terça-feira, março 27, 2018

ESCLARECIMENTO ÀS PERGUNTAS FORMULADAS AO HAJJ HAMAZAH E RESPONDIDAS POR MUHAMMAD YIOUSSUF

Prezados Irmãos, Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Uma senhorita interessada em estudos islâmicos e cultura árabe me enviou essas perguntas. Para lhe dar uma resposta mais acadêmica me recorri ao irmão Abdul Mangá Presidente da Sociedade Islâmica da Cidade do Porto (Portugal). Ele por sua vez as encaminhou ao Diretor da Revista Al Furkan Muhammad Yioussuf Admgy.  E ai estão suas repostas. Que Allah SW lhes deem a devida recompensa. Espero que a senhoria tenha ficado satisfeita com as resposta. A paz esteja convosco.

RESPOSTA ÀS PERGUNTAS:
PORQUE É QUE O ISLÃ E A POLÍTICA ANDAM JUNTOS?
RESPOSTA:
A função do estado islâmico é prover a segurança e a ordem para que os seus cidadãos possam levar adiante os seus deveres religiosos e mundanos.
É suficiente dizer que o Islão ensina que a vida é um teste elaborado por Deus, o Criador, Todo-Poderoso e Sábio, e que todos os seres humanos serão responsabilizados perante Deus pelo que fizeram com as suas vidas. Uma crença sincera na vida após a morte é a chave para levar uma vida moral e bem equilibrada. De outra forma, a vida é considerada com um fim em si mesma, o que faz com que as pessoas se tornem mais egoístas, materialistas e imorais, na busca cega de prazer, às custas da razão e da ética.
A fraternidade muçulmana de índole política e religiosa é um aspecto fundamental do Islão. Todos são iguais diante de Deus. No Alcorão e nas tradições encontramos muitos argumentos a favor desse ponto.
Resumindo, o Islão pretende estabelecer uma comunidade mundial, com igualdade completa entre os povos, sem distinção de raça, classe ou nação.
Procura converter por persuasão, não permitindo qualquer compulsão a credos religiosos, permanecendo cada indivíduo, pessoalmente, responsável perante Deus. Para o Islão, o governo significa a custódia, um serviço no qual os funcionários são servidores do povo. De acordo com o Islão, é dever de todos os indivíduos fazerem um constante esforço para disseminar o bem e prevenir o mal; e Deus nos julgará pelos nossos actos e pelas nossas intenções.
A lei islâmica também permite que as minorias não muçulmanas dos países islâmicos estabeleçam os seus próprios tribunais que aplicam as leis domésticas redigidas por essas minorias.
O pluralismo religioso no Islão baseia-se em vários versículos do Alcorão, entre outros, os seguintes:

E disse: A verdade [veio agora] do vosso Sustentador”: assim, quem quer, que creia, e, quem quer, que a rejeite” (Alcorão, 18:29).
“Temos prescrito a cada povo ritos a serem observados. Que não te refutem a este respeito! E invoca o teu Senhor, porque segues uma orientação correta”. (Alcorão, 22:67).
“Para vós, a vossa adoração, e para mim, a minha”. (Alcorão, 109:6).
“A cada um de vós atribuímos-lhe uma lei e um modo de vida [distintos]. E se Allah o quisesse, teria criado, certamente, apenas uma comunidade: mas [ordenou-o assim] para testá-los no que vos deu. Competi, pois, uns com os outros, para fazer boas ações. Havereis, todos vós, de voltar para Allah: e, então, Ele fará com que entendais aquilo sobre o que discordeis”. (Alcorão, 5:48).

NO ISLÃ EXISTE HIERARQUIA?
RESPOSTA:
O Islão é uma religião sem hierarquia, sem sacerdócio, sem sacramentos. O ser humano encontra-se diante de Deus, tendo o Alcorão como guia. A razão no domínio de Deus Uno e o Alcorão são as duas fontes de certeza absoluta. No resto tudo é relativo. Mas sempre se procura apelar para o Alcorão.
As preces públicas são de responsabilidade de um dirigente, denominado Imame, e os teólogos eruditos são chamados de Ulemás.
O contato direto com Deus, sem intermediáriosfaz do Islão uma religião extremamente acessível. Já que não existe hierarquia e a fé pode ser praticada em qualquer lugar.

OS MUÇULMANOS FAZEM BATISMO PARA INTEGRAR-SE À FÉ MUÇULMANA?
RESPOSTA:
Os muçulmanos não têm nenhum tipo de batismo para integrar-se à fé muçulmana. Apenas é necessário que a pessoa recite o credo muçulmano (Sh-hada) que é muito simples e muito fácil de se lembrar e que diz:
Não há outra divindade além de Deus (ár. Allah) e Muhammad é Mensageiro de Deus”. Isto é suficiente.
Quando uma pessoa recita esse credo perante duas testemunhas e expressa a sua vontade de ser muçulmano, já passa a tomar da parte da Comunidade Islâmica, com todos seus direitos e deveres.

____É O CASAMENTO UM SACRAMENTO NO ISLAM, ASSIM COMO NO CRISTIANISMO

RESPOSTA:
Não, porque no Islão, o casamento é uma Sunnah altamente recomendada do Profeta Muhammad (s.a.w.).
No Islão, o casamento é algo solene e sagrado. É um contrato do qual Deus é a principal testemunha, e é executado em Seu nome, em obediência a Ele, e de acordo com os Seus mandamentos.
No Islão, não há relações sexuais fora do casamento.
No Islão, o casamento é uma obrigação religiosa e o celibato é totalmente desaconselhável. Os valores fundamentais do casamento são a castidade, a integração social, a estabilidade humana, a elevação espiritual, o amor, a paz e a piedade. O Alcorão diz:
«E entre os Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma espécie, para que com elas convivais; e colocou amor e piedade entre vós; na verdade, nisto há sinais para os sensatos». (30:21).
O Profeta Muhammad (p.e.c.e.) disse: «Aquele que casa cumpre metade da sua religião e falta-lhe completar outra metade para uma vida cheia de virtude, em firme respeito a Deus».

UM GRANDE AMIGO MUÇULMANO ME FALOU... QUE OS MUÇULMANOS (HOMENS) PENSAM QUE NO PARAÍSO, NO ALÉM, CADA HOMEM DESFRUTARÁ ETERNAMENTE DE QUATRO BELAS MULHERES, QUE TEM O BRANCO DO OLHO E O  NEGRO DO OLHO MUITO ACENTUADOS (HURIS). É VERDADE ISSO? E NO CASO DAS MULHERES MUÇULMANAS, O QUE ESPERA POR ELAS NO PARAÍSO?

RESPOSTA:
Essa crença não tem base no texto do Alcorão. É apenas uma crença popular e está sendo usada por interesses criados. Portanto, é necessário consultar o que o Alcorão tem a dizer. É posta, amiúde, esta questão: de acordo com o Alcorão, quando um homem vai para o Paraíso terá direito a hur, i.e. “bonitas virgens”. A que terá direito a mulher quando for para o Paraíso?
1. A palavra hur é referida no Alcorão Segundo estudos feitos, a palavra hur surge no Alcorão nada mais, nada menos, do que quatro vezes:
(a) - «Para além do mais, dar-lhes-emos companhias de olhos belos, grandes e lustrosos». (44:-54).
(b) - «... E dar-lhes-emos companhias de olhos belos, grandes e lustrosos». (52:20).
(c) - «Companhias confinadas (no que respeita aos seus olhares) em edifícios magníficos». (55:72).
(d) - «E (haverá) companhias de olhos belos, grandes e lustrosos». (56:22).
2. A palavra hur traduzida como “belas virgens” Trata-se de uma figura de linguagem. Ou expressão metafórica.
Muitos tradutores do Alcorão traduziram a palavra hur como "belas virgens", especialmente nas traduções para língua Urdu. Se hur significa "belas virgens" ou raparigas, então a dádiva destina-se apenas aos homens.
Assim sendo, o que ganharão as mulheres, se seguirem para o Paraíso?
3. O verdadeiro significado de hur A palavra hur é, na verdade, o plural de ahwar (aplicável aos homens) e de haura (aplicável às mulheres), referindo-se a uma pessoa cujos olhos se caracterizam como sendo hauar, uma característica especial atribuída a uma alma bondosa, de homem ou mulherque esteja no Paraíso, denotando a intensa alvura ou a  parte branca do olho. O Alcorão descreve em vários outros versículos que no Paraíso teremos azwaj, o que significa um par, um cônjuge ou uma companhia, o que significa que teremos cônjuges ou companhias puras e sagradas (mutaharratun significa puro e sagrado).
«Anuncia (ó Muhammad) aos fiéis que praticam obem, que obterão jardins, sob os quais correm os rios. Toda a vez que forem agraciados com os seus frutos, dirão: Eis aqui o que nos fora concedido antes! Porém, só o será na aparência. Ali terão cônjuges imaculados (hur) e ali viverão eternamente». (2:25).
«Quanto aos fiéis, que praticam o bem, introduzi--lo-emos em jardins, sob os quais correm rios, onde morarão eternamente, onde terão cônjuges imaculados, e os faremos desfrutar de uma densa sombra». (4:57).
Assim sendo, a palavra hur não tem um gênero específico. Mohammad Asad traduziu a palavra hur como cônjuge, enquanto Abdullah Yusuf Ali a traduziu como companhia. Assim sendo, de acordo com alguns escolásticos, quer homens, quer mulheres, viverão beatificamente no Paraíso na companhia de almas puras a que não é possível associar, em rigor, um sexo específico.
4. As mulheres alcançarão algo de extraordinário no Paraíso. Alguns escolásticos afirmam que, no seu contexto, palavra hur usada no Alcorão pode-se entender que é direcionado a homens, o que não é verdade. Uma resposta aceitável para todos é aquela que é dada no hadith, quando se põe uma questão semelhante: "Se os homens irão ter uma hur, uma bela virgem, no Paraíso, o que irão receber as mulheres?" A resposta dada foi que as mulheres irão receber aquilo que os corações delas não pediram, que os ouvidos delas nunca ouviram e que os olhos delas jamais contemplaram: tal indicando que as mulheres também receberão algo de extraordinário no Paraíso.
Deus diz no Alcorão Sagrado, aos crentes, submissos à vontade d’Ele:
«Ó servos Meus, hoje não sereis presas do temor, nem vos atribulareis! São aqueles que creram em Nossos versículos e submeteram-se à Vontade de Deus. Entrai, jubilosos, no Paraíso, juntamente com as vossas mulheres! Serão servidos com bandejas e copos de ouro; aí, as almas lograrão tudo quanto lhes apetecer, bem como tudo que deleitar os olhos; aí morareis eternamente. Eis aí o Paraíso, que herdastes por vossas boas ações, onde tereis frutos em abundância, dos quais vos nutrireis!». (43:69 a 73).
Por sua vez, o Profeta Muhammad (s.a.w.) disse:
"Cada qual estará com quem ama". – Ibn Mas'ud, Bukhari e Muslim.

No Paraíso, não haverá que reproduzir-se, que é o fundamento dos sexos. A imagem que o honrado Alcorão dá é a da transmissão da sensação de paz e satisfação imensas e a excelente companhia que terá aquele homem ou aquela mulher que alcance esse estado. E isso será o que se tenha semeado aqui, no mundo. Aqueles que creem no MITO das 72 virgens vão ter que dedicar-se a semear virgindade como loucos
Obviamente, a figura de "hur" existe. Hurun - de "hur": companheiro-a (o gênero masculino é "ahwar" e o feminino "hawra". Mas "hur" se refere aos dois gêneros, sem distinção).

Obrigado. Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy
Director da Revista Al Furqá


Três Religiões, um Só Deus… Um Só Coração


Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum",(que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.
Para os meus irmãos e irmãs, digo, a paz esteja convosco, desejando-vos tudo de bom. Respondi ao eco do chamamento de Jerusalémcomo muitas almas fizeram ao longo dos séculos, para orar aqui e retornar testemunhando que, além de ser a Cidade Sagrada, Jerusalém é um estado de ser.
Aqui pode-se sentir Deus nas entranhas ouvindo cada uma das orações. Pode-se chorar de amor no Muro, prostrado diante da Presença que encheu o espírito na Cúpula da Rocha, ou seguir os passos de Jesus ao longo da Via Dolorosa até chegar ao Santo Sepulcro. Um túmulo vazio porque ele ressuscitou.
Jerusalém é três vezes santa e outras tantas mais para cada um dos peregrinos que chegam aqui, bebem dela e voltam reconfortados. Jerusalém, sem dúvida, é a Casa do Senhor. Um Deus que, no entanto, é tão grande que não cabe em todas as suas igrejas, mesquitas e sinagogas. É por isso que tem que ser compartilhado entre nós.
Agora, que é o momento de partir, sinto-me triste, não porque não tenha sentido Deus derramando-se no meu coração, mas porque vi a ignorância em que meus irmãos e irmãs estão imersos. Bem disse Anthony de Mello que Jerusalém era a cidade onde todos dizem amar a Deus enquanto se odeiam mutuamente até a morte ... E, infelizmente, isso também é o que eu encontrei aqui.
Rezando no Túmulo do Jardim, mergulhando nos mistérios que a minha mente esconde e imaginando Jesus caminhando como um jardineiro, por este lugar há séculos atrás, ouvi um capelão dizendo à sua congregação: - Eu estou hospedado num hotel muçulmano. Certamente que isso é um pecado! - E fiquei muito triste, tanto por aquele homem quanto pelas pessoas que o seguiam, porque não tinham entendido a mensagem de amor de Galileu ou mesmo lido claramente no Evangelho a parábola do Bom Samaritano. Então, pensei, de que os servia vir à Terra Santa, orar nos lugares onde Jesus esteve, se não se esforçavam por fazer o que ele fez? Mas é que a cruz de Jesus pesa muito.
Tentando esquecer o sucedido, algumas horas depois, dirigi-me à Esplanada das Mesquitas e vi que inúmeros polícias palestinos negavam o acesso ao recinto aos não-muçulmanos, e igualmente pensei que esses homens não haviam lido o versículo do Alcorão Sagrado que diz: "É verdade que aqueles que creem, os judeus, sabeus e cristãos que creem em Allah e no Último Dia, e agem com retidão, não terão nada a temer nem se atribularão". - Surah 5: 69.
E fiquei triste novamente porque o que nos separava era menor do que a espessura de um fio de seda e, no entanto, alguns fazem desse fio um enorme muro que ninguém pode salvar.
Finalmente, caminhando pelo bairro judeu, um  garoto ortodoxo chamou a minha atenção para perguntar de onde vinha e se eu tinha antepassados  hebraicos. Eu respondi que sim e começamos uma conversa onde, no final, ele me assegurou que a melhor religião era a dele e que os não-judeus não deveriam aproximar-se do Muro. E a minha alma, mais uma vez, ficou triste porque aquele garoto não tinha entendido as palavras do Rabino Hillel, que dizia que a Torá podia ser resumida em duas coisas: amar a Deus acima sobre todas as coisas e ao seu próximo como a si mesmo, e que tudo o resto eram notas de rodapé.
Então, uma ideia veio à minha mente. Eu tinha que fazer algo para quebrar essa tendência fratricida ... e fiz! Na manhã seguinte, muito cedo, temperei o meu espírito com o sopro do Senhor para que me desse forças e decidi seguir a Via Dolorosa, como cristão, rezando um Pai Nosso em cada uma das suas estações para chegar ao Santo Sepulcro, e mesmo mais adiante, para a Tumba do Jardim. Depois, ao meio dia, fui até a Esplanada das Mesquitas e rezei na Cúpula da Rocha e na Mesquita Al Aqsa, como muçulmano. E, por último, ao entardecer, apresentei--me diante de Deus no Muro das Lamentaçõescomo um judeu, rezando o Shemá Israel. E, naquele momento, sob a lua cheia do mês de Agosto, uma força sobrenatural inundou o meu coração e senti no meu coração que Deus me sorriu e aceitou a minha oferenda.
Uma cruz para os judeus, um tapete para os cristãos e um talit para os muçulmanos é talvez a fórmula da paz em Israel que ninguém quer seguir.
E talvez o que eu fiz me custasse a vida se alguns dos fanáticos, que não hesitam em acabar com aquilo que não compreendem, me esperassem algum dia para executarem-me. Mas também pode ter aberto um caminho que ninguém, em todos os anos em que Jerusalém tem estado em pé, jamais fez. Abrir um caminho de amor, de paz e de tolerância. Três religiões, um só Deus, um só coração ... bem, talvez era isso o que o Senhor esperava de mim.
Agora que estou de volta em casa, sei que sempre permanecerei em Jerusalém, honrando o meu bom Deus para todo o sempre.
Por isso que volto a dizer-te, amigo e amiga, desconhecido, que lês estas palavras, As-Salam Alaikum, Shalom, que a paz esteja contigo. E pela Casa do Senhor, nosso Deus, eu desejo-te todo o bem. 
Obrigado. Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy
Director da Revista Al Furqán

terça-feira, março 06, 2018

Os Profetas e Mensageiros de Deus (I)

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.
Crer nos Profetas de Deus (paz esteja com eles) é um dos pilares da crença Islâmica e consiste em acreditar em todos os Profetas enviados por Deus, sem fazer qualquer discriminação entre eles, no que diz respeito à sua aceitação. Diz Deus no Alcorão Sagrado:«O Mensageiro crê no que foi revelado por seu Senhor e todos os crentes crêem em Deus, nos Seus anjos, nos Seus Livros e nos Seus Mensageiros. Nós não fazemos distinção alguma entre os Seus Mensageiros. Disseram: escutamos e obedecemos...».(Alcorão, 2:285).
«Aqueles que não crêem em Deus e nos Seus Mensageiros, pretendendo cortar vínculos entre Deus e Seus Mensageiros, e dizem: Cremos em alguns e negamos outros, intentando com isso achar uma saída, são os verdadeiros incrédulos; porém, preparamos para eles um castigo humilhante. Quanto àqueles que crêem em Deus e em Seus Mensageiros, e não fazem distinção entre nenhum deles, Deus lhes concederá as suas devidas recompensas, porque Deus é Indulgente, Misericordioso». (Alcorão,4:150-152.).
Por que Deus nos enviaria uma mensagem? Para que O possamos conhecer. Para que, no dia do Juízo Final, não haja desculpas, ou seja, que o ser humano venha a dizer que não sabia, que não conhecia.«Foram os Mensageiros que deram as boas notícias e e fizeram admoestações, para que os humanos não tivessem argumento algum ante Deus, depois do envio deles, pois Deus é Poderoso, Prudente». (Alcorão Sagrado 4:165).
Deus enviou, através da história, Mensageiros e Profetas para orientarem a humanidade quanto à adoração de um Deus único. «Na verdade, enviamos para cada povo um Mensageiro (com a ordem): Adorai a Deus e afastai-vos do sedutor...». (Alcorão Sagrado 16:36).
«Jamais enviamos Mensageiro algum antes de ti, sem que lhe tivéssemos revelado que não há outra
divindade além de Mim. Adora-Me e serve-Me!»(Alcorão Sagrado 21:25).
E estabeleceu a justiça e a misericórdia, quando nos disse que nenhuma nação seria responsabilizada, a não
ser depois do envio de Mensageiros, orientadores e admoestadores, como podemos ver através do seguinte
versículo do Alcorão Sagrado: «... Jamais castigamos (um povo), sem antes termos enviado um Mensageiro». (Alcorão Sagrado17:15).
E todos os Profetas e Mensageiros vieram pregando a mesma religião, a submissão a Deus (o Islame), conforme diz Deus no Alcorão Sagrado: «Prescreveu-vos a mesma religião que havia instituído para Noé, a qual te revelamos, a qual havíamos recomendado a Abraão, a Moisés e a Jesus, (dizendo-lhes): observai a religião e não discrepeis acerca disso...». (Alcorão Sagrado 42:13).
"Para Deus a religião é a submissão voluntária a Deus (o Islame)...". (Alcorão Sagrado 3:19). 

Qual a Diferença entre Profeta (Nabi) e Mensageiro (Rassul) ?
· ·Profeta (Nabi): É aquele que recebeu a orientação Divina para confirmar o que um outro Mensageiro transmitiu, sem trazer com ele uma mensagem nova. Mensageiro (Rassul): É aquele a quem é transmitida uma Mensagem ou Livro Sagrado, contendo uma nova recomendação. Todo o Mensageiro é um Profeta, mas nem todos os Profetas são Mensageiros. O Alcorão menciona os nomes de 25 Profetas que são:
-Adam (Adão);
-Idris (Enoc);
-Nuh (Noé);
-Hud (Heber);
-Saléh;
-Ibrahim (Abraão);
-Lut (Lot);
-Ismail (Ismael);
-Ishaq (Isaac);
-Yaqub (Jacó);
-Yussif (José);
-Xuaib (Jetro);
-Aiyub (Jó);
-Zul-kafil (Ezequiel);
-Mussa (Moisés);
-Harun (Araão);
-Daud (Davi);
-Sulaiman (Salomão);
-Ilias (Elias);
-Aliassa (Eliseu);
-Yunus (Jonas);
-Zacaria (Zacarias);
-Yáhia (João Batista);
-Issa (Jesus);
-Muhammad. (Que a paz esteja sobre eles) .
Citam-se alguns versículos em que eles são mencionados: «Tal foi o Nosso argumento, que proporcionamos
a Abraão (para usarmos) contra o seu povo, porque Nós elevamos a dignidade de quem Nos apraz. Teu Senhor (ó Muhammad) é Prudente, Sábio. Agraciamo-lo com Isaac e Jacó, que iluminamos, como havíamos iluminado anteriormente Noé e a sua descendência, Davi e Salomão, Jó e José, Moisés e Aarão. Assim, recompensamos os benfeitores. E Zacarias, Yáhia (João), Jesus e Elias, pois todos eles se contavam entre os virtuosos. E Ismael, Eliseu, Jonas e Lot, cada um dos quais preferimos sobre os seus contemporâneos». (Alcorão Sagrado 6:83-86).
«Sem dúvida que Deus preferiu Adão, Noé, a família de Abraão e a de Imran, aos seus contemporâneos». (Alcorão Sagrado 3:33).
«E enviamos ao povo de Ad o seu irmão Hud, o qual lhes disse: ó povo meu, adorai a Deus, porque não tereis outra divindade além d’Ele...». (Alcorão Sagrado, 11:50).
«E (recorda-te) de Ismael, de Idris (Enoc) e de Dulkifl...». (Alcorão Sagrado 21:85). «E ao povo de Samud enviamos o seu irmão Sáleh...». (Alcorão Sagrado, 11:61).
«E enviamos ao povo de Madian o seu irmão Xuaib (Jetro)...». (Alcorão Sagrado, 11:84). Destes, alguns Profetas como Idris e Ezequiel (que a paz esteja sobre eles), o Alcorão limita-se a mencionar os seus nomes; de outros, como Ismael, Isaac e Jonas (que a paz esteja sobre eles), relata-se um resumo de sua história. Entre eles, há também aqueles cuja história veio detalhada, como ocorre com Abraão, Moisés, José
e Jesus (que a paz esteja sobre eles). «Inspiramos-te (Muhammad), assim como inspiramos Noé e os Profetas que o sucederam ...». (Alcorão Sagrado, 4:163). «Na verdade, Muhammad não é o pai de nenhum de vossos homens, mas sim o Mensageiro de Deus e  derradeiro dos Profetas; sabei que Deus é Omnisciente». (Alcorão Sagrado, 33:40).
Aparece nos ditos do Profeta Muhammad (que a paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), que o número
total de Profetas enviados para os diferentes povos, em épocas diversas, é de 124.000 e o Alcorão nos relata que Deus nos informou os nomes de alguns deles apenas:
"E enviamos alguns Mensageiros, que te mencionamos, e outros, que não te mencionamos; e Deus falou a Moisés diretamente». (Alcorão Sagrado, 4:164).
Há no Alcorão 6 capítulos que levam o nome de Profetas, que são: Yunus (Jonas), Hud, Yussuf (José), Ibrahim (Abraão), Nuh (Noé) e Muhammad (p.e.c.e.).
No Alcorão, 5 profetas foram qualificados como fortes, pelo que suportaram da maldade de seus povos, e pelo que legaram de grandes feitos no campo da pregação. E eles estão citados neste versículo: «Recorda-te de quando instituímos o pacto com os Profetas: contigo, com Noé, com Abraão, com Moisés, com Jesus, filho de Maria, e obtivemos deles um solene compromisso». (Alcorão Sagrado, 33:7.)
Qual deve ser a postura do muçulmano, quanto àqueles Profetas cujos nomes não foram mencionados no Alcorão e que tenham vindo antes do Profeta Muhammad (p.e.c.e.)?
Caso ele tenha vindo antes do Profeta Muhammad (p.e.c.e,), nós nem afirmamos que tenha sido um Profeta, nem negamos. Porque, caso tenha sido realmente um Profeta, e nós negarmos, estaremos negando um pi-
lar da fé e, consequentemente, estaríamos saindo do Islame. Caso afirmássemos que ele tivesse sido um Profeta e ele não tivesse, estaríamos cometendo um pecado.
Por isso adotamos esta postura. E caso essa pessoa tenha vindo após o Profeta Muhammad (p.e.c.e.), afirmamos categoricamente que ele não é um Profeta, porque o último Profeta enviado para toda humanidade foi o Profeta Muhammad (p.e.c.e.).
Os Profetas são homens iluminados, escolhidos por Deus dentre o seu povo, para transmitirem a Sua Mensagem e servirem de exemplo e modelo de retidãoe para serem seguidos e imitados por nós.
Deus nos facilitou o caminho e evitou que o ser humano tivesse que adquirir este conhecimento através somente do seu esforço pessoal. «Realmente, tendes no Mensageiro de Deus um excelente exemplo para aqueles que esperam contemplar Deus, deparar-se com o Dia do Juízo Final, e invocam Deus frequentemente». (Alcorão Sagrado, 33:21). «Tivestes neles um excelente exemplo, de quem confia em Deus e no Dia do Juízo Final». (Alcorão Sagrado, 60:6).
Os Profetas não têm divindade alguma, pois esta pertence única e exclusivamente a Deus. «Os Seus Mensageiros retrucaram: Existe, acaso, alguma dúvida acerca de Deus, Criador dos céus e da terra? É Ele que vos convoca para perdoar-vos os pecados, e vos tolera até ao término prefixado! Responderam: Vós não sois senão uns mortais, como nós; quereis afastar-nos do que adoravam os nossos pais? Apresentai-nos, pois, uma autoridade evidente! Os Seus Mensageiros lhes asseveraram: Não somos mais do que mortais como vós; porém, Deus agracia quem Lhe apraz, dentre os Seus servos, e ser-nos-ia impossível apresentar-vos uma autoridade, a não ser com a anuência de Deus. Que os fiéis se encomendem a Deus!» (Alcorão Sagrado, 14:10-11).
M. Yiossuf Adamgy
Diretor da Revista Al Furqán.