quinta-feira, dezembro 04, 2014

O Papa e o Grande Mufti de Istambul partilham oração

Papa com Mufti na Mesquita Azul
“O Corão é um livro de paz. É um livro profético de paz”, disse o Papa Francisco ao The Washington Post, na segunda-feira. “Espero que a visita seja frutífera e contribua para a paz mundial”, expressou Rahmi Yaran, o Mufti de Istambul. ( 01/12/2014 - Fonte: Agencias/Onislam – Versão Portuguesa: Al Furqán).

Prezados Irmãos,  Assalamu Alaikum: 

Lançando uma mensagem de unidade entre os seguidores das duas religiões, o Papa Francisco visitou a Mesquita Azul de Istambul, e rezou junto ao Grande Mufti de Istambul durante a sua estadia de três dias na Turquia. 

"Espero que a visita seja frutífera e contribua para a paz mundial", expressou Rahmi Yaran, o Mufti de Istambul, ao Papa, segundo informou a Agência Anadolu no passado sábado, 29 de Novembro.  "Necessitamos de oração, muita oração". 

Num gesto descrito pelo Vaticano como um "momento de adoração silenciosa" a Deus, o Papa faz uma reverência com a cabeça numa oração que se estendeu vários minutos junto ao Grande Mufti de Istambul, na Mesquita do Sultão Ahmet, do século XVII. 

"Que Deus a aceite", dirigiu-se o Grande Mufti ao Papa no final da oração. 

A visita do Pontífice de 77 anos de idade é a quarta visita de um Papa à Turquia. 

Em Novembro de 2006, o Papa Benedito XVI visitou a Turquia e rezou na Mesquita Azul de Istambul, também. 

A Mesquita Azul, conhecida oficialmente como a Mesquita do Sultão Ahmet, abriu as suas portas em 1616 e é considerada a mais famosa da Turquia. 

Recebeu o seu nome popular dos elegantes azulejos azuis de Iznik, presentes na principal sala de oração. 

A Mesquita encontra-se na praça do Sultão Ahmet, na zona antiga de Istambul, frente à Mesquita Aya Sofya, que já foi a igreja cristã de Santa Sofia. 

O Papa visitou a Mesquita depois de uma breve visita a Aya Sofya. Também visitou o mausoléu de Anitkabir, a tumba do pai fundador da Turquia, Mustafa Kemal Ataturk. 

Durante o seu primeiro dia na Turquia, o Papa reuniu- -se com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, e o chefe do Conselho de Administração de Assuntos Religiosos da Turquia, Mehmet Gormez. 

UNIDADE CRISTà

Ao concluir a sua visita ao país predominantemente muçulmano, o Papa reuniu-se com o Patriarca Bartolomeu I, líder espiritual dos 250 milhões de cristãos ortodoxos do mundo. 

Numa reunião que teve como objetivo a cura da cisma que apareceu desde a separação das igrejas católica e ortodoxa em 1054, espera-se que uma declaração conjunta sobre os esforços de reunificação seja emitida pelos dois líderes religiosos. 

A visita do Papa foi bem recebida por líderes cristãos turcos que expressaram a sua alegria e optimismo. 

"Estou feliz porque está a fortalecer a posição das pequenas igrejas e a dar-lhes uma nova esperança", manifestou o Padre Franz Kangler, um sacerdote católico de Istambul, à Voice of America. 

A visita também foi elogiada pelos cristãos do país e os estrangeiros, que têm a esperança de que esta fomente uns melhores laços inter-religiosos. 

"É muito bom que tenha vindo", confessou Garbis Atmaca, um joalheiro arménio de 72 anos radicado em Istambul, ao The Guardian. 

"A sua visita terá um bom impacto no mundo islâmico. Isto ajudará a fomentar a compreensão e a paz". 

Uma mensagem de esperança similar foi partilhada por Anthony Joyce, um turista de 60 anos procedente de Inglaterra, que chegou à Turquia na sexta-feira, 28 de Novembro. 

"É maravilhoso que o Papa tenha vindo até aqui para mostrar a unidade do mundo entre as diversas religiões", disse Joyce.  "É muito bom para o futuro." 

O Papa declarou que é errado que alguém reaja ao terrorismo estando “raivoso” contra o Islão. 

CAIRO – Concluindo a sua visita de três dias à Turquia, o Papa Francisco confirmou que o Islão é uma religião de paz, rejeitando os preconceitos que acusam os Muçulmanos de atos cometidos por minorias. 

O Corão é um livro de paz. É um livro profético de paz”, disse o Papa Francisco ao The Washington Post na segunda-feira, 1 de Dezembro. 

Durante a sua visita à Turquia, o Papa Argentino conheceu o Presidente Recep Tayyip Erdogan, o Primei-ro-ministro Ahmet Davutoglu e o chefe dos Assuntos religiosos da Turquia, Mehmet Gormez. 

O PAPA E O MUFTI TURCO PARTILHAM ORAÇÃO 

Ele também visitou a Mesquita Azul depois de uma breve visita à Aya Sofia, durante a qual esteve em oração conjuntamente com o Mufti Turco de Istambul. 

O Papa assegurou que era errado que alguém reagisse ao terrorismo “em raiva” contra o Islão. 

Simplesmente não podem dizer isso, da mesma forma que não podem dizer que todos os cristãos são fundamentalistas”, disse ele. 

Nós temos a nossa parte [de fundamentalistas]. Todas as religiões têm estes pequenos grupos.” 

O Papa Francisco chamou os líderes Muçulmanos para garantir uma condenação global ao terrorismo de forma a quebrar o estereótipo de que o Islão e a violência estão intimamente ligados. 

A sugestão foi feita pela primeira vez durante o encontro do Papa com o Presidente Turco Tayyip Erdo-gan, na passada sexta-feira. 

Eu disse ao presidente que seria lindo se todos os líderes islâmicos, quer sejam líderes políticos, acadêmicos ou religiosos, falassem claramente e condenassem isto, porque isto iria ajudar a maioria das pessoas Muçulmanas”, disse ele aos repórteres durante o voo, reportou The Independent. 

A visita do Pontífice de 77 anos foi a quarta visita de um Papa à Turquia. 

Em Novembro de 2006, o Papa Benedito XVI visitou a Turquia e também rezou na Mesquita Azul de Istambul. 

Um grande número de líderes por todo o mundo condenou o Estado Islâmico, fazendo declarações fortes com vista a negar qualquer relação entre o Islão e o grupo de militantes. 

Há dois meses, o Sheikh Ahmed el-Tayeb, o Grande Imam de Al-Azhar, o mais alto posto do ensino religioso do mundo sunita, condenou o ISIL, acusando-o de servir um princípio “Sionista” para “destruir o Mundo Árabe”. 

Antes, o Grande Sheik Mufti Saudita Abdul Aziz al-Sheikh condenou a Al-Qaeda e o Estado Islâmico jiha-dista como o “inimigo número um” do Islão, dizendo que é urgente que os Muçulmanos levantem os seus braços contra os membros do grupo militante como agressores que abusam das vidas das pessoas, posses e honra. 

A União Internacional de Estudos Muçulmanos (IUMS) negou o anúncio do ISIL de formar um “califado” nas áreas que controlam no Iraque e Síria, dizendo que era vazio de qualquer aspecto islâmico ou realista.■ /// 

Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 04/12/2014.

A L M A D I N A COMO PASSAR AS FÉRIAS DE VERÃO!

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad -    01.12.2014

De facto, a necessidade de a pessoa descansar depois do trabalho e do esforço, a necessidade de calma depois do movimento, é de entre os factos que nenhuma pessoa inteligente pode rejeitar.

A religião isslâmica, com o seu método fácil, em que a natureza humana é tomada em consideração, não impõe que o Homem passe todo o seu tempo em adoração. Estabeleceu uma porção para o descanso, para o gozo e para o prazer, dentro dos limites prescritos.

Quando An’zala (R.T.A.), companheiro do Profeta Muhammad (S.A.W.) se lamentou de estar a passar algum do seu tempo entretido com os filhos, com a esposa, e noutras atividades mundanas, o Profeta aquiesceu sobre a necessidade do entretenimento e do gozo lícito, dizendo três vezes: “Ó Han’zala! Deve haver tempo para isto, e tempo para aquilo”. (Relato de Musslim)

Os intelectuais que estabeleceram as férias periódicas, semanais, mensais ou anuais, foi porque prestaram atenção ao seu efeito positivo na renovação da atividade humana e na recuperação mental e física, para que se volte ao trabalho mais fresco e com melhor disposição.

Todavia, quando algo ultrapassa os limites e não é aplicado da forma mais correcta, passa de positivo para negativo. Portanto, se as férias se prolongarem, acabam criando muitas coisas negativas e muitos prejuízos como resultado do vazio que não está sendo preenchido da maneira mais correcta. E isso acontece quando os deveres e os direitos não estiverem a ser cumpridos.

O Isslam considera o tempo a coisa mais valiosa no Mundo, que se for bem aproveitado traz felicidade, pois de contrário pode trazer desgraça.

As férias de Verão ou noutra estação qualquer) são um tempo valioso e uma oportunidade importante que as pessoas aproveitam para descansar, abstraindo-se das preocupações inerentes ao trabalho durante o resto do ano. 

O Isslam ensina-nos que o crente não deve estar parado, inativo, sem fazer nada, seja relacionado com os assuntos mundanos, ou com assuntos da vida do Além, pois ele foi criado para trabalhar, para se esforçar e dar o melhor de si. No Dia da Ressurreição será interrogado sobre a sua vida, onde a passou. Será informado acerca das suas acções, sobre o que praticou. E ser-lhe-á exigida a prestação de contas. Consta no Al-Qur’án, Cap. 9, Vers. 105:

“Diz: trabalhai. Deus, Seu Mensageiro e os crentes verão vossas obras. Depois sereis levados ao Conhecedor do invisível e do visível, e Ele vos informará de tudo o que fazíeis”.

Na realidade, na vida de um crente não há tempo livre, sem proveito, pois o tempo é a vida, e o crente será recompensado se o aplicar no bem, e será considerado pecador se o aplicar no mal. E o Profeta Muhammad (S.A.W.) encorajou-nos a aplicá-lo correctamente, ao dizer: “ Aproveite cinco coisas antes de outras cinco te surpreenderem: 1) A vida antes de morreres; 2)A saúde antes de adoeceres; 3) O tempo livre antes de te ocupares; 4) A juventude antes de envelheceres; e 5) A riqueza antes de empobreceres”. (Relato de Al-Hákim)

Nisso o Profeta encoraja-nos a fazermos do tempo livre uma ocasião para preenchê-lo em coisas úteis, pois mesmo ele, na sua casa, nunca foi visto inactivo, sem fazer algo, facto relatado por sua esposa, Aisha (R.T.A.). Isto porque Deus, dirigindo-se ao Profeta diz, no Cap. 94, Vers. 7 - 8: 

“E quando estiveres livre (das tarefas imediatas), esforça-te arduamente (na adoração) e vira toda a tua atenção para o teu Senhor”. 

Esta mensagem é para todo o crente, para que evite ficar sem fazer nada. Se tiver terminado as tarefas mundanas deve esforçar-se na adoração, e ansiar o que está junto de Deus, nas Suas dádivas infinitas. E quando terminar as suas obrigações religiosas se ocupe nas suas actividades mundanas.

Quando terminar as suas necessidades físicas deve virar-se para as necessidades espirituais. Quando terminar os seus afazeres pessoais, que se dedique a assuntos familiares, ou a assuntos da sua sociedade.

É assim que o crente chega à conclusão que na vida nunca há tempo livre, sem nada apara fazer. Assim, todos os momentos da sua vida tornam-se momentos de adoração e aproximação a Deus. 

Costuma-se dizer que parar é morrer, pelo que nunca devemos parar de atuar, pois toda a vida tem de ser um movimento constante. O descanso não é o objetivo para o qual se deve gastar muito dinheiro, e nem devemos passar o nosso tempo livre em brincadeiras, mas sim aproveitando integralmente o tempo disponível em algo útil relacionado a este Mundo e também ao Outro Mundo, o que decerto trará benefícios, neste e no Outro Mundo.

Deus diz no Cap. 59, Vers. 18 do Al-Qur’án:

“Ó vós que credes! Temei a Deus. E que cada alma considere bem o que ela preparou para o (seu) amanhã! E temei a Deus. Na verdade Deus sabe bem tudo o que fazeis”.

Portanto, a pessoa deve fazer do tempo livre e da época das férias uma época de edificação e não de demolição. Época de obediência e não de desobediência (a Deus).

A época de férias de tem muitos aspectos positivos que devemos aproveitar, assim como tem aspectos negativos que devemos evitar.

O grande teólogo Ibn Al-Quyim diz: “O ano é como uma árvore. Os meses e os dias são como as suas ramificações. As horas são como as folhas, e a respiração é como o seu fruto. Portanto, quem tiver a sua respiração na obediência a Deus, então o fruto da sua árvore será bom. Mas quem tiver a sua respiração na desobediência (a Deus), então o seu fruto será amargo. E a colheita será no dia da ceifa, e aí ir-se-á saber qual das frutas será doce e qual será amarga.”

Nas férias do Verão a pessoa pode aproveitar o seu tempo para ler livros que lhe transmitam algum benefício, seja sob a forma de adoração a Deus ou sob qualquer outra forma, pois a adoração reforça a alma e o corpo. Deve-se abster do cometimento de pecados, já que estes enfraquecem o corpo, matam a alma, endurecem o coração e levam à perdição, tanto neste como no Outro Mundo.

Pode-se aproveitar o tempo de férias para atividades culturais, intelectuais e desportivas com amigos, tudo isso dentro dos limites prescritos, e assim tentar-se criar um equilíbrio entre as exigências físicas e as espirituais. 

Pode-se também aproveitar para fazer visitas aos pais, aos familiares, aos amigos, às pessoas piedosas, aos teólogos, aos doentes, aos pobres, aos cemitérios, etc.

Os estudantes podem aproveitar para se dedicarem a atividades, seja no plantio de árvores, na limpeza de jardins e praias, ou mesmo na aprendizagem de alguma arte ou profissão que no futuro poderão ajudar no combate ao desemprego.

O vazio na pessoa nunca permanece vazio, pelo que sempre acaba preenchido com algo bom ou mau. Se não ocuparmos a nossa alma com algo benéfico, ela ocupar-nos-á com coisas más.

Por isso, prestemos atenção, como e onde passamos as férias de Verão.

ZAKAT, SADAQA E O TRABALHO – 7ª. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso)  -JUMA MUBARAK

O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse que uma das 7 pessoas que será acomodada por Deus na sombra da Sua Misericórdia, no dia em que não haverá nenhuma sombra excepto a Sua, é a pessoa que dá esmola e que a mão que dá (a direita) o faz com tanto secretismo, que a outra mão não sabe.Bhukari 24:504. Muitos versículos do Cur’ane e ditos do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) condenam o exibicionismo no que se refere à entrega da caridade.

No entanto, no caso de se pretender divulgar por outros crentes a necessidade de se completar uma certa verba destinada a colmatar uma emergência, não haverá mal nisso. Será uma forma de se encorajarem uns aos outros, angariando os donativos publicamente. “Aqueles que gastam os seus bens pela causa de Allah, sem acompanhar a sua caridade com exprobração nem injúria, terão a sua recompensa ao lado do Senhor e não serão presas do temor, nem se angustiarão”. Cur’ane 2:262. “Innamal an-mal bi nniyaiti”. O valor de cada acção depende da intenção”. Umar bin al-Khatab disse: “ouvi do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) dizer: “As recompensas das acções dependem das intenções e cada pessoa receberá a recompensa de acordo com o que ele pretendia…” Bhukari 1.1. Se a intenção de publicitar a entrega da caridade como meio de adquirir fama e prestígio perante a sociedade, perante o Criador não terá qualquer valor nem recompensas. Mas Deus agraciará os bens intencionados porque “De toda a caridade que fizerdes, Deus o saberá”. Cur’ane 2:273.

A IMPORTÂNCIA DO SADAQA (CARIDADE FACULTATIVA)

Quando efectuamos as nossas orações, algumas vezes, a nossa mente divaga por diversos problemas da nossa vida. Outros estão nas orações, mas já estão a pensar no que têm para fazer de seguida, ao ponto de se enganarem no número dos rakates (ciclos das orações) e nos versículos do Cur’ane que estão a recitar. A mente humana viaja muito e em questões de segundos pode chegar a terras bem distantes! É verdade que não é fácil o crente manter-se alheio a tudo o que lhe preocupa. Só com concentração e uma fé muito grande é que se pode atenuar estas falhas. Porque o ser humano não é perfeito, ninguém se pode valorizar de que cumpre de forma correcta e rigorosa os preceitos religiosos. Podemos ter grandes ou pequenas recompensas, dependente da perfeição das orações. Em certas situações poderemos estar a aumentar os nossos pecados.

Assim, é recomendado ao crente, para além das orações obrigatórias, efectuar muitas orações facultativas (sunats e nafls), de modo que estas possam cobrir as eventuais falhas nas obrigatórias. Tendo em conta a qualidade do salah de cada um, o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “A pessoa que termina a sua oração, apenas um décimo, um nono, um oitavo, um sétimo, um sexto, quinto quarto, ou uma terça parte ou metade é considerado como aceitável”. Abu Daud. No dia do Julgamento final, se as orações forem consideradas boas, serão o garante para a facilidade de ganharmos a paz e a tranquilidade na vida futura. O mesmo se passa com os jejuns facultativos que irão cobrir as falhas dos nossos jejuns do mês de Ramadan.

Assim também se passa com a caridade facultativa que devemos fazer durante a nossa vida. Para suprir eventuais erros ou pecados cometidos na entrega do Zakat, devemos ter uma “reserva” substancial de recompensas obtidas pela distribuição de Sadaqa (contribuição facultativa). Sadaqa é um “empréstimo” a Allah. O nosso Senhor diz: “ Quem é que empresta a Allah um bom empréstimo para que Ele lho multiplique muitas vezes? Allah restringe e estende (a riqueza). E, para Ele regressareis.” Cur’ane 2:245. Nas interpretações dos nossos conhecedores, passados e presentes, o termo “emprestar a Allah”, significa gastar em caridade.
…Tudo quanto distribuirdes de caridade, Ele vo-lo restituirá, porque é O melhor dos Agraciadores”. Cur’ane 34:39.

Algumas falhas podem ocorrer na entrega do Zakat; lapsos no cálculo do valor devido; entregas do zakat muito para além do prazo prescrito; e a entrega do mesmo que inadvertidamente o fizemos sem o devido segredo. Assim, quanto maior for a Sadaqa, maior será a probabilidade da mesma vir a atenuar as falhas na distribuição do Zakat e será um meio de obtenção no Akhirat (vida futura) de inúmeras recompensas. As orações facultativas, a caridade voluntária e os jejuns facultativos, serão um meio para nos aproximarmos mais do Criador e de obtermos a Sua amizade. Subhanallah!

In Sha Allah, Se Deus quiser, o tema continuará no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”.14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

04/12/2014

sexta-feira, novembro 28, 2014

ZAKAT, SADAQA E O TRABALHO – 6ª. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)
Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

Não existe criatura sobre a terra, cujo sustento não dependa de Allah …” Cur’ane 11.6.

Allah Subhana Wataala criou o ser humano e fez dele um sinal da Sua Perfeição e Misericórdia. Ensinou-lhe o que é certo e o que é errado. “Pela alma e por Quem a aperfeiçoou; e lhe imprimiu o discernimento entre o que é certo e o que é errado”. Cur’ane 91:7 e 8.

A relação de Allah com as Suas criaturas é baseada na Misericórdia e na Compaixão. Deus é o mais Misericordioso dos que mostram a misericórdia e transmitiu à sua criação uma parte da Sua Bondade e da Sua Misericórdia, para que todos possam sentir compaixão e ajudarem-se mutuamente. Yá Arhama Rahimin. Abu Huraira (Que Deus fique satisfeito com ele), referiu que Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Deus dividiu a misericórdia em cem partes, reteve noventa e nove partes, fazendo apenas descer uma à terra. Dessa (uma) parte, emana toda a compaixão com que a criação inteira divide entre si. É tamanha essa compaixão, que faz com que o animal levante bem as garras, para não causar dano à sua cria”. Bukhari e Muslim.

Allah, o Criador e o Sustentador, destinou e garantiu o sustento (rizk) para cada uma das Suas criaturas. Ninguém conseguiria apoderar-se do sustento destinado a uma outra pessoa. “Não existe criatura sobre a terra, cujo sustento não dependa de Allah …” Cur’ane 11.6. Mesmo aqueles que se encontram incapacitados, Allah também destinou o seu rizk. “E quantas criaturas existem que não podem procurar os seus sustentos! Deus as agracia da mesma maneira que a Vós e Ele é Oniouvinte, o Sapientíssimo”. Cur’ane 29.60. É o caso, por exemplo, dos fetos de todos os seres vivos que se encontram em gestação. O sustento inicia-se quando nos encontramos nas barrigas das nossas mães e cessa com as nossas mortes. Esta garantia de sustento é um dos sinais da Soberania e do Poder de Deus.

Deus criou tudo o que existe na terra para que os seres vivos, em especial os humanos, possam produzir, colher e usufruir equitativamente. Para cada ser vivo, dependendo da localização, do clima, das tradições alimentares e das condições sociais, existe uma diversidade de alimentos. Assim, ninguém se pode lamentar que Deus lhe deu um tipo de alimento “inferior” em relação ao do seu vizinho. O Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) disse que não devemos olhar para quem está num nível superior ao nosso, mas sim quem se encontra abaixo do nosso nível. Assim, saberemos dar valor ao que nos foi concedido e não desprezarmos os favores concedidos pelo Sustentador. Procuremos saciar a nossa ânsia de ter os que os outros têm, encontrando a felicidade e a tranquilidade com a lembrança de Deus (dikr) e o aumento do íman (fé). “Mas, quem temer a Allah, Ele lhe apontará uma saída … e o agraciará, de onde menos espera. Quanto aquele que se encomendar a Deus, saiba que Ele será Suficiente, porque Deus cumpre o que promete. Certamente Deus predestinou uma proporção para cada coisa”. Cur’ane 65.2 e 3. 

Alguns mal intencionados, culpam a Deus pela miséria que se alastra pelo mundo! Referem que Deus não deveria permitir a fome e as maldades que existem entre as pessoas. Como são hipócritas estas línguas! São eles os primeiros a virarem as costas e a fecharem as suas mãos perante os seus semelhantes famintos. Não feches a tua mão excessivamente, nem a abras completamente, porque te verás censurado”. Cur’ane 17:29 . O Profeta (Salalaho Aleihi Wassalam) referiu: “quem não mostra misericórdia para com as pessoas, Deus, o Altíssimo, não mostrará Misericórdia para com ele”. Muslim. Deus fez a Sua parte e compete-nos a nós, cumprir com as Suas Leis e com as Orientações dos Seus Profetas. É uma responsabilidade colectiva que nos obriga à criação de condições para que todos se possam sustentar. E por tudo o que fazemos, responderemos perante Ele.

Um necessitado pediu apoio monetário ao Profeta de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam). Ele deu um machado para que pudesse, por ele próprio, encontrar um meio digno e honesto para obter o sustento para a sua família. Será assim muito melhor do que andar a pedir aos outros. 

Também recomendou o Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) para quem se encontra extremamente necessitado, que deve solicitar apoio aos piedosos e virtuosos, porque essas pessoas saberão como auxiliar, não farão publicidade do que fizeram e darão com a mão direita, o que a mão esquerda não sabe. Por outro lado o aconselharão a encontrar um meio mais eficaz e digno para se sustentar. Meu duáh para que Allah, o Doador e o Sustentador, conceda muitos bens aos crentes piedosos e virtuosos, para que eles possam ter mais condições para cuidarem daqueles que nada têm. Amin.

Issa (Aleihi Salam) – Jesus (Que a Paz de Deus esteja com ele) disse: “Filho de Adão, assim como for a tua misericórdia, assim será a Misericórdia de Deus para contigo. Como esperas a misericórdia de Deus, se não tens misericórdia para com os Seus servos?”. Relato de Abu al Layth al Samarqandi. 

A melhor maneira de mostrar misericórdia para as pessoas, é visitar os doentes, auxiliar os necessitados, guiar (dar uma palavra de dawá) aos que se encontram perdidos e auxiliar os órfãos. Esta é a melhor caridade (sadaqa) perante Allah Subhana Wataala.

In Sha Allah, Se Deus quiser, o tema continuará no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

27/11/2014

A Mentalidade Aberta do Islão

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Foram as capacidades desenvolvidas pelo entendimento islâmico que permitiram que os muçulmanos sem uma cultura científica a tal ponto avançada. Uma dessas capacidades era, tal como já referimos, a motivação de conhecer o universo e a natureza de acordo com os princípios do Islão. Outra capacidade desenvolvida pelo Islão foi a abertura de espírito. A verdade é que tanto a sabedoria do Alcorão como os ensinamentos proféticos facultaram aos muçulmanos uma visão global do mundo, ultrapassando todas as fronteiras culturais. No Alcorão, Deus afirma:


"Ó Humanidade! Fizemos-vos homem e mulher e distribuímos-vos por povos e tribos, para que pudessem conhecer-se uns aos outros." (Alcorão, 49:13).


Este versículo incita claramente ao enraizamento de relações culturais entre diferentes nações e comunidades. Noutro versículo do Alcorão, afirma-se o seguinte: "Tanto o Oriente como o Ocidente pertencem a Allah." (2:115). Assim sendo, os muçulmanos devem ter uma visão universalista e cosmopolita do universo. 

Os ahadith ou ditos do Profeta Muhammad (p.e.c.e.) incitam, igualmente, a este tipo de abordagem. Num hadith muito conhecido, o Profeta (p.e.c.e.) diz o seguinte aos muçulmanos: 

"A sabedoria é o bem perdido dos muçulmanos; eles adquirem-na onde quer que a encontrem." 

Ora, o significado deste hadith é que os muçulmanos devem ser pragmáticos e ter a abertura de espírito para se adaptarem, recorrendo aos avanços culturais e científicos alcançados pelos não-muçulmanos, pois estes são igualmente criaturas e servos de Deus, mesmo que não o reconheçam. O "Povo do Livro", ou seja, os cristãos e judeus, são particularmente com-patíveis com os muçulmanos, pois acreditam em Deus e obedecem ao código moral que Ele revelou ao ser humano.

Na ascensão da ciência islâmica, a importância desta mentalidade aberta foi bastante óbvia. John Esposito, da Universidade de Georgetown, um dos mais proeminentes especialistas ocidentais no Islão, fez o seguinte comentário:

«A gênese da civilização islâmica surgiu, na verdade, de um esforço no sentido da cooperação, incorporando a aprendizagem e a sabedoria de muitas culturas e línguas». Tal como aconteceu na administração do governo, os cristãos e os judeus, que haviam sido a trave mestra em termos intelectuais e burocráticos dos impérios persa e bizantino, também integraram este processo, em colaboração com os muçulmanos. Este esforço "ecumênico" tornou-se evidente na Casa de Sabedoria do Califa al-Mamun (reinou entre 813-33) e no Centro de Tradução dirigido por um reconhecido escolástico de nome Hunayn ibn Isaq, um cristão nestoriano. A este período de tradução e assimilação seguiu-se uma fase de criatividade intelectual e artística muçulmana. Os muçulmanos deixaram de ser discípulos e tornaram-se mestres durante o processo da criação da civilização islâmica, dominada pela língua árabe e pela perspectiva islâmica, dando um importante contributo em muitas áreas, tais como: literatura e filosofia, álgebra e geometria, ciência e medicina, arte e arquitetura. Com efeito, os grandes centros culturais de Córdoba, Bagdad, Cairo, Neishabur e Palermo surgiram e ofuscaram a Europa cristã, na época embrenhada na Idade das Trevas. [1]

Segundo Seyyed Hossein Nasr, um dos mais proeminentes acadêmicos muçulmanos da nossa era, a ciência islâmica foi "a primeira ciência a ter uma natureza verdadeiramente internacional".[2]

Ainda assim, os muçulmanos não se limitaram a incorporar outras culturas, tendo igualmente desenvolvido a sua própria cultura. Alguns teóricos desvalorizam este facto e procuram associar o desenvolvimento científico muçulmano apenas à influência da Grécia Antiga e do Extremo Oriente. No entanto, as verdadeiras fontes da ciência islâmica foram a experimentação e as observações dos cientistas muçulmanos. No seu livro O Médio Oriente, o professor Bernard Lewis, um incontestado especialista em história do Médio Oriente, expôs o seguinte:

"A ciência islâmica medieval não se limitou a conseguir a preservação do saber grego, nem à incorporação no seu corpus de elementos provenientes de um Oriente ainda mais remoto e antigo. A herança que a ciência medieval islâmica transmitiu ao mundo moderno foi enormemente enriquecida pelo seu próprio empenho e contribuição. A ciência grega, em termos gerais, tendia a ser um pouco teórica, ao contrário da ciência medieval do Médio Oriente, que era muito mais prática. 

E a verdade é que em áreas como a medicina, a química, a astronomia e a agronomia, o legado dos Clássicos foi clarificado e complementado pelas experiências e estudo da ciência medieval do Médio Oriente”. [1]

Tal como é referido pelos ocidentais, a avançada cultura científica do mundo islâmico abriu caminho ao Renascimento Ocidental. Os cientistas muçulmanos agiam com o conhecimento de que a sua investigação relativamente à criação de Deus era o caminho que poderiam percorrer para O conhecer. 

Esposito salienta que: "Os cientistas muçulmanos, que frequentemente eram também filósofos e místicos, observavam o universo físico de acordo com o contexto e a perspectiva islâmica, enquanto uma manifestação da presença de Deus, o Criador, a fonte, a unidade e a harmonia na natureza." [2]

Com a transferência deste paradigma e a acumulação de conhecimento que, através dele, perpassou para o mundo ocidental, iniciou-se o desenvolvimento do Ocidente.


Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 27/11/2014 

[1] - Bernard Lewis, O Médio Oriente, 1998, p. 266. 

[2] - John L. Esposito, Islão: O Caminho da Virtude, s. 54. 

[1] - John L. Esposito, Islão: O Caminho da Virtude, Oxford University Press, 1991, s. 52-53. 

[2] - Citado in Weiss e Green, p. 187.

sexta-feira, novembro 21, 2014

OS DIREITOS DA CRIANÇA NO ISLÃO

Dia Internacional dos Direitos da Criança – 20 de Novembro

A data de 20 de novembro assinala o dia em que a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Declaração dos Direitos da Criança (em 1959) e a Convenção sobre os Direitos da Criança (em 1989).

Dize (ainda mais): Vinde, para que eu vos prescreva o que vosso Senhor vos vedou: Não Lhe atribuais parceiros; tratai com benevolência os vossos pais; não sejais filicidas, por temor à miséria — Nós vos sustentaremos, tão bem quanto aos vossos filhos —; não vos aproximeis das obscenidades, tanto pública, como privadamente, e não mateis, senão legitimamente, o que Deus proibiu matar. Eis o que Ele vos prescreve, para que raciocineis». – Alcorão, 6:151.

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Em primeiro lugar vamos estabelecer que as crianças, de acordo com o conceito islâmico, significa tanto homens como mulheres. Alguns islâmicos estão em desa-cordo e afirmam que o Islão diferencia entre meninos e meninas, preferindo o Islão os meninos sobre as meni-nas em termos de herança, 'Aqiqa (dois cordeiros para o nascimento de um bebé de sexo masculino, e de só um cordeiro no caso de ser menina) e outros assuntos. De acordo com os ensinamentos islâmicos verdadeiros, tan-to homens como mulheres são iguais ante os olhos de Allah, o Todo-Poderoso. Cada um, no entanto, está preparado e equipado para realizar certas tarefas e fun-ções adequadas à sua natureza física. Todos, em qual-quer caso, são iguais em deveres religiosos, com a excepção de certas questões que se definem e ilustram por Allah, o Todo-Poderoso, no Sagrado Alcorão, ou foram declaradas e especificadas pelo Mensageiro de Allah, a paz esteja com ele. Só estas diferenças hão-de ser reconhecidas e respeitadas, de acordo com o Islão e os seus ensinamentos.

As crianças, segundo o Islão, possuem vários direitos. O primeiro e mais importante destes direitos é serem corretamente criadas e educadas. Isto significa que as crianças devem receber uma adequada, suficiente, ra-zoável e válida orientação religiosa, ética e moral que lhes dure para toda a vida. Devem ser-lhes transmitidos os verdadeiros valores, o sentido do bem e do mal, o verdadeiro e falso, correcto e incorrecto, apropriado e inapropriado e assim sucessivamente. Allah, o Todo-Poderoso disse no Sagrado Alcorão:

«Ó crentes, precavei-vos, juntamente com as vossas famílias, do fogo, cujo alimento serão os ho-mens e as pedras, o qual é guardado por anjos infle-xíveis e severos, que jamais desobedecem às ordens que recebem de Deus, mas executam tudo quanto lhes é imposto». (66:6).

O Mensageiro de Allah, a paz esteja com ele, também disse: "Cada um de vós (as pessoas) é um pastor e cada um é responsável do que cai sob a sua respon-sabilidade. Um homem é como um pastor da sua própria família, e ele é responsável por eles...". (Bukhari e Muslim).

As crianças, portanto, são uma confiança dada aos pais, que serão responsáveis desta confiança no Dia do Juízo. Os pais são essencialmente responsáveis dos ensinamentos morais, éticos e religiosos básicos de seus filhos.

Se os pais cumprem com esta responsabilidade, estarão livres das consequências no Dia do Juízo. As crianças serão melhores cidadãos e um prazer para os olhos de seus pais, primeiro nesta vida, e depois no Além.

Allah diz no Alcorão Glorioso:

«E aqueles que creram, bem como as suas proles, que os seguirem na fé, reuni-los-emos às suas famílias, e não os privaremos de nada, quanto à sua re-compensa merecida. Todo o indivíduo será respon-sável pelos seus actos!» (52:21).

Por outro lado, o Mensageiro de Allah, paz esteja com ele, disse: "Depois da morte, as ações do ser humano serão (definitivamente) detidas com excepção de três obras, a saber: um fundo de caridade, doação ou benevolência permanente, o conhecimento deixado que beneficia as pessoas, e um filho/a piedoso, justo e temeroso de Allah que ore continuamente a Allah, o Todo-poderoso, pela alma dos seus pais". (Muslim).

De fato, esta declaração reflete o valor da criação adequada das crianças. Tem um efeito eterno, inclusivamente depois da morte.

Infelizmente, muitos pais, de todos os âmbitos da vida, em todas as sociedades, independentemente do seu credo, origem, condição social e econômica, etc., descuidaram este importante direito imposto pelos seus próprios filhos sobre eles. Estes indivíduos, de facto, perderam os seus filhos como resultado da sua própria negligência. Estes pais são descuidados sobre o tempo que os seus filhos passam sem nenhum benefício, os amigos que têm, os lugares a que vão, etc. Estes pais não se importam, são totalmente indiferentes acerca de onde vão os seus filhos, quando regressam e assim sucessivamente, fazendo com que as crianças cresçam sem nenhum adulto responsável e sem uma cuidada super-visão. Tais pais descuidam inclusivamente instruir, dirigir ou guiar os seus filhos para uma forma de vida e comportamento adequados, ou inclusivamente a atitudes corretas para com os demais. No entanto, é possível que estes pais sejam muito cuidadosos protegendo a sua riqueza e estejam extremamente preocupados com os seus negócios, trabalho e outras questões. Realizam todos os esforços possíveis para ter uma vida com muito êxito, em termos de benefício material, apesar de que toda esta riqueza não seja realmente sua. Ninguém vai levar essa riqueza para a tumba.

As crianças não devem só estar bem alimentadas, bem penteadas, vestidas apropriadamente para o clima e com bom aspecto, ou estar bem servidas em termos de vivenda e serviços públicos. É mais importante oferecer à criança a atenção necessária em termos de formação religiosa e educativa. O coração de uma criança deve estar cheio de fé. A mente de uma criança deve ser entretida com a devida orientação, conhecimento e sabedoria. Roupa, alimentos, habitação e escolaridade não são, de nenhuma maneira, indicação de uma atenção adequada da criança. A educação e a orientação adequada são muito mais importantes para uma criança que a comida, o asseio e a aparência.

Um dos direitos que possuem as crianças sobre os seus pais é o gasto para a sua saúde e bem-estar, de forma moderada. O excesso de gasto ou a negligência não é tolerado, aceite ou inclusivamente permitido no Islão, porque terão um efeito negativo na criança, independentemente da condição social. Insta-se os homens a não ser avaros com os seus filhos e os seus lares, que são os seus herdeiros naturais em todas as religiões e na sociedade. Porque seria miserável com os que vão herdar a sua fortuna? As crianças têm esse direito tão importante. Inclusivamente se lhes é permitido tomar moderadamente a riqueza dos seus pais para manter-se a si mesmos se o pai se nega a dar-lhes os fundos adequados para a sua vida.

As crianças também têm direito a ser tratadas por igual em termos de regalias financeiras. Ninguém deve ser preferido sobre os demais. Todos devem ser tratados com justiça e igualdade. Ninguém deve ser privado das regalias dos pais. Privar, ou proibir o direito de herança, ou outras regalias financeiras durante a vida dos pais, ou a preferência dos pais com uma criança sobre a outra considera-se, de acordo com o Islão, como um ato de injustiça. A injustiça sem dúvida dará lugar a uma atmosfera de ódio, ira e a consternação entre as crianças de um lar. De facto, um ato de injustiça pode, muito provavelmente, provocar a animosidade entre as crianças e, em consequência, isto afetará todo ambiente familiar. Em alguns casos, uma criança especial pode mostrar um terno cuidado pelo seu pai de idade avançada, por exemplo, fazendo com que o pai lhe conceda uma regalia especial, ou lhe doe a propriedade de uma casa, uma fábrica, uma terra, uma quinta, um carro, ou qualquer outro artigo de valor. O Islão, no entanto considera tal recompensa financeira ao cuidado proporcionado, por uma criança amada e que é obediente, um ato incorreto. Uma criança que cuida só tem direito à recompensa de Allah, o Todo-Poderoso. Ainda que seja agradável conceder a uma criança algo assim em reconhecimento da sua dedicação e esforços especiais, isto não deve conduzir a um ato de desobediência a Allah, o Todo-Poderoso. Pode ser que o coração e os sentimentos de uma criança tão carinhosa e atenta possam mudar, num momento no tempo, e que a façam converter-se numa criança desagradável e daninha. Da mesma maneira, uma criança desagradável pode mudar, num dado momento, e ser uma criança muito carinhosa e amável com o mesmo pai. Os corações e sentimentos estão, como todos sabemos, nas mãos de Allah, o Todo-Poderoso, e podem ser ativados em qualquer direção, em qualquer momento e sem prévio aviso. Isto, de facto, é uma das razões para prevenir o ato de preferência econômica de uma criança sobre outra. Por outro lado, tão pouco há segurança ou garantia de que uma criança que cuida, possa manejar a contribuição monetária do seu pai com sabedoria.

É narrado por Abu Bakr (r.a.), que disse que o Mensageiro de Allah, a paz esteja com ele, foi abordado por um dos seus companheiros, al-N'uman bin Bashir, (r.a.) que disse: «Ó Profeta de Allah, concedi um ser-vente a um dos meus filhos (pedindo-lhe para dar testemunho sobre esse presente)». Mas, Muhammad, a paz esteja com ele, perguntou-lhe: "Concedeste o mesmo para todos e cada um dos teus filhos?" Quando o Mensageiro de Allah, a paz esteja com ele, foi informado negativamente acerca disso, disse:.. "Teme a Deus, o Todo-Poderoso, e sê justo e equitativo com todos os teus filhos. Procura o testemunho de outra pessoa, que não seja eu, porque não vou dar fé de um ato de injustiça". (Bukhari e Muslim). 

Portanto, o Mensageiro de Allah, a paz esteja com ele, considerou este ato de preferência de um filho sobre os demais como um ato de "injustiça". A injustiça está excluída e proibida no Islão.

Mas, se um pai conceder a um dos seus filhos ajuda econômica para cumprir com uma necessidade, tal como cobertura médica para um tratamento, o custo de um matrimônio, o custo da iniciação de um negócio, etc., então tal concessão não seria considerada um ato de injustiça e falta de equidade. Tal regalia equipara-se com o direito a gastar nas necessidades essenciais das crianças, o que é um requisito que um pai deve cumprir.

O Islão considera que se os pais cumprirem com os seus deveres, para com todos os seus filhos, proporcionando-lhes a necessária formação, apoio educativo, moral, ético e uma educação religiosa, isto sem dúvida dará lugar a uma criança mais carinhosa, um melhor ambiente familiar e um melhor ambiente social e consciente. No entanto, qualquer negligência desses deveres parentais pode conduzir à perda dos filhos ou maltrato dos pais numa idade mais tardia.

M. Yiossuf Adamgy - 20/11/2014

quinta-feira, novembro 20, 2014

ZAKAT, SADAQA E O TRABALHO – 5ª. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

Um exemplo de como podemos ajudar as pessoas a encontrarem o seu sustento, é referido no seguinte hadice: Anass (Radiyalahu an-hu) relatou que um ansari veio ter com o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), pedindo esmola. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) perguntou-lhe se não tinha nada em casa.

Respondeu que tinha um saco do qual com uma parte se veste e com outra estende quando vai deitar-se e um copo que utiliza para beber água. O Mensageiro (Salalahu Aleihi Wassalam) disse-lhe para trazer ambas as coisas.

Depois de os trazer, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) perguntou aos presentes quem queria comprar os artigos, procedendo a um leilão, do qual obteve dois dirhames. De seguida, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) devolveu os utensílios e entregou os dois dirhames ao ansari e disse:

Compre comida com um dirhram e alimenta a tua família e com outro dirhram,  compra um machado e traga-o para mim.” Depois do ansari ter trazido o machado, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), com as suas mãos, colocou um cabo e disse-lhe: Vá, corte lenha e venda. Não te quero ver durante 15 dias.” Depois do homem ter feito o que lhe foi ordenado, veio ter com o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) com dez dirhames, com os quais comprou roupa e comida. O Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) disse-lhe: “Isto é melhor para ti, do que apareceres no dia do julgamento final com a marca na tua face indicando que eras um mendigo.” – Relato de Abu Daud, At- Tirmizi e Nassaei.

Não se deve cobiçar os bens dos outros, maldizendo de que Deus, o Doador deu mais a uns em relação aos outros. A inveja e a cobiça são dois males que infestam as mentes de algumas pessoas. “Não cobices tudo aquilo com que temos agraciado certas classes, nem te aflijas por eles, e abaixa gentilmente as asas para os crentes”. Cur’ane 15:88. 

Umar (Radiyalahu an-hu) disse: “A cobiça é uma pobreza (pois torna a pessoa dependente) e a verdadeira riqueza consiste em não desejar (cobiçar) algo que é dos outros”. Se alguém é dependente e não tem esse mal (a cobiça), então tende a ganhar independência necessária para se sustentar e resolver os seus problemas. Um piedoso disse: “As minhas posses consistem em demonstrar uma expressão de auto-suficiência em público, restrição de esperanças, moderação em privado e não cobiçar as posses de outros”.

A pessoa que vive exclusivamente do Zakat e da Sadaqa e no entanto tiver capacidade para trabalhar e de se sustentar a ele e à sua família, será ressuscitado no dia do Julgamento Final com a cara desprovida de carne. (Muslim). 

Os que têm o suficiente para viverem, mas com a ganância de ficarem ricos, recorrem às esmolas, disfarçando-se de pobres.

Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que Raçulullah (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Aquele que pede (esmola) às pessoas com o intuito de aumentar os bens que (já) possui, é como estar a pedir carvão (em brasa) do inferno; assim ele que decida se pretende pedir (esses carvões) em pouca ou muita quantidade”.

O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) incentivava as pessoas para trabalharem e referiu que o melhor sustento e o melhor ganho, é o resultante do trabalho feito pelas próprias mãos e do negócio lícito e honesto. (Ahmad). O trabalho tem um valor imenso para as famílias, para as sociedades e para as nações. Nem mesmo os Profetas foram dispensados de o fazer. 

O Profeta Zacarias (Aleihi Salam) sustentou a sua família trabalhando como carpinteiro. (Muslim). Daúde (David) (Que a Paz de Deus esteja com ele) foi um Profeta e Rei, mesmo assim comia do fruto do trabalho das suas mãos. (Bhukari). Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) ainda jovem apascentou rebanhos e mais tarde foi um comerciante. Todos eles viveram com o fruto do seu trabalho e não dependiam de ninguém. Trabalhavam para servirem de exemplo aos seus seguidores. O trabalho honesto com vista ao sustento da família é também uma adoração a Deus.

Outros fazem alarido e ostentação quando distribuem o zakat, esquecendo o conselho: “dar com a mão direita, o que a mão esquerda não sabe”. Perdem por completo as bênçãos prometidas pelo Criador e Sustentador, passando mesmo a serem pecadores. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu que o que mais receava acerca da sua Umah, é o pequeno shirk, isto é efectuar algo com intuito de se exibir. “O inferno diz: “o arrogante e o orgulhoso encontrarão em mim, a sua morada”.

Alguns utilizam a vaidade para se mostrarem. Fazem as orações na presença de outros, para serem vistos e elogiados. “…E não estimula (os outros) a alimentarem os necessitados; ai, pois, dos praticantes das orações, que as fazem por ostentação (para serem vistos)”. Cur’ane 107, 3, 4 e 6
Ó vós que credes! Não torneis nulas as vossas caridades pela censura ou injúria, como aquele que gasta a sua riqueza para ser visto pelos homens, e não crê em Allah, nem no Último Dia. A sua semelhança é como a rocha coberta por uma fina camada de terra que, ao ser atingida pela chuva, fica a descoberto. Tais pessoas de nada beneficiarão de quanto fizerem (por ostentação). E Allah não ilumina o povo descrente. Cur’ane 2:264.

In Sha Allah, Se Deus quiser, o tema continuará no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no  Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.
Cumprimentos
Abdul Rehman Mangá
20/12/2014

sexta-feira, novembro 14, 2014

ZAKAT, SADAQA E O TRABALHO – 4ª. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)
Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

Os que não tem apetência para o trabalho, porque a preguiça é maior do que a necessidade de se sustentarem, acabam por cair na “armadilha” montada pela própria preguiça e ficam dependentes da caridade alheia. Quando se encontram em estado de necessidade absoluta, ficam divididos entre o Zakat ou a autossuficiência.

Mas acabam por receber a caridade para atenuarem a situação do momento, prometendo a eles próprios de que é uma situação de emergência.

Infelizmente a preguiça continua a ser imensa e o ciclo repete-se “o Zakat ou a minha auto-suficiência?”. Acabam por arrastar as suas famílias para a pobreza, prejudicando o crescimento e a educação dos filhos. Issa (Aleihi Salam) – Jesus, que a Paz de Deus esteja com ele, encontrou um homem e perguntou-lhe: “o que fazes tu?” “Devoto-me a Deus”, respondeu o homem. “E quem te sustenta?” Perguntou Issa. Respondeu o homem: “o meu irmão”. Retorquiu Issa “O teu irmão é mais devoto a Deus do que tu”. Relato de Abdallah Ibn Qutayba. 

“Não existe criatura sobre a terra cujo sustento não dependa de Allah…”
Cur’ane 11:6. A melhor mão é aquela que dá. Hakim bin Hizam (Radiyalahu anhu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “A mão de cima é melhor que a mão de baixo (ou seja aquele que dá a caridade é melhor do que aquele que recebe). Deve-se começar a dar primeiro aos seus dependentes. E o melhor da caridade é o que é dado por uma pessoa com posses (com dinheiro que lhe resta das sua despesas). E quem se abstém de pedir ajuda financeira, Deus irá fazê-lo auto-suficiente”. Bhukari 24:508. O verdadeiro pobre não é aquele que fica à volta das pessoas, insistindo e importunando-as. O Islam exorta os crentes para trabalharem e evitarem a mendicidade. O melhor sustento é aquele que é obtido através das próprias mãos e proveniente de trabalhos e negócios honestos e lícitos.

Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “O pobre não é aquele que pede aos outros, um ou dois pedaços (de comida). Mas o pobre é aquele que não tem nada e tem vergonha de mendigar perante outros”. Bukhari 24:554.

“E fizemos o dia como um período de subsistência”. Cur’ane 78:11. “E vos demos o poder sobre a terra, a qual proporciona-vos a subsistência. Poucos são os que agradecem”. Cur’ane 7:10. Não é uma contradição à exortação dos que têm, para darem o Zakat, mas é um incentivo para que o crente necessitado possa encontrar subsistência através do seu trabalho. O Zakat foi instituído para combater a pobreza, no entanto não substitui a iniciativa de cada um, para procurar o seu sustento. O Trabalho lícito é também uma forma de adoração. Deus garantiu a todos o rizk (sustento) e nos incentiva a trabalhar.

É o exemplo dos pássaros que pela manhã cedo saem dos seus abrigos e voltam saciados da fome e da sede. O Ser humano não pode sair por aí colhendo o fruto do trabalho dos outros. Com a sua capacidade de inteligência e raciocínio que Deus lhe deu, deve procurar produzir os meios necessários para ser auto-suficiente. Para aqueles que não conseguem suprir por si próprios o seu sustento, Deus instituiu o Zakat. Segundo Iyadh Ibn Himar (Radiyalahu an-hu), o Profeta de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Um dos 3 moradores do paraíso, será um homem honesto que se recusa pedir às pessoas, ainda que seja pobre e com família numerosa”. Muslim.

Façamos duah (prece) para que Allah, nosso Senhor, Criador e Sustentador, com a sua infinita Misericórdia nos mantenha honestos. E que nos faça preocupados na obtenção do nosso rizk (sustento lícito) e não dependentes das Suas criaturas. Amin.

Se todos os muçulmanos que se encontram na obrigação de pagar o Zakat cumprissem com este pilar e se os necessitados que não trabalham por preguiça ou por desleixo, procurassem a sua subsistência, a Umah (muçulmana) viveria sem grandes preocupações e alguns até teriam dificuldades em encontrar alguém disposto a receber o Zakat. É um sonho? Talvez, mas possível de se realizar, desde que haja boa vontade de todos! Ali (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Allah fica satisfeito quando Ele vê os Seus servos trabalhando e batalhando, na procura do seu sustento lícito”. É diferente a situação daqueles que por motivos justificados, vêm-se obrigados a pedir ajuda. Neste caso, é obrigação de todo o muçulmano ajudar o seu semelhante que se encontra necessitado, não só doando bens materiais, mas também dando conselhos e palavras amigas.

In Sha Allah, Se Deus quiser, o tema continuará no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”.14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

13/11/2014

terça-feira, novembro 11, 2014

Nossa Alimentação é uma determinação de Deus (SW)

Todo Louvor a Allah. O Senhor dos Mundos ! Em nome de Allah. O Misericordioso, O Misericordiador. Louvado seja Allah , criador do céu e da terra. Testemunho que não há Divindade a não ser Allah (SWT), e testemunho que o Profeta Mohammad (SAAW) é seu servo e Mensageiro, Que Allah(SWT), abençõe e dê paz ao Profeta Muhammad(SAAW), bem como para a sua família, companheiros e seguidores até o Dia do Juízo Final.

Meus queridos irmãos e irmãs muçulmanos e caros leitores e amigos ! O corpo humano é a máquina mais perfeita que Deus Louvado Seja criou. E como qualquer outra máquina ele precisa de um combustível especial para desempenhar bem todas as suas funções. Por exemplo um motor de automóvel que é movido a diesel não funciona a gasolina ou a etanol. E quando uma fábrica solta determinado modelo de automóvel ela também já especifica seu combustível. 

Esse artigo nasceu depois de uma conversa com alguns cristãos que consideram que não precisam mais cumprir as Leis. Bom lembrar que não foi o Islamismo quem criou essas Leis , tanto é que vamos tirar exempos da próbria Bíblia Cristã Mas infelizmente grande parte dos cristãos não atendem essas recomendações e se utilizam de citações da Bíblia Sagrada para amparar por exemplo o consumo de carnes proibidas pela Leis de Deus (SW) às três Religiões Monoteístas ( Judaísmo, Cristianismo e Islamismo).

Quando Deus (SW) criou o homem Ele lhe entregou sua alimentação. Veja no Livro de Geneses versículo 29 : E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.Gênesis 1:29

Por aqui podemos deduzir que o homem era vegetariano. E isso durou até o final do Diluvio quando Deus (SW) autorizou a Noé (AS) e ao seu povo incluir a carne em sua dieta alimentar : Genese 9 :3,4 : 3 Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso mantimento; tudo vos tenho dado como a erva verde. 4 A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis. ( A morte do animal deve ser por degola) 

Veja bem, certamente o Dilúvio havia acabado com tudo e Deus (SW) precisava criar uma outra alternativa para o homem se alimentar. Mas, mesmo aqui já existe uma restrição, : Genese 9 :4 : 4 A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.(Ou seja Deus (SW) fornece aqui a forma correta de abater o animal)

Já no Livro de Levítico Versículo 11 Deus (SW) seliciona quais os tipos de animais poderão ser consumidos : E falou o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo-lhes:Fala aos filhos de Israel, dizendo: Estes são os animais, que comereis dentre todos os animais que há sobre a terra;Dentre os animais, todo o que tem unhas fendidas, e a fenda das unhas se divide em duas, e rumina, deles comereis.Destes, porém, não comereis; dos que ruminam ou dos que têm unhas fendidas; o camelo, que rumina, mas não tem unhas fendidas; esse vos será imundo;E o coelho, porque rumina, mas não tem as unhas fendidas; esse vos será imundo;E a lebre, porque rumina, mas não tem as unhas fendidas; essa vos será imunda.Também o porco, porque tem unhas fendidas, e a fenda das unhas se divide em duas, mas não rumina; este vos será imundo.Das suas carnes não comereis, nem tocareis nos seus cadáveres; estes vos serão imundos.¶ De todos os animais que há nas águas, comereis os seguintes: todo o que tem barbatanas e escamas, nas águas, nos mares e nos rios, esses comereis.Mas todo o que não tem barbatanas, nem escamas, nos mares e nos rios, todo o réptil das águas, e todo o ser vivente que há nas águas, estes serão para vós abominação.Ser-vos-ão, pois, por abominação; da sua carne não comereis, e abominareis o seu cadáver.Todo o que não tem barbatanas ou escamas, nas águas, será para vós abominação.Das aves, estas abominareis; não se comerão, serão abominação: a águia, e o quebrantosso, e o xofrango,E o milhano, e o abutre segundo a sua espécie.Todo o corvo segundo a sua espécie,E o avestruz, e o mocho, e a gaivota, e o gavião segundo a sua espécie.E o bufo, e o corvo marinho, e a coruja,E a gralha, e o cisne, e o pelicano,E a cegonha, a garça segundo a sua espécie, e a poupa, e o morcego.¶ Todo o inseto que voa, que anda sobre quatro pés, será para vós uma abominação.
Mas isto comereis de todo o inseto que voa, que anda sobre quatro pés: o que tiver pernas sobre os seus pés, para saltar com elas sobre a terra.Deles comereis estes: a locusta segundo a sua espécie, o gafanhoto devorador segundo a sua espécie, o grilo segundo a sua espécie, e o gafanhoto segundo a sua espécie.E todos os outros insetos que voam, que têm quatro pés, serão para vós uma abominação.E por estes sereis imundos: qualquer que tocar os seus cadáveres, imundo será até à tarde. Qualquer que levar os seus cadáveres lavará as suas vestes, e será imundo até à tarde.Todo o animal que tem unha fendida, mas a fenda não se divide em duas, e todo o que não rumina, vos será por imundo; qualquer que tocar neles será imundo. Levítico 11:1-26.

Quando lemos as escrituras antigas ficamos surpresos ao ver o número de anos que vivia o ser humano por obedecer fielmente as determinações divinas, quer seja na alimentação, quer seja nas orientações espirituais.. Por exemplo, nosso patriarca Adão (AS), viveu de acordo com a Torá (Livro Sagrado dos Judeus) e pelo Livro de Gêneses na Bíblia Cristã 930 anos ! Vejam : » E Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete. Gênesis 5:3 » « E foram os dias de Adão, depois que gerou a Sete, oitocentos anos, e gerou filhos e filhas. Gênesis 5:4 » « E foram todos os dias que Adão viveu, novecentos e trinta anos, e morreu.Gênesis 5:5”.

Na medida que essas orientações foram quebradas parcialmente ou totalmente, a longevidade foi também caindo. Veja alguns séculos depois o que afirma o salmista Davi (AS) no Salmo 90 versículo 10 : Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando.Salmos 90:10.

Nos dias de hoje vemos as perspectivas de vida continuam a mesma dos tempos do Profeta Davi (AS). Mas, já esteve pior. Na época em que Deus (SW) revelou o Alcorão Sagrado ao Profeta Muhammad ((SAAW),através do Anjo Gabriel (AS), a expectativa de vida era de 40 a 45 anos. Dado o tanto de extravagância alimentar e espiritual que vivia a humanidade naquele momento da história universal .Com a aplicação das orientações islâmicas na península da arábia saudita,na alimentação e na higiene essa espectavia de vida subiu para 70 anos, enquanto na Europa civilizada era de 40 a 45 anos.

Vamos ver o que diz no Livro de Isaias 66 :16 ;17, por exemplo à carne suína que é largamente consumida pela maioria dos cristãos : Porque com fogo e com a sua espada entrará o Senhor em juízo com toda a carne; e os mortos do Senhor serão multiplicados.Os que se santificam, e se purificam, nos jardins uns após outros; os que comem carne de porco, e a abominação, e o rato, juntamente serão consumidos, diz o Senhor.Isaías 66:16-17.

Vejam ainda em Isaias 65:4 . Segundo alguns exegetas cristãos é uma alusão a famosa feijoada ; prato largamente consumido entre os brasileiros. « Que habita entre as sepulturas, e passa as noites junto aos lugares secretos; come carne de porco e tem caldo de coisas abomináveis nos seus vasos;Isaías 65:4.

O Profeta e Mensageiro Jesus (AS) é sem dúvidas a grande referência cristã. Algumas divisões do cristianismo o consideram inclusive Deus e que ele é parte da Santíssima Trindade. Contudo eles não os seguem em seus costumes e crenças. 

Na Bíblia Cristã no Evangelho Segundo São Mateus 5:17 afirma que Jesus (AS) cumpriu fielmente a Lei de Deus em todos os seus aspectos, inclusive na alimentação: Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido.Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus Mateus 5:18-19,

Jesus (AS) falou essas palavras porque ele sabia que depois da sua ascensão, alguns dos seus companheiros denunciariam a Lei. Jesus Cristo, ele próprio, obedeceu à Lei fielmente. Foi, somente, depois da sua partida deste mundo que, São Paulo, um potente orador, e membro do círculo da escola da sociedade, quem levou a alma da avançada civilização Grega (tal como, hoje em dia, muita gente tem vaidade em deixar-se ocidentalizar) a convencer os cândidos e analfabetos Cristãos a abandonarem a Lei. É muito significativo o fato de ele, pessoalmente, nunca se ter encontrado com Jesus Cristo, e esses que se lhe opunham serem constantes companheiros de Cristo. Jesus Cristo corrigiu os fariseus na interpretação falsa da Lei. Por exemplo, os discípulos na sua ânsia de apanhar as espigas de trigo no dia de Sábado. Quando os fariseus objetaram, Jesus Cristo retorquiu, "o sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado" (Marcos, 2: 27). Mas nunca disse alguma coisa contra a lei, incluindo o regime dietético.

E quando perguntam por que eles não seguem a Lei de não consumir carnes impuras eles citam o mesmo Evangelho Segundo São Mateus que diz: Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado fora?Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem.Mateus 15:17-18.

Ainda citam uma passagem do Livro do Ato dos Apóstolos 9 a15: E no dia seguinte, indo eles seu caminho, e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta. 10 E tendo fome, quis comer; e, enquanto lho preparavam, sobreveio-lhe um arrebatamento de sentidos, 11 E viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra. 12 No qual havia de todos os animais quadrúpedes e feras e répteis da terra, e aves do céu. 13 E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, mata e come. 14 Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. 15 E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou.

Outra citação muito utilizada é da Primeira Carta de Paulo a Coríntios6: 12: Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. 1 Coríntios 6:12. Ainda que essa passagem tenha uma condicional!

E também Gálatas 5:22;23 : Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.Contra estas coisas não há lei. Gálatas 5:22-23

O Alcorão Sagrado na Sural da Mesa Servida corrobora com a proibição do consumo de sangue, carne podre e carne de porco: : "São-vos proibido para alimentação: a carne putrefata, o sangue, a carne de porco..." (5ª: 3).

Veja a opinião de dois renomados cristãos: O Rev. W. K. Lawther Clarke diz no seu Conciso comentário Bíblico (pub. S.P.C.K.,1952) comentando aquelas passagens: "As leis foram inculcadas e obedecidas porque elas serão incorporadas pelo desejo de Deus" (p. 371) 

O Dr. E. A. Widmer cita no seu artigo "A carne de porco, o Homem e a Doença" (Good Health, vol. 89, nº1):"A carne de porco embora seja um dos artigos comuns na dieta, é um dos mais nocivos. Deus não proibiu os Hebreus de comerem carne de porco meramente para mostrar a Sua autoridade, mas, por ser um artigo de comida impróprio para o Homem".

Aqui fica minha pergunta aqueles que ainda não se convenceram que as Leis de Deus são imutáveis: Quem é mais importante? Deus (SW) e Jesus (AS), ou Paulo e Pedro? Reflitam sobre isso e não deixem perder sua salvação por intransigência e orgulho. Ainda há tempo para retornar a adoração do Deus Vivo e Misericordioso e a sua Justiça. 

Muitos devem estar pensando porque eu muçulmano estou usando citações bíblicas para justificar certos conceitos? Diz Allah SW na Surata da Vaca 285: O Mensageiro crê no que lhe foi revelado pelo seu Senhor, assim como os crentes. Todos crêem em Deus, nos Seus Anjos, nos Seus Livros e nos Seus Mensageiros. (e dizem): “Não fazemos distinção alguma entre os Seus Mensageiros”. E dizem: “Ouvimos e obedecemos. Queremos o Teu perdão, ó nosso Senhor! E para Ti será o nosso retorno”.

Os muçulmanos não baseiam sua crença, total ou parcialmente, na Bíblia. A crença islâmica é fundamentada no Qur’an. Mas para fins de apologética, assim como os cristãos cotam versículos corânicos, os muçulmanos cotam versículos bíblicos. 

A diferença entre os apologistas cristãos e os apologistas muçulmanos, é que enquanto os cristãos consideram todo o Qur’an como uma farsa, os muçulmanos vêem a Bíblia como um livro sagrado revelado por Deus, que foi parcialmente corrompido pelas mãos humanas.

Por esta razão o outro nome do Qur’an é Al-Furqan (O Discernimento), porque ele funciona como um discernimento para determinar onde foram feitas tais alterações e assim, o que conflitar com o Qur’an é rejeitado, e o que o Qur’an confirmar, é considerado como verdadeiro, pelo menos em sua essência.

E por isso fechamos nossa singela exposição com uma passagem do Livro de Isaias que diz assim: Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar Isaías 55:6-7.

BISMILLAH AL-RAHMAN AL-Rahim•Wassalatu Wassalamu Ala Ashraful MursaleenAllahumma Sali Ala Muhammad ua Aali MuhammadImploramos a ALLAH (SW), que nos ajude, nos dê uma boa orientação para o benefício de Islã e dos muçulmanos, corrigindo nossos trabalhos, nossas intenções e nossas ações. Agradecemos a ALLAH (SW) que é o único Deus do universo.Que ALLAH (SW), aceite este trabalho, nos dando uma boa recompensa nesta vida e na outra. Principalmente às pessoas que nos precederam nesse trabalho e nos serviram como orientadores! Subhanna Allah!(Louvado Seja Deus).

Que a paz, as bênçãos e a misericórdia de Deus (SW) estejam com todos. Amin.

sexta-feira, novembro 07, 2014

Zakat - Sadaqa e o Trabalho 3ª Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) - Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK 

A melhor das caridades é quando o crente dá ao seu irmão daquilo que ele mais aprecia. É uma qualidade difícil, excepto para aqueles que são piedosos e tementes a Deus. Outros distribuem géneros alimentícios com prazos de validades expirados ou artigos danificados, como forma de os verem livres deles. “Jamais alcançareis a virtude, a menos que façais caridade com o que mais apreciardes”. Cur’ane 3:92.

Não há mal nenhum dispensar roupas que já não usamos, mas que ainda se encontram em boas condições e que possam ser aproveitadas. A sinceridade e a bondade devem ser uma constante na distribuição da riqueza. A entrega do Zakat e do Sadaqa quebram o orgulho. Sheik Abdul Qádir Jilani (Rahmatulláhi Aleihi) expressou uma grande alegria ao saber que o seu espelho valioso tinha-se partido. O seu assistente timidamente disse: “o espelho fabricado na China, por acaso, quebrou-se”. Mas o Sheik acrescentou: “é bom! O meio de olhar para nós (com orgulho) quebrou-se”. In Faza’il –e- Sadaq’at. SubhanaAllah! 

No Dia do Julgamento Final, todos prestaremos contas pelos nossos bens. A riqueza é permitida e é incentivada no islão, mas existem regras de como a adquirir e como a utilizar. Sempre existirão ricos e pobres. “Não é permitida a inveja excepto em 2 situações: a pessoa a quem Deus deu riqueza e ele a utiliza no bom caminho e a pessoa a quem Deus deu a sabedoria e que dá boas decisões em conformidade e transmite aos outros”. Relato de Ibn Massud em Bukhari. Deus responsabilizou os ricos para destinar uma parte da sua riqueza aos pobres, como forma de atenuar as desigualdades. “… E isso para que (as riquezas) não sejam monopolizadas pelos abastados dentre vós …”. Cur’ane 59.7. 

Os abastados, piedosos e tementes a Deus, demorarão mais tempo a entrar no paraíso, pois terão de prestar contas de como obtiveram as fortunas e como as gastaram. Nadhla Ibn Ubaid al Aslami (Radiyalahu an-hu) relatou que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Quando chegar o Dia do Juízo Final, todo o servo de Deus permanecerá de pé e não dará nenhum passo (la tazula), até que preste contas acerca de quatro questões:
1)- A sua vida, como a empregou: 
2)- Do conhecimento obtido, o que fez com ele; 
3)- a riqueza, como a obteve e como a gastou: 
4)- O seu corpo, como o utilizou. Tirmizi. 

A entrega do Zakat pode ser efectuada seguindo um dos calendários, o gregoriano ou o islâmico. Mas o melhor é seguir o calendário islâmico, no início de cada ano (no Mês de Muharram) ou então criar o hábito de entregar os valores durantes o Ramadan, um mês muito abençoado e com multiplicas recompensas. Pode também ser entregue por conta ao longo do ano e no final, fazer as contas e entregar a diferença. O TRABALHO DIGNIFICA O SER HUMANO. Omar Ibn Al-Khatab (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Se vocês fizerem Tawakkul a Allah Subhana Wataala, Ele sustentar-vos-á como Ele sustenta os pássaros que saem de manhã com o estômago vazio e regressam à noite com o estômago cheio”. At-Tirmizi. Sobre este hadice, Omar encontrou algumas pessoas e lhes perguntou o que faziam e eles respondiam de que faziam Tawakkul (não trabalham e esperam a graça de Deus). Omar lhes disse: “Vocês são mentirosos, não têm Tawakkul, porque quem tem Tawakkul é aquele que planta a semente (que trabalha) e depois confia em Allah”. Al-Hákim. Deus garantiu a todos os seres vivos o Rizk (sustento), mas incentiva a procura do mesmo. 

Há certas pessoas que ganharam o hábito de viver da caridade e de donativos. Não trabalham por preguiça, apesar de serem fisicamente capazes. Para além de terem em casa bens essenciais para viverem condignamente, ainda possuem outros bens que se podem considerar supérfluos, dadas as suas condições de pedintes. 

Preferem ficar à espera da ajuda em vez de irem à procura do trabalho. O Islam é contra a preguiça e enaltece o trabalho. Todos devem participar ativamente no desenvolvimento dos seus países ondem vivem, independentemente de serem lá originários ou não. Outros com a intenção de procurar melhores condições para as suas vidas, emigram para outros países, mas acabam por ficar “contagiados” pelos benefícios sociais, acomodam-se e nada produzem, a não ser críticas aos países que os acolheram. 

In Sha Allah, Se Deus quiser, o tema continuará no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”.14:41. 

Cumprimentos 

Abdul Rehman Mangá 

06/11/2014 

abdul.manga@gmail.com

A L M A D I N A SORTE E PROVISÕES DIFERENTES - Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 03.11.2014

Neste Mundo, todos têm uma preocupação ou lamentação. Por exemplo, aquele que vive no campo ou no deserto queixa-se da falta de água canalizada e de outros confortos da vida. O que vive na cidade e usufrui de água, luz, ar condicionado, aquecimento, televisão, telefone, enfim, todos os confortos da vida, queixa-se de diabetes, de hipertensão, ou de problemas de estômago. Os milionários que têm tudo com que sonham, queixam-se de depressão, medo, ansiedade, insônias e outras preocupações.

Aquele a quem Deus deu saúde, riqueza e mulher bonita, vive sofrendo de ciúmes, sempre a suspeitar da sua esposa bonita, não atingindo nunca o sossego.

O homem de sucesso, famoso, que tem tudo o que deseja, que venceu todas as batalhas na vida, não consegue vencer as suas fraquezas e sucumbe perante as drogas, vicia-se em cocaína e acaba por se auto-destruir.

O rei que controla os destinos e as vidas dos outros, vê-lo-emos escravo das suas paixões, servo da sua ganância, submisso aos seus caprichos.

Todos nós saímos deste Mundo com sortes semelhantes e próximas umas das outras, não obstante a aparente dissemelhança. 

E apesar da riqueza dos abastados e da penúria dos pobres, a colheita final da felicidade ou da desgraça, é semelhante e muito próxima uma da outra, pois Deus recebe em conformidade com o que dá; substitui em conformidade com a privação a que submete o seu servo; e facilita em conformidade com a dificuldade a que o sujeita.

Se cada um de nós pudesse entrar no coração do outro, teria condoir-se-ia, e isso permitir-lhe-ia observar as balanças internas da justiça, apesar da diferença com as balanças externas, e aí não sentiria nem inveja, nem ódio, nem orgulho.

Realmente estes palácios e jóias são apenas decorações exteriores de um jogo de cartas, mas é no interior dos corações que residem a tristeza e as lamentações.

Os invejosos, os odiosos e os orgulhosos vivem enganados na aparência, e desleixados da realidade.

Se o mentiroso, o ladrão ou o assassino tivessem consciência destas realidades, jamais mentiriam, roubariam ou matariam. Se nós conhecêssemos a verdade teríamos procurado este Mundo com esforço correto e honesto, e teríamos convivido entre nós com virtude e valores morais, pois na realidade, neste Mundo não há vencedor nem vencido, e as sortes são muito semelhantes e próximas umas as outras no interior, e a nossa colheita da felicidade ou desgraça é semelhante e aproximada, apesar das diferenças no grau e na aparência.

A diferença nas pessoas não advém da diferença no grau de felicidade ou desgraça, mas sim da diferença de posições, pois há pessoas que vencem e sobrepõem-se às suas desgraças, e vemos nelas a prudência e o modelo. Essas são as pessoas bem guiadas, que vêm em tudo a justiça e a beleza, e gostam do Criador em todas as Suas ações. Mas por outro lado há pessoas desgraçadas, que se deixaram tomar pela inveja, e são rebeldes contra o seu Criador.

Cada pessoa, na sua posição, prepara o seu fim para o Outro Mundo, onde encontrará a verdadeira felicidade ou o verdadeiro descalabro, pois enquanto os bondosos estarão nas delícias, os maldosos estarão no Inferno.

Neste Mundo não há delícias nem infernos reais, excepto na aparência, pois somos todos quase iguais nas porções que engolimos, e todos de alguma forma estamos a sofrer.

Este Mundo é um local de teste para manifestar as posições, e a diferença nas pessoas provém da diferença de posições e não pelo choro ou sorriso que cada um ostenta pois isso assemelha-se à representação teatral. É o vestuário de decoração que as pessoas envergam, aparecendo alguns como reis, e outros como pobrezinhos, mas por detrás dos bastidores do teatro, na realidade somos iguais. 

Os piedosos estão tranquilos, pois eles compreendem isso com a sua sensatez, e submetem-se à Deus aceitando todo o Seu decreto, e sabem que tudo o que vem do Criador é puro e justo.

Quanto à maioria dos desleixados, esses continuam a lutar e a matar-se por causa do materialismo e das coisas mundanas. E nisso eles não têm êxito algum, aumentando ainda mais as suas preocupações. É a sede que nunca se sacia e a fome em que o apetite nunca acaba. Esses não querem saber nem da mesquita, nem da igreja. Passam dias e noites concentrados no material, esquecendo-se que um dia vão morrer.

Deixaram de ser servos de Deus, tornando-se servos do dinheiro. A esses aconselhamos a que visitem os cemitérios e as campas, pois nestas estão muitos dos que pensavam como eles, os que pensavam que jamais teriam um fim, de tão engajados que estavam no materialismo, que dormiam em palácios e sonhavam sempre com mulheres belas, que matavam inocentes, violavam, testemunhavam falsamente, regozijavam-se com a desgraça dos outros, devoravam as riquezas dos órfãos e das viúvas, eram senhores absolutos, faziam e desfaziam sem dó nem piedade.

Que vão para essa cidade silenciosa, postem-se na cabeceira das campas e perguntem aos inquilinos dessas novas residências onde estão as riquezas que acumularam e arrancaram dos outros!

Não! Nada ficou. Nem a roupa que tinham a trazem consigo. Nem cama têm, nem almofada, nem nada com se possam reclinar.

É deveras assustador, um minúsculo quarto num local isolado, apertado e escuro, onde não há nem amigo nem companheiro. É uma prisão de onde jamais se pode sair, nem fugir. 

Que tomem lição, pois um dia terão que enfrentar semelhante situação!

É bom refletirmos agora, pois ainda vamos a tempo de nos corrigirmos, mudando-nos para o bem.

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu.