quarta-feira, dezembro 24, 2014

Os Sahaba

Um Sahabi; é a pessoa que no estado de Iman "crença" viu ou esteve na presença do Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele), como no caso de Abdallah Ibn Ummi Maktum que era um cego; e faleceu nesse mesmo estado de Iman.

O Alcorão e o Hadiss estão repletos de testemunhos de que o Sahabas são virtuosos, e são os critérios da verdade. Eles são os mais ilustres no Islam. A dignidade e honra reservada a eles é tão grande que até Deus os escolheu para fazerem companhia ao Seu último Profeta e escutarem o Alcorão diretamente do Profeta Muhammad.

Foi também a firmeza dos Sahabas que ajudou a engrandecer o Islam, eles apoiaram o Profeta Muhammad nos momentos difíceis do Islam, sacrificaram as suas vidas para contentarem a Deus e o seu Mensageiro. A história não pode mostrar outro grupo de pessoas que se sacrificou tanto para glorificar o nome de Deus.

Há aproximadamente cem Ayats (versículos) no Alcorão que coloca o selo da santidade a elevada posição dos Sahabas.

Amor pelos Sahabas é um constituinte importante do Iman. Quem tem o mínimo de Iman nunca se atreverá ir contra os Sahabas.

O Profeta Muhammad disse:

‘’Que nenhum de vós fale mal dos meus Sahabas, pois se alguém de vós gastar (em caridade) ouro do tamanho da montanha de Uhud, jamais chegará a uma mão cheia de tâmaras gastas pelos Sahabas no caminho de Deus.’’

Deus diz no Alcorão que Ele está satisfeito com os Sahabas e os Sahabas estão satisfeitos com Ele. O Profeta Muhammad disse:

‘’Os meus companheiros são como os Astros, a qualquer um deles que seguirdes estareis bem encaminhados (guiados).’’

Eis aqui alguns Ayats relacionados com os Sahabas:

‘’Quanto aos primeiros muçulmanos, dentre os muhajirin e os ansar, que imitaram o glorioso exemplo daqueles, Deus se comprazerá com eles e eles se comprazerão n’Ele; e lhes destinou jardins, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente. Tal é o magnífico benefício.’’ (Alcorão Sagrado 9:100)

‘’Porém, o Mensageiro e os fiéis que com ele sacrificaram seus bens e pessoas obterão as melhores dádivas e serão bem-aventurados. Deus lhes destinou jardins, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente. Tal é a magnífica recompensa.’’ (Alcorão Sagrado 9:88 e 89)

Foi através dos Sahabas que o mundo aprendeu o Din, estabeleceu a verdadeira Chari’ah e obteve a Sunnah do Profeta Muhammad.

Pois, eles foram os primeiros narradores do Din trazido por Muhammad a humanidade.

Dentre os Sahabas os mais ilustres e célebres são os quatro Khulafá Rashidun (sucessores bem guiados); Abu Bakr, o primeiro Khalifa, seguido de Umar, o segundo Khalifa, depois o Uthman, o terceiro Khalifa e é ‘Ali, o quarto Khalifa.



Abu Bakr As-Siddiq
1º Khalifa

Após o falecimento do Profeta Muhammad os Ansar e Muhajirin Radiallahu Taala Anhum, juntaram-se num local chamado Saquifa Bani Sa'ad e unanimemente nomearam Abu Bakr, como o primeiro Khalifa dos muçulmanos, e todos, incluindo ‘Ali Bin Abi Talíb prestaram-lhe juramento de fidelidade. Isto porque reconheceram-no entre eles com o mais elevado grau de piedade, justiça e conhecimento do Din.

Era mais que lógico que todos aqueles Sahabas não se uniriam numa causa injusta e numa decisão errada, pois o Profeta Muhammad disse:

‘’O meu Ummah todo não pode unir-se na falsidade’’

Abu Bakr As-Siddiq, foi uma pessoa de grandes virtudes no Islam, mencionadas no Alcorão e nos Hadiss. Abu Bakr esteve junto com o Profeta Muhammad na caverna durante a emigração de Makkah para Madina, assim como consta no Alcorão:

‘’Se não o socorrerdes (o Profeta), Deus o socorrerá, como fez quando os incrédulos o desterraram. Quando estava na caverna com um companheiro(referencia a Abu Bakr), disse-lhe: Não te aflijas, porque Deus está conosco! Deus infundiu nele o Seu sossego, confortou-o com tropas celestiais que não poderíeis ver, rebaixando ao mínimo a palavra dos incrédulos, enaltecendo ao máximo a palavra de Deus, porque Deus é Poderoso, Prudentíssimo.’’ (Alcorão Sagrado 9:40)

O Profeta Muhammad disse que dentre todas as pessoas, se havia alguém a quem ele algo devia esse era o Abu Bakr, e se tivesse que tomar alguém por amigo íntimo (Khalil) fora de Deus tomaria Abu Bakr, pois ele era seu irmão de fé e companheiro.

Consta no Al Bukhari; que uma pessoa perguntou a Muhammad :

‘’Quem é o, mais querido para ti? O Profeta respondeu: Aisha (sua esposa). O homem retorquiu: E entre os homens? O Profeta respondeu.- O Pai dela (isto é, Abu Bakr). A seguir o homem perguntou: e depois quem é? O Profeta disse; Umar.’’

Consta no At-Tirmizi que Muhammad disse:

‘’Restituímos a todos, os favores que devíamos, exceto a Abu Bakr, cujos favores são tantos que só Deus é que lhe vai pagar.’’

Consta ainda no At-Tirmizi que o Profeta Muhammad disse a Abu Bakr:

‘’Tu estás salvo do fogo do inferno, tu foste o meu companheiro na caverna e serás também o meu companheiro no lago Al-Kauthar.’’

Em outro hadiss relatado por Abu Dawud, o Profeta Muhammad disse a Abu Bakr:

‘’Ó Abu Bakr! Do meu Ummah tu serás o primeiro a entrar no Jannah"Paraíso".’’

At-Tirmizi relata que o Muhammad disse:

''Todos os Profetas tiveram dois wazires (ministros) no céu e dois na terra, os meus dois no céu são os anjos (Jibrail é Mikail), e aqui na terra são Abu Bakr e Umar.''

O Profeta Muhammad durante a sua vida já havia dado indicações diretas ou indiretamente de que o seu sucessor seria Abu Bakr, como foi o caso de o escolher para ser o Imam.

Uma senhora foi pedir algo ao Profeta Muhammad que aceitou, mas disse-lhe para ali voltar mais tarde e a senhora perguntou: E se eu não te encontrar? O Profeta Muhammad disse: ‘’Se não me encontrares vais ter com Abu Bakr.’’

At-Tirmizi relata, que o Profeta Muhammad disse:

‘’Segui o caminho daqueles que virão depois de mim; Abu Bakr e Umar.’’

Abu Bakr foi o primeiro homem a aceitar o Islam, foi sempre firme e fiel ao lado do Profeta Muhammad suportou torturas e todo o tipo de perseguições, esteve, sempre presente na companhia de Muhammad em todas as batalhas.

Numa das ocasiões entregou toda a sua riqueza, não deixando absolutamente nada em casa, para a causa de Deus. O Profeta Muhammad costumava consultá-lo, em todos os assuntos importantes era conhecido como o seu Ministro.

Consta no Al Bukhari que ‘Ali disse uma vez que depois do Profeta Muhammad ; Abu Bakr é o melhor entre todos eles. A seguir era Umar, e depois de Umar era uma outra pessoa. Então o filho de Ali chamado Muhammad ibn Hanifa ali presente disse: Ó pai a seguir és tu! ‘Ali respondeu: Eu sou uma entre essas pessoas.

Foi na base das grandes virtudes que o caracterizavam que os Muçulmanos o reconheceram entre todos os Sahabas o mais qualificado para esse cargo e o escolheram para sucessor e Khalifa do Profeta Muhammad . O Califado de Abu Bakr durou dois anos, três meses e nove dias, faleceu entre Maghrib e o Isha com 63 anos, no dia 17 de jamadil-Akhar, ano 17 depois da Hégira, está sepultado ao lado do Profeta Muhammad , na cidade de Madina.

Umar Ibn Khattab
2º Khalifa

Depois da morte de Abu Bakr, Umar Ibn Kattab foi nomeado unanimemente pelos Muhajirin e Ansar (todos muçulmanos) como segundo Khalifa por sugestão de Abu Bakr.

Umar, um homem de muita fibra foi companheiro do Profeta Muhammad , e era possuidor de grandes virtudes.

O Profeta Muhammad ; diz a respeito dele em um hadiss relatado por Abu Dawud:

‘’Deus colocou a verdade na língua de Umar.’’

Em outro Hadiss relatado por At-Tirmizi disse:

‘’Se houvesse outro Profeta depois de mim esse seria Umar.’’

E disse:

‘’Houve pessoas inspiradas dentre as comunidades que estavam antes de vós, e se há algum desses entre vós, esse é Umar Ibn Al-Khattab.’’ (Relatado por Al-Bukhári, Muslim).

O Profeta Muhammad disse a Umar:

‘’Ó Umar se tu estiveres a andar num caminho e Shaitan estiver também nesse mesmo caminho, ele preferirá mudar para outro caminho. (É o reconhecimento da sua firmeza).’’

O Profeta Muhammad diz em um hadiss (relatado por Al-Bukhari e Muslim) que enquanto ele dormia trouxeram-lhe uma chávena de leite, ele bebeu-a e, depois de estar satisfeito deu o resto a Umar. Perguntaram-lhe qual era a interpretação disso? Muhammad disse:

‘’É o 'Ilm, (sabedoria).’’

Isto é, Muhammad absorveu todo ilm que podia e o que restou passou para Umar. (Era reconhecimento do seu 'Ilm).

Antes de Umar tornar-se muçulmano o Profeta Muhammad tinha feito o seguinte duá:

‘’Ó Deus fortifica o Islam com um dos dois Umar’’

Que eram; Umar Ibn Al-Hakam conhecido por Abu Jahal e Umar Ibn Al-Khattab.

Deus aceitou o pedido do Profeta Muhammad a favor de Umar Ibn Al-Khattab.

De fato o Islam tornou-se bem forte após a entrada de Umar Ibn Al-Khattab. Foi durante o Califado de Umar que o Islamismo se expandiu a 36 mil cidades que entraram sob o controle de Islam na Ásia Central, Norte da África, etc.

Isto é mais uma evidência do reforço e contribuição na expansão do Islam durante a sua era, prognosticado pelo Profeta Muhammad .

Umar faleceu com 63 anos no dia um 1 de Muharram no ano 24 depois de Hégira, o seu Califado durou 10 anos, 6 meses e 5 dias. Foi enterrado ao lado do Profeta Muhammad , na cidade de Madina.

Usman Ibn Affan
3º Califa

Quando o majussi (adorador do fogo) escravo, de Al-Mughira Ibn Shoba chamado Abu Lulu, feriu mortalmente a Umar durante a oração Al-Fajr, e os Sahabas viram que a situação de Umar era crítica, só viveu 3 dias depois deste incidente, disseram-lhe para nomear um Khalifa.

Umar escolheu seis pessoas e disse que o Khalifa teria de ser escolhido entre aqueles seis. Disse-lhes ainda que poderiam tomar o seu filho Abdallah Ibn Umar como conselheiro, mas não designá-lo como Khalifa.E por motivos de segurança disse a Miqdad Al-Aswad:

Essa gente vai provavelmente juntar-se na casa de alguém, tu, deves guardá-la com uma espada nua. Não deixes ninguém além deles entrar na casa. Se eles não chegarem a uma conclusão no primeiro dia, continuarão a reunir-se no segundo dia, e tu deverás continuar a guardá-la no dia seguinte. Se eles não chegarem a uma conclusão no segundo dia, continuarão a sua reunião no terceiro dia e tu deverás continuar a guardá-la, e dizer-lhes que eles não terão permissão de abandonar a casa enquanto não for nomeado um Khalifa entre os seis, que eram, Uthman, ‘Ali, Abdurrahman Bin Auf, Talha, Zubair e Sa'ad Bin Waqqas.

E assim sucedeu, os seis Sahabas escolhidos juntaram-se em uma casa e a decisão final só apareceu no terceiro dia, e foi nomeado Uthman como o terceiro Khalifa, e unanimemente todos lhe prestaram o juramento de fidelidade.

Usman foi companheiro do Profeta Muhammad disse:

‘’E os anjos demonstraram a modéstia a Usman, porque então, eu não a demonstrarei a ele?’’ (Muslim).

Muhammad disse:

‘’Cada Profeta terá um amigo no Jannah e o meu será Usman.’’ (Tirmizi).

Uthman tinha o título de Zin-Nurain o possuidor de duas luzes, isto porque se casou, com duas das filhas do Profeta Muhammad ; Rukaia e Umm Kulsum, uma após outra.

Uma vez o Profeta Muhammad subiu a montanha de Uhud juntamente com Abu Bakr, Umar e Usman, e a montanha começou a tremer, então o Profeta Muhammad falando para a montanha; disse:

‘’Tem calma, pois hoje está por cima de ti um Profeta, um Siddiq (verdadeiro) e dois mártires (Shahid).''

A seqüência dos nomes mencionados neste hadiss também indica a seqüência dos seus graus.

O Califado de Uthman durou doze anos aproximadamente, Uthman martirizou-se no dia 18 de Zul-Hijja ano 35 depois de Hégira, foi sepultado no Jannatul Baqui.

'Ali Ibn Abu Tallib
4º Califa

Depois de martírio de Usman; 'Ali, primo e genro do Profeta Muhammad foi nomeado como Califa. 'Ali também foi pessoa com grandes virtudes, e a seu respeito o Profeta Muhammad disse:

‘’Eu sou a cidade de Prudência e 'Ali a sua porta.’’ (At-Tirmizi).

O Profeta Muhammad disse-lhe:

‘’ Tu és para mim como o Harun (Aarão) foi para Mussa (Moisés), a diferença é que não haverá outro Profeta depois de mim.’’ (Al-Bukhari e Muslim).

E disse:

‘’Aquele que é crente de certo que vai amar 'Ali e aquele que é hipócrita vai odiá-lo.’’ (Muslim, Ahmad e Tirmizi).

O Profeta Muhammad disse:

‘’Quem abusa de 'Ali está a abusar de mim.’’ (Narrado por Ahmad).

Durante a emigração o Profeta Muhammad escolheu o seu melhor amigo (Abu Bakr) para lhe acompanhar e também escolheu 'Ali para uma importante missão de grande risco de ocupar a sua cama, na casa do Profeta Muhammad e finalmente devolver os depósitos aos donos.

O Califado de ‘Ali durou cinco anos aproximadamente martirizou-se no dia 18 de Ramadan, ano 40 após Hégira, foi sepultado em Najaf, perto de Kufa no Iraque.

Depois do martírio de ‘Ali, os Muhajirin, e Ansar nomearam a Hassan seu filho como Califa, este governou apenas seis meses e tendo a seguir entregue o poder a Muawiya.

Depois dos Khulafa Rashidun distinguem-se os Ashara Mubashara Bil Jannah; que são os dez Sahabas a quem o Profeta Muhammad lhes anunciou aqui neste Mundo a boa nova da sua entrada no Jannah (Paraíso) por causa do grande sacrifício que eles fizeram para o engrandecimento do Islam. Eis aqui os seus nomes incluindo os quatro Califas:

ABU BAKR ASSIDIQ;

UMAR IBN AL-KHATTAB;

UTHMAN IBN AFFAN;

ALI IBN ABI TALLIB;

TALHA;

ZUBAIR;

ABDARRAHMAN IBN AUF;

SAA'D IBN ABI WAQA'S;

SAID IBN ZAID;

ABU UBAIDAH IBN AL JARRAH.

Além destes há outros mais a quem o Profeta Muhammad deu as boas novas da entrada no Jannah, que é o caso da sua filha Fátima, a respeito dela o Profeta Muhammad disse; que ela será líder das mulheres no Jannat, e de seus netos Hassan e Hussain que serão os líderes dos jovens no Jannah (At-Tirmizi).

Da mesma forma tiveram o privilegio de receberem a boa nova da entrada no Paraíso; Aisha, Hamza, Abbas, Salman, Suhail e Ammár Bin Yassir.

Depois dos Ashara Mubashara, vem o grau dos que participaram na batalha de Badr, a seguir são os que participaram na batalha de Uhud, e depois são os que participaram no Baiat Ar-Ridwan, a respeito dos quais Deus disse:

‘’Deus Se congratulou com os fiéis, que te juraram fidelidade, debaixo da árvore. Bem sabia quanto encerravam os seus corações e, por isso infundiu-lhes o sossego e os recompensou com um triunfo imediato.’’ (Alcorão Sagrado 48:18)

E assim sucessivamente consoante o trabalho que cada um prestou para o engrandecimento do Islam; Deus diz a seu favor.

‘’Quanto aos fiéis que migraram e combateram pela causa de Deus, assim como aqueles que os apararam e os secundaram – estes são os verdadeiros fiéis – obterão indulgência e magnífico sustento.’’ (Alcorão Sagrado 8:74)

‘’Muhammad é o Mensageiro de Deus, e aqueles que estão com ele são severos para com os incrédulos, porém compassivos entre si. Vê-los-ás genuflexos, prostrados, anelando a graça de Deus e a Sua complacência. Seus rostos estarão marcados com os traços da prostração.’’ (Alcorão Sagrado 48:29)

AMINUDDIN MUHAMMAD
(A FÉ E A CRENÇA MUÇULMANA)

Fonte: http://www.islamemlinha.com/index.php/artigos/os-companheiros-do-profeta/item/os-sahaba

sexta-feira, dezembro 19, 2014

Jesus (paz esteja com ele): A sua Mensagem e a sua próxima vinda. O anúncio de Muhammad (paz esteja com ele). O Anticristo.

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Jesus (p.e.c.e.), nomeado no Alcorão como Issa ibn Maryam, Issa filho de Maryam, o Messias, a Palavra de Deus e o Seu Espírito.

A apresentação de Jesus (a.s.), o Verbo encarnado de Deus, um tanto diferente no Sagrado Alcorão, não é um desejo de confronto com os nossos irmãos cristãos; mas uma forma de clarificar o que o Islão diz a esse respeito, apesar das diferenças.

Segundo o Sagrado Alcorão — última Escritura Divina — Deus concedeu a Jesus milagres que apoiavam a veracidade da sua pregação. E curava os enfermos graves, leprosos e paralíticos, com o poder que provinha de Deus e, inclusivamente, ressuscitava mortos; pediu que descesse do Céu uma mesa servida para ele e para os seus discípulos, para convencer os cépticos. Falou no berço defendendo a sua mãe Maria das acusações falsas de infidelidade; e predicou o Evangelho (Palavras de Deus, através de Jesus). Mas apesar desses prodígios não acreditavam nele. Alguns divinizavam-no pelo seu nascimento sem pai e esqueciam-se do nascimento de Adão, sem mãe nem pai, que Deus criou dizendo: “Sê”, e foi; e da criação de Eva, que nasceu, também, sem mãe nem pai…

Aceitar Issa (a.s.) – Jesus – é uma parte importante da fé Islâmica. A fé nele é indispensável. Quem não o aceita como mensageiro de Deus, não pode aceitar Muhammad (s.a.w.), e quem crê verdadeiramente nele não pode deixar de crer em Muhammad.

E Jesus (p.e.c.e.) anunciou que Muhammad (p.e.c.e.) viria depois dele: 

«E de quando Jesus, filho de Maria, disse: Ó Filhos de Israel! Na verdade, sou o mensageiro de Deus, enviado a vós(1), corroborante(2) de tudo quanto a Tora antecipou no tocante às predições, e alvissa-reiro de um mensageiro que virá depois de mim, cujo nome será Ahmad».(3) - (Alcorão, 61:6).

“Se me amais, observareis os meus mandamentos. Eu regressarei ao Pai e ele dar-vos-á outro conso-lador”. - (Bíblia, João 14,15-16).

Esta palavra tem nomes diferentes em distintas Bíblias, (Espírito da Verdade, Defensor, Advogado, Consolador, Confortador, etc. Mas na versão Grega era Parakleitos, cuja tradução para o árabe é Ahmad ou Muhammad.

Mais adiante disse: “O que não me ama, não guarda os meus ensinamentos; e a doutrina que escutais não é minha, mas de quem me enviou. Tenho-vos dito estas coisas estando convosco, mas o Parakleitos, que o “Pai” enviará em meu nome, ele ensinar-vos-á tudo e recordar-vos-á tudo quanto vos tenho dito”. - (Bíblia, João 14, 24-26).

Definitivamente esse Enviado é Muhammad (p.e.c.e.) e é fácil dar-se conta da semelhança da Mensagem do Alcorão, com a Mensagem original de Jesus (p.e.c.e.), isto é com o Cristianismo primitivo. Esta semelhança é inclusivamente maior que com o cristianismo atual, que segue mais os ensinamentos de Paulo, que de Jesus. 

No Islão, recorda-se repetidamente Jesus e a sua Santa Mãe, Maria. Encontramos no Sagrado Alcorão, uma Sura exclusiva dedicada a Maria, e que leva o seu nome, onde se relata o nascimento de Jesus (p.e.c.e.). Encontramos também a Terceira Sura do Livro Sagrado que leva o nome de “A Família de ‘Imrán” (Joaquim) que era o pai da Virgem Maria. A Quinta Sura denomina-se “A Mesa Servida”, na qual se relata a descida da ceia dos céus para Issa (Jesus) e seus companheiros. Deus nomeia no Sagrado Alcorão vinte e cinco vezes Jesus; e a Maria, trinta e quatro vezes. A fé dos muçulmanos em Jesus (p.e.c.e.) é a mesma que nele tinham os discípulos.

Os evangelhos antigos calcula-se que foram mais de trezentos, entre eles o de Barnabé e o de Tomás, dos quais se encontram algumas cópias em importantes Museus europeus; vários desses Evangelhos declaram que Jesus não é Deus, nem Seu filho de natureza divina, mas somente o Verbo encarnado de Deus, criado por Deus de uma maneira diferente.

Quanto ao sentido do termo "espírito de Deus", significa que quando foi concebido na sua mãe pela palavra divina “kun” (sê) infundiu-lhe com esta palavra o seu espírito humano por intervenção direta. 

As autoridades romanas que governavam Jerusalém viram em Jesus um perigo que ameaçava o seu despotismo e idolatria. Os sacerdotes do Tempo, também confabularam. Os romanos ordenaram que fosse crucificado, mas segundo o Alcorão, Jesus (p.e.c.e.) foi salvo e ascendeu aos céus por graça de Deus, e a sua crucificação não foi realizada.

Existem numerosos Ahadith do Profeta Muhammad (p.e.c.e) que confirmam a veracidade do retorno de Jesus à Terra, nos últimos tempos, para predicar o Tawhid (a Unicidade de Deus) e administrar a justiça. Disse, por exemplo, o Profeta (s.a.w.): “Quando Deus enviar Jesus, filho de Maria, este descenderá junto a um minarete branco a este de Damasco, com duas capas amarelas, apoiadas as suas mãos sobre as asas de dois Anjos". Também disse: “Eu sou o mais próximo de Jesus, filho de Maria, pois não existiu Profeta entre ele e eu. Ele descenderá fisicamente e ao vê-lo reconhecê-lo-eis: é homem de tamanho médio, e rosado”.

Jesus (p.e.c.e.) elevou-se com corpo e alma, com seres de luz (Anjos) e voltará fisicamente à Terra, tal como se elevou. A não morte de Jesus na Cruz não diminui em nada a sua grandeza nem a Omnipotência de Deus. Para o Islão não é necessária a sua morte porque não aceitamos que com ela limpou os nossos pecados. Nós continuamos a ser responsáveis pelos nossos atos; e a aceitação de Jesus e da sua Mensagem é o ensinamento e o caminho para chegar ao céu, cumprindo com os seus mandatos; não é uma salvação automática com unicamente crer nele, pois isso é extremamente prazenteiro e fácil ao extremo, mas contradiz o princípio Alcorânico e inclusivamente o mandato Bíblico: que a fé sem obras, não vale nada.

Jesus é grande, mas Deus é todavia Maior. Jesus reconhece-o ao dizer, Elohi Akbar, que significa: Que Deus é o Maior e que em árabe os muçulmanos dizem Allahu Akbar e que foi traduzido pelos gregos, como “Meu Pai é maior que eu”. (João 14: 28).

O Anticristo

Finalmente é bom clarificar, que quando Jesus (p.e.-c.e.) descer, estará a reinar o Anticristo, que gozará de poder, bons carros, relógios de ouro, joias, diamantes e prosperidade e que dirá que é Jesus Cristo e por conseguinte Deus e fará milagres e pedirá que o adorem. O verdadeiro Jesus (p.e.c.e.) descerá no Médio Oriente, da mesma forma como se foi e será humilde e dirá que tão só é um enviado de Deus, Seu Servo e Mensageiro.

Se se ensina que Deus ama o ouro, o dinheiro e a prosperidade, a quem seguireis? 

Se a fortuna é exibida e usada pelos dirigentes, a quem vos parecereis? Ao Cristo do burro ou ao “Cristo” de relógio de ouro e bens em abundância? 

Ao que diz que é Deus e ostenta riquezas? Ou ao humilde, que virá como se foi? 

Ao ostentoso que dirá que é Deus e pedirá que se o adore? Ou ao humilde que dirá a Deus que “não se faça a minha vontade mas a Tua” e que não pedirá que se o adore, mas que se adore o Altíssimo, com a mesma Oração, que Ele nos ensinou antes?

Deus nosso que estás nos céus / Santificado seja o Teu nome/ Venha a nós o Teu reino/ faça-se Senhor a Tua vontade/ assim na Terra/ como nos Céus./ O pão nosso de cada dia/ nos dai hoje/ e perdoa as nossas ofensas/ Como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido/ e não nos deixais cair em tentação/ mas livrai-nos de todo o mal./ Ámen”.

Os muçulmanos seguirão o humilde. O enviado de Deus. O Messias, Jesus, filho de Maria, a paz de Deus esteja com ele e com a sua mãe.

No Capítulo 2, versículo 4 do Alcorão estabelece-se que os muçulmanos devem crer, não só no Alcorão (a Revelação proveniente de Deus, dada ao Profeta Muhammad (s.a.w.), mas também nas Revelações anteriores. Dessa forma, a Tora de Moisés, os Salmos de David e o Evangelho de Cristo, são entre outras, também Revelações provenientes de Deus, nas quais, nós muçulmanos devemos crer. Isto é assim, uma demostração de amplitude e ecumenismo espetacular.

O capítulo 3:84 do Sagrado Alcorão, também, do mesmo modo explica: “Dize: Cremos em Allah e no que foi revelado, e o que foi revelado a Abraão e a Ismael, e a Isaac e a Jacob e às Tribos; e aquilo que foi dado a Moisés e Jesus e aos Profetas do teu Senhor; não fazemos distinção entre nenhum deles e só a Deus nos submetemos”.

Lemos também no Sagrado Alcorão: «Ó adeptos do Livro! (Cristãos e Judeus). Vinde, para chegarmos a um termo comum, entre nós e vós: Comprometamo-nos, formalmente, a não adorar senão a Deus, a não Lhe atribuir parceiros e a não nos tomarmos uns aos outros por senhores, em vez de Deus”». – (3:64).

Possivelmente é este o chamamento mais antigo que pode encontrar-se, num Texto Sagrado, ao diálogo inter-religioso. Um chamamento a pôr-se de acordo para evitar disputas e conflitos e para unir forças na crença num mesmo e ÚNICO Deus.

Há dirigentes religiosos, de religiões cristãs não católicas, que recusam o ecumenismo e buscam o confronto, atacando descaradamente outras doutrinas. Pedimos ao único Deus de tudo, de todos e de todas, que os perdoe e ilumine e os afaste do erro.

O Sagrado Alcorão — a Última Escritura Divina — cujo texto original em língua árabe, tal como foi revelado ao longo dos 23 anos pelo Arcanjo Gabriel ao Profeta Muhammad (paz esteja com ele), foi memorizado e escrito pelos seus companheiros e seguidores, é um chamamento contínuo à unidade dos crentes: Innamál mumínuna íkhwa. “Certamente, os crentes são irmãos”. 

“Na verdade, aqueles que creem, e os judeus, e os cristãos, e os sabeus, enfim todos os que creem em Deus, no Dia do Juízo Final, e praticam o bem, receberão a sua recompensa do seu Senhor e não serão presas do temor, nem se entristecerão.” – (Alcorão, 2:62). 

Há que clarificar que os milhões de cristãos de língua árabe não conhecem outra palavra para nomear a Deus, senão “Allah”! Allah não é assim o Deus dos muçulmanos. É Ele mesmo o único Deus de todos e todas e é um termo semita usado em árabe e também (com algumas diferenças fonéticas vocálicas) em hebreu e aramaico, para indicar o nome do Uno e Único Deus.

Fora disso, o Islão não oferece a salvação automática só por crer; já que a fé sem obras não vale nada. No entanto, oferece um caminho real e autêntico para atuar corretamente, com um prêmio real para esta vida e para o Além. Dessa forma a oferta é sincera e cheia de verdade.

De que serve oferecer algo que encha de prazer e alegria mundana, para logo nos darmos conta – quando for demasiado tarde – que eram falsas esperanças? Vemo-lo nas grandes ofertas de ganancias econômicas inesperadas. Muita gente prefere-as às oportunidades razoáveis; para dar conta a posteriori, que foram enganados. Ao menos nesta vida algo se pode fazer; mas na Outra, se nos equivocamos, estaremos perdidos.

Este (Alcorão) não é mais do que uma Mensagem para o Universo. E, certamente, logo tereis conhe-cimento da sua veracidade.” (Alcorão, 38: 87-88).

Walaikum as-Salam wa Rahmatullahi, wa Barakatuhu. “E que a Paz de Deus, a sua Misericórdia e as suas Bênçãos se derramem sobre toda a Humanidade” Ámen.

(1) - A missão de Jesus era para o seu próprio povo, os judeus. Ver Mateus 10:5-6 e Mateus 15:24. "Não fui enviado, senão às ovelhas desgarradas da Casa de Israel". Ver também Mateus 15:26: "Não é dado tomar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos".

(2) - Comparar com Mateus 5:17: "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cum-prir."

(3) - "Ahmad" ou "Muhammad", o louvado, é quase a tradução da palavra grega Paracleto. No Evangelho de João 14:16, 15:26 e 16:7, a palavra "Consolador", na versão portuguesa, refere-se a Paracleto, que significa "Intercessor", "alguém chamado em auxílio de outro, um amigo generoso"; é melhor do que "Consolador". Os nossos doutos afirmam que Paracleto é uma corruptela de Periclytos, e que no dito original de Jesus havia uma profecia sobre um Profeta, chamado Ahmad. Mesmo se lermos Paraclete, isto poderia ser aplicado ao Profeta Muhammad, que foi "uma misericórdia para a humanidade" (Alcorão, 21:107).▀


Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 18/12/2014.

quinta-feira, dezembro 18, 2014

ZAKAT, SADAQA E O TRABALHO – 9ª. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) 

Para além das contribuições monetárias e materiais, são também consideradas e recompensadas outras formas de caridade (Sadaqa). “O valor gasto pelo chefe da família aos seus dependentes, é também uma Sadaqa”. Abdullah Ibn Amr al Aas (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “O maior pecado é o cometido por um homem que esbanja o que seria o sustento daqueles que se encontram sob seus cuidados”. Abu Daud. Cada um dos membros do nosso corpo, é também “chamado” para a prática de Sadaka,

como é explicado no seguinte hadice transmitido por Abu Huraira (Radiyalahu anhu): O Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Em todos os dias da vida de um ser humano, existe uma obrigação para cada uma das suas articulações para darem Sadaqa (contribuição voluntária) – como um sinal de agradecimento a Deus; Estabelecer a justiça entre duas pessoas, é uma caridade; ajudar uma pessoa a subir a sua montaria (o seu meio de transporte), ajuda-lo com a sua carga, é também uma caridade; a boa palavra é uma caridade; e cada passo que der em direção à oração é uma caridade; e retirar um obstáculo do caminho (para facilitar a circulação) é também uma caridade”. Bukhari 52:232. 

SADACATUL FITR - ZAKATUL FITR

Outra forma do Zakat, é a que conhecemos como “Fitra”, “Sadacatul Fitr” ou “Zacatul Fitr”. É uma excelente forma que o Sharia determinou para suprir as necessidades alimentares dos crentes desfavorecidos no dia de festa do final do mês de Ramadan – o Idul Fitr. Permite assim os carenciados passarem com alguma dignidade o referido dia. O Fitra é uma contribuição obrigatória para todos os muçulmanos financeiramente capazes e o responsável pelo agregado familiar, deve responsabilizar-se pelos seus dependentes. O valor é entregue antes da oração do Idul Fitr, de modo que todos possam também preparar-se para os festejos. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu: “ Tornai-os auto-suficientes nesse dia”. Al- Baihaqui.

Se distribuirmos o Fitra em gêneros alimentícios, os mesmos deverão ser de boa qualidade, aqueles que poderiam ser consumidos por nós. “Ó crentes, contribuí com o que do melhor que tiverdes adquirido, assim como com o que vos temos feito brotar da terra e não escolhais o pior para fazerdes caridade, sendo que vós não o aceitaríeis para vós mesmos, a não ser com os olhos fechados. Sabei que Allah é, por Si, Opulento, Laudabilíssimo”. Cur’ane 2:267. Porque não contribuir generosamente para que uma ou mais famílias necessitadas tenham um dia de festa com alegria? No caso da entrega do Fitra ser efetuada depois da oração, constituirá uma simples sadaqa (esmola). Os destinatários do Zakatul Fitr” são todos os muçulmanos necessitados susceptíveis de receber o Zakat. Não se pode dar aos familiares ascendentes e descendentes, porque para esses é responsabilidade da pessoa para os sustentar.

AS CONSEQUÊNCIAS DE NÃO PAGAR O ZAKAT

Ibn Abbas (Radiyalahu an-hu) narrou: “O Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) disse. “Se um filho de Adão tivesse um vale de ouro, teria desejado ter dois vales; porém (na sua morte), nada lhe encherá a boca, excepto a areia. Ainda assim, Deus perdoará a todo aquele que se arrepender.” (Bukhari e Muslim).

Alguns muçulmanos não pagam o Zakat, apesar de serem possuidores de riqueza (mesmo sendo pouca, seria muito para os necessitados). Outros sabem que têm de contribuir para este importante pilar mas vão protelando, por preguiça de fazer as contas ou de desmobilizar poupanças. Assim o tempo vai passando e quando se recordam voltam outra a vez a prometerem a eles próprios, que têm de tratar do assunto. E o tempo vai passado até que a morte os surpreende.

Protelar o pagamento do Zakat (obrigatório) e da contribuição da Sadaqa (facultativa) para quando formos mais idosos, é uma cilada que montamos para nós próprios. Ninguém sabe quantos dias, meses ou anos ainda vai viver. Mas o prazer da vida, leva-nos a não pensar naquilo que é mais certo. Toda a alma experimentará o sabor da morte. Abu Huraira referiu que foi perguntado ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), qual a Sadaqa mais recompensável, ao que ele respondeu: “É quando ofereces Sadaqa enquanto estás saudável, tendo ambição da riqueza, receando a pobreza e tendo um grande desejo de  se tornar rico. Não demores (de assim o fazer) até ao aproximar do tempo da morte, quando dirás: “dêem a fulano e ao fulano, quando isso já é pertença de fulano e fulano (e para isso já é tarde demais). Bhukari 24:500.

In Sha Allah, Se Deus quiser, o tema continuará no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

18/12/2014

quinta-feira, dezembro 11, 2014

A árvore de Natal Mas será isso, porventura, um costume cristão? Autor: Dr. Armando Bukele Kattan - Fonte: webislam / aclarandoconceptos Versão portuguesa: M. Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Estamos no Natal e muitos cristãos iluminaram árvores, nas suas casas, escritórios e nos sítios públicos.  Mas, será isso, porventura, um costume cristão?

Definitivamente não. Tem as suas origens na antiga crença germânica, de que uma árvore gigantesca sustinha o mundo e que nos seus ramos estavam sustidas as estrelas, a lua e o sol (o que poderia explicar o costume de pôr nas árvores, luzes). Fora isso, os druidas, sacerdotes celtas originários primitivamente do sudoeste da Alemanha (ainda que logo se expandiram por quase toda a velha Europa, ficando finalmente confinados à Irlanda), consideravam que os deuses habitavam nas árvores, nas quais se tocava com as mãos para pedir favores; daí o costume de “tocar na madeira para impedir um mau presságio”.

A maioria dos povos da Alemanha (visigodos, germanos, celtas e saxões) tinham também o costume, de quando no Inverno as árvores perdiam as suas folhas, “vestiam as árvores” geralmente com maçãs ou pedras pintadas para pedir que regressassem rapidamente os espíritos bons que habitavam nas árvores.

Em algumas casas nos países nórdicos, durante o Inverno, cortavam-se alguns ramos e decoravam-se com pão, adornos chamativos e frutas, para pôr um pouco de cor nas casas enquanto decorria o gélido Inverno.

Por outro lado, ainda que não se saiba o dia exato do nascimento de Jesus (paz esteja com ele), muitos consideram-no na Primavera, no mês de Nisan, nosso atual Abril, quando os campos reverdeciam na Palestina e os pastores poderiam estar com as suas ovelhas em campo aberto.

No entanto, a meados do século IV, o Papa Júlio I, estabeleceu a data de 25 de Dezembro, dia próximo a muitas festas do solstício de Inverno e início das festas romanas, os bacanais, que duravam 1 semana e terminavam a 31 de Dezembro, que era o fim do calendário solar romano e o 1o de Janeiro que era o primeiro dia do Novo Ano. Dessa forma, transladou-se ao Inverno do norte da Europa cristã, a celebração mais importante da Cristandade.

O costume da “árvore do Inverno” incorporou-se assim à celebração do Natal. Conta-se que um missionário inglês na Alemanha, compreendendo que era impossível erradicar de raiz essa tradição pagã, adotou-a dando-lhe um sentido cristão, fazendo com que a árvore adornada fosse também um símbolo do nascimento de Cristo.

Os primeiros documentos que falam de colocar árvores de abeto ou de pinho nas casas são do século XVII na região de Alsácia.

Nos países nórdicos, por essa mesma data, começavam-se a reunir as famílias em torno de uma árvore de Natal. No dia 24 de Dezembro as crianças eram levadas a passear de dia no campo, enquanto os adultos colocavam e decoravam com doces ou adornos a árvore; no seu regresso, as crianças eram surpreendidas com a árvore e os presentes e assim tinha início a celebração da festa de Natal. Em 1750, em Bohemia, incorporam-se as bolas de cristal. Quando a Rainha Vitória de Inglaterra, para celebrar o Natal, faz colocar uma árvore, no palácio de Corandolo, com velinhas que fazem reluzir uma série de belos e finos adornos, o cosume da árvore de Natal torna-se moda.

A aparição do Papai Noel, também chamado Santa Claus, Sinterklaas ou Pére Noel, segundo o país, assim como a tradição da árvore natalícia ou a representação do presépio, são costumes básicos e permanentes, durante a celebração do Natal Cristão, bem como a partilha de presentes às crianças e a troca de lembranças com os adultos. (Em Espanha, no entanto, os presentes partilham-se no dia dos Reis Magos, a 6 de Janeiro).Se bem que a simbologia do Natal – árvore de natal inclusivamente – não tem uma origem cristã; nem a data de nascimento do menino Jesus, é cronologicamente correta; é lícito e conveniente, celebrar o Natal, partilhando a alegria e a meditação sobre esta data tão memorável... Não podemos isolar-nos de uma identidade comum e uma civilização partilhada, imersa nas tradições do nosso povo, do qual todos fazemos parte...

Em 25 países de maioria muçulmana considera-se festa nacional o Natal Católico (25 de Dezembro) ou o Natal Cristão Ortodoxo (6 de Janeiro). Veja o que diz o Alcorão a respeito do nascimento de Jesus AS «Explicou-lhe (o anjo Gabriel): Sou tão somente o mensageiro do teu Senhor, para agraciar-te com um filho imaculado.

Disse-lhe: Como poderei ter um filho, se nenhum homem me tocou e jamais deixei de ser casta?Disse-lhe: Assim será, porque o teu Senhor disse: Isso Me é fácil! E faremos disso um sinal para os homens, e será uma prova de Nossa misericórdia. E foi uma ordem inexorável.

E quando concebeu, retirou-se, com um rebento a um lugar afastado.

As dores do parto a constrangeram a refugiar-se junto a uma tamareira. Disse: Oxalá eu tivesse morrido antes disto, ficando completamente esquecida.

Porém, chamou-a uma voz, junto a ela: Não te atormentes, porque o teu Senhor fez correr um riacho a teus pés!

E sacode o tronco da tamareira, de onde cairão sobre ti tâmaras maduras e frescas. Come, pois, bebe e consola-te; e se vires algum humano, faze-o saber que fizeste um voto de jejum ao Clemente, e que hoje não poderás falar com pessoa alguma». — Alcorão, 19:19-26.

Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 11/12/2014.