da reencarnação é insustentável.

A crença na reencarnação no Egito, na Grécia e na Índia desenvolveu-se a partir da versão deformada da crença correta no Além e de um desejo de imortalidade da alma. Nem no Egito de Akhenaton, nem na Grécia de Pitágoras alguém formulou uma ideia tão deformada.

Segundo Akhenaton (1362 a.C.), no momento que termina a vida de quem quer que seja neste mundo, começa uma vida diferente no céu. Tão logo um de nós morre, a alma viaja até atingir “O Tribunal Maior”, no céu. Ascende tanto que, ao final, atinge a presença de Osíris e espera prestar contas com palavras como: “tenho vindo à Tua presença sendo livre de meus erros. Ao longo da minha vida fiz tudo que podia para satisfazer às pessoas devotas. Não derramei sangue nem roubei. Tampouco semeei discórdia nem fiz diabruras. Não cometi adultério ou fornicação”. Aqueles que podem falar assim participam na congregação de Osíris, enquanto os que não podem e cujas más ações pesam mais que as boas ações, são atirados ao fogo e os demônios os torturam ali mesmo.

Também nos epitáfios presenciamos a pura crença à qual pertence a religião de Akhenaton: “O que Tu tens feito é demasiado e nossos olhos não podem perceber a maior parte disso. Ó, Allah, o Único! Ninguém possui tanta força como Tu. És Tu quem criou este universo como Tu desejaste e só Tu. És Tu quem faz o mundo ser apropriado para os seres humanos, para todos os animais, sejam grandes ou pequenos, estejam no chão ou no céu. E és Tu quem sustenta e alimenta a todos eles. Tudo nasce graças a Ti. Todos os olhos Te observam por isso. Na verdade, meu coração é Teu e Tu estas no meu coração”.

As ideias referidas anteriormente se aceitavam no Egito há aproximadamente 4.000 anos.

Na antiga Grécia, a crença na ressurreição e na imortalidade da alma estavam muito arraigadas. O grande filósofo Pitágoras (500 a.C.) acreditava que a alma, assim que deixava o corpo, tinha uma vida peculiar. De fato, qualquer alma tem a mesma classe de vida até que deixa a Terra. Está carregada com algumas responsabilidades na Terra. No caso de ela ter cometido algum erro, era castigada, jogada ao Fogo e torturada pelos demônios. Em troca do bem que fizesse, seu grau seria elevado e teria uma vida feliz. Tomando em conta que essa crença podia ter sofrido mudanças com o tempo, ainda podemos ver que há semelhanças fundamentais com o credo do Islam sobre a ressurreição.

A versão de Platão também não é muito diferente. Em seu famoso tratado A República, este diz que a alma esquece a vida corporal totalmente ao abandonar o corpo. Sobe para um apropriado mundo espiritual, um mundo saturado de sabedoria e imortalidade e isento de toda escassez, deficiência, erro, medo e da paixão e amor que a afligiu durante sua vida na Terra. E, agora que está livre de todas as más consequências da natureza humana, é dotada de felicidade eterna.

Essencialmente, a reencarnação é uma versão deformada de uma crença correta. Todos os credos, com exceção do Islam, sofreram tal deformação. Por exemplo, a religião cristã divinamente revelada e a identidade exata e o papel de Profeta de Jesus terminaram deformados. Se não tivessem existido os versículos luminosos e esclarecedores do Alcorão e a influência do Islam, a posição formal do Cristianismo sobre essa matéria seria idêntica.

Se o Cristianismo ensina a unidade da alma e o corpo, isso o deve aos sábios muçulmanos de Al-Andalus, Andaluzia, isto é, à Espanha muçulmana durante a Idade Média. Santo Tomás de Aquino (1274 d.C.) é um dos filósofos mais conhecidos da Cristandade. A maior parte de suas novas ideias e sínteses são adaptadas das doutrinas islâmicas. Em seu livro mais famoso diz que o conceito-chave da comunidade é que alma e corpo estão unidos em composto apropriado[1].

E acrescenta também que as almas dos animais se desenvolvem com os corpos dos animais, mas que as almas humanas são criadas em algum tempo durante um prematuro desenvolvimento[2] e, portanto, rejeita as conjeturas abstratas da escola neo-platônica.

Por traduções erradas semelhantes e várias deformações, as religiões do antigo Egito, dos índios e gregos tornaram-se irreconhecíveis. A reencarnação pode ser uma deformação da doutrina, ao princípio correta, da imortalidade da alma e retorno ao Juízo Divino. Após a reencarnação ter sido inserida nas crenças dos antigos egípcios, fez-se o tema fundamental das canções e lendas de toda a região do Nilo. Elaborado posteriormente pelas eloquentes expressões dos filósofos gregos, isso se propagou devido à expansão da influência grega.

Os hindús consideram a matéria como a manifestação mais baixa de Brahma e consideram a convergência do corpo e da alma como degradação da alma e uma decadência (dentro) do mal. Contudo, a morte, como se crê, é a salvação, uma separação da imperfeição humana, uma possibilidade para conseguir uma união extasiada junto à verdade. Os hindús são politeístas na prática. Seu deus mais importante é Krishna, quem, como se crê, assumiu uma figura humana para erradicar o mal.

Seu segundo deus, em importância, é Vishnu que veio para nosso mundo nove vezes de maneiras diferentes – como um humano, um animal ou uma flor. Espera-se que descenda pela décima vez. Como se acredita que esta vez virá em forma de animal, matar qualquer animal está absolutamente proibido. Isso é só permitido durante a guerra. Ademais, os mais piedosos e observadores indianos são vegetarianos.

Segundo o livro sagrado mais importante, os Vedas, a alma é um fragmento de Brahma que não se pode liberar do sofrimento e da angústia até voltar a sua origem. A alma consegue o conhecimento puro isolando-se do ego e toda a maldade que pertence ao ego e, logo correndo em direção a Brahma, tal como um rio flui para o mar. Quando a alma atinge e se une com Brahma adquire a paz absoluta, a tranquilidade e a calma. Há uma versão similar no Budismo, mas aqui há uma suspensão da busca ativa e uma passividade da alma, enquanto que esta é a dinâmica no hinduísmo.

Algumas seitas judaicas adotaram a reencarnação. É algo muito normal que os judeus, por serem excessivamente cobiçosos em vida, ainda permaneçam fascinados pela imortalidade da alma e aceitem a reencarnação depois de negar a crença na Ressurreição e o Juízo Final. Mais tarde, os cabalistas transferiram a crença para a Igreja de Alexandria por meio de certas ordens regionais monásticas. A doutrina foi desprezada desde que apareceu o Islam.

Porém, lamentavelmente, foi introduzida entre os muçulmanos pelo Ghulat-i Xi’a – uma facção xiita extremista.

Todos os que acreditam na reencarnação têm uma característica em comum: a crença na encarnação. Há uma falha compartilhada do intelecto na crença e aceitação da Transcendência Absoluta de Allah. Por tal motivo, as pessoas acreditam que o divino se mescla com o humano e o humano com o divino.

Essa ideia errada é quase universal, com exceção do Islam. A figura central em cada religião deformada é a encarnação ou a reencarnação: Aton no Atonismo, Brahma no hinduísmo, Ezra – Uzair – no judaísmo, Jesus na Cristandade e Ali entre os xi’itas – considerado por muitos como fora das linhas marcadas pelo Islam. As acusações, segundo as quais alguns escritos e provérbios sofistas apoiam a reencarnação, são certamente maldosas ou o resultado de um absurdo e literal entendimento de seu discurso muito simbólico e esotérico.

Ao longo da história, em cada campo religioso, os eruditos muçulmanos, 90% sunita, rechaçaram a reencarnação por considerá-la algo totalmente contrário ao espírito do Islam. O motivo desse apoio é simples: a posição central absoluta das crenças islâmicas é que cada pessoa vive e morre conforme seu próprio destino, leva sua própria carga, será ressuscitada individualmente e chamada para responder por suas intenções e ações, ocorrendo que as consequências destas e cada um de nós será julgado por Allah segundo os mesmos critérios.

Façamos uma lista das razões fundamentais pelas quais o Islam se opõe a reencarnação:
  • A crença no Islam requer a crença na Ressurreição e no juízo Final, em que a justiça se impõe devido ao que cada alma fez enquanto estava viva. Se a alma passa por diferentes vidas, em que forma ou personalidade será ressuscitada e julgada para que possa render contas e ser recompensada ou castigada? 
  • Este mundo tem sido criado como prova e juízo para que a alma possa tirar proveito disso. Um foco de prova é a crença no Invisível. Segundo a reencarnação, aqueles que vivem uma vida má passam para uma forma de vida mais baixa depois da morte. Se isto for verdade, eles saberão das consequências de sua vida anterior e a vida como um teste perde seu sentido. Baseando-se nessa ideia, seus partidários dizem que a alma “esquece” sua existência passada. Mas, se isto também for verdade, qual é o sentido da vida anterior? 
  • Se cada indivíduo passa pelo ciclo do nascimento, morte e renascimento até que a felicidade eterna seja obtida, as promessas de recompensa e castigo de Allah perderiam seu sentido. Por que Ele dedicar-se-ia a uma atividade sem sentido? 
  • O Alcorão e outros Livros Divinos expõem que as transgressões serão perdoadas como consequência do arrependimento sincero. O motivo da reencarnação é que a pessoa se desprenda dos erros presentes para obter um melhor renascimento. Não é mais lógico crer na capacidade de perdoar de Allah, quando e como Ele desejar, em vez de passar por esse processo aparentemente interminável e incômodo para conseguir, no fundo, o mesmo resultado? 
  • Os ciclos largos e pesados do renascimento são contrários à piedade, o favor, a graça e o perdão de Allah. Se Ele deseja, toma as coisas inferiores, ordinárias e sem valor para convertê-las nas coisas mais puras, melhores e mais valiosas. Com efeito, são infinitas Suas benções e Sua munificência. 
  • Muitos seguidores do Profeta levavam vidas insanas antes de abraçar o Islam. Mesmo assim, assim que se converteram, reformaram-se em pouquíssimo tempo e tornaram-se modelos reverenciados de virtude para as gerações posteriores. Alguns deles superaram aos anteriores e ainda converteram-se em mais reverenciados. Isso indica que, com a permissão de Allah, as pessoas podem elevar-se rápida e facilmente até o cume, embora aparentemente estejam dirigindo-se ao Fogo. Ao mesmo tempo, é demonstrado o desnecessário que é a doutrina com relação à passagem das almas aos níveis mais altos da existência. Certamente, tal doutrina poderia debilitar realmente qualquer incentivo ao esforço moral. 
  • Crer que Allah, o Todo-Poderoso, criou uma alma individual para cada pessoa é uma parte da crença em Sua Onipotência. Crer que só um número limitado de almas emigra de um para outro corpo supõe a proposição ilógica que diz o Onipotente não ser o Onipotente. A abundância, escarpada da vida, sua variedade infinita, seu simples rechaço à repetição da forma é evidente em qualquer parte. Já sabemos como provar que nenhum dos milhões de pessoas existentes é igual – nenhuma pegada ou código genético tem uma cópia exata. Esse fato da unicidade individual pode ser visto em muitos versículos corânicos. Considerando isso, por que deveríamos assumir que o Onipotente não pode criar um número infinito de corpos? 
  • Por que ninguém conseguiu obter, alguma vez, demonstrar por meio de sinais, signos ou provas que pudessem confirmar suas memórias, aventuras e experiências pertencentes à “vida passada” em formas e corpos diferentes? Onde está o conhecimento acumulado, a experiência e a cultura daqueles que viveram mais de uma vez ou já completaram seu ciclo? Se isso passara apenas em um dos milhões de casos, não deveria existir um grande número de pessoas que viveram com competência e em virtude extraordinária? Onde estão? 
  • alguém atinge certo nível de maturidade física ou uma idade determinada, não devemos esperar que a alma mostre tudo aquilo que adquiriu e conseguiu ao longo de suas vidas anteriores? Houve vários prodígios registrados por meio da história. Todos seus presentes especiais podem ser explicados como uma combinação especial de características genéticas que ocorrem em um tempo e lugar particular, atribuível tanto à Graça como ao Favor Divino, junto aos esforços do prodígiopara entender esse presente na tradição e contexto no qual é determinado. 
  • Nunca se encontrou faculdade humana alguma inserida em uma entidade não humana. Mas, se a reencarnação é verdade, então devemos esperar tal descobrimento. E se uma forma inferior de vida é o castigo pelos erros pessoais cometidos na vida anterior, então, pelo visto, o bem naquela nova vida também devia ser herdado. Em outras palavras, alguma parte da vida anterior do indivíduo deve ser mostrada na seguinte vida. 
  • Se, ser um humano ou um animal é a consequência dos atos de alguém na sua anterior vida, o que existiu primeiro: o ser humano ou o animal, o inferior ou o superior? Os crentes na reencarnação não se puseram de acordo (sobre) nenhuma forma da primeira criatura, porque cada geração implica outra geração precedente, mas, de que outro modo pode a geração posterior ser considerada a consequência da anterior? Se, como afirmam alguns homens, a vida física é um mal, por que começou tudo? Não há nenhuma resposta razoável com relação a tudo isso.

sexta-feira, setembro 23, 2011

A Exelência do carater do Profeta (SAAS)


Assalamo Alaikom!

O Louvor é para Allah. Nós O exaltamos, imploramos Sua ajuda e rogamos pelo Seu perdão. Nele buscamos refúgio do mal em nossas almas e de nossos pecados. Aquele a quem Allah orienta não se desviará, e aquele a quem Allah permite que se desvie ninguém poderá orientá-lo. Testemunho que não há outra divindade além de Allah, o Único, e que Ele não tem parceiros. E testemunho que Mohammad é Seu servo e mensageiro; divulgou a mensagem, orientou a nação e se esforçou pela causa de Deus até o último dia de sua vida. Que a paz e bênçãos de Allah estejam com Seu servo e mensageiro, com seus familiares e companheiros, e todos que seguirem seus passos até o Dia Derradeiro. Diz Allah em Seu Nobre Livro: Ó vós que credes! Temei a Allah como se deve temê-lO e não morrais se não como muçulmanos.

Em verdade, a palavra mais verdadeira está no Alcorão. A melhor orientação é a de Mohammad (s). A pior coisa é A Inovação, e toda inovação é desorientação. E toda desorientação leva ao Inferno. A demais! 

Irmãos e irmãs no Islam, Allah (SWT) criou tudo que existe entre os céus e a terra, e criou tudo que existe aquém e além dos céus e da terra, Ele é o verdadeiro Criador. Deus criou os seres humanos com perfeição e dentre os seres humanos aperfeiçoou o caráter de Seus Profetas e Mensageiros. E dentre eles O Profeta Mohammad (s) atingiu a excelência em seu caráter. Disse o Mensageiro de Deus (s): “Eu fui enviado para aperfeiçoar o bom caráter.”

Queridos irmãos e irmãs, Allah preparou para os crentes que se esforçam em aperfeiçoar o caráter uma recompensa formidável, diz Allah no Alcorão: “E apressai-vos para um perdão de vosso Senhor e para um Paraíso, cuja amplidão é a dos céus e da terra, preparado para os piedosos. Que despendem, na prosperidade e na adversidade, e que contêm o rancor, e indultam as outras pessoas – e ALLAH ama os benfeitores-“ Al Imran 133 e 134.
                
Certo dia, perguntaram ao Mensageiro de Allah (s): O que é ser de bom caráter? Respondeu: “Ser de bom caráter é aproximar de quem se afastou de você, e ser generoso com quem foi egoísta, e perdoar quem foi injusto, e ser gentil com quem te mal tratou.” E quando Allah revelou o seguinte versículo para o Mensageiro de Deus: “Seja, Ó Mohammad, indulgente, e ordena o que é conveniente, e da de ombros aos ignorantes.” Cap. 7 vers. 199. O Mensageiro (s) perguntou ao Anjo Gabriel: E quanto a ira? Então o Anjo Gabriel subiu ao céus para obter a resposta e foi revelado o seguinte versículo: “E, se, em verdade, te instiga alguma instigação de Satã procura refugio em Allah. Por certo, Ele é Oniouvinte, Onisciente.” Cap 7 vers. 100.

Allah (SWT) qualificou o nosso amado Profeta (s) no Alcorão ao revelar o seguinte versiculo : “Porque és de nobilíssimo caráter” (Alc. 68:4).

E quando Aicha, a mãe dos crentes®, foi perguntada a respeito da educação do Mensageiro de Allah (s); Ela respondeu “A conduta do Profeta (S) era o próprio Alcorão.” E entra narrativa ela disse: “Ele era um Alcorão que caminhava pela terra”

Quanto a Clemência do Profeta de Allah (s) relata-se do dia da conquista de Makka, quando seguiam para aquela cidade que outrora o expulsara os seus chefes, Abu Sufyan Bin Harith Bin Abdul Muttalib e AbdAllah Bin Abi Umayah, ambos primos do Profeta eles eram quem mais maltratavam o Mensageiro e os seus companheiros. Antes de entrarem na cidade eles vieram ter com o Profeta (s) e ele os evitou, então Ali Bin Abi Talib orientou-os a ficarem de frente para o Mensageiro de Allah (s) e orientou-os a dizer o que os irmãos do Profeta Yussef (as) disseram a ele quando pedirão o perdão. “Disseram: Por Allah! Com efeito, Allah te deu preferência sobre nós, e por certo, estávamos errados. Então com clemência ele respondeu: “Não há exprobração a vós, hoje. Que Allah vos perdoe. E Ele é O mais Misericordiador dos misericordiosos.” Cap 12 ver 91 e 92.

E ainda na conquista de Makka, quando os descrentes estavam todos a espera da ordem do Profeta para que els fossem aniquilados, ficaram surpresos com sua clemência, isso por que seu coração estava livre de todo tipo de maldade e tirania e orgulho. Ele não prendeu ninguém , não impôs nenhuma penalidade, não utilizou força nenhuma mas apenas disse : “Ide, etais livres’.

Foi quando Omar ® questionou a respeito da atitude o Profeta ao dizer: Como os concede induto e eles maltrataram tanto? Respondeu o Profeta (s) pois espero que Deus faça sair das virilhas deles pessoas que irão adorar tão-somente a Ele, e que não irão associar a Ele parceiro algum.’

Anas Ibn Málik narrou: “Estava eu caminhando com o Mensageiro de Allah (S), e ele estava usando uma capa najranita que tinha franjas grossas; um beduíno emparelhou com ele, e deu um violento puxão na capa do Profeta. Então eu vi que o lado do ombro dele estava marcado pela franja, devido à violência do puxão do homem. Este disse: ‘Dá uma ordem para que me seja dado algo da riqueza que Allah te tem dado, ó Mohammad!’ O Mensageiro de Allah (S) se virou, e sorriu; então ordenou que fosse dada alguma coisa para o homem.” [Bukhári e Musslim.]

O Profeta (S) disse também: “O homem forte não é aquele que é bom nas justas; o homem forte é aquele que sabe se controlar quando está zangado.” [Musslim.]


O Profeta (S) disse ainda: “O homem forte não é aquele que nocauteia o seu adversário; o homem forte é aquele que tem controle sobre seu temperamento.” [Bukhári e Musslim.]

 O Profeta (S) tem certas direitos e certas obrigações, os quais, se o muçulmano os cumprir com sinceridade, irá receber amplas recompensas da parte de Deus. Tal pessoa irá desfrutar da intecessão do Profeta, no Dia do Julgamento. Ele ou ela terá ainda a honra de beber da Cisterna do Profeta e do Kauçar1. Algum dos deveres e das obrigações (da parte da pessoa) incluem

1. Amar o Profeta (S) mais do que a si mesmo, sua família, sua propriedade e seus filhos.

2. Obedecer ao Profeta (S) em tudo o que ele ordenou fazer, tal como fazer súplicas somente a Deus, buscar o auxílio de Deus na hora da necessidade, ser veraz e honesto, mostrar conduta amigável, etc.. A pessoa deverá ainda tornar evidente outras diretrizes que chegaram através do Alcorão e da autêntica sunna do Profeta (S).

Queridos irmãos e irmãs no Islam O Profeta Mohammad (S) é o modelo ideal que todos os muçulmanos deverão imitar, e cuja diretriz todos devem seguir. Deus (SWT) tem abençoado esta comunidade (umma) por meio de preservar a tradição (sunna) e a biografia (sira) do Seu Mensageiro. 

A despeito da passagem de muito tempo, a sunna e a sira do Profeta (S) permanecem, como se a gente estivesse vendo-as e ouvindo-as ainda hoje. 

Elas propiciam um exemplo vivo da vida do Profeta (S) para que os muçulmanos imitem e sigam. Elas inspiram, ainda, nos corações dos muçulmanos, amor e respeito para com ele. Deus (SWT) diz no Alcorão: “Realmente, tendes no Mensageiro de Deus um excelente exemplo” (33:21).

Rogamos a Deus dizendo a suplicado do Mensageiro: “Ó Allah, dirige-me no sentido de eu praticar o melhor dos feitos, e de ter o melhor dos caráteres, pois ninguém dirige a isso, a não ser Tu; e protege-me das más ações e das péssimas maneiras, pois ninguém pode barrá-las a não ser Tu.” [Al Nassá’i, e Al Arnaout chama-o sahih, na obra Jamil Usul.]

2. “Ó Allah, busco refúgio em Ti quanto à pior das maneiras, e das enfermidades, ao pior dos feitos, e dos desejos.” [Tirmizi, e verificado por Al Albani.]

3. “Ó Allah, faze com que nossos corações sejam harmoniosos uns com os outros, e concerta as disputas entre nós.

“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

Asalamo Alaikom WA WB,

Omar Hussein Hallak

Abençoar o Profeta Muhammad (SAAS) ‏


Louvado seja ALLAH, Senhor do Universo; à Ele agradecemos e à Ele nos voltamos arrependidos. Testemunho que não há divindade exceto ALLAH Único e sem associados. Foi Ele Quem disse no Seu Livro Sagrado: Al- Ahzab 56- “ Em verdade, ALLAH e Seus anjos abençoam o Profeta. Ó fieis, abençoai-o e saudai-o reverentemente!” E testemunho que Mohammad que a paz e benção de ALLAH estejam com ele, com suas esposas mães dos crentes, com seus descendentes e seus familiares e companheiros. Disse o Mensageiro de ALLAH numa narrativa relatada por Abu Huraraira que ALLAH se compraza dele:
“Toda pessoa que ouvir meu nome e não rogar pela minha paz e benção à ALLAH será humilhada (tendo seu nariz esfregado ao chão), será humilhada toda pessoa que alcançar o fim do mês de Ramadan sem que seus pecados sejam perdoados e da mesma forma será humilhada toda pessoa que não é benevolente com seus pais idosos e deste modo não adentrará o paraíso.”  
Ademais, caros irmãos e queridos do Profeta Mohammad (s) abordaremos hoje o mérito em se rogar ou interceder à benção de ALLAH para o Seu Profeta (s). O ato de rogar a ALLAH a paz e a benção para Seu Mensageiro diminui o nervosismo e ameniza as tragédias.
Bin Mas’uud relata numa narrativa do Profeta (s) em diz que ALLAH possui anjos viajantes na terra que  noticiam O Salam, ou seja, a saudação da nação ao Mensageiro de ALLAH e ele responde esta saudação toda vez que a recebe.
Caros irmãos saibam que a recompensa concedida por ALLAH é do mesmo tipo da boa ação praticada. Portanto quem interceder a benção de ALLAH para o Mensageiro de ALLAH será recompensado com a benção de ALLAH.  Toda vez que rogar a benção para o Profeta você está enaltecendo-o e terá como recompensa a benção de ALLAH e isto significa obter Seu perdão.
O Mensageiro de ALLAH disse numa narrativa: “Os mais próximos de mim no paraíso são aqueles que mais intercederem a paz e a benção de ALLAH para mim.”
Talvez há quem pergunte porque rogar a paz e a benção de ALLAH para Seu Mensageiro? A resposta é que isto é uma ordem de ALLAH para os crentes como mencionado no versículo “Ó fieis, abençoai-o e saudai-o reverentemente” e saibam que quem vive rogando pela paz e benção do Profeta; em verdade, vive na benção de ALLAH e quem vive na benção de ALLAH afasta-se de tudo que é ilícito e quem se afasta do ilícito alcança o perdão e quem alcança o perdão vive satisfeito nesta vida, pois almeja o paraíso na outra vida.
E por que não salda-lo com a paz e rogar pela sua benção já que o Profeta Mohammad tem o Titulo de ser o senhor dos homens, desde o primeiro até o ultimo, e à ele pertence a intercessão no dia do juízo final; ou seja somente o Profeta Mohammad poderá interceder por cada um de nós no dia do juízo final e ninguém mas. Abi Saiid Akhudari relata que o Mensageiro de ALLAH disse: “No dia do juízo final  eu serei o senhor dos filhos de Adão; mas não me orgulho por isso. E em minha mão estará a bandeira do Louvor; mas não me orgulho por isso. E todos os mensageiros de ALLAH neste dia estarão sob a minha bandeira. E eu serei o primeiro a solicitar a intercessão pela minha nação e serei o primeiro a interceder.”  
E como não salda-lo com a paz e benção, já que ele (s) teme por nós o sofrimento do inferno e teme por nós a fúria do Criador, o Único o Altíssimo.
Numa outra narrativa Abdilleh Bin Omar Bin Ass que ALLAH se compraza de ambos disse que certo dia o Mensageiro de ALLAH (s) recitou os versículos do Alcorão Sagrado em Ibrahim que a paz esteja com ele, disse: (Ó Senhor meu, já se desviaram muitos humanos. Porém, quem me seguir será dos meus, e quem me desobedecer... Certamente Tu és Indulgente, Misericordiosíssimo!) e recitou também o versículo em que Issa que a paz esteja com ele disse: (Se Tu os castigas é porque são Teus servos; e se os perdoas, é porque Tu és o Poderoso, o Prudentíssimo.) E em seguida elevou suas mãos aos céus em rogo e chorando disse “Ó ALLAH minha nação, minha nação!” Então ALLAH ordenou que o Anjo Gabriel  perguntasse ao Mensageiro Qual o motivo de seu choro? Respondeu o Profeta: Choro por que temo pela minha nação! Então O Anjo disse que ALLAH o enviou para que lhe noticiar a boa nova que sua prece será atendida. Esta narrativa foi confirmada por Muslim. Diz ALLAH na surat Aduhha:”Logo o teu Senhor te agraciará, de um modo que te satisfaça.”
Será possível menos prezar a intercessão pela  paz e a benção para O Mensageiro? (S).      Ele se preocupou com sua nação durante toda a sua vida e após sua morte. Disse O Mensageiro de ALLAH: ”A minha vida traz benefícios para vos bem como a minha morte. Perguntaram os companheiros ao Profeta: Como a sua morte vai trazer benefícios a nós? Ó Mensageiro de ALLAH!. Respondeu: Suas ações serão expostas a mim após a minha morte. Se eu encontrar boas ações agradecerei ALLAH e se encontrar  más ações rogarei á ALLAH pelo seu perdão.
O virtuoso Bin Kawim reuniu alguns benefícios para quem rogar a paz e a benção para o Mensageiro.
1- Disse o Mensageiro de ALLAH: Quem rogar pela minha paz e benção, ALLAH o abençoará 10 vezes com Sua misericórdia e perdão e elimina 10 de suas má ações e o eleva 10 degraus. 2-Quem faz o rogo pela paz e benção do Profeta (s) será recompensado pela sua intercessão no dia do juízo final. 3-É imitar os anjos que rogam sempre pela paz e benção do Profeta cumprindo assim uma ordem de ALLAH 4- Contrariar os incrédulos . 5-Apaga as má ações, 6-Elimina as necessidades. 7-Traz barakah bênçãos e elimina angustia do peito e revela o caminho correto no momento da duvida. 8-A salvação do sofrimento infernal. 9-A recompensa de adentrar o paraíso. 10-Receber a saudação de ALLAH O SOBERANO O PERDOADOR.
Abu huraira narra que ouvira O Mensageiro de ALLAH dizer: “Aquele dentre vos que gostar de ser exageradamente recompensado então deve dizer: (Ó ALLAH abençoe Mohammad O Profeta Iletrado, abençoe suas esposas mães dos crentes, seus descendentes e familiares da mesma forma que abençoas-Te Abraão, e os familiares de Abraão pois Tu és, em verdade, o O LOUVADO O GLORIOSO.
Que ALLAH tenha misericórdia de todos nós e nos agracie com a intercessão de Seu Mensageiro no Dia do Juizo Final Ua Assalamu Alaikum Ua Rahmatullahi Ua Baraketuhu.
-- 
“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

Asalamo Alaikom WA WB,

Omar Hussein Hallak

Primavera árabe... o que pensam os árabes?


Palestine Chronicle

Desde a deposição do presidente da Tunísia Zinelabidine Bin Ali, em Janeiro passado, no primeiro movimento do que viria a ser conhecido como 'Primavera Árabe', o mundo árabe acompanha uma sequência de levantes e revoltas contra ditadores e tem produzido avaliações nem sempre concordantes do próprio contexto político. A Tunísia ainda vive sob o caos controlado que se seguiu ao colapso do antigo regime; o Egipto sofre crescente instabilidade, em função das agendas divergentes dos diferentes grupos políticos. Mas nem na Tunísia nem no Egipto assistiu-se à destruição massiva e o massacre de civis semelhantes aos que se vêem hoje na Líbia e na Síria.

Intelectuais, escritores e jornalistas árabes que apoiaram e saudaram com entusiasmo os levantes na Tunísia e no Egipto expõem agora posições mais complexas nos casos de Líbia e Síria. Os intelectuais públicos no mundo árabe estão divididos no que tenha a ver com os eventos na Síria e na Líbia, embora a opinião pública esteja claramente contra as ditaduras que sobrevivem no Iémen, na Síria e na Líbia.

Contudo, o envolvimento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Líbia e o apoio que deu aos chamados 'rebeldes' líbios comprometeram indelevelmente o carácter democrático do levante na Líbia, na opinião de vários intelectuais públicos do mundo árabe.

O fato de o ocidente e a OTAN terem-se envolvido tão profundamente nesses e noutros levantes árabes criou um dilema para muitos pensadores e militantes democráticos árabes. Intelectuais que dedicaram a vida e a carreira a escrever contra qualquer intervenção do Ocidente na política árabe, vêem-se agora perplexos ante a extensão do envolvimento e do apoio material e moral que o Ocidente tem garantido a alguns daqueles levantes, embora não a todos.

Abdel Bari Atwan, editor do jornal panárabe Al Quds Al Arabi escreveu no editorial, mês passado, declarando-se contra os ataques aéreos da OTAN na Líbia; para ele, além do inaceitável número de civis mortos, a OTAN está destruindo cidades, estradas, infra estrutura em geral. Atwan não esconde a sua oposição aos chamados 'rebeldes' líbios e suas lideranças políticas, que acusa de serem financiados pela OTAN e pela União Europeia. Atwan oferece a hipótese de que aqueles 'líderes' que lá estão só assumiram o comando dos 'rebeldes' depois de o filósofo e jornalista francês Bernard-Henri Levy ter manifestado publicamente o seu apoio a eles, quando visitava Benghazi como enviado especial do presidente Sarkozy da França.

Levy é nome conhecido na Região pelo apoio irrestrito que sempre deu às políticas de Israel; é citado como autor da frase 'o exército de Israel é o mais democrático do mundo'. Levy também já exigiu intervenção militar na Síria, para depor o governo de Bashaar Al Assad. O ativismo de Levy parece ter complicado ainda mais as coisas. Atwan diz que Levy é uma das razões pelas quais, embora não apoie o governo de Kaddafi, absolutamente não apoia os planos políticos dos 'rebeldes' de Benghazi.

Atwan não está sozinho nessa posição, de desejar apoiar os direitos democráticos das sociedades árabes, sua luta por mais liberdade e por direitos civis respeitados para todos, mas, simultaneamente, rejeitar qualquer tipo de inter-venção dos EUA e do Ocidente na política da Região.

Lina Abubaker, romancista, poeta e colunista que vive em Londres e também escreve no jornal de Atwan publicou uma nota pelo Facebook no início do mês, alertando para a existência de um 'novo mapa do caminho' que visaria a dividir ainda mais os árabes. Para ela, os levantes árabes seriam efeito de uma espécie de conspira-ção que visaria a 'decapitar os governos e manter intactos os corpos'. Para ela, haveria aí uma muito ampla conspiração, pensada pelos EUA para dominar o mundo árabe, servindo-se do que ela chama de 'terrorismo dos EUA contra os árabes'. 'Os levantes populares são o novo terrorismo norte-americano. Será que vocês nunca aprendem?!' - Perguntou ela, em referência à ocupação norte-americana no Iraque.

Duas outras linhas de ideias estão alimentando as percepções sobre a Primavera Árabe dentro do mundo árabe. Uma delas entende que os levantes sejam movimentos de libertação nacional indígenas que, eventualmente, levarão a governos democráticos. A outra entende que os levantes são, sim, plano inspirado pelo ocidente para fragmentar definitivamente os estados árabes - o que favoreceria as ambições de EUA e Israel para a região.

Mohammad Dalbah, jornalista árabe-norte-americano que vive em Washington entrevistou intelectuais árabes, aos quais perguntou por que havia entre eles opiniões tão fortemente polarizadas sobre os levantes populares de 2011, e definiu dois grupos. No primeiro grupo Dalbah reuniu os intelectuais que classificou como 'nacionalistas e patriotas árabes' - que interpretam os eventos na Região de um ponto de vista estratégico, assumindo, como critério para apoiar ou não cada levante, caso a caso, o conflito entre israelitas e árabes. No segundo grupo estão os 'árabes liberais' - que pregam o fim de todas as ditaduras e a constituição de governos democráticos e não vêem qualquer inconveniente em qualquer tipo de intervenção do Ocidente para alcançar esses objectivos (por exemplo, no caso da Líbia). Falta, de facto, um terceiro grupo, no qual se reuniriam os que apoiam o fim das ditaduras mediante luta popular, sem qualquer tipo de intervenção de forças ocidentais.

Explicando a ausência desse terceiro grupo, Dalbah, que é jornalista veterano do mundo árabe, argumenta que o regime sírio, por exemplo, não exige necessariamente o fim da longa ocupação de territórios palestinos pelos israelitas, como tampouco exige o fim da ocupação, pelos israelitas, sequer, das planícies sírias do Golan. 'O que distingue o regime sírio, dentre os demais estados árabes, é a recusa a seguir os planos dos EUA para a Região', diz ele. Mas essa recusa não é feita por princípios e explica-se porque o governo sírio, de fato, aspira a 'ter papel central na Região, em troca de promover qualquer acordo que ponha fim ao conflito entre árabes e israelitas' - acrescenta Dalbah.

Em outras palavras, a posição dos sírios na questão do conflito entre israelitas e palestinos e a 'resistência' contra EUA e Israel seriam decisões tácticas, não estratégicas. Além do mais, os que apoiam o regime sírio apoiam-no porque os sírios recusam-se a render-se à hegemonia dos EUA na Região, a qual, por extensão, se-gundo esse ponto de vista, implicaria completa rendição a Israel.

Mwaffaq Mahadin, escritor e colunista jordaniano, cujas posições o inserem no grupo dos 'nacionalistas árabes' de Dalbah, manifestou-se, em coluna recentemente publicada no diário jordaniano Al Arab Al Yawm, contra qualquer tipo de apoio ao levante contra Bashar. Mahadin argumenta que o pensamento que anima os levantes da Primavera Árabe é um combinado de magnatas das finanças ocidentais (como George Soros) e de cientistas políticos norte-americanos (como Gene Sharp), que pregam a resistência não violenta à opressão.

Em sua mais recente coluna, Mahadin argumenta que Israel, ajudada pelos EUA, trabalha para fragmentar e dividir os países árabes, para continuar a controlá-los. Para chegar a isso, Israel e seus aliados ocidentais recorrem hoje a uma 'fragmentação soft' mascarada de 'reformismo' e de 'democracia'.

Isso não implica dizer que intelectuais como Mahadin sejam contrários às reformas ou à democracia; mas, para eles, nem reformas nem democracia são questões prioritárias nesse momento; a prioridade, agora, para eles, é resistir à ocupação israelita e à dominação do mundo árabe pelos EUA.

Dalbah argumenta que figuras importantes desse grupo, como o escritor Michel Kilo, já estão bem próximas de aceitar e passar a apoiar a ideia de uma intervenção militar em seu país, se esse for o meio mais eficaz para arrancar o governo Assad do poder.


Outro grupo que já apoia a derrubada do governo Baath da Síria e quer mais democracia, mesmo que ao custo de intervenção estrangeira, são os signatários da 'Declaração de Damasco' - assinada em 2005 por 250 nomes da oposição síria, que advoga transição e reformas graduais na política da Síria.

Têm havido manifestações diárias anti-Assad em Amman, Beirute, Kuwait, Manama e em várias outras cidades, todas exigindo o fim do governo de Assad e família; mas nenhuma manifestação, até agora, em lugar algum, deu sinal de apoiar, ainda que longinquamente, qualquer tipo de intervenção militar ocidental na Síria.

Fonte: http://alfurqan.pt/view_tema.asp?ID=191

Ora Assim vai o mundo: Farsa na Líbia



24 Agosto 2011 AM PDT - Mesmo enquanto a mídia corporativa continua a retratar o ataque rebelde em Trípoli como uma espécie de revolta popular, agora é admitido que a inteligência britânica desempenhou um papel fundamental na direção do cerco, e com isso continuaram a sua longa relação com os terroristas da Al-Qaeda.

"Os agentes do MI6 (serviço secreto britânico), com base no reduto rebelde de Benghazi, aperfeiçoaram os planos de batalha elaborados pela transição pelo Conselho Nacional de Transição da Líbia (dos "rebeldes", quer dizer terroristas), que foram definidos há 10 semanas", relata o Telegraph de Londres.

"Os constantemente atualizados conselhos táticos fornecidos por especialistas britânicos para os líderes rebeldes focavam na necessidade de desencadear um novo levante dentro de Trípoli, que poderia ser usado como uma justificativa para avançar o combate na cidade."

O ataque orquestrado pelo MI6 em Trípoli foi precedido por um bombardeio executado por aviões de caça da RAF (força aérea britânica) no fim de semana, que teve como alvo as principais instalações de comunicações de Kaddafi.

Como Webster Tarpley relatou, a OTAN em seguida enviou terroristas para liderar o massacre ao estilo de Mumbai que causou mais de 1.000 mortes.

Forças Especiais britânicas estavam em solo na Líbia antes mesmo da resolução da "zona sem vôo" da ONU ter sido anunciada no início deste ano. Agentes da SAS (Serviço Aéreo Especial britânico) que estavam dirigindo os rebeldes aterrissaram na Líbia no final de Fevereiro, juntamente com membros das forças especiais francesas e americanas. Os ocidentais foram mais tarde pegos no flagra em um vídeo confraternizando com os rebeldes por uma equipe de filmagem da Al-Jazeera.

Isto de modo algum seria a primeira vez que a inteligência britânica trabalhou diretamente com os terroristas da Al-Qaeda, em uma tentativa para derrubar o coronel Kaddafi.

Como você pode conferir nesta matéria do jornal britânico The Guardian, especialistas em inteligência francesa revelaram como o MI6 pagou 100 mil dólares para uma célula da Al-Qaeda da Líbia, o Grupo Combatente Islâmico, para a assassinar Kaddafi.

Em torno da mesma época, a inteligência britânica também frustrou um mandado de prisão da Interpol para Osama Bin Laden emitido por Kaddafi, em uma tentativa de proteger o grupo Al-Qaeda, que estava sendo pago pelo MI6 para matar o líder líbio. O Grupo Combatente Islâmico foi liderado na época por Anas al-Liby, um dos tenentes de confiança de Bin Laden.

O Grupo de Combate Islâmico Líbio (LIFG) é uma das principais facções da Al-Qaeda que agora comanda as forças rebeldes. Como relata o Asian Tribune: "O Grupo de Combate Islâmico Líbio (LIFG) deve emergir para se tornar o verdadeiro poder por trás de qualquer administração pós-Kaddafi na Líbia".

Assim, tendo treinado, financiado e equipado os terroristas da Al-Qaeda, a Grã-Bretanha e os EUA, ao mesmo tempo em que afirmam estar lutando uma "guerra ao terror" de várias gerações, estão agora a oferecer um lar para os mesmos militantes da Al-Qaeda que mataram soldados dos EUA no Afeganistão e no Iraque.
Fontes:
  • Infowars: MI6 Directed Rebel Terrorists In Tripoli Siege
  • The Telegraph: Libya: secret role played by Britain creating path to the fall of Tripoli
  • The Guardian: Al-Jazeera footage captures 'western troops on the ground' in Libya
  • The Guardian: MI6 'halted bid to arrest bin Laden'
  • Asian Tribune: Gaddafi under siege: Two CIA-backed groups, an al-Qaeda-linked LIFG on top of power stakes

Fonte:http://alfurqan.pt/view_tema.asp?ID=192

Carta de uma sobrevivente do massacre da Noruega ao assassino Anders Behring Breivik

Ivar Østebø Benjamin, 16 anos, sobreviveu ao trágico massacre perpetrado por Anders Breivik Behring, que matou mais de 70 jovens, e estas são as suas palavras para o assassino.
Opinião - 2011/08/08 - Fonte: pijamasurf.com - Versão Portuguesa: Al Furqán, nº. 182

Sr. Anders Breivik Behring:

Muitos dos meus amigos que conheci na Utoya estão mortos e você é o carrasco. Você é o homem que, por coincidência, não me matou. Eu tive sorte.

Você pode pensar que você ganhou. Pode pensar que arruinou algo no Partido Trabalhista e para o povo do mundo que defende uma sociedade multicultural, matando os meus amigos e colegas de partido.

Perceba que você falhou.

Não só fez com que o mundo se unisse, como encheu a nossa alma de fogo e perceba que nós nunca estivemos tão unidos como agora. Você fala de si mesmo como um herói, um cavaleiro. Você não é nenhum herói. Mas você criou heróis. Neste dia quente de Julho em Utoya você criou alguns dos maiores heróis que o mundo tem visto, unindo as pessoas de todo o mundo. Negros e brancos, homens e mulheres, vermelhos e azuis, cristãos e muçulmanos.

Transformou em mártires as suas vítimas, imortais; e demonstrou-se ao mundo que se uma pessoa pode mostrar tanto ódio como você fez, imagine-se o quanto de amor se pode mostrar se estivermos juntos. Pessoas que pensavam que me odiavam deram-me abraços na rua, pessoas que não tiveram contato comigo nos últimos anos escreverem-me 300 ou 400 palavras sobre o que significa eu ter sobrevivido. Que tal isso? Acha que quebrou alguma coisa? Em vez disso, juntou, uniu.

Você matou os meus amigos, mas não matou a nossa causa, as nossas opiniões, o nosso direito de nos expressarmos. Mulheres muçulmanas receberam abraços de simpatia, ao acaso, nas ruas. E se o seu objectivo era proteger a Europa do Islão, as suas ações foram contra o seu propósito.

Não merece agradecimentos, os seus planos falharam. Muitas pessoas estão com raiva, você é a pessoa mais odiada na Noruega. Não tenho raiva, não tenho medo de si. Não nos pode tocar, somos maiores do que você. Nós não respondemos ao mal com o mal, como querias.

Combatemos o mal com o bem. E ganhamos

Fonte: http://alfurqan.pt/view_tema.asp?ID=193
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Muçulmanos Hispânicos e os Efeitos de 11/09

Entrevistas - 25/08/2011 - Autor: Lyan Babylon - Fonte: Terra - Versão Portuguesa: Al Furqán, nº. 182Hoje pode ter passado uma década desde a tragédia, mas o que não passou é a dor dos que perderam parentes no 11 de Setembro de 2001 e o ressentimento de outros. Especial: os hispânicos superam os estereótipos no Islão.

Com a tragédia de 11 de Setembro de 2001 a percepção sobre os muçulmanos nos Estados Unidos foi transformada. Imediatamente após os ataques, muitos americanos expressaram ressentimento contra este grupo religioso, mas hoje, 10 anos mais tarde, há um pouco mais de tolerância e a conversão ao Islão tem aumentado.

The New York Times diz que existem cerca de 200.000 hispânicos convertidos ao Islão a viver nos EUA. A maioria são porto-riquenhos, cubanos, dominicanos e mexicanos. Os números falam por si e mostram que o número de seguidores tem crescido após os mortíferos ataques na história dos EUA.

Embora inicialmente classificassem muitos muçulmanos como terroristas, existe agora uma maior consciência do problema. Nos EUA 20 mil pessoas convertem-se ao Islão em cada ano e é a religião que mais cresce em todo o mundo.

Wilfredo Ruiz Amr:

Ruiz, porto-riquenho que vive agora na Flórida diz que "a mesma notícia ruim e a má propaganda colocou o Islão em contacto com as pessoas." "Desde 11 de Setembro, eu acredito que em qualquer jornal nacional não passam dois dias sem a palavra Islão ou muçulmanos aparecer em quaisquer de suas páginas. E na medida em que as pessoas estão vendo isso torna-se de interesse para saber mais sobre o Islão", diz ele.

Amr Ruiz converteu-se em 2003, mesmo quando "os estereótipos estavam à flor da pele", diz ele. O que o levou a buscar o Islão é que ele era um cristão não praticante e queria educar os seus filhos dentro de um quadro de fé. A sua família rejeitou-o e a sua mãe foi a mais relutante em aceitá-lo. Amr Ruiz tinha estudado toda a sua vida numa escola católica e sua mãe era um membro ativo da Igreja Católica na sua comunidade.

"Disseram-me que eu estava errado, algumas pessoas disseram que o Islão não responde à nossa cultura e eu contestei dizendo de que país da América Latina era originário Jesus."

Mas, eventualmente, a sua família aceitou pelo simples facto de que "as acções no Islão falam mais alto do que as palavras. Quando a minha família viu que não fumava, não bebia, rezava cinco vezes por dia, disse: que mal pode haver nisto". Amr Ruiz afirma que os estereótipos contra os muçulmanos são em grande parte devido a equívocos instilados por pessoas de fora da religião.

Para além da crítica, Amr Ruiz não viveu qualquer situação mais grave, que não é o caso para todos os muçulmanos nos Estados Unidos depois de 11/09.

Khalid Salahuddin:

Khalid, que nasceu no Panamá, mas se mudou ainda criança com seus pais para a América, conta que um site antimuçulmano o acusou de apoiar a jihad ou guerra santa, luta extremista que levou Osama bin Laden a co-meter os actos terroristas de 2001. No entanto, apesar das alegações num artigo escrito num website não houve maiores consequências. "No meu trabalho o meu chefe disse-me que sabia que eu não estava envolvido nisso, por isso não o afetava". A confiança das pessoas que gostavam dele foi instantânea e alguns ofereceram a sua ajuda, diz ele. Os seus conhecidos sabem o sentimento de Salahuddin relativamente aos ataques. "Isso foi uma desgraça, a verdade é que eu não podia acreditar que alguém que tivesse a mesma mentalidade que eu estava envolvido em alguma coisa. Quando eles fizeram isso deixaram de ser muçulmanos... A religião islâmica diz que se você matar uma só pessoa é como se matasse toda a raça da humanidade".

Salahuddin disse que por causa das suas crenças, é muito difícil de acreditar que os ataques terroristas são um ato islâmico e que "só Deus sabe o que aconteceu.

Roraima Aisha Kanar:

Roraima Aisha Kanar, cubana, concorda com Salahuddin. "Se eu tivesse viajado com meu marido (que tem um nome árabe) e ele tivesse estado naquele avião não o teriam acusado de ser um deles (terroristas)? E porque tenho eu de pensar que todos os que foram acusados e estão mortos hoje estavam envolvidos? ", diz ela.

Também relata que viveu na primeira pessoa a rejeição da comunidade após o 11/09. "Os que mais me julgaram foram os latinos, e como não sabiam que eu falava espanhol diziam coisas como, olha a pessoa que vem atrás de nós, anda rápido para não estar perto de nós, não sabemos o que pode acontecer." No entanto, Kanar não ficava calada e dizia-lhes que não a julgassem pelo que não conheciam.

Mas isso não só aconteceu quando ela ia fazer compras ou saia fora de sua casa para qualquer tarefa, mas também com respeito ao seu trabalho. Kanar estava envolvida na venda de bens no momento e muitos clientes estavam distantes e constrangidos na sua presença. Mas Kanar disse que "nada pode ser alcançado sem paciência" e a sua atitude foi fazer com que as pessoas se sentissem confortáveis.

Quebrando os estereótipos:

Apesar de provenientes de outros países estas pessoas têm algo em comum: elas não estavam satisfeitas com o que lhes ofereceria o catolicismo. Kanar insiste que a Igreja Católica não forneceu respostas às suas perguntas. Além disso, refere que o que mais lhe chamou a atenção no Islão é que, diz ela, é uma religião cujo relacionamento com Deus é direto, sem intermediários, pois o seu comportamento, suas roupas e seu modo de agir é uma decisão pessoal ao aceitar o Islão como sua fé, e não algo imposto. 

Como muitos latinos tiveram que quebrar os estereótipos da sua família. Mas ao contrário do que alguns possam pensar, a sua mãe, uma católica praticante, não tinha pena que a sua filha não comungasse ou não assistisse à missa. "Um dia eu sentei-me com ela e ela disse-me que o que mais lhe doía é que eu não podia usar fatos de banho ou vestir roupas justas ou decotes como fazia antes", diz ela. Mas para Kanar o próprio facto de as pessoas a valorizarem pela sua qualidade humana e não pelo que parecia foi um dos factores que a levaram a mudar de religião.

Kanar Amr Ruiz e Salahuddin concordam que a falta de aceitação para aqueles que não compartilham a fé cristã da maioria dos americanos é devida à ignorância. Um estudo realizado pelo Pew Hispanic Center diz isso, os hispânicos, especialmente os católicos, são o grupo com menos informações sobre sua própria religião e sobre as outras religiões, de acordo com a pesquisa nacional.


Hoje pode ter passado uma década desde a tragédia, mas o que não passou é a dor dos que perderam parentes no 11 de Setembro de 2001 e o ressentimento dos outros. Em 2 de Maio, o mundo testemunhou a forma como dezenas de pessoas nos Estados Unidos comemoraram a morte do autor dos ataques, Osama bin Laden. Mas, por anos, os muçulmanos nos Estados Unidos têm tentado dei-ar claro que o Alcorão condena qualquer ato terrorista e o que diz que mata em nome de Allah, mente.


Fonte:http://alfurqan.pt/view_tema.asp?ID=194