sexta-feira, dezembro 26, 2014

Barbárie Tribal em Peshawar em nome do Islão - Por: M. Yiossuf Adamgy

A 16 de dezembro de 2014, um grupo de terroristas entrou para a Escola Pública do Exército em Peshawar, no Paquistão e, impiedosamente, matou a tiro cerca de 150 alunos e professores.

Prezados Irmãos, 

Assalamu Alaikum: 

A 16 de Dezembro de 2014 um incidente bárbaro ocorreu em Peshawar. Sete terroristas do Tehrik-e-Taliban lançaram um ataque contra a escola pública do Exército. Os militantes estavam vestidos com o uniforme do Frontier Corps e entraram na escola pela parte traseira. Invadiram o local e mantiveram-no num cerco de nove horas. 

Durante esse tempo, andaram de sala em sala, matando cerca de 141 pessoas, 132 delas estudantes, e ferindo centenas. 

Este é sem dúvida um acto desumano. 

Matar crianças inocentes é um crime tão hediondo que não há nenhuma palavra no dicionário humano para expressar a sua barbárie. 

Qual foi a razão por trás deste ataque? 

O porta-voz do TTP disse: "Nós tomámos esta me-dida extrema como vingança. Vamos atacar cada instituição ligada ao exército a menos que interrom-pam as operações e assassinatos extrajudiciais dos nossos detidos". 

No entanto, isso não é justificação para tais ataques. É como justificar um erro cometendo outro erro. Matar alguém com o fundamento de vingança é o pior crime humano. Tanto a razão como a religião repudiam completamente este acto. Um dos sobreviventes do ataque narrou um aspecto muito estranho do incidente. Ele disse: "Os militantes primeiro pediram-nos para ler a “kalima” e, em seguida, começaram a disparar indiscriminadamente." 

Ao fazerem isso, os autores tornaram-se testemunhas contra o seu próprio acto. Há um versículo muito rele-vante no Alcorão a este respeito, que diz: 

«Quem matar, intencionalmente, um crente, o seu castigo será o inferno, onde permanecerá eterna-mente. Deus o abominará, amaldiçoá-lo-á e lhe pre-parará um severo castigo». (4:93) 

De acordo com este versículo, qualquer um que mata intencionalmente um crente certamente irá para o inferno. 

O relatório acima diz-nos que os militantes mataram as crianças sabendo que eles eram crentes. Assim, eles confirmaram que estavam a cometer um ato que é, sem dúvida, punível. O incidente prova que essas pessoas não têm nada a ver com o Islão. 

Este incidente sangrento deu a hipótese para que os muçulmanos, especialmente da área, reconsiderassem toda a questão. Apenas mais um caso deste tipo foi relatado no passado. Também foi realizado por terroristas islâmicos na cidade de Beslan, na Ossétia do Norte, em 2004. 

Os muçulmanos devem reflectir porque é que esses acontecimentos ocorrem no mundo muçulmano, enquan-to nunca ocorreram no mundo não-muçulmano. 

É um facto que tanto o Paquistão como os Talibã no Afeganistão foram formados em nome do Islão. Mas, o resultado foi contraproducente já que ambos se tornaram centros de atividades não islâmicas. A razão é que tanto o Paquistão como os Talibã foram produtos de reacções negativas, e não produtos do Islão no verdadeiro sentido da palavra. O ditado: “Colherás o que semeares”, vale para ambos. Uma reação nunca pode conduzir a um resultado positivo. Qualquer coisa que vem à existência como resultado da cultura do ódio só pode levar a mais ódio e violência. Isto é o que está a acontecer no Paquistão e no Afeganistão. A condenação deste incidente não é suficiente. Ele exige reavaliação. O acontecimento en-via apenas uma mensagem para o Paquistão e Afeganistão: tanto a ideologia do Paquistão e da ideo-logia Talibã provaram estar erradas. Devem aceitar esse fato e corrigir a sua maneira de pensar. As pessoas dessa área devem realizar uma reforma na sua cultura e promover a cultura do amor. Devem adoptar o caminho da paz e abandonar o caminho da violência. A mensagem certa para o Paquistão e os Talibã é: esque-çam o passado e reconstruam o futuro. 

As pessoas que realizaram este ataque deram-nos o critério para julgar o seu acto, de acordo com um ver-sículo do Alcorão, matar um ser humano inocente é como matar toda a humanidade (05:32). À luz desse versículo, pode-se dizer que o incidente acima foi equi-valente a matar a humanidade inteira 150 vezes. Sem dúvida, não pode haver um crime mais hediondo do que este. 

Agora, qual é a mensagem dada pelo Alcorão para parentes de luto? Há, também, um versículo muito relevante no Alcorão a este respeito. Ele diz: «E pre-veni-vos contra a intriga, a qual não atingirá apenas os iníquos dentre vós; sabei que Deus é Severíssimo no castigo» (08:25). Este é um versículo alarmante para os parentes dos inocentes que foram mortos. É um facto que este tipo de incidentes no Paquistão já se arrasta há mais de 50 anos. No entanto, o povo do Paquistão tem permanecido quase indiferente…Os assassinatos em Peshawar mostram que permanecer indi-ferente a tais questões não é uma opção. As pessoas têm que se esforçar para impedir estes atos, caso contrário, tornar-se-á também vítima. De acordo com um Hadith, Deus ordenou que os anjos derrubassem uma cidade, porque o seu povo estava envolvido em atos de maldade. Os anjos disseram: "Ó Deus! Há uma pessoa que vive na cidade que O adora dia e noite, e não está directamente envolvida em qualquer mal." Deus respondeu: "Derrubem a cidade junto com essa pessoa, pois ele não tentou parar o seu povo de fazer maldades". 

Um aspeto dos assassinatos em Peshawar foi que foram realizados por um grupo militante da área. O outro aspecto é que a militância na área tinha sido constante, desde há muito. Mas, o seu povo era indiferente, pois considerava-se seguro. O Alcorão dá-lhes o aviso de que a indiferença em tais assuntos não pode mantê-los seguros. A indiferença é a participação indirecta, que aos olhos de Deus é tão má quanto o envolvimento directo. 

Por conseguinte, os parentes dos mortos têm duas escolhas. Uma delas é tornar-se vítima de pensamentos negativos. Isso, no entanto, significa tomar a opção do assassinato psicológico, depois de testemunhar a morte física. Os parentes devem orar neste momento. No que se refere às crianças, há uma oração na Bíblia: "Deixem que as crianças venham a mim e não as impeçais, porque delas é o reino dos céus". A outra opção é descobrir a sua falha a este respeito. Os parentes de luto e amigos devem abrir mão da sua indiferença, e devem fazer todos os esforços para acabar com esta situação. Devem dizer ao povo da sua área para abandonar a versão violenta do Islão e adotar a versão pacífica do Islão. Se os amigos e parentes das almas que partiram fizerem isso, então ficará registrado na história que essas pessoas foram capazes de converter o que poderia ter sido negativo em algo positivo para tornar o mundo mais seguro para todos, inclusive para os nossos filhos.

Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 25/12/2014. 

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