terça-feira, agosto 21, 2012

CONCEITO DE SADAQATUL-FITR

Bismillah!

[Extraído do livro “Zakát - O Terceiro Pilar do Isslam”, da autoria do Sheikh Aminuddin Muhammad]

A instituição do Zakát no Isslam é caracterizada pelo princípio de solidariedade social, e encontra a sua maior expressão no Zakátul-Fitr, que nos termos do Shari’ah é conhecido por Fitr ou Sadaqatul-Fitr. O Sadaqatul-Fitr é Wájib para todo o muçulmano monetariamente capaz, pois o profeta Muhammad (S) antes do dia de Idul-Fitr durante os Khutbas ordenava o cumprimento desta obrigação.

O Sadaqatul-fitr foi instituído no II ano de Hijra, quando foi instituído o Jejum de Ramadhán, e quando foi celebrado o primeiro Idul-Fitr em Madina. O objectivo principal do Sadaqatul-Fitr, assim como consta no Hadice narrado por Abu Dawud, é a purificação do jejuador de qualquer pecado ou futilidade que tenha cometido, e também alimentar o pobre, assegurando assim que todo o muçulmano passe condignamente este dia solene em que terminou com êxito o jejum do mês de Ramadhán, e assim partilhar a satisfação e a felicidade com todo o crente.

Consta de um Hadice narrado por Umar (R) em que o Profeta (S) instituiu o Zakátul-Fitr e disse: “Tornai-os auto-suficiente neste dia (Ide)” [Baihaqui e Ad-Dár Al-Qutni].

E no relato de Baihaqui consta: “Satisfaçam-lhes as necessidades (tornai-os auto-suficiente) para que não mendiguem neste dia”. À semelhança do Zakát, o Sadaqatul-Fitr também é uma rígida obrigação para todo o crente - homem ou mulher, incluindo o menor e o insano – desde que tenha capacidade financeira para tal.

PERÍODO PARA O PAGAMENTO DO FITR

O Profeta (S) ordenou que o Zakátul-Fitr fosse entregue antes das pessoas realizarem o Salátul-Ide [Bukhari]. O Sadaqatul-Fitr assume o pico da sua grande força vinculativa quando se atinge o Al-Fajr do dia do Idul-Fitr, tendo-se estabelecido que os que morrem antes e os que nascem depois de Al-Fajr deste dia ficam isentos do seu cumprimento.

Portanto, para a criança que nasce e para quem abraça o Isslam antes do Al-Fajr, há lugar ao pagamento do Sadaqatul-Fitr, enquanto que para quem morre ainda antes do Al-Fajr, não há lugar, isto é, está isento do pagamento do Sadaqatul-Fitr.

Para a criança que nasce e para aquele que abraça o Isslam depois do Al-Fajr, não há lugar ao Sadaqatul-Fitr, enquanto que para quem morre, já depois de Al-Fajr, há lugar ao pagamento do Sadaqatul-Fitr, havendo mesmo necessidade, poder-se-á recorrer aos bens por ele deixados para se cumprir com essa obrigação. O Sadaqatul-Fitr do recém-nascido, como já terá sido referido antes, é da responsabilidade dos pais, naturalmente, se reunirem condições.

O Fitr tem que ser pago obrigatoriamente antes de se cumprir o Salát congregacional de Ide, ou mesmo alguns dias antes, para permitir que os irmãos necessitados partilhem as felicidades deste dia solene. Porém, se alguém por qualquer razão não o tiver feito, deve fazê-lo imediatamente após o Salát.

O facto de o Profeta (S) ter instituído o Sadaqatul-Fitr antes do Salátul-Ide é um bom exemplo da grande preocupação que o Isslam tem pelo bem estar dos crentes necessitados, de modo a permitir que também se preparem para os festejos do Ide.

Se alguém der o seu Fitr durante o mês de Ramadhán, muito antes do dia de Ide, é perfeitamente válido, não sendo necessário repetir. O Imám Sháfei permite que o Sadaqatul-Fitr seja dado a partir do primeiro dia de Ramadhán.

O Sadaqatul-Fitr é obrigatório também para aquele que não tiver jejuado por qualquer motivo durante o mês de Ramadhán. Pode-se juntar o Fitr de várias pessoas e dar a um único pobre, assim como se pode dividir entre vários pobres.

Os beneficiários do Fitr devem ser preferencialmente os pobres do local onde a pessoa passou o seu último jejum do mês de Ramadhán. O Idul-Fitr é símbolo de fraternidade e alegria em todo o mundo isslâmico. O festival de Ide não é só uma grande fonte de rejuvenação espiritual, mas também é uma força vital para reforçar os laços de amor e cooperação mútua.

SOBRE QUEM O SADAQATUL-FITR É OBRIGATÓRIO?

a) Todo o muçulmano – homem ou mulher – que possua os seus próprios meios de subsistência, que se situem acima das suas necessidade diárias (comida, vestuário, abrigo, etc.) deve pagar o Sadaqatul-Fitr para si e para seus familiares dependentes. O Sadaqatul-Fitr deve cobrir não apenas o chefe de família mas também os seus familiares dependentes (esposa e filhos).

b) Se é dependente, a obrigação de dar o Fitr recai na pessoa de quem a pessoa depende, se este for muçulmano. O empregado, não assalariado (mesmo que seja Káfir ou seja, não muçulmano) que trabalha e não recebe (nem ordenado, nem prémios ou quaisquer subsídios) e vive com o patrão, este será responsável pelo seu Fitr.

c) O órfão que não tiver os seus próprios bens, isto é, que não tiver nenhuma riqueza, o seu Fitr será dado pela pessoa de quem ele depende. O tutor do menor (órfão) e do insano ricos, deve pagar da riqueza deles. Se não pagar, ficará uma dívida sobre eles, que terão que pagar quando atingirem a adolescência (bulugh) ou a sanidade.

d) As mulheres casadas ou solteiras que possuam riquezas, são obrigadas a cumprir com o Sadaqatul-Fitr. Todavia, o marido pode voluntariamente dar pela parte da sua esposa. De acordo com o Imám Abu Hanifa, se assim fizer será válido.

Porém, a opinião dos Imámes Sháfei e Málik, é de que o Fitr da mulher casada e obediente ao marido deve ser sempre tirado pelo marido que legalmente é o responsável pelo seu sustento e mantimento.

e) Aquele que por algum motivo se atrasar na entrega do Sadaqatul-Fitr, isto é, que deixar passar o tempo-limite estabelecido, logo que seja possível, na primeira oportunidade, deve fazê-lo, embora sob o ponto de vista do Shari’ah, o Fitr tirado depois do tempo limite, seja considerado uma simples caridade, de acordo com o seguinte Hadice: “Abu Dawud, Ibn Májah e Ad-Dar Al-Qutni relatam que Ibn Abbass narrou que o Profeta (S) instituiu o Sadaqatul-Fitr como meio para a purificação do jejuador contra qualquer conversa fútil ou actos ou linguagem obscena, e também como sustento para o pobre.

Quem der o Sadaqatul-Fitr antes do Salátul-Ide será considerado um Sadaqatul-Fitr aceite, e quem der depois de Salát, será considerado uma caridade normal. Este Hadice revela-nos também o objectivo e o benefício da instituição do Sadaqatul-Fitr.

PESSOAS ELEGÍVEIS DE RECEBER O SADAQATUL-FITR

Pode receber o Sadaqatul-Fitr todo o individuo que legalmente pode receber o Zakát. Portanto o pobre e os contemplados no Al-Qur’án, podem receber o Sadaqatul-Fitr:

“As esmolas são tão somente para os pobres, para os necessitados, para os funcionários empregados em sua administração, para aqueles cujos corações têm de ser conquistados, para a redenção dos escravos, para os endividados, para a causa de ALLAH, e para o viajante; isso é um preceito emanado de ALLAH, porque é Sapientíssimo, Prudentíssimo.” [Al-Qur’án 9:60]

Não se pode dar Sadaqatul-Fitr aos seus ascendentes nem descendentes, ou seja, pais, avós ou bisavós paternos ou maternos, nem aos filhos, netos ou bisnetos. O Sadaqatul-Fitr destina-se unicamente aos muçulmanos, tal como o Zakát.

Alahuma sali Muhammad wa ali Muhammad.

Como Preparar um Morto Muçulmano para o Funeral

Em nome de Deus, o Clemente e Misericordioso!

Queridos irmãos,

Nossa religião é rica em detalhes de obediência à Allah SW. Cada detalhe é importante e deve ser cumprido. Por isso é inevitável que aprendamos todos os procedimentos para serem utilizados nas horas alegres e nas horas tristes. Nós sabemos, que nem todos os muçulmanos moram perto de um centro islâmico, por isso a importância de ensinar a todos os muslim da comunidade os serviços essenciais, como por exemplo a preparação de um corpo para um correto sepultamento. 

Bom lembrar, que eu não sou Sheikh, tampouco sou um sábio, sou apenas um irmão dedicado aos estudos e a prática de nossa religião. O correto é transportar nossos mortos para um Centro Islâmico onde terá um tratamento adequado. Mas, e , se não houver jeito. Temos que saber pelo menos prepará-los para a derradeira morada terrestre. Por favor não fiquem presos a essa informação. Procure aprimorá-lo através do ensinamento Sheikh ou um sábio, com maiores conhecimento.

É necessário saber como preparar o morto para sua oração. 

1. Se for confirmada a morte de uma pessoa, deve-se fechar seus olhos. 

2. Ao começar a lavar o morto deve-se cobrir suas partes privadas, logo levantá-lo levemente a apertar suavemente seus estomago, logo quem o banhar deve cobrir suas mãos para limpar os excrementos. Depois se inicia a ablução (Udu’) semelhante à ablução para orar, logo se lava a cabeça e a barba e as perfuma. 

Logo se lava o lado direito e após o lado esquerdo. Isto se efetua duas ou três vezes, em cada vez aperta-se suavemente o estomago, se suceder à excreção de alguma substancia, tal orifício deve ser tampado com algodão ou algo semelhante. Repita a ablução, porem se o corpo não se encontra completamente limpo, então o lave cinco ou até sete vezes. Logo deve secá-lo com um pano e perfumar suas axilas e os lugares do corpo sobre os quais fazia sua prostração. Depois, perfume sua mortalha com incenso, se estão grandes seus bigodes e/ou unhas, então os corte e depois penteie. Enquanto a mulher deve-se colocar seu cabelo para traz e deixá-lo solto atrás. 

3. Cobrir o defunto: O melhor é amortalhar o homem com três tecidos brancos de algodão que não sejam uma camisa ou um turbante nem tenha costuras. Porem não há inconveniente se o deve amortalhar com uma camisa, uma saia ou um lençol branco. A mulher deve amortalhar-se com cinco panos: pode ser um vestido, um véu, um lençol branco e dois lençóis por cima. Se cobre o menino com uma ou até três panos. Se cobrem os jovens com uma camisa e dois lençóis brancos. 

4. É direito de toda a pessoa que seja lavado, se ore por ele e seja enterrado por aquelas pessoas mais próximas, em ordem segue seus pais, seus avôs e os parentes. Os que têm prioridade para lavar a mulher são: sua prole, sua mãe, sua avó, e por ultimo, os parentes do sexo feminino mais próximo. Os esposos podem lavar um ao outro. Isto é aceitável porque Abu Bakr (que Allah esteja comprazido com ele) foi lavado por sua esposa; e Ali (que Allah esteja comprazido com ele) lavou sua esposa Fátima (que Allah esteja comprazido com ela); 

5. A Oração Funeral: 

Se começa com o Takbir (Allahu Akbar) e a recitação da Sura Al Fatihah, se pode também recitar outra Sura curta, ou um ou dos versículos, de acordo com o Hadiz narrado por Ibn Abbas (que Allah esteja comprazido com ele). 

Logo após o segundo Takbir, se roga paz e as bênçãos de Allah ao Profeta Muhammad (que a paz de Allah esteja com ele) tal como se faz durante o Tashahud na oração. 

Logo no terceiro Takbir se diz: 

“Oh Allah! Perdoa-nos e a nossos mortos, a os aqui presentes aos ausentes, pequenos e grandes, homens e mulheres”. 

“Oh Allah! A quem der a vida honra-o com o Islam, e aquele a quem Tu retira a vida que morra crente”. 

“Oh Allah! Perdoa-o e tenha misericórdia dele. Concede o bem estar e absolve suas faltas. Honra sua morada, e faz ampla sua tumba. Purifica-o com água, gelo e granizo de seus pecados como se purifica a roupa branca da sujosidade. Ingressa-o ao Paraíso e protege-o do castigo do tumulo e do tormento do fogo”. 

“Oh Allah! Não nos vedes a recompensa dessa suplica não permita que nos extraviemos”. 

Transliteração: 

“Allahummma aghfirl haiinaa, 

wa maiitanaa, wa shaahidina, 

wa ghaibinaa, 

wa saghiirina, 

wa kabiirina, 

wa dhakarina, 

was anaazana. 

Allahummma man ahiaithu minna faahiahu ’alal islaam, 

wa mam taufaiitahu fatawaffahu ’ala al iman. 

Allahummma aghfirlahu, wa arhamhu, 

wa ’aafahu, 

waa’fii anhu, 

wa akrim nuzulahu, 

wa wasi’ mudjalahu, 

wa a’gsilhu bi maain waz zalji wal barad, 

wa naqqihu min al dhunubi wa al Khataaia kama iunaqaa al zauba al abiadu min ad danas, 

wa abdilhu daran Khairan min darahu, 

wa ahlaan khairan min ahlahu, 

wa adjilhu al jannah, wa u ’idhuhu min ’adhabu al qabri wa ’adhaabun naar, 

wa afsah lahu fi qabrihi wa nawir lahu fihi, Allahummma la tahrimnaa ajrahu, 

wa la tudil-lanaa ba’dahu”. 

Logo se pronuncia o quarto Takbir e depois dele o Taslim uma só vez para a direita. 

É recomendado se levantar as mãos em cada Takbir. 

Se o morto é um feto ou criança pequena, a suplica é: 

“Oh Allah! Recompensa os seus pais por terem paciência, e faz de sue filho um intercessor ante a Ti, e aceita sua intercessão”. 

“Oh Allah! Que a paciência e resignação de seus pais ante essa dor pesem em sua balança aumentando sua recompensa. Coloque-os entre os bons crentes e ponha-os debaixo da proteção de Abraão. Guarda-os com Tua misericórdia do tormento do inferno”. 

Transliteração: 

“Allahummma aj ’alhu faratan wa dhujran li waalidaihi, 

wa shafii’an muyaaban. 

Aláhuma zaqqil bihi mawaziinahuma, 

wa a’dhim bihi uyuurahumaa, 

wa al hiqq hu bisaalih al mu’minin, 

wa aj’alhu fi kafaalat Ibrahiim, 

wa qihi birahmatika ’adhabal jahiim”. 

A sunnah é que o Iman se posicione na direção da cabeça do defunto se for homem, se é mulher no meio. Se há um menino homem e a oração funeral é múltipla, o menino deve ser colocado à frente da mulher, porém se é uma menina, após desta. A cabeça do menino deve ser colocada à frente da mulher, porém se é uma menina, após esta. A cabeça do menino deve estar na altura da cabeça do homem, e a mulher deve ser colocada de tal maneira que seu estomago coincida com a cabeça do homem. Se entre os defuntos há uma menina, sua cabeça deve ser colocada à altura da mulher. 

Os orantes devem situar-se detrás do Iman, a menos que seja somente um, devendo posicionar-se à direita do Iman. 

Todos os louvores pertencem unicamente a Allah. Que a Paz e as bênçãos estejam com, o Profeta Muhammad (que a paz de Allah esteja com ele), sua família e companheiros.

sexta-feira, agosto 17, 2012

A L M A D I N A - E I D M U B A R A K !

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 13.08.2012 

O Ser Humano vive permanentemente envolvido numa batalha, cujo inimigo, de forma silenciosa, vai gradualmente arrancando dele a coisa mais valiosa que Deus lhe deu. 

O que é tão irónico quanto trágico, é que ele nem sequer se apercebe da grande perda que sofre diariamente. Isso é trazido à nossa atenção de forma bastante eloquente no Al-Qur’án, quando Deus descreve a alternância do dia e da noite, e que cada novo dia ou noite significa perda de tempo, perda de parte da nossa vida. 

Estávamos à espera do Ramadhaan, que veio e já se vai embora. Dentro de dias iremos celebrar Eid. Cada Ramadhaan que passa, leva com ele parte da nossa vida, colocando-nos mais próximos à nossa sepultura. 

O Ramadhaan e o Eid transmitem-nos apenas uma única mensagem, de forma bem expressiva. A nossa vida assemelha-se à uma vela que se extingue com o sopro de vento repentino, ou como um cubo de gelo que exposto ao Sol se derrete. 

O Isslam dá grande ênfase ao tempo e à sua importância, em muitos versículos do Al-Qur’án, e também nas narrações do Profeta Muhammad (S.A.W.). 

É no mês de Ramadhaan que comemoramos mais um aniversário da revelação deste grandioso Livro. E é neste mesmo Al-Qur’án que Deus, em vários versículos jura pelo tempo. Não só jura pelo tempo, mas jura também pelos objectos que são usados para medir a passagem do tempo. 

Para o crente, cada Ramadhaan significa um tempo para reflexão, tempo para a mudança, de uma vida de desobediência para uma vida de sujeição e respeito a Deus e Seu Mensageiro. Um tempo em que a sua vida conhece algumas emendas. Portanto, esse tempo valioso deve ser usado para o nosso benefício espiritual e não em seu detrimento. O tempo não é como as outras coisas valiosas do Mundo, pois o tempo perdido jamais pode ser recuperado, enquanto que muitas das outras coisas podem ser recuperadas. 

O Eid-Ul-Fitr marca o fim do jejum do sagrado mês de Ramadhaan, sendo um momento de alegria e festejo na companhia de familiares, pais, amigos, vizinhos e da comunidade em que vivemos. 

Os muçulmanos têm um motivo para festejar o dia do Eid, pois o jejum liberta-nos da ganância, do individualismo, e da rotina de vida obstinada com o consumo sem limites. 

É no mês de Ramadhaan que o treino espiritual se torna mais intenso, operando transformações a todos os níveis, seja individual, familiar, ou colectivo. 

Foi um momento de intensa disciplina pessoal, de reflexão, de abstinência e de reforma, para restaurar o equilíbrio e a proporção nas nossas vidas. 

Perdoar e ser perdoado é um dos aspectos mais importantes de todas as religiões, e foi no mês de Ramadhaan que intensificamos as nossas preces procurando o perdão de Deus, estando também inclinados a sermos mais indulgentes para com a nossa família, amigos e outras pessoas. 

Um dos atributos de Deus é “Perdoador”, pelo que devemos também perdoar aos que de alguma forma nos ofenderam ou prejudicaram. De facto, é algo difícil dizer “desculpa” aos que nos ofenderam ou prejudicaram, pois é preciso muita coragem para isso. Imagine-se o fardo das pessoas incapazes de perdoar, por estarem acorrentadas ao peso de um coração que não pode perdoar. Sem dúvidas que isso é bastante doloroso espiritualmente. 

Sair do Ramadhaan com um coração capaz de perdoar aos que nos fizeram mal, é de facto muito libertador. 

O jejum do Ramadhaan liga-nos à Deus através da caridade, ao renovar os laços familiares e através do Último Testamento para a Humanidade, que é o Al-Qur’án. 

O dia de Eid é um dia de alegria, mas também é um dia de dar aos pobres e aos necessitados. É um dia de alegria, mas também é um dia de tristeza para muitas famílias. 

Nesse dia, muitos dos muçulmanos têm a mesa repleta de comidas e iguarias, mas não nos devemos esquecer que há também muitos esfomeados, tanto aqui na nossa praça como em muitas outras partes por esse Mundo fora. 

Por isso, apelo aos que têm, a passarem este dia com os necessitados, a partilharem a sua mesa repleta com um órfão, ou com os que nada têm. 

Passemos algum momento a reflectir neste grande desequilíbrio da vida, num Mundo cheio de comidas e prosperidade por um lado, enquanto que há uma grande pobreza por outro. O que se passa neste nosso Mundo, em que alguns estão a morrer de fome, enquanto outros morrem de excesso de comida? 

Caro leitor muçulmano, não se esqueça de pagar a caridade alusiva ao Eid (Sadaqatul-Fitr) antes da sua celebração, para permitir que o pobre também possa passar condignamente este grande dia. 

Celebremos os festejos deste grande dia, dentro dos limites prescritos por Deus. Evitemos toda e qualquer transgressão que possa incorrer na ira do Senhor. 

Troquemos prendas e felicitações com os nossos amigos e familiares. 

Façamos o “save” de tudo o que aprendemos e praticamos ao longo do sagrado mês de Ramadhaan 

Para terminar, gostaria de desejar a todos os meus irmãos muçulmanos UM FELIZ EID-UL-FITR. 

O FINAL DO MÊS DE RAMADAN - FITRA

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) -JUMA MUBARAK

O Sadacatul Fitre (contribuição destinada aos carenciados para passarem com alguma dignidade o Ide-Fitre - festa do final do Ramadan), é obrigatório para os muçulmanos financeiramente capazes. O responsável pelo agregado familiar, deve pagar pelos seus dependentes (filhos, esposa e outros a seu cargo). O valor deve ser entregue antes da oração de Idul Fitr, de modo a facilitar que os necessitados possam também preparar-se para os festejos do Ide. Se a contribuição for entregue depois, deixa de constituir o Sadacatul Fitre e passa a ser um simples sadacah.

Lembre-se que as ações praticadas durante o mês de Ramadan estão penduradas entre o céu e a terra e só serão elevadas depois do cumprimento desta obrigação. O Sadacatul Fitre é também um meio purificador dos nossos jejuns.

Para além de cumprir com aquela obrigação, dentro das possibilidades, contribua generosamente para que uma ou mais famílias possam ter na mesa do almoço, um pouco daquilo que vai ter na sua casa.

- EID MUBARAK – IDUL FITR - Hambani, Hambani iyá Ramadan (Língua local Moçambicana) (Adeus, Adeus, ó Ramadan). Tu virás outra vez para o ano, mas nós não sabemos se te vamos encontrar! 

Após um mês inteiro de sacrifício, a jejuar e a incrementar as orações , Deus, o Altíssimo, concedeu-nos o Idul Fitr, (festa religiosa em comemoração do final do mês de Ramadan). É um dia de alegria, comemorado pelos muçulmanos, começando por dirigirem-se à Mesquita para a oração. Nesse dia, Deus pergunta aos anjos: “Qual deve ser a recompensa daqueles servidores que cumpriram o serviço deles devidamente?” Os anjos respondem: “Ó nosso Senhor e Mestre!, na verdade eles devem receber toda a recompensa por completo. Aí Allah diz. “Eu testemunho-vos, ó anjos, por eles terem jejuado para Mim durante o mês de Ramadan e por terem ficado em pé nas orações nas noites, Eu lhes garanti como recompensa a Minha satisfação e lhes garanti o perdão”.

ALLÁHU AKBAR - ALLÁHU AKBAR. LÁILAHA IL – LALLÁHU. WALLÁHU AKBAR. ALLÁHU AKBAR. WALIL – LÁHIL – HAMD. Allah é o Maior. Allah é o Maior. Não há outra divindade excepto Allah e Allah é o Maior, Allah é o Maior e todos os louvores pertencem só a Allah.

Segundo Anas Bin Malik (Radiyalahu an-hu), no dia de Idul Fitr, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), não saía de casa sem comer algumas tâmaras. Anas acrescentou, que as tâmaras consumidas eram de número impar.- Bukhari. 

Nas orações de Idul-Fitr e de Idul-Adhá, não há azan nem ikhamah (chamamento para a oração). Não há também qualquer oração facultativa entre as orações de Fajr e dos Ides. Primeiro realiza-se a oração e depois o Khutbá (ao contrario da oração de Juma).

Não é permitido jejuar nos dias de Ide – Bukhari. Segundo o referido no Bukahri, o crente que pretenda dirigir-se para efectuar a oração de Ide, deve ir por um caminho e regressar noutro. Outra recomendação do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), é o de vestir a melhor roupa e de utilizar o melhor perfume.

Nesse dia festivo, os crentes cumprimentam-se, pedindo a Deus que aceite todos os actos de adoração praticados durante o mês de Ramadan. Utilizando uma recomendação feita há mais de 1.400 anos, distribuam prendas entre vocês. De pais para filhos de filhos para pais, entre vizinhos e amigos, vamos comemorar este Ide que se aproxima, aumentando a nossa amizade e harmonia. É isso também o que o Islam nos ensina – a paz e a irmandade entre as pessoas. As prendas devem ser úteis e não necessariamente dispendiosas. Também é uma prenda o cumprimento, um abraço efusivo entre amigos, um sorriso, um telefonema para os familiares e amigos que se encontram distantes. Segundo o nosso Profeta Muhammad (Salalahu Alei Wassalamo), dar prendas, aumenta e fomenta a amizade entre os muçulmanos.

Segundo Aisha (Radiyalahu an-há), o Profeta (Salalahu Aleihu Wassalam) aceitava prendas e em retribuição, também dava prendas. - Bukhari. - SHAWWAL –

De acordo com o relato de Abu Ayyub al-Ansari (Radiyalahu an-hu), o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu: “Todo aquele que jejuou durante o mês de Ramadan e de seguida observou 6 dias de jejum de Shawwal, é como tivesse  jejuado todos os dias. – Livro 6 – Hadice 2614.

Não é obrigatório, mas é recomendável fazer os 6 dias de jejum. Dependerá da disponibilidade, saúde e entusiasmo de cada um. De preferência, os 6 dias devem ser seguidos. No caso de impossibilidade, podem ser observados alternados ou não, mas durante o mês de Shawwal.

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.

"Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10. 
Votos de um Idul Fitre muito feliz, com saúde, na companhia das vossas famílias e dos amigos. Que Allah nosso Senhor, aceite o nosso jejum e nos perdoe.

O mês de jejum, é quando o muçulmano quer. Aproveite a oportunidade para ganhar “embalagem” e continuar a incrementar a solidariedade. Distribua também sorrisos.

Façam o favor de ter um bom dia de Juma.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

16/08/2012

quarta-feira, agosto 15, 2012

Noite de Ramadã de 1433 “A Noite do Decreto”

Em nome de Deus o Clemente o Misericordioso  

Allah, Exaltado seja, diz: "Sabei que o revelamos (o Alcorão), na Noite do Decreto. E o que te fará entender o que é a Noite do Decreto? A Noite do Decreto é melhor do que mil meses. Nela descem os anjos e o Espírito (Anjo Gabriel), com a anuência do seu Senhor, para executar todas as Suas ordens. (Ela) é paz, até ao romper da aurora!" (97:1-5).

Das virtudes do mês de Ramadan, é que foi revelado nele o Alcorão; que há nele a noite do decreto, quem for privado de seu bem estará privado para sempre. Nesta importante Surata, o nosso Senhor nos informa que Ele revelou o Alcorão na Noite do Decreto, que a Noite do Decreto acontecerá durante o mês de Ramadan. É uma abençoada noite. Allah Altíssimo, disse: "Nós o revelamos numa noite Bendita." e disse: "O mês de Ramadan em que foi revelado o Alcorão." Ibn Abbas disse: "O Alcorão foi enviado de uma só vez da Tábua Conservada para a casa da honra, do céu terreno. Então, foi revelado em detalhes de acordo com os fatos durante vinte e três anos ao Rassulullah (S).

As causas da revelação da nobre Surata: Ibn Abi Hátim relatou, com base em Mujáhid que o Profeta (S) citou um homem dos israelitas que se armou para lutar pela causa de Allah durante mil meses. Os muçulmanos estranharam aquela afirmativa. Então, Allah revelou: : "Sabei que o revelamos (o Alcorão), na Noite do Decreto. E o que te fará entender o que é a Noite do Decreto? A Noite do Decreto é melhor do que mil meses." em que o homem que usou as armas pela causa de Allah durante mil meses.

Quando acontece a Noite do Decreto, a adoração durante ela equivale à adoração de mil meses. Está confirmado nos dois sahihain, com base em Abu Huraira (R) de que o Rassulullah (S) disse: "A todo aquele realizar a oração voluntária, na Noite do Decreto, guiado por um profundo sentimento de fé, com esperança na recompensa de Deus, ser-lhe-ão perdoadas as faltas anteriores.” (Bukhári e Musslim).

O que acontece nesta noite? Os anjos descem do céu para a terra ao por do sol e até o amanhecer por causa de suas muitas bênçãos. Os anjos descem com a bênção e da misericórdia, como descem quando da recitação do Alcorão, rodeando as reuniões de recordação de Allah. Estará com eles o Espírito, Jibril, (A.S.). Esta noite é a noite de paz e de segurança. Os demônios não são capazes de praticar algum mal ou causar algum dano. Qatada disse: "Nesta noite as coisas são resolvidas, A Subsistência e os destinos são determinados. Allah, Exaltado seja, disse: "Na qual se decreta todo assunto prudente." (44:4).

Os sinais de grande Noite do Decreto: Dentre os sinais da Noite do Decreto é que uma noite clara, iluminada, como se tivesse uma lua cheia. É uma noite tranquila, sem frio ou calor. O sol de seu amanhecer nascerá plena não tem um raio como a Lua cheia. Ibn Abbas relatou que o Rassulullah (S) disse a respeito da Noite do Decreto: "Uma noite tranquila, sem frio ou calor, o sol da manhã será fraco, avermelhado." (Narrado por Tayálissi).

Fonte:  Sheikh Ali Hamdoun Ahmad Mahmoud – Imam da Mesquita de Santos - Brasil

quinta-feira, agosto 09, 2012

RAMADAN SEXTA PARTE: 1 - LAILATUL KADR (A NOITE DO PODER)

Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso)- JUMA MUBARAK

Durante o mês de Ramadan, os muçulmanos incrementam as suas actividades religiosas e a solidariedade humana. Sabem que neste mês, Deus multiplica em muito, todas as boas acções praticadas. Apesar disso, o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), sentia-se oprimido e angustiado quando ponderava as longas vidas das pessoas do passado, comparando-as com a vida do seus seguidores. É uma vida curta, provavelmente não suficiente para “amealhar” os benefícios necessários com vista à satisfação de Deus e a obtenção do paraíso.

Por outro lado, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) mencionou nomes de 4 antepassados piedosos, que passaram, cada um deles, oitenta anos a adorar e a servir a Deus, sem transgredirem nenhuma ordem Dele. Eram eles os Profetas Ayub, Zacariya, Izkil e Yusha (Aleihi Salam - Que a Paz de Deus esteja com eles). 

Os companheiros do Profeta (Radiyalahu an-huma), ficaram espantados e preocupados ao ouvirem esta narrativa e perguntaram como poderiam ultrapassá-los. Devido a esta preocupação , Deus mandou o Anjo Jibrail (Aleihi Salam) – Gabriel, que a Paz de Deus esteja com ele, revelar o Surat Kadr, na qual, foram informadas as grandes bênções desta noite.

“EM NOME DE DEUS, O BENEFICENTE E O MISERICORDIOSO: - NA VERDADE NÓS REVELAMOS ESTA (MENSAGEM) NA NOITE DO PODER. O QUE É QUE TE FARÁ CONHECER O QUE É A NOITE DO PODER? A NOITE DO PODER É MELHOR DO QUE UM MILHAR DE MESES (83 anos e 4 meses). OS ANJOS E O ESPÍRITO DESCEM, ENTÃO, COM A PERMISSÃO DO SEU SENHOR, COM TODOS OS DECRETOS. ESSA NOITE É DE PAZ ATÉ AO ROMPER DA AURORA.” – Cur’ane – Surat 97.

Hazrat Anas (Radiyalahu an-hu), referiu que o profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “No Lailatur Kadre, Gibrail (Alaihi Salam), vem com um grupo de anjos e rezam para a misericórdia a favor daqueles que se encontram ocupados no ibadat (adoração).

Apesar de muitos ulamás serem de opinião de que a noite de Lailatul Kadr, ocorre na 27ª. noite, ela deve ser procurada nas noites impares – 21, 23, 25, 27 e 29 do mês de Ramadan. Hazrat Anas (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Na verdade, chegou um mês perante vós, no qual existe uma noite melhor do que mil meses. Aquele que perder uma noite destas, na verdade, ficou privado de todos os bens, e ninguém ficará privado, excepto aquele que é infortunado”.

Hazrat Aisha (Radiyalahu an-há) relatou: “Eu disse; Ò Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam), se me encontrar na Lailatul Kadr (Noite do Poder), que prece devo efectuar? O Profeta respondeu: “Diz Allahumma Innaka Afuwun Tuhibbul Afwa Fa’fu anni – Ó Allah, na verdade, És perdoador, gostas de perdoar, por isso perdoa-me.”

Abu Huraiara (Radiyalahu an-hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “A todo aquele que se levantar da cama para oferecer a oração voluntária (nafl), na Noite Bendita, guiado por um profundo sentimento de fé, com esperança na recompensa de Deus, ser-lhe-ão perdoadas as faltas anteriores”. Bukhari e Muslim.

Nessa noite, o crente deverá ocupar-se com preces, recitação do Cur’ane, zikr e orações facultativas.

2 - I’TIKAF (Retiro no Masjid)

Significa a permanência na Mesquita com a intenção de i’tikaf, por períodos curtos ou por dias completos. È sempre vantajoso fazermos a intenção do i’ticaf ao entrarmos na Mesquita, enquanto lá permanecemos, para as orações, recitação do Cur’ane e Zikre. Assim, vamos obtendo benefícios espirituais duplos, do i’tikaf e das outras práticas. A pessoa que permanece na Mesquita com a intenção de i’tikaf, é igual à pessoa que se dirigiu a um sítio e não sai de lá enquanto não obter o pretendido. A recompensa do i’tikaf é enorme, pois o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) sempre o praticou. Estamos habituados a associar o i’ticaf à permanência dos crentes nas Mesquitas, durante os últimos 10 dias do mês de Ramadan. No entanto, o i’ticaf pode ser praticado em qualquer altura do ano, por períodos longos ou curtos.

Era prática do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), efectuar o i’tikaf nos últimos dias do mês de Ramadan. Ele referiu, segundo Hazrat Ibn Abbás (Radiyalahu an-hu): “A pessoa que efectua o i’ticaf, permanece livre dos pecados e na verdade, é recompensada igualmente como aquele piedoso que praticou boas acções (apesar de não as ter praticado), simplesmente por ter permanecido no Masjid (Mesquita). As recompensas são imensas, porque no i’tikaf (dentro da mesquita), afastamos do nosso íntimo, as preocupações diárias e dedicamo-nos com alma e coração à recordação de Deus.

Aisha (Radiyalahu an-há), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) costumava fazer o retiro na Mesquita, para o i’tikaf, durante os últimos dez dias do mês de ramadan e dizia: “buscai a Noite Bendita (Lailatul Kadre) entre as últimas dez noites do mês de Ramadan”. Bukhari.

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41

"Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.

Um bom dia de Juma e a continuação de um bom mês de Ramadan 
Cumprimentos
Abdul Rehman Mangá - 09/08/2012

quarta-feira, agosto 08, 2012

Rezar e adorar a Deus diante dos nossos filhos

O seu filho estará, então, sempre consciente do que significa uma submissão plenamente reconhecida. Devemos dispor de um lugar e ter um momento para a realização das orações em nossa casa. Devemos realizar as nossas orações em congregação em casa, se possível, ou levar os nossos filhos à Mesquita, levan-do-os pela mão durante o caminho. Esta últi-ma opção é mais prática, sobretudo se a mãe não puder realizar as orações em determinados dias, visto que os filhos poderão pensar: “Parece-me que as orações são opcionais”. E é por esta razão que seria uma boa ideia levarmos os nossos filhos à Mesquita nesses dias especiais. No entanto, existe ou-tra forma de reparar esse mal-entendido. Nos dias em que a mulher não realiza as orações, esta pode realizar a ablução como de costume, sentar-se na sua almofada para a oração, elevar as mãos em direcção ao Altíssimo e suplicar. Se fizer isso, obterá o mérito de ter realizado a oração e evitará, assim, que as crianças possam perceber mal. Em muitas obras islâmicas de consulta, recomenda-se este tipo de comportamento, visto que é essencial no que diz respeito à educação das crianças. Ao actuarmos desta forma, o que as crianças verão ao seu redor serão cabeças que se prosternam, olhos com lágrimas e mãos abertas em sinal de adoração. Os seus filhos terão, então, sempre consciência do que significa uma submissão plenamente as-sumida.

Chegará uma altura em que, mesmo quando não ouvir o adhan (a chamada para a oração), os seus filhos avisá-los-ão, como se se tratasse de um despertador, dizendo:

«Papá, mamã, é hora de rezar!». É nessa altura que colherá, então, os frutos dos seus esforços.

Além disso, é necessário que tenha tempo, todos os dias, para orar ao Senhor. Em período de tempo previamente determinado, deve oferecer as suas orações ao Altíssimo, invocando-o, e demonstrando, desta forma, que pode sempre procurar refúgio no Exaltado Criador. É preferível fazer a súplica (duá) em voz alta, abertamente. Os companheiros do Mensageiro de Deus — a paz e as bênçãos estejam com ele — aprenderam as súplicas que ele recitava enquanto rezava. Estas foram transmitidas pela sua esposa, Aisha (r.a.), embora houvesse narrações similares de Ali, Hassan e Hussain (r.a.).

Isto indica, claramente, que para ensinar os seus filhos a rezarem, deve realizar as suas súplicas em voz alta, para que eles possam ouvi-las. Se deseja que os seus filhos sejam pessoas sensíveis, que se comovam quando o nome de Deus é pronunciado, deve, acima de tudo, mostrar-lhes um exemplo prático.

Na minha vida, presenciei essas cenas, as quais, quando me lembro, me fazem arrepiar. A visão da devoção da minha avó para com o Senhor teve uma grande influência em mim. Quando ela morreu, eu era ainda apenas uma criança, mais ainda me lembro como costumava estremecer quando o meu pai recitava versículos do Alcorão ou começava a falar do Islão. Estes assuntos eram de tamanha importância para ela que se dissesses com entusiasmo “Deus” - que a Sua glória seja exaltada - perto dela, ela empalidecia imediatamente e ficava assim durante todo o dia. O seu comportamento teve uma grande influência sobre mim. Apesar de ser pouco letrada e de não ter estudos, as suas sinceras orações e lágrimas genuínas influenciaram-me muito. Já ouvi pessoas instruídas pregar com entusiasmo, mas nenhuma delas me impressionou tanto como o fazia a minha avó. Parece-me que a minha condição de muçulmano se deve, em grande parte, à sinceridade dos meus pais e da minha avó.

Assim, os pais devem agir com extrema cautela no que diz respeito aos actos que realizam em casa. Como já o mencionei anteriormente, até mesma a mais leve expressão das suas preocupações ao Altíssimo, ou a súplica perante a Sua porta ou a oração em completa submissão ao Criador Exaltado afectarão ao seu filhos muito mais profunda-mente do que qualquer outra coisa. A memória dos esforços que realizou para garantir a Outra Vida, que deve ser a sua maior preo-cupação, ficará impressa na mente dos seus filhos e estes sempre se lembrarão de si a rezar num estado de admiração reverencial. De facto, deve rezar como se visse o Altíssimo, como se estivesse sempre consciente de estar na Sua presença. A forma como se ergue, se inclina, se ajoelha e se senta durante a oração devem lembrá-lo a Ele. A sua condição perante Ele pode ser descrita da seguinte forma: «Imagine que tenha ido ao encontro de Deus e Ele lhe diz: “Meu servo! Levanta-te e dá conta das tuas acções no mundo”, e, deste modo, permaneceremos em pé, numa atitude submissa e respeitosa, à espera da Sua Misericórdia. Este estado de oração, em que sentimos o Seu carácter sublime e reconhecemos plenamente à nossa insignificância, é um estímulo sincero e ge-nuíno para todas as pessoas no nosso lar, incluindo os nossos amigos». Num hadith (Tradições e ditos do Profeta [s.a.w.]) – embora não tenhamos a certeza da sua autenticidade por completo — o Mensageiro de Deus declarou: «Senti um momento tal de estreita relação com Deus, que, nesse mesmo momento, nem os anjos do mais alto nível nem qualquer outra criatura poderia aproximar-se de mim». (Al-Ajluni, Kashf al-Khafa, 2:173).

Assim, devemos ser capazes de viver um momento semelhante, um momento de ilu-minação tal, e os nossos filhos inspirar-se-ão nesse momento para realizar as suas pró-prias orações, quando chegar a sua vez. No futuro, sempre que os nossos filhos enfren-tarem um perigo que possa corromper a sua fé ou devoção a Deus, a memória de o ver rezar virá ao seu socorro, como um guia que lhe mostra o caminho.

Este facto não deveria ser descurado, já que na Sura Yussuf, o Alcorão alude a este efeito psicológico. Sabemos que o Profeta José (Yussuf), paz esteja com ele, não era uma pessoa que caísse facilmente na armadilha de uma mulher. No entanto, o Alcorão declara: «… se não tivesse sido por um sinal do seu Senhor». (12:24)

Embora este seja um facto controverso, segundo alguns grandes sábios que explicaram o Alcorão, o sinal que José viu foi a imagem do seu pai, o Profeta Jacob (Yaqub a.s.), que colocou a mão na sua boca e gritou assombrado: «José!». Isto fez com que José recuperasse a consciência — ele, que era um paradigma da castidade — e gritara: «Deus o proíbe!». Os seus olhos banhados de lágrimas e o seu sincero refúgio no Senhor de-sempenharão um papel fundamental na vida futura do seu filho, ajudando-o a evitar a ruina ou a perdição.

Estas memórias converter-se-ão em imagens tão vivas no subconsciente do seu filho que o seu rosto parecerá dizer «Querido filho, o que estás a fazer?», quando este se defrontar com qualquer tipo de tentação, servin-do-lhe de guia que lhe permitirá afastar-se de diversos perigos. In-cha-Allah.■

* Durante o período menstrual, etc.
Junho.2012 - Coord. Por: M. Yiossuf Adamgy – Fonte: Webislam

A L M A D I N A - S REGRAS ALIMENTARES ISSLÂMICAS

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 30.07.2012

A religião isslâmica não se resume apenas a um conjunto de práticas e rituais, mas sim, é um código de vida completo, pois exige dos seus seguidores o cumprimento integral dos mandamentos do Criador em todos os aspectos da sua vida.

O Isslam não ensina aos seus seguidores apenas os preceitos espirituais dogmáticos, mas também orienta detalhadamente nos aspectos de preservação da saúde física, no que se deve vestir e no que se deve evitar.

Na nossa crónica desta semana vamos falar do aspecto alimentar. Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 16, Vers. 114 – 115:

Comei portanto, dos alimentos halaal (lícitos) e bons que Deus vos deu, e agradecei o favor de Deus se é só a Ele que adorais. Ele apenas vos proibiu (comer) da carne do animal que morre por si mesmo (morte natural), o sangue, a carne de porco, e o que é degolado em nome de qualquer outro e não de Deus. Mas se alguém for forçado (a comer dessa carne) por necessidade, não desejando nem transpondo o limite (da necessidade absoluta, só para se manter vivo), então Deus é Perdoador, Misericordioso”.
Este versículo indica-nos três pontos essenciais:

1 – Os crentes podem comer todos os alimentos que sejam halaal e bons;

2 – Os alimentos sujos (imundos) são proibidos;

2 – Em momentos de necessidade podem-se consumir alimentos haraam (ilícitos).

Antes de mais, devemos compreender que, só Deus detém autoridade absoluta de declarar algo halaal ou haraam. Ninguém fora d’Ele tem essa autoridade. Consta no Al-Qur’án, Cap. 16, Vers. 116:

E não digais a respeito daquilo que as vossas línguas mentirosas descrevem falsamente: isto é halaal e isto é haraam, com o fim de inventardes a mentira contra Deus”.

Nem mesmo ao Profeta Muhammad (S.A.W.) lhe foi conferida essa autoridade, pois conforme consta no Al-Qur’án, no Cap. 66, Vers. 1, numa ocasião Deus censurou-o dizendo:

Ó Profeta! Porque é que declaramos haraam (mesmo para ti) algo que Deus fez halaal para ti, procurando agradar as tuas esposas”?
Deus ordena-nos a comermos na terra tudo o que é halaal, puro e saudável, e a não seguirmos os passos de Satanás. Portanto, temos à nossa disposição uma vasta gama de alimentos à escolha, desde verduras, cereais, frutas, leite e mariscos. A carne de todos os animais (exceptuando alguns), desde que sejam degolados à mão, em nome de Deus e usando uma faca, de acordo com os preceitos religiosos, ao derramar o seu sangue, é halaal. Isto nos animais que estão sob o nosso controlo. Mas se se tratar de animais de caça, isto é, fora do nosso controlo, deve-se pronunciar o nome de Deus quando estivermos a disparar a arma de fogo, ao soltar a arma de arremesso, ou ao soltar o animal ou ave de caça.

Consta no Al-Qur’án, Cap. 5, Vers. 4:

Todas as boas coisas são halaal para vós, e também é halaal para vós aquilo que agarram para vós os animais caçadores (cães, aves) treinados por vós a caçar, ensinando-lhes daquilo que Deus vos ensinou. Portanto, comei o que eles caçam para vós, mas invocai o nome de Deus ao soltá-los”.

Se os caçadores (animais de caça) trouxerem o animal caçado ainda vivo, deve-se degolá-lo, mas se já estiver morto, comam, pois é halaal.

Quanto à comida dos adeptos do Livro (judeus e cristãos), Deus diz no Cap. 5, Vers. 5 do Al-Qur’án:

“Hoje todas as boas coisas foram declaradas halaal para vós. E os alimentos daqueles aos quais foi dado o Livro também são halaal para vós, e vosso alimento é halaal para eles”.
Os alimentos dos adeptos do Livro só são halaal para nós nas mesmas condições que nos são impostas, isto é, devem ser degolados em nome de Deus.

Hoje em dia os cristãos transgridem os mandamentos da Bíblia, (Nem o porco, porque tem unha fendida, mas não rumina; imundo vos será; não comereis da carne destes, e não tocareis nos seus cadáveres. Deuteronômio 14:8), pois comem todo o tipo de carne. Portanto, quando se diz: “os seus alimentos são halaal para nós”, tal não significa que podemos consumir carne de porco ou de qualquer outro animal morto de morte natural, ou degolado sem a observância dos preceitos recomendados, pois a proibição de consumo de porco, de sangue, ou do animal morto de morte natural, consta na Bíblia, Levítico II, Deuteronômio 14.

Portanto, o alimento dos adeptos do Livro só é halaal para nós se nos seus ingredientes não incluír que seja haraam como porco e seus derivados, sangue, vinho, etc. De salientar que mesmo se alguém que se intitula muçulmano degolar um animal e deixar de propositadamente de pronunciar o nome de Deus, então esse animal não é halaal.

Quanto aos alimentos proibidos, o Al-Qur’án diz no Cap. 5, Vers. 3:

“São-vos proibidos o animal morto (não degolado), o sangue, a carne de porco, o (animal) que tenha sido morto em nome de outro que não Deus, o animal morto por estrangulamento ou morto com pancadas violentas ou por queda, de qualquer altura, ou morto ao ser ferido pelo chifre de outro animal, ou o que for devorado parcialmente pelas feras, excepto os que tenham sido degolados de forma apropriada por vós, enquanto ainda estão vivos. E são-vos proibidos o que foi sacrificado nos altares, em honra dos ídolos, e também é-vos proibido consultar a sorte através das setas (de adivinhação). Tudo isso é pecado”.

Existem outros animais proibidos que não estão nessa lista, mas que através da Revelação, o Profeta (S.A.W.) anunciou-nos. São todos os carnívoros e os que se servem das suas garras para se alimentarem.

Estas são as regras alimentares no Isslam, e porque com tudo isso Deus quis o nosso bem-estar e não dificultar a nossa vida, consta no AlQur’án, Cap. 5, Vers. 3:

Se alguém estiver em situação de necessidade e se sentir forçado devido à fome severa, a consumir dessas coisas proibidas sem que esteja premeditadamente inclinado ao cometimento de pecados, então Deus é Perdoador, Misericordioso”.

Falamos aqui na proibição de consumo de sangue, mas se algum muçulmano estiver doente e necessitar de fazer uma transfusão, ou de ingerir algum medicamento com ingredientes haraam como por exemplo o álcool, tal lhe é permitido. E o doente deve fazê-lo para que a doença de que padece não se agrave. Mas assim que deixar de ser necessária a ingestão de tais medicamentos, deve abster-se imediatamente.

O crente verdadeiro é aquele que se submete plenamente no seu dia a dia às ordens do seu Senhor, e se abstém de escolher o que lhe convém deixando o que não lhe convém, procurando vários tipos de pretextos e justificações.

Como se pode ver, as coisas que nos são proibidas são poucas e contáveis, daí que não haja necessidade de deixarmos a incontável lista de produtos halaal para recorrermos ao haraam.

Continuação de um bom Ramadhaan. Alahu Akbar!

terça-feira, agosto 07, 2012

O Mundo deve intervir para deter as violações graves e sérias contra os muçulmanos de Mianmar

A WAMY (Assembléia Mundial da Juventude Islâmica) alerta para a escalada da repressão, perseguição e expulsão perpetrada contra os muçulmanos Rohingya em Mianmar, em violações que chegam à limpeza étnica e crimes contra a humanidade. Nos últimos dois meses, sucessivos relatórios revelaram uma onda de discriminação coletiva injusta contra essa minoria, incluindo assassinatos, detenções arbitrárias, violações, e queima de casas, instalações e mesquitas, impedindo-os de praticar os ritos religiosos, até mesmo no mês de Ramadan, assim como a expulsão do país.

Os muçulmanos Rohingya sofrem com a negação completa de seus direitos de cidadania, bem como os mais básicos direitos civis e liberdades fundamentais, enquanto o Estado adota uma ideologia extremista em relação a eles, pedindo sua expulsão coletiva e deportação do país. Esta política é traduzida pelas forças de segurança, sob a forma de violações gravíssimas. A situação é ainda mais preocupante, dadas as declarações do Presidente de Mianmar, Thein Sein, na qual ele se recusou a reconhecer o direito dos muçulmanos Rohingya para a cidadania, enquanto a líder da oposição e ganhador do Prêmio Nobel, a Sra. Aung San Suu Kyi, adotou posições relaxadas sobre as atrocidades em curso.

É surpreendente que essa escalada ocorra logo depois de Mianmar entrar em uma nova era de liberdade e abertura democrática. No entanto, estes novos desenvolvimentos, repletos de atrocidades e violações contra os muçulmanos Rohingya no início de Junho de 2012, foram bastante chocantes, trazendo à mente as sucessivas ondas de segregação injusta contra essa minoria nos últimos trinta anos. A continuação deste padrão de violações e intimidações ameaça a completa erradicação desta minoria de sua pátria nativa, provocando um problema dos refugiados de dimensões trágicas, em um dos lugares mais pobres e privados de necessidades básicas no mundo.

A Assembéia Mundial da Juventude Islâmica manifesta a sua solidariedade com os muçulmanos Rohingya nesta fase difícil de sua história, e condena as atrocidades cometidas pelo governo de Mianmar, que não devem ser permitidas no mundo civilizado. Os organismos internacionais são obrigados a adotar posições firmes para impedir estas atrocidades, para a qual não é aceitável fechar os olhos ou ficar em silêncio.

A WAMY convida os muçulmanos do Brasil a organizarem atividades em solidariedade aos oprimidos em Mianmar, a fornecerem ajuda humanitária aos refugiados e às famílias das vítimas e supliarem muito a Deus, aproveitando o mês do Ramadan, para que alivie o sofrimento deles e trazer um fim rápido para a sua provação.

São Bernardo do Campo, 03 de Agosto de 2012 - WAMY (Assembléia Mundial da Juventude Islâmica) - Escritório América Latina

“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

Asalamo Alaikom WA WB,

Omar Hussein Hallak

quinta-feira, agosto 02, 2012

RAMADAN QUINTA PARTE – O QUE FAZER NO MÊS DE RAMADAN?

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) JUMA MUBARAK

No mês de Ramadan, o tempo deve ser criteriosamente distribuído, em especial para quem trabalha. É um mês de sacrifícios. Na hora que seria dedicada ao almoço, antes do iftar e aos fins de semana, podemos dedicar algum do nosso precioso tempo, procurando aliar o jejum com outras actividades meritórias. 

Durante o ano, o nosso iman, os nossos conhecimentos religiosos enfraquecem e esta é a oportunidade para relembrarmos e aumentarmos o nosso ilm religioso. Aprender mais acerca da nossa religião, dos seus fundamentos e das práticas. A oração não ficará completa sem aprofundar o ilm. É o mês do conhecimento. 

Se tem dúvidas daquilo que nos é “bombardeado” pela imprensa escrita e falada, aproveite para procurar saber, que afinal, nada daquilo de que nos acusam é verdadeiro e os que falam mal do Islão estão mal informados, equivocados ou mal intencionados. Só conseguiremos argumentar, se conhecermos a nossa própria religião. Também, nunca é demais conhecermos os princípios das outras religiões. Com conhecimento se combate a ignorância e a provocação. E o Islão precisa de todos, para que juntos, possamos erguer bem alto as nossas convicções.

Entre este Ramadan e o anterior, o que fiz para o bem da minha alma? Alimentei a alma, ou só me preocupei com o aspecto e a saúde do meu corpo? O que posso corrigir daqui para a frente? Será que posso melhorar ainda mais a minha relação com Deus? O que fazer mais em benefício dos que estão ao meu cargo? É um mês de reflexão. Uma altura que nos facilita mudar o rumo da nossa vida. Aproveitemos a oportunidade. É também o mês da oração. Os crentes incrementam as orações facultativas, porque sabem que neste mês, uma acção obrigatória é recompensada 70 vezes mais em relação aos restantes meses. Uma acção não obrigatória é como se duma acção obrigatória se tratasse. Assim, aproveitemos este mês para efectuar orações facultativas, por exemplo, após cada uma das nossas abluções (udhú), o Tahhiatul Udhú, 2 ciclos de oração, “cumprimentando o Udhú”. E quando entramos na Mesquita, antes de nos sentarmos, fazer duas rakates de Tahhiatul Masjid “cumprimentando a Mesquita”. Habituados, ganhamos embalagem para assim procedermos ao longo da nossa vida.

Se tem familiares residentes no país ou no estrangeiro e com quem não contacta há muito tempo, aproveite esta oportunidade do mês da reconciliação, para fortalecer os laços familiares. Visite-os ou fale com eles ao telefone. Aproveite também para fazer as pazes com aqueles que nos ofenderam. “Perdoa-os generosamente”. Cur’ane 15:85. Seja o primeiro a pedir desculpas. Não espere que a outra parte lhe peça desculpas. Uma das dificuldades do ser humano é pronunciar a palavra “desculpa-me”. Orgulho?. É mais fácil pedir perdão a Deus?. Rompa com esse preconceito. Ajude também a reconciliação de dois irmãos que não se falam há muito. “Sabei que os crentes são irmãos; reconciliai, pois, entre vossos irmãos”. Cur’ane 49:10.

Este é o mês das preces, para pedir a Deus para os outros, para os nossos pais, filhos, maridos/mulheres, familiares. Para os amigos e conhecidos que aparentemente se encontram bem e os que atravessam dificuldades de vária ordem. Para aqueles que estão doentes, uma visita, um telefonema, um pequeno presente. Para aqueles que deste mundo já partiram, e que não têm possibilidades de pedir perdão e de amealhar recompensas, faça-o por eles.
 
Peça a Deus, mas peça muito por eles. “…Ó Senhor nosso, perdoa-nos, assim como também aos nossos irmãos que nos precederam na fé”. Cur’ane 59.10. Faça caridade em memória deles. Recite yacin e faça duá (prece). Lembre-se frequentemente deles nas suas preces. Se tiver possibilidades financeiras, mande publicar livros religiosos em sua memória. Auxilie escolas onde estudam crianças pobres. Visite os cemitérios, as sepulturas e lembre-se de que um dia, também será um dos residentes. Buraida (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) ensinava as pessoas que iam visitar os cemitérios a recitarem a seguinte prece: “Que a Paz de Deus esteja convosco, moradores deste lugar, crentes e muçulmanos. Se Deus quiser, breve estaremos convosco. Imploro a Deus o perdão para nós e também para vós”. Muslim. Conhece algum muçulmano recentemente convertido (revertido) ao Isslam? É o mês da ajuda. Ajude-o, acompanhe-o no iftar. Converse com ele, ajude-o a integrar-se nesta Umah.

Ajude também os irmãos muçulmanos que estão nas trevas e que têm vergonha de solicitar ajuda. Ajude-os, mas seja discreto. “Convoca (os humanos) ao caminho do teu Senhor, com sabedoria e bela exortação”. Cur’ane 16:125. Sim, preocupe-se também consigo. Mas dê prioridade aos outros e também aos que já partiram deste mundo. Descubra você mesmo o que pode fazer pelos outros. Pode ter a certeza de que Deus tomará conta de si. Muitas vezes, mais valioso do que a ajuda financeira, é importante a amabilidade, o tempo, a disponibilidade e um simples sorriso. Já pensou que pequenos gestos podem fazer a diferença? Não seja forreta. “Não descures praticar qualquer acto de benevolência, nem que seja o de receberes um irmão com semblante alegre”. Dito do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). Muslim.

Se conhece alguém que tem algum vício, aproveite este mês da purificação do corpo e da alma, para lhe incentivar a acabar definitivamente com o maléfico do vício. Assim, ele aproveitará para limpar o corpo daquilo que lhe faz mal e que se intromete na sua vida espiritual. É o mês do auto-controle. Treine os seus membros do corpo para se controlarem na altura de agirem. “…que controlam a sua cólera e são indulgentes para as pessoas – e Deus ama os benfeitores”. Cur’ane 3:134. Arrefeça a fúria, a cólera. 

Controle a vista e a língua – uma palavra mal proferida, pode provocar um grave incidente. Limpe a alma, limpe os  seus pensamentos, limpe os seus sentimentos, torne-os mais puros, mais humildes. “Do teu ouvido, da tua vista e do teu coração, de tudo isto serás responsável”. Cur’ane 17:36.

Este é o mês da fraternidade e da caridade. Ajude aos mais necessitados. Na sua localidade, há sempre alguém que espera por uma mão direita generosa. Abra o seu coração e os “cordões da sua bolsa”. É o mês em que os muçulmanos devem ter o suficiente para o iftar e para o suhur. Mesmo que não tenha possibilidades financeiras para isso, participe na angariação de fundos e de géneros alimentícios para distribuição a quem mais precisa.

“Aqueles que (em caridade) gastam das suas riquezas, de dia e de noite, em segredo e em público, terão a sua recompensa junto do seu Senhor; e não sofrerão de temor, nem de preocupações”. Cur’ane 2:274.

Neste mês sagrado, leia com atenção os emails que contêm temas religiosos. Mas saiba filtrálos.

Reencaminhe-os depois para os seus contactos. Evite ou abstenha-se de enviar ou reencaminhar os emails que nos distraem para o essencial e que nos ocupam inutilmente o nosso precioso tempo.

Neste mês de Ramadan façamos algo, que nos possa beneficiar. Não o deixemos passar sem obter as recompensas. Será que o encontraremos no ano seguinte? Certa vez, Jibrail (Aleihi Salam), fez 3 preces e para cada uma delas, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) respondeu com “Amin”: Numa das preces, pediu o seguinte: “Seja afligida com mágoa aquela pessoa que encontrou o mês de Ramadan, um mês cheio de bênçãos e deixou-o passar sem ganhar o seu perdão”. Relato de Kaab Ibn Ujra (Radiyalahu an-hu).

Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41

"Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.

Um bom dia de Juma. Votos da continuação de um mês de Ramadan, repleto de bênçãos.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

02/08/2012

segunda-feira, julho 30, 2012

A L M A D I N A - A RELIGIÃO E O ATEÍSMO

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad -23.07.2012

A base da religião reside no reconhecimento da existência de um Criador Eterno deste Universo, Sábio, e Prudente, perante Quem estamos submissos, e perante Quem teremos que responder por tudo o que fazemos aqui na vida mundana. A Sua grandeza é tão vasta e infinita, que a nós, sendo finitos, não nos é possível humanamente compreender a sua realidade.

Contrariamente, a base do ateísmo reside na rejeição da existência desse Grande Ser, e de tudo cuja realidade não é alcançada mentalmente. Portanto, os ateus rejeitam tudo o que não compreendem.

Vejamos então, qual das duas posições tem mais lógica.

As coisas ocultas que a religião exige que as pessoas creiam nelas, estão baseadas nas informações verídicas trazidas pelos profetas escolhidos por Deus, um após outro, desde Adão até ao último dos profetas – Muhammad S.A.W. – e nós não temos nenhuma razão lógica para desmentir ou rejeitar tais informações.

No ateísmo, a sua base reside na conjectura, na imaginação, na suposição.

Os ateus não possuem nenhuma prova sólida para sustentarem as suas teorias, e à medida que o tempo passa e se vão registando novas descobertas que põem em dúvidas tais teorias evolucionistas, eles vão alterando as suas teses.

Nos dias que correm, virou moda as pessoas declararem o seu agnosticismo para não serem apelidadas de atrasadas e fundamentalistas, passando assim a ser tomadas por modernas e civilizadas.

Se não conseguimos alcançar a realidade de Deus que é infinito com a nossa mente finita, tal não pode ser motivo de rejeição da Sua existência, pois há muitas coisas no Universo por Ele criadas, cujas realidades não conseguimos alcançar. Aliás, se não conseguimos ainda compreender a realidade de todas as criaturas existentes, como então, com as nossas mentes limitadas, poderemos saltar logo para o Criador Infinito, querendo compreender a Sua realidade? Será que é possível colocar as águas dos oceanos numa tigela isto é, o ilimitado no limitado?

Todos os que acreditam em Deus repetem sempre: “Deus é Grande”! Mas Deus não é só Grande. É o Maior (Allaho Akbar”, e a Sua grandeza é inimaginável pela mente humana limitada, razão pela qual foi-nos dito para repetirmos constantemente “Allaho Akbar” (Deus é Maior).

Os nossos cinco sentidos têm um alcance limitado. Por exemplo, o ouvido escuta até uma certa distância, não indo mais além. Os olhos enxergam até uma certa distância, não conseguindo ver para além dessa distância. A mente humana também tem limites na sua capacidade de raciocínio, por muito que se exercite.

Um astronauta americano diz que nas suas viagens ao espaço não conseguiu alcançar a realidade de nenhuma coisa. Porém, ver tantas estrelas bem como os seus movimentos ilimitados aumentou-lhe ainda mais o espanto.

O siso humano, para ir para além da sua capacidade, precisa da orientação da revelação divina isto é, dos profetas. O alcance da ciência mundana vai até onde o siso permite. Se alguém quiser compreender outras realidades fora disso, tal só é possível através da religião, pois o campo dos dois não é o mesmo, para se poder imaginar o choque entre eles.

Portanto, resumindo, o deus que cabe na tua mente não pode ser Deus, é uma imaginação da tua mente.

Se Deus é o Criador do teu juízo, como é que um Ser Infinito pode caber no juízo limitado e finito?

Existe uma profunda ligação e um arranjo e ordem lógicas no sistema do Universo. O Sol, a Lua as Estrelas giram sob um sistema perfeito aliás, até as partes da máquina do nosso corpo estão colocadas nos seus locais com uma perfeição total. E caso haja qualquer falha ou defeito nisso, tal afeta o funcionamento da nossa vida normal.

Tudo isso indica que Alguém com o Seu conhecimento perfeito, com prudência, criou este Universo.

Por isso, Deus pergunta-nos no Al-Qur’án, Cap. 52, Vers. 35-36:
“Ou foram eles criadores do nada? Ou são eles próprios os criadores (que criaram a si próprios)? Ou criaram os céus e a terra? Não! Mas eles não estão certos de nada”!

Será que há alguma coisa no Mundo que aparece por acaso? Uma casa bem feita e mobilada, aparece por si própria, do nada, sem alguém a construir?

Será possível que o acaso se continue a repetir com tanta perfeição durante milhões de anos? Todas as coisas no Mundo indicam que há um Criador.

Se acreditar na religião é um atraso, não há problema, mas quer parecer que os religiosos não são tão baixos, sem o mínimo de juízo para aceitarem tais disparates.

A religião não é, de forma alguma um impedimento ao progresso. Imagine-se o que seria de nós sem a religião! Não seríamos nada mais que o capim, ou o animal cujo objectivo é apenas comer, beber, e satisfazer as suas necessidades carnais, talvez até pior que os animais, como está acontecendo com os que se entregam à práticas não convencionais, e também com os que não reconhecem Deus e nem acreditam que terão que se apresentar perante Ele para a prestação de contas no Dia do Juízo Final, daí cometerem massacres e crimes horrendos.

A religião honrou e elevou o Ser Humano, colocando-o como Khalifa (Vice-Rei) de Deus na terra, enquanto que os outros reduziram-no a um simples macaco evoluído.

Continuação de um Bom Ramadhaan para todos. 

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu!

sexta-feira, julho 27, 2012

Bons Conselhos responsabilidade dos Crentes em Allah SW


Bismi Lahi Arahmani Arahim – Em Nome de Deus Clemente e Misericordioso!


Queridos irmãos e Caríssimos Amigos

Todos os louvores são para Allah, o Único, o Criador de tudo o que existe. Que a Paz de Deus esteja com todos os Profetas, que se sacrificaram para nos deixarem a mensagem de Deus, o Misericordioso e Perdoador. As Bênçãos e a Paz de Deus estejam, com o Profeta Muhammad, sua família e seus companheiros. A Paz e Misericórdia de Deus estejam com todos os crentes.

Hoje presenciamos, como no passado, a decadência de vários povos, economias que pareciam sólidas, guerras, terremotos, tsunamis, vulcões. E assistimos também a grandes misérias, fome, doença e o pior a corrupção humana em todos os níveis. Tudo isso poderia ser atribuído ao castigo de Deus sobre a humanidade, mas, na realidade trata-se da colheita dos frutos consequentes do abandono da recomendação do lícito (o bem) e da proibição do mal. È a ausência da observação do conselho dos sábios, pais e dos mais experientes.

Tudo começa com a falta dos princípios de educação que deveria ter sua base nos lares, mas, a vida moderna e a falta da aplicação das obrigações recomendadas pelo Livro Sagrado e o Sunah retirou as mães dos lares e os filhos ficaram a mercês de babás e empregados, muitas das vezes sem nenhuma qualificação moral, intelectual e religiosa. O resultado de tudo isso é a perdição. Perdição que leva a confusão e confusão que pode nos roubar a felicidade nessa e na outra vida.

Potências mundiais gastam verdadeiras fortunas destruindo povos e etnias ao invés de investirem em educação, saúde e combate a fome. E depois não sabem por que se tornam produtos de ódio dos humanos e do desprezo do Altíssimo! Em nome da paz promovem guerra, em nome de Deus Louvado Seja promovem a exploração do homem pelo homem e a caminhada para o abismo final caminha em passos de gigante.

Deus nos fala no Alcorão Sagrado: “Porém, castigamos cada um, por seus pecados; sobre alguns deles desencadeamos um furacão; a outros fulminou-os o estrondo; a outros fizêmo-los serem tragados pela terra, a outros, afogamo-los. É inconcebível que Allah os houvesse injustiçado; outrossim, injustiçaram a sim mesmos (Surata 29:40);”

É hora de acordar humanidade terráquea! E para que não aconteça o que aconteceu com nossos antepassados agarremos nas recomendações do Alcorão Karim! É o momento de voltarmos a praticar os bons conselhos, isso se quisermos minimizar o sofrimento do mundo e garantir a verdadeira vida. Veja o que Deus Louvado Seja, nos fala na: “ E que tenha entre vós um grupo que recomende o bem, dite a retidão e proíba o ilícito. Estes serão os bem-aventurados”. (Surata 3:104);

E mais: “Os crentes e as crentes são protetores uns dos outros; recomendam o bem, proíbem o ilícito, praticam a oração, pagam o zakat e obedecem a Allah e ao seu Mensageiro (Surata 9:17)”.

Vejam a promessa do Altíssimo, do Misericordioso:

“E minha clemência abrange tudo, e a concederei aos tementes, que pagam o zakat, e crêem nos Nossos versículos. Aos que seguem o Mensageiro, o Profeta iletrado, o qual encontra escrito junto deles na Torah (livro sagrado dos Judeus) e no Evangelho (Revelação de Deus através de Jesus Aleihi Salam), o qual lhes recomenda o bem e lhes proíbe o ilícito... (Surata 7:156,157)”.

E esse é a conclusão de Deus louvado seja para os tementes que praticam seu código de conduta:

“Sois a melhor nação que surgiu na humanidade, porque recomendais o bem, proibis o ilícito e credes em Allah (Deus) (Surata 3:110).

 Não só Deus Louvado Seja nos recomenda sobre acatar os bons conselhos, também o nobre Profeta SAAS diz:

“Quem dentre vós verdes um mal (algo ilícito) que o altere com as mãos, se não puder que o faça com a língua, se não puder que o faça com o coração. E este é o nível mais fraco da fé.” (Muslim e Attirmizhi);

“Juro por Aquele que tem minha alma em suas mãos, ordenareis o bem e proibireis o mal. Se não o fizerdes, Allah poderá enviar sobre vós um castigo d’Ele e em seguida rogareis e não sereis atendidos”. (Attirmizhi);

“Todo grupo no qual há pessoas que cometem os pecados e, em seguida não alterarem estes erros, Allah os abrangerá com o castigo, mesmo sendo este grupo mais nobre e mais numeroso do que os que cometeram tais atos” (Ahmad e Ibn Majah);

“Se o pecado prevalecer na minha nação Allah os abrangerá com um castigo provindo d’Ele”. Ao afirmar isso, foi interrogado: “O mensageiro de Allah, não há entre eles pessoas virtuosas?”. ”Sim Respondeu. “E o que farão estas pessoas?”E o Mensageiro de Allah finalizou:” Lhes atingirá o que atingir todas as pessoas e, em seguida, seguirão para o perdão de Allah e comprazer”. (Ahmad);

“O exemplo daquele que preserva os limites de Allah e aqueles que transgridem neles é o exemplo de um grupo que lotou um navio, alguns ficaram na parte de cima deste navio e outros na parte de baixo; quando os que permaneciam no andar inferior queriam apanhar água passavam pelo andar superior. Então opinaram: Se fizermos um furo na nossa parte (inferior), para não incomodar quem está no andar superior!! Se as pessoas (do andar superior) CONSENTIREM COM ISSO TODOS SE AFOGARÃO, E SE OS IMPEDIREM SE SALVARÃO E SALVARÃO A TODOS”.

Esse dito do Profeta SAAS, também nos esclarece quanto à responsabilidade da corrupção individual e o recado se completa esse versículo do Alcorão Sagrado: ”E preveni-vos contra uma provação que não atingirá apenas aos injustos dentre vós... (Surata 8:25).

Conclui-se assim que o bom aconselhamento e a admoestação são partes essenciais da Religião, afirmando assim que o homem individualmente ou em grupo necessita do ensino e da orientação. E isso é responsabilidade de todos nós.

Para se tornar um bom conselheiro o homem tem que se preparar, porque se não será como um cego guiar outro cego (falamos de cegueira mental). Não podemos, por exemplo, pegar versículos isolados das Palavras de Allah SW. Vejam por exemplo, existe um versículo no Alcorão Sagrado, que parece contestar todas as citações que fizermos atrás, tanto do Alcorão como do Sunnah do Profeta SAAS:

Um homem chamado Abu Umaiah Asha’bani perguntou a Abu Tha’labah AL Khushani: Como me explica este versículo?”Ó crentes, cuidai de vós mesmos. Se vos conduzirdes bem, jamais poderão prejudicar-vos aqueles que se desviam... (Surata 5:105). Abu Tha’labah, com a mesma segurança respondeu:
“Fiz esta mesma pergunta a alguém conhecedor, perguntei ao mensageiro de Allah SAAS sobre este versículo e Ele disse: “Pois recomendem o bem e proíbam o mal, até que perceba uma avareza obedecida, um ego seguido, um materialismo preferido e a ostentação de cada opinante com sua opinião, aí, então deves precaver a si mesmo e abandone a multidão, pois virão dias em que a paciência será como segurar uma brasa de fogo. “Neste dias o benfeitor terá uma recompensa equivalente à recompensa de 50 homens que bem fazem igual as vossas ações”. Foi-lhe perguntado: ”Ó mensageiro de Allah, uma recompensa equivalente a recompensa de 50 dos nossos homens ou dele? “Disse, 50 dos vossos”. (Abu Daud e attirmizhi).

Concluímos então que o mal que assola a humanidade no mundo inteiro não se trata de um castigo de Deus Louvado Seja de forma vingativa e sim a aplicação de sua Justiça em detrimento a corrupção e da perdição que se encontram inclusive os crentes. Mas, isso não deve nos levar ao desânimo e sim nos estimular a regressar para as práticas vitoriosas do nosso Profeta SAAS, dos Califas Probos e dos seus companheiros RAA.

O maior investimento que podemos faze nesse momento é nos instruímos e voltamos às práticas do ensinamento e dos bons conselhos. Só assim garantiremos mais um passo para a salvação de nossas almas e de nossos semelhantes. A sociedade mundial só tem a ganhar com essas observações assim também como tem a perder se não as incrementarmos urgentemente.

Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” Surata 8:24

Ramadan Mubaraka – Jumua 27/07/2012

Fonte de Consulta: Passos no Caminho da Felicidade – Sheikh Ahmad Osman Mazloum

quinta-feira, julho 26, 2012

Indispensabilidade do Hadith


A Sunnah ou Hadith são a segunda fonte da qual os ensinamentos do Islam são esboçados. Hadith significa literalmente um dito transmitido ao homem, mas em terminologia islâmica significa os ditos do Profeta (paz esteja com ele), sua ação ou prática de sua aprovação silenciosa da ação ou prática. Hadith e Sunnah são usados intercaladamente, mas em alguns casos são usados com significados diferentes.

Para lidar com o tópico é necessário conhecer a posição do Profeta no Islam, porque a indispensabilidade do Hadith depende da posição do profeta. Analisando o problema, podemos visualizar 3 possibilidades:

1. A obrigação do profeta era apenas transmitir a mensagem e nada mais foi requerido dele.

2. Ele tinha que não apenas transmitir a mensagem mas também agir de acordo com ela, e explicá-la. Mas tudo era para um período especificado e depois de sua morte o Quran se torna suficiente para a humanidade.

3. Ele não tinha nenhuma dúvida para transmitir a Mensagem Divina, mas era também sua obrigação agir de acordo com ela e explicá-la para as pessoas. Suas ações e explicações são origem dos ensinamentos para sempre. Seus ditos, ações, práticas e explicações são origem de luz para todo muçulmano em todas as épocas.

É unanimidade que apenas a terceira alternativa é correta a respeito da posição do profeta no Islam. O Quran contém dúzias de lembretes da posição importante do profeta. Todo muçulmano deve ter o bom exemplo do profeta como um ideal de vida. No seguinte versículo, ele tem sido feito um ‘Hakam’ para os muçulmanos por Allah O Todo Poderoso. Ninguém continua muçulmano se não aceitar as decisões e julgamentos do profeta: "Qual! Por Teu Senhor, não crerão até que te tomem por juiz de suas dissensões e não objetem ao que tu tenhas sentenciado. Então, submeter-se-ão a ti espontaneamente" [An-Nisa 4:65]

Enquanto explicando as qualidades dos muçulmanos, o Quran diz: "A resposta dos fiéis, ao serem convocados diante de Deus e seu Mensageiro, para que julguem entre eles, será : escutamos e obedecemos" [An-Nur 24:51]

Em muitos lugares o Quran tem dado seu veredicto neste assunto. O Quran diz: "Obedecei a Deus e a seu Mensageiro" [An-Nisa 59] e "Aceitai, pois, o que vos der o mensageiro e abstende-vos de tudo quanto ele vos proíba" [Al-Haxr 59:7].

O Quran é muito claro ao expressar sua visão na posição do profeta. De acordo com o Quran o profeta tem quatro capacidades e ele deve ser obedecido em cada uma delas. Ele é o Mu`allim e Murabbee, ele é Shaari` que explica o Livro, ele é o legislador e juiz, e ele é o administrador. Em todas estas capacidades ele é um exemplo ideal para os muçulmanos. Cito uns poucos versos do Livro Sagrado que tratam deste tópico.

"Deus agraciou os fiéis, ao fazer surgir um Mensageiro de sua estirpe, que lhes ditou os Seus versículos, redimiu-os, e lhes ensinou o Livro e a Prudência, embora antes estivessem em evidente erro" [Al-Imran 3:164]

"E a ti revelamos a Mensagem, para que elucides aos humanos, a respeito do que foi revelado, para que meditem" [An-Nahl 16: 44]

"São aqueles que seguem o Mensageiro, o Profeta iletrado, o qual encontram mencionado em sua Tora e no Evangelho, o qual lhes recomenda o bem e lhes proíbe o ilícito, prescreve-lhes todo o bem e veda-lhes o imundo, avalia-os dos seus fardos e livra-os dos grilhões que os deprimem. Aqueles que nele creram, honraram-no, defenderam-no e seguiram a Luz que com ele foi enviada, são os bem-aventurados"[Al-Araf 7:157]

"Ó fiéis, obedecei a Deus, ao Seu Mensageiro e às autoridades, dentre vós! Se disputardes sobre qualquer questão, recorrei a Deus e ao Seu Mensageiro, se crerdes em Deus e no dia do Juízo Final, porque isto vos será preferível" [An-Nisa 4:59]

"Não é dado ao fiel nem à fiel agir conforme o seu arbítrio, quando Deus e Seu Mensageiro é que decidem o assunto. Sabei que quem desobedecer a Deus e ao Seu Mensageiro desviar-se-á evidentemente" [Al-Ahzab 33:36]

Em todos estes versículos, o Quran tem explicado vários aspectos da personalidade do Profeta. Alguém pode julgar a importância do Profeta a partir destes versículos. Recordo-me de outro importante versículo do Quran, que é na verdade um veredicto contra aqueles que não acreditam no Hadith como uma autêntica origem de Lei:

"A quem combater o Mensageiro, depois de haver sido evidenciada a Orientação, seguindo outro caminho senão o dos fiéis, abandoná-lo-emos em seu erro e o introduziremos no inferno. Que péssimo destino!"[An-Nisa 4:115]

O Quran pressiona os muçulmanos a obedecerem o Profeta, e anuncia que a profecia de Muhammad (paz esteja com ele) está acima das limitações de tempo e espaço. Ele é último Profeta e um Mensageiro de Allah para toda a humanidade de todos os tempos vindouros. O Hadith não é nada além de um reflexão da personalidade do Profeta, que dever ser obedecida a todo custo.

Qualquer estudante do Quran verá que o Livro Sagrado geralmente trata os princípios indispensáveis da religião de forma ampla, entrando em detalhes em apenas alguns raros casos. Os detalhes são tratados pelo Profeta que, ou mostra pela sua prática como uma injunção deverá ser tratada, ou dá uma explanação verbal. A Sunnah ou o Hadith do Profeta não era, como normalmente suposto, uma necessidade que fora sentida apenas depois de sua morte, já que era muito necessária também em seu tempo de vida. As duas mais importantes instituições religiosas do Islam são a oração e o zakat; e quando a injunção relatando a oração e o zakat foram entregues, e eram repetidamente reveladas em Meca e Madina, contudo nenhum detalhe era mostrado. Então era o profeta mesmo que por suas próprias ações deu os detalhes para o adorador e disse: (Salloo kamaa ra'aytamoonee usaallee) "Rezem como vocês me vêem rezando". O pagamento do zakat é uma injunção que freqüentemente é repetida no Quran, e foi o profeta quem deu as regras para o pagamento e a coleta. Existem outros exemplos já que o Islam abrange a totalidade da esfera das atividades humanas, centenas de outros pontos têm sido explicados pelo Profeta pelo seu exemplo nas ações e palavras.

O ulemá tem discutido a questão do Hadith detalhadamente como um "wahyun khafee" e uma sabedoria profética. Eu não vou entrar em detalhes, mas uma coisa pode ser declarada claramente: existem casos nos quais o profeta, não tendo recebido a revelação, fez um esforço pessoal para formular uma opinião por sua própria sabedoria. Ou isto era corrigido pela revelação ou era reprovado. A importância da Sunnah mesmo como segunda fonte do Islam era um assunto estabelecido pelos companheiros do profeta. Eu cito apenas um dos muitos exemplos: que de Mu`az ibn Jabal que disse para o profeta que ele deveria decidir de acordo com a Sunnah caso não encontrasse solução no Quran para o problema. Cita o Dr. Hamidullah:

"A importância dos Hadiths é ainda maior pelo fato de que o profeta Muhammad não apenas ensinava, mas aproveitava para por em prática seus ensinamentos em todos os assuntos importantes da vida. Após sua designação como Mensageiro de Deus, ele viveu por 23 anos. Ele enriqueceu sua comunidade com uma religião que ele mesmo praticava escrupulosamente. Ele fundou um Estado, ao qual ele administrava como chefe supremo, mantendo a paz e a ordem interna, liderando o exército para a defesa externa, julgando e decidindo os litígios dos seus súditos, punindo os criminosos, e legislando sobre os assuntos da vida. Ele casou e deixou um exemplo de vida familiar. Outro fato importante é que ele não se colocou acima da lei comum, a mesma que ele impunha aos outros. Sua conduta não era apenas um comportamento particular, senão uma interpretação e aplicação minuciosa dos seus ensinamentos" [Introdução ao Islam, página 45]

O homem, no entanto, que abraçou o Islam necessita de ambos, o Quran e a Sunnah. Na verdade o Hadith é tão importante que sem ele, o Livro Sagrado e o Islam não podem ser completamente compreendidos ou ser aplicados na vida prática do fiel.

Dr. Khalid Alvi

The Place of Hadith in Islam

American Trust Publications