quinta-feira, maio 16, 2013

IBRAHIM (ALEIHI SALAM) ABRAÂO (QUA A PAZ DE DEUS ESTEJA COM ELE)

O Padre Jesuíta, Miguel Gonçalves Ferreira, do “Centro de Reflexão e Encontro Universitário Inácio de Loiola”, na cidade do Porto – Portugal, convidou-me para falar aos jovens universitários, acerca de Ibrahim - Abraão, Profeta e Mensageiro de Deus, tronco comum das três religiões monoteístas, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Segue o resumo da minha intervenção:

Ibrahim – Abraão (que a Paz de Deus esteja com ele), obediente a Deus, foi um monoteísta sincero, submisso ao Deus Único. Nasceu e viveu entre os idólatras, que também adoravam astros e acreditavam que os respectivos movimentos tinham influência nas suas vidas. O seu pai era um dos escultores de ídolos. Abraão, cedo se apercebeu de que os ídolos e os astros adorados pelo povo, não ouviam não falavam e não os beneficiava. No Cur’ane, é referido o diálogo entre o Profeta Abraão e o pai: “Pai, porque adoras aquilo que não ouve nem vê e em nada te pode beneficiar? Pai, foi-me revelado algo de sabedoria que tu não recebeste. Segue-me pois, vou conduzir-te para o caminho recto.” 19:42,43. 

Na presença dos idólatras, com a intenção de corrigir as suas crenças, quando começou a escurecer, viu uma estrela e disse-lhes: “Este é o meu senhor!” Mas quando a estrela desapareceu de vista, ele disse que não ama a quem desaparece. Mas quando viu a lua brilhando, disse: “A lua é o meu senhor!” Mas quando nasceu o dia e a visibilidade da lua desapareceu, com o nascimento do sol, disse: “O sol é o meu senhor, é maior que a lua”. Após o por do sol, Abraão olhou para o céu e disse: “Eu me afasto da adoração dos astros, do sol e da lua. O verdadeiro Deus não desaparece, então adorarei a Deus que criou as estrelas, a lua e o sol, a terra e todos nós”. “Ó meu povo, eu estou livre a tudo o que vocês associam a Deus.”

O convite que fez ao seu pai e ao resto da população, não surtiu qualquer efeito, pois eles pretendiam manter, a todo o custo, as suas tradições politeístas. Abraão acabou por ser o protagonista da destruição dos ídolos. O povo convidou Abraão (que a Paz de Deus esteja com ele) para participar nas festividades religiosas que iam ter lugar fora da localidade, onde iam todos, o povo, o rei, os religiosos e os astrólogos. Ele arranjou um pretexto para não ir e aproveitou a ausência deles para com um machado destruir todos os ídolos, com excepção do maior, junto do qual deixou ficar o machado. Quando regressaram, ficaram furiosos com a destruição e sabiam que o ídolo não tinha qualquer poder e só poderia haver um responsável – Abraão, o único que ficara na localidade. Foi então chamado à presença deles para ser julgado, começando com a pergunta óbvia se foi ele o causador da destruição. Respondeu de que tinha sido o grande ídolo e deviam perguntar a ele. A resposta pronta dos líderes foi de que todos sabem que os ídolos não falam, pelo que não fazia sentido, dirigir-lhes quaisquer perguntas. Então irônico  Abraão perguntou-lhes se sabiam que os ídolos não têm quaisquer poderes, porque teimavam em adorá-los? Foi assim considerado inimigo para ser punido.

A ousadia chegou aos ouvidos de Ninrode, rei da Babilônia que o condenou à morte. Foi lançado numa fogueira. Embora sabendo da situação traumática que estava sujeito, Ibrahim tinha a firme convicção de que Deus seria suficiente para ele. E Deus ordenou que o fogo fosse frescura e paz sobre Abraão.

No seguinte versículo do Cur’ane, Ibrahim – Abraão, que a Paz de Deus esteja com ele, pediu a Deus para lhe mostrar como é que Deus voltava a dar a vida a uma criatura morta! “E quando Ibrahim disse: “Meu Senhor! Mostra-me como ressuscitas os mortos”. Deus disse; “Tu (ainda) não crês?” Ele respondeu: “Sim, mas pergunto para tranquilizar o meu coração”. Deus disse: “Toma quatro pássaros, despedaça-os e coloca uma porção deles em cada montanha e em seguida, chama-os: eles virão para ti, rapidamente. E fica sabendo que Deus é Poderoso e Sábio.” Cur’ane 2:260. Depois de proceder como Deus ordenou, Abraão chamou os pássaros pelos respectivos nomes e imediatamente as partes separadas juntaram-se, formando os corpos originais e os pássaros começaram a voar para junto dele.

Abraão casou com Sara. Já velhos, continuavam a ansiar ter filhos para darem continuidade à profecia e à transmissão da palavra de Deus. Sara que era estéril, permitiu que Abraão casasse com a escrava Hajra, que lhe deu um filho, Ismael (que a Paz de Deus esteja com ele).

E Deus quis testar Abraão (que a Paz de Deus esteja com ele) e ordenou-lhe para deixar Ismael e a sua mãe numa terra distante e árida. A mãe apercebeu-se de que Ibrahim recebera ordens de Deus e não se opôs. Ela confiante disse que neste caso, o Senhor nunca os abandonará. Abraão (que a Paz de Deus esteja com ele) retirou-se e mais longe, no pico da montanha, fez a seguinte prece, conforme é referido no Cur’ane : “Ó Senhor nosso! Eu fiz habitar parte da minha descendência num vale inculto, perto da Tua Casa Sagrada, Senhor Nosso, para que cumpram a oração; fazei, portanto, com que os corações de algumas pessoas se inclinem para eles, com fervor e sustenta-os com os frutos para que Te agradeçam.” Cur’ane 14, Vers.37

Depois de Abraão se ter retirado, mãe e filho ficaram a sós e consumiram os parcos mantimentos. Ismael começou a chorar e a mãe desesperada, correu por sete vezes entre dois pequenos montes, Safa e Marwa, à procura de alguma caravana que os pudesse socorrer. Entretanto o seu pequeno filho, chorando e movimentando os seus pezinhos, com a ajuda de um anjo, removeu a terra, donde começou a brotar água. O Anjo tranquilizou-a e disse-lhe “esta é a Casa de Deus, que será construída por esse menino e pelo seu pai e nunca Deus negligenciou o Seu povo”. Mais tarde, no referido local, foram edificadas as fundações da Caaba por Abraão e por Ismael. Ainda hoje, existe o poço donde provém a água de Zam-Zam e está situado dentro na Mesquita de Maka. Até aos nossos dias o poço continua com um caudal necessário para abastecer todos os peregrinos, visitantes e residentes e nunca se verificou qualquer falta de água. É um verdadeiro milagre naquela zona do deserto.

Mais tarde, Abraão foi visitar o filho Ismael. Deus nosso Senhor e Criador, quis novamente testar Abraão, que através de um sonho, recebeu ordens para

sacrificar o seu filho Ismael. E Deus refere no Cur’ane: “E saibam que as vossas riquezas e os vossos filhos são um teste.” Cur’ane 64, Vers.115.

Ibrahim - Abraão levou o seu filho para o sacrificar. Durante o percurso apareceu o diabo que lhe persuadiu para não cumprir com a ordem de Deus, lembrando-lhe que só depois de muito velho é que conseguiu ter um filho. Ibrahim atirou para o diabo 7 pedrinhas, que se afundou na terra. Esta tentativa do diabo, para desviar a tenção do Profeta Abraão, aconteceu por três vezes e por três vezes ele o repeliu. Depois em Miná, a poucos quilómetros de Maka, quando se preparava para sacrificar o seu filho, Deus colocou à disposição dele, um carneiro que foi sacrificado.

Deus indicou a Abraão o local onde devia construir a Casa Sagrada. E com a ajuda do seu filho Ismael, edificou as fundações da Caba, conforme é referido no Cur’ane: “E quando fizemos da Casa um lugar de assembleia e um asilo para os povos, (dissemos): “Tomai a estância de Abraão como um local de oração. “E ordenamos a Abraão e a Ismael (dizendo-lhes): “Purificai a Minha Casa para aqueles que andam à sua roda, para os que nela meditam e para os que se curvam e se prostram (aí em adoração).” Cur’ane 2:125. Enquanto os dois realizavam o trabalho, iam dizendo: “Senhor Nosso, aceita (este serviço) de nós. Tu ês o Exorável, o Sapientíssimo”. Cur’ane 2:127. E Deus honrou a Sua Casa, tornando-a segura.

Passados mais de 10 anos depois do nascimento de Ismael, distante do seu filho Ismael, Abraão acompanhada de Sara recebeu a visita de 3 estranhos. Ibrahim que gostava de receber pessoas, ofereceu-lhes alojamento e alimentação. Aborrecido, viu que os visitantes não tocaram na comida que tinha sido preparada especialmente para eles. Eles o tranquilizaram e informaram de que eram anjos que tinham sido enviados por Deus, para destruírem Sodoma, pelos pecados cometidos pelo seu povo. Mais tranquilizaram Abraão, informando-o que o Profeta Lot e as suas filhas, seriam poupadas. Os anjos deram uma boa nova a Abraão e disseram que sua esposa já idosa dará um filho. Sara e Ibrahim se alegraram com esta boa nova. O nascimento de Isaac constitui um milagre de Deus, pois os pais já tinham uma idade avançada, incapazes de procriarem naturalmente.

Abraão tinha cerca de 86 anos quando Ismael nasceu e cerca de 100 anos quando Isaac nasceu. Por este motivo louvou e agradeceu a Deus, conforme é referido no Cur’ane: “Louvado seja Deus que na velhice me agraciou com Ismael e Isaac! Como o meu Senhor é Exorável!”. Cur’ane 14:39.

Deus honrou e iluminou Abraão e fez dele um Profeta. Através dos seus filhos Ismael e Isaac (Que a Paz de Deus esteja com eles), formaram-se três ramificações importantes no contexto religioso do mundo; Judeus, Cristãos e Muçulmanos. Ibrahim (que a Paz de Deus esteja com ele) é o Patriarca dos Profetas e o tronco comum das 3 religiões. Do seu segundo filho Isaac, vieram os Profetas como, Jacob José, Moisés, David, Salomão e Jesus. Da linhagem de Ismael, primogênito de Abraão, veio o Profeta Muhammad. Foi uma promessa de Deus, em abençoar a descendência de Abraão. Este princípio é aceite pelos muçulmanos, porque um dos pilares da fé Islâmica, é acreditar em todos os Profetas que Deus enviou para a humanidade, conforme o versículo do Cur’ane. “Cremos em Deus, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacob e no que foi dado a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos Profetas pelo seu Senhor. Não fazemos distinção entre nenhum deles e somos submissos a Deus, a quem nós adoramos.” Cur’ane 2:136.

Segundo “Gênesis”, Deus Todo Poderoso, prometeu transformar Isaac e Ismael em grandes nações e refere Sara e Hajra, respectivamente, como suas mães. Com Moisés, nasce a primeira religião monoteísta. Os Muçulmanos, também são Judeus, porque acreditam no Profeta Moisés, cujo nome direto, é o dos mais referidos no Cur’ane. Seguimos as antigas tradições referidas nos livros do Antigo Testamento, nomeadamente, no que se refere à circuncisão masculina e à proibição da carne de porco e do sangue na nossa alimentação. Somos também Cristãos porque acreditamos em Jesus, não como filho de Deus, mas como um dos 5 principais e escolhidos Profetas e Mensageiros de Deus. Acreditamos também na sua vinda futura. Depois de cerca de 600 anos da vinda de Jesus, Deus cumpriu com a promessa, enviando Muhammad, um Profeta e Mensageiro.

O Profeta Ibrahim – Abraão, que a Paz de Deus esteja com ele, tem um lugar de destaque no islão e está particularmente representado no quinto pilar do Islão – A Peregrinação a Maka, obrigatória para todos os muçulmanos com capacidade financeira. A peregrinação consiste em lembrar as principais tribulações sofridas pelo Profeta Abraão e sua família, nomeadamente quando Deus testou Abraão, quando deixou o seu filho Ismael e sua mãe num local deserto. Para salvar a criança da fome e da sede, a mãe percorreu os dois pequenos montes – Safa e Marwa, à procura de auxílio. Os peregrinos também percorrem entre os dois locais, lembrando esta preocupação duma mãe. Após os sete percursos entre os dois montes, os peregrinos bebem a água de zam-zam, agradecidos a Deus por ter salvado Ismael. Quando Abraão recebeu instruções para sacrificar o seu filho, quando se dirigia para cumprir as ordens de Deus, foi 3 vezes tentando pelo diabo e por 3 vezes o repeliu, atirando-lhe 7 pedrinhas. Nos locais onde o Profeta Ibrahim foi tentando, foram erguidos 3 pilares, onde os peregrinos vão atirar as pedrinhas, libertando-se assim do diabo que lhes atormentam as suas vidas e que os desviam do caminho da verdade. Voltam assim para casa com uma fé mais acrescida. Os muçulmanos que estão em peregrinação e os que estão em todo o mundo, sacrificam carneiros, camelos ou vacas, lembrando o sacrifício de Abraão. Os sacrifícios acontecem no final da Peregrinação a Maka, dia de festa para Um bilhão e quinhentos milhões de muçulmanos espalhados pelo mundo. Depois do final do mês de Ramadão, é a segunda festividade dos muçulmanos. A carne dos animais sacrificados em nome de Deus, é dividida em 3 partes iguais, uma para consumo próprio, outra para os vizinhos e familiares e outra para os pobres. Assim, todos têm o suficiente para passarem o dia de festa. Os que estão em Maka em peregrinação, doam toda a carne para as instituições de caridade, que depois de preparada e congelada, é enviada para outros países, para distribuição aos necessitados.

Todos os Profetas trouxeram sempre a mesma mensagem divina – Adoração ao Deus Único. Refere o Antigo Testamento, quando Deus fala a Moisés, segundo o versículo 18:18 do Deuteronômio: “Do meio de seus irmãos, lhes suscitarei um Profeta como tu, e porei as Minhas palavras na sua boca e ele lhes falará tudo o que Eu lhe ordenar”. – Deuteronômio 18:18.

Jesus nasceu só duma mãe e não teve uma morte natural. Nunca houve dois Profetas tão semelhantes como Moisés e Muhammad (Que a Paz de Deus esteja com eles). Ambos receberam um extenso código de vida; ambos enfrentaram e venceram os seus inimigos; tiveram um nascimento natural; ambos migraram porque havia quem os pretendesse assassinar; tiveram uma vida normal, casaram e tiveram filhos e morreram de “morte natural”.

Às palavras “e porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar” , Muhammad era um iletrado e recebeu a revelação do Cur’ane através do Anjo Gabriel, que ditava as palavras de Deus e solicitava que ele as repetisse e decorasse e depois as transmitiu ao seu povo, para que cumprissem com a orientação de Deus.

Os Judeus acreditam nos Profetas anteriores e em Moisés. Os Cristãos acreditam nos Profetas anteriores, em Moisés e em Jesus. Os Muçulmanos acreditam nos Profetas anteriores, em Moisés, em Jesus e em Muhammad.

Somos muçulmanos porque acreditamos em todos os Profetas.

“Cremos em Deus, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a

Jacob e no que foi dado a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos Profetas pelo seu Senhor. Não fazemos distinção entre nenhum deles e somos submissos a Deus, a quem nós adoramos.” Cur’ane 2:136.

Meus Caros jovens universitários, não vim para esta conferência com a intenção de vos incentivar para o islão, porque “Não há compulsão na religião. Cur’ane 2:256. Procuro sim esclarecer esta religião tão mal compreendida devido às notícias deturpadas pelos agentes de informação nacionais e estrangeiros. Apelo aos jovens para que procurem alcançar o melhor nos vossos estudos. Quando estiverdes bem nas vossas vidas, não se esqueçam dos vossos pais. A par do melhoramento das condições das vossas vidas, mantenham e fortaleçam a fé em Deus, porque como disse Issa – Jesus que a Paz de Deus esteja com ele, a procura (só) de bens terrenos “é como beber água do mar, quanto mais se beber, mais sede se sentirá”.

Que Deus abençoe Abraão e toda a sua descendência.

Abdul Rehman Mangá 14 de Maio de 2013.

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