sexta-feira, dezembro 28, 2018

O Islão e o Cristianismo: duas religiões e um só Deus (Parte II - CONCLUSÃO)

Coord. por: M. Yiossuf M. Adamgy

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Se a humanidade não for capaz de se livrar de seus preconceitos, através das pessoas íntegras e crentes que trabalham para a realização de tolerância religiosa, a situação será terrível e Deus vai repreender-nos na Outra Vida, por cada um de nossos erros, pelo nosso fanatismo e discórdia, porque são estes os que aumentam a devastação, a agonia e o derram-amento de sangue.

Nós, os crentes, estamos na necessidade de uma or-ganização espiritual celestial, que nos permita trabalhar juntos para trazer a paz a este mundo tão necessitado de cooperação e fraternidade. O terreno da ciência ne-cessita de nossos esforços, porque ainda encontramos fracos e poderosos, oprimidos e opressores, usurpados e usurpadores. Todas as conquistas da ciência moderna no campo da geologia, astronomia, conhecimento das expedições de profundidades marinas, as expedições para os pólos, a indústria dos metais, etc., não conse-guiram curar a humanidade de malícia e o desejo de prejudicar os outros. Os remédios estão disponíveis para esta doença perniciosa que requer uma operação de coração e de alma, por médicos que prescrevam, correctamente, à humanidade, o remédio para sair da aflição e da ruína. Nós não somos inimigos dos ateus, somos os seus pares, o que pedimos é para apresenta-rem os seus argumentos e buscar a verdade; nós convidamo-los para o caminho da fraternidade e da se-gurança, nós queremos ser conselheiros sinceros e isto pode ser conseguido através da cooperação entre pensadores crentes das religiões reveladas e das outras escolas de pensamento.

As tentativas dos políticos modernos de alcançar a paz não deram frutos, por isso queremos que nos deixem tentar com uma fé racional. Deixemos que os pensadores das três religiões colaborem, pois o último Profeta Muhammad (s.a.w.) disse: "O ser humano é o irmão do ser humano, quer ele goste ou não"; Jesus (a.s.) disse: “Ama o teu próximo como a ti mesmo", e Moisés (a.s.) pregou o mesmo.

Apesar dos erros e mal-entendidos, estou optimista e tenho esperanças que um dia os cristãos abraçarão aos muçulmanos e, em seguida, o Evangelho se entender-se-á a partir do Alcorão. No Oriente, eles têm estado um ao lado do outro e se encontrarão, novamente, com a permissão de Deus, no mundo de hoje. Assim, um novo espírito prevalecerá, preenchido com a fragrância de amor, de fraternidade e de paz, obteremos a recompensa e a aprovação de Deus na vida após a morte.

Este meu optimismo não é nem sentimental nem emocional, é o produto do que muitos pensadores cristãos e não cristãos têm dito em muitas conferências religiosas, em diferentes partes do mundo. Antes de relatar quais sãos as suas recomendações, eu vou transcrever-vos o que o sábio Bernard Shaw escreveu: "Eu sempre tive grande estima pela religião de Muhammad, pela sua grande ivacidade. Mas por causa da ignorância e ódio fanático, foi-nos apresentada como o adversário do cristianismo e de Jesus. Depois de ter estudado a vida de Muhammad como a de um grande homem, descobri que estava muito longe de ser um adversário de Jesus. É, de fato, um salvador da humanidade, como o foi Jesus ".

Lamartine, o grande poeta francês escreveu: "Muhammad era um profeta, um líder, um conquistador de mentes e o propagador de uma doutrina que concorda com a liberdade de consciência".

Tolstoy, o famoso escritor russo, disse: "Muhammad não clamou ser o único profeta, mas sim, afirmou que Moisés e Jesus também o eram; ensinou que os cristãos e os judeus não devem ser forçados a abandonar a sua fé. Uma das vantagens do Islão, é a sua boa disposição para com os verdadeiros cris-tãos, judeus e seus homens de religião".

Mahatma Gandhi, o líder indiano, disse: "Eu derramei um rio de lágrimas quando li a vida do Profeta Muhammad. Como pode alguém que procura a verdade, como eu, não incline a sua cabeça perante um carácter assim, que trabalhou apenas para o bem da humanidade?"

O que acima ficou citado não é nada comparado ao que centenas de escritores e pensadores têm dito sobre Muhammad (s.a.w.), sua personalidade e seus ensina-mentos, e sobre o Alcorão Sagrado.

Volto, agora, para as resoluções que foram tomadas nessas conferências; o Vaticano declarou, em termos claros, que o Islão é uma religião revelada, isso é um passo à frente; na conferência de Córdoba, em 1977, foi declarado que Muhammad era um Profeta e enviado por Deus. Tudo isso, e muito mais, me dá esperança que o futuro seja cheio de bondade, cooperação e amor entre as religiões reveladas, porque elas são ramos da árvore Abraâmica. Quando essa meta for alcançada, a humanidade poderá levar uma vida pacífica e amigável, que impedirá a ruína e a devastação.

Quero enfatizar que o Islão apoia a ideia de que os seguidores de outras religiões mantenham as suas crenças, porque as bases de todas as religiões são as mesmas. Perdoai-me se eu disser que os muçulmanos estão acima de vós, em amor face ao vosso Profeta e em devoção ao cristianismo, pois o Alcorão apoia e complementa o Antigo e o Novo Testamento (originais) sendo que um dos seus versículos diz, textualmente: «Dize: "Cremos em Deus, no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos Profetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, e nos submetemos a Ele"». (Alcorão, 2: 136).

Depois de tudo isso, abraçarão e quererão os segui-dores da Torá e do Evangelho aos seguidores do Alcorão? Muhammad (s.a.w.) disse aos muçulmanos: "Eu sou o seguidor mais próximo de Moisés e Jesus, aqui e no Além". Então, deixemos que os cristãos também digam: "Nós os apoiamos, ó Irmãos Muçulmanos, porque o nosso Deus é Um e a origem de nossas religiões é a mesma".

Nós viemos a conhecer o cristianismo através do nosso Alcorão e dos ensinamentos do nosso Profeta; então, conheçam-nos. Nós vos oferecemos a mão, vos abraçamos, vos estudamos e veneramos a Jesus e ao seu Evangelho (verdadeiro) e à sua mãe a Virgem Maria. Então, estendei a vossa mão, abraçai-nos, estudai connosco e comportai da mesma maneira ou até melhor.

As nossas diferenças podem ser comparadas àquelas dos dois irmãos que se separaram por muitos anos e, enquanto estavam procurando um pelo outro no deserto, um deles viu uma mancha negra ao longe e acreditou que era uma fera selvagem; preparou a sua arma e pôs-se em guarda. Quando se aproximou, descobriu que ele estava na frente de seu irmão perdido, então eles se abraçaram e derramaram lágrimas de felicidade, e felicidade após a longa ausência.

Precisamos de nos aproximar, cada vez mais, até que possamos nos encontrar e reunirmos pleno entendimento. E isso só pode ser produto dos esforços cooperativos de todos os crentes sinceros, de cada religião. E restará apenas um obstáculo que, esperamos, os crentes poderão superar e é o grande desgosto de Satanás diante de nossa aliança, que contará com a alegria de Deus Todo-Misericordioso e dos Seus Profetas e crentes de todos os lugares. É conveniente agora concluir com o que o Alcorão diz sobre os cristãos:

"... Constatarás que aqueles que estão mais próximos do afeto dos fiéis são os que dizem: «Somos cristãos», porque possuem sacerdotes e não ensoberbecem de coisa alguma". (Alcorão, 5:82).

Assim, pois, para esta discussão e acordo, para este diálogo e cooperação, deixemos que os amantes da paz, do Oriente e do Ocidente, os teólogos e os estudiosos, os jornalistas e os políticos, cada amante da humanidade e cada crente em Deus, se unam. Esses encontros fazem, aos que escutam, responsáveis de obedecer a Lei de Deus, caso contrário, Deus e as suas consciências os reprovarão.

Para que as nossas esperanças se concretizem, comecemos a trabalhar, pensar, discutir e a reunirmos, pois Deus diz no Alcorão Sagrado: "Dize-lhes: Agi, pois Deus terá ciência da vossa ação; o mesmo farão o Seu Mensageiro e os fiéis. Logo retornareis ao Conhecedor do cognoscível e do incognoscível, que vos inteirará de tudo quanto fizestes.." ( Alcorão 9: 105).

Deus nos ajudará enquanto apoiarmos a Sua causa.  Deus dará vitória àqueles que fazem a sua causa vitoriosa. Que a paz, a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sempre convosco! 

Obrigado. Wassalam (Paz).

M. Yiossuf Adamgy

Diretor da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán

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