quinta-feira, junho 14, 2012

A VISUALIZAÇÃO DA LUA E A IMPORTÂNCIAS DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 11.06.2012 

Transposto o Século XX e ainda no dealbar do Século XXI, confrontamo-nos com várias questões, todas elas novas, questões estas ligadas ao aspecto social, civil, político e científico, que nos obrigaram a operar mudanças na estrutura básica da vida, por forma a enquadrá-las em função das exigências da era atual, pois se os entendidos na matéria assim não procedessem, a vida não teria nem proveito, nem atração. Ficaria estagnada como ficaram as ideologias filosóficas antigas. 

Da mesma maneira, no aspecto religioso também surgiram muitas questões novas, mas porque Deus deu-nos através do Isslam um sistema de vida atrativo, conseguiu-se apresentar soluções positivas. E foi este aspecto do Isslam que muito contribuiu para a sua propagação. 

Para se resolverem todas as questões novas que foram surgindo no passado, nunca foi necessário alterar a estrutura básica do Isslam, porque os quatro principais imamos (guias), cada um deles ocupando o cargo de “Mujjahid”, souberam apresentar regras abrangentes à luz do Al-Qurá’n e das máximas do Profeta Muhammad, S.A.W. (Hadith), resolvendo assim de forma satisfatória os problemas do período em que cada um dos imamos viveu. 

Não há dúvidas que cada época tem os seus problemas, exigências e necessidades específicas, pelo que os muçulmanos são convidados a refletir sobre isso, por forma a apresentarem soluções, pois de contrário enfrentaremos grandes confusões, que aliadas à indevida interferência dos media, e ao atrevimento de alguns indivíduos incompetentes na matéria, tornam a situação ainda mais crítica e complicada. 

O nosso grande problema atual é a questão da Lua. Com a aproximação do sagrado mês de Ramadhán e do Eid, sempre enfrentamos divergências na questão da sua visualização, tanto aqui como em muitas partes do Mundo, o que baralha as mentes de muitos leigos na matéria, o que por sua vez leva à cisões na comunidade, celebrando o Eid em dois dias diferentes, o que para nós é deveras vergonhoso. De salientar que ninguém pode reivindicar a razão exclusivamente para si, condenando o outro, pois o Al-Qur’án e o Hadith não falam acerca do testemunho (shahádah) da visualização da Lua, do seu anúncio e das suas regras. Porém, os juristas isslâmicos que surgiram depois da época do Profeta, tanto os primeiros como os últimos, elaboraram algumas regras acerca do testemunho da visualização da Lua, que atualmente não são consideradas suficientes. Mesmo assim não se compreende por que razão o Ummat não tenta resolver de uma forma unânime esta questão tão importante da visualização da Lua. 

Quer parecer que é chegado o momento de nós, pelo menos ao nível da nossa terra – Moçambique – meditarmos sobre os meios e motivos que estão criando confusão e divergências no nosso meio, e tentamos ultrapassá-los sem preconceitos, olhando apenas para a nossa realidade. 

O Profeta Muhammad, S.A.W. somente nos ordenou que jejuássemos e celebrássemos o Eid depois de se provar a visualização da Lua, pois de contrário devíamos completar os 30 dias do calendário lunar. 

Mais tarde os juristas, cada um na sua época, elaborou algumas regras e princípios relacionados ao testemunho da visualização, cujo objectivo era garantir e eliminar quaisquer dúvidas ou suspeitas na questão da confirmação. 

Mas uma questão se coloca: o que é que obsta ao uso dos meios modernos de comunicação, se os mesmos nos podem ajudar na pesquisa e na eliminação da dúvida? 

De fato, os princípios isslâmicos são válidos e aplicáveis em todas as eras, e neles encontramos patentes as formas de resolução de todos os problemas do Mundo, tanto os atuais como os que surgirão. O que é preciso é descobri-los. 

Saliente-se que encontramos nos livros de jurisprudência isslâmica sete formas de se provar a visualização da Lua: 

1 - Testemunho (shahádah); 

2 - Testemunho sobre testemunho (shahádah alá ash-shahádah); 

3 - Aceitação de um juiz do testemunho de outro juiz (shahádah all-qadá); 

4 - Apresentação de um juiz do seu testemunho por escrito a outro juiz (kitábul qádi elal-qádi); 

5 - Confirmação da visualização da Lua por vários grupos, com base na visualização num outro local (isstifádhah); 

6 - Completar-se o mês lunar; e 

7 - O troar de canhões, isto é, as pessoas que vivem na periferia podem considerar a visualização da Lua confirmada ao ouvir o troar dos canhões anunciando a visualização da Lua. 

Se meditarmos na essência destes sete métodos e olharmos para os meios de comunicação atualmente existentes, concluiremos que a televisão, a rádio, as telecomunicações (de todos os tipos, desde as convencionais, GSM ou internet), e outros meios de comunicação, não só são aceites a nível oficial, como o seu uso é bastante necessário ao funcionamento do sistema governamental. Os mesmos meios são usados no Mundo inteiro, não apenas em conferências importantes, mas até podemos considerar que as atividades oficiais, as questões econômicas, sociais, educacionais e políticas estão dependentes desses meios de comunicação modernos. 

Portanto, nessa situação é necessário pensarmos até que ponto podemos utilizar os mesmos meios de comunicação modernos para o testemunho da visualização da Lua, e como encaixar isso nas regras elaboradas pelos juristas isslâmicos. Essa é que deve ser a função dos que se intitulam “muftis”. 

No primeiro método que é o testemunho (shahádah), a condição é que a pessoa que tenha visto a Lua testemunhe pessoalmente perante o juiz (qádi). 

Se pusermos de lado os meios de comunicação modernos, torna-se quase impossível durante a mesma noite que as testemunhas se apresentarem pessoalmente perante vários juízes, instalados em certos locais. 

Consta que como condição para a aceitação da visualização da Lua no último Eid, foi exigido à uma pessoa que a partir dos subúrbios a visualizara, que se apresentasse perante um teólogo da cidade de Maputo, a fim de testemunhar. 

Mas através dos meios de comunicação modernos como por exemplo a vídeo-conferência ou a câmara-web ligada à internet, dentro ou fora do País, as testemunhas podem facilmente atestar perante o juiz, dando-lhe as informações necessárias, incluindo a sua identidade, e em caso de dúvidas acerca dos testemunhos pode-se confirmar através do telemóvel, fax, telefone fixo, etc. 

Todavia, caso alguém rejeite esses métodos e meios de comunicação, argumentando que tais meios modernos não existiam no passado, então diremos que as regras de testemunho também não existiam no tempo do Profeta. Haverá alguma lógica por exemplo, que a televisão saudita, egípcia ou de qualquer outro país predominantemente isslâmico difunda uma notícia errada acerca de uma questão tão importante como o início ou o fim do Ramadhán, só para baralhar e confundir os muçulmanos por esse Mundo fora? 

E se supusermos que a notícia que nos chega sobre a visualização está errada, então podemos através do nosso telemóvel confirmar junto aos nossos amigos, familiares ou outras pessoas idôneas e confiadas que residem nessa zona, acerca da veracidade da notícia, pois se aceitamos esses meios de comunicação e esses instrumentos em todos os aspectos da vida, então por que razão não aceitar no questão do testemunho da visualização? 

Se alguém achar que os meios de comunicação modernos não nos dão nenhuma certeza ou que suscitam dúvidas, diremos que estas sempre existirão em todos os outros métodos, pois mesmo nos sete métodos atrás descritos, a pessoa que presta testemunho perante o juiz (qádi) também pode mentir. 

Nos outros quatro métodos de testemunho (shahádah), também se podem aplicar estes meios de comunicação. 

Gostaria de aqui lançar o meu apelo sincero às organizações isslâmicas existentes em Moçambique, e também aos teólogos, no sentido de meditarem nisto e tentarem ultrapassar este problema antes do tempo. Não se deixe isto para a última hora. Forme-se uma comissão central da Lua, pois as conspirações que estão sendo feitas contra os muçulmanos exigem que estejamos unidos, pelo que se revela necessário darmos ponto final a esta situação vergonhosa, pois ninguém de entre nós ganha com isso, antes pelo contrário, todos nós perdemos.

3 comentários:

Imran disse...

Concordo com a explanacao do ilustte Sheik Aminudin, sobre a utilizacao dos meios actualmente existente para fazer face ao testemunho da vizualizacao da lua.
Mas aco que este problema, nao tera seu termino, enquanto nao haver um acordo dos alimos mocambicanos nesta materia.
Fala se do maulana nazirr lunat, como um dos grande mentor deste problema, pelo facto de nao aceitar os testemunhos que aparecem a testemunhar o aparecimento da lua e da utilizacao dos meios de comunicacao actuialmente existnte. Entao porque nao convocar um debate entre o sheik aminudin e outros alimos da ala esquerda, e o maulana nazir da ala direita, para discutir e explicar a este ultimo aqulilo que e a verdade no islam sobre a vizualizacao da lua e inicio do ramadan.
O sheik aminudin como lider que e, nao pode ocultar a verdade, deves aparecer e explicar a todos os muculamanos aquilo que constitui a verdade.
Temos que deixar de falar de tras, chamem o maulana nazir e expliquem o e entrem em um acordo.
haja paz....

Unknown disse...

Assalam Aleikum.

Eu tambem concordo com um debate. O sheik Aminudin explica, tem que se chamar um Alimo da outra ala para explicar pois fica complicado para nos que nao somos Alimos dizermos quem esta certo ou errado. Este problema ja tinha sido acalmado mas voltou acontecer agora em 2013, nao permitindo que andessemos em casa de amigos e familiares pois quando uns celebravam outros estavam no trabalho ou na escola e portanto indisponiveis

Unknown disse...

Assalam Aleikum.

Eu tambem concordo com um debate. O sheik Aminudin explica, tem que se chamar um Alimo da outra ala para explicar pois fica complicado para nos que nao somos Alimos dizermos quem esta certo ou errado. Este problema ja tinha sido acalmado mas voltou acontecer agora em 2013, nao permitindo que andessemos em casa de amigos e familiares pois quando uns celebravam outros estavam no trabalho ou na escola e portanto indisponiveis